Subdomínio 6.1. O Antigo Regime europeu: regra e exceção
Atividade de
aprofundamento
[pág. 81 do manual]
1. Recolhe informação sobre os reis D. João V e Luís XIV e as suas cortes.
2. Elabora, em grupos de pares, um texto dramático sobre um dia na corte de um
desses monarcas. Apresenta o teu trabalho na turma.
D. João V
1
Biografia de D. João V, O Magnânimo (1680-1750)
Rei de Portugal de 1707 a 1750 – o reinado mais longo da
História –, filho de D. Pedro II e D. Maria Sofia de
Neuburgo. Casou com D. Maria Ana de Áustria, com quem
teve seis filhos, entre os quais José (futuro rei D. José I) e
Pedro (futuro D. Pedro II, marido de D. Maria I). Manteve
múltiplos casos amorosos extramatrimoniais (a célebre
relação com a Madre Paula, freira e depois superiora do
Convento de Odivelas) e teve filhos ilegítimos, como os três
Meninos da Palhavã.
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A personalidade do rei era marcada por duas facetas
predominantes: por um lado, o seu comportamento
aventureiro e libertino e, por outro, uma postura firme na
direção dos negócios públicos (para os quais tinha grande
inclinação). Apreciava divertimentos como a caça,
possuindo destreza tanto na lança como na espingarda,
mas a leitura era a sua ocupação predileta.
A formação de D. João esteve a cargo de professores
jesuítas. Tinha um interesse particular pela matemática.
O seu reinado suscitou opiniões contraditórias. Para uns, o
seu desempenho foi notável, mas para outros demonstrou uma má administração das riquezas
provenientes da descoberta e da exploração das minas de ouro e de pedras preciosas no Brasil.
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Quando subiu ao trono, o país estava envolvido na Guerra de Sucessão de Espanha e o Tesouro
encontrava-se em rutura. A sua atuação externa foi pautada por uma neutralidade face às questões
políticas da Europa.
No plano interno, implementou medidas económicas importantes como, por exemplo, a instalação de
algumas indústrias e a reforma da administração pública. De acordo com a sua personalidade e com o
propósito de glorificação nacional, o rei investia quantias exorbitantes em atos protocolares. Por exemplo,
obedecendo a uma ordem do monarca, o embaixador em França entrou em Paris lançando moedas de
ouro com a efígie do rei à população.
Saraiva, J. H. (coord.) (2004). História de Portugal. Dicionário de Personalidades (pp. 47-50), vol. XVI.
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Obra construída:
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2 A
queduto das Águas Livres de Lisboa
3 F
achada da Igreja de S. Roque, Lisboa.
4 P
alácio-Convento de Mafra, vista atual.
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Mestres jesuítas de D. João V
Escrita: Padre Caetano Lopes
Latim: Padre João Seco
Matemática: Padre Luís Gonzaga
Ainda…
• tinha conhecimentos arqueológicos;
Curiosidade
D. João V era amável,
energético, profundamente
religiosos e ciente das
suas obrigações e deveres.
• sabia várias línguas: espanhol, latim, francês e
italiano e falava o português com grande eloquência.
Reformas no ensino:
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→ Criação da Academia Real da História, em Lisboa
→ Criação da Academia de Portugal, em Roma
→ Criação do observatório astronómico do Colégio de Santo Antão
→ Contratação de professores estrangeiros, tendo incentivado o estudo da Matemática
→ Impulsionamento de experiências tecnológicas, como, por exemplo, o engenho voador Passarola do
padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
Consultas:
1 Serrão, J. S. (dir.) (s/d). Dicionário de História de Portugal. Artigo D. João V, vol. III. Porto: Livraria Figueirinhas
2 Felismino, D. & Buescu, A. I. (coor.) (2011). A mesa dos reis de Portugal. Ofícios, consumos, cerimónias e
representações. Unidade Industrial da Maia: Círculo de Leitores e Temas e Debates
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3 Pimentel, António Filipe (2002). O Real Edifício de Mafra. Arquitetura e Poder. Lisboa: Livros Horizonte.
