UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
ROMANA DE SOUZA FRANCO
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA ACUPUNTURA
SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO
PELO TESTE DO BANCO DE HARVARD
Mogi das Cruzes, SP
2012
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
ROMANA DE SOUZA FRANCO
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA ACUPUNTURA
SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO
PELO TESTE DO BANCO DE HARVARD
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
da Universidade de Mogi das Cruzes
como parte dos requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Biomédica.
Área de Concentração: Instrumentação Biomédica
Orientador: Prof. Dr. Augusto Brandão d’Oliveira
Mogi das Cruzes, SP
2012
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho ao meu pai Deodato de Souza Franco (In Memoriam), a minha irmã
Claudia de Souza Franco que esteve ao meu lado com muito amor e carinho, que sempre foi
um exemplo de garra e dedicação, ao meu companheiro e amigo Luiz Alfredo que nunca
deixou de acreditar em mim e no meu trabalho.
Em especial a minha mãe Maria Elena Ludin S. Franco que sempre acreditou em mim, foi ela
que me encaminhou para área da saúde e me fez estar neste caminho. Quando comecei este
mestrado minha mãe ainda estava bem, dizendo: força filha você irá vencer. Agora depois de
dois anos e meio ela não se lembra de mais de nada pois, está com mal de Alzheimer, mas sei
que no fundo do seu coração sabe o quanto lutei para terminar este trabalho, com muito
esforço me dividindo entre cuidar dela, estudar e trabalhar. Te amo minha mãe e minha
família. Grata por tudo.
AGRADECIMENTOS
Bendito seja senhor meu Deus por ter dado muita saúde, discernimento, coragem e muita luz
nesta fase da minha vida.
Quero agradecer as seguintes pessoas que muito contribuíram para este trabalho.
Aos meus amigos, Luciana, Deris, Joice que compartilharam deste período de mestrado com
muita amizade, carinho e dedicação.
A coordenadora do Curso de Engenharia Biomédica Profª. Drª Annie France Frère, que devo
muito respeito e carinho.
Ao orientador Prof. Dr. Augusto Brandão d’Oliveira, meus agradecimentos.
Ao meu querido ex-orientador Prof. Dr. Luciano Allegretti Mercadante que sempre acreditou
no meu potencial e na minha verdade sobre a Acupuntura.
A todos os professores, os funcionários do NPT/UMC.
A Equipe de Bombeiros e a Polícia Militar da Cidade de Mogi das Cruzes, homens de garra
que fazem do trabalho um serviço humanitário, lutando a favor da ordem e não olhando a
quem.
RESUMO
Encontrar um método terapêutico que diminua o tempo de recuperação após um esforço físico e
mantenha ou melhore o desempenho esportivo é bastante útil para indivíduos que apresentam
demanda por atividades físicas. A acupuntura é uma técnica que pode diminuir o estresse,
estimular a secreção de endorfinas, relaxar os sistemas cardiovascular e muscular e restaurar o
equilíbrio homeostático. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da acupuntura sobre o
desempenho esportivo. Foram selecionados 28 membros do corpo de bombeiros, divididos em
dois grupos: O grupo controle (GC), composto de 14 indivíduos, não recebeu aplicações de
Acupuntura. O grupo experimental (GE), composto de 14 indivíduos, foi submetido ao
tratamento com acupuntura. A aplicação do tratamento ocorreu nos seguintes pontos: P10,
VB34, R7, BP4, VC17 e ID3. Esta escolha foi feita com base nas funções energéticas, indicação
e localização. Para melhorar a assertividade do tratamento foram utilizados apenas seis pontos,
visando minimizar os conflitos de função energética, de tonificação e de sedação. A atividade
realizada foi o teste do Banco de Harvard, que consiste em um banco com 50 cm de altura, que
solicita esforço máximo dos voluntários. Cada indivíduo efetuou subidas e descidas no banco
durante 5 minutos. A frequência cardíaca (FC) foi medida a 1.5, 2.5, 3.5 e 5.0 minutos após o
inicio do teste. Para avaliar o desempenho esportivo foi medido também o Índice de Aptidão
Física (IAF) antes e depois do teste do banco de Harvard, nos dois grupos. Os resultados foram
avaliados pelo teste não paramétrico de Wilcoxson que apresentou p-valor 0,4326 para FC e
0,3281 para IAF, mostrando que não há diferença significativa entre os dois grupos. Entretanto, a
análise da quantidade de subidas e descidas no banco de Harvard dos grupos GE e GC
proporcionou um p-valor de 0,0010 sem alteração da FC indicando desempenho melhor dos
voluntários do GE, que realizaram as sessões de acupuntura. Os resultados evidenciam que há
efeito direto da Acupuntura sobre o desempenho esportivo dos voluntários submetidos ao
tratamento. Mesmo havendo evidências científicas de que a Acupuntura é eficaz como
instrumento para melhorar a desempenho físico, ainda é necessário avaliar o comportamento da
pressão arterial e do VO2.
Palavras-chave: Acupuntura, atividade física, melhora do desempenho, Teste Banco de
Harvard.
ABSTRACT
Find a therapeutic method that reduces recovery time after physical exertion and maintain or
improve sports performance is very helpful for people who have demand for physical activities.
Acupuncture is a technique that can reduce stress, stimulate the secretion of endorphins, relax
muscles and cardiovascular systems and restore the homeostatic balance. This study aimed to
evaluate the effect of acupuncture on sports performance. We selected 28 members of the fire
department, divided into two groups: The control group (CG), composed of 14 individuals,
received no applications for Acupuncture. The experimental group (EG), composed of 14
individuals had undergone acupuncture treatment. The application of treatment occurred in the
following points: P10, VB34, R7, BP4, VC17 and ID3. This choice was made based on energy
functions, indication and location. To improve the assertiveness of treatment were used only six
points in order to minimize conflicts of energy function, toning and sedation. The activity was
conducted to test the Bank of Harvard, which consists of a bank of 50 cm, maximum effort
seeking volunteers. Each individual made ups and downs on the bench for 5 minutes. Heart rate
(HR) was measured at 1.5, 2.5, 3.5 and 5.0 minutes after the start of the test. To evaluate sport
performance was also measured the Physical Fitness Index (LAI) before and after the test bench
Harvard, in both groups. The results were evaluated by nonparametric Wilcoxson with p-value
0.4326 to 0.3281 for FC and IAF, showing no significant difference between the two groups.
However, analysis of the amount of ups and downs in stock Harvard SG and GC yielded a pvalue of 0.0010 indicating no change in HR best performance of GE volunteers, who performed
acupuncture sessions. The results show that there is a direct effect of acupuncture on exercise
performance of subjects undergoing treatment. Even though there is no scientific evidence that
acupuncture is effective as a tool to improve physical performance, it is still necessary to
evaluate the behavior of blood pressure and VO2.
Keywords: Acupuncture, physical activity, improving performance, test of Harvard Step Test.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Agulhas Sistêmicas e Ting...................................................................................27
Quadro 1: Descrição da sensação de De Qi relacionados as fibras nervosas dos
músculo.....................................................................................................................................28
Figura 3: Ponto P10............................................................................................................29
Figura 4: Ponto ID3............................................................................................................29
Figura 5: Ponto VC17 ........................................................................................................30
Figura 6: Ponto VB34 ........................................................................................................30
Figura 7: Ponto BP4 ..........................................................................................................31
Figura 8: Ponto R7 .............................................................................................................31
Quadro 2: Descrição dos Pontos de Acupuntura – Pontos de Aplicação .............................32
Figura 9: Aplicação de Acupuntura ...................................................................................33
Figura 10: Aplicação de Acupuntura ...................................................................................33
Quadro 3: Resumo dos critérios usados para interpretação dos resultados dos
testes estatísticos.......................................................................................................................34
Figura 12: Esquema básico que guia a seleção de um teste paramétrico ou não
Paramétrico-Referência slides do curso de Estatística Aplicada à Biotecnologia,de
Pedro da Silva Peixoto, IME-USP ..........................................................................................35
Figura 13: Resultados do teste não paramétrico de Mann-Whitney ........................................41
Figura 14:(a) Box Plot resultados do teste de Mann-Whitney (FC) na 1ª fase.........................41
Figura 15:(a) Box Plot resultados do teste de Mann-Whitney (IAF) na 1ª fase........................41
Figura 16: Resultados do teste não paramétrico de Mann-Whitney ........................................42
Figura 17: (a) Box Plot (FC) resultados do teste de Mann-Whitney na 2ª fase .......................42
Figura 18: (a) Box Plot (IAF)resultados do teste de Mann-Whitney na 2ª fase .......................43
Figura 19: Representação Gráfica (FC) 1ª e 2ª fase ................................................................44
Figura 20: Representação Gráfica (IAF) 1ª e 2ª fase ................................................................45
Figura 21: Resultados do teste não paramétrico Wilcoxon ......................................................45
Figura 22: Box Plot (FC) resultados do teste de Wilcoxon .....................................................45
Figura 23: Box Plot (IAG) resultados do teste de Wilcoxon ...................................................45
Figura 24: Representação Gráfica (FC) na 2ª fase ...................................................................46
Figura 25: Representação Gráfica (IAG) na 2ª fase .................................................................46
Figura 26: Resultados do teste não paramétrico Wilcoxon ......................................................47
.
