EducAção
Dieta cibernética
A colunista Camila Juviak fala sobre o jogo da
educação, ironizando os cortes de verbas que
os professores sofreram por parte do governo
p. 3
estadual e apresenta algumas reflexões.
As relações pessoais virtuais estão cada vez
mais presentes e as relações reais e físicas, com
amigos que estão próximos, acabam sendo,
muitas vezes, prejudicadas.
p. 14
Marca página
O sangue nos banha ao nascer e nos lava ao
morrer. O rastro entregou o esconderijo e levou o
assassino até a vítima! Quem matou Mercedes?
Descubra, no drama Apartamento 111. p. 16
Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do curso de Jornalismo da Univel - ano XIV - edição 66 - março de 2015
Balé é coisa para
meninos, sim!
Os bailarinos Jackson Silva e Genilson
Gomes, ambos com 21 anos e de Cascavel, são
combatentes do preconceito. Os dois mostram
que a arte da dança clássica, por meio do balé,
pode ser praticada sim por homens. Jackson,
por exemplo, revela que já enfrentou preconceito
dentro de sua própria casa. O bailarino Genilson
Gomes conta que fez escondido os primeiros
quatro meses de aula.
p. 4 e 5
PATRÍCIA CORDEIRO
A arte do grafite e da
pichação
Fevereiro terminou para o Colégio Estadual
Padre Carmelo Perrone, com muita luta e
reformulação. Mesmo estando em greve, os
professores, funcionários e alunos se reuniram
para expressar a arte nas paredes e potencializar
talentos. O que antes era visto como vandalismo,
hoje vem ganhando admiradores. O Colégio
cedeu espaço para que os muros e paredes
recebessem a arte do grafite e a ação contou
com dois grafiteiros profissionais.
p. 13
SANDRA ZAMA
2
OPINIÃO
março de 2015
Novas páginas, Aquela plaquinha ali
novos significados
serve pra quê, mesmo?
Aline Arriola
Renan Cesar
Qual o papel do jornal? Parece uma pergunta óbvia, mas se
analisar bem há uma infinidade de respostas possíveis, que vão
além do sentido de informar o leitor. O Unifatos vai além, pois
tem como objetivo não apenas informar, mas também entreter e
conquistar o público acadêmico.
Este jornal-laboratório é de papel, decorado com letras,
histórias, palavras, sentidos e vidas! Aqui a informação é
aprofundada, detalhada e mexe com a imaginação e com a reflexão
do leitor.
Um novo ano iniciou-se, e nós, uma “nova turma”, assumimos
o Unifatos em seu 14º ano, repaginando-o, ou seja, dando uma nova
aparência. Os principais acontecimentos serão contados quase que
mensalmente (duas edições por bimestre), a partir dessa primeira
edição de 2015, com um toque todo especial.
Neste ano, você, leitor, poderá conferir novas colunas com
assuntos voltados para o interesse acadêmico. A coluna EducAÇÃO,
na terceira página deste impresso, tem o intuito de sugerir e opinar
um pouco sobre os assuntos atuais da educação.
A coluna social, 12 Poses, por sua vez, está nas páginas
centrais deste periódico, pois a relação humana é o que move a
humanidade, o que faz com que interajamos e evoluamos.
Na última página, 16, você pode conferir três colunas,
as quais dão um toque especial para encerrar cada edição: o
#inDICA, que traz a indicação de obras, sejam livros, filmes, séries,
sejam discos e artistas do momento. O Varal Cultural tem o intuito
de sugerir eventos culturais de Cascavel e região. Já na coluna
Marca página você pode conferir nesta primeira edição o primeiro
capítulo do conto-novela Apartamento 111.
Nesta edição, a reportagem de Cultura, nas páginas 4 e 5, - Balé
clássico é coisa para meninos, sim! - apresenta histórias de bailarinos
cascavelenses que enfrentaram preconceitos para conseguir realizar o
sonho da dança clássica. Além desta matéria especial, outros assuntos
estampam as páginas deste impresso, os quais retraram o cotidiano
e o entretenimento. Assim, as páginas deste jornal estão cheias de
histórias de jovens que sonham além das palavras.
Pode ser uma história curta, mas é só o começo. E como desde
a primeira edição, uma coisa é certa... A verdade, a busca pela
informação, o amor pelo jornalismo e por estar mais perto do leitor
por meio de uma folha de papel. Isto você vai encontrar ao folhar esse
jornal, além é claro, da busca pelo diferencial. Talvez até erros, mas é
assim que se chega ao acerto, não é?
E se no fim, para você o significado do jornal ainda for
apenas informar o leitor, então saberemos que precisamos pôr
mais paixão, até mudar isso!
O local é conhecido por todos: a faculdade. Todos compreendem os
elementos que fazem parte de forma física da sala bem como conhecem
os elementos que não estão nesta lista. Vamos então fazer a checagem.
Quadro negro (que já não é mais tão negro), ok. Cadeiras, ok. Multimídia,
ok. Mesa do professor, ok. Plaquinha que diz que é proibido o uso de
celular, ok. Celulares, ok.
Mas calma lá. Temos um paradoxo aqui. Como assim “celular,
ok”? Se bem me lembro, a Lei nº 18.118/2014 proíbe o uso de celular
em salas de aula em todo o estado do Paraná desde junho do ano
passado. “Ah, mas a lei não prevê nenhuma punição para quem for pego
infringindo-a”. Ok, mas e seu conhecimento? Hipocrisias à parte, eu
também sou aluno. Sei como é horrível não conseguir assimilar que os
direitos sociais são aqueles que tem por objetivo garantir aos indivíduos
condições materiais tidas como imprescindíveis. Da mesma forma que
não consigo compreender numa aula muito importante que a Escola de
Frankfurt consistia em um grupo de intelectuais que na primeira metade
do século passado produzia um pensamento conhecido como Teoria
Crítica. Mas sei também que eu preciso muito da irrelevância do grupo do
WhatsApp do qual eu participo e está rolando uma conversa muito legal
da qual não posso (mas na verdade sei que posso) perder.
É nesse meio tempo que o Zé me manda uma mensagem sobre o
que vamos fazer no sábado à noite. Mas hoje ainda é quarta. Temos pelo
menos três dias para decidir. Vou esperar chegar em casa e só então
responder a meu colega, certo? Errado! Sou imediatista e infringidor
demais da Lei nº 18.118/2014 para conseguir aguardar até o fim da aula.
Olha aqui outro paradoxo. Se sei que isso me prejudica, por que continuar
fazendo? Também não sei. Sou aluno e também me pego, às vezes,
refletindo sobre isso. Creio que seja comodismo da nossa (você também
tem culpa nisso, aluno) parte. Cada um com sua técnica de camuflagem
que faria qualquer ninja treinado parecer um simples amador na arte de
disfarçar. Ali entre as pernas. Atrás do estojo. No cantinho da cadeira. Um
pouco abaixo da carteira do colega da frente, ocultando milagrosamente
o aparelho de celular da visão do professor. As mulheres têm, ainda, um
bônus em suas técnicas, que é usar o aparelho dentro da bolsa. O que nós
alunos não sabemos é que nossos mestres são muito mais avançados que
nós e já aprenderam a desfazer estas técnicas.
Na próxima vez que meu celular vibrar no bolso vou tentar me
controlar um pouco, lembrar que a minha parcela da faculdade sai cara no
final do mês e focar na aula. Mas se o Zé continuar insistindo e perguntar
porque eu não respondo, não vai ter jeito. Eu não vou me conter. Vou ter
que desligar o celular antes que eu veja que o grupo está bombando, que o
pessoal de Contábeis está organizando uma cervejada e que saiu na CGN
aquele acidente que a gente acabou de ver, indo para a aula.
Ih, tarde demais. Vou deixar essa próxima para uma próxima.
Expediente
Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP:
85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretor Geral: Adriano Coelho. Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas
de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professora orientadora: Wânia Beloni. Acadêmicos (textos,
fotos, diagramação e paginação): Adilson Anderle Junior, Alex Sandro Betim Meurer, Alice de Oliveira, Aline Libera Mayer Arriola, Amanda Valeska Cieslak,
Ana Claudia Dembinski Kaminski, Ana Talita da Rosa Bonadimann, Anderson Leal da Silva, Andressa Barbon Gimenez, Beatriz Helena da Silva, Camila Juviak
dos Santos, Deisy Antoniele Guedes Mayer, Diego Ubiratan Caetano, Ellen Bruna dos Santos, Evelyn Rafaeli de Oliveira Antonio, Gabriel Datsch dos Santos,
Graziele Rodrigues de Oliveira da Silva, Juliana Aparecida de Jesus Gregozewski, Lohana Larissa Mariano Civiero, Maiara da Silva Coelho, Mario Sobutka Junior,
Matheus Vieira Rocha, Pamella Dayani dos Santos, Patrícia Cordeiro da Silva, Rafaela Ghelfond Bacaltcuk, Renan Cesar Alves, Renan Fabrício Lorenzatto da
Silva e Wellen Fernanda Reinhold. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: [email protected]
EDUCAÇÃO
março de 2015
Dejavu da educação
Novamente professores são
confrontados com força
policial enquanto buscam
uma educação de qualidade
FOTO DIVULGAÇÃO
Alice Oliveira e Ana Talita Bonadimann
De quatro em quatro anos, o povo volta os olhos
e os ouvidos para as promessas de pessoas que se
comprometem em fazer do Brasil um país realmente
melhor. Em meio a todas essas promessas, cada
cidadão tem o direito e dever de escolha. Mas como
legítimos seres humanos que somos, por muitas
vezes essas escolhas tomam rumos totalmente
errados e irreversíveis. De todos os juramentos que
parecem carregados de esperança, um deles chama
a atenção de muitos dos 142 milhões de eleitores
brasileiros: o compromisso de assegurar um futuro
melhor para as crianças, garantindo a elas uma
educação de qualidade.
