8 Determinantes e conseqüências da insegurança alimentar no Amazonas: a influência dos ecossistemas Autores: F. H. Alencar [email protected] L. K.O.Yuyama M. J. C. Varejão H. A. Marinho Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Manaus, Brasil. 8 RESUMO Na Amazônia se encontra a maior sócio-biodiversidade do planeta. Em têrmos de segurança alimentar a região conta com uma diversidade em peixes e frutos, o que deveria representar uma abundante oferta de proteínas, calorias, vitaminas e minerais, e viabilizar um excelente padrão de saúde, nutrição e qualidade de vida para seus habitantes. Entretanto a realidade social, econômica e a precariedade da saúde contrastam com sua riqueza em recursos naturais. Pesquisas oficiais desenvolvidas no Brasil nas últimas três décadas excluíram a área rural da região Norte, devido a dificuldades operacionais, como a imensa extensão territorial da Amazônia e sua baixa densidade demográfica. O presente trabalho contribuiu para o preenchimento desta lacuna, avaliando o estado nutricional de pré-escolares (n = 4.030), segundo os critérios da OMS. Evidenciou-se no universo estudado 16,9 % de déficit de crescimento, acometendo 23,4 % das crianças na área rural (n = 2.279) e 10,4 % na capital (n = 1.751). No rio Negro registrou-se a maior precariedade nutricional, com 35,2 % das crianças apresentando inadequação no indicador Estatura/Idade, seguido dos rios Solimões (23,4 %), Purus (20,9 %), Amazonas (20,5 %) e Madeira (15,6 %). Para o entendimento deste evidente paradoxo foram investigados os componentes do bioma amazônico: complexidade de interação química, fragilidade do seu solo, modo de distribuição espacial e utilização dos nutrientes dentro dos ecossistemas, influência destes constituintes na cadeia de produção de alimentos e padrão nutricional dos habitantes. Constatouse maior precariedade nutricional na área rural, principalmente nas crianças do rio Negro, enquanto aquelas residentes na várzea ou ecossistemas que recebem influência dos rios de águas barrentas, mais ricas em nutrientes, tais como: Amazonas, Solimões, Purus e Madeira, apresentaram melhor padrão nutricional. Estes resultados evidenciam a heterogeneidade da Amazônia e a complexidade inerente aos seus ecossistemas, o que deve ser considerado na implantação de programas de segurança alimentar ou políticas de desenvolvimento sustentável na região. Palavras-Chave: Desnutrição; insegurança alimentar; ecossistemas amazônicos; potencial alimentar/Amazônia- Brasil. 241 ABSTRACT Amazonia encompasses the largest socio-biodiversity of the earth. In terms of alimentary safety into the area occurs expressive diversity in fishes and fruits, which should represent abundant offer of proteins, calories, vitamins, minerals, and like this to make possible an excellent pattern of health, nutrition and life quality of life (QOL) for your inhabitants. However the social, economical reality and precariousness of the health contrast with your abundance of natural resources. Government researches, developed in Brazil in the last three decades have excluded the rural area of the North region, under allegation of operational difficulties, as the immense territorial extension of Amazonian and low demographic density. This work can contribute to the completion of this gap, evaluating the nutritional state of pre-school children (n = 4.030), by the criteria of OMS. It took evident of in the searched universe: 16.9 % of growth deficit, attacking 23.4 % of the children in the rural area (n = 2.279) and 10.4 % in Manaus, capital of Amazonas state (n = 1.751). In the black water rivers enrolled the biggest nutritional precariousness, 35.2 % of the children presenting inadequacy in the indicator Stature/Age, followed by Solimões (23.4 %), Purus (20.9 %), Amazonas (20.5 %) and Madeira (15.6 %) rivers For understanding this clear paradox, the