Figura 27: Box Plot resultados do teste Wilcoxon (FC)............................................................47
Figura 28: Box Plot resultados do teste Wilcoxon (IAF) .........................................................47
Figura 29: Resultados do teste não paramétrico de Mann-Whitney .........................................49
Figura 30: Box Plot resultados do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 7.3 ......................49
Figura 31: Resultados do teste não paramétrico Mann-Whitney nos dados da
Tabela 4......................................................................................................................................51
Figura 32: Box Plot resultados do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 4 .........................51
Figura 33: Representação Gráfica dos dados da Tabela 5 ........................................................53
Figura 34: Resultados do teste não paramétrico Wilcoxon Tabela 5 ........................................54
Figura 35: Box Plot resultados do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 5 .........................54
Figura 36: Representação Gráfica dos dados da Tabela 6.........................................................56
Figura 37: Resultados do teste não paramétrico Wilcoxon nos dados da
Tabela 6......................................................................................................................................65
Figura 38: Box Plot resultados do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 6 .........................65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Representação Gráfica do Grupo (GC) nas 1ª e 2ª fases ........................................38
Tabela 2: Representação Gráfica do Grupo (GE) nas 1ª e 2ª fases ........................................39
Tabela 3: Subidas e Descidas dos GC e GE na 1ª fase antes da Acupuntura .........................48
Tabela 4: Subidas e Descidas dos GC e GE na 2ª fase ...........................................................50
Tabela 5: Subidas e Descidas dos GE e GE na 1ª e 2ª fase ...................................................52
Tabela 6: Subidas e Descidas dos GC e GC na 1ª e 2ª fase.....................................................55
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA – Análise de Variância.
BH – Banco de Harvard.
CGRP - Gene da calcitonina peptídeo relacionado.
FC – Frequência Cardíaca.
FCB – Frequência Cardíaca Basal.
FCM – Frequência Cardíaca Máxima.
GC – Grupo Controle.
GE – Grupo Experimental.
IAF – Índice de Aptidão Física.
MTC – Medicina Tradicional Chinesa.
OIT – Organização Internacional do Trabalho.
RPE – Taxa de Percepção do Esforço.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................15
1.1 Objetivo .........................................................................................................17
2 ESTADO DA ARTE ..................................................................................18
3 BANCO DE HARVARD–HARVARD STEP-TEST ...............................22
3.1 Condição Física do Atleta após o Esforço Físico ..............................................................23
3.1.1 Cálculo do Índice de Aptidão Física – IAF..................................................................24
4 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................25
4.1 Seleção da Amostra.............................................................................................25
4.2 Protocolo do Teste..............................................................................................25
4.3 Materiais...........................................................................................................27
5 OS PONTOS DE ACUPUNTURA-PONSTOS DE APLICAÇÃO.........28
5.1 Figuras da Localização dos pontos de Acupuntura............................................................29
5.2 Sessões de Acupuntura ......................................................................................................33
6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................34
7 RESULTADOS............................................................................................37
7.1 Medidas realizadas na 1ª e 2ª usando o protocolo do Banco de Harvard......................37
7.2 Resultados dos efeitos da Acupuntura sobre a (FC) e (IAF) .......................................40
7.3 Discussão dos efeitos da Acupuntura sobre a FC.....................................................48
8 DISCUSSÃO...................................................................................................................58
9 CONCLUSÕES..............................................................................................59
REFERÊNCIAS................................................................................................61
ANEXO .............................................................................................................65
“Mesmo quando tudo pede, um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede, um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara, a vida não para não..
A vida não para...”
(Lenine – Paciência)
15
1 INTRODUÇÃO
A Medicina Tradicional Chinesa é uma ciência que tem como atuação tratar o doente e
não a doença. O nosso organismo é um sistema interligado e de acordo com os padrões de
desarmonias podemos tratar o equilíbrio de todos os órgãos e vísceras. Isto significa que
qualquer alteração da natureza implica uma alteração no organismo. Muitas pesquisas estão
sendo realizadas com o objetivo de comprovar cientificamente os efeitos da Acupuntura no
fortalecimento e relaxamento muscular, melhora das atividades aeróbica e efeitos
neuroanatômicos e neurofisiológicos.
A palavra Acupuntura origina-se do latim: acus (agulha) e punctura (picada) sendo uma
disciplina da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) usada para equilibrar a saúde. De acordo
com Ling-Shu (1995) o Huang Di Nei Jing, Tratado do Imperador Amarelo da Dinastia
Ming, livro mais antigo da MTC, (aproximadamente de 475 a 221 A.C.) descreveu dois
aspectos da filosofia chinesa, o Confucionismo e o Taoísmo. O Confucionismo é uma
filosofia da organização social, que fornece à sociedade chinesa um sistema de educação de
comportamento social. O Taoísmo observa a energia do universo, na qual estão envolvidas
todas as coisas. Não existem sistemas isolados no organismo, todos são interligados e
funcionam em equilíbrio. Isto significa que qualquer alteração da natureza sugere uma
alteração no organismo (XINNONG, 1997).
Na visão chinesa a função corpo-mente é o resultado da interação de determinadas
substâncias
fundamentais.
Estas
substâncias
podem
assumir
vários
níveis
de
“substancialidade”. Entre os níveis de substancialidade encontram-se o Corpo-mente. Qi é à
base de todos os fenômenos do universo e proporciona uma continuidade entre as formas
materiais e as energias tênues, rarefeitas e imateriais. Filósofos chineses de todas as épocas
dedicaram-se a estudar os vários graus de materialização, ideia de agregação e dispersão do
Qi (MACIOCIA, 1996).
Os padrões sindrômicos orientais tratam sinais e sintomas clínicos provenientes das
alterações do corpo Qi que se estendem ao corpo físico. Essas alterações são desarmonias.
Esta visão oriental tem aplicação clara para a prática clínica em relação ao diagnóstico,
tratamento, prognóstico e instrução ao paciente. O entendimento do estado do paciente, na
relação meio ambiente em que vive, em um determinado momento fornece o esclarecimento
do passado e do futuro, não sendo simplesmente uma questão de misticismo, mas de prática
clínica.
16
Acredita-se que a eficácia da Acupuntura pode ser definida como terapia fisiológica
coordenada pelo cérebro, que responde à estimulação dos nervos sensoriais periféricos, a
estimulação é dada pela inserção de agulhas por via manual ou elétrica, e a consequente
estimulação e revitalização de acupontos (pontos localizados nos meridianos ou canais de
energia). Este princípio gera o processo de tratamento como alívio do estresse, controle das
inflamações, decorrente do uso excessivo e repetitivo dos músculos e finalmente o alívio da
dor, obtido pelo equilíbrio homeostático (WONG, 1995).
A prática da Acupuntura, no Brasil, vem sendo ensinada desde 1958, como instrumento de
ajuda e eficiência aos modelos convencionais na qualidade de vida. A Acupuntura está
incluída no Catálogo Brasileiro de Ocupações, editado pelo Ministério do Trabalho em 1977,
em convênio com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) (Ministério do
Trabalho/OIT/UNESCO/BRA/70/550 nº 0.79-15 – Acupunturistas), no qual se prevê que o
acupunturista execute o tratamento de distúrbios orgânicos, funcionais e de reabilitação. Não
há proibição ao exercício de qualquer terapia alternativa. É livre, e livre também são os cursos
de qualquer terapia alternativa. Estão tramitando diversos Projetos de Lei no Congresso
Nacional com a finalidade de regulamentar atividade de terapias alternativas, principalmente
as de Acupuntura. Alguns conselhos de classe profissional reconhecem a Acupuntura como
especialização.
Goldman e Ausiello (2005, 3000p.) A atividade física tanto quanto exercício são ações
individuais de cada pessoa, enquanto o condicionamento físico refere-se à capacidade do
indivíduo na realização da atividade física. Quando se pratica atividade física regularmente
tendem a perder peso e possuem menor percentagem de gordura corporal do que os
indivíduos sedentários, concordando com a observação de as pessoas fisicamente ativas
consomem mais calorias, ao elevar a taxa metabólica em repouso após a atividade.
Acupuntura tem feito parte da atividade física desde o inicio das civilizações chinesas;
reconhecida pelo contínuo crescimento da popularidade dos esportes recreativos e das
atividades de condicionamento físico, contribuindo pela melhora das lesões provenientes das
artes marciais, mas também para evitar as lesões oriundas de esportes tanto em atletas
amadores quanto em profissionais.
Gentil (2005) avaliou o efeito da Acupuntura e da Moxabustão no desempenho físico. Os
resultados mostraram que tanto a Acupuntura e Moxabustão, quanto a Acupuntura placebo,
17
em algum momento provocaram um aumento no tônus vagal (parassimpático) e diminuição
da atividade simpática, ao nível cardíaco.
