Universidade
Estadual de
Londrina
MÁRCIO CATHARIN MARCHETTI
ESPACIALIZAÇÃO DO DESCONFORTO SONORO NA
CIDADE DE LONDRINA-PR.
LONDRINA
2009
ii
MÁRCIO CATHARIN MARCHETTI
ESPACIALIZAÇÃO DO DESCONFORTO SONORO NA
CIDADE DE LONDRINA-PR.
Monografia apresentada ao Curso de
Geografia do Departamento de Geociências
da Universidade Estadual de Londrina , com
requisito a obtenção de título de Bacharel
em Geografia
Orientador: Profª. Dra. Márcia Siqueira de
Carvalho
LONDRINA
2009
iii
MÁRCIO CATHARIN MARCHETTI
ESPACIALIZAÇÃO DO DESCONFORTO SONORO NA
CIDADE DE LONDRINA-PR.
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado
ao
Departamento
de
Geociências da Universidade Estadual de
Londrina.
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Profª. Dra. Márcia Siqueira de
Carvalho
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profª. Dra. Tania Maria Fresca
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Prof. Dr. Cláudio Roberto Braguetto
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, _____de ___________de _____.
iv
Dedico este trabalho aos meus pais, Sheila e
Sérgio, aos meus irmãos Serginho e Karine e aos
mais novos membros da família Arthur e João
Victor.
v
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais, por acreditarem e
confiarem em mim, sempre e até mais do que eu próprio. E por não medirem
esforços e sacrifícios para me ajudar e me levar adiante, em todas as horas, mesmo
nas mais difíceis.
A todos que me aturaram durante a elaboração deste trabalho,
obrigado. Obrigado pelo estímulo, pela confiança e pela paciência. E também
perdão. Perdão pelo mau humor, pelos atrasos, pelos adiamentos e pela
desorganização.
Agradeço pelos amigos que fiz na Geografia, Fábio (Shermam),
Tatiana Colasante , Patrícia Boszcsowski de Souza, Marianna Duarte, Íris Mateuzzo,
Mariana (Amy), Ferdinando (Mineiro), Kelly Arakaki,
Mauricio Polidoro, muito
obrigado.
Agradeço também aos amigos que não são da Geografia, Bárbara,
Paloma, Adriana, George Marcel, Paulo Vitor, Lucas (Frog), Rogério.
Agradeço a Edna e Regina secretárias do Departamento de
Geociências.
Agradeço a Professora Rosely Sampaio Archela, por acreditar e
guiar meus primeiros passos nas pesquisas.
Agradeço a Professora e amiga Eloiza Cristiane Torres.
Meus sinceros e profundos agradecimentos à minha orientadora e
amiga, Márcia Siqueira de Carvalho, pela competência e apoio durante a realização
deste trabalho, por ouvir minhas inquietações e conduzir meu pensamento.
vi
Aos professores do Departamento de Geociências, e a banca
examinadora deste trabalho: Profº. Dr Cláudio Roberto Braguetto e a Profª. Dra Tania
Maria Fresca.
E finalmente, agradeço a todos que me ajudaram direto ou
indiretamente para o desenvolvimento deste projeto. Um MUITO OBRIGADO a
todos vocês!
vii
"Uma pessoa inteligente resolve um problema,
um sábio o previne."
Albert Einstein
viii
MARCHETTI, Márcio, C. Espacialização do desconforto sonoro na cidade de
Londrina-PR. 2009.80 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Bachararelado em
Geografia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.
RESUMO
Desde o advento da Revolução Industrial em meados do século XVIII, a Europa e o
resto do mundo viveram muitas transformações no que diz respeito às bases
econômicas e sociais, passando do modo de produção artesanal para um modo de
produção industrial, e a base econômica passou a centra-se na acumulação de
capital. A acumulação do capital, motivada pela intensificação dos processos de
urbanização. O momento em que vivemos está servindo de alerta para prestarmos
mais atenção aos problemas ambientais. Muitas ações humanas que modificam o
meio ambiente vêm causando grandes danos à população mundial. A poluição
sonora, nas últimas décadas, passou a compor mais um dos grandes problemas nas
cidades, principalmente nas grandes e médias, trazendo como conseqüência,
problemas para a saúde pública e atingindo diretamente a qualidade de vida da
população. As principais fontes de ruídos se originam de diferentes fontes como
comércio, bares, lanchonetes, carros, domicílios, festas entre outros. O presente
trabalho mostra as denúncias registradas no IAP – Instituto Ambiental do Paraná,
órgão publico responsável pela fiscalização e controle da poluição sonora. O
trabalho utiliza as denúncias referentes ao ano de 2006. Esses dados foram
tabulados e posteriormente localizados nos espaço geográfico de Londrina com a
utilização do software francês Philcarto e a base cartográfica de Londrina, pelo
projeto IMAP&P Imagens Personagens e Pessoas.
Palavras-chave: Poluição Sonora. Ruído. Denúncias. Londrina.
ix
MARCHETTI, Márcio, C. Spatialization of sonorous discomfort in the city of
Londrina/PR. 2009.80 p. Conclusion Course (Bachararelado in geography) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2009.
ABSTRACT
.
Since the Industrial Revolution in the mid- eighteenth century, Europe and the rest of
the world have experienced many changes with regard to economic and social
bases, moving from small-scale production mode to a mode of industrial production,
and economic base began to focus on the accumulation of capital. The accumulation
of capital, due to the intensification of the processes of urbanization. In the moment
we live, is serving as a warning to pay more attention in the environmental problems.
Many human actions that modify the environment are causing great harm to the
world population. Noise pollution in recent decades, began to compose more than
one of the major problems in cities, especially in medium and large, causing
problems for public health and directly affecting the quality of living. The main
sources of noise originate from different sources such as trade, bars, restaurants,
cars, homes, parties and more. This work shows the complaints recorded in the IAP Environmental Institute of Paraná, public agency responsible for supervision and
control of noise pollution. The work uses the complaints for the year 2006. These
data were tabulated and subsequently located in the geographical area of Londrina
using the French software Philcarto and geographical map of Londrina, built by
project IMAP & P Imagens, Personagens e Pessoas (Images Celebrities and
People).
Keywords: Noise Pollution. Noise. Reports, Londrina´s city.
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema da estrutura anatômica do ouvido humano ............................ 22
Figura 2 – Número de população rural e urbana de 1970-2000 .............................. 34
Figura 3 – População por regiões da área urbana de Londirna .............................. 36
Figura 4 – Mapa dos bairros de Londrina - PR ........................................................ 46
Figura 5 – Mapa das denúncias por residências ..................................................... 49
Figura 6 – Mapa das denúncias de restaurantes, lanchonetes e bares .................. 51
Figura 7 – Concentração comercial ......................................................................... 52
Figura 8 –Mapa das denúncias de comércio ........................................................... 53
Figura 9 – Mapa das denúncias de som automotivo em locais públicos .................56
Figura 10 – Mapa das denúncias de som automotivo em postos de gasolina..........57
Figura 11 – Mapa das denúncias de Igrejas.............................................................59
Figura 12 – Mapa das denúncias de boates, clubes, festas e shows.......................61
Figura 13 – Mapa das denúncias de academias.......................................................62
Figura 14 – Mapa das denúncias de escolas .......................................................... 64
Figura 15 – Mapa das denúncias de “clubinhos” e chácaras .................................. 66
Figura 16 – Mapa das denúncias de barulho em locais públicos ............................ 68
Figura 17 – Mapa das denúncias de repúblicas estudantis ..................................... 71
Figura 18 – Mapa do total denúncias no ano de 2006............................................. 72
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Número de denúncias registradas no IAP no ano de 2006 ................... 44
Gráfíco 2 – Total de denúncias por bairros.............................................................. 73
xii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Valores em progressão da emissão sonora ......................................... 18
Quadro 2 – Limites de tolerância para ruídos em decibéis ...................................... 21
Quadro 3 – Locais denunciados ao Iap em 2006 .................................................... 45
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
CMTU - Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização
COHAM-LD – Companhia de Habitação de Londrina
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
Db - Decibel ou decibéis
IAP – Instituto Ambiental do Paraná
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
MINTER- Ministério do Interior
NBR - Norma Brasileira
OMS- Organização Mundial da Saúde
xiv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15
1 POLUIÇÃO SONORA ........................................................................................... 18
1.1
O QUE É POLUIÇÃO SONORA
.................................................................................. 18
1.2
A POLUIÇÃO SONORA NO CONTEXTO AMBIENTAL
1.3
POLUIÇÃO SONORA: UM ESTUDO MULTIDISCIPLINAR
...................................................... 23
................................................. 24
2 A EXPANSÃO URBANA DE LONDRINA ............................................................ 31
2.1
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÁREA DE ESTUDO ........................................................... 31
2.2
POLUIÇÃO SONORA E LEGISLAÇÃO .......................................................................... 39
3 POLUIÇÃO SONORA: UMA REALIDADE DE LONDRINA ................................. 44
3.1
RECLAMAÇÕES SOBRE A POLUIÇÃO SONORA: DADOS EMPÍRICOS ............................... 44
3.2
ESPACIALIZAÇÃO DAS DENÚNCIAS DE POLUIÇÃO SONORA .......................................... 47
3.2.1 Residências ..................................................................................................... 47
3.2.2 Bares, Restaurantes e Lanchonetes ............................................................... 50
3.2.3 Comércio ........................................................................................................ 52
3.2.4 Som Automotívo em Locais Públicos e Postos de Gasolina ........................... 54
3.2.5 Templos Religiosos ......................................................................................... 58
3.2.6 Boates, Clubes, Casas de Shows, Festas e Academias ................................. 60
3.2.7 Escolas ......................................................................................................... 63
3.2.8 Clubinhos e Chacáras ..................................................................................... 65
3.2.9 Barulho em Locais Públicos
...................................................................... 67
3.2.10 República Estudantis ..................................................................................... 69
4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 75
5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 77
15
INTRODUÇÃO
A poluição sonora passou nos últimos anos a constituir um dos
problemas ambientais nas cidades do mundo contemporâneo afetando a saúde
das pessoas que vivem nelas. E ele deve aumentar devido ao grande número
de pessoas vivendo nas áreas urbanas e o aumento de atividades geradoras
desse tipo de poluição.
