“AVALIAÇÃO COMO MOTIVAÇÃO PARA APRENDIZAGEM” AUTOR Ana Cristina Teixeira Leite Criseida Alves Lima INSTITUIÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Rua Silva Paulet, n 856 ap. 301 - Aldeota Fortaleza – Ceará – Cep 60120 - 020 Tel : (085) 2617024 1. INTRODUÇÃO O processo educacional é essencial para o ser humano. “O homem é ser perfectí vel, um ser de cultura e dependente da educação para levar à plenificação a sua inteligência e a sua vontade a fim de vir a ser ele mesmo.” (NISKIER – coord.,p.18). Estudamos para aprender,para crescer, para se informar, para questionar, para socializar-s e, enfim para ser cidadão. Não basta que o ensino transmita apenas habilidades e conhecimentos já alcançados, mas que eduque o individuo transformando-o num homem completo, num cidadão. Quando o ensino prioriza somente a aquisição de informações e definições contidas no conteúdo disciplinar, desconsidera que a realidade está em permanente mutação. É realmente importante desenvolver as habilidades e atitudes em relação a forma de utilizarmos essas informações e definições, através da capacidade de interpretar, analisar, relacionar e aplicar o conteúdo do que foi aprendido Um dos componentes do processo de aprendizagem é a avaliação, considerada neste contexto como uma atitude natural e própria de todo ser humano. De forma genérica, essa ato envolve o julgamento das ações possibilitando decisões. Os individuos de um modo geral emitem seus julgamentos a partir de sua percepção, e estão baseados em suas crenças e valores Para Bergamini “avaliar o outro em função dos nossos padrões é, portanto, um comportamento natural e típico do ser humano” (BERGAMINI p.16). Evidenciamos, que a educação tem como objetivo maaior promover o crescimento e desenvolvimento das pessoas. O processo de avaliação ocorre, então para verificar se esse processo está sendo alcançado. Através da identificação, adequação ou inadequação do comportamento dos individuos, buscam-se os resultados positivos e compatíveis com as metas propostas. 2. AVALIAÇÃO: FATOR MOTIVADOR DA APRENDIZAGEM O sistema de ensino aprendizagem tradicional prioriza a transmissão de informações e imagens através de definições que devem ser memorizadas progressivamente, considerando o aluno como receptador passivo. Essa perspectiva considera a avaliação como um momento determinado, separado do processo de aprendizagem. Assim, a avaliação realiza -se a partir de instrumentos de mensuração do conhecimento adquirido em determinado período de tempo. Para tanto é estabelecida uma data para aplicação do instrumento de avaliação(prova, trabalho, seminário), cujos resultados serão julgados pelo professor, que estabelece os critérios de julgamento. Na maioria das vezes esses critérios não são conhecidos pelos alunos, tornando-os subjetivos no entendimento dos estudantes, o que pode levar à desconfianças em relação à avaliação e provocar conflitos entre professor e aluno. Este modelo possibilita o aparecimento de desconfianças quanto à preferências e simpatias pessoais dificultando, ainda mais, o relacionamento e o processo de ensino aprendizagem. O processo baseado em conceitos tradicionais que privilegiam a relação de autoridade e dependência e objetivam o controle sobre os alunos, distanciam o professor conferindo-lhe autoridade absoluta para julgar. Nesse caso são esquecidos fatores importantes que podem influir negativamente na avaliação, tais como a inadequação do momento, tempo e local para sua realização. Quando a avaliação é realizada de forma convencional deixa de ser um processo natural e contínuo, desconsiderando a premissa de que o ser humano es tá o tempo todo avaliando e sendo avaliado. O professor está procedendo a uma avaliação independente de utilizar ou não técnicas formais, quando distribui tarefas, define as normas para sua execução, estabelece o assunto a ser pesquisado, aprova ou não o trabalho. Esses problemas podem ser evitados quando a avaliação é identificada como processo contínuo, cumulativo e compreensivo, decorrente do ensino-aprendizagem e que procura verificar as mudanças no comportamento, no