Código do Traje Académico Comissão de Praxe da Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores Instituto Superior Técnico 2008 «Sente-se no perpassar da capa e batina uma viração igualitána, que varre bem para longe as diferenças de fortuna, fatal desigualdade que, fora da vida Universitária cai sobre as almas juvenis como neve sobre botões entreabertos, crestando-os e esterilizando-os. O fidalgo e o plebeu, o rico e o pobre, igualmente uniformizados entram na comunhão da vida académica, com o mesmo direito, com a mesma alegria, com o mesmo sentimento de posse com que no mundo vegetal e animal os seres entram na partilha do sol, do espaço e do solo. O fraque elegante do filho do rico e do potenteado, não obriga a retrair-se o casaco sovado do filho do pobre. A mocidade é uma para todos. O mesmo pano, o mesmo corte dá às almas a mesma franqueza de movimento, que só a inteligência torna mais fácil e mais nobre. Debaixo da capa e da batina, o espírito dos moços, a alma mais fácil e mais nobre, dos que se embebem de saber, naturalmente, como um fenómeno de endosmose da espiritualidade ambiente, pode cantar com Metastásio: O giuventá primavera della vita! A mocidade constitui-se uma unidade intelectual e moral inquebrantável e irredutível. O homo hominis lupus não vive a sua voracidade no encalço dos que trabalham. Não há ai o ciúme da alma, em outros meios literários mais intenso do que o da carne. A vida universitária cultivava essa vida em comum, essa promiscuidade benfazeja de sementeira, em que se dá a diferenciação pela espontaneidade da evolução de cada espécie, apesar da mesma nutrição pelo mesmo númus». (in Memórias do Mata-Carochas, Vasconcelos, Henrique António Coelho de; 1.ª ed. 1907; 2.ª ed. ilustrada 1956, Porto) O Traje Académico O Instituto Superior Técnico é uma faculdade ainda jovem nos trilhos da Tradição Académica. No entanto, depende de cada um de nós transmitir aos nossos colegas Estudantes o verdadeiro significado dessa Tradição. O primeiro e mais fácil passo para cumprir esse objectivo é trajar. A tradição do Traje Académico é oriunda de Coimbra. Quando o uso do Traje se espalhou pelas cada vez mais Universidades existentes no nosso país, algumas Academias optaram por adaptar o Traje à realidade local e temporal, passados que estavam o tempo da ditadura. Assim, em algumas zonas de Portugal encontramos Trajes Académicos bem diferentes da tradicional Capa e Batina que conhecemos. O principal objectivo do Traje Académico é “uniformizar os Estudastes”. Não por ser considerado uma farda ou uniforme, mas porque, trajados, todos os Estudantes são iguais sem quaisquer diferenças socias ou outras. “De Capa e Batina, não existem distinções entre pobres e ricos. Todos são iguais. A única forma de alguém se evidenciar é através do uso da inteligência” O objectivo deste documento é uniformizar o bom uso do Traje Académico por parte dos membros da Comissão de Praxe da Licenciatura em Engenharia Informática e de Computadores do Instituto Superior Técnico como grupo organizado de Estudantes que é (nomeadamente com objectivos de praxe), bem como junto de todos os restantes alunos que queiram adoptar estas normas. Fundamentalmente, o Traje deve ser usado com respeito pelo que representa, tendo o trajado sempre a obrigação de orgulhar a Academia a que pertence! Traje masculino Constituição do Traje: • Sapatos pretos lisos, sem fivelas nem adornos metálicos, com cordões em número ímpar; • Meias pretas; • Calça preta lisa • Colete preto não de abas ou cerimónia; • Batina preta que não seja de modelo eclesiástico; • Camisa branca e lisa, com colarinho de modelo comum, gomado ou não, e com ou sem punhos; • Gravata preta e lisa; • Capa preta, com ou sem cortes na parte inferior e com ou sem distintivos na parte interior. O colete e a Batina deverão ter um número de botões pregados correspondente ao número de casas. A Batina deve ter pregados, na parte média posterior, três botões de tamanho maior e apresentar em cada uma das mangas um número ímpar de botões, mas de modo a que o número destes seja o mesmo num e noutro punho. O bolso posterior da calça, tendo casa, tem de ter botão. O uso do gorro da praxe é facultativo, mas este não pode ter borla nem terminar em bico. É proibido o uso de botins ou botas altas. A camisa deve ser usada com o colarinho apertado. Traje feminino Constituição do Traje feminino: • Sapato preto, de modelo simples, com tacão pequeno; • Meia alta, preta; • Fato saia e casaco, preto e de modelo simples; • O casaco não pode ter golas de seda ou pele; • A saia não pode ser rodada e deve usar-se pelo meio do joelho; • Camisa branca; • Gravata preta lisa; • Capa preta. O uso do gorro da praxe é proibido às mulheres. É proibido o uso de maquilhagem. Não havendo proibição formal acerca do uso de brincos, aconselha-se sejam discretos, clássicos e não sejam pendentes. Para ambos Adereços: • É proibido o uso de luvas, pulseiras, colares, anéis e outros adornos ou sinais externos de vaidade ou riqueza. • É permitido, contudo, o uso de aliança de casamento ou de compromisso. • O uso do relógio de pulso é proibído. Pode ser usado em sua subsituição um relógio de bolso que seja discreto. O cordão do relógio deve ser preso ao penúltimo botão do colete e deve ser guardado no bolso esquerdo do colete. • É proibido o uso de telemóvel visível. Quem não quiser prescindir dele deve guardá-lo num dos bolsos (por exemplo). • É proibido