components of the Amazon bioma were investigated: complexity on chemical interactions, soil fragility, spatial distribution and use of the nutrients inside of the ecosystems, influence of these constituent ones in the productive chain and the inhabitants’ nutritional pattern. Larger nutritional precariousness was verified in the rural area, specially as compared the children between organic-poor and rich waters rivers, while those residents in the foodplain or ecosystems with influence of the muddy waters rivers, richer in nutrients, such as: Amazonas, Solimões, Purus and Madeira basin present the best nutritional standard. These results show clearly the heterogeneity of Amazonia and the inherent complexity of these ecosystems that might be considered as of the implantation of alimentary safety programs and politics of sustainable development in the region. Key words: Malnutrition; alimentary insecurity; Amazon ecosystems; alimentary potential /Amazônia – Brazil. 242 INTRODUÇÃO As pesquisas de abrangência nacional desenvolvidas no Brasil nas últimas três décadas excluíram, sistematicamente, a área rural da região Norte, devido a dificuldades operacionais, tais como a imensa extensão territorial da Amazônia e sua baixa densidade demográfica (FIBGE/ENDEF, 1975; INAN/PNSN, 1990; PNDS/ BEMFAM (1997). Entende-se que estas pesquisas tiveram grande importância para o delineamento da realidade epidemiológica brasileira, visto que elas representam o referencial científico de identificação qualitativa e quantitativa das principais carências nutricionais da população infantil, além de viabilizar o conhecimento dos principais determinantes da transição nutricional nas últimas décadas. Barreto et al., (2005) referem que a disponibilidade total de alimentos no Brasil é crescente nas últimas décadas, alcançando os valores de 2330 e 2960 Kcal/pessoa/dia em 1965 e 1997, respectivamente. Inicialmente a quantidade de alimentos disponível para cada brasileiro excedia em mais de 10 % os requerimentos médios em energia; em 1997 passou a 25 %, o que significa que desde 1965 o Brasil já é auto-suficiente na produção de alimentos. Estas informações corroboram para entender o novo delineamento do perfil epidemiológico brasileiro, atualmente caracterizado pela inflexão da curva de desnutrição infantil urbana e pelo aumento concomitante da obesidade, tanto em crianças como na população adulta (Monteiro, 1999). Somado à exclusão da região Norte rural do cenário epidemiológico nacional, constatase também como fator agravante o vazio de informações científicas a respeito das condições de saúde, nutrição e sobrevivência das populações integrantes da região Norte: Roraima, Amapá, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, a exceção da registrada para o estado do Pará (Negri & Giovanni, 2001; Ministério da Saúde, 2003). Especificamente para o Amazonas, a análise evolutiva das pesquisas desenvolvidas no Estado nas últimas décadas, sugere a persistência de um quadro de insegurança alimentar evidenciada por elevadas prevalências de desnutrição infantil, anemia ferropriva, hipovitaminose A, agravado pela alta freqüência de parasitose gastrointestinal (Giugliano et al., 1981; Shrimpton, 1984; Marinho et al., 1992; 2000; Alencar et al.,1999; 2000; 2001; 2002). Para entender a magnitude dos recursos naturais atribuídos à região amazônica, optou-se pela escala de valores referidos para a Amazônia Legal, com o objetivo de identificar sua grandiosidade, importância estratégica, bem como a riqueza de sua biodiversidade distribuída em uma complexa heterogeneidade, e assim gerar subsídios que possibilitem a discussão sobre os motivos da falta de segurança alimentar numa região tão abundante em recursos naturais. A Amazônia Legal é um têrmo de conotação geopolítica estabelecido oficialmente a partir de 1966, para fins de identificação dos problemas