UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS - GESTÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ANDERSON LUIZ DA SILVA IMPLANTAÇÃO DE UM FLUXO DE CAIXA NA EMPRESA MAURICIO SOCAS DOIN VIEIRA – ME São José 2010 1 ANDERSON LUIZ DA SILVA IMPLANTAÇÃO DE UM FLUXO DE CAIXA NA EMPRESA MAURICIO SOCAS DOIN VIEIRA – ME Trabalho de Conclusão de Estágio apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração da Universidade do Vale do Itajaí. Professor Orientador: Crisanto Soares Ribeiro São José 2010 2 ANDERSON LUIZ DA SILVA IMPLANTAÇÃO DE UM FLUXO DE CAIXA NA EMPRESA MAURICIO SOCAS DOIN VIEIRA – ME Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em (dia, mês e ano constante da ata de aprovação – defesa) Prof. Msc. Valério Cristofolini UNIVALI – Campus São José Coordenador (a) do Curso Banca Examinadora: Prof. Esp. Crisanto Soares Ribeiro UNIVALI – Campus São José Professor Orientador Prof. Msc. Maria Albertina Schmitz Boni UNIVALI – Campus São José Membro Prof. Dr. Sidnei Vieira Marinho UNIVALI – Campus São José Membro 3 "Ninguém vai bater mais forte do que a vida. Não importa como você bate e sim o quanto agüenta apanhar e continuar lutando; o quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha" Sylvester Stallone (Rocky Balboa - 2007) 4 AGRADECIMENTOS Aos meus pais Luiz Carlos da Silva e Leozélia de Lourdes Pitz da Silva, a minha irmã Adriana Pitz da Silva e a minha tia Leonildes T. Pitz Solé pela educação que me deram, por sempre me incentivarem aos estudos e acreditarem no meu potencial. A minha namorada Nicoly, por sempre estar ao meu lado em todos os momentos, pela dedicação, pelos conselhos, pelos incentivos, mas principalmente por todo amor nesses anos. Aos meus tios Mauricio e Lenir pela oportunidade de desenvolver este trabalho na Pescaça, sempre atenciosos e dispostos a ajudar em tudo que necessário para a realização do trabalho. Ao orientador Profº. Esp. Crisanto Soares Ribeiro, pela paciência, pelos conhecimentos repassados e cujas observações foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. A todos os meus amigos que estiveram presentes nessa longa jornada, que sempre estiveram ao meu lado proporcionando momentos alegres e inesquecíveis na minha vida, com certeza essa amizade construída será para o resto da minha vida. A todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para que eu perseverasse nesta conquista. 5 RESUMO SILVA, Anderson Luiz. Implantação de um fluxo de caixa na empresa Mauricio Socas Doin Vieira - ME. 2010. Trabalho de Conclusão de Estágio (Graduação em Administração) - Universidade do Vale do Itajaí, São José. O presente trabalho de conclusão de estágio foi realizado na empresa Maurício Socas Doin Vieira – Me (Pescaça), e teve como objetivo implantar um fluxo de caixa na empresa. O fluxo de caixa é de fundamental importância para que uma empresa tenha controle do seu caixa, mantendo um controle consistente de todas as entradas e saídas, assim auxiliando na tomada de decisões por seus administradores financeiros, mostrando quais caminhos devem ser seguidos para que os objetivos da empresa sejam alcançados. Na fundamentação teórica foram abordados os temas referentes à administração financeira, planejamento financeiro, administração de caixa, fluxo de caixa, gestão de fluxo de caixa e análise de investimento. Como a empresa em estudo não possuía nenhum sistema para controle de suas receitas e despesas, foi necessário criar tabelas no Excel para desenvolver este trabalho. Após análise dos dados, foram criadas planilhas para implantar uma rotina de controle na empresa, buscando facilitar as futuras análises e controles. Foi possível observar que os meios que eram utilizados na empresa para controlar as vendas e despesas não atendiam suas necessidades, pois eram confusos e de difícil entendimento. A realização do trabalho permitiu um melhor conhecimento da empresa como um todo, permitindo uma visão global da administração do caixa, e possibilitando desenvolver melhorias nos controles financeiros. Palavras-chave: Fluxo de Caixa, Entradas e Saídas, Administração de Caixa 6 ABSTRACT SILVA, Anderson Luiz. Implantação de um fluxo de caixa na empresa Mauricio Socas Doin Vieira - ME. 2010. Conclusion of Stage (Graduation of Business Administration) - University of Vale do Itajaí, São José. The present work of training conclusion was carried through in the company Maurício Socas Doin Vieira - Me (Pescaça), and had as an objective to introduce a cash flow into the company. The cash flow has a fundamental importance to the company’s cash control, keeping a consistent control of all the input and output, thereby assisting financial managers in their decisions, showing which ways must be followed so the objectives of the company can be reached. In the theoretical foundation it was boarded the subjects regarding the financial management, financial planning, management, cash flow, cash flow management and of investments analysis. As the company in study had not any control system for inputs and outputs, it was necessary to create an Excel spread sheet to develop this work. After data analysis spread sheets were created to implant a routine of control in the company to facilitate the future analysis and controls. It was possible to observe that the ways used in the company to control the sales and expenses were not considering its real needs, because they were confusing and hard to understand. The accomplishment of the work allowed a better knowledge of the company as a whole, allowing a global vision of cash flow management and development of improvements in the financial controls. Keywords: Cash Flow, inputs and outputs, Cash Management 7 LISTA DE SIGLAS FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPTU Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana VA Vale Alimentação VT Vale Transporte A.H. Análise Horizontal A.V. Análise Vertical 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Planejamento de uma empresa como um todo ou de uma única área. ................ 21 Quadro 1: Processo de Planejamento ...................................................................................... 26 Figura 2: O processo de planejamento financeiro a curto prazo (operacional). ................. 28 Figura 3: Principais Ingressos e Desembolsos de Caixa. ....................................................... 34 Figura 4: Elaboração do fluxo de caixa................................................................................... 41 Figura 5: Fluxograma dos principais elementos envolvidos no fluxo de caixa .................... 42 Quadro 2: Modelo de fluxo de caixa segundo Zdanowicz ..................................................... 45 Quadro 3: Modelo de fluxo de caixa segundo Frezatti .......................................................... 46 Quadro 4: Modelo de fluxo de caixa segundo Longo ............................................................. 47 Figura 6: Elementos para gestão do fluxo de caixa ................................................................ 49 Figura 7: Procedimentos para elaboração do fluxo de caixa ................................................ 55 Figura 8: Percentual de ingressos á vista e a prazo ............................................................... 58 Figura 9: Comparativo dos ingressos à vista e a prazo.......................................................... 58 Figura 10: Performance dos Ingressos .................................................................................... 59 Figura 11: Ingressos por setor ................................................................................................. 60 Figura 12: Evolução dos ingressos por setor .......................................................................... 61 Figura 13: Composição dos desembolsos administrativos..................................................... 62 Figura 14: Performance dos desembolsos administrativos ................................................... 62 Figura 15: Composição dos desembolsos com vendas ........................................................... 63 Figura 16: Comparativos desembolsos com vendas ............................................................... 64 Figura 17: Composição dos desembolsos com pessoal ........................................................... 65 Figura 18: Comparativo dos desembolsos com pessoal ......................................................... 65 Figura 19: Composição dos desembolsos por fornecedor...................................................... 66 Figura 20: Comparativo dos desembolsos por fornecedor .................................................... 67 Figura 21: Desembolsos com tributos ..................................................................................... 68 Figura 22: Composição dos desembolsos financeiros ............................................................ 68 Figura 23: Comparativo dos desembolsos financeiros........................................................... 69 Figura 24: Composição desembolsos ....................................................................................... 70 Figura 25: Ingressos x Desembolsos ........................................................................................ 71 Figura 26: Comparativo ingressos x desembolsos.................................................................. 71 Figura 27: Comparativo mensal ingressos e desembolsos ..................................................... 72 Figura 28: Fluxo de caixa projetado x realizado .................................................................... 74 9 Figura 29: Fluxo de caixa projetado x realizado .................................................................... 75 10 SUMÁRIO RESUMO ..................................................................................................................................... 5 ABSTRACT ................................................................................................................................. 6 LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................... 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES....................................................................................................... 8 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12 1.1 OBJETIVO ....................................................................................................................... 13 1.1.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 14 1.1.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 14 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 14 1.3 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO............................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 17 2.1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................... 17 2.1.1. Funções e Objetivos da Administração Financeira ...................................................... 18 2.1.2. A Função do Administrador Financeiro ....................................................................... 19 2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................................. 21 2.2.1. Planejamento Financeiro de Longo Prazo .................................................................... 24 2.2.2. Planejamento Financeiro de Curto Prazo ..................................................................... 26 2.3 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA .................................................................................... 29 2.3.1. Administração de contas a pagar .................................................................................. 31 2.3.2. Administração de contas a receber ............................................................................... 31 2.4 FLUXO DE CAIXA......................................................................................................... 32 2.4.1. Objetivos do fluxo de caixa .......................................................................................... 36 2.4.2. Transações que afetam o caixa ..................................................................................... 37 2.4.3. Transações que não afetam o caixa .............................................................................. 39 2.4.4. Implantação do fluxo de caixa...................................................................................... 39 2.4.5. Elaboração do fluxo de caixa ....................................................................................... 40 2.4.6. Modelo de fluxo de caixa ............................................................................................. 43 2.5 2.5.1. 2.6 GESTÃO DE FLUXO DE CAIXA ................................................................................. 48 Planejamento e controle do fluxo de caixa................................................................... 50 ANÁLISE DE INVESTIMENTO .................................................................................... 