Sugestão de leitura:
1 O Memorial do Convento, de José Saramago
2 A mensagem secreta de Lisboa, de Mafalda Moutinho (consultar Academia de Professores Viva a História!)
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Luís XIV
Cetro, símbolo da autoridade de
comandar o povo
Coroa, símbolo máximo do
poder real [alusão à coroação
de Carlos Magno]
Espada de França [ou de Carlos
Magno], símbolo do poder
militar e defensor da Igreja
Manto azul, traje
dos grandes
sacerdotes no
Antigo
Testamento,
bordado com florde-lis, símbolo
solar e emblema
dos reis de França
5 H
yacienthe Rigaud, Retrato oficial de Luís XIV, 1701.
6
Em 1662, por ocasião da festa do Carrossel, Luís XIV adota definitivamente o signo a que o seu nome fica
ligado.
“Escolhe-se para o corpo o sol que, pela qualidade única do brilho que o cerca pela luz que comunica aos
outros astros que o compõem como uma espécie de corte, pela partilha igual e justa que faz dessa luz a
todos a todos os diversos climas do mundo, pelo elo que cria em todos os lugares, produzindo sem parar de
todos os lados da vida, a alegria e a ação pelo seu movimento contínuo, em que parece todavia sempre
tranquilo […]. É seguramente a mais viva e a mais bela imagem de um grande monarca.
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Mão da justiça, símbolo
do poder judicial
[poder de condenar ou
perdoar as penas]
Colar da Ordem do Espírito Santo,
a mais prestigiada ordem de
cavalaria de França
Luís XIV, Mémoires
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O poder absoluto do rei
A magistratura não forma um corpo nem uma ordem separada das três ordens do reino […].
É somente na minha pessoa que reside o poder soberano […], é somente de mim que os meus tribunais
recebem a sua existência e a sua autoridade; a plenitude desta autoridade, que eles não exercem senão em
meu nome, permanece sempre em mim, e o seu uso nunca pode ser contra mim voltado; é unicamente a
mim que pertence o poder legislativo, sem dependência nem partilha […]
As críticas (advertências) serão sempre recebidas favoravelmente, desde que […] conservem a decência e a
utilidade […] mas se […] persistir na minha vontade e se a assembleia perseverar na recusa de a ela se
submeter […] o espetáculo escandaloso de uma contradição ao meu poder soberano reduzir-me-ia à triste
necessidade de empregar todo o poder que recebi de Deus para proteger o meu povo das consequências
funestas de tais opções.
Resposta do rei Luís XV às advertências do Parlamento de Paris, na sua sessão de 3 de março de 1766
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Frases atribuídas a Luís XIV:
“O Estado sou eu”
“Eu quase que esperei”
Moda e etiqueta:
Organizou a etiqueta da vida na corte
Lançou a moda do uso de perucas muito elaboradas
Obras emblemáticas do reinado de Luís XIV
→ Construção do Canal do Midi que uniu o Mediterrâneo e o Atlântico. O canal tem 240 km e foi
projetado por Pierre Paul Riquet, sendo inaugurado em 1681
→ Palácio de Versalhes
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Consultas / Visionamento de filmes e DVD´s:
1 http://www.chateauversailles.fr/ (acedido em 2013-10-29)
2 La cérémonie Turque. Le Bourgeois Gentilhomme (1670) de Holière (1622-1673) e de Lully (1632-1687)
3 A Tomada de Poder por Luís XIV, de Rosselini (1996)
4 O Ridículo, de Patrice Leconte (1996)
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Atividade de
aprofundamento
[pág. 87 do manual]
Pesquisa em livros que possam existir na biblioteca da tua escola ou na Internet
sobre a vida e obra de Nicolau Nasoni produzida em Portugal.
