Título: Londrina, da Capital Mundial do Café à Cidade Genial. Autor: Pedro José Granja Sella Co-autor: Jorge Luiz Garbarino de Souza RESUMO: O processo de evolução, para uma nova identidade, sobre o desenvolvimento territorial, a cidade de Londrina - PR por iniciativa de grupos de trabalho de instituições e da prefeitura municipal, no final do ano de 2014 foi apresentada a nova marca da cidade, sendo “Londrina, cidade Genial”, juntamente com a entrega da minuta da Lei de Inovação Municipal. Dentre todos os setores econômicos, destacou-se o setor da tecnologia da informação, visto ser o setor consolidado e em acelerado crescimento. A partir dessa premissa, esse estudo tem por objetivo criar uma metodologia de atuação que leva em consideração a aplicação de conceitos sobre framework e place branding. Os resultados esperados são a composição de uma rede ativos eficaz, através da superação dos desafios dessa empreitada num processo sinérgico. Considera-se que ao final possa ser consolidado o desenvolvimento e evolução do “novo lugar” – Londrina, Cidade Genial. Palavras-chave: Desenvolvimento Territorial, Rede de Ativos, Londrina Cidade Genial, Aceleradora Territorial. ABSTRACT: The development process for a new identity, on territorial development, the city of Londrina PR on the initiative of institutions of working groups and the municipal government at the end of the year 2014 was presented a brand new city, with "Londrina, Genial City" along with the delivery of the draft of the Municipal Innovation Act. Among all industries, the highlight was the Technology Information sector, as it consolidated and rapidly growing sector. From this premise, this study aims to create a methodology of action that takes into account the implementation of concepts of framework and place branding. The expected results are the composition of effective network assets by overcoming the challenges of this enterprise in a synergistic process. It considered revising that the end may be consolidated development and evolution of the "new place" – Londrina, Genial City. Keywords: Territorial Development, Asset Network, Londrina Genial City. INTRODUÇÃO A colonização da região do Norte do Paraná teve início em 1929, aonde cidadãos do Brasil e de outros países, vieram buscar oportunidades de trabalho e renda na região para cultivar terras e criar animais. O sucesso da região, e principalmente do desenvolvimento territorial da cidade de Londrina foi acelerado, tanto que nos anos 50 era considerada “a capital mundial do café”. Seu aeroporto foi o segundo mais movimentado do Brasil, perdendo apenas para o aeroporto de Congonhas em São Paulo, com idas e vindas de políticos, proprietários de terras e homens de negócio. Portanto, a cidade de Londrina desenvolveu-se nesses 80 anos de história em função do agronegócio, porém após duas grandes geadas da década de 70, sendo a última em 1975, a totalidade dos cafezais praticamente foi devastada, o que fez com que a cidade perdesse a sua referência de polo e ícone de desenvolvimento. Com 80 anos e ainda sem uma referência explicita, Londrina é uma cidade que diversificou a suas áreas de competências, onde se destacam os setores: educacional com cerca de 6% de sua população cursando graduação e pós-graduação nas mais de 17 universidades e faculdades; conta com os maiores grupos educacionais e institutos federais e estaduais de pesquisas voltadas ao agronegócio; prestação de serviços, com destaque ao comercio e a área hospitalar médica; empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Em 2015, todo o Brasil passa por grandes desafios na questão macroeconômica, com uma previsão de queda do PIB. Apesar do encolhimento do mercado de trabalho, Londrina ficou em 11º lugar no ranking, entre as 5.500 cidades brasileiras, dos maiores saldos de emprego no primeiro semestre deste ano. O saldo é a diferença entre contratações e demissões calculado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O levantamento foi feito pela Revista Exame 2015. A cidade de Londrina, por ter sua economia mais baseada no setor de serviços sofre menos que a média das cidades brasileiras que se baseiam em indústrias como se pode observar na figura 1. Apesar da difícil situação atual, Londrina possui grandes condições de desenvolvimento principalmente em setores com grande valor agregado e da economia criativa como tecnologia da informação, telecomunicações e