Campo na matéria II Aula 4 3 de junho de 2011 1 Resumem da aula ante- campo magnetizante rior ~ ~ ~ ≡ B −M H µ0 A m de explicar o magnetismo observado com origem exclusiva no movimento das cargas na matéria Ampère propões a existência de (corrente real) corrente internas, hoje conhecidas como cor- I rentes de ampere. Nossos cálculos mostraram ~ · d~s = ic H C que essas correntes de Ampère resultam numa Assim vemos que o campo corrente supercial que da origem a o mo- física mento magnético responsável pelo magnetismo totalmente ~ H O campo na matéria ~ H diferente (2) tem uma origem de o campo ~. B é produto das correntes resul- tantes do movimento das cargas (correntes ∆µm = im ∆A verdadeiras) em um meio condutor, enquanto A partir dessa denição foi interessante intro- ~ B o campo duzir a magnetização como sendo o momento ~ = µ0 H ~ +M ~ B magnético por unidade de volume M= dµm dV resulta da contribuição das correntes ver- dadeiras e as correntes atômicas. Uma forma de entender está diferença é dizendo que o que mostramos estar relacionado à corrente su- campo percial via ~ H é um campo de origem externa apli- ~ é o campo B ~ é o campo medido no material, entanto que M cada ao material, enquanto que im = 2πrM (1) próprio do material. Também mostramos que podemos escrever Uma análise mais detalhada da lei de Ampère uma relação simples entre evidencia que a corrente total pode ter duas componentes ~ M e ~ H ~ = χm H ~ M it = i + im χm (3) as corrente resultante do movimento de cargas onde constante o corrente real e a corrente de ampere, com isso teriza o material e recebe o nome de suscep- se faz necessário introduzir um novo campo, a tividade magnética do material. 1 é uma grandeza que cara- A partir dessa relação se chegou ao seguinte resultado ~ = µH ~ B onde µ = (1 + χm ) µ0 se conhece permeabilidade como nética (absoluta) do material. mag- Figura 1: Orbita de Bohr. As vezes re- sulta útil também falar da permeabilidade relativa do material Km = e o momento de dipolo magnético associado a µ 1 + χm µ0 orbita e Finalmente, em base o valor da susceptibilidade magnética, ~ =i· µ ~ = iA classicamos os materiais magnéticos como: ~r = ~v dt como 1. materiais ferromagnéticos: qI µ ~= ~r × ~v dt τ C os dipo- los magnéticos atômicos tendem a se alinhar uns com outros quando sujeitos a se um campo externo. momento linear está dado por m é a massa da partícula, sabemos que o forma 2. materiais paramagnéticas: os dipolos ~r × ~v = se alinham ao campo externo aplicado ~ L p~ = m~v , dessa 1 1 ~r × p~ = ~l m m porém não se inuenciam mutuamente de onde forma signicativa. mento angular ser conserva num movimento é o momento angular. q ~1 I l τ µ ~= 2m τ C são independente entre si, a tendencia dos momentos magnéticos é de se alinhar na direção oposta mas H C dt = τ , um partícula com carga q átomo clássico, e massa M o período da orbita, µ ~ = γ~l Razão giromagnética Consideremos Como o mo- sob a ação de uma força central 3. materiais diamagnéticos: os momentos 2 1I ~r × d~r 2 C onde uma γ= descrevendo q 2m uma orbita fechada em torno de um ponto Assim vemos que o dipolo magnético associ- O ado a uma corrente de ampère produzida pela (núcleo), sob a ação de uma força central (força coulombiana). Seja τ o período da circulação de uma carga ~l, q na orbita é pro- orbita, a corrente associada ao movimento da porcional partícula constante de proporcionalidade se chama razão q i= τ o momento angular da orbita. A giromagnética clássica. 2 Para o caso de um elétron q = −e e m = me γe = − pode ser calculado com a teoria quântica. e 2me 3 Resultados quânticos O sinal (-) indica que o momento magnético é O momento magnético associado ao spin está antiparalelo ao momento angular. dado por É interessante fazer referencia a um experi- ~ µ ~ s = −2γe S mento realizado por A. Einstein e W. J. Haas ~ S em 1915 os quais suspenderam um cilindro no onde ferro através de uma bra de vidro, dentro entemente de dos momentos angulares clássi- de um solenoide, imantá-lo (pela passagem de cos, o spin é diferente em alguns aspectos: é o momento angular de spin. Difer- corrente) e observaram a torção da bra de vidro provocada pela rotação do cilindro. efeito é bastante pequeno. 