Criança recebe autorização da Anvisa para se tratar com canabidiol no Rio Maria Sofia, de 4 anos, está em coma induzido há 23 dias. Criança tinha uma convulsão a cada 4 minutos sem o medicamento. Após dias de apreensão e espera, o bancário Rodrigo Alencar, de 34 anos, recebeu uma notícia que pode salvar a vida de sua filha Maria Sofia Alencar, de 4 anos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nesta quinta-feira (15) uma autorização que permite Rodrigo a importar o canabidiol – substância química encontrada na maconha que, segundo estudos científicos, tem utilidade médica para tratar diversas doenças, entre elas, neurológicas. O remédio será usado no tratamento de sua filha que está há 23 dias internada em coma induzido na Unidade de Intensiva (UTI) do Hospital Quinta Dor, Zona Norte do Rio. A doença foi descoberta enquanto a menina estava na escola. Os pais foram chamados e a levaram para o hospital imediatamente. Ao chegar na emergência, no dia 22 de setembro, Maria Sofia teve nova crise convulsiva e está em coma induzido desde então. O trabalho dos médicos foi intensificado, já que a menina chegou a ter convulsões a cada quatro minutos, segundo o pai. Maria Sofia está internada há 23 dias em coma induzido (Foto: Reprodução / Internet) “Os médicos diagnosticaram como Estado de Mau Epilético (EME). Ela teve muitas convulsões, colocaram ela em coma induzido para preservar o cérebro. Desde então ela tomou vários remédios, mas estava resistindo e não respondendo ao medicamento. Ela chegou a ter uma crise de convulsão a cada quatro minutos. Mesmo com coma induzido ela continuava tendo convulsão e nenhum remédio fazia efeito”, lembrou o Rodrigo. Na última semana, o neuropediatra que cuida de Maria Sofia recomendou o uso de canabidiol. Rodrigo entrou em contato com a Anvisa para solicitar a liberação e importar o remédio, mas começou o tratamento após conseguir a substância com pais de outras crianças que sofrem da mesma doença. Ele afirmou que a situação da filha melhorou, mas estava preocupado por ter que interromper o tratamento e complicar o quadro da menina. "Na semana passada, o neuropediatra sugeriu o uso de canabidiol. O remédio só pode ser receitado quando os outros não fazem efeito. Como a gente não conseguia a autorização da Anvisa para importar o medicamento, ela começou a fazer o uso no domingo com alguns frascos que conseguimos com outras mães que passam pela mesma situação. Mas isso é proibido, mas não tínhamos outra saída. Conseguimos quatro frascos. Cada frasco com 30 ml dura dois dias e meio. Se ela interromper o tratamento, ela pode morrer. Com o canabidiol, ela está conseguindo controlar as crises. Se eu interromper pode voltar tudo, pode levar a morte cerebral. Os médicos definiram como um quadro instável e gravíssimo”, disse. Maria Sofia passou mal na escola e familiares descobriram doença (Foto: Reprodução / Internet) Alto custo do tratamento O sofrimento para conseguir a autorização da Anvisa terminou nesta quinta-feira, após receber um e-mail com a liberação. No entanto, Rodrigo não sabe se terá tempo de dar continuidade no tratamento e, muito menos, se irá conseguir arcar com os R$ 5 mil mensais que serão gastos com a filha. "Depois de um tempo, a gente conseguiu a autorização da Anvisa. O neuropediatra deu entrada na semana passada e hoje chegou por e-mail a autorização. Agora vou fazer a importação do remédio e ver em quanto tempo chega. Falaram que a importação demora duas semanas, talvez eu tenha que interromper o tratamento, não sei como vai ser. Eu fiz as contas e o custo vai ser mais de R$ 5 mil por mês, não sei como vai ser porque eu não tenho esse dinheiro”, afirmou. O hospital confirmou ao G1 que Maria Sofia segue internada na unidade e que o tratamento está sendo feito.