KAROLINA NUNES DA SILVA MICHELE OSHIRO PATRÍCIA BUENO MERLINI TUBERCULOSE BOVINA : UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA LONDRINA – PARANÁ 2008 KAROLINA NUNES DA SILVA MICHELE OSHIRO PATRÍCIA BUENO MERLINI TUBERCULOSE BOVINA: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA Trabalho apresentado para o cumprimento do curso de Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção em Produtos de Origem Animal – UCB, sob a orientação da Prof.a Dra. Mariza Fordellone Rosa Cruz LONDRINA – PARANÁ 2008 SUMÁRIO RESUMO…………………………………………………...…………………………....iii ABSTRACT…………………………………………………………………………...…iv 1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………….............……1 2. REVISÃO DE LITERATURA………………………………………………...…...……3 2.1. EPIDEMIOLOGIA...................…………………………………………………………3 2.2. ETIOLOGIA.........………………………………………………………………….……4 2.3. TRANSMISSÃO.....................................................................................................4 2.4. ACHADOS CLÍNICOS..............................……………………………………………5 2.4.1. Achados Respiratórios………………………...……………………………..………...5 2.4.2. Achados Digestivos...............................................................................................6 2.4.3 Achados na Glândulas Mamárias...........................................................................6 2.4.4. Achados Oculares.................................................................................................6 3. DIAGNÓSTICO......................................................................................................6 3.1. Tuberculinização....................................................................................................6 3.2. Imunodiagnóstico “In Vitro”....................................................................................7 3.3. Anátomo – Patológico............................................................................................7 4. TRATAMENTO......................................................................................................8 5. CONTROLE E PROFILAXIA.................................................................................8 6. PNCEBT..............................................................................................................10 7. IMPORTÂNCIA ZOONÓTICA.............................................................................11 8. A SAÚDE PÚBLICA NO CONTROLE DA TUBERCULOSE E A MAGNITUDE DO COMÉRCIO CLANDESTINO DO LEITE E DA CARNE NO BRASIL.............................12 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………….………17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………...………...……….18 RESUMO A tuberculose bovina, como a humana, volta a assumir grande importância em todo o mundo. Crescente são as perdas econômicas com baixa na produtividade do rebanho e condenação de carcaças em matadouro. O leite e a carne bovinos contaminados podem transmitir a tuberculose bovina, que é uma zoonose. Não se sabe em nosso meio real a importância do Mycobacterium bovis como doença de caráter profissional ou sua transmissão à população por meio do consumo de leite e seus derivados, dificultando a adoção de planos de ação eficazes no País. Realizou-se uma revisão de publicações. Sendo abordados aspectos referentes á importância da tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis no homem e nos bovinos, o comércio clandestino de leite e carne, como um grave problema de saúde pública no país e a ineficácia da Saúde Pública no controle da Tuberculose. Conceitos de etiologia, transmissão, epidemiologia, achados clínicos, diagnóstico, profilaxia são revistos com a finalidade de atualizar os conhecimentos sobre o aspecto da tuberculose bovina. Palavras-chave: Tuberculose - Comércio Clandestino – Leite – Carne - Mycobacterium bovis - Saúde Pública. ABSTRACT The bovine tuberculosis, as the human, it assumes great importance all over the world again. Crescent is the economical losses with drop in the productivity of the flock and condemnation of carcasses in slaughterhouse. The milk and the contaminated bovine meat can transmit the bovine tuberculosis, that is a zoonose. It is not known in our half real the importance of Mycobacterium bovis as disease of professional character or your transmission to the population through the consumption of milk and yours derived, hindering the adoption of effective action plans in the Country. He/she/you took place a revision of publications. Being approached aspects referring importance of the tuberculosis caused by the Mycobacterium bovis in the man and in the bovine ones, the milk black market and meat, as a serious problem of public health in the country and the inefficacy of the Public Health in the control of the Tuberculosis. Word-key: Tuberculosis - Black market –Milk – Meat - Mycobacterium bovis - Public Health. 1. INTRODUÇÃO A tuberculose, doença infecto-contagiosa que afeta mamíferos e aves, constitui um sério problema de saúde humana e animal. Apesar do agente causador da doença ter sido descoberto no final século XIX, o quadro geral da tuberculose humana e bovina tem-se agravado, particularmente nos países subdesenvolvidos e está em ascensão em algumas nações industrializadas, em grande parte devido aos efeitos imunossupressivos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) (BAPTISTA, 2004). Historicamente, mesmo antes da ocupação humana de regiões que, atualmente, correspondem à Europa, o agente desta enfermidade já provocava a doença em animais. No entanto, somente após o processo de domesticação dos bovídeos, ocorrido entre 8000 – 4000 a.C. é que surgiram evidências arqueológicas de infecção humana pelo microorganismo (REICHMAN e TANNE, 2003). Na África, algumas múmias dos Faraós da dinastia Ramsés, que reinaram três mil anos antes da era cristã no Egito antigo, apresentaram sinais compatíveis com a tuberculose óssea. Na sociedade antiga, Hipócrates definiu a tuberculose como uma doença natural denominado-a de tísica, do grego Phlysis, ou seja, que traz consumpção devido ao esgotamento físico, freqüentemente apresentado pelos indivíduos afetados. Posteriormente, Aristóteles também mencionou a ocorrência da doença na população grega, três séculos antes da era cristã. Na França e na Inglaterra, por volta do século XVI, pacientes com tuberculose ganglionar eram contemplados com o “toque real” pelos reis desses países, o que, muitas vezes eram seguidos de melhora dos sintomas, atribuindo-se tal efeito à assepsia do ambiente onde os doentes permaneciam aguardando o referido ritual (CORRÊA e CORRÊA, 1992). São numerosas as referências feitas anteriormente à era bacteriana, ao perigo que representa para o homem o consumo de carne de animais sofrendo de caquexia e é muito provável que nesta designação estivesse incluída a tuberculose bovina. No Talmud, codificado em fins