JG Jornal janeiro/março 2014 G I do L Número vinte e cinco janeiro-março 2014 - 1 € JG janeiro/março 2014 E itorial Ed ditorial O ser, o parecer e o que parece ser… Numa crise como a que atravessamos, o Ensino deMeu país desgraçado!… E no entanto há Sol a cada canto e não há Mar tão lindo noutro lado. Nem há Céu mais alegre do que o nosso, nem pássaros, nem águas… veria certamente contribuir para o cumprimento das chamadas metas orçamentais, mas livre dos cortes cegos que facilmente nos conduzem a um atraso científico e cultural. Meu país desgraçado!… Porque fatal engano? Que malévolos crimes teus direitos de berço violaram? É o que se passa com as bolsas a atribuir aos investigadores: antes de reformular todo o sistema de repartição de verbas, deveria haver uma fase transitória, até para garantir que os trabalhos não ficassem a meio e Meu Povo de cabeça pendida, mãos caídas, de olhos sem fé - busca, dentro de ti, fora de ti, aonde a causa da miséria se te esconde. que pessoas válidas não fossem colocadas numa prateleira depois do Estado ter investido tantos recursos. O que é estranho é nunca haver uma explicação convincente para as medidas tomadas nos setores da educa- E em nome dos direitos que te deram a terra, o Sol, o Mar, fere-a sem dó com o lume do teu antigo olhar. ção e da ciência. Assim, o que parece ser é rapidamente assumido como o que é e transforma-se num ápice em matéria de especulação para os que hipocritamente Alevanta-te, Povo! Ah! visses tu, nos olhos das mulheres, a calada censura que te reclama filhos mais robustos! ainda afirmam que tudo pode permanecer inalterável. Nas escolas secundárias esta falta de rumo também se faz sentir e reflete-se na atitude dos alunos, que investem pouco no seu futuro, sabendo que há fatores Povo anémico e triste, meu Pedro sem forças, sem haveres! - olha a censura muda das mulheres! Vai-te de novo ao Mar! Reganha tuas barcas, tuas forças e o direito de amar e fecundar as que só por Amor te não desprezam! externos que o condicionam. No entanto, este estado de espírito deve ser combatido. Mesmo nos países supostamente mais desenvolvidos, como a Suécia, a Noruega ou a Finlândia, muitos dos cidadãos que possuem formação superior não encontram colocação nas áreas para os quais foram preparados. E não deixam de estu- Sebastião da Gama dar… Claro que há quem não estude por simples problemas económicos. Mas isso é outra questão, infelizmente bem real! 2 JG janeiro/março 2014 EM DESTAQUE Educação Física/ Torneios de corfebol Top Gil Cerimónia de entrega dos diplomas Alunos do 9º ano na visita de estudo ao museu Arpad Scenes - Vieira da Silva Cursos Profissionais Área de Expressões Dança criativa Dia da Filosofia Índice Dia da Filosofia 18 Dança criativa 19 13 Violência Doméstica Gil Vicente/CEBV 20 Um Olhar ... palavras e cerejas 14 Dia Europeu das Línguas “Affiche Ton Français!” 21 Exposições 5 6 Educação Física 15 Efemérides 22 23 7 8 Visitas de Estudo 16 Jaime Bom de Roer 17 24 Pel’a mão de Gil Vicente 9 10 Top Gil Orquestra do Gil 2 Editorial 3 Índice Em Destaque 4 11 12 Leituras A equipa do JG solicita a toda a comunidade escolar a participação no próximo número. Para tal, pede-se o envio para o mail institucional de fotografias, textos, desenhos, relativos ao tema do PAA (40 anos de abril - refazer a revolução). Iniciamos Um Olhar sobre a repressão antes do 25 de abril. Agora, construam connosco Um Olhar depois do 25 de abril, que urge resguardar. 3 JG janeiro/março 2014 p a l a v r a s e c er e j a s A educação é a arma mais poderosa que temos para mudar o mundo. O Nelson Mandela Não sei há já quantos anos isto ocorreu, pois o tempo passa e a memória atraiçoa. Sei, contudo, que teria vinte e poucos anos quando fui com os meus pais a Johannesburg. Ia entusiasmada e curiosa. Era a primeira vez que visitava África. O meu pai nunca me levara às colónias, mas agora ia conhecer uma grande metrópole africana. A questão do apartheid não se me colocou na época: conhecia-o, considerava-o intolerável, mas não o vivia e, por isso, parecendo-me ofensivo, estava-me longínquo. Desconhecia a vergonha e a humilhação. Fiquei num hotel situado junto de um terminal rodoviário apenas para pessoas de raça negra. Um dia, saí do hotel mais cedo para ir visitar um museu que ficava perto. Atravessei a rua e, quase de imediato, ouvi um apito estridente. Olhei em redor, continuei o caminho. Outro apito, desta vez ainda mais longo. Tornei a olhar em redor e reparei que à minha volta outros transeuntes passavam e olhavam-me de soslaio. Lembro-me que o dia estava soalheiro e continuei o caminho. E então, vindo do meu lado direito, um silvo que me atordoou. Olhando mais atentamente vi, não A Coordenadora do núcleo museológico muito longe, um agente da polícia que me fitava com atenDora Oliveira ção. Percebi que fosse o que fosse era comigo. Foi então que, apitando de forma rápida, me apontou uma tabuleta que estava relativamente perto de mim. Informava[-me] que estava num passeio apenas destinado a pretos, amarelos e asiáticos. Fiquei estarrecida e resolvi continuar. De novo o silvo agudo, desta vez acompanhado por um movimento brusco na minha direção e um braço que me apontava o passeio do outro lado da rua, este sim, para brancos. Ainda pensei continuar, mas a atitude agressiva do agente fez-me parar e, como não estava na minha terra, acabei por atravessar. No quarteirão seguinte, voltei para o passeio proibido. Recordo muitas vezes este episódio e quando ouvi a notícia da morte de Nelson Mandela, senti que estava de novo naquele passeio, olhando incrédula o dedo espetado que me obrigava a atravessar. Mandela ensinou, numa situação muito adversa, e ao longo de uma vida de sofrimento e de abnegação, a tolerância. Lutou pela educação dos jovens da sua raça e pela igualdade de oportunidades, apesar de saber que estas estavam muito distantes. Não desistiu e lutou sempre, até que conseguiu o fim de uma política inadmissível em pleno século XX. Conquistou o poder e incluiu todos aqueles que o excluíram ao Um átrio acolhedor com as decorações de Natal da APEEGIL, longo de mais de vinte e sete anos. Tornou-se um exemplo da Direção do Agrupamento, dos Assistentes Operacionais a seguir, a nomear, a não esquecer nunca, nem a permitir e dos Funcionários Administrativos que seja esquecido. Torna-se, agora que nos deixou, um mito. Há muito que recordar e que aprender com o seu exemplo. Creio, contudo, que a tolerância é dos valores mais difíceis de imitar num mundo em que os pequenos poderes são cada vez mais intransigentemente apetecíveis e quando demasiadas vezes se criticam gratuitamente