Lima (1997) mostrou os efeitos de curto prazo da eletro-acupuntura no tratamento da
capacidade e desempenho físico. Luna (2005) apresentou uma melhora estatisticamente
significativa comprovada na força máxima dinâmica e na força explosiva de atletas. Raymond
(2007) constatou que os efeitos da Acupuntura foram significantes na recuperação da fadiga
do quadríceps de atletas. Os trabalhos de Dhillon (2008) constataram uma diferença
significativa na taxa de percepção de esforço (RPE), entre a Acupuntura, Acupuntura placebo
e controle.
A prática esportiva de competição impõe um grande desgaste energético que exige certo
tempo para recuperação do atleta na busca para melhora do seu desempenho. Encontrar um
método terapêutico que diminuísse o seu tempo de recuperação e mantivesse ou melhorasse
seu desempenho, seria relevante para o atleta. A outras categorias profissionais se aplicam as
mesmas considerações acima. A Acupuntura como técnica para a diminuição do estresse,
estimulando a secreção de endorfinas, relaxando os sistemas cardiovascular e muscular e
restaurando os equilíbrios físico e autônomo (homeostase), o que inclui normalização das
funções viscerais prejudicadas durante a agressão estressante através dos mecanismos neurohormonais.
1.1 OBJETIVO
Este estudo tem por objetivo verificar os efeitos da Acupuntura após o esforço físico
máximo visando a melhora do desempenho e suas variações na Frequência Cardíaca e no
Índice de Aptidão Física, usando o teste do Banco de Harvard, que é um teste de
condicionamento aeróbico.
18
2 ESTADO DA ARTE
Dhillon et al. (2008), investigaram o efeito da Acupuntura no desempenho esportivo,
através do ciclismo. O exercício ou competição física de alta intensidade induz a uma lesão
muscular. O movimento mecânico intenso com várias contrações provoca danos nas
estruturas das fibras musculares e causa a liberação de substâncias químicas nocivas como
histaminas, bradiquinina e prostaglandina que ativam os nervos aferentes tipo III e tipo IV que
levam os sinais de dor ao Sistema Nervoso Central. Os inchaços das fibras musculares ativam
a sensação de dor periférica que é retransmitida também ao Sistema Nervoso Central. Os
efeitos anti-inflamatórios geralmente são observados com o uso da Acupuntura, devido a sua
habilidade de liberar aminoácidos no local e estimular a glândula pituitária que produz
hormônios adrenocorticotrófico, ambos anti-inflamatórios endógenos. Muito dos efeitos da
Acupuntura são resultados do mecanismo homeostático.
No mesmo trabalho, selecionaram 20 atletas com idade entre 18 e 30 anos que
apresentavam experiência na prática do ciclismo. O objetivo primário deste estudo foi
examinar os efeitos da Acupuntura aplicada antes do exercício da bicicleta ergométrica num
percurso de 20 km, comparando sessões de Acupuntura (A), Acupuntura placebo (B) e
controle (C). Os acupontos utilizados foram: E36(ST36), VB34(G34), IG11(LI11), F3(LV3) e
VG20(DU20). Todos os pontos salvo, o VG 20, foram inseridos bilateralmente com eletro
estimulação de aproximadamente 2 a 4 Hz para provocar uma resposta de endorfina. A
permanência das agulhas foi de 20 minutos. Na Acupuntura placebo os mesmos pontos foram
estimulados manualmente, sem inserção de agulhas, durante 20 minutos. Os autores
constataram uma diferença estatísticamente significativa na taxa de percepção de esforço
(RPE), entre a Acupuntura (A), Acupuntura placebo (B) e controle (C).
Seeod et al. (1993), apud Dhillon et al. (2008) demonstraram que a Acupuntura ativa
os peptídeos vasoativos, substância P e calcitonina (CGRP) distribuídos ao redor dos nervos
sensoriais dos tecidos periféricos. O (CGRP) modifica a liberação de mediadores
inflamatórios podendo funcionar como um agente anti-inflamatório endógeno durante um
exercício intenso.
Karvelas et al. (1996), apud Dhillon et al. (2008) estudaram os efeitos da Acupuntura
sobre o volume de oxigênio (VO2s) e na taxa de percepção do esforço (RPE), durante a
execução do ciclismo por 10 adultos saudáveis. Os autores utilizaram os mesmos acupontos
citados no trabalho anterior, entretanto apesar de obterem as taxas de oxigênio (VO2S) mais
baixas no grupo controle e mais alta no grupo com Acupuntura, e as contagens da taxa de
19
percepção do esforço (RPE) mais baixas no grupo de Acupuntura e mais altas no grupo
controle, nenhuma destas diferenças foi significativa e não houve nenhuma diferença em
captação de oxigênio.
De acordo com Santos et al. (2008), averiguaram a melhora na performance de quatro
atletas de handebol do gênero masculino com idades de 15 e 17 anos, foram analisados dois
tipos de testes: 1 teste pré Acupuntura e 1 teste pós Acupuntura ambos realizados em dois
tiros de 100 metros cada um, padronizando um intervalo de 45 minutos para diminuir os
efeitos da fadiga muscular. Foram utilizados os pontos B58, VB30, TA15, B17, P1 e pontos
extras (mestre do quadril). Os quatros atletas tiveram uma melhora no seu tempo, sendo a
média de melhora de 5,71% (DP=3,5), tendo um grau significativo da Acupuntura na melhora
da performance de corrida em atletas de handebol.
Ehrlich et al. (1992), estudaram 36 homens saudáveis divididos em 3 grupos, grupo
(A) que receberam a Acupuntura, grupo (B) Acupuntura placebo e grupo (C) controle. Os
grupos foram testados em uma bicicleta ergométrica. O grupo (A) recebeu o tratamento uma
vez por semana durante cinco semanas, sendo que os resultados deste grupo (A) mostraram
um limiar anaeróbico de 6,62%, maior aumento de 7,15% do volume de oxigênio (VO2s),
sendo ambos os resultados significativos.
Ling et al. (1995), investigaram os efeitos de liberação de ácido láctico durante
exercício com níveis altos de consumo de oxigênio. Doze voluntários homens sedentários
saudáveis se exercitaram durante 15 minutos. Os voluntários foram divididos em dois grupos,
grupo (A) tratamento com Acupuntura e o grupo (B) placebo. Os autores notaram que os
níveis de ácidos lácticos eram significativamente mais baixo 5 e 30 minutos após o exercício
(6% e 14%) no grupo (A) que foi tratado com Acupuntura.
Gentil et al. (2005,) avaliaram o efeito da Acupuntura e da Moxabustão no
desempenho físico de 31 indivíduos do sexo masculino e feminino com idades compreendidas
entre 30 e 60 anos, com hábitos sedentários, com queixa de cansaço, não portadores de
doença. Os indivíduos foram divididos em três grupos: I (Acupuntura), II (Acupuntura
placebo), III (controle). Os grupos I e II foram submetidos a 10 aplicações de Acupuntura e
Moxabustão em pontos pré-estabelecidos e realizaram o teste ergoespirométrico em esteira.
Os resultados mostraram que tanto a Acupuntura e Moxabustão, quanto a Acupuntura
placebo, em algum momento provocaram um aumento no tônus vagal (parassimpático) e
diminuição da atividade simpática, ao nível cardíaco.
20
No trabalho de Luna et al. (2005) as variáveis analisadas verificaram os efeitos da
Acupuntura na força máxima dinâmica e explosiva, a resistência anaeróbica e a velocidade
em uma população de atletas velocistas de alto rendimento. Foram avaliados dezesseis
velocistas de ambos os sexos (5 masculinos e 9 femininos) com a idade aproximada de 16 e
27 anos. Utilizaram testes de campo (corrida de 30 m, salto horizontal parado, agachamento a
1 RM (uma repetição máxima) em 120º e corrida de 40 segundos). Foram aplicadas dezenove
sessões de Acupuntura duas vezes por semana, durante dois meses e meio. Para avaliação foi
utilizado o protocolo de Abranova baseado no método dermatoglífico (relativo aos padrões de
configuração dos sulcos da superfície da pele, das pontas dos dedos, os quais caracterizam as
impressões digitais) descrito por Cummins e Midlo (1942). O grupo apresentou uma melhora
clinica significante em todas as variáveis e melhora estatisticamente comprovada (P<0,05%)
na força máxima dinâmica e na força explosiva.
Lima et al. (1997), estudaram os efeitos em curto prazo da eletro-acupuntura no
tratamento da capacidade e desempenho físico. Vinte e sete homens jovens e saudáveis com
idade de 19 anos foram aleatoriamente divididos em três grupos homogêneos, grupo (A) com
acupuntura, grupo (B) acupuntura placebo e grupo (C) controle. Os voluntários do grupo (A)
foram submetidos a cinco sucessivas sessões de eletro-acupuntura diariamente durante 20
minutos. Pontos utilizados: R3 (Tai xi), F3 (Taichong), E36 (Zusanli), VC4 (Guanyuan) e
CS6 (Qihai). Os resultados antes e depois do tratamento foram comparados nas seguintes
condições: repouso (R), exercício moderado (M), limiar anaeróbico (AT), exercício intenso
(I), exercício máximo (MX) e recuperação (RC). Concluiu-se que no grupo de acupuntura não
houve aumento das capacidades máximas e as respostas ventilatórias, cardiovasculares e a
economia de movimento em M, AT, I e MX não melhoraram neste grupo.