do século II, os rabinos proibiam o povo hebreu utilizar-se de carne de bovinos em cujos pulmões fossem encontradas lesões ulcerativas. Em Munique, por volta de 1307, foi promulgada uma lei semelhante a do Talmud e em Leipzg, 1788, a morte de 12 estudantes foi atribuída a ingestão de carne de animal tuberculoso (FELDMAN, 1955). A tuberculose foi reconhecida primeiramente como doença causada por um agente infeccioso em animais e, historicamente, a transmissibilidade da doença a partir de material humano aos animais, descrita pela primeira vez por Villemin em 1865. Mas foi Robert Koch que em 1882 descobriu o agente infeccioso, corando-o pela fucsina-anilina e isolando-o em meio de cultura em 1884 (ROXO, 1997). Em 1889, Theobald Swit isola o Mycobacterium bovis e em 1902, Ravenel obteve a primeira prova definitiva da transmissão da tuberculose bovina ao homem, decorrente da ingestão de alimentos, isolando em uma cultura para os bacilos presentes em gânglios mesentéricos de uma criança falecida de meningite tuberculosa, no Hospital Infantil da Filadélfia. Tais bacilos foram inoculados em três bovinos, que em menos de 30 dias vieram a óbito. Os resultados da necropsia destes animais não deixaram dúvidas de que a causa morte foi tuberculose. Em 1908, Mantoux instituiu o teste alérgico para diagnóstico e em 1931, Kuhnau verificou que a carne poderia transmitir a doença somente quando o animal era afetado por uma tuberculose generalizada e neste caso, seria condenado durante a inspeção realizada nos matadouros. Entretanto, fabricantes gananciosos utilizavam as partes tuberculosas para o preparo de salsichas que, quando consumidas sem tratamento térmico prévio, ofereciam grande risco às pessoas (SOUZA et al, 1994). É uma zoonose de distribuição mundial, com alta prevalência nos países em desenvolvimento e baixa nos desenvolvidos, devido a programas de controle e erradicação, inspeção de carnes e pasteurização do leite (ABRAHÃO, 1998). De acordo com Sousa et al (2003) a Tuberculose especificamente humana é causada pelo Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). Especificamente em bovinos, é causada pela variedade Mycobacterium bovis. Há séculos a relação entre a tuberculose dos animais e a do homem constitui motivo de preocupação para as autoridades sanitárias (SOUZA et al., 1994). No quadro global de combate à tuberculose e proteção da saúde humana é indispensável, também, a erradicação da tuberculose bovina. A susceptibilidade do homem ao Mycobacterium bovis é uma das principais razões da importância dessa zoonose nos bovinos (BAPTISTA, 2003). De acordo com Baptista et al (2004), Koch, ao apresentar em 1882 a sua comunicação sobre a identificação do agente causal da tuberculose, aponta o escarro do doente tuberculoso como a principal origem do material infectante e acrescenta: "Uma outra fonte de infecção da tuberculose constitui, indubitavelmente, a tuberculose dos animais domésticos, estando em 1o lugar a tuberculose bovina. Com isto, fica também indicada a posição que a Saúde Pública tem que assumir no futuro, em relação ao problema do perigo do leite e da carne de animais tuberculosos. A tuberculose bovina é idêntica à tuberculose do homem e, portanto, uma doença transmissível a este, devendo ser tratada como as outras doenças infecciosas transmissíveis do animal para o homem. Possa o perigo, que resulta do uso do leite e da carne tuberculosa, ser grande ou pequeno, ele existe e deve por isto ser evitado”. De 1988 a 1992, observou-se um aumento dos casos de tuberculose humana notificados no Brasil, alcançando o patamar de 85.955 casos, sendo que a espécie de Mycobacterium envolvida não foi identificada pela metodologia de diagnóstico empregada. A falta de dados tem dificultado a adoção de planos de ação eficazes no País, que deveriam ser adotados pelo Ministério da Saúde (SOUZA et al, 1994). 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. EPIDEMIOLOGIA A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a tuberculose com “emergência global”, mais de 30 milhões de mortes em humanos por tuberculose na última década, quase 10 milhões de pessoas com AIDS e tuberculose (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BUIATRIA, 2004). A tuberculose ressurge hoje como a doença infecciosa humana que mais mata em todo o mundo, causando aproximadamente três milhões de mortes a cada ano. São diagnosticados dez milhões de casos novos a cada ano, principalmente nos países do terceiro mundo. O advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS em muito colaborou para o aumento no número de casos de tuberculose nos grandes centros urbanos (ROXO, 1997). Sabe-se que cerca de 95% dos casos de Tuberculose ocorrem no terceiro mundo, e, aí ocorreram 98% dos óbitos. Em 22 países concentram-se 80% dos casos estimados para o mundo, entre os quais encontra-se o Brasil ocupando o 10˚ lugar (em 1997). No Brasil, a estimativa da OMS de incidência de novos casos por ano é de 129.000 (PIGNATTI, 2004). Em 1991, nove milhões de casos de tuberculose foram relatados em nível mundial e estima-se que um terço da população seja portadora da infecção. A disseminação do vírus da imunodeficiência humana (HIV), aliada à crescente pobreza, fez com que a doença ressurgisse em várias partes do mundo (PIGNATTI, 2004). Dados sobre Mycobacterium bovis em humanos na América Latina e Caribe hoje são muitos escassos, especialmente em crianças. Este fato ocorre principalmente devido ao método de eleição para diagnóstico da tuberculose em humanos representado pela baciloscopia do escarro, carecendo do isolamento e identificação do agente na maioria dos laboratórios da rede de saúde. Por ser o quadro patológico e o tratamento convencional praticamente o mesmo na tuberculose causada tanto pelo bacilo humano, quanto pelo bacilo bovino, pouca importância se dá à identificação do agente para fins epidemiológicos (ROXO, 1997). Na Argentina, que dispõe de uma alta taxa de diagnóstico bacteriológico para a tuberculose humana com isolamento e identificação do agente, a doença por Mycobacterium bovis assume um caráter basicamente profissional, com transmissão principal por aerossóis. No período de 1984 a 1989, entre 2,4% - 6,2% dos casos humanos eram causados pelo bacilo bovino, sendo que 64% deles eram magarefes e tratadores de animais (ROXO, 1997). A tuberculose bovina possui distribuição mundial, concentrando-se principalmente em países em desenvolvimento e em criações intensivas, como em bovinos leiteiros. A tuberculose bovina concentrase principalmente na América do Sul, que também detém a maior população bovina. O Brasil tem atualmente uma população bovina maior que 140 milhões de cabeças, e dados de 1986 mostram que o nível de infecção estava entre 0,9% e 2,9% com 6,2% a 26,3% dos rebanhos possuindo animais infectados, sem que essas taxas mostrassem tendência de diminuição. A taxa de lesões encontradas em matadouro era de 0,14% dos animais abatidos (ROXO, 1997). No Brasil, a tuberculose bovina está disseminada por todo o território nacional, porém a sua prevalência e distribuição regional, não estão bem caracterizadas (MAPA, 2001). Estima-se que a doença afete cerca de 10% das vacas leiteiras e 20% das propriedades de rebanho leiteiro (LILENBAUM, 2000). No período de 1989 a 1998, a prevalência média nacional de animais infectados era, oficialmente, de 1,3%. Entretanto, estudos independentes, realizados principalmente na região sudeste do Brasil, apontaram para uma prevalência de 6,8% a 32,0% (LILENBAUM, 2000). 