51 2.6.1. Análise Horizontal........................................................................................................ 52 2.6.2. Análise Vertical ............................................................................................................ 53 11 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 54 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................................... 56 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ........................................................................... 56 4.2 COMPOSIÇÃO DOS INGRESSOS ................................................................................ 57 4.2.1. Ingressos por forma de pagamento............................................................................... 57 4.2.2. Ingressos por setor........................................................................................................ 59 4.3 COMPOSIÇÃO DOS DESEMBOLSOS ......................................................................... 61 4.3.1. Desembolsos Administrativos ...................................................................................... 61 4.3.2. Desembolsos com vendas............................................................................................. 63 4.3.3. Desembolsos com pessoal ............................................................................................ 64 4.3.4. Desembolsos com Fornecedores .................................................................................. 66 4.3.5. Desembolsos tributários ............................................................................................... 67 4.3.6. Desembolsos Financeiros ............................................................................................. 68 4.4 INGRESSOS X DESEMBOLSOS .................................................................................. 70 4.5 FLUXO DE CAIXA REALIZADO X PROJETADO ..................................................... 73 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 76 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 78 APÊNDICE A – ACOMPANHAMENTO DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS .......... 81 APÊNDICE B – ANÁLISE HORIZONTAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 1º SEMESTRE ............................................................................................................................... 82 APÊNDICE B – ANÁLISE HORIZONTAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 2º SEMESTRE ............................................................................................................................... 83 APÊNDICE C – ANÁLISE VERTICAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 1º SEMESTRE ............................................................................................................................... 84 APÊNDICE D – ANÁLISE VERTICAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 2º SEMESTRE ............................................................................................................................... 85 APÊNDICE E – FLUXO DE CAIXA PROJETADO X REALIZADO 1º TRIMESTRE 2010 ............................................................................................................................................. 86 12 1 INTRODUÇÃO Mediante a instabilidade financeira que assombra o cenário mundial, é notável um crescimento significativo no número de organizações que passam por momentos de dificuldades e incertezas econômicas, tornando-se cada vez mais importante que as empresas estejam preparadas e estruturadas para possíveis impactos que possam surgir a qualquer momento afetando o seu desenvolvimento. Assim, causando problemas que certamente irão ter como efeitos vários fatores negativos à organização, como: perda de mercado, corte de investimentos, demissões, e até mesmo o seu fechamento. De acordo com a revista Exame1, a crise financeira no Brasil está afetando principalmente a falta de crédito no mercado, assim dificultando a captação de recursos para suprir as suas necessidades financeiras. Não há uma solução que possa impedir que as organizações sejam prejudicadas por estes eventos econômicos, mas existem maneiras que possibilitam amenizar, ou até mesmo anular os efeitos de uma crise. Uma destas maneiras é manter um controle rigoroso e exato de todos os recursos financeiros, possibilitando prevenir tais eventos. Para que haja este controle, é importante que o administrador financeiro esteja totalmente capacitado através de informações ricas e consistentes, e conseqüentemente atualizado das evoluções financeiras do mercado, para desenvolver o melhor e mais adequado planejamento financeiro para a organização. “Planejamento financeiro é a projeção das necessidades de caixa, do estabelecimento das orientações de controle de custos, da fixação das metas das futuras vendas e lucros, da decisão de melhor alocação dos recursos escassos e do desenvolvimento de estratégias alternativas no caso das existentes não funcionarem.” (GROPPELLI E NIKABAKHT, 1999) Para que a organização possa desenvolver um planejamento financeiro eficiente e eficaz, é necessário utilizar algumas ferramentas para organizar, controlar e planejar os seus recursos, sendo uma delas a utilização de um fluxo de caixa que irá auxiliar as tomadas de decisões de curto e/ou longo prazo. 1 Revista Exame Edição 928, pag. 22-30. A crise já está entre nós – o dinheiro sumiu 13 Segundo Dornelas (2001, p. 167), o fluxo de caixa é a principal ferramenta de planejamento financeiro do empreendedor. Administrar o fluxo de caixa de uma empresa é compilar os dados de entrada e de saída de caixa, projetados no tempo. Neste mesmo sentido Assaf Neto e Silva (2007, p. 39), afirma que o fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. Em concordância com os dois autores, é possível afirmar que com a elaboração do fluxo de caixa é possível diagnosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. Além disso, o fluxo de caixa é de extrema importância para as empresas, constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos financeiros dos negócios. Neste contexto, optou-se por estudar o caso da empresa Pescaça, uma loja que atua no ramo de materiais de pesca, camping, caça e mergulho, localizada no bairro Estreito em Florianópolis/SC. Fundada em 1978, a Maurício Socas Doin Vieira – Me, passou a ser administrada por seu atual proprietário em 10 de outubro de 2007. Inicialmente, o Sr. Maurício proprietário da empresa, precisou realizar significativos investimentos, devido à gerência anterior ter parado o reabastecimento dos produtos na loja, fazendo assim com que o estoque tivesse uma grande defasagem. Desde então nenhum planejamento oficial, ou software vem sendo utilizado na organização, apenas algumas planilhas vem sendo usadas como ferramentas para o controle de suas receitas e despesas. Foi por este motivo que surgiu o interesse de elaborar e implantar um fluxo de caixa na empresa Pescaça. 1.1 OBJETIVO Após uma breve exposição do tema que pretende-se estudar, apresenta-se a seguir os objetivos que orientam este estudo. 14 1.1.1. Objetivo Geral Propor um modelo de fluxo de caixa para a empresa Maurício Socas Doin Vieira – ME / Pescaça. 1.1.2. Objetivos Específicos Avaliar os procedimentos atuais da empresa; Identificar os itens que compõem o fluxo de caixa; Avaliar os impactos da implantação do fluxo; Desenvolver o fluxo de caixa adequado às necessidades da empresa. 1.2 JUSTIFICATIVA Diante das constantes oscilações do mercado tanto nacional quanto internacional, é de extrema importância que o empreendedor esteja atento as possíveis conseqüências destas oscilações dentro de sua empresa. Grande parte das empresas, principalmente as de pequeno porte não possuem um planejamento financeiro, deixando assim a organização vulnerável a qualquer efeito externo ou até mesmo às decisões erradas de seus gestores. Porém, muitos destes problemas poderiam ser evitados através da utilização do fluxo de caixa, que auxilia nas tomadas de decisão e permite o controle de todos os ingressos e desembolsos, bem como a identificação dos setores onde há abusos ou carência de recursos financeiros. Corroborando com o pensamento de Zdanowicz (2000, p. 50): “ A experiência tem comprovado que as dificuldades financeiras, especialmente as que embaraçam as micros e pequenas empresas, pararecem decorrer das ausências do planejamento e do controle de suas atividades operacionais. Não se quer com isso afirmar que todos os fracassos possam ser evitados única e exclusivamente através de planejamento e controle financeiro, porém muitos os seriam com certeza.” 15 A importância do fluxo de caixa se justifica ao monitorar a dinâmica financeira da empresa. Com o fluxo de caixa, será possível saber quanto é a entrada e saída de recursos, conseqüentemente será possível diagnosticar possíveis excessos ou escassez de caixa, tomando assim medidas saneadoras. (ASSAF NETO E SILVA, 1997) Deste modo, considera-se de significativa importância para a Loja Pescaça a elaboração e implantação de um fluxo de caixa, pois o mesmo deverá auxiliar na avaliação de vários aspectos da posição financeira da empresa, além de lhes permitir planejar e identificar possíveis investimentos. Para a universidade, esta pesquisa não será a primeira quanto ao tema proposto, mas disponibiliza uma nova visão para que outros acadêmicos venham a desenvolver ou até dar continuidade ao seu desenvolvimento quanto aos processos de análise e implantação de fluxo de caixa. Um dos pontos relevantes é o fato de a Pescaça nunca ter realizado nenhum tipo de estudo na área, o que proporcionará viabilidade ao trabalho, além da importância aos resultados, pois os mesmos poderão auxiliar a organização na elaboração de novas estratégias financeiras. Além de ser uma empresa familiar, de pequeno porte, o que facilitará o acesso as informações, e, além disso, permitirá um envolvimento maior por parte do acadêmico. 1.3 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO Este estudo está dividido em cinco capítulos, sendo organizados da seguinte forma: O capítulo 1 constitui-se de uma abordagem introdutória. Para isso será apresentado introdução, objetivos, justificativa e organização dos capítulos. No segundo capítulo, apresenta-se a fundamentação teórica, que inclui temas relacionados à administração financeira, planejamento financeiro, administração de caixa, fluxo de caixa, gestão de fluxo de caixa e análise de investimento. O terceiro capítulo é composto pelos procedimentos metodológicos, mais pontualmente pela caracterização e meios para realização do estudo. 16 No capítulo 4 são apresentados os resultados do estudo. Finalmente, no ultimo capítulo são apresentadas as considerações finais, ou seja, as respostas aos objetivos e reflexões sobre o trabalho como um todo. Na seqüência, são contempladas as referências e os apêndices desta pesquisa. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Administração Financeira Administração financeira é responsável por um dos recursos de maior importância na empresa, os recursos financeiros, ou seja, administração das receitas e despesas. Através deles há a possibilidade de contratar pessoas, adquirir instalações, comprar matérias-primas, investir na produção e também na sua reestruturação. De acordo com Zdanowicz (2000, p. 22) administração financeira centraliza-se na captação, na aplicação dos recursos necessários e na distribuição eficiente dos mesmos, para que a empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas a que se propõe a sua cúpula direta. A esse respeito, Assaf Neto (2003, p. 28) conceitua que “a administração financeira é um campo teórico e prático, que objetiva, assegurar um melhor e mais eficiente processo empresarial da captação e alocação de recursos de capital.” Como pode ser observado nos conceitos apresentados pelos autores anteriormente citados, a administração financeira é de extrema importância para a empresa, pois dela depende o desenvolvimento das demais áreas e o bom andamento da organização. Contudo, sob o ponto de vista de Gitman (2002, p. 4): A administração financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro tais como respeitar os compromissos assumidos e promover a maximização da riqueza dos proprietários. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, e desempenham uma série de tarefas, tais como orçamentos, previsões financeiras, administração de caixa, administração do crédito, analise de investimentos e também captação de fundos. Destacando os pontos chaves apresentados pelos autores, a administração financeira tem a responsabilidade gerar os recursos financeiros necessários para suprir as suas obrigações e aumentando as sobras. 