A poluição sonora considera, no geral, todos os ruídos capazes
de ocasionar uma perturbação passageira. Mas, se as pessoas ficarem
expostas durante um longo período de tempo podem ter uma grave
repercussão na saúde como perda da audição, insônia, depressão,
agressividade, perda de memória, dores de cabeça, cansaço, gastrite, úlcera
entre outros afetando diretamente a qualidade de vida das pessoas além de
interferir no ecossistema destas áreas (PIMENTEL, 1992).
O rápido processo de urbanização, o grande aumento
populacional e o desenvolvimento econômico de Londrina estão também
relacionados com os problemas urbanos da cidade.
O presente trabalho teve por objetivo analisar e espacializar o
problema do desconforto sonora na cidade de Londrina – PR, através das
denúncias registradas no IAP – Instituto Ambiental do Paraná, órgão público
responsável pela fiscalização e controle da poluição sonora, os dados são
referentes às denúncias feitas no ano de 2006.
16
Para a realização da pesquisa, fez-se levantamento bibliográfico
na primeira etapa, sucedido pelo levantamento e a tabulação das denúncias
registradas no IAP – Instituto Ambiental do Paraná, no ano de 2006 elaborada
manualmente, transcrevendo as informações da ficha de registro do Instituto.
Posteriormente foram digitalizados todos os dados coletados
utilizando o programa Excel, resultando em 14 tabelas divididas por fontes de
reclamação e contendo 57 linhas que representam os bairros da cidade de
Londrina (Ver figura 2). Após a digitalização das tabelas foram produzidos
gráficos e elas também serviram de base de dados para a elaboração dos
mapas.
A última etapa foi executada utilizando um programa de
confecção de mapas, disponível gratuitamente na internet chamado Philcarto.
Para a elaboração dos mapas no programa Philcarto, foi necessária uma base
cartográfica, mais especificamente, a base cartográfica de Londrina elaborada
pelo Grupo Imap&p- Imagens, Paisagens e Pessoas da Universidade Estadual
de Londrina. Para a edição dos mapas foi utilizado o editor de imagens Adobe
Illustrator 10, para a configuração dos mapas.
No processo de pesquisa foram encontrados poucos trabalhos
sobre o tema, e praticamente inexistem na Geografia. Vários trabalhos sobre
essa temática foram encontrados em outras áreas como arquitetura,
engenharia, fonoaudiólogia e física. Utilizamos os estudos dessas diversas
áreas para realizar um levantamento bibliográfico sobre o assunto. Se por um
lado esse fato serviu de incentivo, por outro gerou dificuldades quanto à
abordagem. Para contorná-la partiu-se do princípio de um método geográfico
17
(GEORGE, 1978) que busca identificar o fenômeno espacialmente, no caso, as
reclamações.
No primeiro capítulo do trabalho procuramos apresentar o
nosso tema da pesquisa – o desconforto sonoro através de uma aproximação
aos problemas resultantes da Poluição Sonora, as suas conseqüências na
qualidade de vida da população urbana, os fatores fisiológicos e uma revisão
bibliográfica
sobre
os
trabalhos
publicados
em
diversas
áreas
do
conhecimento.
Num segundo momento o trabalho aborda a expansão urbana
do recorte geográfico em estudo que é a cidade de Londrina – PR, o rápido
crescimento da malha urbana, o aumento populacional e o processo de
verticalização que ocorreu e continua ocorrendo na cidade. E os meios legais
que podem ser tomados para coibir a poluição sonora, em âmbito nacional,
estadual e municipal.
Posteriormente passamos a discutir a espacialização das
denúncias registradas no IAP- Instituto Ambiental do Paraná, na malha urbana
de Londrina-PR identificando quais são as maiores fontes de reclamações e
onde há maior concentração dessas reclamações.
18
1 POLUIÇÃO SONORA
1.1 O que é poluição sonora?
A poluição sonora é considerada um ruído excessivo, um som
indesejado que é considerado uma das formas mais graves de agressão ao
homem e ao meio ambiente (PIMENTEL, 1992). A intensidade dos sons são
medidos em Decibéis (Db), zero Db seria o silêncio absoluto e 120 Db é o
limiar da dor, ápice para os seres humanos. É utilizado o decibelímetro para
medir o nível de intensidade sonora que pode interferir no conforto e saúde das
pessoas (Ver Quadro 1).
Quadro 1 - Valores em progressão da emissão sonora.
Decibéis
0
Fonte Sonora
Limiar de audição.
10
Estúdio de Gravação.
20
Deserto.
30
Interior de apartamento num bairro tranqüilo.
45
Interior de apartamento normal.
50 a 60
Conversa normal, rua bastante tranqüila.
75
Escritório, rua com bastante tráfego.
80
Ruídos no trajeto domicílio-trabalho, de carro ou metrô.
85
Piscina coberta ou refeitório de escola.
90
Liquidificador ou moedor de café.
105
Mp3 no máximo de volume.
120
Motor de avião a alguns metros.
180
Turbina de decolagem.
Fonte: http://www.vibranews.com.br/materias/tabela.jpg
Adaptado por Márcio Catharin Marchetti
19
O som é causado pela variação da pressão ou da velocidade
de moléculas em um meio fluído e é uma forma de energia que é transmitida
pela colisão destas moléculas (GERGES, 1992). Todo som que se torna
desagradável ou indesejável ao receptor é denominado ruído. Logo, a
diferença entre som e ruído depende de cada indivíduo, sua formação
sociocultural e seu estado emocional.
O som é algo natural, sendo qualquer variação de pressão que
o ouvido capta, enquanto o ruído é um som indesejável e desagradável, ou
seja, é um conjunto de sons em desarmonia e o que distingue ambos é o
agente perturbador que pode ser variável, envolvendo até mesmo o psicológico
do ser humano. Há uma distinção entre som e ruído:
Som e ruído não são sinônimos. Um ruído é apenas um tipo de som,
mas um som não é necessariamente um ruído. O conceito de ruído é
associado a som desagradável e indesejável. Som é definido como
variação da pressão atmosférica dentro dos limites de amplitude e
banda de freqüência aos quais o ouvido humano responde.
(GERGES, 1992, p.41)
Os ruídos causam stress, interferem no comportamento
humano, ferem o direito de repouso, da tranqüilidade nos lares. O ruído
aumenta a probabilidade do aparecimento de anomalias psíquicas em uma
pessoa que a elas seja predisposta. Pode provocar aumento da atividade
muscular, da taxa respiratória e circulatória, contração de vasos sanguíneos
das mãos, causando palidez e problemas sensoriais (TOMMASI, 1979)
A poluição sonora no homem causa muitos efeitos nocivos à
sua saúde, além da perda auditiva, existem muitas doenças extra-auditivas
principalmente a população que vive nos centros urbanos, conforme Calixto e
Rodrigues, (2004, p.47-48)
Foi comprovado que os barulhos podem provocar distúrbios
nervosos, neurose, insônia, perda da audição, ansiedade e desvio da
20
atenção. O sono pode ser afetado pelo barulho mesmo quando a
pessoa não acorda ficando o individuo com a sensação de uma “noite
mal dormida”. O barulho também diminui a eficiência de um individuo
no trabalho. Inúmeros testes realizados mostraram que as taxas de
acidentes e produtividade geralmente podem melhorar quando se
diminuem os níveis de barulho. Outros testes demonstraram que os
habitantes rurais têm a audição mais apurada que os habitantes
urbanos, o que leva a crer que o excessivo barulho urbano realmente
prejudica a audição. Sabe-se ainda que os efeitos dos barulhos
podem ser acumulativos.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera que um
som deve ficar até 50db (decibéis – unidade de medida do som) para não
causar prejuízos ao ser humano. A partir de 50 db, os efeitos negativos
começam. Alguns problemas podem ocorrer a curto prazo, outros levam anos
para serem notados (OMS, 2007). A classificação pode ser vista no Quadro 2
dos limites de tolerância para ruídos (db).
O incômodo causado pelo ruído urbano, dependendo da sua
fonte de origem, afeta de maneira diferente os homens e as mulheres.
Segundo o estudo de Lacerda et al, os homens se incomodam mais com
barulhos do trânsito, templos religiosos, animais e barulhos de fogos de
artifícios. Já as mulheres mostram maior irritabilidade com os barulhos
advindos sirenes, eletrodomésticos, brinquedos infantis, casas noturnas e
barulhos da construção civil. Em relação aos barulhos dos vizinhos homens e
mulheres tiverem a mesma porcentagem de reclamação dessa fonte de ruído
(LACERDA et al, 2005).