biotecnologia. O PIB de Londrina em 2013 foi de R$ 9,9 bilhões (US$ 3 bilhões). FIGURA 1: Produto Interno Bruto-PIB de Londrina Fonte: IBGE Nessas iniciativas, o setor que protagonizou uma mudança relacionada a “novos tempos“, frente a uma era de mudanças e transformações econômicas significativas foi o surgimento das empresas de TIC, que por meio dos seus ativos e da sustentabilidade propiciou uma articulação e pensamento necessários ao desenvolvimento territorial que surgiu como fruto do Arranjo Produtivo Local em Tecnologia da Informação - APL-TI, estruturado em 2006. Ao evoluir para uma nova identidade sobre o desenvolvimento territorial da cidade, por iniciativa de grupos de trabalho de instituições da cidade e da prefeitura municipal, no final do ano de 2014 foi apresentada a nova marca da cidade, sendo “Londrina, cidade Genial”, que motivou o executivo a elaborar a Lei de Inovação Municipal e o Distrito Tecnológico de Londrina. Segundo a Presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC Senhora Francilene Procópio Garcia em aula ministrada em Brasília-DF em setembro de 2014 ao tratar do tema” Ecossistemas de Inovação” disse que há que se considerar que para “promover a inovação para uma comunidade (regional ou global), precisamos promover a inovação e a colaboração onde elas já ocorrem organicamente, empresas podem ser bem sucedidas (apenas) no mercado doméstico ou (também) no mercado global. Surge um imenso potencial para transformar o crescente número de desempregados em força produtiva. É necessário propor formação complementar para acompanhar o ritmo do conhecimento e das novas habilidades necessárias para os jovens participarem da “terceira onda” da revolução industrial. O papel dos Governos e agentes dos ecossistemas de inovação definirão o quanto uma cidade é atrativa, quanto maior o número de conexões com outros empreendedores (intra e inter região ou país), maior o impacto do ecossistema. Teremos de buscar modelos que evitem a concentração de talentos em algumas cidades, em detrimento de outras no país. Quanto maior o conhecimento do (novo) perfil empreendedor maior o suporte do governo ao seu desenvolvimento. Saber reconhecer quando o empreendimento falha e deve ser interrompido também é fundamental”. FIGURA 2: Evolução Histórica da Cidade de Londrina Ao traçar esse percurso histórico, esse trabalho tem como objetivo propor o desenvolvimento de uma metodologia de trabalho, para que os ativos da cidade de Londrina funcionem em rede, para de fato transformar em realidade a visão atual de “Londrina em cidade Genial”, sendo essa perspectiva naquela ocasião inicial denominada “Londrina Genial em TIC”. Propõe-se integrar a rede de ativos que promovem o empreendedorismo e a inovação na interação da “Tríplice-Hélice” (empresa, governo e academia), da cidade visando implementar o projeto para a definição das diretrizes influenciando cada vez mais a ampliação do território de Londrina à Cidade Genial. Nesse sentido, faz-se necessário ressaltar o conceito sobre empreendedorismo. Para Chiavenato (2007), existem três características básicas para um empreendedor. São elas: 1Necessidade de realização: Uma necessidade pessoal, o que o diferencia dos outros. 2Disposição para assumir riscos: Riscos financeiros e de demais ordens assumidas ao iniciar o próprio negócio. 3 -Autoconfiança: Segurança ao sentir que pode enfrentar os desafios e problemas. Portanto o empreendedor que deseja alcançar sucesso nos negócios necessita de características tais como: coragem e paixão para desbravar o novo, e equilíbrio, racionalidade e facilidade em lidar com as mais variadas situações, já dentro do empreendimento. “Tríplice-Hélice”, este foi o termo desenvolvido por Henry Etzkovitz na década de 90. Esse termo foi utilizado para descrever “o modelo de inovação com base na relação governo-universidade-indústria”. Na era da economia do conhecimento, pode-se pensar que somente através da interação dessas três personalidades é que pode tornar-se possível a criação de um sistema de inovação sustentável e durável. Segundo a premissa do autor, “o modelo surgiu pela observação da atuação do MIT (Massachussetts Institute of Technology) e da sua relação com o polo de indústrias de alta tecnologia em seu entorno. ” Contextualizando, a ideia de inovação é concebida como uma criação ou renovação de algo já existente, partindo de estudos, observações e persistência, na busca