todos os que agem e pensam de forma diferente. Núcleo Museológico, no âmbito das Comemorações do Centenário da nossa Escola, entre novembro de 2014 e junho de 2015, pede aos alunos, antigos alunos, professores, funcionários e encarregados de educação, que colaborem com a equipa de professores através da oferta/empréstimo temporário de livros didáticos, cadernos diários, trabalhos realizados, fotografias e outros materiais referentes às atividades desenvolvidas durante o seu percurso escolar no antigo liceu Gil Vicente ou na antiga escola secundária de Gil Vicente. Certamente que todos conhecemos colegas, amigos e conhecidos com quem podemos partilhar este grande acontecimento para a comunidade escolar. Também precisamos de patrocínios, pois pretendemos realizar atividades desportivas, representações teatrais de peças de Gil Vicente, distribuir/vender brindes alusivos à Escola, promover debates, palestras, ente outros eventos, pelo que mais uma vez pedimos a vossa colaboração. Apresentação do poema ''Natal de quem?'', pelos alunos do 5º6ª, forma encontrada para desejar Boas Festas de fim de ano a toda a comunidade educativa. Graciela Nunes MRP 4 JG janeiro/março 2014 EDUCAÇÃO FÍSICA “CONDIÇÃO FÍSICA, EXERCÍCIO, NUTRIÇÃO E SAÚDE” T ORNEIOS DE C ORFEBOL por Rui Oliveira A todos os alunos da Escola Gil Vicente, do 5.º ao 12.º ano, foi aplicada a bateria de testes de avaliação da aptidão física – FITNESSGRAM. Estes testes foram realizados no final de outubro de 2013, durante as aulas de Educação Física, tendo sido orientados pelos respetivos professores. Voltarão a ser aplicados no final do mês de maio, para que se possa verificar a evolução dos alunos. Para que serve a aplicação destes testes? Para que os alunos e os seus encarregados de educação (assim como os professores) possam saber em que patamar se encontra cada jovem no que respeita ao desenvolvimento das suas capacidades físicas e se, neste aspeto, o jovem pode ser considerado como estando dentro de uma “Zona Saudável”. É por isso que cada aluno, após a realização completa dos testes, recebe uma Ficha Individual com os seus resultados e a leva para casa, com o objetivo de a mostrar aos seus familiares. O que é a aptidão física? A aptidão física está intimamente relacionada com a saúde e a qualidade de vida, expressando-se através da flexibilidade, resistência aeróbica, força e composição corporal. Os resultados destes testes indicam os níveis de sobrepeso e de obesidade, bem como de subnutrição. Por outro lado, a incidência de dores, desvios posturais e lesões músculo-esqueléticas, principalmente na região lombar, pode ser verificada através das provas de flexibilidade e de força. A saúde cardiorrespiratória é medida a partir da prova de resistência aeróbica. O Grupo Disciplinar de Educação Física realizou, nos passados dias 20 e 21 de novembro, os Torneios de Corfebol, respetivamente do 7º e 8º anos de escolaridade. Os jogos disputaram-se no ginásio da escola, durante as manhãs dos dois dias de torneio, tendo assistido muitos alunos que não estavam envolvidos nos eventos. De novo, se destaca a atitude séria e entusiástica como os alunos se envolveram nos torneios, bem como o respeito que demonstraram para com os seus adversários e para com os árbitros que dirigiram os jogos. Todas as turmas do 7º e do 8º ano de escolaridade apresentaram uma equipa em sua representação, num total de 12 turmas (6 de cada ano de escolaridade) e de 80 alunos no 7º ano e de 72 alunos no 8º ano. Vejamos, por fim, o quadro de resultados e a classificação final dos torneios: ANO O que é preciso fazer para melhorar a aptidão física e a saúde? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002), a má alimentação e a inatividade física, bem como a prática de comportamentos de risco (tabagismo, por exemplo) são os principais fatores de risco para diversas doenças. A promoção da saúde e a prevenção da doença dependem de uma alteração de comportamentos e hábitos no sentido de adotar uma rotina diária que evite os comportamentos de risco e que incentive a prática de atividade física regular e de uma alimentação saudável. dezembro de 2013 O Grupo de Educação Física 7º Nº DE ALUNOS MASC. FEM. TOTAL POR TURMA 1ª 11 7 18 2ª 10 6 16 3ª 10 7 17 4ª 6 5 11 5ª 5 3 8 6ª 5 5 10 TOTAL 47 33 80 TURMA N.º DE JOGOS REALIZADOS ANO 8º Nº DE ALUNOS MASC. FEM. TOTAL POR TURMA 1ª 6 8 14 2ª 7 6 13 3ª 5 8 13 4ª 5 6 11 5ª 6 5 11 6ª 5 5 10 TOTAL 34 38 72 TURMA N.º DE JOGOS REALIZADOS 5 9 9 JG janeiro/março 2014 EDUCAÇÃO FÍSICA No presente ano letivo, o Agrupamento de Escolas Gil Vicente continua fortemente representado no Programa do Desporto Escolar, através das seguintes modalidades: Basquetebol infantis A e B (Masculino e Feminino); Basquetebol Iniciados (Masculino); Vela (misto) e Voleibol Juvenis (Masculino). Destaca-se o excelente trabalho desenvolvido por alunos e professores, a qualidade dos resultados desportivos obtidos em anos anteriores e o elevado número de alunos inscritos, no corrente ano letivo, nas diferentes modalidades (grupos/ equipa). Os treinos iniciaram-se no passado dia 1 de outubro. Coube ao grupo/equipa de Basquetebol Inf. B masculino, do professor Valter Matos, iniciar a participação da escola nos quadros competitivos. A competição realizou-se no dia 22 de novembro no pavilhão da Escola Secundária D. Dinis, com grande entrega e entusiasmo dos nossos alunos. Manuel Baldé, Coordenador do Desporto Escolar CORTA-MATO 2013: PARTICIPANTES E VENCEDORES 6 JG janeiro/março 2014 VISITAS DE ESTUDO À ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA N o passado 13 de dezembro de 2013, os alunos do 11.º C e do 11.º LH, acompanhados pelas professoras Maria José Jesus, Dora Oliveira, Magda Rodrigues e Maria do Rosário Pinto, assistiram a uma sessão parlamentar na Assembleia da República. A visita de estudo, dinamizada pela professora de filosofia, inscreveu-se numa perspetiva interdisciplinar Filosofia/História/Português, visando os seguintes objetivos: contactar diretamente com a situação argumentativa e a tríade orador – discurso – auditório; reconhecer teses e os argumentos que as defendem; apreender os contra-argumentos do(s) adversário(s) visando a refutação; detetar falácias e identificar os meios de persuasão: logos, ethos e pathos. Em suma, um olhar sobre o mundo da política atual e uma nova etapa na formação para a cidadania. Uma visita a repetir, com certeza. MR Sermão de Santo António No âmbito do estudo do Sermão de Santo António aos Peixes e aproveitando o espetáculo de Diogo Infante, apresentado na sala-café do teatro da Comuna, os alunos do 11.