regionais, divisão de responsabilidades entre os estados integrantes, buscar consenso e imprimir velocidade nas soluções, com o objetivo de maximizar o desenvolvimento econômico regional (Ministério da Saúde, 2003). Representa um espaço estratégico considerando-se sua confluência com a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guianas Inglesa, Francesa e o Suriname. Abrange os estados do Amazonas, Amapá, 243 Acre, oeste do Maranhão, norte do Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Tocantins (Beltrão & Beltrão, 1990; Ministério da Saúde, 2003). Tem uma extensão territorial de aproximadamente cinco milhões de quilômetros quadrados, compreendendo 61% do território Nacional (FIBGE, 2001). O efetivo demográfico registrado na região em 2000 foi de vinte e um milhões de pessoas, ou seja, 12,4 % da população nacional, configurando assim a menor densidade populacional do país (4 hab/km 2) (Ministério da Saúde, 2003). Considerando a escassez de informações na literatura a respeito da qualidade de vida do homem na Amazônia, o presente estudo teve como objetivo investigar a influência de aspectos relacionados à biodiversidade dos ecossistemas amazônicos, como determinantes da segurança alimentar e nutrição humana na Região. BIODIVERSIDADE AMAZÔNICA A Amazônia é detentora da maior sócio-biodiversidade do planeta, representando o habitat de 200 grupos étnicos, expressando-se em 170 línguas diferenciadas. Acumula portanto, um valioso e cobiçado patrimônio cultural a respeito do conhecimento ancestral e atual dos produtos regionais sobre plantas medicinais e comestíveis, flores, frutos, sementes, cascas de árvores, extração de resinas, seivas, raízes e agricultura de subsistência (Goodland & Irwin, 1975; Benchimol, 1997). Seu estoque genético é imensurável em escala global, detém uma das maiores reservas hídricas do planeta, o que projeta para o Brasil, em um futuro próximo, um potencial estratégico, além de representar um patrimônio de inestimável valor tanto econômico como social (Benchimol, 2000; Ministério da Saúde, 2003). Em têrmos de segurança alimentar a Amazônia é detentora de uma expressiva diversidade em peixes e frutas, o que deveria representar uma abundante oferta de proteínas, calorias, vitaminas e minerais, e viabilizar um excelente padrão de saúde, nutrição e qualidade de vida para seus diferentes grupos populacionais (Clay et al., 2000; Yuyama et al., 1999; 2001). Entretanto, a realidade social, econômica e o quadro de precariedade da saúde e da nutrição registrado na Região, contrastam frontalmente com a sua riqueza em recursos naturais (Mendonça, 2000; Alencar, 2001; Esteves, 2002; Rodrigues et al., 2003; Ministério da Saúde, 2004). Possivelmente por má utilização deste imenso potencial, decorrente da falta de uma base científica, tecnológica e ambiental adequada a respeito da fragilidade do bioma amazônico, de sua complexidade de interação química, do modo de distribuição espacial e utilização de seus recursos dentro dos diferentes ecossistemas, o homem amazônico ainda não conseguiu usufruir plenamente das riquezas que a Região oferece (Goodland & Irwin, 1975; Moura, 1996; Benchimol, 2000; Silva & Melo, 2001). 244 Este histórico descompasso científico e tecnológico justifica na Amazônia a precariedade dos níveis de saúde: elevada incidência de endemias, doenças infecciosas, parasitárias (Negri & Giovanni, 2001; Ministério da Saúde, 2004) e processos carenciais (Yuyama et al., 1996; 1999; 2001; Alencar et al., 1999; 2000; 2001; 2002). Como fator agravante desta situação, constata-se na dieta do amazonense a ausência de micro e macronutrientes, curiosamente abundantes em sua natureza, como é o caso de proteínas fartamente encontradas em seu exuberante potencial pesqueiro (Benchimol, 1997), bem como das vitaminas e minerais presentes nos alimentos e frutas regionais (Shrimpton & Giugliano, 1979; Yuyama