de soluções, que sejam práticas e simples, ao passo que possam ser facilmente entendidas e aceitas pelos consumidores. Também demonstra que o empreendedorismo não é uma exclusividade de pequenos investidores dispostos a abrir um negócio, mas que grandes empresas podem ser consideradas empreendedoras desde que apresentem inovações, no chamado ‘empreendedorismo corporativo’. Os termos “transição contínua e fronteira sem fim” são relacionados ao modelo tríplice-hélice. Tais considerações nesse ambiente de inovação são vistas como o resultado da complexidade e de um processo contínuo de experiências nas interfaces da ciência e das relações que ocorrem entre “ciência, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento nas universidades, indústrias e governo”. Segundo Etzkovitz e Loet Leydesdorff, as primeiras publicações sobre o tema aconteceram na Universidade de Amsterdam. Hoje, a hélice tríplice evoluiu de uma teoria para um modelo, já aplicado em diversos países do mundo, estimulando o surgimento de núcleos de incubadoras, núcleos de inovação, escritórios de transferência de tecnologia, novas leis e mecanismos de fomento, inclusive no Brasil. A tríplice hélice cresceu de uma teoria para um modelo que exatamente. De uma metáfora para um modelo, de uma teoria para uma prática. Na verdade, a prática já existia antes da teoria, onde foi extraído a teoria da prática ao analisar o papel do Massachussets Institute of Technology (MIT) no estado da Nova Inglaterra, nos EUA, nos anos 1930 e 1940. Ali, eles já funcionavam de acordo com a hélice tríplice, mas não tinham a terminologia, nem uma teoria. Ao discorrer sobre a existência de fatores e ativos de desenvolvimento territorial que contribuem para o incremento acentuado do empreendedorismo e inovação, o presente trabalho irá propor como problemática central a identificação de uma rede de ativos que propicie um ambiente inovador. Essa rede de ativos no cenário atual é representada por instituições como: SEBRAE, SENAI, ACIL, CINTEC, SINFOR, SERCOMTEL, CODEL, UEL, UTF PR, IEFPR, APL, AINTEC/INTUEL, dentre outros. Haja vista que cada uma delas segue um conjunto de diretrizes que nem sempre coincidem, pois existem premissas distintas entre elas, o que justifica a criação de uma metodologia que possa integrar e alinhar a atuação dessa rede. Com base na evolução histórica da cidade de Londrina - PR, frente a uma nova identidade sobre o desenvolvimento territorial da cidade, que redefine um novo lugar, por iniciativa de grupos de trabalho de instituições da cidade e da prefeitura municipal, que no final do ano de 2014 define uma nova marca da cidade, como: “Londrina, cidade Genial”. Nesse sentido definiu-se a área de TI como o setor que protagonizou uma mudança relacionada a “novos tempos“, frente a uma era de transformações econômicas significativas por meio do surgimento das empresas de TIC, que através dos seus ativos e da sustentabilidade propiciou uma articulação e pensamento necessários ao desenvolvimento territorial que surgiu como fruto do APL-TI, estruturado em 2006. FIGURA 3: Abrangência do APL-TI de Londrina e Região e Número de empresas de TI por Cidade A Figura 3 demostra a vocação de Londrina no setor de TIC com o número de 852 empresas das 1181 empresas da região. Tal número define sua relevância regional a qual emprega 19000 pessoas, sendo que 80% graduados ou pós-graduados. Pesquisa Sebrae 2015. Conforme fonte do IBGE (2013), a cidade de Londrina - PR, é o quarto maior município do sul do Brasil. A população é estimada em aproximadamente em 543 mil habitantes. Sua abrangência refere-se principalmente ao setor de serviços, porém também à Educação, Saúde, Construção Civil, Agronegócio. Visto que se consolidou como polo regional de bens e serviços, nesse setor de serviços associou-se à ideia de mudança e inovação a área de TI. Relacionada a isso um promissor desenvolvimento territorial. Os principais desafios na construção dessa nova marca de lugar: “Londrina Genial”, na cultura da cidade são a de alimentar uma reputação que zele pelo desenvolvimento de um sense of place poderoso. Dessa forma definiu-se a área de TI como o setor que protagonizou uma mudança relacionada a “novos tempos”, frente a uma era de transformações econômicas significativas por meio do surgimento das empresas de TIC, que através dos seus ativos e da sustentabilidade propiciou uma articulação e pensamento necessários ao desenvolvimento territorial que surgiu como fruto do APL-TI, estruturado em 2006. 