18 2.1.1. Funções e Objetivos da Administração Financeira Bem como as demais áreas da administração, a administração financeira possui funções a serem desempenhadas, dentre elas pode-se destacar: formulação de estratégia, análise e planejamento financeiro. A função financeira compreende os esforços despendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez. (ARCHER E D’AMBROSIO, 1969 apud SANVICENTE, 1983). O conceito apresentado anteriormente deixa claro que um dos principais objetivos é buscar a maior rentabilidade possível baseados nos investimentos exercidos pela empresa, mas buscando não comprometer a liquidez da empresa. No entender de Zdanowicz (2000, p.23) o princípio da administração financeira é, fundamentalmente, dispor os numerários necessários para saldar em tempo hábil, todos os compromissos assumidos com terceiros e maximizar os lucros. Para Gitman (1997) dentro da área de finanças, a administração financeira anda lado a lado com a economia e com a contabilidade, mais a fundo, as áreas se diferem bastante. Diante desta afirmação o autor ainda comenta que: “a administração financeira usa como princípio econômico básico, a análise marginal, no qual diz que somente se os benefícios adicionais forem maiores que os custos adicionais, para daí sim, serem tomadas as decisões financeiras”. Nesta concepção, Braga (1989, p.23) esclarece: “A função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão dos fundos movimentados por todas as áreas da empresa. Essa função é responsável pela obtenção dos recursos necessários e pela formulação de uma estratégia voltada para otimização do uso desses fundos. Encontrada em qualquer tipo de empresa, a função financeira tem um papel muito importante no desenvolvimento de todas as atividades operacionais, contribuindo significativamente para o sucesso do empreendimento.” A esse respeito Gitman (1997) afirma que a administração financeira é uma atividade orientada por objetivos. O objetivo da administração financeira é a 19 maximização de lucros, porém esse objetivo cria diversos questionamentos e restrições. (ASSAF NETO, 2003) Sob o ponto de vista de Gitman (1997), a administração financeira tem por objetivo mostrar as responsabilidades do administrador financeiro na empresa. Sem a compreensão dessas responsabilidades, muitas decisões a respeito da organização ficariam comprometidas. Face a isto, a administração financeira torna-se de extrema importância no desenvolvimento dos demais setores, sendo responsável pela imposição de limites nos níveis de investimentos dos mesmos. 2.1.2. A Função do Administrador Financeiro O administrador financeiro tem como função captar, analisar e utilizar os recursos financeiros da empresa, visando melhores rentabilidades e aumentando a liquidez. A administração financeira é exercida por pessoas ou um seleto grupo de pessoas que podem ter diferentes denominações, assim como vice-presidente de finanças, diretor financeiro e gerente financeiro. (HOJI, 2007, p. 7) É importante ressaltar que o administrador financeiro desenvolve suas atividades baseado nas demonstrações financeiras, através delas torna-se possível a realização de diferentes análises, além de servir como um elo fundamental no processo de distribuição de recursos. Segundo Gitman (2000, p. 34), o administrador financeiro gerencia ativamente as questões financeiras de qualquer tipo de negócio, seja ele público ou privado, grande ou pequeno, com ou sem fim lucrativo. Ampliando e aprofundando este conceito, Sanvicente (1997) fundamenta: O administrador financeiro é aquele indivíduo que se preocupa com a captação dos recursos monetários, e com esses recursos, ele analisará, se será possível dar continuidade as atividades da empresa, ele também é capaz de decidir para que áreas sejam destinadas os recursos a serem utilizados” Corroborando com o pensamento de Gitman (1997, p. 34) os administradores financeiros trabalham em tarefas tão variadas como planejamento, concessão de crédito 20 para clientes, avaliação de investimentos, assim como meios de obter recursos para financiar as operações da empresa. Na concepção de Zdanowicz (2000, p. 29-30) o administrador financeiro desempenha as seguintes funções: • Manter a empresa em permanente situação de liquidez; • Maximizar o retorno sobre o investimento realizado; • Administra o capital de giro da empresa; • Avaliar os investimentos realizados em itens do ativo permanente; • Estimar o provável custo dos recursos de terceiros a serem captados; • Analisar as aplicações financeiras mais interessantes para a empresa; • Informar sobre as condições econômico-financeiras atuais e futuras da empresa; • Interpretar as demonstrações financeiras da empresa; • Manter-se atualizados em relação ao mercado e às linhas de crédito oferecidas pelas instituições financeiras. Na visão de Hoji (2007, p. 7-8) as funções dos administradores financeiros baseiam-se em: • Análise, planejamento e controle financeiro: consiste em coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de relatórios financeiros, bem como participar ativamente das decisões estratégicas, para alavancar as operações; • Tomadas de decisões de investimentos: dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes (realizáveis a longo prazo e ativos permanentes), considerando-se a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos; • Tomadas de decisões de financiamentos: são tomadas para captação de recursos financeiros para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, considerando-se a combinação adequada dos financiamentos a curto e a longo prazos e a estrutura de capital. 21 Os administradores financeiros têm como obrigação decidir onde melhor deve ser empregado os recursos da empresa, buscando assim maximizar as receitas e minimizar as despesas, para que tais objetivos sejam alcançados é necessário determinar quais investimentos irão trazer melhores lucros e menos riscos, assim criando um planejamento financeiro adequado. 2.2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO A sofisticação tecnológica, os imensos mercados que se abriram e as maneiras de se chegar a eles, a produção em massa, a concepção de tecnoestrutura empresarial, a acirrada competição inter e intranacional exigem do administrador, extraordinária atenção à necessidade de, com razoável antecedência, estabelecer missões e objetivos da empresa, estudar e selecionar os caminhos alternativos, implantar a estrutura e implementar os planos e idéias escolhidas. Em outras palavras, PLANEJAR. (MOSIMANN, 1999 apud LOPES, 1976). Ainda na visão de Mosimann (1999, p. 42-43) “planejamento em um sentido amplo, como sendo a determinação dos objetivos e dos meios pelos quais esses objetivos devem ser alcançados. É a ponte que serve de elo entre o estágio onde estamos e o estágio para onde vamos. A figura 1 ilustra o conceito que acima foi dado ao planejamento. Figura 1: Planejamento de uma empresa como um todo ou de uma única área. Fonte: Mosimann (1999, p. 43). 22 O planejamento financeiro é uma ferramenta baseada na coleta e análise de dados, o que auxilia gestores e administradores a avaliar as melhores alternativas e ações a serem definidas para que a empresa alcance seus objetivos e metas. Para Gitman (2000, p. 434), o planejamento financeiro é um aspecto importante das operações da empresa, porque ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações da empresa para atingir seus objetivos. Segundo Hoji (2000, p.359-361), o planejamento consiste em estabelecer com uma determinada antecedência as ações para serem executadas em determinados cenários e em determinadas condições estimando os recursos necessários e atribuindo as responsabilidades necessárias para se atingir os objetivos previamente fixados, que somente se realizaram com um sistema de planejamento adequadamente estruturado. A esse respeito, Zdanowicz (1998) afirma que a função de planejamento relaciona-se com a primeira etapa de elaboração do fluxo de caixa. Em termos práticos, as empresas que fazem uso do planejamento dificilmente fracassam, o que não ocorre com aquelas que não planejam e controlam as suas atividades operacionais. Neste mesmo sentido o autor complementa ressaltando, “quanto maior a incerteza do futuro, mais flexível terá de ser o planejamento econômico-financeiro da empresa, em termos de seu fluxo de caixa, e mais freqüente deverá ser o seu controle.” (ZDANOWICZ, 1998). Já na concepção de Bodie e Merton (2000, p. 104), planejamento financeiro é um processo dinâmico, que percorre um ciclo de confecções de planos, sua implementação e revisão à luz dos resultados reais. Ainda no conceito de Bodie e Merton (2000, p. 105), o ciclo de planejamento financeiro pode ser desdobrado em várias etapas: • Os gerentes enfocam os fatores-chaves externos que determinam a demanda pelos produtos da empresa e seus custos de produção. Esses fatores incluem o nível de atividade econômica nos mercados em que a empresa vende seus produtos, a inflação, as taxas de câmbio, as taxas de juros, a produção e os preços cobrados pelos concorrentes; • Com base nesses fatores externos e em suas próprias decisões experimentais com relação aos dispêndios de investimento, níveis de produção, despesas com pesquisa, marketing e pagamento de dividendos, os gerentes estimam as receitas 23 da empresa, as despesas e os fluxos de caixa estimam a necessidade implícita de financiamento externo. Verificam se os resultados futuros prováveis da empresa são consistentes com seu plano estratégico para criação de valor para os acionistas e se o financiamento estará disponível para a implementação do plano. Se houver inconsistências, os gerentes revisam suas decisões até que possam apresentar um plano viável, que se torne o projeto para as decisões operacionais da empresa durante o ano. É uma boa pratica ter planos de contingência na gaveta, caso as previsões estejam erradas; • Com base no plano, a alta administração estabelece objetivos específicos de desempenho para si e para seus subordinados. • O desempenho real é medido a intervalos regulares (mensal ou trimestralmente), comparado com as metas estabelecidas no plano, e ações corretivas são tomada se necessário. A administração poderá ajustar as metas durante o ano para levar em conta grandes desvios dos valores projetados; • Ao final de cada ano, recompensas (aumentos, bonificações, etc.) e punições são distribuídas e o ciclo de planejamento recomeça. Ross, Westerfield e Jordan (1998) destacam os principais itens a serem considerados para um planejamento financeiro: • Previsão de vendas: são exigidos em todos os planos e normalmente são apresentadas sob a forma de taxa de crescimento das vendas, porém, previsões perfeitas de vendas não são possíveis, evidentemente,porque dependem do futuro incerto da economia. • Demonstrações preliminares: representam a forma que a empresa decide escolher para sintetizar os diversos eventos projetados. • Necessidades de ativos: descreverá os gastos de capital projetados e discutirá as aplicações propostas do capital de giro líquido. • Além dos itens a serem considerados, Ross (1995) cita alguns eventos que ocorrerão com o processo de planejamento financeiro: 24 • Interações. O plano financeiro deve ter claras suas vinculações entre propostas de investimentos de atividades operacionais distintas da empresa e as alternativas de financiamentos disponíveis. • Opções. O plano financeiro dá à empresa a oportunidade de examinar diversas opções de investimentos e financiamento. A empresa examina quais seriam os melhores esquemas de financiamentos e avalia opções de fechamento de fábricas ou lançamentos de novos produtos. • Viabilidade. Os diversos planos devem se ajustar ao objetivo global de maximização da riqueza dos acionistas. • Evitar surpresas. O planejamento financeiro deve identificar o que pode ocorrer no futuro caso certos eventos aconteçam. Portanto, uma das finalidades do planejamento financeiro é evitar surpresa. Em concordância com os esclarecimentos citados pelos autores anteriormente citados, fica claro a importância do planejamento financeiro no crescimento das organizações. Além disso, foi constatado, que para consolidação do planejamento é imprescindível que haja uma total interação com os demais departamentos da organização. Sendo assim, serão estudadas a seguir as duas modalidades de planejamento financeiro: de curto prazo (operacional) e o de longo prazo (estratégico). 2.2.1. Planejamento Financeiro de Longo Prazo “Os planos financeiros (estratégicos) a longo prazo são ações planejadas para um futuro distante (de dois a dez anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros” (GITMAN, 1997, p.588). Sob o ponto de vista de Hoji (2007, p. 416) “planejamento de longo prazo é responsabilidade dos níveis mais altos da administração, que procuram se antecipar a fatores exógenos e internos à empresa, geralmente relacionados com as linhas de produtos ou mercados. Implica tomadas de decisões complexas, pois envolve grande volume de recursos.” 