2.2. ETIOLOGIA A tuberculose bovina é uma zoonose de evolução crônica e efeito debilitante, causada pelo Mycobacterium bovis, que é também um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) (PINTO, 2003). Bacilo delgado de tamanho variável, imóvel, não esporulado, aeróbio e oxidativo, pertencente a ordem Actinomycetales, família Mycobacteriaceae e gênero Mycobacterium. São consideradas fracamente Gram-positivas, não produzem toxinas e não possuem cápsula (QUINN et al, 1994; TRABULSI e ALTERTUHM, 2005). Esta enfermidade é caracterizada pela formação de lesão do tipo granulomatoso, de aspecto nodular, denominada “tubérculo”, cujo hospedeiro primário é o bovino. Diversas espécies mamíferos, incluindo o homem, são também susceptíveis ao Mycobacterium bovis que possui uma das mais amplas cadeias de hospedeiros entre todos os patógenos conhecidos. O homem pode, portanto, contrair a doença de diferentes animais e igualmente transmitir-lhes a infecção (PINTO, 2003). Mycobacterium bovis é moderamente resistente ao calor, e pode permanecer viável em estábulos, pastos, estercos e em locais onde se enterrem cadáveres, por períodos de seis meses a quatro anos (CORRÊA e CORRÊA, 1992). Porém, essa bactéria morre pela pasteurização do leite, ou ação da luz solar direta em ambiente seco. Resiste muitas horas ou dias aos desinfetantes comuns, só alguns fenóis orgânicos conseguem matá-la em meia hora, se forem usados a 3% (CORRÊA e CORRÊA, 1992). 2.3. TRANSMISSÃO O Mycobacterium bovis possui uma das maiores cadeias de hospedeiros entre todos os patógenos existentes, com um complexo padrão epidemiológico, que envolve interações da infecção entre seres humanos, animais domésticos e animais silvestres. O bovino elimina o bacilo da tuberculose no leite, expectoração, corrimento nasal, fezes, urina, secreções vaginais e uterinas, e pelo sêmen (ABRAHÃO, 1999). O Mycobacterium bovis infecta os animais independentemente da estação do ano, clima, sexo e região, mas possui uma relação com a quantidade de anos vividos pelo animal, assim, quanto mais velho o bovino, maior a probabilidade de contágio (CORRÊA e CORRÊA, 1992). As principais vias de infecção por Mycobacterium bovis são a respiratória e a alimentar, entretanto, existem outras portas de entrada disponíveis para o bacilo (RODOSTITS et al, 1994). A infecção pode ocorrer também por vias menos comuns, como a via genital; a congênita, por meio dos vasos umbilicais e através de lesões cutâneas (NEILL et al, 1994). As fontes de infecção mais comuns são o ar, alimentos, água, comedouros, bebedouros e fômites contaminados (CORREA, 1983). As principais fontes de infecção por Tuberculose de origem animal para o homem urbano são, indiscutivelmente o leite e laticínios feitos sem pasteurizar ou ferver o leite. Mas, em casos especiais (Veterinários, magarefes, ordenhadores), além do leite, muitas situações de Tuberculose cutânea e pulmonar são causadas pelo contato com órgãos e vísceras infectadas e por respirar poeira contaminada de estábulos e piquetes de reunião de gado. Na Tuberculose pulmonar ou entérica, o bacilo pode ser excretado não só pela respiração e tosse como pelas fezes. E, uma vez no chão, a poeira passa a ser contaminante (CORREA, 1983). À carne bovina não pode, a rigor, ser imputada como via de transmissão da tuberculose, pelo menos em países onde ela é consumida após cocção e, além do mais é muito raro o encontro do bacilo na musculatura. A inspeção sanitária em matadouros-frigoríficos, por prudência, faz a condenação parcial ou total de carcaças de animais portadoras de lesões presuntivas de tuberculose, constituindo-se um excelente instrumento de vigilância da doença, amparado legalmente (CORRÊA e CORRÊA, 1992; ABRAHÃO, 1999). 2.4. ACHADOS CLÍNICOS Apesar de os sinais relacionados à localização em um determinado órgão normalmente nos chamarem a atenção sobre a ocorrência de tuberculose, alguns sinais sistêmicos também são evidentes. Algumas vacas com extensas lesões tuberculosas do tipo miliar são clinicamente normais, mas, em muitos casos, quando ocorre um emagrecimento progressivo não-associado a outros sinais, somos levados a suspeitar de tuberculose. Um apetite caprichoso e temperatura oscilante também são comumente associados à enfermidade. A pelagem pode-se mostrar áspera ou macia. Os animais acometidos tendem a se tornar mais submissos e apáticos, porém os olhos permanecem brilhantes e alerta. Esses sinais gerais freqüentemente se tornam mais evidentes após o parto (BLOOD, 2002). 2.4.1. Achados Respiratórios O envolvimento pulmonar é caracterizado pela presença de tosse crônica, suave e úmida, sendo facilmente estimulada pela compressão na região da faringe ou por exercícios. Pode ocorrer corrimento nasal seroso ou purulento, dispnéia, taquipnéia e hiperpnéia. Raramente podem ser auscultadas áreas de vazio pulmonar, correspondente a maciez percussória e às vezes ruídos de roce pleural, creptações e sibilos. Em casos avançados de tuberculose pulmonar pode ocorrer hemoptise e a respiração pode ficar profunda (SMITH, 1993). 2.4.2. Achados Digestivos As úlceras tuberculosas do intestino delgado raramente causam diarréia. O aumento do linfonodo retrofaríngeo provoca disfagia e respiração ruidosa devido à obstrução da faringe. A palpação ou a endoscopia da faringe revelam um grande aumento de volume arredondado e firme situado no dorso dela. O aumento crônico e indolor dos linfonodos sub-maxilar, pré-escapular, pré-cural e supramamário é relativamente raro (BLOOD, 2002). 2.4.3. Achados na Glândula Mamária Sua característica principal é uma acentuada induração e hipertrofia, que normalmente se desenvolvem na parte superior do úbere, particularmente nos quartos posteriores. A palpação dos linfonodos supramamários é essencial em todos os casos em que há suspeitas de mastite tuberculosa. Um aumento dos nódulos, acompanhado da fibrose dos quartos, não indica necessariamente tuberculose, mas um aumento sem endurecimento do úbere pode sugerir tanto tuberculose como linfomatose. Nos estágios iniciais, o leite não apresenta anormalidades macroscópicas, porém posteriormente aparecem flóculos muito finos que se depositam, quando o leite está em repouso, deixando-o com aspecto claro e de coloração âmbar. Em estágios mais avançados ainda, o leite pode apresentar-se somente como um líquido de coloração âmbar (BLOOD, 2002). 