Os centros urbanos são fontes contínuas de barulho. Durante o
dia são bem mais intensas do que no horário noturno, porém áreas próximas
de avenidas, comércios, bares, restaurantes, boates, casas de shows, dentre
outras, o tráfego de pessoas e carros cria um foco com grande intensidade de
barulho à noite e de madrugada. No ambiente urbano construído vive-se numa
21
“bolha” de ruídos 24 horas diárias sem se dar conta disso, ou se dando conta
somente quando as seqüelas se apresentam:
Entretanto, o habitante das grandes cidades vive imerso numa
atmosfera de barulhos, mesmo durante o sono, com os quais parece
estar acostumado: tráfego, buzinas, alarmes contra roubos,
escapamentos, motores envenenados, algazarras, etc. Por mais
estranho que possa parecer, este verdadeiro “bombardeio sonoro”
não o abandona, nem quando procuram distraírem-se em festas,
discotecas, cinemas, teatros, espetáculos musicais, uma vez que a
sociedade moderna se esqueceu do controle de volume dos sistemas
de amplificação, tanto individuais como fones de ouvido, brinquedos
sonoros infantis, quanto coletivos (CALIXTO e RODRIGUES, 2004, p.
50).
Quadro 2 - Limites de tolerância para ruídos em decibéis (db).
Nivel de ruído em db Máxima exposição diária permissível.
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
98
100
102
104
105
106
108
110
112
114
8 horas
7 horas
6 horas
5 horas
4 horas e 30 min.
4 horas
3 horas e 30 min.
3 horas
2 horas e 40 min.
2 horas e 15 min.
2 horas.
1 hora e 45 min.
1 hora e 15 min.
1 hora
45 minutos.
35 minutos.
30 minutos.
25 minutos.
20 minutos.
15 minutos.
10 minutos.
8 minutos.
115
7 minutos.
Fonte: www.ffaria.com.br
Adaptado por Márcio Catharin Marchetti
22
O som é o principal agente da poluição sonora, e é perceptível pelo
aparelho auditivo composto pelas seguintes estruturas: a) ouvido externo; b) ouvido
médio; c) ouvido interno.
O ouvido externo e composto pelo Pavilhão auditivo, Canal auditivo,
Osso temporal. Ele tem a função de receptor dos sons, transmitindo-os por meio do
canal auditivo até o tímpano, a membrana timpânica tem o papel de receber através
de vibrações o som.
A amplificação do som ocorre no ouvido médio aumentando as
vibrações do tímpano, através deste com três pequenos ossos alinhados, em
seqüência do tímpano ao ouvido interno, esses ossículos são chamados de martelo,
bigorna e estribo.
A cóclea é a parte do ouvido interno responsável pela audição, no
interior da cóclea há uma estrutura complexa, denominada órgão de Corti,
responsável pela captação dos estímulos produzidos pelas ondas sonoras e a
transmissão destes estímulos são feitas através das células ciliadas. Pessoas que
trabalham ou vivem em ambientes ruidosos sofrem prejuízos auditivos irreversíveis.
Figura-1: Esquema da estrutura anatômica do ouvido.Fonte:
www.medicinageriatrica.com.br/wp-content
23
1.2 A poluição sonora no contexto da poluição ambiental
Os seres humanos compõem uma parte do ecossistema global e
chegaram a um ponto em que suas manifestações tecnológicas por vezes
inadequadas foram capazes de desestabilizar as condições básicas e necessárias
que a Terra tinha para manter a sua qualidade ambiental. Parte do ecossistema
terrestre há milhares de anos, a ação humana vem causando grandes danos ao
meio ambiente e, conseqüentemente, à população mundial no momento em que
vivemos e isso serve de alerta para prestarmos mais atenção às questões
ambientais.
A poluição sonora, nas últimas décadas, se tornou mais um dos
problemas nas cidades, principalmente nas grandes e médias, trazendo como
conseqüência problemas para a saúde pública e atingindo diretamente na qualidade
de vida da população. Segundo Calixto e Rodrigues (2004, p. 47)
O barulho age sobre o organismo humano de várias maneiras, prejudicando
não só o funcionamento do aparelho auditivo como comprometendo a
atividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele exposto. Graves
prejuízos podem advir para a audição e a saúde em geral de milhares de
pessoas, em conseqüência da poluição acústica pêlos ruídos excessivos
dos grandes centros urbanos.
Desde o advento da Revolução Industrial em meados do século
XVIII, a Europa e o resto do mundo viveram muitas transformações no que diz
respeito às bases econômicas e sociais na transição do modo de produção artesanal
para o modo de produção industrial e a base econômica passou a centrar-se na
acumulação e reprodução do capital. Desde a transição e paralelo às
transformações no espaço rural, observou-se a migração da população para as
cidades e na fase em que ocorrem em conjunto a acumulação e a reprodução do
capital somou-se a intensificação dos processos de urbanização. A transferência dos
24
locais de moradia e trabalho para a cidade concentrou, ou melhor, adensou o uso do
espaço e dos recursos e isso teve conseqüências, como a degradação ambiental.
O crescente aumento da degradação ambiental é um assunto muito
discutido por vários autores. Segundo Faria (2002, p. 4),
O crescimento da utilização da ciência e da tecnologia na exploração dos
recursos naturais não pode, por si só, ser responsabilizado pela degradação
do meio ambiente, mas sem dúvida constitui um dado importante na história
recente da relação sociedades com seus espaços. O modelo atual de
desenvolvimento do capitalismo, a globalização, está sustentado por uma
grande produção de conhecimentos científicos, técnicos e tecnológicos, que
impulsionam no processo de produção e circulação de mercadorias, mas no
centro permanecem a remuneração do grande capital e o lucro das grandes
empresas.
O autor ainda fala que as grandes empresas interessadas nos lucros
ignoram as riquezas naturais para transformá-las em capital não adotando nenhuma
medida de prevenção e sim explorando sempre mais, causando grandes catástrofes
ambientais. Como por exemplo, há autores que afirmam a influência no clima global
devido ao desmatamento da Amazônia e há consenso sobre as conseqüências no
clima urbano devido ao rápido processo de urbanização e a qualidade do ar nas
cidades (FARIA, 2002, p.13).
1.3 Poluição Sonora: Um estudo mutidisciplinar.
Os estudos relacionados ao meio ambiente não devem se restringir
apenas ao ambiente natural sabendo que ele abarca também os ambientes
construídos, as questões sociais, principalmente nas cidades . A cidade
contemporânea é o resultado do rápido processo de urbanização e industrialização
modificando as formas de produção e consumo nas cidades. (SPÓSITO, 2003).
Mota (2003) completa dizendo, que o homem, sendo parte também
do ecossistema urbano, é o maior responsável pela poluição nas cidades sendo
25
também o mais afetado pelas conseqüências desse uso irracional prejudicando suas
atividades, seus bens e principalmente sua saúde. As principais formas de poluição
urbana segundo Mota, (2003) são:

Poluição do solo;

Poluição do ar;

Poluição da água;

Poluição acústica ou sonora;

Poluição visual.
Os estudos sobre a poluição ambiental devem ser entendidos como
um sistema, tornando difícil estudar isoladamente um tipo de poluição, pois ela tem
muitos fatores de interdependência (MOTA, 2003, p.58).
Segundo Spósito (2003, p.259), o estudo do meio ambiente urbano
não deve ficar restrito a uma única idéia ou perspectiva, pois o estudo ambiental das
cidades tem muitas singularidades e complexidades que não devem ficar restritas a
uma ciência sendo necessária uma integração com outras áreas do conhecimento.
Por isso, destacamos a importância de estudos sobre a poluição sonora embora no
presente trabalho as relações com outras formas de poluição não foram realizadas,
mas ela foi considerada como parte e resultado do processo de urbanização e as
suas formas resultantes na cidade de Londrina.
O crescimento populacional, a urbanização e a ampliação dos
produtos tecnológicos, assim como a ampliação de rodovias e aeroportos implicam
no crescimento de ambientes de poluição sonora. O ruído1 – som indesejado,
inesperado
ou
alto
–
pode
ser
classificado
por
sua
origem,
sendo
residencial/doméstico que abrange todos que não são gerados dentro do ambiente
do trabalho industrial. As principais fontes do ruído ambiental incluem o tráfego
1
Ruído e barulho foram neste trabalho, utilizado como sinônimos, pois o primeiro e uma desordem harmônica e
o segundo e a intensidade do primeiro, porém ambos afetam diretamente o ouvindo humano e cada pessoa sente
a intensidade devido ao seu modo de vida.
26
aéreo, o das rodovias e ferrovias, o ruído gerado no interior das fábricas, nas
construções civis e públicas e a vizinhança. E as fontes principais de ruídos que têm
origem
interna
são
os
sistemas
de
ventilação,
as
máquinas,
aparelhos
eletrodomésticos e novamente, os vizinhos (OMS, 1969).
O crescimento populacional e o modo de vida da população urbana
são os fatores que mais contribuem para o aumento da poluição sonora, com
reflexos na saúde humana. Martines e Bernardi, (2001, p.71) afirma que
O barulho excessivo é um dos inúmeros problemas urbanos na atualidade.
Além de representar um agente prejudicial ao meio ambiente, é
notoriamente nocivo à saúde humana afetando, indiscriminadamente
homens e mulheres, adultos e crianças, independente das condições sócioeconômicas, culturais, étnicas e religiosas.
As grandes cidades são as mais afetadas devido ao grande número
de fontes de barulhos. O grande número de carros nessas cidades acarreta num
trânsito com várias fontes de poluição sonora como sirenes, buzinas, escapamentos
mal regulados e que podem ser praticamente contínuos durante o dia e a noite. Os
automóveis são uma das maiores fontes geradoras de poluição sonora que
influencia diretamente a qualidade de vida da população (LACERDA et al,2005;
CALIXTO e RODRIGUES, 2004).