Raymond et al. (2007), estudaram o efeito transcutâneo dos acupuntos e sua excitação
elétrica na recuperação da fadiga do quadríceps e relataram que após 3hs de contração
contínua, o músculo cansado teve uma recuperação de 5% na tensão muscular após
acupuntura. Wang et al. (1999) também relataram que obtiveram uma recuperação da fadiga
do quadríceps com tratamento de acupuntura. Neste estudo um grupo de 17 adultos jovens
com idades aproximadas 28 a 29 anos efetuaram exercícios isométricos de extensão de joelho.
Foram colocados eletrodos nos acupontos: E36 (Zusanli), B57 (Chenshan), VB34
(Yanglingquan) e CS6 (Sanyinjiao) com excitação elétrica (TENS) de baixa frequência de 14Hz. Foi constatado que a medida de lactose no sangue diminuiu significativamente em
ambos os grupos.
21
Yamamura et al. (1997), mostraram que há uma razoável correlação entre o
mecanismo de ação da acupuntura e os conhecimentos neuroanatômicos e neurofisiológicos
atuais. Sob este prisma, os autores analisaram a ação da acupuntura, no que se refere à
propedêutica e à terapêutica, enfim, procuraram estabelecer uma explicação neurofisiológica
da ação dos pontos de acupuntura.
Chami et al. (1988), avaliaram a ação da Acupuntura na reação de hipersensibilidade
do Tipo I no sistema respiratório, através das alterações histopatológicas no sistema
respiratório de cobaias (Cavia Porcellus). Os autores desenvolveram um modelo experimental
para analisar a inter-relação na fisiopatologia da doença entre a concha nasal, a traqueia e o
pulmão, e as alterações ocorridas devido ao estímulo em alta frequência dos pontos de
acupuntura. Foram utilizados os pontos: VG14 (Dazhui), B13 (Feishu), E36 (Zusanli). Os
resultados comprovaram a eficiência do modelo experimental sendo que os estímulos dos
acupontos produziram uma inibição da migração das células sanguíneas leucocitárias
(eosinófilos) para os tecidos respiratórios estudados.
Os estudos de Erthal et al. (2008), comprovaram a ação antinociceptiva da Acupuntura
e da radiação laser de baixa potência no acuponto E36 (Zusanli). Os autores utilizaram ratos
machos da linhagem Wistar, pesando entre 250 a 350 g. que receberam injeções de ácido
acético e formalina. Os ratos foram divididos em 6 grupos: grupo A: controle, grupo B:
recebeu estímulo de laser fora do ponto de acupuntura, grupo C: recebeu o estímulo no
acuponto com laser desligado; grupo D: recebeu tratamento com agulhas de acupuntura;
grupo E: recebeu tratamento com laser de baixa potência; grupo F: receberam ambos os
estímulos (agulhas e laser) no acuponto. As análises estatísticas foram realizadas por meio de
análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Newman Keuls. A escolha do acuponto
E36 (Zusanli) para essa pesquisa foi feita por sua ampla utilização na prática clinica em casos
de dores. Os resultados mostraram que a estimulação a laser deste acuponto foi capaz de
reduzir de forma significativa a contrações abdominais induzidas pelo ácido acético e
formalina.
Hübscher et al. (2008), investigaram a eficácia imediata da Acupuntura quando
comparada à Acupuntura placebo e laserpuntura na melhora do desempenho físico e concluiu
que a Acupuntura foi eficaz, melhorando a força isométrica dos quadríceps em atletas. Os
resultados obtidos demonstraram que as implicações da Acupuntura não devem se limitar
única e exclusivamente à melhora do desempenho físico de atletas como também à programas
de reabilitação da função neuromuscular.
22
3 BANCO DE HARVARD – HARVARD STEP TEST
Brouha et al. (1943), trabalhando nos Laboratórios de Fadiga de Harvard durante a
Segunda Guerra Mundial desenvolveram o Banco de Harvard que é um teste de
condicionamento aeróbico o qual consiste em um banco de 50cm de altura. Desde a descrição
original o teste, tem havido variações no procedimento do mesmo, tais como a redução da
altura do banco para indivíduos do sexo feminino.
O Teste do Banco de Harvard (Harvard Step Test), conforme as referências de Keen &
Sloan, 1958, Rocha &Caldas, 1978, Marins & Giannichi, 1996, é um teste de esforço de carga
única com intensidade de consumo máximo de oxigênio e procura buscar a máxima potência
desenvolvida do indivíduo. É um teste de esforço arriscado para indivíduos sem preparado
físico, indicado para atletas profissionais. Para sua execução o indivíduo deverá fazer um
breve aquecimento, pois é um teste cansativo, visa subir e descer durante 5 minutos.
De acordo com Lamderwch, R. et al. (1998), o teste do Banco de Harvard consiste em
um banco com altura de 50cm realizando subidas e descidas durante 5 minutos em 3 tempos.
Uma vez terminado o teste afere-se 3 vezes a frequência cardíaca (FC). A primeira medida é
feita no estante T1 1:30 (um minuto e trinta segundos), a segunda medida é feita no tempo T2
2:30(dois minutos e trinta segundos) e a terceira no tempo T3 3:30(três minutos e trinta
segundos). Avaliaram um indivíduo com 63kg, estudante de Educação Física com atividade
diária de caminhada. Realizaram o teste do Banco de Harvard permanecendo 5 minutos
subindo e descendo completando um total de 192 subidas, e concluíram que o voluntário
atingiu no índice de aptidão física (IAF) o nível de "Boa Aptidão” (entre 80 e 90) segundo a
tabela de classificação de avaliação de HARVARD.
Burnstein, et al. (2011) avaliaram a confiabilidade de vários testes de aptidão entre
eles, o teste do banco de Harvard que tem sido usado na área esportiva de na área de gestão
profissional. Neste trabalho eles usaram como amostra apenas 18 artistas do Cirque de Soleil
e concluíram que este tipo de teste é bastante útil para avaliar o desempenho, tendo grande
confiabilidade.
No nosso caso, o teste do Banco de Harvard é o mais indicado, usaremos o protocolo
de Brouha et al. (1943), pois solicita um esforço máximo dos voluntários classificando-os de
acordo como os índices de aptidão em excelente >96, bom 96-83, média 82-68, média baixa
67-54, pobres <54.
23
Para o nosso trabalho esta característica é útil pois corresponde a
submeter os
voluntários ao desempenho máximo permitindo e testar se a Acupuntura é capaz de melhorar
este desempenho.
3.1 CONDIÇÃO FÍSICA DO INDIVÍDUO APÓS O ESFORÇO FÍSICO
A aferição da frequência cardíaca de acordo com o índice de Harvard, classificando a
resistência do atleta em ótimo (acima 100), bom (80 a 100), regular (60 a 80) e fraco (abaixo
de 60) visa estabelecer uma condição física máxima do indivíduo.
Quando se pratica uma atividade física ou um exercício físico, o organismo ativa o
sistema endócrino e o sistema imune, produzindo alguns hormônios neuropeptídios que são
capazes de modular respostas imunes, assim como células imunes são capazes de produzir
alguns tipos de hormônios, um deles o cortisol (VULCZAK e MONTEIRO, 2008). Pesquisas
como a de Pelham et al, observaram a melhora da performance como a Frequência Cardíaca
(FC) de um atleta de acordo com a carga utilizada no exercício, o tempo de execução,
acompanhamento nutricional e psicológico. O aumento da massa muscular, retenção de
nitrogênio, reservas de gorduras, concentração de hemoglobina irá depender muito se o atleta
é usuário de medicamentos, os quais poderão ocasionar inúmeras reações adversas no buscar
da melhora da performance (LISE et al., 1999).
Durante o exercício, a musculatura ativa, recebe um fluxo sanguíneo maior e o coração
recebe uma maior estimulação, comparativamente com o estado de repouso. As variáveis
hemodinâmicas e a eficiência no teste de degrau, podem ser influenciadas pelos estágios de
carga progressiva durante as subidas e descidas, tendo uma grande participação da
musculatura e das articulações dos membros inferiores, percebendo-se alterações nas
respostas destas variáveis durante o esforço, encontrando valores da (FC) em esforço na faixa
de 80-85% da (FCM) máxima, caracterizando um teste submáximo, o que provavelmente não
ocasione danos ao sistema (SOUSA et al., 2007).
De acordo com Ventura (1999) é de fundamental importância que todas as pessoas que
fazem exercícios aeróbios e anaeróbios tenham um controle do seu batimento cardíaco, pois
conhecendo-se o batimento basal pode se preconizar o nível de batimentos cardíacos limiares.