2. Londrina Genial Os principais desafios na construção dessa nova marca de lugar: ”Londrina Genial “, na cultura da cidade são a de alimentar uma reputação que zele pelo desenvolvimento de um sense of place poderoso. De acordo com o crítico americano de arquitetura Paul Goldberger (2014) O que significa isso? O tal do “sentido do lugar” confere a uma cidade características tão próprias que a identificam em relação às demais, tornando-a memorável em suas interações. Segundo o mesmo autor, ao falar sobre o tema em sua visita ao Rio de Janeiro diz que: O sense of place pode ser fortalecido pelo número de citações, poemas, histórias, músicas, representações artísticas ou designações internacionalmente reconhecidas de um lugar. Nisso, o Rio de Janeiro pontua bem. Sem contar o inédito título de patrimônio mundial como Paisagem Cultural Urbana concedido pela Unesco, fora outros que somam o potencial de atratividade da cidade e promovem a geração de mais políticas públicas de estímulo ao turismo. ” Ainda diz: “O sense of place pode, ainda, ser entendido como algo que parte do ponto de vista de moradores, visitantes, passantes ou migrantes. Algo que é por eles sentido ou percebido, como um vínculo particular ou uma noção de pertencimento. ” Isso é o que nos conta a história de Londrina, a de uma reputação sólida, haja vista a sua projeção no cenário sul-brasileiro, de acordo inclusive com dados do IBGE e outras fontes. Portanto, representa um “sentido de tal lugar”. Pois bem, tal trajetória permite com que ao constatar um “sense of Place”, possamos optar pela criação de um “Framework”, que integre essa rede de ativos da cidade, ao entender que já possuímos nos dias atuais o vínculo de pertencimento, com ênfase no setor de serviços de TI, nova competência essencial em inovação, já identificada nesse estudo como já foi dito: um “sense of place”. Na verdade, essa criação do “frame Work” foi estudada por Cunha (2010) ao citar várias definições: “Para Fayad et al (1999b) e Johnson & Foote (1988, APUD CUNHA 2010) como a definição de que um framework é um conjunto de classes que constitui um projeto abstrato para a solução de uma família de problemas. Para Mattsson (1996, 2000), um framework é uma arquitetura desenvolvida com o objetivo de atingir a máxima reutilização, representada como um conjunto de classes abstratas e concretas, com grande potencial de especialização. “ Funcionalidade e valor agregado são duas das características mais importantes que os lugares necessitam para desenvolver suas próprias marcas. Enquanto a funcionalidade está ligada a aspectos tangíveis de uma localidade, o valor está representado pelos aspectos intangíveis de um lugar como: cultura, história, costumes e pessoas. As experiências definem se uma marca terá sucesso ou não. O mesmo acontece com os lugares. Se as pessoas têm uma determinada experiência, seja ela positiva ou negativa, com um lugar, elas comunicam e divulgam isso. O Place Branding ocorre quando um público fala para outro, quando uma população inteira é estimulada a tornar-se porta-voz dos valores e qualidades de sua nação. Outra questão importante que envolve o assunto é: “Como uma marca é percebida? ” O modo como a população ou os visitantes percebem uma cidade e a imagem que constroem e projetam desta, também é um ponto-crítico para o sucesso do lugar. ”. FIGURA 4: Logo Londrina Genial A palavra genial vem da raiz indo-europeia gen-, que significa gerar, engendrar, fazer nascer. Da mesma origem vem Gênesis, primeiro livro da Bíblia, que mostra o começo de todas as coisas. Genética, aquilo que carregamos em nosso DNA. Inteligência, a capacidade de dar soluções originais para novos problemas. Ou soluções melhores para velhos problemas. Generoso, aquele que não se importa em oferecer o que tem de melhor. Germinar, o verbo que Londrina conjugou por muitas décadas. Regenerar, a capacidade de se reinventar. Engenhosidade, o poder de construir. “Vários fatos e processos simultâneos justificam a escolha da marca Londrina Cidade Genial. Veja alguns: É genial ter uma indústria de TI com 1,2 mil empresas na região, companhias multinacionais ao lado de startups e aproximadamente 14 mil empregos no setor. É genial ter 17 universidades, 40 mil alunos matriculados no ensino superior, 19 escolas técnicas e formação contínua mão-de-obra altamente