Nunes, (1999, s/p) explica claramente como o trânsito influencia e
gera ruídos nas cidades:
Ao contrário do trânsito em estradas e rodovias, nas áreas urbanas os
veículos dificilmente se movem com fluidez. A maior intensidade de tráfego
dá-se nos cruzamentos sinalizados ou semaforizados, cuja variedade de
destinos e as características das vias por onde circulam, fazem com que um
veículo em determinado itinerário mova-se com uma série de acelerações e
desacelerações, com pequenos períodos de movimento fluído e outros
períodos completamente parados. Este tipo de tráfego é chamado de
pulsante. As velocidades são baixas e médias com veículos em marcha
lenta e motores com altas rotações dominando claramente o ruído
produzido pelo motor e pelo escapamento. Geralmente, tanto automóveis
como veículos pesados transitam em regime próximo a máxima potência e
conseqüentemente com nível sonoro elevado.
27
O barulho urbano ao fazer faz parte do cotidiano da população das
cidades já não é mais percebida tornando-se um fato aceito como normal na vida
das pessoas. Em seu estudo realizado por Yorg e Zannin (apud LACERDA et al,
2005, p. 2) os autores aplicaram um questionário e uma das questões era se a
pessoa se incomodava como barulho. O resultado mostrou que a população repetia
várias vezes a mesma resposta na pesquisa : "...Nós já estamos acostumados a
estes ruídos, com o tempo a gente se acostuma...".
Consoante Martines e Berbardi (2001), o problema da poluição
sonora está presente em todos os momentos em todos os lugares mais comuns e
freqüentados.
Atividades corriqueiras da vida diária podem refletir em prejuízos à audição,
tais como o trânsito, a realização de práticas desportivas em ginásios e/ou
academias, a permanência prolongada em casas noturnas, geralmente
barulhentas devido às músicas tocadas em intensidades elevadas, a
manipulação de eletrodomésticos, de brinquedos aparentemente
inofensivos, mas que podem gerar ruídos fortíssimos [...] (MARTINES e
BERNARDI, 2001, p.72)
Os efeitos da poluição sonora na população urbana raramente
prejudicam o sistema auditivo, porém afetam o sistema neurológico e cardiovascular.
Conforme Nunes (1999, s/p)
Os fatores de efeito do ruído no homem podem ser classificados em
comportamentais, que avaliam a reação das pessoas ao ruído ambiente e a
interferência deste nas suas diversas atividades de vida, bem como, em
fatores psicológicos/médicos de mudanças crônicas ocasionadas
potencialmente pelo ambiente.
Completando os problemas ocasionados pela exposição ao barulho
urbano, Almeida (1999) contradiz Nunes (1999) afirmando que pode ocorrer a
surdez, caracterizada como uma patologia progressiva resultante da exposição
constante ao ruído. As conseqüências dessa patologia podem ser a perda auditiva
temporária, perda auditiva permanente e problemas na comunicação oral.
28
Além de afetar o aparelho auditivo e o cérebro, o ruído pode afetar
outros órgãos conforme Gerges, (1992 p. 51)
Um longo tempo de exposição a ruído alto pode causar sobrecarga do
coração causando secreções anormais de hormônios e tensões
musculares. O efeito destas alterações aparece em forma de mudanças de
comportamento, tais como: nervosismo, fadiga mental, frustração, prejuízo
no desempenho no trabalho[...]
O estudo realizado por Lacerda et al, (2005) mostrou o problema da poluição
sonora em Curitiba, cidade conhecida internacionalmente pela sua preocupação
com o meio ambiente. O estudo teve como objetivo identificar quais eram os
barulhos urbanos que mais incomodavam a população. O levantamento de dados foi
feitos através de uma enquête social em diversos pontos da cidade. Os resultados
mostraram que o trânsito, os vizinhos, sirenes, os animais e a construção civil são as
fontes de barulho que mais incomodam a população. Resultado semelhante foi
encontrado nos estudos de Calixto e Rodrigues (2004) indicando o barulho do
trânsito como o que mais incomoda a população da cidade de Goiânia, seguido dos
barulhos de volume intenso de som, telefone, conversas com voz intensa,
eletrodomésticos, máquinas, animais domésticos e aviões.
O estudo realizado em Brasília, por Nunes e Ribeiro (2008) teve por
objetivo ver a influência do barulho do trânsito na qualidade de vida da população. O
trabalho foi elaborado em 3 etapas, a primeira foi feito um levantamento
bibliográfico, a segunda aplicação de questionários para a população que reside na
área delimitada para o estudo de uso habitacional e a terceira parte da pesquisa se
deu pela análise dos dados estatísticos.
Os resultados mostraram que a população residente entrevistada na
área de estudo integralmente se sentiram incomodadas com o barulho do trânsito,
sendo que as mulheres e os jovens foram os mais sensíveis a esse tipo de poluição.
O estudo também realizou uma medição com o auxilio do decibelímetro e foi
29
constatado que tanto com a janela aberta ou fechada dos imóveis na área estudada
os níveis de ruídos ultrapassavam os permitidos.
O ruído do tráfego nessa área não é um problema pontual, que acontece
em determinados dias ou períodos do dia, mas é constante e permanente
para essa população. As pessoas sofrem esse incômodo, principalmente
nos dias úteis, sendo mais intenso nos períodos do início da manhã e à
noite, que se caracterizam como períodos de pico do tráfego da cidade e
também como períodos em que as pessoas que trabalham fora encontramse em casa.(NUNES e RIBEIRO, 2008, p.332)
Em consonância a outros estudos, tal como em Zannin et al. (2002),
Calixto e Rodrigues. (2004), Lacerda et al. (2005) a principal fonte de ruído,
apontada nas pesquisas foi o trânsito de veículos automotores. O estudo feito na
cidade paulista de Rio Claro por Bressane et al. (2009) mostrou que o trânsito foi o
mais citado (88%), seguido por bares e boates, clubes recreativos, unidades de
ensino e cultura, escolas, estabelecimentos comerciais, carros de propaganda
sonora, igrejas e ruídos provocados por animais domésticos, que reunidos somaram
12%.
Os centros urbanos são áreas sujeitas às fontes contínuas de
barulho que diferem durante o dia. Durante o dia são bem mais intensas do que no
horário noturno, porém há áreas próximas nas avenidas, onde funcionam bares,
restaurantes, boates, casas de shows e o tráfego de pessoas e carros torna-se um
foco com grande intensidade de barulho à noite e de madrugada.
Entretanto, o habitante das grandes cidades vive imerso numa atmosfera de
barulhos, mesmo durante o sono, com os quais parece estar acostumado:
tráfego, buzinas, alarmes contra roubos, escapamentos, motores
envenenados, algazarras, etc. Por mais estranho que possa parecer, este
verdadeiro “bombardeio sonoro” não o abandona, nem quando procuram
distraírem-se em festas, discotecas, cinemas, teatros, espetáculos musicais,
uma vez que a sociedade moderna se esqueceu do controle de volume dos
sistemas de amplificação, tanto individuais como fones de ouvido,
brinquedos sonoros infantis, quanto coletivos. (CALIXTO e RODRIGUES,
2004, p. 50)
30
O incômodo causado pelo ruído urbano dependendo da sua fonte de
origem afeta de maneira diferente os homens e as mulheres. Segundo o estudo de
Lacerda et al (2005), os homens se incomodam mais com barulhos do trânsito,
templos religiosos, animais e de fogos de artifícios. Já as mulheres mostram maior
irritabilidade com os barulhos de sirenes, eletrodomésticos, brinquedos infantis,
casas noturnas e barulhos da construção civil. Em relação aos barulhos dos
vizinhos, homens e mulheres tiverem a mesma porcentagem de reclamação dessa
fonte de ruído. (LACERDA et al, 2005). Como se pode constatar, todas as fontes
são fruto de uma forma de morar e viver nas cidades, daí o interesse em descrever
em linhas gerais o processo de urbanização da cidade estudada.
31
2 A EXPANSÃO URBANA DE LONDRINA
2.1 Considerações sobre a área de estudo
Londrina foi fundada em 1931, e levada a categoria de município
em 1934 (PRANDINI,1951), já que então pertencia à comarca de Jataizinho.
Londrina foi sede do maior empreendimento imobiliário já realizado até então no
país pela CNTP - Companhia de Terras Norte do Paraná, que teve grande
importância no desenvolvimento da cidade.
O uso de terras fora do perímetro urbano de Londrina já era visto
em 1936, logo após ter sido transformada em sede administrativa. Essa ocupação
dava-se com a finalidade de moradia para a população de baixa renda. Sendo
assim, observa-se que a expansão da cidade se deu desde sua gênese (FRESCA,
2002)
Para Nakagawara (1984), houve uma série de fatores que
influenciaram na urbanização de Londrina, dentre eles destacou-se a forma do
parcelamento de terras e a venda dessas terras e o planejamento precedido pela
CNTP – Companhia de Terras Norte do Paraná onde esses assentamentos tanto os
rurais quanto os urbanos foram concebidos juntamente com um modelo de esquema
de circulação de pessoas e mercadorias, segundo Fresca, (2002, p. 242),
[...] era fundamental para o sucesso do loteamento rural, a presença de um
núcleo urbano que garantisse condições mínimas aos pequenos
proprietários rurais em termos de coleta, beneficiamento e transporte da
produção, oferta de bens e serviços de atendimento as demandas básicas
da população rural. Como forma de garantir tais condições à realização da
especulação fundiária, foi criada a cidade de Londrina com planta urbana
previamente elaborada, anterior ao ato de fundação. Esta planta urbana
seguia o padrão tabuleiro de xadrez, constituída por cerca de 250 quadras
de aproximadamente 10.000 m2 cada. Tendo em vista as perspectivas da
Companhia em termos de realização dos negócios, a cidade foi implantada
para abrigar até 20.000 habitantes.
32
Com a chegada da ferrovia à cidade em 1935 houve um rápido
crescimento tanto no número de pessoas quanto no tamanho da nova cidade.