25 O Planejamento estratégico não envolve decisões futuras e sim a futuridade das decisões atuais. O que interessa ao administrador são os efeitos que sua decisão, hoje, terá no futuro previsível. As conseqüências e efeitos futuros desejados são as molas propulsoras do ato de decidir agora. (MOSIMANN, 1999 apud DRUCKER, 1974). Na visão de Figueiredo e Caggiano (1992, p. 56) “planejamento de longo prazo não é uma simples técnica, nem apenas área de responsabilidade da gestão. É uma tentativa sistemática de planejar o comportamento total da organização em um longo prazo e, no caso de organizações lucrativas, uma tentativa de aumentar a taxa de crescimento da lucratividade.” Figueiredo e Caggiano (1992, p. 56) ainda ressaltam, que o planejamento de longo prazo diz respeito a cinco itens, são eles: • Determinação dos objetivos de longo prazo; • Preparação e exame de posição; • Formulação de estratégias; • Preparação e implementação do plano; • Revisão contínua e renovada do plano. A esse respeito, Brigham (2001, p. 533-534), expõe no tabela1 a seguir, os passos que segundo sua opinião, integram o processo de planejamento de longo prazo. Estabelecer um sistema de demonstrações financeiras projetadas que possam ser usadas para analisar os efeitos do plano operacional sobre os Passo 1 lucros projetados e vários índices financeiros. Esse sistema serve para monitorar as operações depois que o plano tenha sido finalizado e colocado em atividade. Determinar os fundos necessários para suportar o plano de cinco anos. Passo 2 Isso inclui fundos para a fábrica e equipamentos, bem como para estoque e contas a receber. Prever a disponibilidade de fundos durante os próximos cinco anos. Isso Passo 3 envolve estimar os fundos a serem gerados internamente bem como aqueles a serem obtidos de fontes externas. 26 Estabelecer e manter um sistema de controles governando a alocação e o Passo 4 uso dos fundos dentro da empresa, mas, isso envolve ter certeza que o plano básico está sendo realizado de forma apropriada. Desenvolver procedimentos de ajuste do plano básico se as previsões econômicas sobre as quais o plano foi baseado não se materializarem. Passo 5 Por exemplo, se a economia torna-se mais forte do que foi previsto, então essas novas condições devem ser reconhecidas e refletidas em esquemas de produção mais altos. Estabelecer um sistema de remuneração para a administração com base Passo 6 no desempenho. É importante que um sistema como esse recompense os administradores por estarem fazendo aquilo que os acionistas querem que eles façam. Quadro 1: Processo de Planejamento Fonte: Brigham (2001, p 533). Diante dos conceitos apresentados entende-se que o planejamento financeiro de longo prazo tem o objetivo de antecipar um possível problema que possa ocorrer no futuro da organização, utilizando de dados reais e confiáveis coletados para prevenir a organização. 2.2.2. Planejamento Financeiro de Curto Prazo “Os planos financeiros (operacionais) a curto prazo são ações planejadas para um período curto (de um a dois anos) acompanhadas da previsão de seus reflexos financeiros” (GITMAN, 1997, p.588). Reforçando este ponto de vista Hoji (2007, p. 417) afirma que “o planejamento operacional tem a finalidade de maximizar os recursos da empresa aplicados em operações de determinado período”. Esse tipo de planejamento, geralmente é de curto e médio prazo (seis meses a três anos) e envolve decisões mais descentralizadas, mais repetitivas e de maior reversibilidade. 27 Sob o ponto de vista de Ross, Westerfield e Jordan (2000, p. 412), não há uma definição universal para finanças a curto prazo, mas informam que “freqüentemente a expressão capital de giro líquido é associada à tomada de decisões financeiras de curto prazo.” Para estes autores essa associação é tão comum que muitos chegam a denominar a administração financeira de curto prazo como “administração do capital de giro líquido.” Da mesma forma, Bodie e Merton (2000, p. 112) afirmar que: “No curto prazo, o planejaneto financeiro volta-sebasicamente para a administração do capital de giro. A necessidade de capital de giro surge porque, para muitas empresas, o dinheiro necessario para conduzir as atividades de produção e vendas sai antes do recebimento pelas vendas. Quanto maior for esse periodo de tempo, chamado de comprimento de ciclo de caixa, maior é o volume de capital de giro de que a empresa precisa.” Ross, Westerfield e Jordan (2000, p. 412), ainda afirmam que “as decisões financeiras de curto prazo são aquelas que contemplam as entradas e saídas de caixa, e que venham a ser realizada no prazo de um ano ou menos.” A figura 2 representa um modelo de fluxograma de planejamento financeiro de curto prazo, conforme a concepção de Gitman (1997, p. 589). 28 Figura 2: O processo de planejamento financeiro a curto prazo (operacional). Fonte: Gitman (1997, p. 589). De acordo com Gitman (1997, p 589) os principais produtos do processo de planejamento a curto prazo são: o orçamento de caixa, a demonstração do resultado projetado e balanço patrimonial projetado. O orçamento de caixa serve como ponto de referência para os valores financeiros projetados e realizados pelo comitê de finanças. Se houver defasagens, isto significa que os programas da empresa não estão correndo segundo o planejado, mostrando que deverão ser tomadas medidas corretivas e/ou saneadoras. (ZDANOWICZ, 2000, p. 243) Na compreensão de Gitman (1997, p.590) “orçamento de caixa é uma demonstrativo dos fluxos das entradas e saídas projetados de caixa da empresa, usado para estimar suas necessidades de caixa a curto prazo.” 29 No entendimento de Ross, Westerfield e Jordan (1998, p. 348), “orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento financeiro a curto prazo. Permite ao administrador financeiro a identificação de necessidades e oportunidades financeiras a curto prazo. Mais importante, porém, é o fato de que o orçamento de caixa ajuda o administrador a explorar a necessidade de financiamento a curto prazo. A idéia do orçamento de caixa é simples: ele registra as estimativas de entradas e saídas de caixa. O resultado é uma estimativa de superávits ou déficit de caixa. Já a demonstração de resultado é uma das peças mais importantes do orçamento, pois é nessa demonstração que se reflete o resultado final das operações. As atividades de operações são conduzidas em função da “última linha” da demonstração de resultado, que indica o lucro líquido (ou prejuízo) do período. (HOJI, 2007, p. 486) Reafirmando tal conceito, Zdanowicz, (2004) informa que “a demonstração do resultado é uma das peças orçamentárias de vital importância, pois a partir dela é possível visualizar todos os instrumentos auxiliares que compõem os planejamentos financeiros da empresa, que são os orçamentos de vendas, produção e despesas operacionais, bem como o lucro líquido operacional ou prejuízo.” Em relação ao balanço patrimonial projetado, Hoji (2007, p. 487) afirma que “por meio de simulações, apuram-se o superávit ou déficit de caixa, o lucro do exercício, necessidade de capital de giro etc., e, com esses dados, é possível determinar a capacidade de expansão dos negócios e direcionar os recursos disponíveis para maximizar o resultado operacional.” Neste contexto Zdanowicz, (1995) entende que através balanço patrimonial projetado será possível identificar qual a situação financeira e patrimonial da empresa, entre o período realizado e orçado, permitindo assim, a comparação dos valores que o compõem. 2.3 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA Na definição de Frezatti (1997, p. 13) caixa é “o ativo mais líquido disponível na empresa, encontrado em espécie na empresa, nos bancos e no mercado financeiro de curtíssimo prazo.” 30 Na afirmação de Gitman (1997, p. 664), “caixa e títulos negociáveis são mantidos pelas empresas com objetivo de reduzir o risco de insolvência técnica, pois representam disponibilidade que podem ser usadas tanto nas situações de saídas de caixa planejadas quanto inesperadas”. A administração do caixa é de suma importância para a empresa, pois auxilia o administrador a analisar e controlar todos os ingressos e desembolsos do caixa, assim proporcionando um real entendimento da situação atual da empresa. Na visão de Zdanowicz (2000, p. 189-190), todo administrador financeiro deve ter a preocupação com a determinação do nível de caixa, captando quando este for insuficiente ou aplicando os excedentes de caixa em outros itens do ativo da empresa, de modo a permitir um retorno adequado e seguro, viabilizando assim, no momento de amortizar os empréstimos ou resgatar as aplicações, em atividades realmente produtivas. De acordo Zdanowicz (2000, p.190), o objetivo é minimizar o nível de caixa sem que, ao mesmo tempo, o saldo de segurança ponha em risco a capacidade da empresa em pagar suas obrigações na data do vencimento. A determinação do nível desejado de caixa depende de alguns fatores, como: • Defasagem entre os ingressos e desembolsos de caixa; • Disponibilidade de outras fontes de recursos; • Relações com os bancos; • Utilização de numerário inativo. Na concepção de Assaf Neto e Silva (2007, p. 86), existem três motivos para que a empresa mantenha um valor mínimo de caixa. O primeiro motivo é denominado transação, pois a empresa precisa ter recursos aplicados no caixa para honrar os compromissos assumidos, assim mantendo uma sincronia entre os recebimentos e os pagamentos. O segundo motivo refere-se à precaução, pois existem fluxos de pagamentos futuros que nem sempre são totalmente previsíveis, então é necessário manter uma quantidade de recursos financeiros para esses imprevistos. O terceiro motivo refere-se à especulação, mantendo uma reserva de recursos financeiros será possível aproveitar oportunidades de investimentos futuros visando o crescimento dos negócios. 31 Para que a empresa consiga honrar todas as suas obrigações e consiga investir em melhorias na sua gestão, e enfrentar qualquer imprevisto que possa surgir é necessário ter total controle e planejamentos sobre todas as suas saídas e entradas de caixa, ou seja, controlar e planejar as suas contas a pagar e contas a receber. 2.3.1. Administração de contas a pagar Nas palavras de Gitman (1997, p. 627) “as duplicatas a pagar representam a principal fonte de financiamento a curto prazo não-garantido, possibilitando à empresa o aproveitamento de descontos financeiros no caso de efetuar pagamentos antecipados.” Longenecker, Moore e Petty (1997, p.572) comentam que “embora as contas a pagar sejam obrigações legais, elas podem ser pagas em diversos prazos ou podem até mesmo ser renegociadas em alguns casos.” Percebe-se que, tanto duplicatas a pagar, como contas a pagar são obrigações assumidas pela empresa, que devem ser sanadas em curto prazo. A administração dessas contas está intimamente relacionada ao fluxo de caixa da empresa e representam uma fonte de financiamento para manter as atividades operacionais, que devem buscar o equilíbrio com as contas a receber para não incorrer em falta de credibilidade por parte dos fornecedores de serviços e mercadorias. (ASSAF NETO E SILVA, 2002) 2.3.2. Administração de contas a receber Na compreensão de Cherry (1977, p. 114) “valores a receber são os montantes devidos à firma, provenientes da venda de mercadorias ou serviços no curso ordinário dos negócios.” Nas palavras de Brigham e Houston (1999, p. 581), “contas a receber é o valores devido por um cliente,” Segundo Hoji (2007, p. 126) “as contas a receber são geradas pelas vendas a prazo, que são feitas concessão de créditos.” 32 Na visão de Assaf Neto e Silva (2007, p. 108), “crédito diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma empresa que concede crédito troca de produtos por uma promessa de pagamento futuro. Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso de efetuar o pagamento no futuro.” De acordo com Brigham e Houston (1999, p. 581), “é importante haver um sistema de monitoramento, para o controle do contas a receber, pois sem ele, o contas a receber atingirão níveis excessivos, os fluxos de caixa diminuirão e dívidas incobráveis irão absorver os lucros gerados pelas vendas.” Buscando manter o seu contas a receber em dia, assim não criando nenhum problemas futuro nos nível de caixa da empresa, é necessário que a empresa tenha uma política de crédito e política de cobrança bem definidas. Para Lemes Junior (2002, p. 444), “as políticas de créditos são a base da eficiência administrativa dos valores a receber, pois orientam a forma como o crédito é concedido, definindo padrões de crédito, prazos, riscos, garantias exigidas e condições de crédito”. Corroborando com o pensamento de Brigham e Houston (1999, p. 588), “política de crédito é o conjunto de decisões que incluem o prazo de crédito, padrões de crédito, procedimentos de cobrança e descontos oferecidos por uma empresa.” Brigham e Houston (1999, p. 589), “política de cobrança sãos os procedimentos seguidos pela empresa para obter o pagamento de contas a receber.” Para que o administrador financeiro consiga acompanhar o crescimento ou queda nas entradas e a saída de dinheiro do caixa em determinado período, permitindo assim antecipar as medidas que deverão ser tomadas para atender as obrigações financeiras da empresa, o fluxo de caixa se tornará o instrumento financeiro indispensável para atingir esses objetivos. 