qualificada. É genial ter o nosso APL de TI entre os mais ativos do País em todos os segmentos. É genial ter sido escolhida, entre mais de 5 mil municípios brasileiros, como a cidade que vai sediar o Instituto Senai de Tecnologia voltado exclusivamente para a área de TI. É genial ter uma companhia local de telefonia e telecomunicações situada entre as melhores do País, por onde passam todas as operações de internet do Sul do País. É genial dispor de conexão por fibra óptica com todo o planeta. É genial investir em segmentos empresariais sustentáveis, não-poluidores e com grandes perspectivas de crescimento. É genial colocar todo esse desenvolvimento tecnológico a serviço das cadeias produtivas locais e das políticas públicas da área social. Afinal de contas, uma cidade como Londrina não tem uma única vocação, mas uma multiplicidade de talentos que refletem no caráter multicultural de nossa terra É genial ter você como personagem importante desta história. Que cada um de nós seja protagonista da identidade que lado a lado estamos construindo. ” Fonte (Briget P.,2014) http://www.acil.com.br/noticiasdetalhe/20/10/2014/londrinacidade-genial 3. Proposição do Framework e Place Branding para Londrina Genial Para Johnson (1991) e Gamma et al (1999) apud Cunha 2010), framework é um conjunto de objetos que colaboram com o objetivo de atender a um conjunto de responsabilidades para uma aplicação específica ou um domínio de aplicação. Já segundo Buschmann et al. (1996), Pree (1995) e Pinto (2000) um framework é definido como um software parcialmente completo projetado para ser instanciado. O framework define uma arquitetura para uma família de subsistemas e oferece os construtores básicos para criá-los. Também são explicitados os lugares ou pontos de extensão (hot-spots) nos quais adaptações do código para um funcionamento específico de certos módulos devem ser feitas”. Podemos ampliar essas características com a definição de Henning (2010), sobre o conceito e aplicabilidade do Place Branding, que é: “uma recente área do marketing que tem por objetivo a construção e a divulgação das localidades como marcas, sejam estas cidades, regiões ou países. As ferramentas de branding constituem-se como um elemento fundamental a serviço da competitividade entre essas localidades. ” Segundo o mesmo autor: “Numa definição mais palpável do Place Branding, os lugares são tratados como empresas. O trabalho do branding nesse caso é construir a marca e gerenciar a imagem dos lugares a fim de se atrair investimento externo, turistas, fama e até mesmo atrair eventos internacionais como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e até mesmo a Fórmula 1 com é o caso da entrada de novas cidades no circuito mundial como as cidades de Singapura e Valência. Comenta sobre uma deficiente compreensão que pode surgir ao associar o Place Branding, visto que alguns confundem com promoção de turismo. Quando na realidade o turismo somente é um significante de uma cidade, nação ou região. Diz que: “Para se fazer a gestão de uma marca de uma determinada localidade, é fundamental conhecer os atributos que determinam o sucesso de uma marca e o que a faz alcançar reputação. De acordo com as premissas apresentadas acima, serão apresentados os atributos que subsidiarão a criação da metodologia do Framework da rede de ativos da Londrina Genial em TIC, a seguir: TABELA 1: Rede de Ativos de Londrina para criar o Framework. ATIVOS DESCRIÇÃO Governo ISS Tecnológico Governo Lei da Londrinense Inovação Governo Distrito Tecnológico Parque Tecnológico Francisco Sciarra Governo Governo Comitê Gestor da Micro e Empresa Pequena Empresa Governo Empresa Academia Empresa Benefícios fiscais para as empresas que realizarem investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico no Município de Londrina a fim de incentivar a inovação Em consonância com as versões federal e estadual, mas com aplicação em âmbito municipal com a proposição do programa de incentivo de e apoio a inovação nas empresas. Localizado ao redor do Instituto de SENAI de Tecnologia da Informação, refere-se ao território de incentivo às empresas de TIC. O Tecnocentro: projeto para ser o centro do setor saúde onde abrigará laboratórios, auditórios e incubadora de empresas Comitê que delibera o desenvolvimento da micro e pequena empresa, com objetivo de facilitar a abertura e formalização de novas empresas. Conselho deliberativo municipal