Mas já é 2015 e quem prometeu que a
educação seria prioridade, subiu ao poder. A primeira
medida adotada pelo governo reeleito que no ano
de eleição estava com as contas sobre controle,
foi a de redução da verba para as escolas. O país
assiste a isso indignado e os pais das crianças, que
foram alvos de tantas promessas, descobrem que
foram enganados por aqueles a quem entregaram
nas mãos o destino de seus filhos. É o que diz Mara
Regina de Oliveira, mãe de Vinicius, que decidiu
confiar seu voto a quem assegurasse uma educação
de qualidade a seu filho. “Eu apostei neste governo,
mas para mim ficou claro que a eleição é o que
realmente importa para eles e que a verdadeira
preocupação deles está nas urnas e não no futuro do
Estado e do País”, lamenta.
O Brasil sofreu em 2015 inúmeros cortes
no setor educacional e o estado do Paraná
contabiliza até agora 29 mil professores contratados
temporariamente pelo PSS (Processo Seletivo
Simplificado) com atraso no pagamento de salários e
1/3 das férias, desde dezembro de 2014. Além disso,
há atrasos no repasse de parcelas do fundo rotativo,
que é utilizado para a manutenção e pequenos reparos
nas escolas. Esses dados são do APP (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública do Paraná), que
enumera vários outros problemas enfrentados nas
escolas sem qualquer apoio do Governo do Estado.
No dia 9 de fevereiro, a espera pelos recursos
prometidos aos alunos e professores deixou de ser
silenciosa e passou a ter voz. Quem saiu às ruas para
reivindicar seus direitos e os direitos dos alunos e dos
pais, foram os professores, que decidiram entrar em
greve para pedir aquilo que antes era uma promessa.
As manifestações pararam as aulas de 950 mil alunos
da rede estadual de ensino. Estes alunos, que buscam
conhecimento para ter futuro, ficam apreensivos ao
perceberem que na prática o governo não dá atenção
ao que afirmou na teoria. É o que diz Vinicius de
Oliveira, filho de Mara: “Prometer e não cumprir é a
única coisa que eles fazem. Essa é a função deles.
3
Policiais e professores antes do confronto
Temos, ainda, que escolher quem vai mentir pra
gente”, ironiza. Vinicius tem 15 anos e sempre teve
o sonho de ser professor de biologia, mas sente seu
sonho morrer quando vê o abandono que se tem com
a classe de trabalhadores que prepara para a vida
todas as outras classes trabalhadoras.
Em greve, os professores não reivindicam
apenas salários dignos, mas também o pagamento
dele. O professor Vilson Pruzak leciona na cidade
de Lindoeste e decidiu ingressar na faculdade de
Direito, na Univel, em busca de um salário melhor,
pois apesar de fazer o que ama, ele sabe das
limitações que o governo sempre impôs quando
o assunto é verba educacional. “Hoje finalmente
consegui me tornar um professor do estado
concursado, mas e daí?! O que vem agora?! Do que
adianta estudar e lutar para chegar aqui e ver esse
verdadeiro descaso com a educação?!”, indigna-se.
Há 26 anos, mais precisamente no dia 30
de agosto de 1988, policiais militares a mando do
governo confrontaram professores que lutavam
por melhores salários, condições de trabalho e
uma educação de qualidade. Cachorros, bombas
e finalmente os cavalos deixaram dez pessoas
feridas. Porém, você não está tendo um “Dejavu”.
No dia 12 de fevereiro, há poucos dias, policiais
militares também confrontaram os “baderneiros”
com balas de borracha e bombas de efeito moral
resultando em 11 pessoas feridas.
Aqueles que por muitas vezes foram
conhecidos como a classe da desunião, se
tornaram apenas uma voz e decidiram lutar. Afinal
como diz o ditado popular: “Quando as aranhas
se unem, podem amarrar um leão”. Esse é o
objetivo. Para os professores, o governo não está
fazendo corte apenas por falta de verba, como
eles afirmam, mas sim porque parecem não ter a
ambição de desfrutar de um país livre da ignorância
e da formação medíocre, afinal, só o conhecimento
liberta. Liberta o cidadão e liberta o eleitor.
EducAÇÃO
Que tal jogar “pedra,
papel e tesoura”?
Camila Juviak*
Nelson Mandela disse: “A educação é a
arma mais poderosa que você pode usar no
mundo”. Será que é assim? Há a possibilidade
de ter um mundo digno sem uma educação de
qualidade? Certamente não.
O ano de 2015 começou com tudo no
Paraná (tudo mesmo). As tesouras vieram afiadas
de todos os lados e atingiram a todos. Cortes
foram feitos em profissionais da educação. O
coração de todos que ainda se preocupam com
a “Pátria Educadora” também foi cortado em
pequenos pedacinhos. O “tesouraço” degolou a
esperança de um Estado com uma educação de
qualidade, no novo ano que se iniciou.
As vozes que aguentavam caladas, se
soltaram. Saíram às ruas e se formaram um
mar de gente, grupos nas principais cidades do
Estado estão apoiando e clamando por uma
educação de qualidade.
Quando éramos criança, o jogo “pedra, papel
e tesoura” era comum na rodinha de amigos.
Porém, deixou de ser apenas uma brincadeira
infantil e virou um jogo da realidade. O papel, de
maneira figurativa, é a nossa educação que está
sendo estraçalhada pelas tesouras estaduais.
Os cortes são tão grandes e fortes, que papel
nenhum aguenta. O papel foi cortado e a tesoura
permanece mais afiada do que nunca.
Nesse jogo, só quem ganha da tesoura é a
pedra. A pedra que se mobiliza, ganha voz, que
sai às ruas e luta pela nossa educação e de seus
filhos. A pedra que esmagará a tesoura e trará
educação de qualidade para esse país.
* Camila Juviak é acadêmica do 3º ano de Jornalismo,
apaixonada pela literatura e fascinada pela escrita.
CULTURA
março de 2015
ARQUIVO PESSOAL
SANDRA ZAMA
4
RENAN LORENZATTO
Jackson Silva no espetáculo O Lago dos Cisnes
SANDRA ZAMA
Bailarino treina na barra
Genilson, fazendo a
posição de balé: “plié”
“Os primeiros quatro
meses eu fiz escondido.
Eu mentia que ia estudar
na escola e ia para
escola de balé”, conta
Genilson Gomes
Genilson Gomes no Studio Leandra Vagliatti
CULTURA
março de 2015
Balé é coisa para
meninos, sim!
5
“É muito comum ver homens
na plateia rindo, satirizando.
Mas homem de verdade
é aquele que se expõe. É
o que está ali dançando”,
Leandra Vagliatti
Lohana Larissa e Renan Lorenzatto
início, quando começou a fazer balé, há seis anos,
sua família o apoiou. No entanto, esse quadro mudou
alguns meses depois quando sua mãe se colocou
contra ele por causa de fofocas e queria que ele
parasse com a dança, ameaçando expulsá-lo de casa,
o que fez com que ele parasse por um ano. “Depois
retornei com o consentimento de minha mãe, que
impôs algumas regras como: fazer aulas somente
duas vezes por semana e não fazer apresentações.
Alguns anos depois, porém, tive total apoio dela e
hoje é minha maior fã”, orgulha-se Jackson, que
atualmente é professor de balé clássico.
Apesar de enfrentar, ainda hoje, preconceito
em relação a sua opção profissional, o bailarino
acredita que isso esteja diminuindo devido a
uma série de fatores: por não ser mais criança,
estar concluindo a faculdade de Educação Física
e trabalhar na área. “Minhas maiores alegrias e
tristezas aconteceram por meio da dança. Hoje,
quando descubro que alguém me trata com
termos pejorativos eu penso que gostaria que
essa pessoa soubesse o que eu passei para estar
fazendo essa atividade que eu amo tanto. Desde
ser mandado embora de casa até perder amigos.
Nunca foi fácil”, relata. Quando questionado sobre
o maior sonho de sua vida, ele logo responde:
“Hoje percebo que sou muito melhor ensinando
do que dançando, então pretendo estudar muito,
me atualizar e me tornar um grande e renomado
professor na área da dança”.
A história do cascavelense Jackson mais
parece com o filme inglês de 2000, Billy Elliot.
Billy, interpretado por Jamie Bell, é um garoto de
11 anos que vive numa cidadezinha da Inglaterra.
O menino é obrigado pelo pai a treinar boxe, mas
fica fascinado com a magia do balé, ao qual tem
contato por meio de aulas de dança clássica que
são realizadas na mesma academia onde pratica
boxe. Incentivado pela professora de balé (Julie
Walters), que vê em Billy um talento nato, ele resolve
se dedicar à dança de corpo e alma, mesmo tendo
Balé clássico
O balé surgiu no século XVI, nas cortes italianas como forma de
diversão para a nobreza local. O termo italiano balletto, que significa bailinho/
dancinha, deu origem a palavra francesa ballet. O balé só se desenvolveu,
pois chegou aos franceses, que difundiram essa arte.
No século XVIII, o balé teve uma grande transformação contendo
apenas a dança e a música, e não mais os cantos, a poesia e as orquestras
musicais. Foi nessa época que os bailarinos tinham os papéis de mais
destaque no espetáculo. As bailarinas tiraram o salto em que dançavam e
deixaram as saias mais curtas.