2.4.4. Achados Oculares No olho dos bovinos podem aparecer algumas lesões granulomatosas. No exame clínico observa-se uveíte, ceratite, descolamento de retina e coriorretinite. Raramente são acometidos os dois olhos, sendo que a infecção intraocular unilateral é provocada quase sempre por difusão hematógena a partir de lesões primárias em qualquer parte do corpo (SMITH, 1993). 3. DIAGNÓSTICO 3.1. TUBERCULINIZAÇÃO Estes testes têm sido utilizados para diagnóstico de tuberculose em bovinos, por mais de um século. Tais testes avaliam respostas de hipersensibilidade retardada, 72 horas após uma injeção intradérmica de tuberculina (PPD – derivado protéico purificado de Mycobacterium). Atualmente, duas modalidades de testes são utilizadas: o teste intradérmico simples, que utiliza apenas tuberculina bovina e o teste intradérmico comparado, que utiliza tuberculina bovina e aviária. A tuberculinização comparada permite minimizar diagnósticos falso positivos por reações desencadeadas por agentes do complexo MAIS (Mycobacterium avium, M. intracelulareae, M. scrofulaceum), que não são patogênicos para bovinos, porém são capazes de desencadear reações positivas. Resultados falso-negativos podem ser observados em várias situações como: em infecções recentes (30 a 50 dias da infecção), nos casos de alergia decorrente do acometimento generalizado (tuberculose miliar); no período de 42-60 dias entre testes; durante o período de 4 a 6 semanas pós parto, onde se observa uma imunossupressão transitória, e recentemente, tem-se investigado o uso de dexametazona por pessoas inescrupulosas, a fim de forjar resultados falso-negativos. Apesar da grande variação da sensibilidade do teste da tuberculinização (68 a 95%, podendo ser menor em condições de campo), o mesmo vem sendo utilizado como principal método de diagnóstico em programas de controle e erradicação da tuberculose bovina em muitos países (SOUZA et al, 1999). 3.2. IMUNODIAGNÓSTICO “In Vitro” A sensibilização “in vitro” para o diagnóstico da tuberculose bovina foi introduzida recentemente por pesquisadores australianos. Tal técnica visa a avaliação de respostas celulares “in vitro”, 3 dias depois de realizada a prova de tuberculinização simples. Amostras de sangue heparinizadas são coletadas e incubadas por 24 horas com PPD bovino, utilizado como antígeno para que ocorra a estimulação antigênica de linfócitos T circulantes presentes na amostra. Os linfócitos T, na presença de células apresentadoras de antígenos, são capazes de secretar gama-interferon, que pode ser titulado através de uma prova de ELIZA (Enzyme Linked Immnosorbent Assay) de captura ou Eliza sanduíche. Este teste possui alta sensibilidade quando comparado aos testes de tuberculinização (95,2 versus 65,6%). Problemas de reações falso-positivas, decorrentes de reações cruzadas podem ser minimizadas pelo uso de ensaios comparativos, dos quais os títulos de gama-interferon da amostra de PPD bovino são comparados aos títulos de uma resposta ao PPD aviário (SOUZA et al, 1999). 3.3. ANÁTOMO-PATOLÓGICO O diagnóstico anátomo-patológico, ou post mortem, da tuberculose bovina, durante a realização de necropsias ou de inspeção sanitária de carcaças em matadouros-frigoríficos, apresenta considerável dificuldade, uma vez que, as lesões granulomatosas típicas da tuberculose podem ser confundidas morfologicamente com muitos processos inflamatórios que também induzem à formação de granulomas, isto é, lesões nodulares com 1 mm a 2 cm de diâmetro, confluentes ou não, de cor amarelada, envolvida por cápsula fibrosa e contendo exsudato com aspecto purulento ou caseoso no seu interior (ANDRADE et al, 1991; LAGE et al, 1998; GIL, 2000). Dados de literatura demonstram que cerca de 70 a 90% das lesões presuntivas de tuberculose, encontradas durante o exame post mortem de carcaças em abatedouros-frigoríficos, ocorrem nos linfonodos da cabeça e da cavidade torácica e, dentre as carcaças com tais alterações, 66% delas evidenciam uma única lesão. Um estudo conduzido na Austrália concluiu ser conveniente acrescentar ao exame post mortem convencional, a inspeção também dos pulmões e dos linfonodos mediastínicos, retrofaríngeos e bronquiais. De acordo com este estudo, tal procedimento possibilitou a identificação de 86% das carcaças com apenas uma lesão presuntiva de tuberculose. Ainda com o propósito de melhorar a eficiência do exame post mortem, este mesmo estudo conseguiu identificar 95% das carcaças com única lesão presuntiva da doença, acrescentando ao procedimento anterior o exame, também dos linfonodos mesentéricos e mais três pares, correspondentes aos parotídeos, cervicais caudais e inguinais superficiais (CORNER, 1994). 4. TRATAMENTO Os tratamentos de bovinos tuberculosos, utilizando principalmente a isoniazida têm sido proibido em países que têm programas de controle, pois não se obtém por meio de tratamento a eliminação de todos os animais portadores do bacilo, mantendo desta forma a fonte de infecção e a doença no rebanho (ROXO, 1997). A vacinação de animais contra a tuberculose ainda não foi preconizada em nenhum programa de controle, face à problemática de indistinção de animais infectados e vacinados frente aos exames de rotina empregados. Porém, pesquisas fomentadas por entidades internacionais continuam buscando uma forma de desenvolver um antígeno capaz de promover imunidade e não interferir nos testes diagnósticos (COSIVE et al, 1998). Em humanos o tratamento é padronizado no Brasil. As medicações são distribuídas pelo sistema de saúde, através de seus postos municipais de atendimento. O tratamento inicial (preferencial), chamase RHZ e inclui três medicações: rifampicina (R), isoniazida (H) e pirazinamida (Z). É muito eficaz. A cura usando o esquema RHZ por 6 meses, que é preconizado pelo sistema público de saúde, aproxima-se de 100% quando a medicação é utilizada de forma regular, ou seja, todos os dias. Geralmente, o tratamento dura seis meses, mas, em casos especiais, pode ser mais longo. Nos primeiros dois meses, são utilizados as três medicações juntas. Já nos últimos quatro meses, são utilizadas a rifampicina associada a isoniazida. O motivo da utilização de mais de uma medicação contra o mesmo germe é que a taxa de resistência do microorganismo a este esquema tríplice é baixa. Além do esquema de tratamento RHZ, existem outros esquemas (com outras combinações de medicamentos) que podem ser utilizados em situações especiais ou nos casos de falência com o tratamento da primeira linha (preferencial). (ABC DA SAÚDE E PREVENÇÃO, 2005). 