º C assistiram a uma leitura dramatizada tendo formulado posteriormente as suas opiniões das quais se destacam as seguintes: “Com apenas quatro palavras, Vos estis sal terrae, Diogo Infante conseguiu a atenção (quase) total do auditório. Embora tenhamos assistido a uma “leitura” expressiva e não a uma representação teatral, não foi por isso que o espetáculo perdeu o interesse. A sua entoação chamou a atenção para certos pormenores do texto que não tínha[mos] percebido. A simplicidade do palco também ajudou a concentrar a atenção no texto em si e a utilização do espaço permitiu distinguirmos melhor o “papel” que desempenhávamos: o de peixes. Aliás, quase [nos] senti[mos] na presença de padre António Vieira, que aquelas palavras se [nos] dirigiam, porque nem sempre o ser humano cumpre com o seu dever. Em dois momentos do espetáculo, o ator sentiu-se incomodado pelo público e interveio sem, no entanto, abandonar a sua personagem. Isso foi excecional e muito bem conseguido, mostrando a sua adaptação ao público e os seus dotes de improviso.” Ana Julião, Carlota Cardoso, Liliana Alves, Margarida Ricardo, Miguel Albuquerque, Patrícia Afonso, Sara Simões,11ºC VISITA DE ESTUDO A MAFRA R Fotos: Alexandra Inês ealizou-se com sucesso, no passado 27 de novembro, a visita de estudo ao Palácio e ao Convento de Mafra, com todas as turmas do 12.º ano, no âmbito das disciplinas de Português e de História, e, em particular, do estudo do romance Memorial do Convento, de José Saramago. Os participantes tiveram a oportunidade de descobrir um dos monumentos do património cultural português e de rever um século de história marcado pelo Barroco e pelo despotismo de D. João V. Todos apreciaram o apoio dos guias e o espetáculo teatral na parte da tarde. Uma mensagem ficou: o sonho de voar do padre Bartolomeu de Gusmão concretizou-se, muito dinheiro (oriundo do Brasil) se gastou, um povo inteiro foi explorado, mas a caminhada de Blimunda não acabou… MR Olhares direcionados para a pedra-mãe da fachada do Convento e para os dois conjuntos de carrilhões, únicos no mundo. O Palácio Nacional de Mafra possui uma das mais importantes bibliotecas portuguesas, com um valioso acervo de c. de 36 000 volumes. A sua preservação é preciosa. Os morcegos têm uma função essencial na conservação dos livros. 7 JG janeiro/março 2014 MUSEU ARPAD SZENES – VIEIRA DA SILVA Nos dias 29 e 31 de janeiro, as cinco turmas do 9º ano do Agrupamento visitaram o Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva, na Praça das Amoreiras, em Lisboa. Tratou-se de uma visita de estudo prevista no Plano Anual de Atividades e integrada no estudo do tema "Cultura e Estética" do programa de Francês do 9º ano. Os principais objetivos definidos para a visita – motivar para o estudo do tema, conhecer o trabalho de artistas com uma forte ligação a França e a Portugal, observar e interpretar obras de arte – foram integralmente cumpridos. Os alunos puderam conhecer e apreciar o trabalho da famosa pintora de origem portuguesa, Maria Helena Vieira da Silva, recentemente homenageada na cidade de Paris, onde viveu grande parte da sua vida e adquiriu nacionalidade francesa. Descobriram também a obra do seu marido e companheiro de criação artística, o pintor Arpad Szenes. A visita foi habilmente preparada pelo guia do museu, que soube envolver os alunos e com eles dialogar. A troca de ideias sobre as técnicas de criação, as diversas possibilidades de interpretação das pinturas e os elementos visíveis e invisíveis num primeiro olhar prendeu a atenção de todos e permitiu desenvolver o espírito crítico e o sentido estético. No dia 31 de janeiro, cumprindo um desafio lançado pelo guia da visita, os alunos do 9º 4ª e do 9º 5ª tiveram ainda a oportunidade de pôr mãos à obra. Usando pastéis de óleo, procuraram imitar algumas das pinturas da exposição "Artistas Portugueses", dedicada àqueles que, procurando a cidade de Paris pelo seu estímulo cultural, aí foram apoiados no início de carreira por Vieira da Silva e Arpad Szenes. Não esquecendo a vertente de aprendizagem da língua estrangeira, a visita serviu ainda de ponto de partida para a criação de textos em francês sobre algumas das obras expostas. As melhores produções escritas serão divulgadas na Semana das Línguas, entre 17 e 21 de março. Inácia Pereira Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva VIEIRA DA SILVA, Atelier Lisbonne, 1934-1935 óleo s/ tela Col. Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva ARPAD SZENES, Enfant au cerf-volant, 1932 óleo s/ tela Col. Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva 8 JG janeiro/março 2014 TOP GIL CERIMÓNIA DE ENTREGA DOS DIPLOMAS S ob a presidência do diretor da escola, Dr. João Cortes, e perante uma plateia cheia de alunos, professores, encarregados de educação e representantes da comunidade escolar, decorreu no passado 13 de dezembro, pelas 18 horas, no ginásio da escola, a cerimónia de entrega dos diplomas atribuídos aos melhores alunos, que se destacaram no ano letivo de 2012-2013 quer pelas excelentes classificações obtidas ao longo do ano, quer pelo mérito. A orquestra do Gil atuou, houve discursos e muitas palmas merecidas para quem revelou competências, empenho, espírito de responsabilidade e gosto pelo saber. Premiados e diplomados do Top Gil: um orgulho vicentino ao qual o JG se junta para felicitar os organizadores e os laureados do Agrupamento Gil Vicente, do primeiro ciclo do ensino básico aos finalistas do 12.º ano do ensino secundário. Aqui ficam alguns sorrisos de felicidade. 9 JG janeiro/março 2014 ORQUESTRA DO GIL ABRILHANTA TOP GIL O som dos violinos, violas, violoncelos e flautas da Orquestra do Gil apresentaram quatro temas do seu repertório ao público presente na cerimónia de entrega dos diplomas do Top Gil, no passado dia 13 de novembro. Os alunos mostraram o resultado de uma iniciativa que procura transmitir ensinamentos para o aperfeiçoamento da execução do instrumento e da harmonia. A Orquestra do Gil é um projeto educacional que tem por objetivo proporcionar desenvolvimento social, integração, ocupação, capacidade criativa e de organização dos componentes da orquestra. Contando com esta formação desde o ano passado, a orquestra tem atualmente 22 integrantes que beneficiam de bolsas musicais (12 violinos, 6 violas de arco e 4 violoncelos) e conta com alunos que, embora não beneficiem de bolsas, asseguram a participação do naipe dos instrumentos de sopro. O repertório da orquestra é variado e conta com arranjos de composições de autores consagrados, explorando o potencial já desenvolvido pelos integrantes, apesar do pouco tempo de existência. Alexandra Tavares 10 JG janeiro/março 2014 DIA DA FILOSOFIA No dia internacional da filosofia esteve presente na nossa escola o Dr. Sérgio Taipas, professor da disciplina, que interagiu com o público, tendo sido levantadas questões relativas à liberdade, à cidadania, ao ser/não ser, entre outras. Na mesa estavam presentes, para além do convidado, as professoras Mª José Jesus, Mª José Tomé, Laura Girão e Isabel Lopes, que dinamizaram este encontro, assim como as outras atividades que envolveram alunos dos cursos científico-humanísticos e profissionais. Eu não percebi. Acordei, atrasado, como habitualmente. A cama é um bem estar eterno que nos protege dos monstros que habitam a alvorada. Foi um dia diferente, é certo, até porque eu gosto de pensar. 