et al., 1995; 1996; 1999; 2001; Dutra et al., 2001). A menor estatura entre os brasileiros da criança amazonense é referido na literatura nacional como reflexo deste padrão alimentar (INAN/PNSN, 1990). ECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS X CADEIA DE PRODUÇÃO ALIMENTAR Segundo Noronha (2003) são vários os tipos de vegetação da Amazônia: floresta de terra firme, floresta de várzea, floresta pantanosa (igapó), campina e savana. Em têrmos de desempenho biológico, Beltrão & Beltrão (1990) consideram que para avaliar o potencial da região em quanto à produção de alimentos, destacamse as florestas de terra-firme e várzea. Cada um destes ecossistemas apresenta características próprias e comportamentos diferenciados no que se refere à participação de seus constituintes na cadeia de produção alimentar. Segundo estes autores tal comportamento impõe aos organismos dos referidos segmentos florestais, a adoção de diferentes estratégias de adaptação ambiental, especialmente em quanto à fisiologia animal e vegetal, alterando conseqüentemente a resposta da cadeia alimentar primária, secundária e terciária. A floresta de terra firme ocupa cerca de 95 % da área Amazônica, compreendendo as terras altas e não alagáveis, caracterizadas pela baixa fertilidade do seu solo. A característica mais marcante da região é a sua alta temperatura, pluviosidade e radiação solar, o que possibilita condições ótimas de proliferação animal, principalmente dos insetos herbívoros e de outros organismos patogênicos (Beltrão & Beltrão, 1990). Para se proteger do ataque destes predadores, que em última instância competiriam com a seiva produzida pelas plantas da floresta de terra firme, estas adotam um mecanismo de proteção e promovem um desvio metabólico, seqüestrando a sua produção de seiva que normalmente deveria ser utilizada para sua função reprodutiva, priorizando a produção de substâncias tóxicas ou repelentes, tais como taninos, alcalóides e saponinas (Goodland & Irwin, 1975). Obviamente este comportamento adaptativo implica um maior gasto da reserva energética do vegetal, imprimindo um maior espaçamento entre as florações, o que diminui a capacidade de produção de frutos, diminuindo também a capacidade de oferta de alimentos tanto para o homem como para outros animais (Beltrão & Beltrão, 1990; Clay et al., 2000). Na seqüência evolutiva do impedimento à produção de alimentos na floresta de terra firme, ainda é referido 245 que os compostos metabólicos residuais contidos nos restos vegetais (folhas, troncos, matupás , húmus), após sofrer a decomposição orgânica, são submetidos à digestão hidrolítica. Este estágio é intermediado pela ação mecânica da água de chuva, que arrasta os detritos vegetais para o solo arenoso, onde são submetidos ao intemperismo químico propiciando a liberação dos compostos solúveis que, por lixiviação, alcançam o lençol freático originando a água preta (Goodland & Irwin, 1975; Beltrão & Beltrão, 1990). As propriedades físico-químicas desta massa líquida caracterizam-se principalmente pelo seu elevado índice de acidez, que além de dificultar o processo de fotossíntese, determina também um maior poder de absorção da radiação solar, o que confere maior aquecimento ao meio. O sinergismo destas alterações se reflete imediatamente na produção do fito e zooplancton, tornando improdutivas as cadeias alimentares primárias e secundárias, restringindo a oferta de alimentos e justificando assim a maior dificuldade de sobrevivência e precariedade nutricional na floresta de terra firme (Sioli, 1990; Benchimol, 2000; Clay et al., 2000; Alencar et al., 2000; 2001; 2002). A floresta de várzea representa cerca de 3 % do solo amazônico, entretanto se estende por uma área de aproximadamente 50.000 km 2 (Beltrão & Beltrão, 1990). Situa-se em solo periodicamente alagado, sendo portanto fertilizado pela deposição do limo dos rios