sentido de valorizar o desenvolvimento de habilidades e atitudes. Além disso o fato de comparar o resultado obtido com aquele esperado não é suficiente, pois para que se possa promover um efetivo aprendizado do estudante é preciso identificar as deficiências da aprendizagem e as causas dessas deficiências. Para que se possa realizar essa verificação é necessário estabelecer primeiramente, objetivos claros a serem alcançados dentro do aprendizado referente ao conteúdo de determinada disciplina. A preocupação com a elaboração de técnicas e instrumentos para avaliar o conhecimento adquirido faz com que, muitas vezes, o professor não dimensione ou esqueça dos objetivos que devem ser alcançados. Os meios e técnicas para mensuração do aprendizado não são perfeitos, mas podem tornar-se melhores quando o objetivo a ser atingido está explicitado com clareza. Além dos objetivos é preciso estabelecer o limite do conteúdo disciplinar que vai ser avaliado, quais os padrões mínimos de desempenho esperado e que formas de medidas serão utilizadas. Nesse sentido a avaliação é parte do processo de aprendizagem, que possibilita o acompanhamento dos alunos em diferentes momentos, evidenciando os avanços necessários para que eles prossigam no seu processo de crescimento. Segundo o Manual de Planejamento e Organização de Ensino, elaborado na Faculdade de Educação da UFRGS “ Avaliação é um tema de fundamental importância no contexto do ensino> Destaca-se não só como um recurso de controle das mudanças de comportamento evidenciadas pelo aluno durante o processo de aprendizagem, mas também como um recurso de medidas de objetivos do ensino, de métodos, de conteúdos, de currículos, de programas e das próprias habilidades do professor”. ( SALDANHA – coord.,p. 301) Esta abordagem considera que todas as pessoas buscam seu auto desenvolvimento, procuram atingir os objetivos e vencer desafios. Entretanto, a forma como os indivíduos atuam tentando atingir suas metas, são diferentes. As pessoas tem comportamentos diversos e por isso devem ser tratadas diferentemente. As práticas nesse sentido tem demontrado que ao darmos atenção às diferenças individuais podemos fazer com que os alunos produzam com maior satisfação, elevando o nível de aprendizagem. Quando o professor utiliza técnicas abertas para avaliar o crescimento no processo de aprendizagem do aluno, ele pode obter dados que demonstrem as dificuldades ou o avanço que cada um atingiu. Tais evidências criam referências para identificar qual a melhor maneira de desenvolver a potencialidade do estudante, satisfazendo também suas necessidades de estima e auto -realização “ pela valorização dos esforços pesoais, pela abertura de espaços para a criatividade individual (...) ( PONTES, p. 57). Assim, o aluno deve ser estimulado a satisfazer sua necessidade de auto-realização aprendendo que concorrência pode significar a superação de suas próprias dificuldades, não valorizando excessivamente os resultados obtidos pelos outros. Partindo da premissa, de que todo indivíduo está interessado em sua automotivação, cabe ao professor oferecer condições aos alunos de satisfaze-las.Nesse caso, o docente deve considerar como verdadeira motivação, aquelas necessidades que são internas, intrínsecas ao indivíduo como a sua própria constatação de crescimento, o reconhecimento pelos seus es forços, a possibilidade de empreender algo, entre outros. As necessidades extrínsecas, mais perceptíveis, são aquelas que promovem a satisfação a partir de fatores externos à própria pessoa, como a nota atribuída pelo professor ou as condições ambientais para realizar trabalhos. Esse tipo de satisfação é importante, porem só estimula as pessoas, levando-as a agir, mas necessitam de incentivos constantes. Assim, o aluno poderá deixar de motivar-se a partir do aprendizado em si, que é o fator responsável pe lo seu auto desenvolvimento e que permite a satisfação de suas necessidades internas de auto-estima e auto-realização. É essa forma de satisfação que leva o aluno a envolver-se com o processo de aprendizagem motivando-se a partir de suas próprias carências