5. CONTROLE E PROFILAXIA Esperava-se que até o final do século XX esta zoonose estaria erradicada dos países desenvolvidos, entretanto não foi o que aconteceu, inclusive reemergindo em muitas regiões onde já era considerada como controlada (REICHMAN e TANNE, 2003). O controle da tuberculose bovina baseia-se, principalmente, na realização da prova da tuberculina e abate dos animais que reagirem positivamente. Dessa forma, em áreas de produção de leite recomenda-se a tuberculinização anual (BRASIL, 2006). Já em áreas de produção de gado de corte pode-se identificar os estabelecimentos infectados através do estudo das lesões observadas nos estabelecimentos de abate (CORRÊA e CORRÊA, 1992). Nos países desenvolvidos, os programas de controle e erradicação da tuberculose bovina basearam-se no emprego de vários métodos tais como, o sacrifício de animais diagnosticados como positivos, a investigação epidemiológica retrospectiva a partir do monitoramento de carcaças de animais com lesões presuntivas de tuberculose em matadouros-frigoríficos, associados à implantação de um eficiente processo de pasteurização do leite. Tais medidas reduziram drasticamente a incidência da doença causada por Mycobacterium bovis em bovídeos e humanos, nos quais em torno de 5 a 10% dos casos de tuberculose são decorrentes da infecção por Mycobacterium bovis (WEDLOCK et al, 2002). Dentre trinta e quatro nações da América Latina e Caribe, apenas doze detêm cerca de 76% do rebanho bovino desta área, e aplicam medidas de controle como o teste-sacrifício e notificam a tuberculose bovina. O Brasil configura-se entre elas. Em vinte e dois países, a doença é parcialmente controlada ou não tem controle algum. A prevalência da infecção por países é muito flutuante, com taxas muito baixas em Cuba, Uruguai e Venezuela, moderadas na Argentina, Paraguai, Brasil e Chile, e elevada na Bolívia (COSIVE et al, 1998). No Brasil está sendo realizada a certificação de estabelecimento de criação livre de tuberculose. Este certificado é emitido pela Delegacia Federal da Agricultura, e consta do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, condicionado à obtenção de três testes de rebanho negativos consecutivos, realizados num intervalo de 90 a 120 dias entre o primeiro e o segundo testes, e de 180 a 240 dias entre o segundo e o terceiro testes. O certificado de estabelecimento de criação livre de tuberculose tem validade de 12 meses (BRASIL, 2006). Ocorre também a certificação de estabelecimentos de criação monitorados para tuberculose, restrito a criação especializada em pecuária de corte. Neste caso os animais são escolhidos por um método aleatório. Os testes de diagnóstico para tuberculose devem ser realizados num intervalo de 10 a 12 meses, até obterem-se dois resultados negativos consecutivos em todos os animais testados, passando então a serem realizados num intervalo de 18 a 24 meses (BRASIL, 2006). Medidas gerais de higiene, como limpeza e desinfecção das instalações, cuidado na introdução de novos animais no rebanho (com testes negativos, provenientes de rebanhos livres, quarentenários e isolamento de animais suspeitos) também são importantes para evitar que a doença se instale na propriedade ( ROXO, 1996). O impacto da tuberculose como zoonose, pondo em risco a saúde humana, constitui-se em um fator determinante para que se estabelecessem programas para seu controle e erradicação ainda no início do século XX, que associados ao processo de pasteurização do leite em países desenvolvidos levou a uma redução na incidência de tuberculose humana causada por Mycobacterium bovis. As medidas básicas necessárias para o controle da tuberculose em rebanhos domésticos são bem definidas e as informações atinentes ao processo estão prontamente acessíveis (COSIVE et al, 1998). 6. PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE E ERRADICAÇÃO DA BRUCELOSE E TUBERCULOSE ANIMAL (PNCEBT) O PNCEBT foi instituído em 2001 pelo MAPA com o objetivo de diminuir o impacto negativo destas zoonoses na saúde comunitária e de promover a competitividade da pecuária nacional (MAPA, 2008). A certificação de propriedades livres de brucelose e de tuberculose tem como objetivo padronizar o controle dessas enfermidades, dentro dos princípios técnicos sugeridos pelo Código Zoosanitário Internacional e aceitos internacionalmente (MAPA, 2008). O saneamento das propriedades que entram em processo de certificação é feito testando todos os animais e sacrificando os reagentes positivos. Os testes em todo o rebanho são repetidos até obter três resultados sem um único animal reagente positivo, ao longo de um período mínimo de nove meses. Uma vez saneada, a propriedade obtém o certificado de livre, e a manutenção desse status depende do cumprimento de todas as regras e normas sanitárias estabelecidas. As propriedades certificadas ficam obrigadas a repetir os testes anualmente, em todos os animais. Deve destacar-se a exigência de dois testes negativos para o ingresso de animais na propriedade, se os animais não forem provenientes de outra propriedade livre. São submetidos a testes de diagnóstico para tuberculose todos os animais com idade igual ou superior a seis semanas (MAPA, 2008). A certificação de propriedades livres ou monitoradas para brucelose e tuberculose constitui medida de adesão voluntária. Tanto as medidas compulsórias quanto voluntárias têm por fundamento a redução de risco da ocorrência de brucelose e tuberculose na propriedade, visando não somente à saúde dos animais, como também à saúde do produtor, de seus familiares, tratadores e trabalhadores da propriedade e consumidores, visto o caráter zoonótico e o aspecto ocupacional relacionado à transmissão dessas doenças, principalmente às pessoas que lidam com animais e seus produtos. Ao detectar animais positivos aos testes para brucelose e tuberculose no rebanho, o produtor deve providenciar o imediato afastamento da produção e isolamento dos outros animais, sendo recomendado o procedimento de exame em todo o rebanho, na faixa etária recomendada, visando ao saneamento da propriedade. O leite não poderá ser usado para consumo humano, nem para alimentação de qualquer espécie animal. Os animais doentes deverão ser marcados com um “P” com ferro candente no lado direito da cara, devendo essa marcação ser realizada pelo médico veterinário habilitado que realizou os testes de diagnóstico. No prazo máximo de 30 dias, a contar da data da realização dos testes, deverão ser encaminhados ao abate em estabelecimento com inspeção sanitária oficial, ou destruídos na propriedade, desde que sob acompanhamento do serviço oficial de defesa sanitária animal. Essas ações envolvem o médico veterinário habilitado que realizou os exames, o serviço de defesa sanitária oficial e o serviço de inspeção oficial. Ao adquirir animais, o produtor deve exigir atestados negativos de testes de brucelose e tuberculose, minimizando, desta forma, o risco de introdução destas doenças em seu rebanho.A adesão pelo produtor à certificação de propriedades livres