21 de novembro, dia da filosofia. Nessa altura, para além da felicidade dos alunos alheados que apenas estavam lá para marcarem pontos com a professora, e com algumas fatias de bolo, eu não via ponto naquela iniciativa. Esse é o meu erro e a minha virtude: quero pensar e penso demais. Ingénuo eu, acreditava que íamos racionalizar as mais livres e mais extravagantes ideias. Fizemos o importante: fizemos dinheiro. E fomos para casa, cheios, mais ricos, e mais descansados. Eu gostei, até achei estranho. Gostei da amizade que nasceu cristalina e imaculada dos fornos caseiros das nossas mães. A manhã seguinte foi mais rotineira: o frio continuava a deixar-me de rastos, enquanto lutava, valente, a minha fatídica guerra com o sono para reentrar nesse comboio multicolor que é o mundo. Subi à Graça de táxi. Tive aulas, e aulas (e mais aulas). Nem sempre sei para onde vou durante as aulas. Nas aulas percebo que a mente não é mais que uma caravela cinzenta com asas de Pégaso. O colóquio foi nesse dia, normal dia 22 de novembro. Entrei na sala como qualquer adolescente entra numa palestra. Mal. Eu sou um algo irrequieto. Não sei parar, talvez porque sei demasiado bem que parar é morrer. A sala estava cheia, cheia como o olhar que antecede a lágrima. Eu gosto de estar mais para o só do que para o conjunto. Sim, somos alunos de secundário, mas alunos verdes, esperando ansiosamente abraçar o chão, maduros. Falou-se de muita coisa no colóquio, demasiada coisa para uma pessoa, sozinha, apreender. Mas no geral não percebeu quem não o quis. Eu percebi, nessas duas horas, longos mas curtos 120 minutos (o pensar é de longe a melhor maneira de distorcer o tempo) que não posso continuar a guiar-me pelas estrelas, mas navegar sem rumo. Depois das palavras, o silêncio erudito que fugiu dos lábios dessa gigante, filosofia, inspirou-me a tomar uma direção para viver um amanhã mais completo no mundo, e vivê-lo onde interessa verdadeiramente, no pensamento. José Gustavo Ferreira 10.º C 11 Pequeno papel verde preso a um lápis, leio nele enquanto escrevo: ousa pensar. No colóquio 'A filosofia na escola', que tinha como convidado a presidir um ex-professor de filosofia, era mesmo isso que se pretendia: colocar cada situação dentro de uma realidade e ousar pensar sobre ela. É correto dizer que os filósofos têm a resposta para tudo? E que não existe igualdade quando se fala no direito a filosofar? Poderá o homem ser relacionado com a realidade onde se encontra, se é que ela existe? E a própria filosofia, pode dar origem a algo poético? Numa iniciação à filosofia, foram não esclarecidas, mas acrescentadas ideias. Afinal, a iniciação passa por isso, acrescentar ideias e pensamentos. Foi uma boa iniciativa, cheia de cartazes, frases e muito trabalho. E a banca de bolos que procurou mostrar que uma fatia de bolo de chocolate pode fazer tão bem ao espírito como um pedaço de filosofia. Ou então não. Ousa pensar. Não só no dia da filosofia, mas sempre. Ana Mendes, 10ºLH Joana Sobreiro, Margarida Ricardo, 11ºC 12 Daniela Coelho, Danuta Nadenteche, Patrícia Céu, 11ºLH Ana Rita Julião, Marta Silva, 11ºC Aline Serpa, Ana Beatriz Mouzinho, Ana Sofia Xambre, 11ºLH JG janeiro/março 2014 JG janeiro/março 2014 INTERAÇÃO ESCOLA GIL VICENTE – CENTRO EDUCATIVO DA BELA VISTA PROJEÇÃO DO FILME “HERANÇA DO SILÊNCIO” SEGUIDO DE DEBATE SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E IGUALDADE DE GÉNERO N os passados dias 17, 25 de outubro e 2 de dezembro, teve lugar no Anfiteatro na sede do Agrupamento da Escola Gil Vicente e na sala de Recursos do Centro Educativo da Bela Vista (CEBV), a exibição do filme “Herança do Silêncio”. José Meireles assina este filme que conta com as interpretações de Joana Ribeiro, Marta Melro e Rita Martins, entre outros, integrando-se na iniciativa do projeto “Cultivando a Igualdade”. Este filme é uma homenagem às mulheres assassinadas e vítimas de violência doméstica, em Portugal. Após o filme, seguiu-se o debate orientado pelo realizador e por técnicos especializados da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), sobre violência doméstica e igualdade de género. A atividade orientada pelas docentes Adelaide Rodrigues, Cândida Duarte, Isabel Plancha, Maria José Tomé e Palmira Amor contou com a participação dos alunos da Escola Gil Vicente (turmas: 12ºAS/ AE, 10º e 11º AS, 10º LH, 10º GI, 9º 2ª e 9º 4ª) e do Centro Educativo da Bela Vista (turmas: JEV, OMH, EM, COZ1 e COZ2). A iniciativa foi muito bem recebida pelos alunos, pois a troca de experiências/opiniões/conhecimentos e esclarecimentos, constituiu, na opinião de todos, uma mais-valia. Considerando ter sido uma ação bastante positiva, ficou a sugestão de novos encontros neste âmbito. Palmira Amor COMENTÁRIOS DOS ALUNOS: “O filme é extremamente atual. O debate foi muito positivo principalmente por nos sensibilizar para o terror que é a violência doméstica que começa mesmo durante o namoro. A mensagem passa e isso é que é importante. São muito bem vindas ações com esta temática”. (Escola Gil Vicente) “Foi importante a vinda dos técnicos à escola porque é um assunto que interessa a todos, independentemente da idade, do sexo e da classe social. É um problema que pode atingir a nossa vida futura e/ou as pessoas que amamos. Assim, estaremos preparados para tais situações e conseguiremos agir. Ficámos a saber os procedimentos e a quem recorrer quando presenciarmos algo do género”. (Escola Gil Vicente) “Para mim a mensagem é a seguinte: a violência no namoro é considerada um crime público, punível legalmente, no quadro da violência doméstica” (Escola Gil Vicente) “Apesar de ainda haver muitos mitos em relação à violência doméstica, é urgente dizer BASTA!” (Escola Gil Vicente) “O filme tem uma boa mensagem e transmite confiança às vítimas… Gostei da vinda destas pessoas ao Centro para debater connosco estes temas