Quanto menor for o estado do batimento basal maior possibilidade do músculo involuntário
(coração) estar adequadamente hipertrofiado. Em condições de uma hipertrofia cardíaca bem
trabalhada a situação de frequência cardíaca em estado basal pode facilitar que o atleta atinja
24
mais demoradamente um estado anaeróbio, até se atingir este estado os batimentos cardíacos
vão acontecendo lentamente, por isso é de fundamental importância o trabalho em steady
state, que faz nosso músculo cardíaco entrar em regime de equilíbrio de oxigênio e
consequentemente promovendo um trabalho muscular localizado, ou seja, um trabalho de
força orientado objetivando hipertrofia cardíaca condizente com o esforço que o atleta faz,
portanto quanto menor o batimento cardíaco em estado basal melhor o tempo de recuperação
após o exercício.
3.2 CÁLCULO DO ÍNDICE DE APTIDÃO FÍSICA – IAF
Segundo Souza et al (2009), aptidão física é um estado dinâmico de energia e
vitalidade que permite a cada um não apenas realizar as tarefas diárias, as ocupações ativas
das horas de lazer e enfrentar emergências imprevisíveis sem fadiga excessiva, mas também
ajuda a evitar doenças hipocinéticas. (COOPER, 1970, p. 35).
A aptidão física é tratada conforme Nahas (2003) e Gaya, Silva (2003). A resistência
cardiorrespiratória é um componente importante da aptidão relacionada à saúde (ApFRS).
Cooper (1970, p.63) chamou a resistência cardiorrespiratória de "Capacidade Aeróbica" com
a seguinte definição: Aeróbica refere-se a uma variedade de exercícios que estimulam a
atividade do coração, dos pulmões durante um período suficientemente longo para produzir
mudanças benéficas para o corpo. Correr, nadar, pedalar são exercícios tipicamente aeróbicos.
De acordo com Brouha et al. (1943) o IAF é calculado pela fórmula: IAF = 100 x 300
/ (2 *( B1+B2+B3)) onde tomamos Bi = (1/2) FCi , para i=1,2,3. FCi é a Frequência
Cardíaca, em batimentos por minuto, no tempo i, Bi é o numero de batidas que o coração faz
durante 30 segundos, que foram considerados os 30 segundos em torno do tempo i, isto é de
15 segundos antes até 15 segundos depois do instante em que foi medida a frequência
cardíaca.
25
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA
Foram selecionados vinte e oito (28) bombeiros do sexo masculino, todos adultos jovens
considerados normais, idade entre 27 a 52 anos, com nível de atividade física moderada, sem
histórico significativo de doença nos membros inferiores, na coluna vertebral ou problemas
psíquicos. Os voluntários foram distribuídos da seguinte forma: 14 no Grupo Controle (GC) e
no 14 Grupo Experimental (GE), informados a respeito de todos os procedimentos a serem
realizados e assinaram o Termo Livre e Esclarecido de Consentimento para participação da
pesquisa e Termo de Compromisso, como também a aprovação pelo Comitê de Ética (CEPUMC), processo CEP.: 005/2010, CAAE: 0005.0.237.000-10, de acordo com as normas
estabelecidas pela Resolução 196/96 do conselho Nacional de Saúde.
Os voluntários são da equipe do 1º.Sub-grupamento Bombeiros e da Polícia Militar da
Cidade de Mogi das Cruzes, sob o comando do 1º Tenente Reinaldo de Almeida Nascimento
e das prontidões Amarela/ Verde/ Azul (subdivisões de plantões), que nos colocou à
disposição as dependências da Academia de Esportes do Corpo de Bombeiros.
4.2 PROTOCOLO DO TESTE
Os testes foram realizados nas dependências da Academia de Esportes do Corpo de
Bombeiros de Mogi das Cruzes e ocorreram em três etapas divididas em 1ª fase (coleta de
dados antes das sessões de Acupuntura) e 2ª fase (coleta de dados após as sessões de
Acupuntura, sendo que os voluntários do (GE) foram submetidos as sessões) conforme
descrito a seguir e no item de 7.1 de resultados:
1ª ETAPA – Conforme planilha do (GC), vide Tabela 1 (p.38), na primeira fase do
teste, na 1ª coluna mostra o número de voluntários, 2ª coluna idade, 3ª coluna altura, 4ª coluna
peso antes do teste físico do Banco de Harvard, na 5ª coluna aferição da Frequência Cardíaca
Basal (FCB) através do Oxímetro. Nas 6ª, 7ª e 8ª colunas aferimos a Frequência Cardíaca
(FC) após realização do teste físico (sem aplicação de acupuntura) no Banco de Harvard com
altura de 50 cm, efetuando subidas e descidas durante 5 minutos, FC (T1) 1 minuto e meio,
(T2) 2 minutos e meio e (T3) 3 minutos e meio. Calculo do Índice de Aptidão Física (IAF) na
9ª coluna e na 10ª coluna a média das Frequências Cardíacas (FC). Na 11ª coluna o número de
subidas e descidas durante a execução do teste do Banco de Harvard.
26
2ª ETAPA – Na planilha dos voluntários (GE), vide Tabela 2 (p.39), mostramos na
primeira fase do teste, 1ª coluna mostra o número de voluntários, 2ª coluna idade, 3ª coluna
altura, 4ª coluna peso antes do teste físico do Banco de Harvard, na 5ª coluna aferição da
Frequência Cardíaca Basal (FCB) através do Oxímetro. Nas 6ª, 7ª e 8ª colunas aferimos a
Frequência Cardíaca (FC) após realização do teste físico (sem aplicação de acupuntura) no
Banco de Harvard com altura de 50 cm, efetuando subidas e descidas durante 5 minutos, FC
(T1) 1 minuto e meio, (T2) 2 minutos e meio e (T3) 3 minutos e meio. Calculo do Índice de
Aptidão Física (IAF) na 9ª coluna e na 10ª coluna a média das Frequências Cardíacas (FC).
Na 11ª coluna o número de subidas e descidas durante a execução do teste do Banco de
Harvard. Após os testes foram submetidos à aplicação Acupuntura, uma sessão por semana,
no total de 8 semanas, com duração de 15 minutos de aplicação, utilizando os acupontos P10,
ID3, VC17, VB34, BP4, R7.
3ª ETAPA – Após 8 semanas os grupos (GE) (GC) foram submetidos ao teste físico
no Banco de Harvard, observando-se os mesmos critérios do teste anterior conforme 1ª etapa.
As colunas 12ª, 13ª, 14ª, 15ª, 16ª, 17ª, 18ª, 19ª são referentes à 2ª fase dos testes, sendo que só
o (GE) recebeu as aplicações de Acupuntura.
27
4.3 MATERIAIS
Utilizamos para as sessões de aplicação da Acupuntura os seguintes materiais: agulhas
de aço inoxidável de 0,25 x 0,30mm(agulhas sistêmicas) 0,8mm (agulhas Ting) com
certificação ISO 9002, uso descartável e de uso individual, com tubos (mandris) de plástico,
apresentadas em embalagens fechadas, algodão, álcool líquido a 70%. Para aferição da
Frequência Cardíaca (FC) utilizamos o aparelho Oxímetro (aparelho destinado a medir de
forma não invasiva a frequência cardíaca), monitora a pulsação (batimentos cardíacos antes,
durante ou após o exercício), possui um emissor e um receptor de raios infravermelhos.
Quando esses raios infravermelhos são emitidos através dos tecidos do dedo, o
receptor indica a quantidade de raios absorvidos durante a sístole e diástole.
Figura 1: Agulhas Sistêmicas e Ting
Figura 2: Oxímetro
28
5 OS PONTOS DE ACUPUNTURA – PONTOS DE APLICAÇÃO
Quando falamos da eficácia da Acupuntura como meio de tratamento, temos duas
formas de classifica-las, uma científica outra energética.
Na forma científica de acordo com Yun-tao Ma et al. (2006) o processo de inserção
de agulhas segue alguns critérios: seleção de pontos, quanto será a profundidade a ser
inserida, quanto tempo permanecerá a agulha em determinado ponto e também se haverá
alguma manipulação para estimular os pontos. Quando fazemos uma estimulação, irá criar
um estimulo nos tecidos mais profundos, como nos músculos fazendo com que o paciente
sinta uma sensação de choque, ou melhor, (De Qi, estimulação energética) este efeito no local
refere-se pelo tipo de fibras nervosas. Estas lesões causadas pela inserção de agulhas
estimulam a epiderme, derme e os tecidos como fibras elásticas, colágeno, fáscia profunda,
músculos esqueléticos e tecidos nervosos.
As fibras nervosas, sensoriais como as fibras II, III e IV quando estimuladas produzem
uma sensação de analgesia, sensação de dor, frio, pressão, calor e também movimento de
expansão muscular (FILSHIE, J. 2002, p.84-86). Este fenômeno de estimulação de De Qi está
representada no Quadro1:
Quadro1: Descrição da sensação de De Qi relacionada às fibras nervosas nos músculos
Tipos de Fibras Nervosas Aferentes
Tipos de Sensação
Entorpecimento, peso, pressão, dolorimento
II, III
Dolorimento,dor e formigamento
IV
Na forma energética a estimulação dos pontos de Acupuntura situados nos canais de
energia ou meridianos correspondentes aos órgãos e vísceras, distribui a circulação de De Qi
(energia vital) por todo organismo, esta manipulação podemos chamar de Tonificação
(aumento e concentração de energia) e Sedação (diminuição e dispersão de energia).