ou monitoradas, além do benefício sanitário, propicia-lhe benefícios econômicos, pela redução dos prejuízos ocasionados pelas doenças, pela maior credibilidade sanitária e pela agregação de valor aos seus produtos, sendo fomentada pelas indústrias de carnes e produtos lácteos (MAPA, 2008). A eficácia de um programa nacional de combate a qualquer doença depende em parte da qualidade e padronização dos meios de diagnósticos utilizados. No contexto deste programa, são determinados os testes de diagnóstico indireto aprovados e seus critérios de utilização e interpretação para a tuberculose, são eles: (1) a tuberculinização por meio do Teste Cervical Simples (TCS) é adotada como prova de triagem devido a sua boa sensibilidade; (2) o Teste da Prega Caudal (TPC) também é utilizado como prova de triagem, porém exclusivamente em gado de corte; (3) o Teste Cervical Comparativo (TCC) é a única prova confirmatória, podendo ainda ser usada como prova de triagem em rebanhos com histórico de reações inespecíficas, em estabelecimentos certificados como livres e em estabelecimentos com criação de bubalinos, visando garantir boa especificidade diagnóstica (MAPA, 2008). 7. A IMPORTÂNCIA ZOONÓTICA O atual aumento da incidência da tuberculose em seres humanos, especialmente em pessoas imunodeprimidas, gerou um maior interesse na importância zoonótica do Mycobacterium bovis, principalmente nos países desenvolvidos (BLOOD et al, 2002). O vírus da Síndrome da Imunodeficiência Humana (HIV) tornou-se um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da tuberculose nas pessoas infectadas pelo Mycobacterium. A chance do indivíduo infectado pelo HIV adoecer de tuberculose é de aproximadamente 10% ao longo de toda a sua vida (ABC DA SAÚDE E PREVENÇÃO, 2005). Porcentagem de casos de Tuberculose em humanos de origem bovina em países industrializados 1%, países em desenvolvimento 5% (estimativas) (ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE BUIATRIA, 2004). A facilidade e a freqüência da disseminação da tuberculose de animais para o homem, em ambientes sem controle, faz com que essa seja uma importante zoonose. A transmissão aos homens pode ser significativamente reduzida pela pasteurização do leite, mas somente a completa erradicação da enfermidade pode proteger o criador e sua família (BLOOD et al, 2002). O risco para a Saúde Pública de se contrair o agente pela ingestão de produtos cárneos contaminados torna-se menor, devido a baixa incidência do agente em tecidos musculares e do hábito de não se comer carne crua no Brasil. Porém, tal risco não deve ser ignorado, quando se leva em considerações o grande número de abates clandestinos, ou mesmo o abate de animais descartados de rebanhos positivos em matadouros municipais, que não atendem as normas de inspeção exigidos pelo rigor da lei (SOUZA et al, 1994). Trabalhos realizados na Nigéria, por exemplo, incriminam a ingestão de carne contaminada como responsável por cerca de 45% dos casos de tuberculose em humanos causada pelo Mycobacterium bovis (SOUZA et al, 1999). Devido à capacidade zoonótica da doença, sua importância no âmbito de saúde pública, e a presença desta enfermidade em rebanhos bovinos há risco iminente à saúde humana, seja na forma de doença ocupacional, ou através do consumo de produtos de origem animal contaminados com o bacilo, especialmente leite e derivados lácteos consumidos in natura. Estima-se que 90% do leite produzido nos países africanos, da região abaixo do Deserto do Saara, são consumidores in natura ou em forma de coalhada. Aliás, o emprego do processo de pasteurização de leite ainda é uma realidade distante em muitos países em desenvolvimento (CORRÊA e CORRÊA, 1992; COSIVE et al, 1998; ABRAHÃO, 1999). Os prejuízos à cadeia produtiva da carne e do leite, em função da tuberculose, estimados entre 10 e 25%, estão vinculados às perdas diretas resultantes da morte de animais, à redução gradativa dos índices zootécnicos e às perdas diretas resultantes da morte de animais, à redução gradativa dos índices zootécnicos e às condenações de carcaças em matadouros-frigoríficos sob inspeção sanitária. Além disso, a presença da enfermidade nos rebanhos torna os produtos resultantes da pecuária vulneráveis às barreiras sanitárias, impostas pelo mercado internacional. Por isto, esta doença integra a lista de notificação compulsória à OIE. Devido a este conjunto de fatores, os prejuízos na pecuária mundial, em função da tuberculose, giram em torno de três bilhões de dólares por ano (LAGE et al, 1998). O Brasil detém o maior rebanho bovino comercial do mundo, com aproximadamente 195 milhões de cabeça, distribuídas em quase 2,5 milhões de propriedades rurais; há mais de 4.500 estabelecimentos de abate sob inspeção industrial e sanitária em nível federal e o País configura-se como o principal exportador de carne bovina in natura, mas há ainda o paradoxo do abate clandestino responsável pela metade do total de bovinos abatidos no país, para consumo no mercado interno. Não obstante, quase metade da população brasileira de leite não recebe um processamento antes de ser fornecido para a população (ALVES, 2001; PARDO et al, 2001; BRASIL; 2002). 8. A SAÚDE PÚBLICA NO CONTROLE DA TUBERCULOSE E A MAGNITUDE DO COMÉRCIO CLANDESTINO DO LEITE E DA CARNE NO BRASIL Em março de 1998, a imprensa internacional levanta a calamidade da situação epidemiológica da tuberculose no mundo, discutida pela OMS e mostra o Brasil ocupando a décima posição no mundo (NETTO, 1999) Pio (ex-coordenador da OPAS para os PCT das Américas) comentando sobre os problemas e perspectivas da luta contra a tuberculose, levantava as seguintes questões em 1985: é realista a estratégia mundial de saúde para todos no ano 2000, no que se refere ao controle da tuberculose? O que teremos alcançado no ano 2000? Assinala que, no final da década de 40, a disponibilidade de vacinação com BCG, radiografia tórax em massa e quimioterapia específica criou um clima de grande otimismo com respeito ao futuro da tuberculose. A eliminação gradual e inclusive a erradicação da doença parecia estar ao alcance. Contudo, acrescentamos, contrariando este otimismo, presenciamos a situação presente (NETTO, 2002). Deve-se assinalar que, em muitos locais (assim como acreditam muitos profissionais de saúde), as autoridades deixaram o problema de lado como se fosse assunto resolvido. Afinal, já que conhecia bastante a enfermidade, sua fisiopatologia, diagnóstico, esquemas terapêuticos e medicamentos disponíveis. Não se considerou que a existência de todo esse saber prévio ou recursos de nada adiantam se eles não forem colocados ao alcance da população geral e, acima de tudo, que esta população necessita fazer uso efetivo dos recursos quando estes existem no local (ROCHA, 1996). No Brasil, a escassez de trabalhos epidemiológicos recentes em humanos, que realizam tipagem do agente