Conforme Prandini, (2007, p. 102)
Com a elevação a município em 1934 e a chegada da estrada de ferro em
1935, a população vai crescer rapidamente. Não havendo dados sobre a
população nesta época, podemos deduzir, pelo crescimento do número de
edificações. Em 1934, Londrina tinha 3000 habitantes e 60 prédios; em
1936- 1120 prédios, Daí para frente a população tem crescido sempre e o
aumento anual tem sido feito a partir de 1940, numa média de 3000
habitantes. Pelo recenseamento daquele ano, Londrina contava com 10 531
habitantes, as estimativas de 1944 e 1946 davam para a cidade uma
população de 21 000 e 25 000 habitantes respectivamente: o censo de 1950
registrou 33.707 hab.
A atual posição que Londrina foi beneficiada por vários aspectos
que corroboraram para seu desenvolvimento, segundo Nakagawara (1986, p. 7)
O afluxo da população rural norte foi expressiva, nas décadas de 30 e 50,
cuja procedência via Ourinhos-SP, em sua maioria, passava sempre por
Londrina, já que estava localizada no principal eixo de penetração à região,
e foi um importante ponto de apoio. Os equipamentos urbanos de Londrina
foram se estruturando sempre mais para atender a região que a própria
cidade, até a década de 50 e mesmo hoje, seu papel regional é grande,
tanto na distribuição de bens de produção como na prestação de serviços a
comunidade norte-paranense.
Foi
na
década
de
1950
que
Londrina
apresentou
uma
representativa expansão, e esta não foi resultado direto apenas da economia ligada
ao café, por ter sido a sua “capital mundial”, mas também por produzir gêneros
alimentícios e matérias-primas diversas, e pela pequena produção mercantil que
permitiu à cidade sua grande projeção (FRESCA, 2002).
A produção de café foi de maior importância para a cidade que
concentrou a comercialização do produto no estado e que desde o início da
colonização dessa região já estava mais ligada à economia cafeeira do estado de
São Paulo do que com a sua própria capital Curitiba. Sem coincidência, pois a
maioria dos investidores dessa região era de origem paulista. Segundo Leão (1989,
33
33) [...] o estado desenvolvia o papel de economia periférica e dependente
principalmente de estímulos provenientes de São Paulo [...]. O grau de
industrialização do Paraná ainda era baixo, mas a dinâmica centrada a partir de
Londrina se destacava nos anos de 1960.
A década de 1960 marcou o início de um processo de mudanças
que englobariam não só o município de Londrina, mas todo o norte do Paraná,
devido a uma política de erradicação da cafeicultura liderada pelo Grupo Executivo
de Erradicação do Café – GERCA, e por conseqüência dos problemas
climatológicos e econômicos. Além disso, na década de 1970 o uso do solo foi
modificado pela produção da soja e do trigo,
diminuindo as áreas de cultivos de
gêneros alimentícios. Paralelamente a estes fatores, houve um grande aumento da
população urbana, a inversão em termos de distribuição urbana e rural (FRESCA,
2002), ver figura 2.
Foi na década de 1960, que se teve um acelerado crescimento
urbano e o aumento populacional na cidade de Londrina, segundo TAKEDA, (2004,
p.102 )
A década de 1960 foi marcada principalmente pelo grande crescimento
populacional da cidade, já que neste período a população londrinense
dobraria de tamanho. Este fato seria uma conseqüência da desaceleração
da cafeicultura como o carro chefe da produção agrícola no norte
paranaense, bem como do inicio do processo de modernização da
agricultura, que acabaria por liberar um grande contingente populacional
empregado na zona rural.
A maioria da população no estado do Paraná na década de 1960
continuava morando na zona rural, porém essa realidade já não era observada em
Londrina, onde o contingente da população urbana já havia superado a rural. O
34
censo de 1960 mostrava que 57.86% da população residiam na área urbana
(FRESCA, 2002).
Município
1970
Urbana %
Rural
%
1980
Urbana
%
Rural
%
Londrina 163.52871,69 64.573 28,31 266.940 88,48 34.771 11,52
1991
Urbana %
Rural
%
2000
Urbana
%
Rural
%
Londrina 366.67694,00 23.424 6,00 433 369 96,94 13 696 3,06
Fonte: IBGE, 2000.
Figura 2- Número de população rural e urbana de 1970 a 2000.
Outra mudança ocorrida na cidade nos anos de 1960 foi a
passagem da economia de agrícola pra a industrial, conforme Takeda (2004, p. 103)
[...] a intensificação da atividade industrial e o aprimoramento da atividade
comercial, prestadora de serviços e financeira tornaram-se os grandes
responsáveis pelo comando da economia local, uma vez que a produção
agrícola não mais apresentava o dinamismo do inicio dos anos de 1950.
O grau de industrialização do Paraná ainda era baixo, mas a
dinâmica centrada a partir de Londrina se destacava nos anos de 1960. Segundo
Bragueto (1999, p.153)
[...] no início dos anos 60 o estado apresentava uma indústria rudimentar,
com o predomínio de produtos alimentares e indústria madeireira, com a
tecnologia pouco elaborada e pequena escala de produção destinando-se
ao mercado local. O desenvolvimento de outros gêneros industriais e um
grande aumento da indústria de construção civil, ligada principalmente ao
crescimento da cidade de Londrina, e também houve o crescimento das
indústrias de transporte principalmente para escoar o café.
35
A partir dos anos de 1970, a cidade de Londrina mostrou os reflexos
das mudanças ocorridas na década anterior, as transformações sócio-econômicas
que afetaram diretamente o quadro agrário, econômico, social e populacional se
refletindo nas alterações na estrutura urbana.
Com todas essas transformações, o aumento da população
continuou próspero em Londrina, porém o problema de moradia mostrou-se
presente na cidade. Para resolvê-lo habitacional o poder público criou a COHAB-LD
– Companhia de Habitação de Londrina em 1965.
Efetivamente em 1970, a COHAB-LD, começou a construir
conjuntos habitacionais na cidade. Em 10 anos, foram entregues 32 conjuntos
totalizando 9.055 unidades, das quais 7.821 localizam-se na porção norte da cidade
de Londrina (FRESCA, 2002).
Para suprir a falta de moradia na cidade, se fez necessária a
construção de moradia para a população que chegava. Isso se refletiu na construção
de um grande número de moradias na porção Norte da cidade, os Cinco Conjuntos,
e se eles não foram os primeiros, foram os maiores: Ruy Virmont Carnasciali, Mílton
Gavetti, Parigot de Souza I e II, João Paz e Semíramis B. Braga (FRESCA, 2002).
Atualmente, a região Norte da cidade concentra a maior parte da
população Londrinense. Segundo o Perfil do Município de Londrina, 2008, a Zona
Norte somava 106.759 habitantes na porção norte da cidade ver figura 3.
36
Figura 3 – População por região da área urbana de Londrina
Já na década posterior em 1980, houve uma diminuição no
crescimento da malha urbana de Londrina, porém Archela et. al,(2009, p.68),
explicam que
O índice de urbanização em 1980 chega há 88%, várias vezes superior ao
rural, evidenciando por um lado, um grande êxodo rural devido às
modificações ocorridas na agricultura e, por outro, a atração exercida pela
cidade. Neste ano a taxa de urbanização brasileira é de 68.8%, muito
abaixo de Londrina.
A construção de prédios em Londrina iniciou-se nos anos de 1950
e se deu de forma gradativa com o passar dos anos, porem, foi em 1980 que o
processo de verticalização tomou grande proporção no espaço urbano de Londrina
representando investimentos para a reprodução do capital e dando características
de modernidade para a cidade. (FRESCA, 2002)
Nesta mesma década começou ocorrer o aumento no processo de
verticalização com a construção principalmente de edifícios residenciais. No período
de 1981 a 1990 Casaril (2008) afirma que
Este período representou-se o mais importante ao longo do processo em
questão. Podemos caracterizá-lo como sendo o período da intensificação da
verticalização urbana da cidade de Londrina, em decorrência de vários
aspectos, a saber: período de maior construção de edifícios dos períodos
analisados, grande construção de edifícios no sistema de condomínio, forte
atuação dos órgãos públicos na construção conjuntos habitacionais verticais
[...]
37
Devido ao grande aumento populacional e a atuação dos promotores
imobiliários a cidade Londrina hoje se encontra na 12º posição entre as cidades mais
verticalizadas do mundo. Esse processo de verticalização passou por cinco etapas
conforme Casaril (2008) apontou em seu estudo
Analisamos os cinco períodos da verticalização de Londrina, no que se
refere ao total de edifícios e a área construída ao longo dos cinqüentas
anos, verifica-se que o primeiro período representou 1,09% de edifícios
construídos o que somou uma área construída em m² de 1,75%, o segundo
período totalizou 2,89% de edifícios e uma área construída de 4,63%, o
terceiro período do processo somou 8,79% de edifícios e uma área
construída de 11,83%, o quarto período somou 51,38 de edifícios e totalizou
uma área de 44,78% e por ultimo, o quinto período obteve 35,85% de
edifícios representando 37,01% de área construída. Assim foram
construídos 1.559 edifícios nesse meio século de verticalização o que
totalizou 4.569.517,47 m².
Verificamos que destes 1.559 edifícios, construídos, ocorreu um destaque
às construções voltadas ao uso residencial, estas totalizaram 1.352 prédios
ou 86,72%, já as edificações comerciais foram responsáveis por 127
edifícios ou 8,15% das construções e, por ultimo tivemos 80 prédios ou
5,13% de edificações mistas neste meio século de verticalização em
Londrina. (CASARIL, 2008, p.250).