Os pontos aplicados neste trabalho não seguiram nenhum protocolo da literatura, mas
sim pela minha prática clínica. A escolha foi feita também pelas funções energéticas,
indicação e localização, sendo que foram utilizados poucos pontos, em número de 6, para não
termos nenhum conflito de função energética, tanto na tonificação, quanto na sedação, quanto
menos pontos melhor a assertividade do tratamento. No nosso trabalho os pontos estão de
acordo com o meu objetivo de melhorar o desempenho físico, principalmente em relação ao
número de subidas e descidas e também que pudessem contribuir em alguma diferença na
Frequência Cardíaca (FC) e no Índice de Aptidão Física (IAF). Para tanto escolhi os pontos:
P10/ ID3/ VC17/ VB34/ BP4/ R7, sendo que tonifiquei os pontos P10/ ID3/ VC17 para
termos maior energia nas suas funções, ajudando principalmente no relaxamento muscular,
29
fortalecendo assim tendões, coluna lombar e membros inferiores. Nos pontos VB34/ BP4/R7
como estes trabalham muito a circulação de sangue (Xue) e circulação linfática (Jing Yie) a
sedação foi necessária para potencializar a movimentação das circulações. As localizações
estão apresentadas nas Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8 e no Quadro2 a discrição em relação à
localização, função energética e indicação.
5.1 FIGURAS DA LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE ACUPUNTURA
Figura 3: Ponto P10
Fonte: Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin
Figura 4: Ponto ID3
Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin
30
Figura 5: Ponto VC17
Fonte: Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin
Figura 6: Ponto VB34
Fonte: Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin
31
Figura 7: Ponto BP4
Fonte: Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin
Figura 8: Ponto R7
Fonte: Atlas Gráfico de Acupuntura Seirin Ponto R
32
Quadro 2: Discrição dos Pontos de Acupuntura
33
5.2 SESSÕES DE ACUPUNTURA
As figuras 9, 10, ilustram as sessões de Acupuntura que foram realizadas
na Academia de Esportes do Corpo de Bombeiros e a figura 11 mostra a
execução do teste do Banco de Harvard.
Figura 9: Aplicação de Acupuntura
Figura 10: Aplicação de Acupuntura
Figura 11: Realização do Teste do BH
34
6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise estatística usamos o programa Bioestat 5.3(2012). A tabela 6.1
apresenta um resumo dos critérios usados para interpretação dos testes usados neste trabalho
para investigação da significância estatística dos resultados.
Quadro 3: Resumo dos critérios usados para interpretação dos resultados dos testes
estatísticos
SHAPIRO-WILK
p-valor >5%
Distribuição normal
MANN-WHITNEY
p-valor < 5%
Há diferença estatisticamente
significativa
WILCOXON
p-valor < 5%
Há diferença estatisticamente
significativa
Os testes paramétricos se aplicam quando as variáveis apresentam uma distribuição
normal. Quando este não é o caso, isto é, quando lidamos com distribuições que não são
normais, ou esta é desconhecida, usamos os testes não paramétricos. Outra consideração
fundamental, como ilustrada na Tabela 6.2, é que é necessário decidir se estamos lidando com
amostras dependentes ou independentes, e se o número de variáveis é igual ou superior a dois.
Testes não paramétricos também são usados quando o número de elementos de uma
variável é muito pequeno (<15), mesmo quando o teste de normalidade acusa que a
distribuição é normal. Isto pode ser considerado com uma abordagem mais conservadora.
(TRIOLA, 2008, PEIXOTO, 2011).
35
Figura 12: Esquema básico que guia a seleção de um teste paramétrico ou não paramétrico - Referência slides
do curso de Estatística Aplicada à Biotecnologia, de Pedro da Silva Peixoto, IME-USP.
Conforme as planilhas da coleta de dados dos grupos (GC) e (GE), que contem todas
as variáveis de interesse como as medidas de Frequência Cardíaca (FC), o Índice de Aptidão
Física (IAF) e o número de Subidas e Descidas feitas em 5 minutos, seguindo o protocolo do
Teste do Banco de Harvard de acordo com Brouha et al (1943), testamos se estas variáveis
tinham distribuição normal, usando o teste de Shapiro-Wilk, para verificar a normalidade da
distribuição de nossos dados. Neste teste se o p-valor for menor do que 5%, a distribuição não
é normal, (TRIOLA, F.M. 2008, PEIXOTO, F.P.2011). Se este fosse uma distribuição
normal usaríamos o teste t-estudant e ANOVA para verificar se haviam diferenças
significativas entre as medidas de interesse. Se as distribuições não fossem normais,
usaríamos um teste não paramétrico, seguindo o esquema ilustrado no Quadro 3.
Como veremos na seção de resultados nossos dados não têm distribuição normal, e
estamos interessados em comparar dois conjuntos de dados independentes, usaremos o teste
de Mann-Whitney. Ao se escolher o teste de Mann-Whitney, sempre devemos observar o
seguinte a) se a distribuição for normal, é melhor usar o teste t-Student para grupos
independentes b) Devemos ter 4 ou mais elementos na amostra de cada grupo. Quando
calculamos o p-valor, a interpretação é a seguinte: se o p-valor for menor que 5% há
diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. No caso de amostras dependentes
usaremos o teste de Wilcoxon.
É comum se encontrar trabalhos envolvendo amostras de apenas cinco elementos as
quais os autores utilizando o teste ANOVA, sem nem mesmo mencionar a normalidade ou
não da distribuição, se a amostra não tem distribuição normal ou tem um número menor de
elementos, faz se necessário usar testes não paramétricos, os quais permitem a consideração
de amostras com elementos com número superior com apenas cinco elementos. Só se pode
aplicar a ANOVA se é distribuição normal, isso nem sempre implica em trabalhos com
amostra com um número maior de elementos.
36
Veremos que no nosso caso tínhamos apenas 14 elementos em cada grupo, e as
distribuições não eram normais, e, portanto optamos em testes não paramétricos. Os testes
não paramétricos desperdiçam parte da informação, e só são capazes de detectar diferenças
estatisticamente significativas quando essas diferenças são suficientemente grandes.
37
7 RESULTADOS
7.1 MEDIDAS REALIZADAS NA 1ª E 2ª FASE USANDO O PROTOCOLO DO
BANCO DE HAVARD.
Realizamos medidas segundo protocolo do Banco de Harvard antes e após 8 sessões de
Acupuntura nos voluntários denominados (GE). Estas medidas correspondem ao que
denominamos medidas da primeira fase (1ª) e segunda fase (2ª) respectivamente.
Concomitantemente realizamos medidas correspondentes nos voluntários do (GC) em cujos
elementos, entretanto não realizamos nenhuma intervenção de Acupuntura. Testamos todas as
variáveis medidas quanto sua à normalidade de sua distribuição, e concluímos que não
poderíamos usar testes paramétricos. Para o estudo da normalidade usamos o teste ShapiroWilk.
A seguir mostraremos os resultados obtidos para o estudo das amostras relacionadas com
a investigação sobre o efeito da Frequência Cardíaca (FC), Índice de Aptidão Física (IAF) e
sobre as Subidas e Descidas e o Desempenho Físico. Segue as planilhas da coleta de dados
dos grupos (GC ) e (GE) nas 1ª e 2ª fases:
Tabela 1: Representação Gráfica do grupo (GC) nas 1ª e 2ª fases
38
Tabela 2: Representação Gráfica do grupo (GE) nas 1ª e 2ª fases
39
40
7.2 RESULTADOS DOS EFEITOS DA ACUPUNTURA SOBRE A FREQUÊNCIA
CARDÍACA E O ÍNDICE DE APTIDÃO FÍSICA.
Analisamos através dos testes não paramétricos de Mann-Whitney os resultados das
médias da Frequência Cardíaca (FC), Índice de Aptidão Física dos (GC) e (GE) nas 1ª e 2ª
fases o teste do Banco de Harvard (BH). Através das figuras e das análises ilustraremos os
resultados que não apresentaram uma mudança na (FC) estatisticamente significativa e
também os resultados do (IAF) de acordo com a classificação do Banco de Harvard que nos
mostrou que tanto o grupo (GC) quanto o (GE) nas 1ª e 2ª fases demonstraram algumas
diferenças, averiguando que os grupos são regulares. Vamos ver a seguir os detalhes das
análises dos resultados que foram feitos de acordo com a Quadro 3 e Figura 12.
Algumas de nossas variáveis são normais, podíamos utilizar o teste paramétrico, mas foi
decidido fazer testes não paramétricos, pois é uma abordagem mais conservadora
principalmente quando o número de casos é pequeno. Tendo em vista que as maiorias das
comparações teriam que serem feitas com testes não paramétricos, devido a não normalidade
da maioria das variáveis e pequenos números dos elementos de cada amostra, isso traria
também a vantagem da padronização do tipo de teste estatístico.