causador da tuberculose, impedem que se tenha uma idéia da real situação do progresso da doença (SOUZA et al, 1994). Um fator agravante é que laboratorialmente, devido a aparente similaridade na apresentação clínica, tratamento e prognóstico da infecção no homem pelo Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis, sempre ocorreram falhas no diagnóstico diferencial destas micobactérias, principalmente nos países onde se julgava erradicada a tuberculose bovina (PINTO, 2003). Segundo a OMS, a tuberculose como zoonose é preocupante, principalmente nos países em desenvolvimento, onde o conhecimento é escasso (ROXO, 1997). No Brasil, a real situação da tuberculose humana causada pelo Mycobacterium bovis não é conhecida, pois não existem dados que forneçam objetivamente a freqüência do Mycobacterium bovis em tuberculose humana (ABRAHÃO, 2005). O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do planeta, correspondendo a 15% do total mundial e é o segundo maior produtor de carne bovina. É também, o sexto maior produtor de leite do mundo, crescendo a uma taxa anual de 4%, superior a de todos os países que ocupam os primeiros lugares, respondendo por 66% do volume total de leite produzido no MERCOSUL, contando com mais de um milhão e cem mil propriedades que exploram o leite (EMBRAPA, 2005). Para os pecuaristas, a tuberculose bovina gera conseqüências econômicas desastrosas, devidas em grande parte à aquisição de animais doentes, como a redução da produção de leite e carne; desvalorização comercial do animal infectado pela rejeição de sua carcaça; maior intervalo entre partos; maior necessidade de substituição dos animais no rebanho; produção de crias debilitadas e diminuição do valor comercial da fazenda. Por isso, ainda hoje se pratica o abate clandestino e o comércio clandestino de leite em várias regiões do Brasil, sendo difícil fazer uma estimativa do problema. No caso da tuberculose, este fato é muito importante, pois alguns produtores de gado de leite e de corte, com altos índices de condenação por tuberculose, enviam seus animais para serem abatidos em locais sem controle sanitário (CERQUEIRA et al, 1994). A legislação brasileira manda abater os bovinos com tuberculose, mas, como os proprietários de animais sacrificados não são indenizados, nem sempre a lei prevalece. O próprio governo admite que existe o comércio de compra e venda de gado com tuberculose, além do comércio clandestino de carne e leite que, apesar de proibido por ameaçar a saúde pública, é uma triste realidade no Brasil (ANTENORE, 1998). Segundo BEZERRA, em 2001 o Brasil possuía mais de 160 milhões de cabeças de gado, cerca de 750 frigoríficos e quase 100 mil pontos de venda (açougues e supermercados). Como não foi possível controlar o abate desses animais, estimou-se que metade da carne consumida no país provinha de matadouros clandestinos. Em 2001, na Bahia, a carne clandestina era consumida por 60% da população do Estado, que possuía apenas 13 matadouros legalizados contra 150 ilegais, ou seja, sem inspeção e controle sanitário. Segundo o Ministério Público do Estado da Bahia, 5% dos casos de tuberculose humana registrados no Estado, foram provenientes do Mycobacterium bovis presente na carne bovina e leite contaminados (SOUZA et al, 1994). Uma pesquisa realizada constatou que a informalidade do comércio clandestino no Brasil está crescendo. Em 1990 e 1995 já alcançava a casa dos 7 bilhões de litros (ABRAHÃO, 1998). Em 1997, 41% do leite bovino que se produziu no país tinha origem clandestina, ou seja, dos 20 bilhões de litros produzidos, 8,2 bilhões de litros chegaram até o consumidor sem passar pelas usinas de beneficiamento, sem pagar impostos e, o mais perigoso, sem o aval da inspeção sanitária. Os brasileiros consumiram esse leite clandestino de 3 modos diferentes: na forma líquida (6 bilhões de litros), como queijo (200 mil toneladas) e como iogurte ou bebida láctea (80 mil toneladas). A distribuição clandestina do produto na forma líquida era feita às claras, quase sempre sem refrigeração, em peruas, carroças e até motocicletas. Muitos vendedores negociavam o leite a granel, trasnportando-o em latões, e o comprador o recolhia com vasilhas. Outras vezes, a bebida chegava em embalagens sem rótulo (normalmente em sacos plásticos ou garrafas de refrigerante) (ABRAHÃO, 1998). Segundo estimativas da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE LEITE (1999) dos 20,3 bilhões de litros de leite produzidos em 1998, 48% (9,7 bilhões de litros) não foram fiscalizados pelo Ministério da Agricultura. Em 1998, na zona leste de São Paulo, em uma chácara urbana, existia um curral com 70 cabeças de gado, sendo que 25 eram vacas. Os proprietários viviam do comércio clandestino do leite, distribuído em favelas, e de fabricação de queijos. O leite era acondicionados em garrafas plásticas de refrigerantes, que eram lavadas precariamente, sendo a distribuição executada em carroças sem refrigeração, e sem controle sanitário em nenhuma etapa do processo (ANTORE, 1998). Neste mesmo ano, estimou-se que na Paraíba apenas 10% dos municípios fiscalizavam o leite consumido pela população. Mais de 70% da população da Paraíba só tinha acesso a leite in natura, quer era vendido de casa em casa, em vacarias ou em pequenos pontos de distribuição. Os vendedores de leite in natura utilizavam bicicletas, motocicletas e carros na distribuição do produto aos clientes, nas grandes cidades do interior paraibano. Em cidades menores, o leite chegava a ser transportado por jumentos (BARBOSA, 1998). Algumas indústrias de pasteurização tentaram entrar no mercado de leite do interior Paraibano, mas não tiveram êxito. As indústrias não conseguiram mudar o hábito da população de consumir o que se conhece como “leite puro, gordo e forte”, existindo uma grande resistência ao leite pasteurizado (BARBOSA, 1998). De acordo com BRAGON (1998), dos 6 bilhões de litros de leite produzidos, anualmente, em Minas Gerais, cerca de 2,4 bilhões (40%) eram vendidos sem fiscalização. O Estado é o maior produtor do país, respondendo por 30% da produção. A fama de “leite forte” atraía consumidores de leite in natura na cidade de São José da Lapa, em Minas Gerais. Algumas das justificativas dadas por consumidores do “leite de curral” eram: “o leite é mais gordo”, ou “ele tem sabor e cheiro diferentes do industrializado, que é um leite fraco”, ou ainda “é muito mais gostoso”. O maior produtor de leite informal da cidade, entregava o leite de porta em porta todas as manhãs e dizia que as cooperativas “não ofereciam um produto com a qualidade que as pessoas queriam”. Ele se orgulhava de “não tirar nada do leite, de vendê-lo nas mesmas condições em que saía das tetas de suas 10 vacas”. Para ele, isso dava o “sabor” especial (BRAGON, 1998). No Paraná, em 1998, o município de Cambé utilizava leite não pasteurizado, proveniente