2.4 FLUXO DE CAIXA A atividade financeira de uma empresa necessita de acompanhamento permanente de seus resultados, de maneira a analisar e avaliar o seu desempenho, bem 33 como fazer aos ajustes e correções necessárias para o desenvolvimento da empresa. Como já foi mencionado anteriormente o objetivo básico da função financeira é fornecer a empresa recursos de caixa suficientes de modo a respeitar todos os compromissos assumidos e promover a maximização dos lucros. É neste contexto que se destaca o fluxo de caixa como um instrumento que permite planejar e controlar os recursos financeiros de uma empresa, tornando-se primordial no processo de tomada de decisões financeiras. Reforçando esta afirmação Campos Filho (1999, p. 20) “fluxo de caixa é um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa é indispensável ainda no processo de tomada de decisões financeiras.” O fluxo de caixa é um esquema que representa as entradas e saídas de caixa ai longo do tempo. Em um fluxo de caixa deve existir pelo menos entrada e uma saída ou vise-versa. (HOJI, 2007, p. 76) Fluxo de caixa é um instrumento que relaciona os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas. (ASSAF NETO E SILVA, 2007, p. 39) Na compreensão de Zdanowicz (2000, p. 40): “denomina-se por fluxo de caixa ao conjunto de ingressos e desembolsos de numerário ao longo de um período projetado. O fluxo de caixa consiste na representação dinâmica da situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de recursos e todas as aplicações em itens do ativo.” Para melhor compreensão Zdanowicz (2000, p. 39), a figura 3 dispõe alguns desses eventos de ingressos e desembolsos em forma de fluxograma: 34 Figura 3: Principais Ingressos e Desembolsos de Caixa. Fonte: Zdanowicz (2000, p. 39) O fluxo de caixa permite ao administrador financeiro e a outras pessoas interessadas analisar o passado e possivelmente o futuro de caixa da empresa. O administrador deve dedicar atenção especial tanto às principais categorias do fluxo de caixa quanto aos itens individuais de entradas e saídas de caixa, para detectar a ocorrência de quaisquer desvios em relação ás políticas financeiras da empresa. (GITMAN, 1999, p. 88) De acordo com Assaf Neto e Silva (2007, p. 41) o fluxo de caixa não deve ser enfocado como uma preocupação exclusiva da área financeira. Mais efetivamente, deve haver comprometimento de todos os setores empresariais com os resultados líquidos de caixa, destacando-se: • A área de produção, ao promover alterações nos prazos de fabricação dos produtos, determina novas alterações nas necessidades de caixa. De forma idêntica, os custos de produção têm importantes reflexos sobre o caixa; • As decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada com a existência de saldos disponíveis de caixa. Em outras palavras, deve haver preocupação com relação à sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos concedidos para pagamento das compras com aqueles estabelecidos para recebimento das vendas; 35 • Políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar recursos financeiros mais rapidamente à disposição da empresa, constituem-se em importante reforço de caixa; • A área de vendas, junto com a meta de crescimento da atividade comercial, deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamentos dos clientes, de maneira a não pressionar negativamente o fluxo de caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda decisão envolvendo vendas deve ser tomada somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança, despesas com publicidade e propaganda etc.); • A área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento, de forma que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da empresa. Ainda segundo os conceitos de Assaf Neto e Silva (2007, p. 41-42) as principais áreas que podem contribuir para melhor desempenho do fluxo de caixa, acelerando os ingressos ou retardando os desembolsos, inserem-se basicamente nas fases do ciclo operacional. É sabido que a extensão do ciclo operacional é o fator determinante das necessidades de recursos do ativo circulante, ele é administrado através de: • Negociações com fornecedores e outros credores visando alongar os prazos de pagamentos; • Medidas mais eficientes de valores a receber, sem prejuízo de vendas futuras, objetivando reduzir o volume de clientes em atraso e inadimplentes; • Decisões tomadas na área com intuito de diminuir os estoques e incrementar seu giro; • Concessão de descontos financeiros, sempre que economicamente justificados, na expectativa de redução dos prazos de recebimentos das vendas etc. De maneira ampla, o fluxo de caixa é um processo pelo qual uma empresa gera e aplica seus recursos de caixa determinados pelas várias atividades desenvolvidas. Neste enfoque, ainda, fluxo de caixa focaliza a empresa como um todo, tratando das mais diversas entradas e saídas (movimentações financeiras) de caixa refletidas por seus negócios. (ASSAF NETO E SILVA, 2007, p. 42) 36 2.4.1. Objetivos do fluxo de caixa O fluxo de caixa tem como objetivo avaliar as alternativas de investimento e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa, que tenham reflexos monetários. Usando também como instrumento de verificação das situações presentes e futuras do fluxo de caixa na empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de não-liquidez, com a precisão de que não haja excessos monetários de caixa, e, se houver serão devidamente aplicados. (SILVA, 2000, p. 8) O principal objetivo do fluxo de caixa é proporcionar uma visão das atividades desenvolvidas na empresa, bem como as operações financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo circulante, dentro das disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa. (ZDANOWICZ, 2000, p. 41) Ainda sob o ponto de vista de Zdanowicz (2000, p. 41), dentre os objetivos básicos do fluxo de caixa destacam-se: • Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidos junto às instituições financeiras; • Programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa, permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias; • Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos vultosos em época de pouco encaixe; • Determinar quanto de recursos próprios à empresa dispõe em dado período, e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa; • Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa com a área financeira; • Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível; • Financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa; • Providenciar recursos para atender aos projetos de implantação, expansão, modernização ou localização industrial e/ou comercial; • Fixar o nível de caixa, em termos de capital de giro; 37 • Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não; • Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa; • Estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos; • Projetar um plano efetivo de resgate de débitos; • Analisar a conveniência de serem comprometidos os recursos pela empresa; • Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os controles financeiros. Ainda na concepção de Zdanowicz (2000, p. 42) “um dos principais objetivos do fluxo de caixa é otimizar a aplicação de recursos próprios e de terceiros nas atividades mais rentáveis pela empresa. Acresce-se que, numa conjuntura econômica, como a brasileira, nenhuma empresa pode se dar ao luxo de deixar seus recursos ociosos.” Na visão de Matarazzo (2007, p. 364) os principais objetivos do fluxo de caixas são: • Avaliar alternativas de investimentos; • Avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexos de liquidez; • Avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa, posicionado-a para que não chegue a situações de iliquidez; • Certificar que os excessos momentâneos de caixa estão sendo devidamente aplicados. No entender de Assaf Neto e Silva (2007, p. 41) “o objetivo fundamental para o gerenciamento dos fluxos de caixas é atribuir maior rapidez às entradas de caixa em relação aos desembolsos ou, da mesma forma, otimizar a compatibilização entre a posição financeira da empresa e suas obrigações correntes.” 2.4.2. Transações que afetam o caixa De acordo com Iudícibus e Marion (2002, p. 135-137) existem dois grupos de transações que afetam o caixa, os que aumentam e os que diminuem, seguem abaixo elas e suas características: 38 Primeiramente as que aumentam o caixa, integração do capital pelos sócios ou acionistas: São os investimentos realizados pelos proprietários. Se a integralização não for em dinheiro, mas em bens permanentes, estoques, títulos, etc., não afetará o caixa; empréstimos bancários e financeiros: são os recursos financeiros oriundos das Instituições Financeiras. Normalmente, os Empréstimos Bancários são utilizados como Capital de Giro (circulante) e os Financiamentos, para aquisição de Ativo Permanente (Fixo); venda de itens do ativo permanente: embora não seja comum, a empresa pode vender itens do Ativo Fixo. Neste caso, tem-se uma entrada de recursos financeiros; vendas a vista e recebimento de duplicatas a receber: a principal fonte de recursos do caixa, sem dúvida, é aquela resultante de vendas e; outras entradas: juros recebidos, dividendos recebidos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas etc. Diminuem o caixa, pagamentos de dividendos aos acionistas: se os investimentos dos proprietários da empresa representam entrada em caixa, os dividendos pagos, em cada exercício, significam diminuição do caixa; pagamento de juros, correção monetária da dívida e amortização da dívida: o resgate das obrigações junto ás Instituições Financeiras, bem como encargos financeiros (juros, comissão, correção monetária etc.) significam saída de dinheiro do caixa; aquisição de item ativo permanente: são as aquisições a vista de imobilizado e de itens do subgrupo investimentos (ações etc.); compras a vista e pagamentos de fornecedores: são aquelas saídas de numerário referentes a matéria-prima e material secundário e; pagamentos de despesas/custo, contas a pagar e outros: são os desembolsos com despesas administrativas de vendas, com itens do custo e outros. Zdanowicz (2000, p. 45-49) numa perspectiva diferente expõe que as transações que afetam o caixa são divididos em fatores internos e externos: • Internos: Alterações na política de vendas, decisões na área produção, política de compras, política de pessoal. • Externos: Quedas nas vendas,política de crédito, cobrança de títulos, nível de estoque, nível de produção, em fase de expansão, atraso dos clientes, nível de preços, atraso na entrega do produto e alterações das alíquotas. Na concepção de Silva (2000, p. 7) o que poderá acarretar as principais faltas de caixa nas empresas são os fatores que mais preocupam os gestores financeiros. E, dentre eles, são citados os seguintes: • Expansão descontrola das vendas, acima de sua capacidade de comercialização; 39 • Insuficiência de capital próprio e utilização do capital de terceiros em proporção excessiva; • Aumento exagerado do prazo de faturamento; • Aumento da inadimplência; • Aumento da necessidade de capital de giro em proporção maior do que o aumento do capital circulante líquido; • Aumento exagerado do ciclo financeiro; • Baixa velocidade da rotação dos estoques; • Excessiva distribuição de dividendos. 2.4.3. Transações que não afetam o caixa De entendimento de Iudícibus e Marion (2002, p. 137), algumas transações que não afetam o caixa, como: • Depreciação, Amortização e Exaustão: São meras reduções de ativo, sem afetar o caixa; • Provisão para Devedores Duvidosos: Estimativa de prováveis perdas com clientes que não representa desembolso para a empresa; • Acréscimos (ou Diminuições): Itens de investimentos pelo método de equivalência patrimonial. 2.4.4. Implantação do fluxo de caixa No entender de Zdanowicz (2000, p. 133) a implantação do fluxo de caixa consiste em apropriar os valores fornecidos pelas várias áreas da empresa segundo o regime de caixa, isto é, de acordo com os períodos que efetivamente deverão ocorrer os ingressos e desembolsos de caixa. No entanto Zdanowicz (2000, p. 132-133), afirma que para a implantação do fluxo de caixa é necessários alguns requisitos, como: • Apoio da cúpula diretiva da empresa; 40 • Organização da estrutura funcional da empresa com definição clara dos níveis de responsabilidade de cada área; • Integração dos diversos setores e/ou departamentos da empresa ao sistema do fluxo de caixa; • Definição do sistema de informações, quanto à qualidade e aos formulários serem utilizados, calendário de entrega dos dados (periodicamente) e os responsáveis pela elaboração das diversas projeções; • Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na empresa; • Criação de um manual de operações financeiras; • Comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido de alcançar os objetivos e as metas propostas no fluxo de caixa; • Controles financeiros adequados, especialmente da movimentação bancária; • Utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos da tomada de decisões que tenham impacto financeiro na empresa; • Fluxograma das atividades na empresa, ou seja, definir as atividades meio e as atividades fins. A implantação do fluxo de caixa consiste essencialmente em estruturar as estimativas de cada unidade monetária em dois grandes itens: o planejamento dos ingressos e o planejamento dos desembolsos. (ZDANOWICZ, 2000, p. 133) 2.4.5. Elaboração do fluxo de caixa Na compreensão de Frezatti (1997, p. 65), para a elaboração do fluxo de caixa é necessário que o gestor tenha uma visão geral da empresa. E que siga algumas etapas que são apresentadas na figura 4. 