que, infelizmente, acontecem com muita frequência”. (CEBV) “…é bom saber que cada vez há mais pessoas que ajudam quem precisa nestes casos de urgência”. (CEBV) “A mensagem deixada é a de que não se deve ter receio de pedir ajuda e para nós, no futuro, não fazermos o mesmo erro”. (CEBV) 13 JG janeiro/março 2014 CONCURSO “AFFICHE TON FRANÇAIS!” ESCOLA GIL VICENTE GANHA O 2º E O 3º LUGAR A Escola Gil Vicente venceu o 2º e o 3º lugar num concurso de âmbito nacional de promoção da aprendizagem da língua francesa. No início deste ano letivo, os alunos do 9º 3ª, do 9º 4ª e do 9º 5ª foram convidados a participar no concurso “Affiche ton français!” promovido pela Associação Portuguesa dos Professores de Francês (APPF). O desafio consistia na elaboração de cartazes de promoção da língua francesa, em formato digital. Os trabalhos foram preparados na aula de Francês, através da exploração de jogos de palavras, rimas, sinónimos e antónimos, tentando os alunos chegar a um slogan capaz de cumprir a sua função: cativar para a aprendizagem da língua. Para o aspeto gráfico, os alunos contaram com a colaboração da professora de Educação Visual, Dra. Teresa Carvalheira, que prestou o apoio necessário na composição dos cartazes. Do total de dezoito trabalhos concluídos e apurados, foram selecionados dois para participação no concurso. A eleição dos melhores teve lugar no XXI Congresso da APPF, que se realizou nos dias 8 e 9 de novembro, no Porto. Destaca-se a excelente classificação dos trabalhos a concurso da Escola Gil Vicente, que ficaram nos 2º e 3º lugares. Aqui ficam os nomes dos vencedores: - 2º lugar - André Santos / Bruno Janeiro / Eduardo Grilo – 9º 4ª; - 3º lugar - Joana Soares / Mateus Volpato – 9º 5ª O resultado final do concurso pode ainda ser consultado na página da APPF, em http://www.appf.pt/concurso/47/AFFICHE-TON-FRANÇAIS. Inácia Pereira A nossa escola celebrou o Di a Europeu das Línguas, no dia 26 de Setembro de 2013, com várias iniciativas, desde exposições a folhetos de divulgação das línguas, cartazes e outros meios de se n s ib il i z a ç ão para a importância do m u l t i l in gu is m o no mundo contemporâneo. 14 De cima para baixo, os dois cartazes vencedores: 2.º lugar (9.º4ª) e 3.º lugar (9.º5ª) JG janeiro/março 2014 Albert CAMUS (1913-1960) “Revolto-me, logo somos” VINICIUS DE MORAES CONFERÊNCIA SOB O SIGNO DO AMOR C N elebrou-se, em 2013, o centenário do nascimento de Albert Camus, escritor, filósofo, jornalista e homem de combate. Nasceu na Argélia, então colónia francesa. Estudou filosofia e interessou-se pela arte dramática. Membro do Partido Comunista (1935-1936), fundou companhias de teatro e publicou, em 1937, L’Envers et l’Endroit, uma série de ensaios sobre a morte, o sol, o Mediterrâneo, o isolamento, o destino do homem, a relação entre o desespero e a felicidade... Em 1938, começou a sua atividade como jornalista, primeiro, em Argel e depois em Paris, onde se instalou em 1942. Publicou, na clandestinidade, L´Étranger (O Estrangeiro), um dos romances franceses mais lidos no mundo inteiro, que se integra numa série de obras sobre o absurdo - O Mito de Sísifo, ensaio filosófico, e duas peças de teatro - O Malentendido e Galicula. Seguiu-se o ciclo da Revolta e da solidariedade com A Peste (1947) e O Homem revoltado (1951). Durante a segunda guerra mundial, participou na Resistência francesa e tornou-se chefe de redação do jornal Combat. Em 1952, pediu a demissão do seu cargo na Unesco em sinal de protesto contra a nãoatuação desta instituição em relação à Espanha franquista. Publicou La Chute (1956) L’exil et le Royaume (1957). A polémica com Jean-Paul Sartre acabou em rutura. Publicou ainda Cadernos. Recebeu, em 1957, o prémio Nobel de Literatura. Morreu num trágico acidente de viação em 1960. Na sua obra, ecoam as vozes da tragédia grega e de Dostoïevski. A sua escrita moderna, marcada por um estilo neutro, “branco”, influenciou gerações de escritores. Da tomada de consciência do absurdo nasce o conflito entre o homem e a déraison do mundo e nasce a ação. Ler ou reler Camus, é descobrir um pensamento humanista, em busca de liberdade, de justiça, de verdade e de beleza. É interrogar-se sobre o sentido da vida. É aceitar o desafio de uma linguagem que incomoda. MR a quinta-feira, dia 21 de novembro, alguns alunos do 11º GI tiveram a oportunidade de assistir a uma conferência sobre o poeta brasileiro Vinícius de Moraes. Este evento teve lugar no Anfiteatro da Escola Gil Vicente, de manhã, durando cerca de 2 horas e tendo como organizadores e colaboradores alguns docentes deste estabelecimento de ensino, nomeadamente os professores Raquel Álvares, António Sales, Magda Rodrigues e Maria do Rosário Pinto. A oradora foi uma professora da Universidade de Évora chamada Beatriz Weigert. Pudemos visionar diferentes documentários sobre a vida e obra do poeta brasileiro cujo centenário se celebra este ano. Conhecemos a sua vida amorosa, boémia, de músico ligado à “Bossa Nova” e tivemos ainda o prazer de ouvir ler alguns dos seus poemas por alunos. Também nos foi distribuído um livrinho com poemas variados do escritor. Os alunos apreciaram especialmente as referências ao filme que Vinícius realizou chamado “Orfeu Negro”, cuja ação se situa numa favela do Rio de Janeiro e retoma as figuras da mitologia grega Eurídice e Orfeu mas nos tempos atuais. Para terminar, gostaríamos de deixar aqui um dos poemas musicados que ouvimos intitulado AQUARELA: Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu Vai voando, contornando a imensa curva norte-sul Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul Pinto um barco a vela branco navegando É tanto céu e mar num beijo azul Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo E se a gente quiser ele vai pousar Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida De uma América a outra consigo passar num segundo Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo “A primeira coisa é não desesperar. Não prestemos ouvidos demasiadamente àqueles que gritam, anunciando o fim do mundo. As civilizações não morrem assim tão facilmente; e mesmo que o mundo estivesse a ponto de vir abaixo, isso só ocorreria depois de ruírem outros. É bem verdade que vivemos numa época trágica. Contudo, muita gente, confunde o trágico com o desespero. 