com objetivo de estimular e propor políticas municipais de ciência, tecnologia e inovação. Sercomtel Companhia municipal de Telecomunicação, de Telecomunicação, capital misto, com ampliação de sua atuação à Iluminação iluminação pública e driver para Smart City. Governo Composta por empresários e entidades que APL-TI de Londrina e Empresa deliberam o desenvolvimento do setor de TI. Sua Região e sua Governança Academia abrange os municípios de Apucarana a Cornélio Procópio Governo É um movimento criado decreto-lei, mobilizar a comunidade para o desenvolvimento sustentável de Fórum Desenvolve Empresa Academia Londrina e região, por meio de atividade Londrina permanente de prospecção de futuro e planejamento estratégico. Londrina 2032 Conselho Municipal Ciência e Tecnologia de CINTEC Sinfor SENAI Empresa Central de Inovação, Desenvolvimento e Negócios Academia Tecnológicos em Tecnologia da Inovação. Empresa Sindicato da Indústria de Software do Paraná Bureau de Teste de Software, Instituto SENAI de Empresa Tecnologia em TI, cursos Técnicos, Graduação, Academia Pós-Graduação e Certificação. INTUEL - Incubadora de Incubadora de empresas de base tecnológica Empresas de Base Empresa fundada em 2000 que graduou 24 empresas sendo a Tecnológica da UEL Academia maioria em TIC Possui 5 ambientes de trabalho coletivo e local Empresa inicial de empresas (startup’s). Academia A região de Londrina conta com 28 universidades e Universidades e faculdades, sendo que 17 tem curso de graduação e faculdades pós-graduação em TIC. Agência de Inovação Empresa Núcleo de Inovação Tecnológica da Universidade Tecnológica da UEL Academia Estadual de Londrina. Co-working SEBRAE Empresa ACIL Associação Comercial e Industrial de Empresa Londrina Hotel e Incubadora de tecnologia e Inovação da Empresa UTF-PR campus Londrina Academia e Cornélio Procópio O SEBRAE Londrina atua com uma frente estratégica no setor de TIC e Startup Tem estratégia de apoiar o empreendedor digital. Pré-incubadora e incubadora de empresas de base tecnológica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná 4. Novos Desafios O Ecossistema de inovação de Londrina possui um nível de articulação, mais maduro que a média nacional, com instituições empresarias, instituições de pesquisa, ensino e inovação, governo e grandes empresas, apesar de ser um Ecossistema subdesenvolvido, por não conter todos os elementos e recursos necessários, principalmente o recurso financeiro necessário para financiar a inovação em empresas nascentes e startup ´s, além de serviços especializados, como jurídico, contábil e valoração em empresas de tecnologia. Para suportar o próximo passo, gerando a partir da articulação resultados econômicos de impacto e de alta atratividade para novos negócios fixarem-se no território e negócios tradicionais observarem oportunidades de desenvolverem inovação, propomos a governança do ecossistema atrelada a um modelo de rede de aceleração. Em rumo aos desafios, foi desenvolvido o protótipo do Framework que define o método a ser aplicado em Londrina Genial com a finalidade de tecer a rede de ativos. O reconhecimento de que as organizações não contemplam em si mesmas todos os recursos e competências necessárias a uma oferta compatível com a demanda é um dos fatores que remete as organizações afirmarem suas ações articuladas de complementaridade em redes. Segundo Rodrigues (2006), a palavra rede vem do latim retis, que significa teia, tratando-se de um entrelaçamento de fios que formam uma espécie de tecido de malha aberto. O termo vem ganhando novos significados, entre eles a relação de pessoas e organizações que mantêm contato entre si com um objetivo comum. O conceito de redes aparece como chave cognitiva privilegiada na compreensão das mudanças de grande magnitude que ocorrem nas esferas políticas, econômicas e sociais. Segundo MINHOTO; MARTINS, (2001, p. 92). Alguns pré-requisitos para a formação de redes são apresentados a seguir: 1-No plano social, a preexistência de um conjunto de organizações e/ou associações criadas para a consecução de propósitos específicos estatal,2- a preexistência de um conjunto de órgãos instituídos para a consecução de propósitos específicos, distribuídos por esferas e setores de governo relativamente estanques; 3) Situações-problema complexas identificadas; cujo enfrentamento requer intervenção por agente interorganizacional; 4) Formação de uma articulação visando