No século seguinte, a bailarina Marie Taglioni, italiana, trouxe o romantismo
para o balé e criou o sapato de ponta. Foi ela que dançou pela primeira vez na
ponta dos pés, uma das principais características do balé clássico ainda hoje.
Dança para Todos
Azul e rosa. Carrinho e boneca. Lutinha e
casinha. Heróis e princesas. Futebol e balé. Balé
para meninas e futebol para meninos. Mas quem
disse isso? Não se sabe como surgiram de fato essas
ideologias, mas sabemos que desde sempre isso é
falado para as crianças de forma preconceituosa.
“Tal coisa é para menino e tal coisa é para menina”.
O balé clássico é considerado uma dança de
menina, sendo rotulado por muitos como muito
“delicado” para os meninos, tanto que eles nunca
estão direcionados a isso, e sim, a lutas, a esportes
radicais, a futebol, etc.
A professora, mestre em balé clássico,
bailarina profissional e coreógrafa, Leandra
Vagliatti, 49, referência na área da dança em
Cascavel, estimula meninos para que façam balé,
dando incentivo financeiro. Os meninos em nível
iniciante pagam pouco menos da metade da
mensalidade e em nível avançado são bolsistas.
Mesmo assim, há poucos alunos do sexo masculino
que fazem balé nesse estúdio.
Vagliatti explica que os meninos procuram
mais pelo hip hop, jazz, sem saber ou considerar
que o balé é a base para qualquer dança. “Quem
dança jazz, só dança jazz. Quem dança hip hop só
dança hip hop. Com o balé não, você pode dançar
jazz, hip hop, dança moderna, contemporânea. Você
pode fazer tudo, porque pela sua base e a estrutura
técnica física, você está pronto para inserir e similar
qualquer outro tipo de técnica”, revela.
Até mesmo em sala de balé é possível se
deparar com cenas de preconceito. “Já aconteceram
casos de ridicularização. De pessoas rirem, mas você
vê que são pessoas pobres culturalmente falando”,
aponta Leandra, lembrando que até na plateia de
um espetáculo pode-se visualizar o preconceito. “É
muito comum ver alguns homens na plateia rindo,
satirizando. Mas homem de verdade é aquele que se
expõe. É o que está ali dançando”, critica sabiamente.
Jackson Silva, 21, de Cascavel, sofreu tal
preconceito também dentro de sua própria casa. No
que enfrentar a contrariedade do irmão e do pai.
Billy Elliot, no início do filme, fazia as aulas
escondido e essa parte da narrativa parece com a
história do cascavelense Genilson Gomes. O gosto
pela dança surgiu quando ele tinha apenas nove anos
e começou a ver as garotas de sua escola praticando
ginástica rítmica. Depois de alguns anos, Leandra
Vagliatti foi até sua escola para um dia cultural,
com uma apresentação de balé. Genilson estava
na plateia e ficou maravilhado com o espetáculo.
Mas foi só aos 14 anos, depois de se matricular e
começar a dançar balé, que Genilson realmente
percebeu que a dança é a paixão de sua vida. “Os
primeiros quatro meses eu fiz escondido. Eu mentia
que ia estudar na escola e ia para escola de balé.
Quando chegou a apresentação de fim de ano, eu
não tinha ninguém para me assistir, então tive que
abrir o jogo com a minha mãe e com meu pai”.
Depois dos pais descobrirem que Genilson fazia
aulas de balé, foi tranquilo. As piadinhas e ofensas
não vieram por parte da família. “No começo sempre
tem aquelas ‘chacotinhas’, aquelas panelinhas. É
normal. Mas com o tempo eu fui me enturmando
mais com a galera, com os meninos. Alguns colegas
até vieram comigo para saber como era, mas não se
identificaram. Eu, no entanto, segui firme”, enfatiza,
lembrando que era muito desengonçado e que não
tinha musicalidade, ritmo e nem coordenação motora
“Foi bem complicado a parte de assimilação da
dança dentro de mim”, revela.
Mesmo assim, o desfecho de Genilson Gomes,
atualmente com 21 anos, também parece com a
do filme Billy Elliot, que se tornou um dançarino de
sucesso. O bailarino cascavelense está prestes a
embarcar para Nova Iorque, onde participará da
final mundial do Valentina Kozlova International
Ballet Competition, que é uma competição, que
seleciona bailarinos para companhias americanas
e europeias. “Eu sou o único menino brasileiro
a disputar a categoria solo. Então eu estou bem
nervoso”, confessa humildemente.
O projeto Dança para Todos foi criado com o intuito de
fazer com que o balé fosse acessível a todas as pessoas que
não podem pagar uma mensalidade convencional. O diferencial
é apenas a mensalidade, pois o trabalho feito é o mesmo.
Atualmente, o projeto conta em média com 100 alunas. “A
princípio a idade dos alunos era de 4 a 12 anos. Neste ano
estamos atendendo alunos de 4 a 13 anos. Mesmo assim,
abrimos possibilidade para alunos mais velhos participarem”,
esclarece Leandra Vagliatti.
Para se matricular é preciso comparecer ao Studio Leandra
Vagliatti munido de um documento que comprove que você está
matriculado na rede municipal ou estadual de ensino.
6
TURISMO
março de 2015
O paraíso no Oeste do Paraná
PAMELLA SANTOS
Pesque-pague Sandri
é uma das atrações do
Circuito de Turismo no
município de Nova Aurora
Pamella Santos
Para quem busca paz e tranquilidade o pesqueiro é uma ótima opção para os fins de semana
Mais qualidade
Para sair da rotina e daquele “corre-corre”
diário, sempre estamos em busca de um cantinho
sossegado, um lugar para encontrar a paz e a
tranquilidade. Queremos tudo isso, no entanto, com
facilidade, baixo custo e nas proximidades, certo?
Tudo isso podemos encontrar em Nova Aurora, onde
há o programa de Turismo Rural Familiar Circuito do
Sol, criado em 2005 e oficializado em 2007.
Um dos lugares mais visitados no município é
o pesque-pague Sandri, que conta com vasta área
verde, açudes, piscinas, lanchonete e quiosques, onde
pode-se descansar desfrutando das belezas naturais e
saboreando as “delícias” oferecidas no local.
Geovana Zanela, cliente do estabelecimento,
conta que frequenta o pesque-pague há muito
tempo. “Somos clientes antigos. Gostamos bastante
daqui. Quem quiser tirar um dia de folga com
a família é só vir aqui e com certeza será bem
atendido”, frisa Geovana.
Um estabelecimento de qualidade e com bom
atendimento sempre chama a atenção dos clientes,
segundo Mirian Esser, que também frequenta o
estabelecimento. “Eu e minha família, geralmente
nos fins de semana ou feriados, estamos almoçando
aqui, desfrutando dos petiscos e das delícias que o
pesqueiro oferece. Eu tenho um irmão pequeno e ele
adora esse lugar, principalmente a piscina. Sempre
que posso indico esse local para as pessoas, pois
além do bom atendimento, tudo aqui é de qualidade e
isso chama atenção dos visitantes”, comenta Mirian.
Além do ótimo atendimento, o pesqueiro
oferece uma deliciosa alimentação, com porções
fritas, sashimi, peixe recheado e outros. “No começo
as pessoas pediam muito a tilápia grelhada, mas
resolvemos mudar o cardápio e acrescentar o pacu
recheado, grelhado ou com alho e alcaparras, além de
acompanhamento de saladas e arroz”, explica Rosemir
Avancini Sandri, que administra o local com o marido
Altair Roberto Sandri e o cunhado Adenir Sandri.
O pesque-pague Sandri fica localizado em Nova
Aurora na comunidade Baixo Iguaçuzinho. O local
conta com quiosques e mesas de jogos. A música fica
por conta dos pássaros que fazem uma verdadeira
orquestra. Há muitas árvores e gramado e assim você
pode colocar uma rede ou estender um lençol para
tirar aquele cochilo da tarde. Há, ainda, várias represas
para pesca de varinha. Para se refrescar no verão o
local oferece, ainda, piscinas para adultos e crianças.
O horário de funcionamento é de quarta a sextafeira, das 14h às 23h e aos sábados, domingos e
feriados das 9h às 23h. Mais informações ou reservas
de almoços ou jantas pelo telefone (45) 3243-1106.
O pesqueiro existe desde 1993, mas
desde que começou a fazer parte do Circuito o
estabelecimento teve um aumento no número de
visitantes e consequentemente no lucro. “Para entrar
no projeto algumas coisas precisaram ser mudadas.
Aumentar os banheiros, por exemplo, para melhor
atender os clientes”, explica Altair Roberto Sandri.
A presidente do Conselho Municipal de
Turismo, Nadir Pagnocelli, conta que não houve
mudanças apenas no lucro, mas também no dia a
dia dos produtores. “A criação deste Circuito mudou
muito a vida dos produtores. Os estabelecimentos
melhoraram e foram realizados vários cursos
de capacitação. Tudo ficou mais organizado.
Conseguimos fazer com que os produtores
ficassem em suas propriedades ganhando um
pouco mais. Assim, eles conseguiram aumentar a
renda familiar e a qualidade de vida. É um dinheiro
que gira e fica no município”, afirma.
A lucratividade é ainda maior agora no
período da quaresma onde a procura pelo peixe
cresce, segundo o sócio-proprietário Adenir
Sandri. A cliente Geovana Zanela recomenda
o local: “Principalmente agora no período
quaresmal”, frisa.
Para Rosemir, o diferencial do
estabelecimento e do atendimento se dá por ser
uma agroindústria familiar. “Nós cuidamos do que
é nosso e até mesmo os nossos filhos trabalharam
aqui. Tudo muda quando fica em família. Isso é
muito gratificante e estamos de braços abertos
para acolher nossos visitantes”, finaliza.