41 Figura 4: Elaboração do fluxo de caixa. Fonte: Frezatti (1997, p . 66) No entendimento de Zdanowicz (2004, p. 129-130), “elabora-se o fluxo de caixa a partir das informações recebidas do diversos departamentos, setores, seções da empresa, de acordo com o cronograma anual, mensal ou diário de ingressos e desembolsos, remetido ao departamento ou gerência financeira.” Zdanowicz (2004, p. 131) ressalta que “é importante, para a elaboração do fluxo de caixa, considerar as oscilações que possam eventualmente ocorrer e irão implicar em ajustes dos valores projetados, mantendo assim a flexibilidade desse instrumento de trabalho do administrador financeiro.” Ainda na visão de Zdanowicz (2004, p. 130), para melhor compressão do fluxo de caixa, em função das informações preliminares para sua elaboração, está disposto, a seguir na figura 5, um fluxograma dos principais elementos envolvidos. 42 Figura 5: Fluxograma dos principais elementos envolvidos no fluxo de caixa Fonte: Adaptado Zdanowicz (2004, p. 130) Zdanowicz (2004, p. 131) salienta que algumas informações ou estimativas devem ser apresentadas segundo os períodos de tempo, para a elaboração do fluxo de caixa, como: • Projeção de vendas, considerando-se as prováveis proporções entre as vendas à vista e a prazo pela empresa; • Estimativa das compras e as respectivas condições oferecidas pelos fornecedores; • Levantamento das cobranças efetivas com os créditos a receber dos clientes; • Determinação da periodicidade do fluxo de caixa, de acordo com as necessidades, tamanho, organização da empresa e ramo de atividade; • Orçamento dos demais ingressos e desembolsos de caixa para o período em questão. Na compreensão de Pivetta (2005, p. 8), na elaboração de um fluxo de caixa os dados deverão ser os mais corretos possíveis, onde seus responsáveis estejam conscientes da exatidão, clareza e confiabilidade dos dados prestados. Para se fazer um 43 fluxo de caixa, deve-se conhecer todas as receitas (com datas de entrada) e todos os desembolsos (com datas de vencimentos). De maneira simplista, a elaboração do fluxo de caixa processa-se pela comparação de demonstrativos contábeis e de fim de período. (ASSAF NETO, 2007, p. 44) 2.4.6. Modelo de fluxo de caixa Na elaboração do fluxo de caixa deverão ser discriminados todos os valores a serem recebidos e pagos pela empresa. Quanto mais especificado for o fluxo de caixa, melhor será o controle sobre as entradas e saídas de caixa, verificando assim as suas defasagens e determinando as medidas corretivas ou saneadoras para os períodos subseqüentes. (ZDANOWICZ, 2000, p. 145) Segundo o modelo de fluxo de caixa de Zdanowicz (2000, p. 146-149), os principais itens que compõem o fluxo de caixa são: • Ingressos: são todas as entradas de caixa e bancos em qualquer período como as vendas à vista, vendas a prazo, aumento de capital social, descontos de duplicatas, vendas de itens do ativo permanente, aluguéis recebidos e receitas financeiras; • Desembolsos: são todas as compras à vista, compras a prazo, pagamentos de salários, despesas (telefone, luz, água, etc.) e compras de itens do ativo permanente; • Diferença do período: é a diferença entre os ingressos e desembolsos do período, podendo ser positiva, negativa ou nula; • Saldo inicial de caixa: é igual ao saldo final de caixa do período imediatamente anterior; • Disponibilidade acumulada: é o resultado da diferença do período apurada, mais o saldo inicial do caixa; • Nível desejado de caixa: é a projeção do disponível para o período seguinte, ou seja, o volume de ingressos e desembolsos futuros; 44 • Empréstimos ou aplicações de recursos financeiros: a partir do saldo da disponibilidade acumulada, poderão ser captados empréstimos para suprir as necessidades de caixa, ou serão realizadas aplicações no mercado financeiro, quando houver excedentes de caixa; • Amortizações ou resgates das aplicações: amortizações são as devoluções do principal tomado emprestado, enquanto os resgates das aplicações financeiras constituem-se nos recebimentos do principal; • Saldo final de caixa: é nível desejado de caixa projetado para o período seguinte, que será o saldo inicial de caixa do período subseqüente. No quadro 1 são apresentados os itens mencionados anteriormente, segundo o modelo de fluxo de caixa de Zdanwicz (2000). 45 Quadro 2: Modelo de fluxo de caixa segundo Zdanowicz Fonte: Zdanowicz (2000, p. 145) “[...] fluxo de caixa diário não é visto como um instrumento gerencial da organização, pois quem o faz é a mesma pessoa que o analisa, controla e se auto-avalia, não expondo o instrumento para outrem. Por outro lado, ao tratar o fluxo de caixa como um instrumento gerencial da empresa, o formato passa a ter maior importância em função de se ampliar o leque de usuários do sistema.” (FREZATTI, 1997, p. 76) Na concepção de Padoveze (2004, p. 82), “a administração diária do fluxo de caixa pode ser elemento vital para o setor financeiro e de sua responsabilidade. A sua 46 necessidade de informação é imediata, e não pode, de forma alguma, esperar tratamento contábil de mais de algumas horas ou de um dia.” O modelo proposto por Frezatti (1997) no quadro 2, refere-se a um modelo de fluxo de caixa diário, levando em consideração os cincos dias úteis da semana, onde é demonstrado separadamente o fluxo operacional, fluxo do permanente, fluxo dos acionistas e fluxo financeiro, assim facilitando o preenchimento e o entendimento por parte dos administradores. Quadro 3: Modelo de fluxo de caixa segundo Frezatti Fonte: Frezatti (1997, p. 84) 47 Na concepção de Longo (2001), a empresa deve manter controles financeiros básicos tanto para o controle administrativo quanto para servirem como base nos instrumentos de planejamento, destacando como os principais controles: • Registro de caixa e bancos: mantém diariamente o registro de todos os recebimentos e pagamentos da empresa; • Controle de contas a pagar e contas a receber: fornecem informações essenciais referentes aos compromissos assumidos e créditos da empresa, provenientes de compras e vendas a prazo; • Controle de estoques: além de controlar os itens que compõem os estoques, serve também para a manutenção de determinados níveis ideais para o funcionamento da empresa. Segue abaixo no quadro 3 modelo proposto por Longo (2001), para que seja possível fazer os controles e planejamento defendidos pela autora. Quadro 4: Modelo de fluxo de caixa segundo Longo Fonte: Longo (2001, p. 48) 48 2.5 GESTÃO DE FLUXO DE CAIXA Para que seja possível desenvolver uma gestão de caixa clara e objetiva, é necessário ter bem elaborado e resolvido os reais objetivos da empresa, assim facilitando os gestores nas tomadas de decisões. A esse respeito Frezatti (1997, p. 14) afirma que “a gestão do fluxo de caixa não se constitui em preocupação exclusiva das grandes empresas, ou mesmo daquelas voltadas para a obtenção do lucro, mas das organizações em geral [...] têm seu fluxo de caixa a ser gerenciado a fim de que seus objetivos possam ser atingidos de maneira adequada.” De acordo com Campiglia e Campiglia (1995, p. 11) “o controle de gestão deve ser entendido como um conjunto de informações e de ações cujo objetivo é manter o curso das operações dentro de um rumo desejado.” Frezatti (1997, p. 43) afirma que “gestão do fluxo de caixa de uma empresa passa pela estruturação conceitual de elementos que irão afetar a liquidez e mesmo viabilizar seu adequado gerenciamento. Dessa maneira, os princípios iniciam tal elenco, tendo enorme importância em termos de postura da empresa frete à gestão da liquidez.” A figura 6 apresenta os setes elementos fundamentais para gestão do fluxo de caixa de acordo com Frezatti (1997, p. 44). 49 Figura 6: Elementos para gestão do fluxo de caixa Fonte: Frezatti (1997, p. 44) Segue abaixo algumas características apresentadas por Frezatti (1997, p. 44-58) de alguns dos elementos mostrados acima: • Princípios: servem para nortear as questões comportamentais e de postura da organização frente à gestão do fluxo de caixa; • Estrutura de capital: é um tema importante na visão de longo prazo das empresas. Quanto mais sucesso tiver em termos de alongar e buscar recursos de longo prazo, mais tranqüila a gestão dos recursos de liquidez e a menor risco financeiro a empresa estará exposta; • Concentração de fundos: trata-se da rotina do gestor da liquidez buscar nos diversos bancos as sobras de caixa e transferi-las para uma única conta ou banco; • Fluxo de informações: é algo que deve ser planejado pela empresa, pois é o elemento de grande importância qualitativa e de otimização de resultados com diminuição de riscos; • Relações bancárias: trata-se de um relacionamento muito importante, pois de um lado está a instituição financeira como fornecedora de serviços e crédito, e de outro lado as empresas em geral. 50 2.5.1. Planejamento e controle do fluxo de caixa Para que se obtenha um resultado eficiente durante a execução do fluxo de caixa, devem-se considerar algumas funções, tais como o planejamento e o controle de todas as movimentações operacionais da empresa para período que está sendo projetado. Assaf Neto e Silva (2007, p. 39) destacam o fluxo de caixa como um instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma empresa. Gerencialmente é indispensável ainda em todo processe de tomada de decisões financeiras. Na concepção de Zdanowicz (2000, p. 125), o planejamento do fluxo de caixa na empresa consiste em implantar uma estrutura de informações útil, prática e econômica. A proposta é dispor de um mecanismo seguro para estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa na empresa. Este autor ainda ressalta que o fluxo de caixa é um dos instrumentos mais eficientes de planejamento e controle financeiros, o qual poderá ser elaborado de diferentes maneiras, conforme as necessidades ou conveniências de cada empresa. O planejamento de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não se saberá quando haverá caixa suficiente para sustentar as operações ou quando se necessitará de financiamentos bancários. Empresas que continuamente tenham falta de caixa e que necessitem de empréstimos de ultima hora, poderão perceber como é difícil encontrar bancos que as financie (GITMAN, 1997, p. 586). O planejamento do fluxo de caixa torna-se de extrema importância, pois indicará antecipadamente a organização a quantidade necessária de recursos para o atendimento dos compromissos com o qual a empresa costuma se comprometer, levando em conta os prazos a serem saldados. Zdanowicz (2000, p.127) afirma que através deste planejamento o administrador financeiro estará apto a planejar com devida antecedência, os problemas de caixa que poderão surgir em conseqüência de reduções das receitas ou de aumentos no volume de pagamentos. Além do destaque dado ao planejamento Zdanowicz (2000, p.173) ainda ressalta que o controle do fluxo de caixa é tão essencial à empresa como seu processo de planejamento, pois um depende de outro para que ambos possam ser úteis e práticos. Para este autor a revisão do fluxo de caixa compreende os seguintes controles: controle 51 diário da movimentação bancária, boletim diário de caixa e bancos e por fim o controle financeiro diário. Zdanowicz (2000, p. 174) recomenda que o controle do realizado com o orçado seja efetuado diariamente, pois tem a vantagem de aliviar os acúmulos normais de final de mês. Os levantamentos efetuados apenas no encerramento do mês tornam-se exaustivos e retardam a elaboração do novo fluxo de caixa da empresa. Além disso, o controle diário diminui a margem de erros e permite acompanhar a performance, em tempo de aplicar eventuais medidas corretivas. Por fim Zdanowicz (2000, p. 127) afirma que o período abrangido pelo planejamento e controle do fluxo de caixa depende do tamanho e ramo de atividade da empresa. Porém, recomenda-se que as empresas trabalhem com um planejamento mínimo de três meses, pois posteriormente o fluxo de caixa mensal deverá transformase em semanal e este em diário. 2.6 ANÁLISE DE INVESTIMENTO Segundo Bodie, Kane e Marcus (2000, p. 23) “investimento como o comprometimento atual de dinheiro ou de outros recursos na expectativa de colher benefícios futuros.” Da mesma forma Bornia (2002, p. 41) define “investimento é o valor dos insumos adquiridos pela empresa não utilizados no período, mas que poderão ser empregados em períodos futuros.” Analisar os investimentos de uma organização é identificar as vantagens e diferenciais que possam demonstrar os retornos que estes investimentos trarão para a organização. Na concepção de Damodaran (2000, p. 385), “os fundamentos da análise de investimentos são simples: deveríamos basear nossa medida de retornos sobre fluxos de caixa pós-imposto de renda marginal. A taxa de corte usada para analisar o projeto deve ser definida sistematicamente com os fluxos de caixa e refletir o grau de risco do projeto que está sendo analisado." 