Até a década de 1980, os edifícios concentravam-se na região
central da cidade, e nas décadas seguintes a verticalização de Londrina passou por
um processo de descentralização, com a ocorrência de construção de prédios em
vários setores da cidade, inclusive na região Norte quando na década de 1970 foram
implantados os conjuntos habitacionais (CASARIL, 2008).
O processo que se deu a partir dos anos de 1980, com a
desconcentração e a área de moradias na cidade se tornaram
cada vez mais
afastadas do centro, as áreas que antes era ocupadas por chácaras ou estavam
sem uso urbano passaram a ser utilizadas, como é o caso da região da Gleba
38
Palhano e dos condomínio horizontais localizados próximos do Shopping Catuaí no
setor sul.
A cidade de Londrina vem sofrendo com a poluição sonora nos
últimos anos. A tendência da verticalização, já referenciada anteriormente, criou
verdadeiros “corredores” e “muralhas” nas ruas centrais. Esse fato afetou não
apenas à circulação do ar e dos ventos, e se somados à ampliação da pavimentação
asfáltica das ruas potencializou e interferiu no ruído ou barulho excessivo. Ao causar
incômodo e potencialmente problemas de saúde, são compreensíveis
as
reclamações que seus moradores fizeram junto ao Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) no ano de 2006.
A industrialização, o crescimento populacional e a ampliação
da
malha urbana foram alguns dos fatores que contribuíram para aumentar os
problemas ambientais. E é nas cidades que podemos observar os problemas
ambientais mais graves devido ao intensivo uso e as atividades humanas presentes.
Conforme Neto, (2001, p.23)
[...] A expansão das áreas urbanas provoca modificações significativas na
paisagem natural. A substituição da vegetação por áreas construídas
(cimento, concreto e alvenaria), a pavimentação asfáltica das ruas, a
concentração de parques industriais e o adensamento populacional
incluindo-se aí todas as atividades humanas inerentes à sua vida na cidade
como transporte, alimentação, são responsáveis pelo aumento da
temperatura.
Devido a este rápido crescimento físico, territorial e demográfico de
Londrina surgiram também vários problemas ambientais como desmatamento,
poluição das águas, do ar, a poluição visual e sonora. No presente trabalho a ênfase
será dada na poluição sonora devido à importância para a saúde humana e pela
escassez de trabalhos geográficos sobre o tema.
39
2.2 Poluição sonora e legislação
O ruído possui natureza jurídica de agente poluente se diferenciando
dos outros agentes como água, ar e solo, principalmente no que se refere ao objeto
de contaminação, pois este afeta diretamente os homens (MACHADO, 2003)
A poluição sonora não apenas prejudica a saúde, mas também o
direito ao sossego da população principalmente aquelas que vivem nas médias e
grandes cidades, como é o caso de Londrina – PR, onde há densidade demográfica
e grande quantidade de fontes sonoras
Alguns exemplos de fontes de poluição sonora são: Carros, Festas,
Igrejas, Bares, Estabelecimentos comercias. Indústrias, Academias, Oficinas,
Mecânicas, Obras de construção. Devido ao gradativo aumento destas fontes
poluidoras criaram-se leis e formas para defender os direitos dos citadinos desde a
esfera federal (CONAMA, MINTER, Código Civil) até a municipal (Código de
Posturas do município de Londrina).
Segundo a resolução do COMANA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente) 001, de 08 de março de 1990 , item II:
São prejudiciais à saúde, e ao sossego público, para os fins do item anterior
os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma
NBR 10152 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da
comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.
A portaria 092, do Ministério do Interior (MINTER), de 19 de junho de 1980
estabelece que (BRASIL, 2007):
I – A emissão de sons e ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais,
comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as propagandas, obedecerá no
40
interesse da saúde, da segurança e do sossego público, aos padrões, critérios e
diretrizes estabelecidas nesta Portaria.
II - Consideram-se prejudiciais à saúde, à segurança e ao sossego público, para
os fins do item anterior, os sons e ruídos que:
a) atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de sons de
mais de 10 (dez) decibéis - dB (A), acima do ruído de fundo existente no local de
tráfego;
b) independentemente de ruído de fundo, atinjam no ambiente exterior do recinto
em que tem origem mais de 70 (setenta) decibéis - dB (A), durante o dia, e 60
(sessenta) decibéis - dB (A), durante a noite.
c) alcancem, no interior do recinto em que são produzidos, níveis de som
superiores aos considerados aceitáveis pela Norma NB-95, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, ou das que sucederem.
III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para
atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá
ultrapassar os níveis estabelecidos pela Norma NB-95, da ABNT, ou das que lhe
sucederem.
A Lei das Contravenções Penais, art. 42 estabelece que (BRASIL, 2007):
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios:
I – com gritaria ou algazarra;
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições
legais;
41
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos;
IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que
tem a guarda:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a
dois contos de réis2.
O Código Civil, Art.1277 diz: “O proprietário ou o possuidor de um prédio
tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao
sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade
vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da
utilização, a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as
edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos moradores da
vizinhança.”
E o Código de Posturas do Município de Londrina estabelece
(LONDRINA, 2007):
Art. 27. É expressamente proibido perturbar o sossego público com ruídos ou sons
excessivos, evitáveis, tais como:
I - os de motores de explosão desprovidos de silenciosos ou com estes em mau
estado de funcionamento;
II - os de buzinas, clarins, campainhas ou quaisquer outros aparelhos estridentes;
2
As Leis das Contravenções Penais teve algumas alterações em seus artigos. Alguns foram retirados e outros
alterados porém o valor pecuniário das multas está em moeda que não mais existe no Brasil, os valores da multa
estão na moeda que era vigente na época da elaboração das leis em 1941.
42
III - a propaganda realizada com banda de música, bombas, tambores, cornetas,
alto-falantes e similares, sem licença da Prefeitura;
IV - os de batuques, congados, música ao vivo e outros divertimentos congêneres,
sem licença das autoridades;
V - os de morteiros, bombas e demais fogos ruidosos;
VI - alto-falantes instalados em veículos em geral.
Parágrafo único. Excetuam-se das proibições deste artigo:
I - sirenes de veículos de assistência, Corpo de Bombeiros e Polícia, quando em
serviço;
II - apitos de rondas e guardas policiais;
III - alto-falantes destinados a propaganda de partidos políticos, na forma da Lei
Eleitoral;
IV - alto-falantes destinados a transmissão de ato de culto religioso e músicas
sacras, e de reuniões cívicas ou solenidades públicas, nos locais de sua realização,
desde que com volume de até sessenta decibéis (db) na curva (A) até às 22 horas.
Art. 28. É proibido executar qualquer trabalho ou serviço que produza ruído acima
de quarenta decibéis, antes das 7 horas e depois das 22 horas, em um raio inferior a
cem metros de hospitais, escolas, asilos, casas de repouso, bibliotecas e
residências.
Art. 29. A emissão de sons e ruídos em decorrência de quaisquer atividades
industriais, comerciais, sociais, religiosas, culturais e esportivas, inclusive as de
43
propaganda, obedecerá, no interesse da saúde, da segurança e do sossego, aos
padrões e critérios determinados neste artigo.
Parágrafo único. Consideram-se prejudiciais à saúde, à segurança e ao sossego
público, para fins deste artigo, os sons e ruídos que:
I - atinjam, no ambiente exterior do recinto em que têm origem, nível de som de mais
de dez decibéis (db), na curva (A), acima do ruído de fundo existente no local, sem
tráfego de veículos;
II - independente do ruído de fundo, atinjam no ambiente exterior do recinto em que
têm origem, mais de quarenta decibéis (db), na curva ( A), após às 22 horas;
III - para medição dos níveis de som considerados nesta seção, o aparelho medidor
de nível de som, conectado à resposta lenta, deverá estar com o microfone afastado
no mínimo um metro e cinqüenta centímetros da divisa do imóvel que contém a fonte
de som e ruído, e à altura de um metro e vinte centímetros do solo ou no ponto de
maior nível de intensidade de sons e ruídos do edifício reclamante;
IV - o microfone do aparelho medidor de nível de som deverá estar sempre afastado,
no mínimo, um metro e vinte centímetros de quaisquer obstáculos, bem como
guarnecido com tela de vento;
V - os demais níveis de intensidade de sons e ruídos fixados por esta seção
atenderão às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e serão
medidos por decibelímetro padronizado pela Prefeitura.
44
3 POLUIÇÃO SONORA: UMA REALIDADE DE LONDRINA
3.1 Reclamações sobre a poluição sonora em Londrina: dados empíricos
Os dados foram coletados no Instituto Ambiental do Paraná (IAP),
órgão responsável pelo controle, registro de denúncia e fiscalização da poluição
sonora em Londrina, eles trabalham conjuntamente com a Polícia Civil, e a CMTU
(Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e fazendo uma atuação integrada
pela cidade. O gráfico 1 mostra a quantidade de denúncias recebidas pelo IAP no
período de Janeiro a Dezembro de 2006.
Como pode ser observado no gráfico abaixo, os meses de novembro
até abril do ano estudado, são os que mais contabilizaram denúncias no IAP, devido
ao período de férias e festas , além da alta temperatura nessa época do ano o que
leva as pessoas aos ambientes abertos, às janelas abertas e a entrada do ruído.
Gráfico 1 - Número de denúncias registradas pelo IAP no ano de 2006.
Fonte: IAP- Instituto Ambiental do Paraná
Das 303 denúncias recebidas pelo IAP, referentes à poluição sonora
no ano de 2006 na cidade de Londrina foram identificadas algumas fontes de
45
poluição
que
se
destacam
como:
Residência,
Bares
e
Lanchonetes,
Estabelecimentos Comerciais, Som automotivo em locais públicos ou privados,
Indústrias, Igrejas, Casas de Shows e Festas, Boates, Clube e Academias, Escolas
como pode ser observado no quadro 3 e a divisão da cidade por bairros na figura 4.