intrínsecas. Evidencia -se, então, para o estudante que o verdadeiro significado do processo de avaliação é o seu desenvolvimento e não apenas a nota obtida em momentos determinados. Além da correta percepção do processo como colocado até o presente, é necessário ainda um especial tratamento da forma de sua operacionalização. Esta pode ser obtida através de feedback quando o aluno toma conhecimento dos resultados alcançados durante o processo de aprendizagem. Analisando esses resultados´e possível corrigir falhas, reformular o planejamento proposto e evidenciar os acertos e resultados positivos, o que leva a auto-estima. “ A promoção contínua de feedback permite ao indivíduo a avaliação de seu comportamento e as correções necessárias para alcançar o objetivo final. A comparação, portanto, do desempenho realizado com o objetivo perseguido facilita e tenta tornar mais eficaz e operacional a avaliação. ( SALDANHA – cood.,p. 328). O feedback contínuo permite reforçar os acertos, elevando a auto -estima, e identificando as falhas mais rapidamente, possibilitando uma revisão e atualização mais eficiente. Esta é uma forma de verificar experiências e possibilitar o desenvolvimento. Torna-se claro, portanto, que a avaliação contínua e cumulativa é parte do processo de aprendizagem, e não somente um momento determinado, desvinculado do processo como um todo. Dessa forma, as fontes de satisfação e recompensa ocorrem a partir do próprio aprndizado, desencadeando a motivação interna que surge e se mantém, principalmente, quando os alunos sabem o que se espera deles e como será orientado e avaliado pelo professor. Quando o estudante conhece o objetivo e o conteúdo da disciplina e os padrões de desmpenho mínimos que são exigidos, tende a se comprometer buscando realizar um bom trabalho, e sentindo a satisfação de ser bem sucedido. Partindo, então do pressuposto de que a avaliação é um componente do processo de aprendizagem ela deve fazer parte de contexto maior, onde a participação e o desenvolvimento do trabalho em equipe são privilegiados. Para que esse modelo se concretize o professor deverá ter uma postura mais próxima dos alunos desenvolvendo suas habilidades de relacionamento interpessoal. O docente deve estar atento aos progressos dos alunos procurando orientá-lo, e incentivar o desenvolvimento de suas potencialidades, levando -os a atingir os objetivos propostos. As atitudes que priorizam a centralização, o controle e o autoritarismo, dificultam a participação dos alunos e sua integração, tornando -os desconfiados e desmotivados. A avaliação passa a ser, então, um instrumento que gera o medo, a insegurança, inibindo a criatividade e levando, muitas vezes, à frustações. Esses problemas podem ser evitados quando o professor assume uma postura diferente, utilizando a avaliação como instrumento motivador durante o processo de aprendizagem. O docente deve buscar a satisfação das carências do grupo para o qual ensina, respeitando as diferenças individuais Deve deixar claro o objetivo da disciplina e os parâmetros que definem o padrão mínimo exigido. Esses parâmetros podem ser estabelecidos a partir da análise dos conceitos que o docente considera relevantes para assimilação do assunto. Objetivando e especificando esses conceitos será possível obter um padrão menos subjetivo, que deverá ser conhecido também pelos estudantes. A parti daí deve promover, então, a aprendizagem progressiva e efetiva do conteúdo disciplinar. Sempre que for promover o feedback o professor deve demonstrar confiança na capacidade dos alunos, elogiando os progressos obtidos antes de apontar as deficiências, que devem ser analisadas conjuntamente, evidênciando a posição do mestre de apoiar, indicando sua disposição de auxiliar o aluno na busca por resultaods positivos. Deve enfatizar a importância do crescimento na aprendizagem e a satisfação do trabalho bem realizado. É necessário também que o professor saiba ouvir os alunos e levar em consideração suas opiniões, procurando satisfazer suas necessidades. A melhoria na relação professor - aluno, através da participação e do diálogo