de 30 produtores, na merenda escolar da cidade. Apesar da população ser orientada a ferver o leite antes do consumo, havia a crença de que essa medida destruiria vitaminas e tornaria insolúvel parte do cálcio e do fósforo, inviabilizando sua absorção pelo organismo (ANTORE, 1998). O comércio clandestino é uma constantes preocupação dos serviços de inspeção veterinária em todo o mundo. As dificuldades para o seu combate, são proporcionais ao grau de desenvolvimento dos países, aos seus problemas econômicos e aos seus padrões culturais (CALIL et al, 1990). A falta de um diagnóstico efetivo, que diferencie cepas de Mycobacterium bovis e Mycobacterium tuberculosis agrava o problema. Uma provável explicação para essa falha seria a perda de interesse epidemiológico devido à queda na incidência da doença, após a obrigatoriedade da pasteurização do leite e abate de gado tuberculina-positivo, e a confiança na eficácia da quimioterapia atual contra todos os tipos de tuberculose. Entretanto, desde que a tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis reapareceu em países nos quais ela estava praticamente erradicada e desde que a pirazinamida passou a ser regularmente usada como uma droga antituberculose de 1ª linha, e o Mycobacterium bovis é naturalmente resistente a ela, existem razões para que essa diferenciação seja feita (ABRAHÃO, 1998). A principal delas seria o fato de que casos de tuberculose humana por Mycobacterium bovis podem ser tratados como tuberculose Mycobcterium tuberculosis em todo o país. Como o Mycobacterium bovis é naturalmente resistente a pirazinamida, cepas multidroga-resistentes poderão ser geradas nestes tratamentos falhos, impedindo a cura do paciente, tornando-o um potencial transmissor destas cepas resistentes a outras pessoas e animais e, eventualmente, levando-o à morte (ABRAHÃO, 1998). Outro grande problema abrange os dados oficiais sobre a tuberculose bovina no Brasil, sugerindo que os números apresentados pelo Ministério da Agricultura estejam muito abaixo da realidade e demonstrando que os dados estatísticos disponíveis no país fornecem uma noção muito limitada do problema, pois há uma grande sub-notificação dos animais tuberculina-positiva e uma produção insuficiente de tuberculina para o rebanho nacional (ABRAHÃO, 1998). Antore (1998) ressaltou que, na realidade, o que ocorre no Brasil é um fenômeno social complexo. Em geral, os leiteiros ignoram os riscos sanitários do produto que comercializam. São criadores modestos, não organizados e de baixa escolaridade, que burlam a lei para sobrevier. Se vendessem o leite às usinas, acabariam sendo inviabilizados comercialmente, porque ganhariam menos do que lucram com a venda ilegal. A maioria dos compradores também não dispõem de informações mais sofisticadas sobre a segurança alimentar, desconhecendo ou ignorando os riscos a que estão expostos. Consomem o leite cru por jugá-lo mais saudável e ainda contam com a vantagem de o produtor informal vender a prazo. As áreas do governo que deveriam orientar a população, prestar assistência técnica aos produtores de leite e fiscalizar o cumprimento da lei, reconheciam a gravidade do problema, mas freqüentemente se omitiam, alegando falta de recursos financeiras. Combater o comércio clandestino de produtos animais, exige uma atitude politicamente coerciva, que no caso do leite vendido informalmente, seria considerada antipática frente à preferência da população, que aprecia o produto in natura e o compra a prazo (ABRAHÃO, 2005). Os erros de avaliação do problema resultaram em medidas tímidas no sentido de implementar e por em funcionamento todos os recursos disponíveis, sejam os conhecimentos, sejam os serviços. Julgamos isso um descalabro consentido que abarcou desde políticas do Ministério da Saúde (MS), das Secretarias Estaduais (SES), e Municipais de Saúde (SMS) e aparelhos formadores dos profissionais de saúde, ou seja, as universidades (NETTO, 2002). 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância da tuberculose bovina como zoonose é reconhecida mundialmente, e o estudo dos fatores de difusão de tal enfermidade possui grande relevância. Caso não sejam adotadas medidas rápidas, uma epidemia de tuberculose poderá ocorrer nos próximos anos. A falta de diagnóstico efetivo, com a identificação do agente, tem contribuído para o aumento dos casos no Brasil. A ocorrência de infecções humanas por micobactérias atípicas à espécie, associadas à reativações de infecções adquiridas na infância, principalmente relacionadas a SIDA, vem complicar ainda mais a situação (SOUZA et al, 1994). No Brasil, o comércio clandestino de carne e leite (envolvendo a compra e venda de bovinos tuberculosos, laticínios contaminados, falsificação de carimbos da Inspeção Sanitária e currais de aparência medieval escondidos nas periferias das metrópoles), aliado à falta de dados estatísticos confiáveis sobre a realidade da tuberculose bovina no país, constituem uma grande ameaça à saúde pública (ANTORE, 1998). A Inspeção Veterinária deveria vistoriar, permanentemente, os estabelecimentos de abate e indústrias transformadoras, para garantir a sanidade dos produtos de origem animal, a higiene das instalações e dos trabalhadores, além da manutenção do nível de tecnologia, capaz de assegurar qualidade satisfatória para o consumidor, assim, participaria ativamente do combate aos produtos clandestinos (CALLIL et al, 1990). Enquanto não houver programas de desenvolvimento junto aos pequenos produtores rurais, para recolocá-los no mercado formal; ações de educação e esclarecimento aos consumidores; ações de fiscalização e vigilância sanitária para garantir a segurança alimentar da população, não se erradicará o problema do comércio clandestino de produtos animais no Brasil (ABRAHÃO, 2005). Há problemas sérios na área da saúde pública. O primeiro deles é a continuidade dos programas. O segundo, a adequação das propostas. Às vezes, as propostas focalizam o problema da tuberculose como se ele representasse apenas somatório dos tuberculosos existentes, mas na realidade o problema inclui fundamentalmente a área social. Para o tuberculoso, a solução implica o uso de esquemas terapêuticos eficazes (tipo RMP+INH+PZA). Para a tuberculose, a solução exige programas que visem uma qualidade de vida mais adequada (NETTO, 2002). Algumas funções específicas deverão ser efetuadas em nível nacional/base regional, tais como avaliação da magnitude do problema, vigilância, supervisão regular, monitoramento e avaliação do andamento do programa geral (NETTO, 1999). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABC DA SAÚDE. Tuberculose Pulmonar. http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?432>. Acesso em: 20 de abr. 2008. Disponível em:< ABRAHÃO, R. M. C. M.; NOGUEIRA, P. A.; MALUCELLI, M. I. C. 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