'O trágico', dizia Lawrence, 'deveria ser uma espécie de grande pontapé dado na infelicidade'. Eis um pensamento saudável e de aplicação imediata. Hoje em dia, há muitas coisas que merecem esse pontapé." Camus, in “Núpcias” Notícia redigida na aula de Português pelos alunos do 11º GI e com revisão da Profª Ana Tavares 15 JG janeiro/março 2014 NOME DE GUERRA: JAIME BOM DE ROER Por António Sales Tal como Almada Negreiros, 00,7 achou-se um dia a meditar sobre a questão dos nomes e das associações que a eles se colam. No caso do célebre escritor e artista plástico, essa reflexão deu origem ao romance Nome de Guerra; quanto ao nosso espião, o pensamento de rato permitiu-lhe apenas tecer algumas considerações menos eruditas que passamos a revelar: - Mas alguém sabe por que raio de milagre ao meu nome se veio pegar a sigla 00,7 ? Sem se aperceber da proximidade de Luna, Jaime ouviu a resposta da amada como um eco da sua própria consciência: - O milagre é o que bem conheces: és um ótimo agente, o James Bond também; Jaime Bom, James Bond... - Sim, já sei. Mas quanto ao 00,7, ele traduz a minha dimensão mais real, de pequeno roedor, perante o mítico 007. Afinal, “um homem é um homem e um rato é um rato”… O mais curioso é que tudo isto nasceu por acaso. Jaime Bom de Roer é o meu verdadeiro nome e o 00,7 deve-se a um erro da rececionista dos serviços secretos, que anotou indevidamente o número de código que me fora atribuído para a entrada no edifício, mesmo a seguir ao nome. E ficou tudo oficial: Jaime Bom de Roer, 00,7! - Admito que causa outro impacto quando o meu amor se identifica : ”O meu nome é Bom, Jaime Bom” - ironizou Luna. Nisto, toca o telefone: - Jaime, precisamos de si com urgência nos serviços. Cinco cartas anónimas ligam uma conhecida figura pública ao furto do célebre quadro Dona Elisa, do consagrado pintor/professor Dá Vintes. - Cartas anónimas retiram credibilidade a qualquer acusação. Vozes sem cara, corações sem alma… Até já. Bom leu repetidamente aquelas missivas acusatórias. Àquelas vozes ocultas, atribuiu-lhes o nome de um animal: pegas. Isto porque se lembrou que o nome pega é o que lhes vai melhor. Com a semelhança de as pegas também não terem apelidos de família para lhes complicarem as vidas… Na manhã seguinte, Luna acordou-o com o pequeno almoço. Confortado, Jaime via agora tudo com outra luz. Fazia-lhe confusão o facto de uma pessoa ser acusada assim, de forma tão vil, mas poderia acontecer que as pegas tivessem razão e que houvesse motivos fortes para o anonimato. Despediu-se demoradamente da namorada e acelerou o belo Golf GTI preto, de 78, pela manhã clara das ruelas de Lisboa. Num movimento nutos. Que estopada, pensam os estimáveis leitores. Em todas as profissões surgem espinhos; na de Jaime, para além do confronto permanente com o perigo, há que ser persistente, rotineiro e muito, muito paciente para enfrentar o tempo infindo de certas investigações… Museu das Portadas Azuis Golf GTI, de 78 suave, parou o carro junto ao Museu das Portadas Azuis. A belíssima conservadora do museu não podia ter sido mais simpática e deixou o nosso rato totalmente à vontade e muito bem disposto. Já na sala onde se verificou o furto, Roer ruminou pensamentos explicativos para o evidente vazio na parede, bem à sua frente. O espaço de ausência do Dona Elisa parecia ainda revelar a força enigmática do quadro e o espírito genial do autor. Dá Vintes tinha captado o fleumático sorriso de Elisa, filha única do seu protetor, o Príncipe Inácio de Rói e Menezes. Por ventura não terá sido este o único elemento da bela a ser, digamos, “focado” pelo artista… Mas deixemo-nos de fofoquices e entremos, sem cerimónias, nos pensamentos de Jaime: “Segundo a conservadora, não há sequer uma pista, os larápios não deixaram qualquer vestígio. Foram verdadeiramente geniais. E a genialidade reside, muitas vezes, na maior das simplicidades. Por isso, se queremos descobrir alguma coisa, não devemos pensar em assaltos espetaculares…” 00,7 demorou duas lentas horas naquela sala. Mediu, observou, avaliou. De seguida, interrogou todos os funcionários do museu, durante mais três dolorosos conjuntos de sessenta mi16 Já em casa, Bom trocou impressões com a bela Luna: - Estou completamente às cegas neste caso… - Ora, meu queridinho, descansa, dorme profundamente e esse sono há de ajudar-te a revelar os cantos mais escuros deste misterioso roubo… - Talvez que o fondue que preparaste para o jantar venha em meu auxílio e me ajude a tirar a amargura que atravessa os escassos neurónios ainda ativos neste meu extenuado cérebro… Depois do jantar, Jaime só precisou de umas deliciosas festinhas na cabeça para adormecer profundamente. Começou a reunir todas as peças dos interrogatórios e das observações e medições realizados no museu e, já a manhã ia alta, exclamou: - Vivaaaa! - Está bem, escusavas era de acordar aos berros mesmo junto ao meu ouvido. O que é que se passa? - Tive uma ideia! - Deu para ver e para ouvir… Da última vez que acordaste assim, saíste a correr, caíste pelas escadas abaixo e voltaste do hospital com uma perna partida. Calma, anda cá… Mil beijinhos e abraços depois, Jaime tomou a sua banhoca, roeu o pequeno almoço, despediu-se de Luna e saiu (muito!) mais calmo da sua toca. JG Nas suas anotações constava uma morada: Rua dos Três Tristes, número três. Parou o carro no início da rua, a alguns metros da casa e ficou a observar, embalado pelo som dos Warmplay, uma espécie de Coldplay com uma toada um pouco mais hot… Era esta a discreta vivenda do bibliotecário do museu, Bib Lia Mucho. O apelido Lia vinha da parte da mãe, uma chinesa muito culta, e Mucho da parte do pai, D. Juan de Toros y Vacas Mucho, um castelhano alto, gordo e abrutalhado. Bib saía à mãe: era delicado, culto e tinha uns olhinhos cada vez mais rasgados pelo esforço das suas noitadas, passadas a ler… Era o dia de folga do bibliotecário. Pelas dez horas, o jovem Bib saiu numa carrinha azul, pintada com a publicidade das Mercearias Mucho, uma cadeia de lojas gourmet pertencente ao seu pai. Jaime seguiu-o a uma distância considerável, tendo o cuidado de reduzir a velocidade sempre que Bib parava num semáforo ou abrandava na proximidade de um cruzamento ou de uma passagem de peões. Bib era um condutor cuidadoso, o que deixou Bom com um sorriso nos lábios. Quarenta longos minutos depois, o cumpridor funcionário do Museu das Portadas Azuis chegava ao seu destino, a Mercearia Mucho, com uma situação privilegiada, nas docas próximas de Santa Apolónia, mesmo frente ao rio. Bib saiu da carrinha, trancou as portas e foi chamar um empregado do estabelecimento. Então, começaram a descarregar os caixotes e caixas de cartão para o interior da mercearia. Jaime aproveitou para se disfarçar com um bigode e uns óculos escuros daqueles mesmo escuros que o faziam assemelhar-se a um misto de galã piroso dos anos setenta com um jovem “moderno” e de “sucesso” do século XXI. Profissão a quanto obrigas... Entrou no estabelecimento e sentou-se na esplanada da mercearia. Olhando para o interior do estabelecimento, 00,7 reparou que Bib, depois de ajudar a descarregar a carrinha, entrou por uma porta com o letreiro “Privado”. janeiro/março 2014 - Um mazagran, por favor. Para os leitores mais jovens que desconhecem esta bebida, garanto-lhes que ela reúne a frescura e o travo de uma limonada com o sabor de um café. Experimentem! Voltando à ação, convém referir que Jaime já está a meio do telefonema ao seu colega Brito: - Brito, traz o arsenal completo. Estes não devem ser para brincadeiras! - Vindo de ti, esse pedido soa-me a estranho. Eu, o Brito, é que sou o Bruto, como tu às vezes me chamas? - Conheço-te bem e é mesmo por isso que te peço ajuda. Não te faças de melindrado, meu delicado paquiderme... Vem já, por favor! É a vez de todos se perguntarem como é que Jaime desconfiou de Bib Lia Mucho. Muito simples. 