construtivo, possibilita a realização da aprendizagem de forma mais adequada e satisfatória, pois identifica as carências dos alunos e estimula a capacidade disponível. Nas palavras de Bergamini “Caso se esteja verdadeiramente interessado em promover o desenvolvimento do ser humano (...), devemos cultivar, além da técnica, a atenção e o afeto pelas pessoas.” (BERGAMINI, p. 38). Somente a partir desse princípio o professor pode esperar desenvolver sentimentos de segurança e confiança nos alunos, elevando sua auto-estima, fazendo com que se sintam parte integrante e importante do grupo do qual fazem parte e evidenciando a possibilidade verdadeira de desenvolver suas habilidades e potencialidades. A aplicação do tipo de avaliação descrita acima, embora possa ser aplicada em diversas disciplinas, se adequa sobremaneira ao Estágio Curricular e Seminário Avançado, nos cursos de Administração. 3. AVALIAÇÃO NO ESTÁGIO CURRICULAR O Estágio Curricular é uma disciplina atípica, na qual se procura combinar o aprendizado teórico e a vivência prática. Por isso a avaliação pode ser feita com base nos avanços progressivos dos alunos, além de possibilitar uma avaliação de forma prática em relação ao papel que ele desempenha na empresa. O contato entre o supervisor pedagógico ( o docente) e o supervisor técnico que acompanha o aluno na empresa proporciona a elaboração de uma avaliação única, que representa um processo natural dentro do aprendizado e fora do ambiente acadêmico levando o aluno a sentir-se estimulado a desenvolver suas potencialidades, tanto de estudante como também de futuro profissional. A partir desse pressuposto o Estágio Curricular deve ser considerado principalmente como “uma oportunidade para refletir, sistematizar e testar conhecimentos teóricos e instrumentos discutidos durante o curso de graduação.” (ROESCH, p.21). Considerando que o aprendizado é um processo de auto desenvolvimento o Estágio Curricular deve capacitar o aluno a perceber situações problemáticas nas organizações e procurar auxiliar nas soluções. Além disso, o estágio proporciona ao aluno vivência na área profissional, ensinando-lhe o relacionamento com colegas e superiores, e o funcionamento de uma organização. Assim, o plano de trabalho deve considerar esses aspectos e seu desenvolvimento progressivo levará a um relatório que servirá como referência para o resultado final conseguido pelo aluno. Esse relatório deverá ser avaliado periódicamente, pelos dois supervisores, para que as falhas sejam corrigidas sem acúmulo. O relatório deve desemvolver os seguintes pontos: informações gerais sobre a empresa na qual o estudante estagia, descrevendo seu perfil e estrutura organizacional e destacando o setor onde desenvolve o estágio; descrever o cargo que ocupa e suas tarefas e responsabilidades; análise teórica e comparativa através de levantamento bibliográfico. A conclusão do relatório deve trazer uma apreciação crítica da empresa e a autoavaliação do estudante. Esse relatório deverá ser desenvolvido de acordo com as atividades praticadas pelo estudante na empresa possibilitando a avaliação do supervisor pedagógico e do supervisor técnico, que atua na organização. O primeiro deverá avaliar o desempenho em termos teóricos, isto é, a metodologia do relatório, sua logicidade, a coerência das idéias, as relações efetivas entre a teoria e a prática. O segundo deverá verificar mais o desempenho técnico do estagiário nas funções que realiza e sua postura profissional na organização. Além da qualificação profissional, os supervisores pedagógico e da empresa devem acompanhar os seguintes fatores: capacidade para identificar problemas e buscar soluções utilizando-se de conhecimentos generalistas e de criatividade, planejar e organizar suas tarefas, integração pessoal através da boa comunicação e espirito de equipe e comprometimento com os objetivos da empresa, interesse por assuntos gerais da sociedade em que vive mantendo-se atualizado, facilidade para adaptar-se a situações novas e interesse por buscar seu auto desenvolvimento. A partir desses princípios básicos o aluno, orientado pelo professor, pode