De acordo com o Teste de Shapiro-Wilk os resultados das medidas da Frequência Cardíaca
(FC) e do Índice de Aptidão Física (IAF), nos grupos (GC) e (GE), na 1ª fase e suas
respectivas médias, mostram que a variável (FC) e (IAF) não seguem uma distribuição
normal, pois o p-valor 0,0094 e 0,3791 demonstrando que isto é p-valor <0,05. . Assim
sendo, temos que usar o teste não paramétrico adequado a dois conjuntos de medidas
independentes, isto é, neste caso, o teste de Mann-Whitney. Os resultados desta análise estão
mostrados na Figura 13. Foi obtido um p-valor 0,5503, como neste caso p>0,05 concluímos
que não há diferença estatisticamente significativa. Através dos Box-plot representados pelas
Figuras 14. e 15 pode observar como as variáveis estão distribuídas em relação à
homogeneidade dos dados, valores máximos e mínimos. “Quando a caixinha (box) é muita
pequena”, significa que os dados são muito concentrados em torno da mediana, e se a
caixinha for “grande”, significa que os dados são mais heterogêneos (PEIXOTO, 2011).
41
Figura 13: Resultados do teste não paramétrico de Mann-Whitney
Figura 14: Box Plot correspondente resultados
do teste de Mann-Whitney (FC) na 1ª fase
Figura 15: Box Plot correspondente resultados
do teste de Mann-Whitney (IAF) na 1ª fase
42
As variáveis da (FC) e do (IAF) dos grupos (GC) e (GE), na 2ª fase de acordo com o
teste de Shapiro-Wilk, tem uma distribuição normal com p-valores de 0,0784 e 0,4175
respectivamente, isto é p-valor >0,05, entretanto optamos por usar um teste não paramétrico
adequado. Como dois conjuntos de medidas são independentes, usamos, neste caso, o teste de
Mann-Whitney e obtemos um p-valor 0,5201. Como neste caso p-valor >0,05 concluímos que
não há diferença estatisticamente significativa. Uma representação gráfica é mostrada na
Figura 16. Os Box Plot correspondentes são mostrados nas Figuras 17 e 18, e indicam que
depois da aplicação da acupuntura, os valores ficaram mais próximos da mediana.
Figura 16: Resultados do teste não paramétrico de Mann-Whitney
Figura 17: Box Plot (FC) correspondente resultados
do teste de Mann-Whitney na 2ª fase
43
Figura 18: Box Plot correspondente resultados
do teste de Mann-Whitney na 2ª fase
Apresentamos os resultados das medidas da (FC) e do (IAF) do grupo (GC) nas 1ª e 2ª
fases. Investigamos primeiramente se as variáveis correspondentes às medidas apresentaram
uma distribuição normal, usando o teste de Shapiro-Wilk, a variável (FC) não segue uma
distribuição normal, pois os p-valores foram 0,0094 e 0,0784, isto é para FC p-valor < 0,05.
Assim sendo, temos que usar o teste não paramétrico adequado a dois conjuntos de medidas
dependentes, isto é, neste caso, o teste de Wilcoxon conforme Figura 21 obtido o p-valor
0,3078 para (FC) e p-valor 0,5829 para (IAF) neste caso p-valor >0,05, e a representação
gráfica das Figuras 19, 20 mostrando que não há diferença estatisticamente significativa. Os
Box Plot correspondentes estão mostrados nas Figuras 22 e 23.
44
Figura 19: Representação Gráfica dos dados (FC)
Figura 20: Representação Gráfica dos dados (IAF)
45
Figura 21: Resultados do teste não paramétrico de Wilcoxon
(FC)
(IAF)
Figura 22: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon
.
Figura 23: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon
46
As variáveis (FC) e (IAF) do grupo (GE) nas 1ª e 2ª fases, apresentam uma
distribuição normal, de acordo com o teste de Shapiro-Wilk, apresentando p-valores de
0,3791 e 0,4175, respectivamente, isto é p-valor > 0,05, e a variável (IAF) com os p-valores
0,2364 e 0,3875 com p-valor > 0,05. Mesmo sendo uma distribuição normal decidimos usar o
teste não paramétrico adequado a dois conjuntos de medidas dependentes, pois o número de
voluntários é pequeno, isto é, neste caso, o teste de Wilcoxon conforme Figura 26 obtendo o
p-valor 0,4326 para (FC) e p-valor 0,3281 para (IAF) neste caso p-valor >0,05, mostrando que
não há diferença estatisticamente significativa conforme representação gráfica das Figuras 24,
25. Os gráficos dos Box Plot correspondentes são mostrados nas Figuras 27 e 28.
Figura 24: Representação Gráfica (FC) dos dados na 2ª fase
Figura 25: Representação Gráfica (IAF) dos dados na 2ª fase
47
Figura 26: Resultados do teste não paramétrico de Wilcoxon
(FC)
(IAF)
Figura 27: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon
Figura 28: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon
48
7.3 ESTUDOS DA INFLUÊNCIA DA ACUPUNTURA SOBRE O DESEMPENHO
ESPORTIVO. .
Contamos os números de Subidas e Descidas que cada voluntário conseguiu fazer em
um tempo determinado de 5 minutos antes e depois do teste do Banco de Harvard nas 1ª e 2ª
fases da experiência. Fizemos isso para o (GC) e (GE). O grupo de (GE) foi submetidos a 8
sessões de Acupuntura, uma vez por semana, os resultados obtidos das análises estatísticas á
qual revela a existência de um efeito estatisticamente significativo, confirma que o tratamento
de Acupuntura melhorou significativamente o desempenho do (GE) em relação ao (GC).
Este resultado é diferente daquele obtido da (FC) e (IAF) onde não se encontrou
diferenças estatisticamente significativas.
Descrições detalhadas das análises individuais das várias tabelas associadas às
comparações feitas no caso das medidas de Subidas e Descidas são mostradas a seguir,
juntamente com os valores calculados e gráficos correspondentes, que possibilitam uma
melhor visualização dos mesmos.
Os resultados dos números das Subidas e Descidas nos grupos (GC) e (GE) na 1ª fase,
conforme o teste de Shapiro-Wilk corresponde a uma distribuição normal com os valores de
p-valores 0,3109 e 0,4224, isto é, um p-valor >0,05, sendo dois conjuntos de medidas
independentes temos que usar o teste não paramétrico neste caso, o teste de Mann-Whitney.
Os resultados desta análise estão mostrados na Figura 30 calculada com os dados da
Tabela 3. Foi obtido um p-valor 0,7304. Como neste caso p>0,05 concluímos que não há
diferença estatisticamente significativa, o que pode ser visualizado na Figura 29.
Tabela 3: Subidas e Descidas dos GC/GE na 1ª fase antes da Acupuntura
Voluntários
GC/1a Fase
Voluntários
GE/1a Fase
(GC)
(GE)
SUBIDAS/DESCIDAS
SUBIDAS/DESCIDAS
V1
V15
121
151
V2
V16
107
130
V3
V17
145
142
V4
V18
148
138
V5
V19
133
131
V6
V20
127
126
V7
V21
140
130
V8
V22
117
123
V9
V23
148
143
V10
V24
135
145
V11
V25
158
132
V12
V26
106
148
V13
V27
147
149
V14
V28
147
142
132.08
136.58
MEDIA
49
Figura 29: Resultados do teste não paramétrico
de Mann-Whitney nos dados da Tabela 7.3
Figura 30: Box Plot correspondente resultados do teste de Mann-Whitney
50
Na Tabela 7.4 e na Figura 7.4.1 são mostrados os resultados das médias das Subidas e
Descidas dos grupos (GC) e (GE), na 2ª fase. Investigamos primeiramente se as variáveis
correspondentes às medidas apresentaram uma distribuição normal, usando o teste de
Shapiro-Wilk, mostrando que a variável não segue uma distribuição normal, pois o p-valor
obtido foi 0,7187 e 0,0095, isto é p-valor <0,05. Assim sendo, temos que usar o teste não
paramétrico adequado a dois conjuntos de medidas independentes, isto é, neste caso, o teste
de Mann-Whitney.
Os resultados da análise dos dados da Tabela 4 estão mostrados na Figura 32, o pvalor 0,0058. Como neste caso p-valor <0,05, concluímos que há diferença estatisticamente
significativa. A Figura 31 representa os resultados do Box Plot correspondentes, e pode-se
ver que depois da Acupuntura os valores estão mais próximos da mediana.