PAMELLA SANTOS
A piscina é umas das diversões oferecidas no pesqueiro
O que é o Circuito
O programa de Turismo Rural Familiar Circuito do Sol, de Nova Aurora, conta com a participação de 16
famílias empreendedoras, as quais oferecem serviços de hospedagem, entretenimento, lazer, alimentação,
entre outros. O Circuito do Sol existe desde 2005, mas foi oficializado somente em 2007 e a partir disso
começou a receber apoio da Prefeitura Municipal e da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica
e Extensão Rural). O Circuito conta ainda com o apoio do Conselho Municipal de Turismo, que auxilia os
produtores em cursos de capacitação, informações, viagens técnicas, entre outros. O engenheiro agrônomo,
José Depieri Gindri, técnico da Emater, esclarece que o nome do programa surgiu a partir de uma inspiração
poética. “Sempre que andamos aqui em Nova Aurora é possível ver aquele sol brilhante e forte. Isso nos
inspirou muito e como diz Cora Coralina: ‘quem caminha rumo ao sol é sempre o amanhecer’”, ressalta.
ECOLOGIA
março de 2015
7
Alimentos oferecidos a animais
silvestres podem prejudicá-los
Andressa Gimenez e Gabriel Datsch dos Santos
Quem passa pelo Lago Municipal de Cascavel não consegue ficar sem
notar as capivaras, macacos pregos, saguis, cutias, tatus e veados que
vivem naquele espaço.
Esses animais vivem na mata que cerca tanto o Lago como o Zoológico
Parque Danilo Galafassi e acabam ingerindo
alimentos que encontram no caminho e que são
oferecidos por visitantes. Por isso, pode-se perceber
que muitos macacos estão aparecendo com mais
frequência no Lago em busca de comida.
A aposentada Celestina Marcelino, 57, afirma
que quando viu os animais imaginou que estariam
com fome e ofereceu salgadinho industrializado, já
que no momento não tinha nenhum outro alimento
mais saudável. “Eu estava passeando no Lago
quando notei a presença dos bichinhos e acabei
ficando com dó. Ofereci o salgadinho e eles pegaram em minha mão. Se
pudesse eu levaria um para casa, mas sei que é na natureza que é o lugar
deles”, afirma Celestina.
Cada espécie de animal silvestre, que está no Zoológico, recebe uma
alimentação apropriada. Além disso, é extremamente proibida a aproximação de
pessoas aos animais, conforme Instrução Normativa nº 169 do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Segundo Valmor Francisco de Passos,
médico veterinário do local, os bichos são
nativos e ficam em cada recinto conforme
suas espécies, atendendo normatizações do
Ibama. Ele ainda orienta dizendo que os animais
silvestres que vivem fora das jaulas também
podem trazer risco a pessoa que não souber se
aproximar. “Eles são ariscos e para se defender
podem ferir quem chega perto”, alerta. Portanto,
caso você encontre um bicho silvestre solto, evite
oferecer alimentos e se aproximar dos mesmos.
Atenção também para quando você faz piquenique no Lago. Procure
não deixar migalhas de comida espalhadas pelo chão, pois os animais
podem ingerir e serem prejudicados.
A presença de capivaras,
macacos, saguis, cutias,
tatus e veados tem
chamado a atenção
de quem visita o Lago
Municipal de Cascavel
ANDRESSA GIMENEZ
Alimentos indicados para animais silvestres
Se você realmente deseja oferecer algum alimento para
esses animais, saiba alguns alimentos indicados
Macacos
Eles comem flores, frutas e
plantas e assim ingerem mais
sais minerais e vitaminas.
É importante lembrar que a
dieta do primata não está só
relacionada com a banana
como muitos imaginam. Na
verdade, a banana produzida
para consumo humano tem
mais açúcar, o que pode
causar até mesmo diabete
no animal.
Papagaios
Milho, verdura verde escura como couve
manteiga, espinafre, brócolis e almeirão.
Todas as frutas são permitidas e devem ser
dadas sempre com sementes e cascas. É
proibido oferecer pão com leite, pois esse
alimento fermenta no papo do animal,
prejudicando a digestão e causando uma
falsa sensação de saciedade, o que pode
resultar em desnutrição.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Capivara
Mico-leão-dourado
que vive solto nas
redondezas do
Zoológico
Por ser um roedor,
a capivara possui
uma alimentação
bastante simples,
tendo como base o
capim, ervas e outros
tipos de vegetação
encontrados nas
beiras de rios e lagos.
Capivaras no Lago de Cascavel
8
MODA
Matheus Roch
março de 2015
E se o diabo
FOTOS: MATHEUS ROCH & WELLEN REINHOLD
Comumente a moda é vista pelo ópio da
futilidade. Tratada como personificação da vaidade,
esse mundo – porque é mais abrangente do que
apenas a roupa que vestimos –, perde sua real
essência para cair no obscuro patamar da indiferença.
Para muitos, o único contato com a moda é pelo
filme interpretado Maryl Streep e Anne Hathaway, O
Diabo veste Prada, em que demonstra dois extremos:
o estilo interiorano e inocente de Andy Sachs e o
glamour da impetuosa e obcecada Miranda Priestly.
A comparação é obvia e superficial: uma mulher que
“não sabe se vestir” e uma grande dama do mundo
da moda – como se moda se resumisse a isto!
Muito embora, apesar das recorrentes
manifestações de repuna, moda está em todo lugar
e em todas as pessoas – até mesmo naquelas que
falam de boca cheia, “eu odeio moda”! É como explica
Dyeison Rech, 24, visual merchandising e modelo: “a
moda é mais do que pedaços de pano costurados, é
estilo de vida, é sobre quem nós somos”.
O que muitos confundem é o conceito com o
usual. “O que está na passarela, ou seja, aquelas
peças estranhas e mirabolantes representam
conceitos que estarão nas lojas, como por
exemplo, um tipo de estampa, um tecido, uma
cintura marcada. Esses detalhes são pincelados e
adaptados para as peças do dia a dia”, salienta o
modelo e visual merchandising Dyeison.
Além das roupas, a moda é uma das mais
comuns formas de expressão. O que vestimos fala
por si e demonstra personalidade, estado de espírito
e incontáveis variáveis. É como se imprimíssemos
na roupa aquilo que estamos sentindo, o que
queremos que o mundo perceba de nós.
“A moda é o que liga passado, presente e
futuro em todos os aspectos. Roupas, música,
móveis, sociedade e vida”, afirma o fashion stylist
Vinicius Gehlen, 27, ao ser questionado sobre o
sentido da moda. “Moda é o que a sociedade em
geral dita como uma espécie de regra, do que se
deve usar e como, por determinado tempo. Estilo
é algo que a pessoa absorve dessa moda em sua
vida, de forma pessoal”.
Desta forma, em uma comparação simples,
o que muita gente pensa da moda é marca.
Vestir marcas famosas, de estilistas renomados
e transformar isso em sua imagem. Este é um
pensamento errôneo, uma vez que “o desconhecido
é alvo de críticas”, como explica Vinicius. Estar na
moda é estar bem consigo mesmo, é a satisfação
com seu eu e com a forma como expressa isso.
Os polêmicos desfiles de moda são bem mais
profundos, por exemplo. “Quase sempre são sobre
questões políticas e culturais, expondo muitas vezes
contrastes do que acontece pelo mundo naquele
momento, e na maioria das vezes para que as pessoas
indiretamente se sintam melhor”, afirma Vinicius.
12 POSES
Matheus Henrique, calouro de
Procesos Gerenciais
Natielle Kaiomi e Keslyn Oliveira, do
2º ano de Jornalismo
Michely
Amanda Rodrigues, Marília Bristtóti, Dayana Müller, Bruna Franciosi e
Willian Torres, calouros de Jornalismo
Juliane Henn e Fernanda Martins, do
curso de Pedagogia
Maiara Araujo e Julia
Valter Monteiro, professor de
Jornalismo e Artes
Camila Coninck, 2º ano de Processos
Gerenciais
Odair Lopes e Pamela da Silva, calouros de RH
MODA
março de 2015
vestisse Chanel?
9
Alguns vestem marcas,
outros personalidade... Mas
ninguém pode ficar nu!
WELLEN REINHOLD
“Se existe guerra, então exploram as cores...
Se existem mortes, exploram as flores; se houver
muita paz e religião, então podem explorar conceitos
militares, e assim por diante. É assim que nascem
as tendências”, completa o fashion stylist.
O que é preciso compreender, é que a moda
deve ser vista sem preconceito. Claro que ninguém
precisa gostar de moda, assim como Dyeison
não gosta de futebol, ou Vinicius não é obrigado
a pintar o cabelo de preto para se encaixar em
determinado grupo. O mundo é cheio de diferenças
e é justamente esta a graça.
E como todo mundo tem sentimentos, moda
nada mais é que outra forma de se expressar. E
sempre teremos algo para dizer, para sentir, para
expressar. Sendo assim, não importa se vestimos
Prada, Chanel ou Renner. O real significado de
estar na moda é estar feliz consigo mesmo... O
resto é consequência.