definir suas metas e a forma de atingi-las, descrevendo o plano por escrito, o que facilita o acompanhamento e a comparação no momento da avaliação, entre o que foi planejado e o resultado efetivamente obtido. É preciso, entretanto, que não seja esquecido o objetivo final, pois as “metas nada mais são do que as proporções desejadas dos resultados que serão medidos pelos Padrões de Desempenho. Representam compromissos assumidos, que expressam a contribuição de cada indivíduo, como conseqëncia do seu desempenho”. (LUCENA, p.118). É necessário que o professor não esqueça também de considerar as diferanças individuais de comportamento. Cada pessoa busca atingir seus objetivos de forma diferente, procurando satisfazer suas necessidades pessoais, variando a intensidade de interesse de acordo com sua individualidade.O aluno deve ser orientado para a realização do trabalho, devendo -se buscar estratégias que promovam o seu completo desenvolvimento.Quando a avaliação ocorre de forma objetiva, e não subjetiva, o estagiário tem sua autoestima elevada, envolvendo-se mais com o trabalho, tornando-se mais comprometido, buscando o prazer do trabalho bem realizado e não apenas da nota final. Para tanto, é preciso que o professor deixe claro os parâmetros e prazos que serão utilizados para avaliar o desempenho do aluno, isto é, os resultados que espera que ele atinja. Esses parâmetros podem ser ajustados, se nec essário a critério do professor após negociação com o aluno. É importante que os objetivos específicos para cada etapa representem desafios para os alunos, não sendo nem muito fáceis nem inatingíveis; porém o mestre deve orienta-lo sem autoritarismo. Metas bem definidas tem enunciados específicos e podem ser verificadas dentro de um prazo determinado. Quando o aluno participa da elaboração de seu plano de trabalho sente -se mais motivado pois o plano e os objetivos são dele também e não apenas do professor. Ao participar da definição das metas, estas se tornam mais claras para os alunos, satisfazendo suas necessidades de auto-realização e reconhecimento, uma vez que o aluno é considerado como adulto e, portanto, responsável pelo cumprimento das metas que elaborou. Além disso, o estudante avança no aprendizado de organizar-se e planejar suas próprias tarefas dentro de prazo determinado. O plano de trabalho tem que ser acompanhado periódicamente, não podendo ser deixado por conta apenas do aluno, sem orientação contínua. O professor deve orientar, ajudar e reforçar o comportamento positivo. Como o plano é elaborado contendo metas intermediárias, a avaliação periódica vai permitir não só avaliar se o resultado esperado foi atingido, mas saber as causas que influenciaram nesse resultado, a partir das informações que devem ser anotadas no decorrer do trabalho. Esses registros vão também subsidiar a avaliação final. A avaliação é, portanto, uma análise das possibilidades e dificuldades do aluno, servindo como base para a busca de um aprendizado mais completo e efetivo. As causas que eventualmente impedem que o resultado seja satisfatório pode estar na falta de capacitação do aluno em algum item, o que deve ser corrigido para que o desenvolvimento não seja comprometido. O acompanhamento periódico, reforça os acertos e não permite que as falhas se acumulem, além de permitir que a avaliação se torne mais flexivel e individualiza, uma vez que os parâmetros utilizados pelo professor não serão mais únicos para todo o grupo e o aluno terá o seu ritmo de crescimento respeitado. Essa metodologia conduz ao refoço de resultados positivos pois o estudante se sente apoiado, aproxima professor e aluno, tirando do processo de avaliação o caráter inibidor e levando à consolida ção do comprometimento com a aprendizagem. Para tanto o mestre deve ser comunicativo, saber ouvir, permitir a participação, para que o diálogo seja construtivo. Todo esse processo deve também procurar o desenvolvimento do senso crítico, levando o aluno a um processo de auto-avaliação. Esse processo de auto -avaliar-se é muito importante porque demonstra ao aluno sua responsabilidade como co-participante