1. Só pode ser medida uma de suas compo- O nentes Eles encontraram um resultado consistente com o que esperavam, 2. A componente medida é quantizada. γ = γe , mas não tinham feito a experiencia com cuidado.l Experiencias feitas alguns anos mais Resultados experimentais (e cálculos analíti- tarde dessa época mostraram que para mate- cos) mostram que a componente riais ferromagnéticos (F e, sume os seguintes valores N i , . . .) materiais γ = 2γe = − que nesses e me Sz = ms ou seja, o dobro da clássica. onde A explicação para esse resultado veio com a descoberta do spin do elétron. ms h , 2π z intrínseco, o spin, e como dizemos, comparável h (h = 6, 63 × 10−34 J · s) é µs,z = ± ao de um giroscópio em rotação em torno de é eh 4πme O valor absoluto da grandeza do lado direito A magnetização em materiais fer- se chama de magneton de Bohr: romagnéticos pe devida quase que exclusivamente ao spin. J~ 1 2 Com isso, o momento magnético ao longo de atômico, o elétron tem um momento angular O momento angular total ms = ± a constante de Planck. mento angular orbital em relação ao núcleo seu eixo. do spin as- é chamado número quântico mag- nético de spin e Além do mo- para z µB = dos elétrons de eh = 9, 27 × 10−24 J/T 4πme um átomo é a resultante de seus momentos angulares orbitais e de spin, e a razão giromag- dessa forma o momento magnético de spin ao nética correspondente para o átomo como um longo do eixo z é igual a um µB . Como podemos associar um momento mag- todo é da forma nético ao elétron, então teremos associada uma µ ~ = gγe J~ energia magnética à partícula devido a presença de um campo externo onde g é um número positivo da ordem da unidade, conhecido como fator g ~ ext Ue = −~µe · B de Landé e 3 O momento magnético associado á orbita do spin esta dado por ~ orb µ ~ orb = −γ L Resultados quânticos mostram que Lorb,z = ml h 2π para ml = 0, ±1, ±2 . . . (limite) Figura ml e o numero quântico magnético orbital limite e o valor máximo permitido. onde e 2: Força magnética exercida sobre elétrons atômicos que circulam em (a) sentido horário (b) anti-horário. Igualmente podemos associar uma energia potencial a este momento ~ ext U = −~µorb · B intenso. Esse efeito é conhecido como diamagnetismo de Lamor. 4 Teoria de Lamor do dia- Sabemos que para qualquer elétron dentro de um átomo, a força elétrica é a responsável magnetismo pela força centripeta, assim Como já foi mencionado, é possível que um material tenha momento magnético resultante igual a zero. Independente de efeitos térmicos, Ze2 4πε0 ro2 Ze2 = 4πε0 mro3 mr0 ω02 = podemos ter materiais onde o momento linear ω02 dos elétrons seja oposto, consequentemente o momento magnético terá sentido oposto, resul- (4) tando num momento global nulo. Ou termos Vamos acoplamento locais de espin resultando num gura 2, os quais giram em sentidos opostos, momento magnético nulo. mas com a mesma velocidade angular dada Em qualquer um considerar os elétrons dos casos mencionado a aplicação de um campo pela expressão anterior. magnético externo pode proporcionar energia néticos estão dados por descritos na Os momentos mag- ao sistema e alinhar os dipolos numa mesma µ1 = iA (−e) ω0 2 πr0 = 2π direção. Quando se aplica um campo magnético externo este interatua com a orbita dos elétrons, devido ao uxo magnético variável, de forma a µ2 = se obter um momento magnético induzido. Se- (−e) (−ω0 ) 2 πr0 2π gundo a lei de Lenz a direção desse momento Até aqui temos considerado que o campo ex- magnético deve ser oposta à do campo mag- terno nético externo, pelo que se obtém uma sus- terno aparece uma força magnética dada por ceptibilidade diamagnética débil. ~ q ~v × B Esse efeito B é zero. Ao aplicarmos um campo ex- o que produz um aumento na força centrípeta do elétron pode ser ocultado pelo paramagnetismo mais 4 a e uma diminuição no b. elétron Assim, para o elétron a temos ω2 frente a em 8, assim Ze2 F1 = − − evB = −mr0 ω 4πε0 ro2 como ω = ω0 + ωL = ω1 para o elétron v = r0 ω b Assim, átomo F2 = −mr0 ω02 + er0 ωB = −mr0 ω 2 dividindo por mr02 a µ1 = ambas equações ω 2 − 2ωωL − ω02 = 0 na presença do campo externo eB ωL = 2m (6) B é (−e) ω1 2 er2 πr0 = − 0 (ω0 + ωL ) 2π 2 e para o elétron (5) e onde b o momento magnético devido ao µ1 = ω 2 + 2ωωL − ω02 = 0 para o elétron ω = ω0 − ωL = ω2 F1 = −mr0 ω02 − er0 ωB = −mr0 ω 2 para o elétron a, b (−e) ω2 2 er02 πr0 = (ω0 − ωL ) 2π 2 Isto implica que o momento magnético total por átomo é (7) µ = µ1 + µ2 é a frequência de Lamor. = −er02 ωL e2 r02 B = − 2m 2 Somando ωL a ambos lados da equações 5 ω 2 − 2ωωL + ωL2 = ω02 + ωL2 Se n é o número de átomos por unidade de vol- ume, então o momento magnético por unidade ou seja (ω − ωL )2 = ω02 + ωL2 de volume, que é a magnetização está dada por (8) e2 r02 B M = −n 2m De 4 e 7 s ωL πε0 r03 =B ω me Z e como M = χH = χ (B/µ0 ), então M µ0 B = 100T , 1 mol ocupando ≈ 1cm3 ⇒ χ= = nµm H B 6×1022 atomos, assim cada átomo ocupa 1, 7× 10−29 m3 ∼ 2r0 , então é razoável supor r0 ∼ e2 r02 χ = −n 1, 3 × 10−10 m. ωωL será máxima quando Z seja 2m −12 mínima⇒ Z = 1, com ε0 = 8, 85 × 10 F/m Para um átomo típico n ≈ 6 × 1028 −31 e me = 9, 11 × 10 kg obtemos que 1, 3 × 10−10 m, onde Usando ωL ≈ 8, 2 × 10−4 ω isto é ωL ω , assim podemos despreciar e r0 ∼ χm = −1, 8 × 10−5 ωL2 que concorda na ordem de magnitude dos val- 5 ores mostrado na tabela da aula anterior. Observe que esse susceptividade é independente da temperatura, o que está em acordo com os experimentos. 6