de água barrenta, ricos em nutrientes, originários de formação geologicamente recente dos solos andinos (Sioli, 1990 ; Benchimol, 2000). Durante o período da enchente, com duração média de seis meses, a vegetação de várzea desenvolve uma estratégia de adaptação ambiental que consiste na emissão de raízes respiratórias ao longo do caule, para viabilizar uma melhor oxigenação e evitar o apodrecimento das suas raízes. Este mecanismo adaptativo possibilita também uma maior dinâmica nutricional, permitindo uma maior captação de nutrientes durante esse período, aumentando assim a capacidade de produção da cadeia alimentar primária, comprovada pela exuberância do fitoplâncton e zooplâncton, com possíveis reflexos na ictiosidade (Goodland & Irwin, 1975; Beltrão & Beltrão, 1990). Durante o período de vazante ocorrerá uma sedimentação de nutrientes que enriquecerá o húmus deixado no solo, permitindo a vegetação de várzea um novo ciclo reprodutivo. Isto constitui um novo suporte alimentar para os animais terrestres, maior probabilidade de sucesso na agricultura de subsistência e, conseqüentemente melhores condições de sobrevivência em decorrência da maior oferta de alimento. Essas questões podem suportar a hipótese de admitir que um melhor padrão nutricional para as populações residentes no ecossistema é representado pela floresta de várzea (Goodland & Irwin, 1975; Beltrão & Beltrão, 1990; Sioli, 1990; Alencar et al., 2000; 2001; 2002). ( Matupás ou Camalote)- Aglomerado de várias espécies de plantas aquáticas 246 ASPECTOS METODOLÓGICOS A sistemática geração das informações aqui apresentadas foi respaldada na análise de toda a produção científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –INPA– referente à nutrição humana, compreendendo duas situações distintas: os trabalhos desenvolvidos a mais de duas décadas, apesar de não adotarem padronização metodológica, foram incluídos apenas para viabilizar o registro do referencial histórico de precariedade nutricional dos pré-escolares do Amazonas; os trabalhos desenvolvidos pelo Grupo da Nutrição do INPA na última década, serviram de referencial para o diagnóstico evolutivo do estado nutricional da população infantil (áreas urbana e rural), para os quais foi adotado um modelo de estudo transversal de base populacional para estimar a prevalência da Desnutrição Energético Protéica em pré-escolares do Amazonas. Dado o padrão de homogeneidade social, econômico e cultural dominante na população ribeirinha, para cada calha de rio estudado foram incluídos, quando os recursos permitiram, os municípios de posicionamento geográfico: proximal, medial e distal em relação à Manaus. Obedecendo estes critérios o estudo contemplou um universo de 4.030 pré-escolares, sendo 1.751 oriundos do atendimento em diferentes Instituições da área urbana de Manaus-AM (Mendonça, 2000; Esteves, 2002; Rodrigues et al., 2003; Rodrigues, 2004; Araújo, et al., 2003; Silva, 2004), e 2.279 residentes nas calhas dos rios Amazonas, Negro, Solimões, Madeira e Purus (Alencar et al., 1999; 2001; 2002, 2003). Nestes trabalhos foram adotados como parâmetros de diagnóstico os critérios propostos pela OMS (1986), que considera como limite discriminatório entre desnutrição/eutrofia, desvios correspondentes à população de referência inferiores a dois Escores Z, para os indicadores Peso/ Idade (P/I), Estatura/Idade (E/I) e Peso/Estatura (P/E). O ponto de corte expresso em Escore Z corresponde ao número de unidades de desvios-padrão contidos entre a medida observada e o respectivo valor esperado para a população de referência. Para o cálculo das adequações foi utilizado o padrão do National Center for Health Statistics – (NCHS, 1977). Na análise estatística do comportamento dos indicadores antropométricos (E/I, P/I e P/E) e estratificação do indicador E/I em relação à faixa etária, utilizou-se o teste Z para comparação entre duas proporções (Capital X Interior). Aceitou-se α=0,05 para o nível de significância dos referidos eventos (Levine et al.; 2000). Merece ser destacada a representatividade do universo estudado, levando-se em consideração o vazio demográfico e a extensão territorial da Amazônia. O estudo mais recente, contemplando todas as macrorregiões brasileiras, foi a PNDS/ BEMFAM (1997), que envolveu um total de 3.815 crianças, sendo a região Norte urbana representada por apenas 212 crianças. 