Tabela 4: Subidas e Descidas dos (GC) e (GE) na 2ª Fase
Voluntários
GC/2a Fase
Voluntários
GE/ 2a Fase
(GC)
(GE)
SUBIDAS/DESCIDAS
SUBIDAS/DESCIDAS
V1
V15
130
160
V2
V16
117
150
V3
V17
138
153
V4
V18
150
150
V5
V19
140
146
V6
V20
125
130
V7
V21
138
150
V8
V22
130
148
V9
V23
150
155
V10
V24
148
155
V11
V25
160
155
V12
V26
110
150
V13
V27
151
153
V14
V28
138
153
136.33
150.17
MEDIA
51
Figura 31: Resultados do teste não paramétrico
de Mann-Whitney nos dados da Tabela 4
Figura 32: Box Plot correspondente resultados
do teste de Mann-Whitney nos dados da Tabela 4
52
Na Tabela 5 e na Figura 33
mostram os resultados das medidas das Subidas e
Descidas do grupo (GE), depois das sessões de Acupuntura e suas respectivas médias nas 1ª e
2ª fases. Usando o teste de Shapiro-Wilk, verificamos que a variável das Subidas e Descidas
não segue uma distribuição normal, pois o p-valor obtido foi 0,4224 e 0,0095, isto é, p-valor
<0,05. Assim sendo, temos que usar o teste não paramétrico adequado a dois conjuntos de
medidas dependentes, isto é, neste caso, o teste de Wilcoxon, e, além disto, o número de
voluntários da amostra é pequeno.
Os resultados desta análise estão mostrados na Figura 34 calculada com os dados da
Tabela 5. Foi obtido um p-valor 0,0010. Como neste caso p-valor <0,05 concluímos que há
uma diferença estatisticamente significativa.
Tabela 5: Subidas e Descidas dos GE/GE na 1ª e 2ª fase antes e após da Acupuntura
Voluntários
V1
V2
V3
V4
V5
V6
V7
V8
V9
V10
V11
V12
V13
V14
MEDIA
GE/1a Fase
GE/2a Fase
SUBIDAS/DESCIDAS
SUBIDAS/DESCIDAS
151
130
142
138
131
126
130
123
143
145
132
148
149
142
136.58
160
150
153
150
146
130
150
148
155
155
155
150
153
153
150.17
Figura 33: Representação Gráfica dos dados da Tabela 5
53
54
Figura 34: Resultados do teste não paramétrico
de Wilcoxon nos dados da Tabela 5
Figura 35: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 7.5
55
Na Figura 36 e na Tabela 6 mostram os resultados das medidas das Subidas e
Descidas, nos grupos (GC), antes e após das sessões de Acupuntura e suas respectivas médias
nas 1ª e 2ª fases. Usamos o teste de Shapiro-Wilk e constatamos que as variáveis
correspondentes as medidas apresentaram uma distribuição normal, mostram que a variável
das subidas e descidas seguem uma distribuição normal, pois o p-valor obtido foi 0,3109 e
0,7187, isto é p-valor >0,05. Como as amostras são pequenas, temos que usar o teste não
paramétrico adequado a dois conjuntos de medidas dependentes, isto é, neste caso, o teste de
Wilcoxon. Os resultados desta análise estão mostrados na Figura 37 calculada com os dados
da Tabela 6. Foi obtido um p-valor 0,0843. Como neste caso p-valor >0,05,
concluímos
que não há diferença estatisticamente significativa. Os resultados do Box Plot mostram os
resultados.
Tabela 6: Subidas e Descidas do (GC) na 1ª e 2ª fases
GC/1a Fase
GC/2aFase
Voluntários SUBIDAS/DESCIDAS SUBIDAS/DESCIDAS
V1
121
130
V2
107
117
V3
145
138
V4
148
150
V5
133
140
V6
127
125
V7
140
138
V8
117
130
V9
148
150
V10
135
148
V11
158
160
V12
106
110
V13
147
151
V14
147
138
MEDIA
132.08
136.33
Figura 36: Representação Gráfica dos dados da Tabela 6
56
57
Figura 37: Resultados do teste não paramétrico
de Wilcoxon nos dados da Tabela 6
Figura 38: Box Plot correspondente resultados
do teste de Wilcoxon nos dados da Tabela 6
58
8 DISCUSSÃO
Uma possibilidade de interpretação dos nossos resultados é a sugestão de que o fato da
Frequência Cardíaca (FC) e o Índice de Aptidão (IAF) não terem sido alterados mesmo no
grupo (GE) que conseguiu aumentar o desempenho físico após as sessões de Acupuntura,
tenha se mantido constante devido aos efeitos benéficos da Acupuntura.
Em outras palavras esta hipótese levantada estaria dizendo que o aumento
estatisticamente significativo do efeito da Acupuntura no desempenho físico estaria
provocando um efeito na Frequência Cardíaca (FC) e (IAF) de não subir simultaneamente ao
aumento do desempenho.
A influência da Acupuntura no desempenho físico tornou o grupo (GE) mais
homogêneo. Fica evidente, quando analisa o Box Plot correspondente que a dispersão dos
tempos de Subidas e Descidas ficou menor após a Acupuntura, quando comparamos com a
dispersão antes da Acupuntura.
Observamos também com a utilização de testes não paramétricos, tanto no caso
de comparar duas amostras independentes ou duas amostras dependentes que as diferenças
encontradas no desempenho, medido por meio da contagem do número de subidas
e descidas, comparando-se os grupos antes e depois da aplicação da acupuntura, e também
levando-se em conta os resultados do grupo de controle, eram estatisticamente significativos.
Em relação à literatura podemos observar que em alguns casos os testes para
determinar se as variáveis eram normais ou não, nem foram aplicados. Em muitas referências,
ANOVA foi aplicada a amostras de apenas 5 elementos. Nestes casos o uso de testes não
paramétricos seria necessário.
No nosso trabalho procuramos fazer a escolha dos testes estatísticos de maneira mais
correta e rigorosa, preferindo soluções conservadores, mesmo que isto significasse deixar de
aproveitar todas as informações contidas nas amostras, caso se pudesse usar a informação de
normalidade.
Padronizamos em testes não paramétricos, devido ao número pequeno de amostras, o
que significa adotarmos uma solução mais conservadora. Mesmo assim os efeitos encontrados
são muito claros.
Sugerimos que a partir deste estudo, sejam estudados maiores possibilidades de
quantificar os efeitos da Acupuntura, além do desempenho físico, também no aspecto
psíquico em atletas e em indivíduos praticantes de atividades físicas.
59
9 CONCLUSÕES
Na literatura científica não encontramos nenhum artigo semelhante que objetivasse
provar a eficácia da Acupuntura como agente de melhora do desempenho físico, usando o
protocolo do Banco de Harvard como o instrumento das medidas dos efeitos.
Nossos resultados evidenciam que esse efeito existe. Acreditamos que este trabalho
teve seu objetivo obtido, e se constitua numa evidência científica de que a Acupuntura é
eficaz como instrumento para melhorar a desempenho físico.
Os resultados da investigação dos efeitos sobre a Frequência Cardíaca (FC) e o Índice
de Aptidão (IAF) dos voluntários pertencentes dos grupos de controle (GC) e grupo
experimental (GE) não revelaram efeitos importantes devido à intervenção da Acupuntura. As
Frequências Basais foram muito semelhantes e não constatamos nenhuma diferença
estatisticamente significativa entre elas.
A comparação das médias da (FC) e (IAF) dos grupos (GC) e grupo (GE) na 2ª fase,
de acordo com o teste de Shapiro-Wilk tem uma distribuição normal, com p-valores de
0.0784 e 0.4175 respectivamente, isto é p-valor >0,05, entretanto optamos por usar um teste
não paramétrico adequado. Como dois conjuntos de medidas são independentes, usamos,
neste caso, o teste de Mann-Whitney e obtemos um p-valor 0.5201. Como neste caso p-valor
>0,05 concluímos que não há diferença estatisticamente significativa.
A análise estatística realizada usando os testes não paramétricos revelou, entretanto,
um forte efeito estatisticamente significativo que pode ser visto como um forte indicativo a
efetividade da eficácia da Acupuntura no aumento do desempenho. Isto foi verificado por
meio das medidas do número de Subidas e Descidas dos voluntários do grupo experimental
(GE) que foram submetidos a 8 sessões de Acupuntura, e cujos resultados foram comparados
com os resultados dos elementos pertencentes do grupo controle (GC), que não foram tratados
com a Acupuntura.
Usando o teste de Shapiro-Wilk, verificamos que a variável das Subidas e Descidas
não segue uma distribuição normal, pois o p-valor obtido foi 0.4224 e 0.0095, isto é, p-valor
<0,05. Assim sendo, temos que usar o teste não paramétrico adequado a dois conjuntos de
medidas dependentes, isto é, neste caso, o teste de Wilcoxon, e, além disto, o número de
voluntários da amostra é pequeno.
Os resultados desta análise foi obtido um p-valor 0,0010. Como neste caso p-valor
<0,05 concluímos que há uma diferença estatisticamente significativa.
Mesmo confirmando um resultado estatisticamente significativo, precisamos nos
aprofundar mais em estudos que nos leve ao conhecimento mais científico sobre a aplicação
da Acupuntura. Verificando não só o desempenho físico através da frequência cardíaca como
também em medidas de pressão, VO2.
Abrimos um leque para averiguarmos uma melhor assertividade em relação aos
estudos da Acupuntura que visa não só a melhora física como também, avaliarmos o
60
psíquico, sendo um estudo multidisciplinar na área da saúde, podendo agregar conhecimentos
que irão acrescentar maiores possibilidades de tratamento.
61
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ROMANA DE SOUZA