Quadro 3 - Locais denunciados ao IAP em 2006.
Locais
Nº de denúncias
%
Residências
85
28.1%
Bares, lanchonetes e restaurantes
64
21,1%
Comércio
52
17,2%
Som automotivo em vias públicas
32
10,6%
Boates, clubes, festas e shows
14
4.6%
Igrejas
13
4.3%
Repúplicas
9
3.0%
Barulho em local público
8
2,6%
Som automotive em postos de gasolina
8
2.6%
Escolas e colégios
7
2.3%
Chácaras e Clubinhos
6
2.0%
Academias
5
1.7%
303
100.0%
TOTAL
Fonte: IAP – Instituto Ambiental do Paraná
Org. Márcio Catharin Marchetti, 2009.
46
Figura – 4: Bairros de Londrina
Fonte: www.uel.br/atlasambiental
47
3.2 Espacialização das denúncias de Poluição Sonora
3.2.1 Residências
As residências são em grande parte responsável pelas reclamações
e denúncias referentes à poluição sonora. Os motivos das denúncias são a falta de
urbanidade e pensamos que pode até existir a intolerância entre os vizinhos quando
o barulho não ultrapassar o permitido. Como foram analisadas as reclamações, não
houve a medição para verificar se o barulho foi acima do permitido, daí a observação
anterior. Mas as causas das reclamações identificaram os ruídos de televisores e
aparelhos de som com volume alto, conversas, gritarias.
Como pode ser observada na figura 5, a espacialização das
ocorrências de denúncias oriundas dos domicílios (vizinhança) ocorre por toda a
cidade. No ano de 2006, somaram-se 85 denúncias referentes aos barulhos
residenciais, sendo que a maior concentração dessas reclamações está nas áreas
mais afastadas do centro da cidade. Londrina apresenta uma alta densidade
demográfica, dos 391 setores censitários adotados pelo IBGE apenas 9 tem
densidade inferior a 193 hab/km2 e 11 têm densidade intermediária entre 193 e
386/km2, todos os outros setores tem alta densidade demográfica. (BARROS ET
AL, 2009, p. 119).
Os bairros com maior número de denúncias foram União da Vitória,
Cafezal, Cinco Conjuntos, Leonor, Ouro Verde e os outros bairros da cidade tiveram
número menor de ocorrências. A partir da observação da figura ... se verifica que na
região central não houve nenhuma reclamação referente a barulhos oriundos de
residências.
Os bairros que mais tiveram registros de denúncias por barulho no
IAP, também são os bairros com um alta densidade populacional.Na zona norte os
48
bairros Parigot de Souza, Ouro Verde, Vivi Xavier e Cinco Conjuntos e na região
sudeste destacam-se os bairros União da Vitoria , Parque das indústrias e Cafezal
como os bairros densos. (BARROS ET AL, 2009, p. 119)
O bairro com a maior densidade populacional da cidade é o Centro
Histórico, porém não há registros denúncias nesta região por residências, isso devese ao grande número de comércio neste bairro e o grande número de moradias
verticais, onde há regimentos internos de conduta em cada condomínio.
49
Figura 5 - Mapa de denúncias de barulhos produzidos por residências em Londrina no ano
de 2006.
50
3.2.2 Bares, restaurantes e lanchonetes
Restaurantes, lanchonetes e bares são focos de barulho, o que gera
um grande número de reclamações junto ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP.
Grande
parte
das
reclamações
são
de
moradores
próximos
desses
estabelecimentos comerciais que concentram um grande número de pessoas, e o
trânsito aumenta o nível de barulho.
Esses
estabelecimentos
comerciais
colocam
como
atração
apresentações musicais ao vivo, telões (com clipes e jogos de futebol) em alto
volume com amplificadores de som, somando isso a grande concentração de
pessoas conversando, gritando e o grande tráfego de carros e, motos próximos a
esses estabelecimentos. Se estacionados na rua, não raro seus ocupantes escutam
músicas com o volume alto e conversam nas calçadas fora dos estabelecimentos.
No ano de estudo foram registrados 64 ocorrências referentes aos
bares, lanchonetes e restaurantes, como pode ser visto na figura 4 houve uma
concentração na região central da cidade com 12 denúncias. Ela foi seguida dos
bairros Bandeirantes (6) e Parque das Indústrias (7), e nos outros bairros as
denúncias variavam entre uma ou duas, figura 6.
51
Figura 6 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por restaurantes, bares e
lanchonetes em Londrina no ano de 2006.
52
3.2.3 Comércio
As lojas, financiadoras, lojas de comércio popular, vendedores
ambulantes também são grandes agentes poluidores ao utilizarem caixas
amplificadas direcionadas para fora da loja e fazendo propaganda para atrair seus
clientes. O grande foco de reclamação oriundas do comércio, e quase que
majoritariamente do centro da cidade, é o Calçadão onde há concentração comercial
além do grande número de pessoas, tráfego de veículos motos, carros, caminhões e
ônibus (figura 7). O Centro Histórico contabilizou no ano de 2006, 44 denúncias
contra o barulho oriundo do comércio. Os bairros Vila Casoni, Vila Brasil, Inglaterra,
Ipiranga, Brasília e Bandeirantes tiveram apenas uma denúncia e a Vila Recreio
duas conforme a figura 8.
A concentração de denúncias no Centro Histórico deve-se ao fato da
região concentrar os serviços. Takeda, (2004, p. 155) afirma que mesmo com o
crescimento físico-territorial da cidade de Londrina, o principal comércio e atividades
financeiras continuam localizados no centro da cidade, pois ainda exercem uma
grande centralidade devida a concentração dos serviços comerciais e coletivos.
Figura 7 – Área com grande concentração comercial.
53
Figura 8 – Mapa de denúncias de barulho produzidos pelas lojas comerciais em Londrina,
no ano de 2006.
54
3.2.4 Som automotivo em locais públicos e postos de gasolina3
O número de veículos automotores na cidade de Londrina vem
crescendo anualmente segundo o Departamento de Trânsito do Paraná - DETRANPR (2009). Em dezembro de 1999 o número de veículos na cidade de Londrina era
de 160.420 e em dezembro de 2008 a frota total da cidade atingiu 251.351 veículos
automotores, mostrando teoricamente que a metade da população londrinense teria
um veiculo automotor. Esse grande aumento no número de automóveis (carros,
camionetas, motos, ônibus, microônibus, caminhões) traz também conseqüências
para a cidade como o ``caos`` no trânsito, o aumento da poluição do ar, acidentes e
também nos problemas da poluição sonora.
O problema de som automotivo inclui tanto os carros com
equipamentos de som potentes quanto os automóveis de propaganda. Os primeiros
devido ao exagero do volume do rádio de seus motoristas, e os últimos por
possuírem caixas de som na parte exterior do carro e trafegarem nas ruas da cidade
fazendo propaganda quase sempre com o volume exagerado. O som automotivo
particular também é um dos grandes problemas da poluição sonora, e as denúncias
feitas no IAP são oriundas tanto do som automotivo em locais públicos quanto os
que ficam estacionados em Postos de Gasolina da cidade, conforme as figuras 9 e
10.
As reclamações oriundas do som automotivo em áreas públicas
somaram no fim de 2006, 32 denúncias, não houve um bairro específico, elas se
deram de forma heterogênea pela cidade de Londrina. Os bairros mais afetados
foram Cinco Conjuntos, Inglaterra, Vila Recreio e Vila Casoni.
3
Neste sub-item intitulado Som automotivo em locais públicos e Postos de gasolina, foram considerados apenas
os carros parados em vias públicas e postos de gasolina. Não foram considerados os barulhos oriundos do tráfego
de carros pelas vias públicas.
55
Em relação ao som automotivo em Postos de Gasolina o número
de
denúncias
foi
bem
menor,
totalizando
8
denúncias
concentrando-se
principalmente nos bairros mais próximos ao centro da cidade como os bairros
Higienópolis, Quebec, Presidente, Vila Nova, Vila Casoni e Brasília.
Com relação aos problemas de poluição sonora que advêm de
veículos automotores, o município de Londrina no Artigo 27, do Código de Postura
estabelece que:
É expressamente proibido perturbar o sossego público com ruídos ou sons
excessivos, evitáveis, tais como:
I – os de motores de explosão desprovidos de silenciosos ou com estes em
mau estado de funcionamento;
II – os de buzinas, clarins, tímpanos, campainhas ou quaisquer outros
aparelhos estridentes;
III – a propaganda realizada com banda de música, bombas, tambores,
cornetas, alto-falantes e similares, sem licença da Prefeitura;
IV – os de batuques, congados, música ao vivo e outros divertimentos
congêneres, sem licença das autoridades;
V – os de morteiros, bombas e demais fogos ruidosos;
VI – alto-falantes instalados em veículos em geral.
56
Figura 9 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por som automotivo em locais
públicos em Londrina no ano de 2006.
57
Figura 10 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por som automotivo em
postos de gasolina em Londrina no ano de 2006.
58
3.2.5 Templos religiosos
A cidade de Londrina conta atualmente com 621 templos religiosos
instalados em diversas áreas da cidade, Barros et al, (2009, p. 147)
Londrina possui 621 templos das diversas regiões, sendo 446 evangélicos e
79 católicos. Dos templos evangélicos, 59 são da Igreja Assembléia de
Deus, 26 da Batista, 22 da Congregação Cristã e 21 da Igreja Deus é Amor.