247 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise dos estudos desenvolvidos no Amazonas nestas últimas décadas, evidencia maior precariedade nutricional para a população infantil do rio Negro (Giugliano et al.,1981; Giugliano et al.,1984; Marinho et al., 1992; Yuyama, 1996; 1999; Alencar et al., 1999; 2000; 2001). Estudos mais recentes, utilizando os critérios da OMS (1986), evidenciam como principal manifestação da desnutrição infantil no Amazonas o déficit de crescimento (16,9 %), registrando-se 23,4 % de crianças com esta forma de desnutrição na área rural, e 10,0 % na área urbana de Manaus-AM, sendo estatisticamente significativa esta diferença. Por essa metodologia o ecossistema do rio Negro é caracterizado como o de maior precariedade nutricional, com 35,2 % das crianças apresentando inadequação no indicador Estatura/Idade, seguido pelas calhas dos rios Solimões (24,4 %), Purus (20,9 %), Amazonas (20,5 %) e Madeira (15,6 %); isto significa que estas crianças estão submetidas a carências nutricionais de longa duração (Alencar et al., 1999; 2000; 2001; 2002; Mendonça, 2000; Esteves, 2002). Detectou-se em todos os municípios estudados na área rural, uma relativa propenção das crianças a sofrer desnutrição no primeiro ano de vida (p<0,05) (Tabelas 1 e 2). Para avaliar a gravidade da situação nutricional das crianças do Amazonas, há referência na literatura que em uma população com boas condições de saúde e nutrição, espera-se encontrar um máximo de 2,3 % de crianças com inadequação nos indicadores (E/I), (P/E) e (P/I), o que deve ser entendido como o porcentual de crianças que não conseguem desenvolver todo o seu potencial de crescimento (PNDS/BEMFAM, 1997). Na área urbana de Manaus-AM foram registrados porcentuais consideravelmente inferiores de desnutrição crônica (10,4 %), sendo 10,9 % e 11,5 % para as crianças atendidas no ambulatório e hospitalizadas no Instituto da Criança do Amazonas – ICAM (Mendonça, 2000; Esteves, 2002), 9,6 % e 13,0 % para as crianças da zona Norte com e sem atendimento pelo Programa Médico da Família – PMF, respectivamente (Rodrigues et al., 2003; Rodrigues, 2004; Araújo et al., 2003). Confirmou-se para o contexto urbano de Manaus o melhor padrão nutricional para as crianças assistidas na creche Casa da Criança (6,4 %) (Silva, 2004). Entretanto, constatou-se como fator agravante para o estado nutricional da população infantil de Manaus, o fato que a desnutrição crônica acomete com maior intensidade as crianças mais jovens (p<0,05) (Tabela 2). A desnutrição aguda denuncia a exposição da criança a carências nutricionais de curta duração ou sua concomitância com processos infecciosos. Essa forma de desnutrição foi mais freqüente entre as crianças hospitalizadas no ICAM (10,5 %) (Esteves, 2002), registrando-se menor intensidade naquelas atendidas no ambulatório da referida Instituição (5,1 %) (Mendonça, 2000), possivelmente uma conseqüência da maior exposição às infecções das crianças hospitalizadas (Tabela 1). Este é um cenário clínico perfeitamente admissível em um ambiente 248 intra-hospitalar, onde se constata um aumento, persistência e/ou agravamento dos processos carenciais em decorrência da interação com processos infecciosos e complicações decorrentes. O acometimento da desnutrição aguda na população infantil da área rural não foi epidemiologicamente expressivo (3,4 %) (Tabela 1). Neste sentido