formas de atuação conjunta e à cooperação de diversos esforços voltados ao enfrentamento da situação-problema, sem prejuízo da autonomia de cada uma das unidades integrantes da rede; 5) Manutenção da identidade e prosseguimento das atividades específicas de cada unidade integrante da rede (MINHOTO; MARTINS, 2001, p. 92). Nesse contexto o sistema de redes apresenta-se como uma alternativa de desenvolvimento. [...] da perspectiva dos movimentos sociais, a rede tende a aparecer como ferramenta capaz de construir novas formas de agregação de interesses e reivindicação de demandas – que surgem a partir de uma ideia-força e expressam parcerias voluntárias para a realização de um propósito comum – destinada prioritariamente a auxiliar na construção de uma sociabilidade solidária (INOJOSA, 1998, p. 7). Dyer e Singh (1998) afirmam que o preceito básico do estudo de redes organizacionais diz que organizações que combinam seus recursos em uma única forma podem realizar uma superior vantagem sobre seus competidores. Powell et al. (1996) salientam a necessidade de as empresas colaborarem entre si, para adquirirem recursos e competências que elas não teriam internamente. Marshall (1982) afirma que as aglomerações das organizações em estruturas de redes demonstram maior competitividade em relação a outras organizações dispersas no sistema econômico, tendendo a desenvolver formas de ações conjuntas, que possibilitem ganhos de eficiência e de competitividade. Van Aken e Weggeman (2000) observam que toda e qualquer organização está envolvida em alguma forma de rede, porém alguns aspectos estruturais e gerenciais determinam a formação de rede presente no ambiente. Um dos focos que vem chamando a atenção no estudo da estrutura de redes está relacionado à questão da competitividade que este tipo de estrutura apresenta em relação a outras organizações que se encontram dispersas no mercado. Vários autores observam a capacidade de gerar vantagens competitivas como uma das principais características dessa forma de cooperação, dentre eles: Garcia (2001), Porter (1998), Schmitz (1992), Scott (1994), entre outros. E nesse contexto o principal questionamento que se faz é: por que empresas alocadas em uma estrutura de redes conseguem gerar vantagens competitivas que não estariam disponíveis caso elas estivessem isoladas? Para Fensterseifer, et al (1997), a formação de redes e alianças baseia-se na parceria, na cooperação, na associação e na complementaridade entre as organizações, partindo do princípio de que no atual ambiente de negócios nenhuma empresa, seja ela pequena ou grande, é independente e autossuficiente. Schmitz (1997) reforça destacando que a formação de clusters torna possível ganhos de eficiência que organizações individuais raramente conseguiriam alcançar. Segundo Casarotto e Pires (2001), a sistemática de redes apresenta-se de duas formas. A primeira é a rede do tipo topdown, na qual uma organização pequena pode tornar-se fornecedora ou subfornecedora de uma grande empresa, sendo uma rede na qual as pequenas organizações dependem diretamente das estratégias da grande empresa, tendo pouca ou nenhuma flexibilidade e influência nos destinos do grupo. A retomada conceitual de diversos autores sobre o tema de rede, ilustra a importância da construção da rede de ativos e manutenção para consolidar a Londrina Genial em TI. Assim pode-se definir um framework conceitual onde cada ator apropria-se do seu papel. Articular, conseguir convergir para um mesmo objetivo de stakeholders diferentes com a relação de confiança necessária para que possa gerar o desenvolvimento do ecossistema de inovação de Londrina, faz-se necessário iniciar pela constituição de uma governança e responsáveis pelas diferentes ações. A partir do conceito por trás do Londrina Cidade Genial, estruturamos uma rede de aceleração para compor um mínimo sistema viável de inovação para o território, sendo protagonizado por seus players locais e capacidade local de geração de smart money de forma sistêmica e contínua. Segundo J. PUGAS, este sistema será composto por três níveis de governança: 1. Aceleradora. Territorial – estrutura central do sistema de governança de aceleração, concentrará os recursos compartilhados pelas aceleradoras setoriais, assim como o pool de smart money do território. Será a única com existência permanente. 