52 Na concepção de Zdanowicz (2000, p. 289), “toda alternativa de investimento deve ser analisada, em sua viabilidade econômico-financeira através de um fluxo de caixa descontado, considerando-se os futuros ingressos e desembolsos de recursos.” Ainda no entendimento de Zdanowicz (2000, p. 289), dificilmente um investimento realizado hoje, trará retorno no mesmo momento, este rendimento poderá levar algum tempo para que possibilite algum retorno para empresa. Então é necessário ter um total controle de todos os seus futuros desembolsos e ingressos, mas poderá acontecer algum imprevisto neste período. Levando em consideração tal afirmação Zdanowicz (2000, p. 290), recomenda que seja utilizado um fluxo de caixa como instrumento de análise e tomada de decisão nos possíveis investimentos que a empresa esteja interessada em investir. De acordo com Zdanowicz (2000, p. 299), alguns métodos poderão ser utilizados para análise de investimentos, como valor atual ou valor presente da proposta de investimento, custo anual do projeto de investimento, taxa interna de retorno do investimento e prazo de recuperação do capital. Na visão de Zdanowicz (2000, p 299-327), os métodos mais comuns na análise dos investimentos são, o método do valor atual, onde será calculado o valor presente do fluxo de caixa do investimento, através de uma taxa de juros que o administrador financeiro estabelecerá como ideal, se este valor for positivo, a proposta de investimento será atrativa, caso contrário, não o será. E o método da taxa interna de retorno, será realizado pela taxa de juros que irá tornar equivalente ao fluxo de caixa gerado pelo investimento inicial. 2.6.1. Análise Horizontal A análise horizontal consiste na comparação entre valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diversos exercícios sociais. Na qual, representa um processo de análise temporal, desenvolvido através de números-índices. (ASSAF NETO E SILVA, 2002, p. 100). Para Hoji (2000, p. 273) “a análise horizontal tem a finalidade de evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis, por períodos”. 53 Neste mesmo sentido porém de forma mais abrangente Matarazzo (2006, p. 245) destaca que “a análise horizontal baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior”. O mesmo autor ainda menciona que “a evolução de cada conta mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências”. 2.6.2. Análise Vertical “A análise vertical é um processo comparativo, demonstrando em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificando no mesmo demonstrativo”. (ASSAF NETO E SILVA, 2002, p. 108) Segundo Hoji (2000, p. 273) afirma que “a análise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo, bem como a participação de cada item da demonstração de resultado na formação do lucro ou prejuízo”. Matarazzo (2006, p. 243) destaca que “a análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras, sendo que o percentual de cada conta mostra sua real importância no conjunto”. 54 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS “A metodologia são as regras estabelecidas para o método científico, por exemplo: a necessidade de observar, a necessidade de formular hipóteses, a elaboração de instrumentos, etc.” (RICHARDSON E PERES, 1999, p. 22) O estudo em questão foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental, entre os meses de Janeiro e Maio de 2010, na empresa Maurício Socas Doin Vieira – Me / Pescaça, localizada no bairro Estreito, Florianópolis/SC. Na visão de Gil (1994, p. 65-66), a pesquisa bibliográfica é “desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” Concordando com tal afirmação, Barros e Lehfeld (1986, p.28) esclarece que “pesquisa bibliográfica é a pesquisa exploratória que os alunos realizam para obter conhecimentos, procurando encontrar informações publicadas em livros e documentos.” A coleta de dados foi realizada através de dados primários e secundários. Os dados primários foram obtidos na própria empresa e os dados secundários em livros, artigos científicos, revistas, entre outras fontes. Além da pesquisa bibliográfica foi utilizada também a pesquisa documental que segundo Vergara (2003, p. 48), “é a realização de uma pesquisa em documentos conservados no interior de órgãos públicos ou privados, documentos estes como: registros, regulamentos, circulares, ofícios, balancetes, comunicações informais, etc.” Para Gil (2002, p. 45), “a pesquisa documental utiliza-se de materiais que ainda não receberam um tratamento analítico, ou podem ser reelaborados conforme os objetivos da pesquisa.” No caso a pesquisa documental foi feita com base em documentos internos da empresa Pescaça, como notas fiscais, planilhas e documentos financeiros fornecidos pelo administrador da mesma. Após a coleta dos dados foram elaborados relatórios com as informações financeiras obtidas pela empresa, com vistas à elaboração do fluxo de caixa proposto. Os dados financeiros relativos as receitas e despesas da empresa foram registrados em planilhas elaboradas com o programa Excel. 55 Figura 7: Procedimentos para elaboração do fluxo de caixa Fonte: Dados primários Por fim para análise do fluxo de caixa foi elaborada a análise vertical e horizontal dos dados. Sendo que a análise horizontal foi feita apenas do ano de 2009, comparando mês a mês, porém sabe-se que o ideal seria realizá-la comparando mês a mês de anos distintos. 56 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste capítulo serão apresentados os resultados dos dados coletados na empresa Pescaça, durante os meses de janeiro de 2009 à março de 2010. Além das análises dos resultados, expostos através de gráficos, será apresentado um breve histórico da empresa em estudo, para melhor compreensão da pesquisa. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa Pescaça com 31 anos de mercado, foi fundada pelo Sr. E a Sra. em 1979, sendo que naquela época a loja comercializava além de materiais para pesca, também alguns produtos para construção em geral. Após 22 anos na administração da loja, o casal resolveu vender o estabelecimento. O segundo proprietário permaneceu na administração da loja durante 6 anos, sendo que nos últimos anos de sua direção, com o objetivo de fechar o estabelecimento, passou a não repor mais os produtos e com isso a perder seus clientes para concorrência, criando uma imagem ruim da empresa. Sabendo do interesse do atual proprietário em vender a loja Pescaça, o Sr. Mauricio Socas Doin Vieira por ser um antigo cliente e conhecedor da área, pois serviu ao exército e há cerca de 8 anos é chefe do movimento Bandeirantes em Florianópolis, resolveu fazer uma proposta de compra do estabelecimento, após alguns contatos o negócio foi realizado. Ao assumir a administração do estabelecimento, o Sr. Mauricio estava ciente que teria alguns desafios a enfrentar, dentre eles estavam a recuperação de clientes, a reposição de materiais e a recuperação da confiabilidade da marca Pescaça perante ao mercado. Atualmente a empresa está sob nova direção há 3 anos, porém nem todos os objetivos foram alcançados, mas algumas inovações foram realizadas como a melhoria na qualidade dos produtos e no atendimento, o aumento na variedade de produtos, com o acréscimo das linhas para camping, mergulho, uniformes e roupas no geral. 57 O atual proprietário afirma que a localização na Rua Dr. Fulvio Aducci, 834 – Estreito – Florianópolis / SC, além do atendimento, qualidade dos produtos e variedade são seus aspectos positivos, porém há também os negativos como a falta de espaço físico para armazenamento e exposição dos produtos e a falta de estacionamento, que o mesmo pretende resolver com a abertura da Beira Mar Continental que proporcionará ao Sr. Maurício que amplie o espaço físico da loja. Sendo assim, com o objetivo estar melhorando e qualificando sua loja, o Sr. Maurício está em constante atualização das novidades oferecidas na área, através da visitação de feiras. 4.2 COMPOSIÇÃO DOS INGRESSOS Os ingressos são as receitas da empresa, recebidas através das vendas realizadas, neste capítulo elas serão expostas através da forma de pagamento e por setor. 4.2.1. Ingressos por forma de pagamento Os ingressos por forma de pagamento estão divididos em vendas à vista e a prazo, os ingressos á vista são compostos por pagamentos em dinheiro, cheques, cartão de débito e cartão de crédito, a empresa tem um contrato com a companhia dos cartões onde os pagamentos efetuados no cartão de crédito, seja creditado na conta da empresa no mesmo mês da compra. Já os ingressos a prazo são compostos por pagamentos com cheque pré-datados. A figura 7 apresentará o percentual de representatividade das vendas á vista e a prazo para a empresa Pescaça. 58 Figura 8: Percentual de ingressos á vista e a prazo Fonte: Dados primários Conforme apresentado na figura 8, a maioria dos ingressos é realizada através das vendas à vista representando 95% e somente 5% pelas vendas a prazo do total. O fato de a maioria das vendas da Pescaça serem a vista facilita a negociação e a compra para reposição de materiais junto aos fornecedores. A figura 9 demonstrará detalhadamente o quanto representa as vendas à vista e prazo em todo ano. Figura 9: Comparativo dos ingressos à vista e a prazo Fonte: Dados primários 59 Mesmo que a maioria dos pagamentos sejam à vista, há uma grande oscilação nas vendas durante o ano, conforme é apresentado na figura 10. Figura 10: Performance dos Ingressos Fonte: Dados primários Analisando a figura 10 é possível identificar o período que proporcionou o maior ingresso de recursos para empresa, que foi no mês de dezembro R$ 58.800,86 representando 16,7% das vendas de todo o ano, isto se dá devido ao inicio das férias de verão. Observa-se que as vendas têm uma queda gradual, acompanhando o fim das férias de verão. Como todo ano o nível das vendas é basicamente o mesmo, segundo o proprietário da Pescaça, é possível fazer um planejamento na compra dos materiais para fornecimento nos meses de maiores vendas (dezembro e janeiro). O fato de 95% das vendas serem à vista facilita ainda mais a questão da reposição de estoque e pagamentos das despesas, bem como o risco da inadimplência. 4.2.2. Ingressos por setor Os produtos revendidos na empresa estão agrupados de acordo com o ramo, sendo assim os ingressos por setor serão analisados de acordo com os departamentos existentes na loja, são eles: pesca, caça, camping, mergulho, roupa e uniforme. A figura 60 11 apresenta o percentual de representatividade das vendas de cada setor da empresa Pescaça. Figura 11: Ingressos por setor Fonte: Dados primários Pode-se observar que no gráfico são apresentados os dados dos meses de maio à dezembro de 2009, isto ocorre pelo fato de nos meses anteriores a empresa não dividir os ingressos recebidos por setor. Como é apresentado na figura 11, a maior representatividade em vendas é pelo setor de pesca que representa 42% das vendas, seguida pelo material de camping que corresponde a 27% das receitas, setor de mergulho 12%, material de caça 9%, uniformes com 8% e por fim com apenas 2% as roupas. Nota-se que a pesca é o setor que mais se destaca nos ingressos, em partes pode-se concluir que isto se dá devido a loja estar situada em uma cidade litorânea, o que propicia a prática do esporte. Na figura 12 a seguir, é apresentada a evolução mensal dos ingressos de cada setor. 61 Figura 12: Evolução dos ingressos por setor Fonte: Dados primários Pode-se observar claramente que setor que representa o maior ingresso é o da pesca, e que há uma certa estabilidade nas vendas mensais deste setor, somente obtendo um pico nas vendas nos meses de dezembro e janeiro, conforme já explanado anteriormente devido as férias de verão. 4.3 COMPOSIÇÃO DOS DESEMBOLSOS Os desembolsos são os pagamentos efetuados pela empresa e estão divididos em: desembolsos administrativos, com vendas, com pessoal, com fornecedores, com tributários e financeiros. 4.3.1. Desembolsos Administrativos Os desembolsos administrativos da Pescaça foram relacionados em aluguel/IPTU, energia elétrica, telefone/internet, vigilância e contabilidade. Na figura 13 é apresentado a representatividade de cada gasto no período total. 