Breves notas sobre Nicolau Nasoni (1651-1773)
Não se conhece a data exata em que Nasoni chegou à cidade do
Porto. Sabe-se, porém, que em 1725 iniciou um trabalho de
pinturas na Sé do Porto. Nesta obra contactou com artistas
portugueses famosos na época, com destaque para os
arquitetos António Pereira e Miguel Francisco da Silva.
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Nicolau Nasoni foi um artista, decorador e arquiteto italiano que
desenvolveu grande parte do seu trabalho em Portugal.
É considerado um dos mais significativos arquitetos da cidade
do Porto.
Em julho de 1729 casou, no Porto, com uma fidalga napolitana,
D. Isabel Castriotto Riccardi, que viria a falecer um ano mais
tarde. Em 1731, Nicolau Nasoni voltou a casar-se, desta vez
com a portuguesa Antónia Mascarenhas Malafaia, da qual teve
cinco filhos.
Morreu na pobreza, em agosto de 1773. Está sepultado na Igreja
dos Clérigos, desconhecendo-se o local onde se encontra o
túmulo.
Consultas:
1 www.vidaslusofonas.pt/nicolau/_nasoni.htm (acedido em 2013-09-29)
2 www.sigarra.up.pt/up/pt/web_base.geral (acedido em 2013-09-29)
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3 www.torredosclerigos.pt/pt/historia (acedido em 2013-09-29)
4 www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral (acedido em 2013-09-29)
5 Desafio a Siza e Souto de Moura para honrarem Nicolau Nasoni. Artigo publicado no Jornal de Notícias, em
2011-07-03 (em www.jn.pt/Dossies/ acedido em 2013-09-29)
6 Ramos, L. A. de O. (dir.). (1995). História do Porto. Porto: Porto Editora.
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Subdomínio 6.2. Um século de mudança (século XVIII)
Atividade de
aprofundamento
[pág. 115 do manual]
1. Pesquisa informação em livros que possam existir na biblioteca da tua escola
sobre o Processo dos Távoras. Também podes ver na Internet excertos de
episódios da série televisiva “O Processo dos Távoras”.
2. Elabora, em grupo, um texto dramatizado sobre um dos episódios e
apresenta-o à turma.
1
Biografia de D. José I (1714-1777)
D. José I, filho e sucessor, em 1750, de D. João V, nasceu em 1714. Casou
em janeiro de 1729 com D. Mariana Vitória, filha de Filipe V, tendo
falecido em fevereiro de 1777. Do seu casamento houve quatro filhos:
D. Maria I, D. Maria Ana, D. Maria Francisca Doroteia e D. Maria
Francisca Benedita. Durante o seu reinado verificou-se uma estreita
colaboração de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de
Pombal). Sobretudo por este facto, o reinado de D. José I tem sido objeto
de amplos comentários. A ação governativa no reinado de D. José teve
várias fases: a primeira, entre 1750 e 1755, caracterizou-se pelo reforço
do poder real e pela afirmação de Sebastião José de Carvalho e Melo; a
segunda fase, de 1756 a 1764, caracterizou-se pela guerra com a França
e a Espanha, pela política das companhias, pelo reforço do aparelho
militar, pelas reformas fiscais, pelo início da perseguição aos jesuítas,
entre outras; a terceira fase, que vai de 1764 a 1770, caracterizou-se por
uma crise económica muito profunda e amplamente generalizada, com
grande número de falências e baixa considerável de rendimentos. Uma
quarta fase, de 1770 a 1777, caracterizou-se pelo fomento industrial e pelo fomento ultramarino, assim
como pela derrocada económica das companhias monopolistas brasileiras.
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Serrão, J. (dir.) (1994). Dicionário de História de Portugal, vol. III. Porto: Livraria Figueirinhas
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Notas biográficas de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal)
Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e
Marquês de Pombal, nasceu em 1699 e faleceu em 1782. Foi secretário
de Estado durante o reinado de D. José I, sendo considerado uma das
figuras mais controversas e carismáticas da História portuguesa.