Por Matheus Roch & Wellen Reinhold
12 POSES
y Guimarães, do 3º ano de Ciências Contábeis
ana Lopes, calouras de RH
Ana Julia e Tati Bosio, calouras de Gastronomia
Bruna Caroline, Maira Port e Carolina Limberger,
do 2º ano de Gastronomia
Carolina Demari, do 2º ano de
Procesos Gerenciais
10
PERSONALIDADE
Um passo
Diego Caetano
de cada vez
Dados lastimáveis
Numa tarde chuvosa de verão, manifestantes
em frente à prefeitura de Cascavel deixam o dia
ainda mais nublado com suas reivindicações. Chego
até a sede do poder e peço ao recepcionista para
falar com o secretário Antidrogas e ele rapidamente
me diz: “A sala com a porta aberta no terceiro piso é
a do Geninho”.
Após ser recebido na sala de portas abertas,
começamos um papo sobre toda a trajetória desse
guarapuavano que começou a vida ajudando
“enlonar” caminhões em uma cerealista de Coronel
Vivida. Depois de um tempo, no entanto, ele foi para
Curitiba em busca de uma oportunidade em uma
Multinacional. “Anos depois de muita luta na capital,
uma oportunidade me distanciou da minha família.
Saí de Curitiba para voltar ao interior e tentar a vida
no campo, mas minha esposa e meu filho ficaram na
capital até ela completar a faculdade”, explica ele,
considerando esse período como um dos motivos
que possam talvez ter levado o filho Israel, anos mais
tarde, ao mundo das drogas. “Meu caso pessoal
é meu principal motivador para a luta contra as
drogas”, confessa Eugênio Rozeti Filho.
Geninho e a esposa Rita Belúcio Rozeti
descobriram que o filho estava no mundo das
drogas quando este tinha 15 anos. Essa descoberta
transformou naquele momento a vida do casal
e fez o pai buscar a partir daí, diariamente e
desesperadamente, o fim da dependência daquele
que ele mais ama. “Descobri a situação do Israel, mas
demorei mais de 200 reuniões de grupos de ajuda
para compreender realmente o problema”, admite.
Nas incessantes tentativas de internar
para tratamento o então menino Israel, Geninho
perdeu todos os bens: “Foram mais de 18
internações tentando tirá-lo desse mundo, até
que eu percebesse que essa doença só tem
cura quando o dependente quer”, analisa. O pai
dedicado está nessa luta há 17 anos: “Estivemos
em clínicas simples e em até verdadeiros resorts.
Buscamos auxílio de clínicas que tinham como
base medicamentos e de outras com tratamentos
espirituais”, reconhece.
A força de um pai que luta para salvar seu filho
e o entendimento sobre esse caminho das drogas
fez com que Geninho recebesse um convite para
palestrar sobre o problema das drogas em uma
reunião de apoio em um colégio. “A discussão foi tão
interessante que fiquei mais uma semana dentro
dessa escola tentando ajudar a resolver os problemas
daquela comunidade”. Essa situação gerou um
estímulo para se aprofundar e melhorar ainda mais
as técnicas de abordagem com a juventude. Foi
a partir disso que Eugênio recebeu o convite para
trabalhar na Prefeitura. A partir do trabalho iniciado
o secretário detectou desde 2008 mais de 3 mil
famílias que têm problemas com crack em Cascavel.
“Isso sem contabilizar as outras drogas”, lamenta.
Geninho transformou, porém, sua experiência
e sofrimento em benefício coletivo. “Busquei
formações específicas na área para ter qualidade
no trabalho desenvolvido”, esclarece. Com o filho
ele aprendeu a lidar com um usuário de drogas
em recuperação todos os dias e a máxima de “por
apenas hoje” é levada como um mantra. Geninho
conta que um dependente tem dois gêmeos
idênticos dentro dele: “Um bom e um mal. O lado
ruim do dependente é alimentado quando fala-se
sobre as drogas com ele, agredindo-o e dando lição
de moral. O desafio é alimentar o lado bom dessa
pessoa para que ela possa sair dessa doença”.
Finalizando quase duas horas de conversa,
Geninho diz: “Só por hoje eu estou bem. Essa é
a minha máxima”. Ele sabe que a missão dele é
grande, mas um passo de cada vez o levará a ajudar
muita gente que sofre nesse mundo das drogas.
Dados revelados pelo secretário mostram as pequenas chances de sucesso em
tratamentos de dependentes. Segundo ele, “para usuários de crack, por exemplo, qualquer
clínica no mundo tem apenas 2% de sucesso nos tratamentos. 28% dos casos são de famílias
que têm de aprender a conviver com esse problema, lutando com internações e buscas
por ajuda. Outros 70% não tem salvação. O caminho direto é a morte”, afirma entristecido,
buscando mais do que entender, compreender e aceitar que a adicção, ou seja, a drogadicção
é uma doença que afeta usuário e família.
A “Doença do Prazer”, como é descrita pelo secretário, tem números impressionantes. Para
entender o sistema de recompensa no cérebro dos usuários de droga, Geninho exemplifica e
compara: “Um indivíduo que fica perdido num deserto durante cinco dias sem água e sem comida,
ao encontrar suprimentos, seu sistema libera, como forma de recompensa, 150 miligramas de
dopamina no corpo. Uma pedra de crack, por sua vez, libera quase 1 mil miligramas de dopamina
e uma carreira de cocaína libera quase 800 miligramas. Assim, essa ação abre uma janela gigante
de falta de prazer no corpo do adicto quando ele não faz uso”, esclarece.
março de 2015
Geninho é Secretário
Antidrogas há seis anos e luta
para tirar o filho do mundo
das drogas há 17 anos
Eugênio Rozeti Filho se dedica à luta contra as drogas
em Cascavel há seis anos
Maconha
A maconha é condenada pelo secretário.
Para ele, toda vez que alguém consumir o ilícito,
estará ajudando a aumentar o problema e por
consequência escravizando crianças e jovens que
são manipulados pelo tráfico.
Geninho explica que há 30 anos a
concentração de THC (tetra-hidrocarbinol) da
maconha era de 3% e hoje é de mais de 12%, o que
a torna altamente viciante. Além disso, o secretário
aponta que um estudante que faz uso dela precisará
estudar dez vezes mais que outro e mesmo que
consiga se formar, os estragos são irreversíveis. O
crack nem foi citado, porque segundo Geninho o
futuro de um usuário pode ser definido por três C’s:
clínica, cadeia e caixão: “Não há como fugir disso.
Não vale a pena!”, enfatiza.
Geninho aborda que o assunto está em voga
pelo uso de remédios a base da maconha para
tratamentos de problemas neurológicos. Segundo
ele, algumas pessoas que são defensoras do uso da
maconha tentaram se aproveitar dessa situação. Ele
se considera favorável à importação do canabidiol,
que é o remédio indicado para as famílias que
sofrem com o problema de ataques epiléticos, entre
outros. Mas em relação à maconha, ele é totalmente
contrário: “Criaremos uma geração de zumbis,
devido à síndrome motivacional”. Ele aponta, ainda,
que 70% das mortes no Brasil ocorrem por causa
do álcool, uma droga legalizada. “Se a maconha
for legalizada também, esses números podem
aumentar, e muito!”.
SAÚDE E ESTÉTICA
março de 2015
11
DIVULGAÇÃO
As indisfarçáveis olheiras
Cansaço, desidratação,
anemia, retenção
de líquido ou
hereditariedade. As
olheiras têm diversas
causas, mas o resultado
é sempre o mesmo:
incômodo
Amanda Djehdian, participante do BBB atual, vira alvo de críticas e sátiras por causa das bolsas abaixo dos olhos
Beatriz Helena Da Silva
Precauções
Os olhos são o espelho da alma. É por meio
deles que, além de enxergarmos o que há ao nosso
redor, lançamos olhares e seduzimos. O olhar pode
ser ofuscado por hiperpigmentações periorbital,
conhecida popularmente como olheiras. Estas
surgem devido à alta concentração de melanina,
substância que dá cor à pele, ou em decorrência
do congestionamento dos vasos sanguíneos da
região em torno dos olhos. Falar sobre esse assunto
se tornou moda depois que Amanda Djehdian, 28,
empresária de São Paulo, entrou para o Big Brother
Brasil 15. Apesar da beleza, ela virou alvo de críticas
e sátiras. A Globo lançou até mesmo um game,
onde todos podem interagir e ajudar a integrante do
reality show a disfarçar as olheiras indesejáveis.
Inimigas declaradas das mulheres, que se
identificam com a sister Amanda, que sempre tenta
disfarçar as bolsas embaixo dos olhos, as olheiras
viraram um sofrimento universal. A preocupação
estética, de acordo com o dermatologista Silvan
Carlos Welp, está se tornando comum e a busca por
tratamento tem se intensificado. É o caso de Rodrigo
Freitas, 27, que passou a dar mais atenção à saúde
e à aparência após as consequências de noites mal
dormidas por causa do trabalho. “Comecei a ficar
incomodado com as olheiras que começaram a
aparecer e resolvi procurar ajuda de um especialista”.
No entanto, as mulheres sofrem um pouco mais em
comparação com os homens, pois o tecido da pele
delas fica com o tempo mais escasso nessa região que
já é fina. O resultado das olheiras, somadas às marcas
de expressão, dão, então, aquele ar de cansaço.
Além dos fatores comportamentais, como
o estresse e a falta de sono, outros fatores que
influenciam no aparecimento de olheiras são a
genética, as alergias respiratórias, ingestão de
álcool, flacidez na região dos olhos e o acúmulo
de gordura na pálpebra inferior. A situação de
Amanda é mais complexa, por ter uma flacidez
palpebral acentuada e bolsa abaixo dos olhos, o que
compromete bastante a sua aparência.