deve ser destacado que na área rural do Amazonas, o aleitamento materno é empiricamente referido como de elevada freqüência; certamente um reflexo cultural da etnia indígena que é preponderante na Região, assim como da maior permanência da mãe junto aos filhos recém-nascidos no contexto rural. Esta situação diverge da realidade diagnosticada em Manaus, onde se verificou que a desnutrição crônica incide com maior intensidade nas crianças mais jovens (Tabela 2). Uma condição agravante desta constatação é a necessidade das mulheres do meio urbano de se ausentar precocemente de casa, logo após o parto, em busca de trabalho para contribuir na composição da renda familiar. Estudos da base populacional de abrangência nacional realizados no Brasil nas últimas três décadas excluíram sistematicamente a região Norte rural (FIBGE/ENDEF1975; INAN/PNSN, 1990; PNDS/BEMFAM, 1997). Destas pesquisas, a mais recente registrou para a região Norte urbana os seguintes porcentuais para as diferentes formas de desnutrição: P/I (7,7 %), P/E (1,2 %), E/I (16,2 %), respectivamente. Tomando como referencial de gravidade a inadequação no indicador E/I da referida pesquisa, percebe-se a magnitude da precariedade nutricional da população infantil da área rural do Amazonas, e uma situação nutricionalmente mais favorável para a capital do estado Manaus, assim como em relação ao perfil registrado para as crianças do Nordeste (17,9 %). Entretanto suscita preocupação quando se confronta o padrão nutricional das crianças do Amazonas e os porcentuais registrados para as regiões mais desenvolvidas do país: Sul (5,1 %) e Sudeste (São Paulo) (6,3 %). O Ministério da Saúde utiliza o Índice de Desenvolvimento Infantil IDI, para avaliar as condições históricas do desenvolvimento econômico de uma região, que indiretamente se reflete também no grau de bem-estar e vulnerabilidade que as crianças estão submetidas na primeira infância (UNICEF, 2001; 2006). A maioria dos municípios do estado do Amazonas se destaca por apresentar um IDI inferior a 0,500 abaixo da média nacional (0,670), sendo portanto compatível com o baixo desenvolvimento infantil. Investigando-se o comportamento deste índice dentro dos diferentes ecossistemas amazônicos constata-se uma melhor pontuação para os municípios da calha do Rio Amazonas, destacando-se o município de Itapiranga que apresenta um IDI igual a 0,556, superior, por exemplo, ao do estado do Amazonas (0,471). 249 CONCLUSÕES E SUGESTÕES A análise destas informações permite concluir que as crianças da área rural amazônica residentes na calha do rio Negro vivem com maior intensidade a forma mais grave da desnutrição, enquanto as residentes na várzea, ou ecossistemas que recebem influência dos rios de água barrenta mais ricos em nutrientes, tais como Amazonas, Solimões, Purus, apresentaram uma situação nutricional mais favorável. Estes resultados evidenciam além do quadro de precariedade nutricional que historicamente é vivenciada pela população do Amazonas, a heterogeniedade e complexidade inerentes aos ecossistemas amazônicos, o que deve ser levado em consideração na execução de programas no campo da saúde e nutrição, ou na implantação de políticas de desenvolvimento sustentável para a região. Acreditamos que a solução para a grave situação de insegurança alimentar da Amazônia estrutura-se primordialmente na sua própria biodiversidade. O entendimento e resolução desta complexa equação envolve a utilização de recursos naturais, obviamente estruturada em critérios de preservação e sustentabilidade, assim como os princípios da Ciência, Tecnologia e da Inovação tecnológica. A observação destes determinantes científicos viabilizará a geração da metodologia analítica adequada à reprodutibilidade de dados, o que possibilitará o domínio, difusão e expansão do conhecimento pertinente à sistemática de produção, processamento, controle de