62 Figura 13: Composição dos desembolsos administrativos Fonte: Dados primários Observa-se na figura 13 que o maior desembolso administrativo que a empresa teve no período foi com o aluguel/IPTU 61%, este desembolso é justificado pela ótima localização da loja, assim não se tornando interessante para empresa procurar um novo local. Os outros desembolsos administrativos são com tel./internet 12%, contabilidade 11%, energia elétrica 10% e com a vigilância 6%. Na figura 14 é apresentado detalhadamente um comparativo de todos os gastos administrativos no período analisado. Figura 14: Performance dos desembolsos administrativos Fonte: Dados primários 63 4.3.2. Desembolsos com vendas Os desembolsos com vendas são compostos de despesas com comissão, fretes, publicidade e devoluções, conforme será demonstrado na figura 15, o percentual comparativo de cada um dos itens citados. Figura 15: Composição dos desembolsos com vendas Fonte: Dados primários Após análise do gráfico, pode-se observar que não há uma predominância em determinada despesa, afinal todas possuem valores bastante balanceados, porém as comissões destaca-se com 34% do total dos desembolsos, seguida pela publicidade, que representam 31%, as despesas com fretes 22%, e por fim as devoluções de mercadorias, que totalizam 13%. Conforme será apresentado na figura 16, alguns dos gastos apresentados, não possuem uma freqüência mensal, assim criando algumas oscilações no orçamento da empresa. 64 Figura 16: Comparativos desembolsos com vendas Fonte: Dados primários Observa-se no gráfico que as despesas com comissões estão presentes em todos os meses, porém nem sempre ocorre de esta ser a maior despesa ocorrida no mês, o que faz com que em alguns meses as despesas publicidade, com frete ou devoluções sejam predominantes perante a publicidade. 4.3.3. Desembolsos com pessoal O item desembolsos com pessoal compreende os salários, pró-labore, vale alimentação, vale transporte, FGTS, INSS e sindicado. A figura 17 apresenta a composição das despesas com pessoal e seus percentuais. 65 Figura 17: Composição dos desembolsos com pessoal Fonte: Dados primários Verifica-se que dentre as contas apresentadas, a que mais se destacou nos desembolsos com pessoal foi a de salários, com 62% das saídas, seguida pelo pró-labore com 20%, vale alimentação com 7%, INSS correspondem a 4%, vale transporte e FGTS correspondem a 3% cada, e por fim o sindicato com apenas 1%. Figura 18: Comparativo dos desembolsos com pessoal Fonte: Dados primários Através do gráfico 18 apresentado, é possível observar que na média de sálarios, os maiores índices são nos meses de novembro e dezembro, isto se dá devido ao pagamento do 13° salário em duas parcelas, e no mês de dezembro devido a contratação 66 de uma nova funcionária, em função do aumento das vendas e do movimento na loja, neste período. 4.3.4. Desembolsos com Fornecedores Os desembolsos com fornecedores são compostos pela compra das mercadorias que são revendidas na empresa, estes produtos são subdivididos por setores, são eles: pesca, caça, mergulho, camping, roupas e uniformes. Na figura 19, a seguir, são expostos a composição destas despesas e seus percentuais. Figura 19: Composição dos desembolsos por fornecedor Fonte: Dados primários Através da figura 19, pode-se observar que novamente o setor de pesca destacase dos demais, assim como nos ingressos corresponde a maior porcentagem, nos desembolsos a pesca também destaca-se com 35% das despesas, em segundo lugar aparece os materiais para camping com 24%, seguido pelos uniformes com 17%. O setor de mergulho corresponde a 15% dos desembolsos, caça 5% e as roupas com 4%. 67 Figura 20: Comparativo dos desembolsos por fornecedor Fonte: Dados primários Na figura apresentada acima, nota-se que a pesca se destaca em grande parte dos meses, predominando na compra de mercadorias, exceto pelos meses de março e junho onde se iguala ou é superada pelas compras de materiais para camping. É possível observar também que assim como há uma queda nas vendas entre os meses de abril a outubro, consequentemente as compras também declinam. 4.3.5. Desembolsos tributários A empresa Pescaça no ano de 2009 foi enquadrada no Simples Nacional, seus controles internos de custos nos impostos não são diferenciados em quais impostos são pagos, mas sim lançados em uma única conta chamada Simples Nacional. 68 Figura 21: Desembolsos com tributos Fonte: Dados primários 4.3.6. Desembolsos Financeiros Compõem os desembolsos financeiros, os gastos com empréstimos e juros por atraso no pagamento. Na figura 22 a seguir são apresentados os percentuais de cada um dos itens. Figura 22: Composição dos desembolsos financeiros Fonte: Dados primários 69 A empresa Pescaça possui poucos itens referente aos desembolsos financeiros, apenas empréstimos e juros, sendo os empréstimos responsáveis por 99% das despesas financeiras realizadas pela mesma, e apenas 1% corresponde a juros, sendo estes referentes ao atraso no pagamento da parcela do empréstimo. Segue na figura, a evolução dos desembolsos financeiros referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2009. Figura 23: Comparativo dos desembolsos financeiros Fonte: Dados primários Como informado anteriormente, o 1% dos juros nas despesas financeiras, estão presentes no mês de maio e correspondem ao atraso no pagamento da parcela do empréstimo. Na figura 24 é demonstrado os desembolsos da empresa, qual é o percentual e representação no total de cada área. 70 Figura 24: Composição desembolsos Fonte: Dados primários Observando a figura 24 fica evidente a superioridade nos gastos com os fornecedores representando 76% de todos os desembolsos da empresa. 4.4 Ingressos X Desembolsos Após a realização da análise individual, da composição total dos ingressos e desembolsos da empresa, faz-se necessário a verificação geral destes dados. Através da figura 25 apresentada a seguir, verifica-se o total de ingressos, que corresponde a 51% no período estudado, supera os desembolsos que somam 49%. 71 Figura 25: Ingressos x Desembolsos Fonte: Dados primários A figura 26 demonstra a evolução dos ingressos e desembolsos no período analisado. Figura 26: Comparativo ingressos x desembolsos Fonte: Dados primários Analisando a figura 26 é possível perceber que em alguns meses o nível de desembolsos é maior que os ingressos, nos meses de fevereiro, março, junho, agosto, setembro e novembro, mas devido aos outros meses no final do período estudado a empresa ficou com o saldo positivo de R$ 17.394,64. A figura 27 mostra com maior clareza o comparativo dos ingressos e desembolsos mês a mês. 72 Figura 27: Comparativo mensal ingressos e desembolsos Fonte: Dados primários Concluindo-se, após análise dos dados apresentados, pode-se observar que a empresa em estudo é viável, ou seja, gera lucros. O que se torna preciso é a melhora na administração dos ingressos e desembolsos gerados pela mesma, principalmente no que se refere a parte de compras de materiais para revenda. Sendo assim, seria interessante a criação de uma parceria com os fornecedores, para negociação de preço, prazo de pagamento, entrega, etc, além de criar um controle rigoroso para entrada e saída e materiais, o que diminuiria o risco de extravio ou compras desnecessárias de produtos. 73 4.5 FLUXO DE CAIXA REALIZADO X PROJETADO A elaboração do fluxo de caixa projetado se deu através da análise dos dados coletados no período de janeiro a dezembro de 2009. Por meio do histórico dos últimos anos da empresa, pela média de crescimento e principalmente pela expectativa do proprietário, foi possível criar a projeção dos ingressos para o primeiro trimestre de 2010, com um crescimento de 6% nos ingressos. Na projeção dos desembolsos foi levado em consideração principalmente os gastos com os fornecedores, que como já foi apresentado anteriormente representa 76% do total dos desembolsos da empresa. Visando uma negociação com todos os fornecedores no custo dos materiais, devido ao aumento nas vendas, logo na compra de produtos dos mesmos, foi projetado um acréscimo de 3% nos desembolsos com fornecedores, e também nos demais desembolsos. Para isto foi levado em consideração a média do crescimento no último ano, e na análise horizontal do ano de 2009. Nas figuras 28 e 29 é possível ver o comparativo do fluxo de caixa projetado x fluxo de caixa realizado. Analisando o fluxo de caixa é possível perceber que a empresa não alcançou o seu objetivo nas vendas, pois no mês de janeiro ficou abaixo de suas expectativas, segundo o proprietário o motivo deste resultado é que na última semana de janeiro a loja ficou com apenas um vendedor, pois o proprietário estava em uma feira na Argentina, e o outro vendedor teve que fazer uma viagem de emergência. Em relação aos desembolsos, pode-se analisar que os gastos com os fornecedores continuam sendo acima das expectativas, no mês de janeiro teve uma diferença expressiva em relação projetado do realizado. Devido às vendas de dezembro ter sidos as melhores da história da empresa, a reposição de estoque teve que ser maior que o esperado. Deste modo a empresa deve que usar suas reversas conquistadas no ano de 2009 para conseguir pagar as suas contas. 74 Figura 28: Fluxo de caixa projetado x realizado Fonte: Dados primários 75 Figura 29: Fluxo de caixa projetado x realizado Fonte: Dados primários 76 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho de conclusão de estágio teve como principal objetivo implantar um fluxo de caixa na empresa Mauricio Socas Doin Vieira – ME / Pescaça, pois a empresa não possui um controle específico para seus ingressos e desembolsos. Para que fosse possível atingir o objetivo geral, alguns objetivos específicos foram formulados,, como: avaliar os procedimentos atuais da empresa, identificar os itens que compõem o fluxo de caixa, avaliar os impactos da implantação ao fluxo e desenvolver o fluxo de caixa. Os procedimentos utilizados pela empresa para os controles financeiros, são apenas planilhas no Excel, pois a empresa não possui nenhum programa de gestão financeira. As planilhas pesquisadas eram de difícil entendimento, tornando assim, o processo inicial de avaliação complicado e lento, porém após alguns contatos realizados com o responsável financeiro da loja, foi possível elaborar uma nova ferramenta de trabalho que facilite e atenda totalmente as necessidades da empresa no levantamento de dados para análises futuras. Após a criação das novas planilhas de trabalho, facilitou a realização do segundo objetivo específico, a identificação dos itens que compõem o fluxo de caixa. Desta forma, foi possível verificar as maiores dificuldades da empresa em relação aos desembolsos, que através dos gráficos verifica-se que grande parte dos gastos da empresa são as despesas realizadas com fornecedores, concluindo-se assim, que o principal problema da empresa, está relacionado à administração na compra de seus produtos para revenda. O fluxo de caixa é uma ferramenta de extrema importância para as empresas, pois auxilia seus gestores nas tomadas de decisões permitindo assim, que os mesmos escolham o caminho adequado a seguir, para que a empresa consiga suprir as suas despesas, e também prever com antecedência as medidas a serem tomadas, para a empresa alcance os seus objetivos. Foi desenvolvida então, uma proposta de um fluxo de caixa simples para Pescaça, porém o processo de projeção torna-se mais difícil por 95% das vendas serem realizadas à vista, assim a empresa torna-se totalmente dependente das vendas do mês para poder cumprir com suas obrigações, dificultando a criação de uma projeção de 77 fluxo de caixa, mas, mesmo com esta dificuldade a ferramenta mostrou para ao proprietário que deve haver um controle de todas as entradas e saídas, pois irá indicar quais melhorias à empresa necessita para prosperar em seu mercado. Após a análise de todo o processo da empresa Pescaça, foi possível relacionar algumas sugestões de melhorias, como: atualizar as planilhas financeiras diariamente, ao implantar um sistema de gestão financeira, melhorar o processo de compra de seus materiais, investir em publicidade e ter um controle de estoque. Com a realização do trabalho, a empresa poderá ter uma melhor percepção dos ingressos e desembolsos que ocorrem na empresa, além disso, deixará o setor financeiro mais claro, com planilhas mais simples, e controles rígidos, percebendo-se a importância da ferramenta do fluxo de caixa no auxilio à tomada de decisão. 78 REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Administração do capital de giro. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002. BARROS, A.J..P.; LEHFELD, N.A.S. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação cientifica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. BODIE, Z.; KANE, A.; MARCUS, A.J. Fundamentos de investimentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. BODIE, Z.; MERTON, R.C. Finanças. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. BORNIA, A.C. Análise gerencial de custos: Aplicação em empresas modernas. Porto Alegre: Artmed, 2002. BRAGA, R. 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Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2004. 81 APÊNDICE A – ACOMPANHAMENTO DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 82 APÊNDICE B – ANÁLISE HORIZONTAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 1º SEMESTRE 83 APÊNDICE B – ANÁLISE HORIZONTAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 2º SEMESTRE 84 APÊNDICE C – ANÁLISE VERTICAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 1º SEMESTRE 85 APÊNDICE D – ANÁLISE VERTICAL DOS INGRESSOS E DESEMBOLSOS 2º SEMESTRE 86 APÊNDICE E – FLUXO DE CAIXA PROJETADO X REALIZADO 1º TRIMESTRE 2010 87