Mas não é somente Amanda que se preocupa
com isso. O mesmo problema atormenta a
enfermeira Larissa dos Santos, 33. “Estou viciada
em maquiagem. Faço tudo para disfarçar a
escuridão debaixo dos meus olhos”, relata. Para
amenizar o desconforto, Larissa vivia fazendo
compressas com chás de camomila, o que,
segundo o dermatologista Silvan, funciona, porém,
é apenas uma solução momentânea, pois depois o
processo volta ao normal.
Cansada de se dedicar a cuidados sem
retorno, Larissa apelou para a medicina, a fim
de descobrir uma solução definitiva para o seu
problema. “Eu não queria nada que levasse muito
tempo e que fizesse com que sentisse dor”. Foi
quando descobriu o laser, um método considerado
o mais moderno para eliminar olheiras e ótimo
É sempre importante usar óculos escuros, mesmo quando o sol não está
forte. Passar protetor solar, com fator de proteção de no mínimo 30, na região
em volta dos olhos também ajuda. “Quanto mais proteger essa área, melhor. A
pálpebra é o tecido mais fino de nosso corpo. Em comparação com palma da
mão e do pé, podemos ver o quando ela é fina. Hoje em dia, há cosméticos mais
agradáveis, que não ardem os olhos e possuem um aspecto mais apropriado para
poder aplicar bem na região”, aconselha o dermatologista Silvan Carlos Welp.
Alguns truques de última hora podem ser úteis, quando se quer estar
linda e se dormiu pouco. Lavar o rosto, massageando com água quente,
assim como saunas e banhos quentes são estratégias excelentes para
disfarçar as olheiras, declara a esteticista. Ela destaca também que cremes
hidratantes e lubrificantes estimulam a circulação e vasodilatação. “Isso é
para clarear as partes escuras. Além do laser,
os tratamentos estéticos mais comuns são os
mecânicos, aqueles no qual necessitam de um
aparelho para o procedimento. Um dos mais
utilizados é o peeling, que combinado com ácidos
ajudam a melhorar o aspecto de cansaço. “Caso
seja realizado conforme indicado pelo profissional,
o resultado pode ser visto em um prazo de duas
semanas a três, claro, dependendo do grau em que
se encontra”, afirma a esteticista Audrei Veiga.
“Essas tecnologias combinadas e associadas
ajudam a evoluir muito a expressão dos olhos.
Principalmente por existir várias tecnologias a laser,
onde cada uma delas é aplicada para uma utilidade.
Por exemplo, quem tiver muita pigmentação terá um
tipo de laser destinado. A função do laser é melhorar
a pálpebra e principalmente a textura e a firmeza,
removendo o pigmento envelhecido naquela área”,
conta o dermatologista. Ele ressalta ainda que, na
hora da aplicação a laser, é essencial o cuidado
com os olhos, e que é de extrema importância
para que esse procedimento aconteça com um
dermatologista especializado e credenciado para
que as córneas não sejam prejudicadas.
Custo - o tratamento a laser consiste em
cerca de cinco sessões, dependendo de cada
pessoa. Silvan explica que cada sessão tem custo
de R$ 120,00 a R$ 300,00, o que pode variar
dependendo do cirurgião.
extremamente benéfico quando a pessoa acorda com os olhos inchados”,
esclarece a especialista.
Aprender a disfarçar as olheiras usando corretivo em bastão, em
creme, ou líquido, é fundamental para a mulher. Escolher produtos de
marcas confiáveis, fazer testes na pele para encontrar o tom correto e saber
se não lhe causará nenhuma reação alérgica, também é significativo para
uma melhor fisionomia, relata a maquiadora profissional Juliane Franck.
Ela aconselha também fixar o pó com esponja de espuma umedecida com
água, que deixa aparência bem leve e natural, além de alcançar todos os
cantinhos do rosto. A maquiagem é indispensável para as mulheres que se
afligem com as olheiras. Juliane recomenda que se for preciso, “leve até
para uma ilha deserta se precisar”, ou para o reality show!
12
ESPORTE
março de 2015
Capoeira: 400 anos
de luta e musicalidade
Com raízes vindas da
África, a capoeira mistura
esporte com dança e hoje
é considerada Patrimônio
Cultural da Humanidade
Camila Juviak
Quando o ritmo do berimbau se mistura com as batidas do
atabaque, pandeiro e palmas, todos cantam, dançam e olham
atentos para o centro da roda, onde dois combatentes mais
parecem dançar. Um calafrio toma conta de todo o corpo. Não há
sentimento mais complexo que este, pois
é impossível decifrar as maravilhas das
vibrações musicais da capoeira.
Ainda há controvérsias se a capoeira
foi criada na África ou no Brasil, porém a
teoria mais aceita pelos adeptos é a de que
os escravos angolanos que vieram ao país
instauraram a arte na região nordestina
brasileira. Foi lá, nos grandes engenhos de
açúcar da época, que a luta, que mais parece uma dança, surgiu. A
partir disso, o esporte se disseminou pela Bahia e Pernambuco e
chegou até a região sudeste, predominantemente
no Rio de Janeiro.
A capoeira
iniciou-se desta
maneira, como
uma válvula de
escape entre os
escravos, já que
estes não poderiam
criar artefato algum
que representasse
violência ou que
tivesse semelhança
com lutas, pois eram
vigiados por capitães
do mato e sofreriam
mais represálias
se fossem pegos
praticando. As gingas e
outros movimentos que pareciam com um combate se disfarçavam
entre as cantigas, palmas e com o acompanhamento das batidas
de tambores, atabaques e do berimbau quando os vigias chegavam
por perto. Caso o praticante fosse pego lutando, pesados castigos
e torturas seriam feitos contra ele para que
desencorajasse o escravo a agir.
A luta dançada foi proibida até o ano
de 1930. Após um longo prazo de repressões
contra os escravos, mesmo após libertação, o
exercício continuou sendo considerado ofensivo.
Os nomes mais importantes da época foram
de Manoel dos Reis Machado, conhecido
como “Mestre Bimba”, e Vicente Ferreira
Pastinha, o “Mestre Pastinha”. Eles incrementaram a capoeira,
apresentando-a então para o presidente da República na época,
Getúlio Vargas, que permitiu que a capoeira fosse praticada
apenas em lugares fechados e com alvará.
O esporte conta com dois estilos. O primeiro, de origem
africana, chamado de Capoeira Angola, era feito nas ruas.
Preservado e divulgado por Mestre Pastinha, tem gingas e golpes
e é conhecido por conter violência, assim como o segundo estilo. A
outra modalidade, denominada regional, apesar de ser semelhante
à primeira, teve adaptações, feitas pelo Mestre Bimba, que incluiu
novos golpes e sistematizou a luta para que se aproximasse mais
do esporte e tivesse uma ginga brasileira. Para torná-la uma
modalidade esportiva, deu-se segmento ao trabalho iniciado por
Bimba, em que foram incorporados mais movimentos que vieram
de outras lutas marciais, sem perder a marca de dinamismo e
musicalidade que possui.
No dia 25 de novembro de 2014 a capoeira foi reconhecida
como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura). Essa arte foi reconhecida por conter um alto grau de
manifestação cultural entre a África e o Brasil, com valor internacional.
Professor Rafael tocando atabaque
Raízes da África em Cascavel
EVELYN RAFAELI
“O som do berimbau
é como se fosse um
mantra. A sensação
é maravilhosa”
Quatro séculos após a sua criação, no sul do país, precisamente em Cascavel, na
região Oeste paranaense, várias pessoas se apaixonam pela arte que mescla dança,
música e esporte. Em uma das diversas aulas de um grupo cascavelense, a equipe
do Unifatos emocionou-se ao som do berimbau, das palmas e do atabaque. A roda,
composta por oito combatentes, reunia pessoas de várias idades, credos e classes
sociais, com um único objetivo: jogar capoeira.
O professor Rafael Roger Ferrari, 30, conta que este grupo, chamado Capoeira Iuna
Cascavel, da Academia Spartacus, existe desde 1994, mas que ele o orienta faz 16 anos, movido
pela paixão ao esporte. “A capoeira para mim é sinônimo de amor. Vivo e respiro capoeira 24
horas”, conta. Ele explica que muitos alunos preferem a capoeira ao invés de outros esportes
justamente pela musicalidade presente. Os irmãos André e Lara Mazzuti, estudantes, possuem
uma paixão em comum: as aulas de capoeira. Ele mais experiente, no auge de seus 22 anos, é
capoeirista há três. “Gosto da energia e da complexidade do esporte, pois engloba várias outras
artes em uma só, isso é sensacional”, explica. Já ela, aos 11 anos, ingressou no esporte por
influência do irmão e é a única menina do grupo. “Já pratiquei ginástica antes, o que me ajudou
muito para realizar os golpes. Hoje não penso em largar a capoeira, é muito bom”, diz Lara.
Mario Correa de Lima Neto, 42, dentista, faz questão de praticar. Morador de Ibema,
a 55 quilômetros de Cascavel, ele vem para a cidade três vezes por semana para participar
das aulas de capoeira. “Venho apenas para treinar. Sempre gostei do esporte, porém
nunca tive tempo. Agora que tenho, não perco uma aula. O som do berimbau é como se
fosse um mantra. A sensação é maravilhosa”, conta entusiasmado.
COTIDIANO
março de 2015
Olhe os muros
Arte finalizada pelo grafiteiro Andy
Juliano, grafitando de forma artística, a palavra conhecimento
Ellen Santos e Patrícia Cordeiro
Fevereiro terminou para o Colégio Estadual Padre
Carmelo Perrone, com muita luta e reformulação.