2. Aceleradores Setoriais – estruturas especializadas da Aceleradora Territorial, responsáveis pela aplicação dos recursos da Aceleradora Territorial em ciclos setoriais temáticos junto à indústria local, conectando suas necessidades aos recursos prospectados no ecossistema. 3. Rede de Incubadoras e Parques Tecnológicos – entidades associadas que acolherão as metodologias da Aceleradora Territorial, podendo a partir disso usufruir de frações pré-estabelecidas do pool de smart money e hospedando iniciativas do ecossistema que estejam de acordo com seus perfis. A governança da rede deve ser baseada em gestão por resultados, atribuindo-se diferentes composições dos conselhos gestores de acordo com os perfis das Aceleradoras Setoriais e autonomia ao corpo executivo da Aceleradora Territorial para alcance de metas estabelecidas com o Conselho de Administração da Aceleradora Territorial, o qual deverá ser desenvolvido. A continuidade da gestão executiva das Aceleradoras deve ser pautada por metas e indicadores estabelecidos e monitorados pelo Conselho de Administração, conciliando assim a celeridade e flexibilidade necessárias para o processo de aceleração e o ciclo – por vezes longo – necessário para o amadurecimento de iniciativas. Da mesma forma, a estrutura deve procurar sua autossustentabilidade financeira, através de taxas de administração sobre os projetos por ela captados, renumerando seus parceiros e fornecedores e mantendo uma estrutura enxuta de operação. Os objetivos do framework são: - Adquirir, desenvolver e reter talentos empreendedores e intraempreendedores para a sustentabilidade do ciclo de inovação do ecossistema de Londrina; - Diversificar o portfólio de produtos inovadores das empresas maduras e startups residentes no ecossistema de Londrina, conciliando redução de riscos corporativos e investimento com aumento na velocidade de desenvolvimento e no aprendizado de inovações; - Reforçar a marca do ecossistema de Londrina como liderança em empreendedorismo de base inovadora, gerando maior atratividade para oportunidades de negócios de elevado impacto de inovação e para capital de risco; - Elevar o valor agregado dos ativos de aceleração do ecossistema de Londrina, transformando-os em Smart Money com competitividade na aquisição de iniciativas de inovação diferenciadas; - Gerar uma estrutura de aceleração financeiramente autossustentável, orientado pelas melhores práticas e capaz de produzir resultados reais em seus diferentes players ao integrar as necessidades de experimentação inovadora na geração de produtos das empresas maduras e startups. Para isso, deverá estruturar do modelo de governança a ser aplicado na Aceleradora Territorial, definição de formato jurídico da iniciativa e Aprovação da Matriz de Atribuições e Responsabilidades. Considerações Finais O mote Londrina Genial não somente busca estabelecer uma marca, mas uma mudança de paradigma, onde busca fortalecer o Ecossistema de Inovação de Londrina. A proposição do framework representado pelas aceleradoras territoriais e setoriais tem foco principal nas pessoas e sua importância para o funcionamento do modelo de desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo e inovação. Todo o conceito da proposição da marca Londrina Genial foi baseado no senso de pertencimento e representatividade das pessoas, atrás dos ativos quem compõem a rede já mencionada estão pessoas e seus relacionamentos, relações de confiança. Poderão surgir novas contribuições com a realização desse estudo, associadas à elaboração de uma metodologia que privilegia a assunção da redefinição do “senso de lugar” (sense of place) nomeado como “Londrina Genial em TIC”, perpassada por tecnologias de criação do framework para rede de ativos e imbricado ao place brading proposto a cidade de Londrina-PR. Referências: CUNHA, Fabiano. Definição de Framework, site R7 no dia 07.01.2010. GARCIA, Francilene Procópio. Módulo 2: A incubadora de Empresas e o ecossistema de inovação, 08.09.2014, Brasília-DF. GOLDBERGER, Paul. Inteligentes, sustentáveis, felizes: as cidades estão com tudo. Site Mundo do marketing, 27.01.2014 GOVINDARAJAN, Vijay e TRIMBLE, Chis. Inovação reversa: Descubra as Oportunidades Ocultas nos Mercados Emergentes. Editora Campus, 2012. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 24.08.2015 disponível em http://cod.ibge.gov.br/46JD Bibliografia: AMATO, J. N. Redes de Cooperação Produtiva e Clusters Regionais. 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