do processo de ensino-aprendizagem envolvendo-o com seu aprendizado e estimulando seu comprometimento com a realização dos objetivos propostos. A auto-avaliação é facilitada pelo processo de feedback contínuo onde o aluno é informado progressivamente dos resultados atingidos por ele, facilitando a organização de seus padrões internos e possibilitando que o estudante analise e assimile suas condições e busque maximizar sua potencialidade e superar suas dificuldades, obtendo uma aprendizagem mais efetiva. Embora apresentando muitas vantagens não podemos esquecer que essa metodologia exige disponibilidade de tempo maior por parte do professor, e atenção no sentido de determinar metas precisas e resultados concretos, atualizados periódicamente. Além disso, é preciso vencer a resistência de alunos e professores já habituados aos métodos tradicionais. 4. AVALIAÇÃO NO SEMINÁRIO AVANÇADO Esta disciplina é parte integrante da grade curricular do Curso de Administração, estando incluída no penúltimo semestre do curso. Ela tem um caráter especial porquanto seu objetivo maior é a preparação do aluno para o trabalho final e obrigatório da monografia. Pela sua especificidade o docente coloca para o aluno desde o início dos encontros que algo novo em termos metodológicos deverá ocorrer em sala de aula: a possibilidade bem concreta da participação efetiva do discente, a necessidade do trabalho de pesquisa, e ainda saber resumir textos, criticar, sintetizar, enfim de se expor. Normalmente o aluno ao entrar nesta disciplina e acostumado aos estilos tradicionais de ensinoaprendizagem onde a exposição verbal por parte do professor é a tônica dominante do curso, reage de forma introspectiva ou seja, como se a mudança na forma de condução fosse algo ameaçador. Assim, a necessidade de uma preparação e uma avaliação inicial para sondagem de expectativ as e potencialidades é fundamental para o sucesso das atividades posteriores. De posse do resultado dessa avaliação o docente inicia a primeira etapa das atividades, revisando conhecimentos da Metodologia da Pesquisa Científica sobre como ler, resumir, anlisar e escrever dentro dos padrões técnicos. Nesta fase observa -se a performance individual dos alunos, o ritmo de cada um, a base de conhecimentos e experiências anteriores e o nível de suas expectativas e interesses com relação a temas dentro da Administração Geral. Numa segunda fase o docente inicia um processo de construção de seminários fechados, isto é apenas para o grupo matriculado na disciplina, fornecendo os títulos dos assuntos a serem trabalhados. Após os seminários fechados uma segunda avaliação é efetuada, considerando neste momento além dos aspectos individuais citados na primeira fase, a questão da interação, das contribuições em grupos, da liderança, da capacidade de argumentação e defesa das idéias. Após a avaliação da segunda fase e conforme a maturidade do grupo, inicia-se a terceira e última fase das atividades que é a preparação de um seminário aberto a todos os alunos do curso de graduação em Administração, percorrendo as seguintes etapas: 1) o grupo pesquisa livremente uma série de temas; 2)cada aluno ou grupo de alunos defende o porquê da escolha do tema; 3) a classe elenca os temas prioritários e por consenso escolhe o mais relevante, para onde serão dirigidos os esforços de montagem do seminãrio aberto; 4) o grupo prepara todos os passos do seminário aberto, com a supervisão do professor; 5) o grupo apresenta o seminário. Depois da realização do seminário aberto, a última avaliação é preparada considerando-se além dos aspectos anteriores, a questão da interação com o público. O modelo de avaliação é amplamente participativo, onde ocorre dentro dos mesmos critérios: a) uma auto-avaliação( como o aluno se vê); b) a avaliação de um colega (como o outro lhe vê); c) a avaliação do professor (como o facilitador lhe vê). Esses resultados são cotejados e discutidos, possibilitando a todos uma visão de resultados individual e grupal. 