Representante do despotismo esclarecido em Portugal, a sua ação
está marcada pela filosofia iluminista do século XVIII. Levou a cabo
várias reformas: administrativas, económicas e sociais. Acabou com a
escravatura em Portugal continental em 1761 e, na prática, com os
autos de fé em Portugal e com a discriminação dos cristãos-novos,
apesar de não ter extinguido oficialmente a Inquisição portuguesa.
A sua administração ficou marcada por duas contrariedades célebres:
o Terramoto de Lisboa de 1755 (um desafio que lhe conferiu um lugar
na História pela reconstrução da cidade de Lisboa) e o Processo dos
Távoras, com consequências dramáticas. Foi um dos principais
responsáveis pela expulsão dos Jesuítas de Portugal e das suas
colónias.
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Atentado contra D. José I
No dia 3 de setembro de 1758 levou el-rei D. José um tiro de que eu não soube nada senão cinco dias
depois, quando esta infelicidade se começou a romper; na mesma ignorância estiveram meus pais, meus
dois irmãos e o Conde de Atouguia. Todos morreram inocentes.
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2
[…]
Começou-se logo o sequestro em tudo que era de casa de meus pais, e daí a pouco veio também ordem
para se fazer em todos os bens móveis e de raiz do Conde de Atouguia. Eu, assim que me vi privada dele,
não fiz mais caso da bagatela dos outros bens que me queriam sequestrar, ainda que fosse tudo quanto
tínhamos. Com todo o despego dei ao sequestro não só tudo quanto o Conde tinha de seu, mas até o
dinheiro que me tinha deixado para comer; e disse ao Ministro que lho entregava, e que depois disso pedia
a Sua Majestade me desse uma esmola para me sustentar e à minha família presa.
[…] Não tinha nada para comprar de cear, de sorte que naquela noite me mandou a marquesa de Tancos
por caridade um saco de pão, dois perus e um presunto; porque como tudo me tinham levado e não vinha
a esmola que eu, estando presa, pedia a el-rei, vi-me em termos de morrer de fome, com os meus cinco
filhos, de que o mais velho tinha 10 anos, e as quarenta pessoas presas da família que tinha em casa. Isto
sucedeu só a mim, porque à duquesa de Aveiro, quando lhe sequestraram na mesma ocasião os bens do
marido, lhe mandaram dar três moedas cada dia para se sustentar e à sua família enquanto não foi para o
Convento do Rato.
“Memórias da última Condessa de Atouguia, D. Mariana Bernarda de Távora.” In Saraiva, J. H. (coord.) (2004).
História de Portugal, vol. VI, p. 51. Matosinhos: Quidnovi
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A expulsão dos Jesuítas
Declaro os sobreditos regulares (da Companhia de Jesus) na referida forma corrompidos, deploravelmente
alienados do seu santo instituto, e manifestamente indispostos com tantos, tão abomináveis, tão
inveterados e tão incorrigíveis vícios para voltarem à observância dele, por notórios rebeldes, traidores,
adversários e agressores, que têm sido e são atualmente contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz
pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis e vassalos; ordenando que como
tais sejam tidos, havidos e reputados; e os hei desde logo, em efeito desta presente lei, por desnaturalizados,
proscritos e exterminados; mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e
domínios, para neles mais não poderem entrar; e estabelecendo, debaixo de pena de morte natural e
irremissível e de confiscação de todos os bens para o meu fisco e câmara real […]
Lei de 3 de setembro de 1759, de D. José. In Saraiva, J. H. (coord.). (2004). História de Portugal, vol. VI, p. 65.
Matosinhos: Quidnovi
Consultas / Leituras:
1 Abreu, Laurinda F. Santos (2013). Pina Manique. Um reformador no Portugal das Luzes. Lisboa: Gradiva
2 Müller, Titus (2011). A Jesuíta de Lisboa. Lisboa: Casa das Letras (Romance histórico)
3 www.monumentos.pt/ajuda (acedido em 2013-10-31)
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Banco de Recursos - Domínio 6