Mesmo estando em greve em razão dos desmandos
governamentais, os professores, funcionários e alunos
se reuniram para expressar a arte nas paredes e
potencializar talentos. O que antes era visto como
vandalismo, hoje vem ganhando admiradores. O
Colégio cedeu espaço para que os muros e paredes
recebessem a arte do grafite e a ação contou com dois
grafiteiros profissionais: Juliano Rodrigues e Anderson
Marcos da Silva (Andy), coordenador da Cufa (Central
Única das Favelas) de Cascavel.
Logo na reunião que antecedeu o ativismo,
Anderson deixou claro: “Mais do que a greve,
queremos unir a rua e a escola”, evidenciando que
a luta é diária e transcende o ambiente escolar e
foram distribuídos jornais explicando as motivações
da greve dos professores.
“Conhecimento”. Essa foi a palavra que
Juliano Rodrigues, de forma artística, grafitou na
parede da escola. Ele destaca a importância de
unir o grafite à escola: “Para você ter a mente de
um grafiteiro, ser um escritor da rua, você precisa
ter o conhecimento, ler livros, ter uma bagagem”,
aconselha, complementando que é necessário ter
paciência para criar e pintar um bom desenho e que
o grafite pode mudar o sentido da vida: “A arte faz
você viver diferente”.
Diferente. Essa é palavra em foco para alunos
e professores do Colégio Padre Carmelo, pois eles
estão sabendo respeitar as diversidades e despertar
talentos. O professor Edson Gavazzoni criou a oficina
de grafite, que é uma complementação de um projeto
realizado há dez anos, para mostrar aos estudantes,
educadores e comunidade que o grafite é uma arte, a
qual pode ser vista com um olhar positivo. Além disso,
ele frisa que quando se oferecem oportunidades para
quem faz grafite, este não precisa ser feito escondido.
“Quando criamos esses projetos dando liberdade aos
alunos, o vandalismo diminuiu muito. Ainda pegamos
alunos pichando, mas fazemos com que eles vejam
isso com outros olhos e não façam novamente”,
explica o professor.
A questão é saber trabalhar com o ser
humano. Anderson deixou isso muito claro,
afirmando que: “A vida é uma poesia. O menino que
risca a carteira pode estar fazendo isso no lugar
errado e dali pode surgir um grafiteiro. É preciso
direcionar. Esse é o trabalho do professor”, enfatiza
e ressalta que com essa oficina de grafite na escola
o aluno tem voz e vez. Andy acredita que boa parte
da pichação aconteça devido à dificuldade que as
pessoas têm para adquirir material, pois cada lata
de tinta custa em média 17 reais e um desenho
precisa de várias cores, o que inviabiliza, muitas
vezes, a criação artística.
História
O grafite foi criado em meados dos anos 70 nos EUA e faz parte dos quatro elementos do hip
hop, que são: dança urbana (o break), grafite, rap (que é revolução por meio da palavra) e o DJ, que
dá a trilha sonora. Juliano destaca que o conhecimento junta os quatro elementos. Foi na periferia de
Nova York que o grafite ganhou espaço no mundo inteiro. No Brasil, essa forma de expressão artística
foi criando seu estilo conforme os grafiteiros achavam necessário. Hoje, o grafite tem uma identidade
própria, o que por sinal muda a visão das pessoas que o veem nas ruas.
13
A arte urbana que
aproxima ruas e escola
FOTOS: PATRÍCIA CORDEIRO
Andy, dando vida aos muros
Grafite X pichação
A pichação ainda é vista por muitos como
vandalismo, entretanto Juliano destaca que não é
possível traçar um limite de quando a pichação se
torna vandalismo. Ele afirma que depende do ponto de
vista e ressalta que muitas vezes é na pichação que
o grafiteiro expressa sua revolta, geralmente contra
o Governo e a corrupção, contra o Estado. “Algumas
pessoas, infelizmente, encontram na pichação a forma
de expressar isso, atacando o sistema e depredando o
patrimônio público”, lamenta.
Juliano traz para a discussão um ponto
importante acerca da criminalização, afirmando que
mesmo a pichação: “não deveria ser considerada
crime, porque você não quebra nada, só pinta a
superfície, não desfez. Por exemplo, se for feita
uma tag, uma pichação no casco de um orelhão,
as pessoas ainda poderão usar, pois ele não vai
perder a função”, defende e complementa que é
uma questão de ponto de vista. “Há coisas a serem
analisadas. Porém, considero falta de respeito fazer
pichação em igrejas ou até mesmo no muro de uma
casa que a pessoa acabou de pintar. A arte é para
passar uma mensagem”, finaliza.
“O mundo tá conectado
mano. Cada gesto
teu influencia o gesto
do outro. Não há
revolução sem a tua
ação”, Rapper Valete
14
TECNOLOGIA
março de 2015
Dieta cibernética
aos viciados em mídias sociais
O uso exagerado de redes
sociais pode prejudicar
relações, trabalho e estudo
Amanda Cieslak e Ana Cláudia Kaminski
Bate-papo Uol. Mirc. ICQ. MSN. Skype.
MySpace. Orkut. Facebook. Twitter. WhatsApp. Com
os avanços tecnológicos, a sociedade se vê cada
vez mais dependente, ou talvez seria melhor dizer
“aprisionada” a essas mídias sociais.
As relações pessoais virtuais estão cada vez
mais presentes e comunicar-se com parentes, amigos
e colegas que estão longe é um dos benefícios que
a internet propicia, principalmente por meio de uma
dessas mídias. Por outro lado, as
relações reais e físicas, com amigos que
estão próximos, acabam sendo, muitas
vezes, prejudicadas, assim como os
compromissos e responsabilidades que
se tem no dia a dia.
O estudante Maycon Douglas,
16, por exemplo, confessa que não consegue ficar
sem acessar as mídias durante as aulas. “Além
disso, quando não tem nada para fazer procuro
as respostas de provas e marco encontros”.
Assim como Maycon, podemos notar ao nosso
redor colegas de sala e de trabalho prejudicando
a realidade que os rodeiam por causa do
mundo virtual, o qual poderia ser definido como
“internético”, uma mistura de internet com
frenético. Essa definição talvez explique tantos
estímulos digitais em nosso dia a dia. Mensagens
chegam via Messenger, Facobook, WhatsApp, em
nossos celulares, o dia todo, e deixam qualquer um
sem tempo para a realidade, para a liberdade de
concentrar-se e aprofundar-se em uma reflexão.
Clay Johnson, em sua obra A Dieta da
Informação fala de todos os estímulos digitais que
temos no dia a dia, como a televisão, revistas,
internet, outdoors, os quais podem ser prejudiciais
se as pessoas não souberem administrar suas
vidas. Ele diz que a responsabilidade em filtrar, em
selecionar a informação é de cada um, comparando
a educação informativa com a educação alimentar.
A estudante Miriam Pereira, 16, é um exemplo
de disciplina e equilíbrio. Ela consegue utilizar essas
mídias de forma moderada e prefere evitar usar
celular em sala de aula. Miriam conta, ainda, que
as mídias sociais são úteis para marcar encontros
ou trocar informações a respeito de trabalhos
ou estudos e critica a postura de pessoas que
não conseguem se desligar nenhum minuto das
mídias sociais. “É um pouco irritante conversar
com pessoas que ficam no WhatsApp
toda hora. É desconfortante, pois
parece que se está falando sozinha”,
desabafa Miriam.
Para a professora e psicóloga
Caroline Buosi, da Univel, há
consequências positivas, como a
possibilidade de se comunicar com pessoas que
não vemos há tempo. Ela observa que, no entanto, o
uso excessivo é prejudicial, principalmente quando
esse uso passa a ser o único para o relacionamento
interpessoal. “Quando a pessoa torna-se dependente
das redes sociais para se relacionar, ela pode
ficar mais ansiosa e vir a desenvolver um quadro
depressivo”, alerta a psicóloga, lamentando o fato de
as pessoas estarem trocando cada vez mais o mundo
real pelo digital.
Em meio a todo esse caos virtual, Juliana
Martins, 20, tomou uma atitude mais drástica,
“cortando o mal pela raiz”: optou por não ter um perfil
no Facebook, pois acredita que as pessoas não têm
mais convívio umas com as outras, que não conversam
mais. “É muito tempo perdido. Eu ficava ali e não fazia
nada, só em casa, isolada”, relata Juliana.
Claro que vai de cada um controlar o acesso às
mídias sociais: “Se a vida do usuário estiver fragilizada,
as redes sociais irá agravar esse estado, mas se a vida
dela estiver estável nada irá representar”, enfatiza a
psicóloga Caroline. Mas e você, conseguiria ficar pelo
menos uma semana off-line?
Mundo
cibernético
aprisiona
usuários
Juliana Martins optou por excluir o perfil do Facebook
Miriam Pereira faz uso moderado das redes sociais
FOTOS: ANA CLÁUDIA KAMINSKI
A psicóloga Caroline Buosi explica as consequências
AGRONEGÓCIO
março de 2015
“Ares” de metrópole
Adilson Anderle Junior e Rafaela Ghelfond Bacaltchuk
15
Hotéis, restaurantes,
comércio e até
proprietários de casas
lucram com Show Rural
DIVULGAÇÃO
No dia 31 de janeiro de 2015, começou o 27º
Show Rural Coopavel. A feira, que tem como objetivo
trazer as novidades tecnológicas do agronegócio
para os agricultores, é conhecida também pela
movimentação em Cascavel, a qual aumenta a cada
ano. Durante o evento, o giro econômico na cidade
e até em municípios vizinhos aumenta, a começar
pelo setor de hotelaria, em que todos os hotéis da
cidade lotam e casas são alugadas.
O proprietário do hotel Ibis, de Cascavel,
Edson Vasconcelos, afirma que a semana da feira
é diferente para a cidade: “O hotel fica lotado. É
uma semana muito atípica, a cidade inteira muda.