00,7, ao longo da demorada entrevista, percebeu rapidamente que uma inteligência discreta como a do jovem bibliotecário poderia muito bem estar na origem do roubo. Pura intuição. E a reforçar a intuição está a referência da simpática conservadora do museu: “Quem acompanhou todo o processo de montagem do novo sistema de segurança desta sala foi o nosso bibliotecário, o competentíssimo Bib Lia Mucho”. Agora, Jaime Bom de Roer olhava para a porta que dava acesso ao escritório da Mercearia Mucho. Tinha a certeza que Bib ainda lá estava… E cá fora, no cais, estava ancorado um daqueles enormes barcos de cruzeiro que nos fazem pensar: “Qual será o prazer de atravessar os mares instalado num prédio de luxo? Aquilo pode ser fantástico, mas não tem a beleza nem a magia dos antigos transatlânticos”. Uma passadeira rolante foi encostada a uma porta lateral de entrada de carga do navio. Sem dúvida que aquele mastodonte ia partir… No entanto, a passadeira parecia ter uma avaria, pois alguém substituía uma das placas de borracha que garantiam a sustentação dos objetos a carregar. Foi então que Jaime desatou a correr, empunhou o 17 revólver, puxou da sua identificação e mandou o homem entregar-lhe a placa. Entre duas camadas de borracha, apenas justapostas, estava uma tela. Nada mais, nada menos que a pintura desaparecida: a Dona Elisa. Estava tudo preparado para que ela embarcasse com destino desconhecido. Entretanto, Brito já chegara e arrombara a porta do escritório. Com a mão esquerda, pegou em Bib pelos colarinhos e desatou às cabeçadas ao dono da mercearia, D. Juan de Toros y Vacas Mucho, adicionando-lhe umas bofetadas com a mão esquerda. Quando Bom de Roer entrou, com a tela debaixo do braço, já todos estavam sentadinhos e na paz dos anjos: - Então, Bib, certamente que não está aqui por vontade própria, mas pela pressão desse déspota e brutamontes que é o seu pai… - Pois, mas tenho a consciência dos meus atos e tenho de pagar por eles… Que desperdício para um jovem tão promissor como Lia Bib. Mas a vida é assim. Jaime e Brito encaminharam Lia e o seu pai para a carrinha da polícia que os levaria à penitenciária e o quadro de Dona Elisa voltou para a parede de onde nunca deveria ter saído. Quanto A Jaime Bom de Roer, já adivinharam: caiu nos braços ternos e breves da felicidade… No que respeita a Almada Negreiros, diremos apenas que os nomes de guerra existem e todos nós carregamos com um… A propósito e para terminar, sabem quem era o visado pelas cartas anónimas difundidas prontamente pela imprensa ? - Nem mais nem menos que o respeitável Doutor em Economia Doméstica, Desnível Sovaco Sílaba... Que injustiça! Dona Elisa, de Dá Vintes JG janeiro/março 2014 Já no final do ano letivo de 2012/2013, uma apresentação de Dança Criativa em que a associação de linguagens expressivas – imagética, dramática, musical e corporal – permitiram a realização plástica de um espetáculo artístico, poético… e muito emotivo. Aos alunos da disciplina de Área de Expressões do 12º AS e à professora Isabel Vantache o nosso reconhecimento pela qualidade do trabalho apresentado. Registamos, com agrado, além da presença de membros da nossa comunidade escolar, a vinda de elementos do corpo docente de outras escolas. 18 JG janeiro/março 2014 19 JG janeiro/março 2014 UM OLHAR SOBRE A REPRESSÃO Forte de Peniche Porque o povo diz verdades, Tremem de medo os tiranos, Pressentindo a derrocada Da grande prisão sem grades Onde há já milhares de anos A razão vive enjaulada. Oh! maldição do tempo em que vivemos, Sepultura de grades cinzeladas, Que deixam ver a vida que não temos E as angústias paradas! Aljube Miguel Torga Cadeia da relação do Porto Forte de Peniche António Aleixo Olha bem de frente para as algemas, asas pesadas de frio, e levanta-te a cantar. 20 Tarrafal Caxias Caxias Cadeia da relação do Porto José Gomes Ferreira JG janeiro/março 2014 MUSEUS E EXPOSIÇÕES São cinquenta e sete as pinturas de grandes mestres da paisagem do século XVII pertencentes ao museu madrileno do Prado que vão ficar entre nós até final de março. Esta mostra resulta de um acordo inédito e de renovação automática formalizado entre os diretores das duas instituições e inicia uma série de iniciativas entre os dois museus, incluindo a divulgação e estudo dos respetivos acervos. A mostra Vita Christi, marfins lusos orientais, pretende divulgar um projeto científico em curso articulado entre o Museu Nacional de Arte Antiga e o Centro de Estudos de Além-Mar: Portugal e as Artes da Expansão, séculos XV a XVII – a produção de imagens de marfim resultantes do longo périplo luso rumo ao Oriente. A exposição está patente até março. Em 2014 assinalam-se os 500 anos dos contactos luso-chineses, com o desembarque de Jorge Álvares no sul da China, em 1513. Em Portugal, porta de entrada no Ocidente do que chegava da China, o azulejo e a faiança assimilaram ecos da porcelana e dos têxteis produzidos no outro lado do mundo. Mais tarde, e fruto do fenómeno da chinoiserie, que se estendeu por toda a Europa, a reinvenção da China deu origem à criação de uma série de objetos que pretendiam retratar um quotidiano longínquo. São setenta e cinco as peças provenientes do MNAz, de outras instituições e de coleções particulares que estão expostas até junho. O Arco da Rua Augusta reabriu ao público, reabilitado e com acesso a um miradouro que proporciona uma panorâmica única sobre a cidade. Acessível através de um elevador, cuja entrada se localiza na Rua Augusta, o miradouro que se encontra no topo deste monumento oferece uma vista deslumbrante sobre o Terreiro do Paço, a Baixa Pombalina, a Sé, o Castelo de São Jorge e o rio Tejo. No seu interior, os visitantes podem ainda