5. Conclusão A forma de avaliar o aprendizado não pode ser instrumento inibidor das manifestações de criatividade individual que levam ao maior desenvolvimento do potencial do aluno. O mundo de hoje exige cada vez mais profissionais inovadores e criativos. Os avanços tecnológicos exigem profissionais com qualificação crescente, que precisa ser aperfeiçoada continuamente. A partir desta perspectiva evidencia-se que, a tecnologia hoje, embora importante, subordina-se ao manejo do homem, que deve atualizar-se sempre. Para tanto deve desenvolver espírito empreendedor, dinâmico, criativo, flexível e decidido. “ Essas características do profissional moderno deslocam a ênfase da especialização para a visão mais integradora do seu trabalho, seja com o ambiente interno, seja com o contexto externo; dão mais importancia a criatividade e a inovação do que a larga experiência repetitiva; substituem a segurança do conhecimento já testado pela audácia em enfrentar desafios e correr riscos (...)”(LUCENA, p.15). Isto significa que está sendo valorizada crescentemente a capacidade de aprender e criar, para abrir e conquistar novos espaços. Dessa forma torna-se cada vez mais importante o desmpenho humano, tendo em vista que o aluno deve ser considerado pela sua capacidade de realizar as tarefas e responsabilidades que lhe foram atribuídas apresentando resultados satisfatórios. Assim o aprendizado do aluno deve ser verificado em relação aos resultados que le apresenta e a sua capacidade de criar e aprimorar-se sempre, de acordo com os prâmettros estabelecidos. A verificação desse aprendizado refletirá a capacidade do aluno de utilizar de forma eficiente seu talento e os recursos de que dispõe par atingir as metas propostas. Sob esta perspectiva temos que o professor vai verificar o desempenho, acompanhando o processo de aprendizagem e não apenas avaliando periodicamente o conhecimento obtido. Esta postura leva o mestre a buscar o desenvolvimento da capacidade do aluno para enfrentar desafios, aperfeiçoar seus talentos, superar suas dificuldades, participando e se comprometendo com o aprendizado, não somente das técnicas e habilidades, mas da forma de utiliza-las. Assim a avaliação deixa de ser apenas um instrumento técnico que pode gerar medo, insegurança e frustação, passando a ser visto como um processo natural e necessário para direcionar o aprendizado, desenvolvendo a realização pessoal e valorizando o potencial de cada um, motivando para a busca contínua do aprender. Além disso, durante esse processo, o aluno do curso de Administração desenvolve na prática, suas habilidades para planejar, organizar, dirigir e controlar, que são funções basicamente administrativas. Dessa forma a avaliação passa a ser considerada instrumento útil para todos os envolvidos. A implementação dessa mudança de visão na forma de avaliar o aprendizado apoia-se na busca de maior investimento em educação afim de despertar valores comprometidos com a responsabilidade, a criatividade e a inovação. Procura ainda desenvolver a capacidade de aprender sempre mais, aperfeiçoar continuamente as habilidades, procurando a realização pessoal através da satisfação no próprio trabalho. Esses requisitos são fundamentais para o profissional de hoje, e devem ser desenvolvidos, também, no interior de nossas Universidades. 6. BIBLIOGRAFIA 1) BERGAMINI, Cecília W. & BERALDO, Deobel G. Ramos Avaliação de Desempenho Humano na Empresa 4ª ed., São Paulo, Atlas, 1988. 2) BOOG, Gustavo Grüneberg ( coord.) Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo, McGraw Hill, 1980. 3) KINDALL, Alva F. & GATZA, James Programa Positivo de Avaliação de Desempenho. São Paulo, Nova Cultural, 1986. ( Coleção Harvard de Administração nº 21). 4) LUCENA, Maria Diva da Salete Avaliação de Desempenho. São Paulo Atlas, 1992. 5) NISKIER, Arnaldo ( coord.) Reflexões sobre a Educação Brasileira. Brasília, Conselho Federal de Educação, 1992. 6) PONTES, B. R. Avaliação de Desempenho – Uma abordagem Sistêmica. 4ª ed., São Paulo, Ltr, 1989. 7) ROECH, Sylvia Maria Azevedo Projetos de Estágio do Curso de Administração. São Paulo, Atlas, 1996. 8) SALDANHA, Louremi Ercolani ( coord.) Planelamento e Organização do Ensino. 4ª ed., Porto Alegre, Globo, 1978.