cobrir a cabeça com qualquer outro objecto que não seja o gorro da praxe (quando permitido). • Só é permitido o uso de guarda-chuva se este for preto, liso, com cabo de madeira e possuir doze varas. • Não devem usar-se óculos escuros com o Traje salvo necessidade extrema e comprovada. Colher de gravata: • A colher de gravata tem como objectivo funcionar como alfinete de gravata, ou seja, manter a gravata junto da camisa. • A colher de gravata não deve estar visível. • Não pode ser a própria pessoa a adquirir a colher de gravata. Esta deve ser roubada por outra pessoa e oferecida a quem vai usá-la. Poderá ter um significado especial consosante a pessoa que a roubou. Pins: • Os pins não são proibidos (não existe nenhuma proibição formal quanto ao seu uso) mas devem usar-se na lapela esquerda da Batina. De forma a evitar as inestéticas «vitrinas», aconselha-se fortemente o uso de um único pin: o da instituição ou o do curso (por exemplo). • Case se use mais do que um pin, a soma dos pins deve ser sempre um número ímpar. Capa: • A Capa nunca se lava. Lavá-la é apagar e renunciar a todas as recordações da vida de estudante. Além disso, “dá azar”, dizem os supersticiosos. • A Capa não se deve encontrar a uma distância superior a sete passos do seu proprietário. Considera-se uma excepção a este ponto o caso em que batina e Capa de encontrem juntas, podendo assim o seu dono distar destas mais do que os 7 passos. • A Capa pode usar-se dobrada sobre o ombro esquerdo com a gola para a frente ou sobre os ombros com os distintivos virados para dentro. • Quando usada no ombro, a Capa deve ser dobrada três vezes sobre si. • Quando usada sobre os ombros, deve dobrar-se a gola tantas vezes quantas as inscrições do aluno, sendo acrescentada uma dobra em honra da faculdade. • A colocação ou não de distintivos na Capa é totalmente opcional e da escolha do dono da Capa. Tradicionalmente, a Capa deve ser negra remontando à origem do Traje Académico apelando à indiferenciação dos alunos. No entanto, cada um é livre de colocar lhe emblemas. • Os emblemas e insígnias pessoais devem ser colocados na parte interior esquerda da Capa. Estes devem ser cosidos manualmente com linha preta em ponto cruz e esta não deve passar para o lado exterior da Capa. Não se espeta metal na Capa. • A soma dos emblemas da Capa tem de ser ímpar. • Os distintivos da Capa não podem ser visíveis estando esta traçada ou sobre os ombros. • Podem fazer-se rasgões na Capa, cada um simbolizando um momento/pessoa importante da vida do estudante. Todos os rasgões devem ser feitos com os dentes e por outra pessoa que não o dono da Capa. Coser os rasgões é facultativo, mas caso se cosa, deve fazer-se com linha preta ou da cor do curso, em ponto cruz. • Os rasgões na Capa devem respeitar as seguintes regras: o Família deve reasgar o lado esquerdo da Capa (mesmo lado que os emblemas); o Amigos devem rasgar o lado direito da Capa; o O centro da Capa está reservado para a namorada (ou namorado). Deverá ser o maior rasgão presente na Capa. Caso o namoro seja terminado, o rasgão deverá ser cosido com linha da cor do curso da respectiva namorada (ou namorado) ou então com linha branca. Ao iniciar novo namoro, o rasgão deverá ser descosido e aumentado. o Rasgões que representem ocasiões especiais devem ser feitos no lado que da Capa que mais significado tiver para o seu dono. • A Capa traça-se sempre sobre o ombro esquerdo. Para traçar a Capa deve colocar-se esta sobre os ombros com o respectivo número de dobras. Deve deslizar-se a Capa sobre os ombros ligeiramente para a direita. O lado esquerdo da Capa deve passar pela frente e ficar preso entre o ombro direito e a parte da Capa que passa nesse ombro. Após isto, o lado direito da Capa deve ser atirado sobre o ombro esquerdo. • Quando de Capa traçada não pode ver-se o branco da camisa (colarinho ou mangas). Outras considerações: • A roupa interior e os bolsos não estão sujeitos a revista. • Devem retirar-se todas as etiquetas do Traje. Ocasiões especiais: • Fora do ambiente académico, o uso do Traje é permitido e aconselhado em certas ocasiões. Entre elas encontram-se cerimónias religiosas (como casamentos, funerais, etc.). A título de exemplo, em caso de falecimento de um colega ou ex-colega de curso, é permitido o uso do Traje, respeitando as regras para o seu uso nestas circunstâncias. • Em caso de luto, a Batina deve ser abotoada e as lapelas fechadas para esconder o branco da camisa. A Capa deve usar-se caída pelos ombros sem dobras e deve também ser abotoada (se tiver como ser abotoada) ou agarrada à frente do pescoço, também para esconder o branco da camisa. • A maior honra que um Estudante pode dar a outra pessoa é estender a sua Capa no chão para que a pessoa lhe passe por cima. Tendo este significado, este gesto não deve ser banalizado. Datas: • Qualquer Estudante pode ter a honra de envergar o Traje Académico. Entenda-se que o caloiro não é considerado Estudante. • Os caloiros (alunos com uma inscrição) só poderão trajar a partir do dia da tradicional Monumental Serenata à cidade de Lisboa que dá anualmente início à SAL (Semana Académica de Lisboa). Este dia é considerado o dia do enterro do caloiro, sendo que o Aluno passa ao grau de Estudante. • O uso do Traje não é proibído a indivíduos que tenham terminado o seu curso. No entanto, o seu uso deve ser restrito a ocasiões consideradas especiais como jantares de curso, semanas académicas, bençãos, etc.