O público alvo nessa época são homens. Um
mês antes do Show Rural recebemos equipes de
montagens que vêm do Brasil inteiro para expor
a sua marca e uma semana antes predominam
executivos e gerentes de todo o mundo”, relata.
Uma prática muito comum durante o
evento são os aluguéis de casas, chácaras e
apartamentos para visitantes, já que os hotéis não
suprem a grande demanda da semana. Muitos
saem da própria casa para disponibilizar pouso
a visitantes do Show Rural. É o caso do projetista
em arquitetura, André Fernandes: “Aluguei meu
apartamento por uma semana motivado pelo fator
financeiro, pois posso passar esse tempo na casa da
minha mãe e ainda lucrar com isso”, afirma André.
O organizador do Show Rural Coopavel, Rogério
Rizzardi, compara Cascavel com a alta temporada
de cidades praianas. Ele explica que no site oficial
do Show Rural - www.showrural.com.br/ - há uma
página onde proprietários podem se comunicar
direto com interessados em alugar sua residência.
“Os alugueis de casas antes eram administrados
por imobiliárias. Devido a alta procura, o site da
Coopavel disponibilizou, a partir do último evento,
um espaço em seu site para a comunicação entre
proprietários de imóveis e possíveis inquilinos”.
Empregos temporários
Cascavel, com seus 300 mil habitantes, é
uma cidade em desenvolvimento, onde se cogita
a sua transformação em metrópole. Durante a
semana do evento, a cidade entra em contato
com as vantagens e desvantagens de uma capital.
Rogério Rizzardi enfatiza o que Cascavel ganha com
a feira: “São injetados milhões e milhões de reais
na nossa região, em uma época que antes era fraca
em termos de recursos, faturamento e economia”,
afirma Rogério. Além disso, muitos materiais
utilizados na infraestrutura da feira são adquiridos
em empresas de Cascavel e região, incluindo a
hospedagem, alimentação e transporte.
A acadêmica de Direito, Renata Segala,
trabalhou como temporária no evento pela primeira
vez, e diz ser compensatório: “apesar de cansativo,
e muitas meninas trabalharem em baixo do sol o
Show Rural Coopavel, realizado há 27 anos em Cascavel, é o maior evento de agronegócio do país
ADILSON ANDERLE JUNIOR
Rogério Rizzardi, coordenador do Show Rural Coopavel
dia inteiro, no final compensa, pois o emprego tem
duração de uma semana e não atrapalha os meus
estudos”, esclarece Renata, lembrando que pretende
trabalhar no Show Rural novamente em 2016.
Trânsito caótico
Assim como uma grande metrópole, a cidade
sofreu com problemas no trânsito. O difícil acesso
ao local da feira fez com que alguns visitantes
avaliassem o evento de forma negativa. Rogério
afirma que o problema do trânsito já é discutido
há alguns anos, porém não depende apenas da
organização, mas sim da sociedade e do governo.
“Mesmo assim, foi fundamental o trabalho feito
pela Polícia Rodoviária Federal para a efetivação
da feira”, avalia.
Curiosidade
A primeira edição do Show
Rural Coopavel aconteceu em 1988,
com duração de 12 horas e 110
participantes. Já na última edição,
realizada em fevereiro deste ano de
2015, foram contabilizados o recorde de
230 mil visitantes.
Com o crescimento da cidade, o
Show Rural Coopavel segue a mesma
linha de desenvolvimento e os planos do
evento já estão previstos até 2021. Fica,
então, um convite, tanto para você que
já conhece, quanto para você que ainda
não visitou a feira.
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MARCA PÁGINA
março de 2015
#inDICA
APARTAMENTO 111
Obcecada pelo sangue
Seleção
Anjo Mecânico
Você já imaginou
descobrir um poder
sobrenatural?
Tessa também não!
Mas despois de perder
toda sua família, e se
encontrar perdida em
uma Londres vitoriana,
Tereza Gray descobre
que a vida pode ser mais
complicada do
que perdas.
Com a descoberta de seus poderes, Tessa
passa a ser cobiçada por monstros, os mesmos
que ela acreditava não existir: vampiros,
lobisomens, feiticeiras e outras criaturas do
submundo. E assim como os monstros, existem
também os Nephilins, descendentes de Deus e
que devem proteger a terra.
Sem saber quem está do seu lado,
Tessa passa a viver em busca do irmão,
desaparecido. Ela descobre que apesar de
jovem, possui uma missão e que seu dom
desconhecido pode ser a chave de tudo.
Com um misto de romance e drama,
Cassandra Clare escreve a história de Tessa,
dos mosntros e dos filhos de anjos de uma
forma enigmática e atormentadora.
Nas páginas de Anjo Mecânico, primeiro
livro da Trilogia As Peças Infernais, você
conhece os bonzinhos e os malvados, e outras
criaturas que não foram criadas nem por Deus,
nem pelo demônio. E são essas criaturas que
Tessa e todos devem temer!
Matheus Roch*
Marca página
O amor é uma
competição? Para 35
garotas de Illéa, sim!
Em uma civilização
dividida por castas, onde
a casta um é a real e a
oito são os moradores de
rua, meninas de castas
inferiores veem na Seleção,
uma oportunidade de
mudar de vida e conquistar
a coroa real. Mas o
processo não é simples. Antes de conquistar o
título de princesa, as garotas precisam conquistar
o coração do irredutível príncipe, em um reality
show, transmitido para toda a província.
Em uma escrita leve, Kiera Cass constrói seu
próprio mundo, novas regras, um governo diferente
e personagens cativantes. Triângulos amorosos se
formam, mentiras, ciúmes e brigas transformam
a seleção da nova princesa de Illéa em um evento
eletrizante do início ao fim. Será que America,
protagonista de gênio forte será a escolhida?
A porta fecha num estrondo repentino.
Ouço passos distantes, mas a pouca iluminação
me impede de enxergar. O ar que entra da
janela aberta causa um calafrio momentâneo,
obrigando-me a encolher ainda mais atrás
do armário da cozinha. O corte no estômago
sangra desesperadamente, com certeza
formando um rastro por onde me arrastei.
De repente a luz da cozinha acende. Tento
reprimir o gemido, mas ele escapa da boca
antes mesmo de conseguir tapar com a mão
ensanguentada. As lágrimas surgem, mas não
pela dor onde a faca perfurou a barriga, mas
pela certeza de que ela está chegando.
- Sangue! O mesmo que nos lava ao
nascer, é o que nos banha ao morrer. Seu
sangue é a sentença de seus pecados,
formando rastros para que possa te encontrar.
Tolice, Mercedes, tentar se esconder de mim.
Ela caminha em minha direção a passos
pesados, a respiração exasperada, arrastando
a faca por onde passa. O ruído estridente me
causa arrepio súbito com a recordação daquela
faca me perfurando.
Mais sangue escorre entre meus dedos,
à medida que as forças se esvaem de mim. A
camisola de seda, que um dia foi branca, gruda
em meu corpo em tons rubros de odor pútrido.
- Mercedes, Mercedes... – diz a voz
serena da assassina – Acabe logo com isso. Se
entregue a morte.
- Por que está fazendo isso comigo? –
sussurro com uma voz trêmula.
- Não seja cínica, querida. Você pode
até se esquecer de tudo que me causou no
passado, mas minha dor está viva em minhas
memórias. Chegou a hora de me vingar,
chegou a hora de te fazer pagar por toda minha
Varal Cultural
Evento: Circuito Cultural Sesi - Espetáculo musical
“Traço Básico de Paulinho Schoffen”
Local: Centro Cultural Gilberto Mayer
Data: 08/05
Horário: 20h00
Descrição: O intuito do cantor é trazer a
tona o ser humano a sua maneira. Com
imperfeições, estranhezas, conflitos, falhas. Este
questionamento traz a sonoridade que remete a
sentimentos que variam desde dúvida até alegria.
Ingressos: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia-entrada) no
centro cultural. Podem ser retirados gratuitamente
para pessoas que trabalham na indústria e
dependentes do Sesi.
Informações: (45) 3379-6110
desgraça.
A assassina risca o mármore da pia sobre
minha cabeça. Choro, grito e me contorço em
minha dor. Meu corpo treme em espasmos
constantes, como se a morte estivesse próxima.
E de fato está.
Ela me encontra escondida em um vão
atrás da pia, encolhida, pálida e banhada
em sangue. Ela dá gargalhadas a me ver
desesperada. Fecho os olhos. A brisa que entra
da janela me ataca novamente. Sinto o calafrio
chegar, no mesmo instante que a dor da faca
em meu peito.
É o fim.
- Te encontro no inferno, Mercedes!
Pensei então, que de algum modo me
livraria da morte, mas ela foi cruel. Podia sentir,
minha vez havia chegado. Sua faca brilhante
foi cravada em meu peito. E aos poucos a dor
não é mais um problema, conforme a morte se
aproximava.
*
Poderia apostar que a megera iria gritar
e espernear enquanto morria a minha frente.
Mas a morte lhe veio silenciosa, nem mesmo
lágrimas havia.
Lavo a faca, com calma, observando o
sangue escorrer do metal direto para o ralo
da pia. Seco a mão em uma toalha branca,
deixando vestígios do sangue podre da morta.
- É Mercedes, está na hora de preparar
seu funeral!
Apago a luz e saio da cozinha.
CONTINUA!
*Matheus Roch, estudante do 3º ano de
Jornalismo, é apaixonado por moda e litaratura.
FOTOS: DIVULGAÇÃO
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Balé é coisa para