qualidade, embalagem, conservação, distribuição e agregação de valor ao produto regional com possíveis repercussões no campo da saúde, nutrição, segurança alimentar e economia. Propõe-se portanto, a imediata expansão e dinamização da execução de projetos de pesquisa básica e aplicada para o estudo das condições de saúde, nutrição, segurança alimentar, com detalhamento mais específico da composição dos alimentos regionais: caracterização físicoquímica, identificação de seus potenciais energético - protéico - lipídico - vitamínico – mineral, e impactos de sua utilização na recuperação de processos carenciais. Deve constar também na pauta da pesquisa a investigação da capacidade antioxidante dos frutos regionais, sua resposta glicêmica e ocorrência de compostos bioativos, levando-se em consideração a sua demanda futura como elementos preventivos das doenças crônicas não transmissíveis [DCNT ], tão prevalentes na atualidade em decorrência da transição nutricional vivenciada também pela população brasileira. Finalmente as recentes preocupações em quanto às alterações climáticas globais e as possíveis conseqüências decorrentes na cadeia de produção alimentar e composição biológica dos alimentos, merece uma reflexão científica contínua. A geração destas informações viabilizará a implantação de programas nas áreas de nutrição, educação, agricultura e marketing, valorizando e tornando mais fácil e confiável a escolha adequada dos alimentos regionais, o que inevitavelmente refletirá na qualidade de vida do homem da Amazônia. 250 Esta é uma contribuição do INPA ao desenvolvimento sustentável da Amazônia. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao INPA pelo o apoio institucional e à FINEP, CNPq e FAPEAM, pela aprovação e liberação dos recursos financeiros aos diferentes protocolos de pesquisas submetidos, sem os quais não teria sido possível a realização do presente diagnóstico. 251 BIBLIOGRAFIA Alencar, F.H. 2001. Estudo das condições de saúde, nutrição e sobrevivência das populações da calha do rio Amazonas (Nhamundá, Itapiranga e Uricurituba), Relatório FINEP/BID, Manaus-AM – Brasil, 112 p. Alencar, F. H.; Yuyama, L. K. O; Lopes. T. M.; Silva, W. A. 2003. 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Ocorrência do déficit nutricionail em pré-escolares dos diferentes ecossistemas do Amazonas-AM (2007) Indicador Antropométrico (<-2 EscoreZ) LOCALIDADES ESTUDADAS Peso/Idade (%) 1751 10,4 9,8 4,9 ICAM-Ambulatório 549 10,9 11,3 5,1 ICAM-Enfermaria 287 11,5 16,3 10,5 Creche Casa da Criança 188 6,4 1,6 0,5 Periferia Zona Norte 215 13,0 9,7 4,1 Periferia Zona Norte/ PMF 512 9,6 9,4 4,5 2279 23,4 17,5 3,4 Calha do Rio Amazonas 650 20,5 19,6 3,4 Calha do Rio Negro 811 35,2 27,4 2,4 Calha do Rio Solimões 394 23,4 17,8 5,6 Calha do Rio Purus 249 20,9 14,1 4,0 Calha do Rio Madeira 175 15,6 8,6 1,7 0,000 0,000 Capital Interior p= (teste Z) 256 Peso/ Estatura (%) Estatura/Idade (%) (n=4030) 0,017 Tabela 2. Ocorrência da desnutrição crônica (E/I), segundo a faixa etária em préescolares dos diferentes ecossistemas do Amazonas-AM (2007) Localidades estudadas Capital Faixa Etária (Em meses)– MEDHAZ (<-2 escore-Z) (n=4030) 0-12 (%) 13-24 (%) 25-36 (%) 37-48 (%) 49-60 (%) Total (%) 1751 24,9 21,5 17,3 24,1 23,8 ICAMAmbulatório 549 36,7 21,7 15,0 15,0 11,6 10,9 ICAM-Enfermaria 287 27,3 21,2 3,0 30,3 18,2 11,5 Creche Casa da Criança 188 - - 33,3 33,3 33,3 6,4 Periferia Zona Norte 215 10,7 21,5 17,8 17,8 32,1 13,0 Periferia Zona Norte / PMF 512 10,2 14,3 18,4 20,4 36,7 9,6 2279 9,9 24,8 15,3 18,8 31,1 23,2 Interior 10,4 Calha do Rio Amazonas 650 7,5 22,5 20,3 21,8 27,8 20,8 Calha do Rio Negro 811 10,2 29,5 12,5 22,7 25,0 35,2 Calha do Rio Solimões 394 11,5 24,8 17,3 21,5 25,2 23,4 Calha do Rio Purus 249 9,6 28,8 15,4 9,6 36,5 20,9 Calha do Rio Madeira 175 11,1 18,5 11,1 18,5 40,8 15,6 0,000 0,014 0,087 0,000 p= (teste Z) 0,000 0,000 257