conhecer, através de uma exposição patente na Sala do Relógio, a história deste arco triunfal de Lisboa, desde o início da construção após o terramoto de 1755 até à sua conclusão, em 1875. Os Czares e o Oriente: Ofertas da Turquia e do Irão no Kremlin de Moscovo Esta exposição reúne um notável conjunto de peças oriundas essencialmente da Turquia otomana e do Irão, que constituíram valiosos presentes oferecidos a czares russos ou preciosos produtos importados daquelas regiões As peças selecionadas, do riquíssimo acervo do Kremlin moscovita, constituíam produtos essenciais na vida da corte russa, apresentados em cerimónias oficiais ou serviços religiosos nas catedrais do Kremlin. Destaca-se a apresentação, pela primeira vez em Portugal, de peças impressionantes pela riqueza das pedras preciosas que as decoram, pelos tecidos sumptuosos de que muitos objetos são feitos e pela qualificada originalidade, desconhecida até agora entre nós. 21 JG LEITURAS para Pequenos e Grandes janeiro/março 2014 Lobo grande e lobo pequeno O lobo grande vivia desde sempre no cimo da colina, sozinho, debaixo de uma árvore. Um dia chegou o lobo pequeno. Agora, debaixo da árvore, são dois… Um livro sobre a amizade e a partilha. Nadine Brun-Cosme (texto) e Olivier Tallec (ilustrações) Livros Horizonte Obrigado a todos A história de um menino que tem uma família grande: pais, irmãos e avós, mas também vizinhos, professores, amigos… e até o senhor da mercearia e o condutor do autocarro. Isabel Minhós Martins (texto) e Bernardo Carvalho (ilustrações) Planeta Tangerina Saudade, um conto para sete dias Num país muito distante, vivia o Rei mais sábio que alguma vez habitou a terra. Sabia falar todas as línguas, sabia o significado de todas as palavras. Às segundas-feiras qualquer um podia perguntar ao Rei o que quisesse. Quando começa este conto, numa segunda-feira, foi a vez de Fernando, com o seu caderninho onde anotava as perguntas, questionar o Rei. Cláudio Hochman (texto) e João Vaz de Carvalho (ilustrações) Bags of books Poetas de ontem e de hoje Antologia poética infantil com 33 poetas, numa introdução à poesia portuguesa do séc. XIII à atualidade. De D. Dinis a Eugénio de Andrade, passando por Camões, Fernando Pessoa e muitos outros. Mª de Lourdes Varanda e Mª Manuela Santos (seleção de textos) Filipa Canhestro (ilustrações) Escritório A Contradição Humana O retrato das observações de uma criança atenta ao mundo, às suas contradições e opostos. Afonso Cruz (texto e ilustrações) Caminho A mulher que matou os peixes Quase toda a gente tem ou já teve um animal de estimação. Mas nem todos prestam atenção aos bichinhos que têm em casa, que não são exatamente de estimação, como as baratas, as lagartixas, as moscas e os mosquitos, que não estão à venda nas lojas. Esta é uma história contada por uma mulher que ama todos os bichos, mas que, por acidente, matou dois peixinhos vermelhos. Clarice Lispector Relógio d´Água 22 JG janeiro/março 2014 Atlas do Corpo e da Imaginação Teorias, Fragmentos e Imagens Atlas do Corpo e da Imaginação é um livro de Gonçalo M. Tavares que atravessa a literatura, o pensamento e as artes, passando pela imagem e por temas como os da identidade, tecnologia, morte e ligações amorosas; cidade, racionalidade e loucura, alimentação e desejo, entre outros. Centenas de fragmentos que definem um itinerário no meio da confusão do mundo Gonçalo M. Tavares, Editorial Caminho A bibliotecária de Auschwitz Auschwitz-Birkenau, o campo do horror, o mais mortífero e implacável de todos os campos de concentração. Sobre a lama negra de Auschwitz, Fredy Hirsch ergueu uma escola. Num lugar onde os livros são proibidos, a jovem Dita esconde debaixo do vestido os frágeis volumes da biblioteca pública mais pequena, recôndita e clandestina que jamais existiu. Dita dá-nos uma lição de coragem: não se rende e nunca perde a vontade de viver nem de ler. António Iturbe, Planeta Editora A Papoila e o Monge Livro de "haikus" (poemas de três versos com métrica fixa e muitas vezes sem rima com origem no Japão). Silêncio: na ravina inacessível o prado em flor José Tolentino Mendonça Assírio e Alvim Os Transparentes Luanda - a Luanda atual do pós-guerra, das especificidades do seu regime democrático, do “progresso”, dos grandes negócios, do “desenrasca” - é o pano de fundo de uma história que é um prodígio da imaginação e um retrato social de uma riqueza surpreendente. Ondjaki Editorial Caminho Idades, Cidades, Divindades Uma das raras incursões deste autor na poesia, colocando ao serviço do verso todos os reversos de que a sua língua particular se veste e reveste, sempre com uma admirável acutilância na forma de ler o mundo. Mia Couto Editorial Caminho Black & Mortimer - A Onda Septimus Black & Mortimer é uma série de BD criada pelo belga Edgar P. Jacobs em 1946. Após a sua morte, em 1987, a aventura incompleta As três fórmulas do professor Sato foi desenhada, com guiões de Jacobs, por Bob de Moor. Depois a série foi continuada por outros autores e continua na atualidade, para um público fiel. Neste número (22), o professor Mortimer não consegue resolver o mistério da Onda Mega e o funcionamento do Telecefaloscópio de Septimus também lhe escapa. O que poderá provocar todas aquelas interferências...? ASA 23 JG A NÃO PERDER 37 Ver..Rever janeiro/março 2014 36 P’ la mão de Gil Vicente Entendei minha verdade Entendei minha vontade e mudareis a tensão. Gil Vicente A Bienal Internacional de Ilustração para a Infância volta a ocupar o Museu da Eletricidade nesta sua sexta edição. Este ano, quase dois mil ilustradores de 72 países concorreram. A seleção foi feita por um júri internacional: Chiara Carrer (ilustradora italiana), Carll Cneut (ilustrador belga), Valerio Vidali (ilustrador italiano e vencedor da Ilustrarte 12) e Ewa Stiasny (editora e designer polaca). A vencedora desta edição é a criadora alemã Johanna Benz, com um livro que conta a história do acordeonista Pacho Rada, célebre músico colombiano. ANO DE 2014 EFEMÉRIDES INTERNACIONAIS Equipa redatorial António Sales Magda Rodrigues Mª do Rosário C. Pinto Colaboradores/Participantes Alunos do CEBV, alunos dos 12ºAS/AE, 10º e 11º AS, 10º LH, 10º, 11ºC e 11ºGI, 9º 2ª e 9º 4ª, Alexandra Tavares, Ana Cristina Tavares, Ana Julião, Ana Mendes, Carlota Cardoso, Dora Oliveira, Graciela Nunes, Inácia Pereira, Isabel Vantache, José Gustavo Ferreira, Liliana Alves, Manuel Baldé, Margarida Ricardo, Mª José Jesus, Mª José Tomé, Miguel Albuquerque, Palmira Amor, Patrícia Afonso, Rui Oliveira, Sara Simões, Escola Gil Vicente Rua da Verónica, 37 1170 - 383 Lisboa Tel. 21 8860041 Email: [email protected]