As outras religiões possuem 96 templos destacando-se 14 Testemunhas de
Jeová, 9 Centros espíritas Kardecistas e 3 Budistas.
Com um grande número, as Igrejas são também fontes de poluição
sonora nas cidades principalmente pelo alto volume das caixas de amplificação de
som que transmitem as cerimônias religiosas, como as músicas e as orações,
fazendo com que algumas pessoas denominem esses cultos religiosos como
“barulhentas”. Para que essas igrejas desenvolvam seus cultos religiosos e não
incomodem as áreas vizinhas deveriam ter uma proteção acústica nas paredes para
que o som não se propagasse para outros locais. Muitas igrejas estão instalas em
áreas residenciais funcionando numa sala ou barracão anteriormente destinado a
outro tipo de uso.
Dos 13 registros recebidos pelo IAP, apenas uma localiza-se no
Centro de Londrina, a maioria das denúncias contra as igrejas, conforme a figura 11
mostra que elas localizam-se geralmente na periferia da cidade nos bairros
Bandeirantes, Ernani Moura Lima, Cinco Conjuntos, Coliseu, Interlagos e Parque
das Indústrias.
59
Figura 11 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por templos religiosos em
Londrina no ano de 2006.
60
3.2.6 Boates, clubes, casas de shows, festas e academias
As casas de shows, festas, boates, clubes e as academias são
responsáveis pelo problema de som alto durante o dia e a noite. Todos eles estão
relacionados com o alto volume de músicas, gritarias, conversas e grande fluxo de
pessoas e carros próximo a esses locais. Como as igrejas as casas de shows,
boates, clubes e academias deveriam ter uma proteção acústica para que o som não
se propagasse para outros locais, evitando incômodo aos vizinhos.
Boates, casas de shows, clubes e festas tiveram 14 denúncias, a
figura 12 mostra que 5 denúncias são do mesmo lugar o Country Clube, onde há
eventos (festas de casamento, aniversário, bailes e shows), localizado no bairro
Quebec. As outras denúncias estão distribuídas por outros bairros como Aeroporto,
Bandeirantes, Bela Suíça, Ideal, Tucanos e Vila Nova.
As academias tiveram 5 reclamações, sendo que o Centro Histórico
obteve 3 reclamações, seguido do Quebec, e Universidade com uma reclamação,
conforme a figura 13.
61
Figura 12 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por de boates, clubes,
festas e shows em Londrina no ano de 2006.
62
Figura 13 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por academias em Londrina
no ano de 2006.
63
3.2.7 Escolas
Foram considerados todos os tipos de escolas estaduais e
municipais e escolas de futebol. As denúncias no ano de 2006 referentes aos
problemas sonoros tiveram um total de 7 reclamações, como pode ser visto na figura
14. A maioria destas denúncias são referentes aos colégios estaduais e municipais
que localizam-se em áreas residências afetando diretamente a população.
Das sete denúncias seis referiam-se as escolas, locais
concentradores de grande quantidade de crianças e adolescentes tornando um
ambiente naturalmente barulhento, sobretudo nos horários de intervalo e nas aulas
realizadas fora da sala de aula (Aulas de Educação Física).
Apenas um registro foi feito no IAP- Instituto Ambiental do
Paraná, reclamando do barulho advindo de uma escola de futebol, devido aos gritos
dos jogadores e o apito do professor.
64
Figura 14 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por escolas em Londrina no
ano de 2006.
65
3.2.8 “Clubinhos” e Chácaras
Clubinhos são aqui considerados os terrenos com uma infraestrutura para a realização de festas localizados em áreas residenciais. Geralmente
são terrenos pequenos com piscina, churrasqueira, dois ou três cômodos (quarto,
cozinha e banheiro) que são destinados a esse tipo de atividade.
As chácaras, como os clubinhos, são locais destinados a
realização de festas, e muitas chácaras já foram incorporadas à área urbana e
localizadas próximo às áreas residenciais. Nesses locais não há nenhum tipo de
proteção ou isolamento acústico, geralmente são áreas abertas facilitando a
propagação do som afetando diretamente a população que mora no entorno.
No ano de 2006, seis denúncias foram registradas contra
chácaras e clubinhos sendo que não houve reincidência em nenhuma delas. As
denúncias se deram de forma heterogênea pela cidade, segundo a figura 15 os
principais bairros afetados foram Antares, Bandeirantes, Ernani, Jamaica, Lon Rita e
Quebec.
66
Figura 15 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por “’clubinhos”’ e chácaras
na cidade de Londrina em 2006.
67
3.2.9 Locais Públicos
Foram incluídos neste tópico, todos os barulhos, causadores de
incômodo a população, ocorridos em locais públicos. Foram considerados aqui as
máquinas e equipamentos das obras de construção, barulhos e gritarias de
transeuntes e baderneiros, carga e descarga de mercadorias, enfim todas as
denúncias em locais públicos que não foram enquadrados nos outros tópicos.
Foram oito denúncias referentes a barulhos em locais públicos, e
conforme a figura 16 foram identificadas nos seguintes bairros: Centro Histórico,
Brasília, Inglaterra, Petrópolis, Vila Brasil e Vila Nova.
68
Figura 16 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos em locais públicos em
Londrina no ano de 2006.
69
3.2.10 Repúblicas Estudantis
A cidade de Londrina atrai muitos estudantes devido às diversas
Instituições de Ensino Superior, e a oferta de cursos superiores atraem estudantes
de várias partes do Estado e de fora conforme Barros et. al. (2009, p.139)
O ensino superior em Londrina é representado pelas seguintes instituições:
Universidade Estadual de Londrina, Pontifícia Universidade Católica,
Universidade Norte do Paraná, Seminário de Teologia de Londrina,
Universidade Filadélfia, Faculdade Metropolitana, Faculdade Norte
Paranaense, Faculdade Integrado, Faculdade de Teologia, Faculdade
teológica Sul Americana e a Universidade tecnológica do Paraná implantada
em 2007. Estas instituições compõem a rede de ensino superior e atendem
mais de 20 mil alunos, garantindo a Londrina o status de cidade
universitária.
Devido a essa oferta de cursos superiores, existem muitas
repúblicas, onde os alunos juntam-se para dividir despesas de casas e
apartamentos. Geralmente esses alunos buscam moradias próximas de sua
faculdade para que o acesso seja mais fácil.
Como pode ser visto na figura 17 as repúblicas, tiveram um total de
nove denúncias e estão localizadas na porção Centro/Oeste da cidade. Do total de
denúncias, cinco são referentes à uma única república estudantil localizada no bairro
Champagnat. O restante das denúncias está distribuído nos bairros Higienópolis,
Quebec, Jardim Presidente e Sabará. A distribuição dessas ocorrências deve-se ao
fato desses bairros serem atravessados por vias de acessos a várias instituições
como a Universidade Filadélfia, Universidade Estadual de Londrina, Universidade
Norte do Paraná, entre outras.
Essas denúncias são na maioria oriundas das repúblicas
montadas em casas, pois as repúblicas em prédios devem seguir os regimentos
internos pré-estabelecido pelo condomínio.
70
As repúblicas são focos de denúncias devido às festas
organizadas pelos estudantes que geralmente começam no período da tarde e
continuam durante a madrugada. A música ou banda com volume alto, a grande
concentração de pessoas, as gritarias, conversas e o grande fluxo de carros fazem
com que elas se tornem focos de denúncias.
71
Figura 17 – Mapa de denúncias de barulhos produzidos por repúblicas estudantis
em Londrina no ano de 2006.
72
Figura 18 – Mapa do total de reclamações de barulho no ano de 2006 em Londrina –
PR.
73
TOTAL DE DENUNCIAS POR BAIRRO DURANTE
O ANO DE 2006
Centro Historico
Cinco Conjuntos
Bandeirantes
Vila Nova
Parigot de souza
Vivi Xavier
Cafezal
Quebec
Ernani
Champagnat
Vila Brasil
Interlagos
Uniao da Vitória
Shangrilá
Antares
Bela Suiça
Petrópolis
Leonor
Vila Casoni
Coliseu
Inglaterra
Aeroporto
Ideal
Vivendas do Arvoredo
Lindóia
Autódromo
Palhano
Saltinho
Brasília
Ouro Verde
Piza
Ipiranga
Sabará
Universidade
Vila Recreio
Guanabara
Cidade Industrial
Indústrias Leves
Cilo 2
Parque das Industrias
Higienopolis
California
Presidente
Tucanos
Pacaembu
Cilo 3
Hospital Universitário
Jamaica
Gráfico 2 – Total de denúncias por bairros no ano de 2006.
Esperança
Heimtal
Chácara São Miguel
Fonte: IAP – Instituto Ambiental do Paraná.
As
feitas
acerca do barulho
e que indica a possibilidade
Lon reclamações
Rita
Eldorado
Fraternidade
Olimpico
Perobinha
Terra Bonita
da poluição sonora estão distribuídas por vários bairros na cidade de Londrina
conforme a figura 16. Entretanto há duas áreas onde a incidência da reclamação
deste tipo de poluição é muito elevada.
Na Zona Norte da cidade, mais
especificamente, os Cinco Conjuntos, há maior número de denúncias referentes aos
templos religiosos, ao som automotivo em locais públicos e de residências como
focos de barulho. Já no Centro Histórico as denúncias referem-se ao barulho feito
74
pelo comércio e outras atividades. Mas de maneira geral, a poluição sonora está
distribuída por quase toda a cidade, em diferentes graus.
75
4 CONCLUSÃO
As conclusões desse trabalho restringem-se ao ano de 2006 e àqueles que
reclamaram ao IAP. É um começo e um pequeno ponto de partida para a indicação
da necessidade de futuros trabalhos mais abrangentes sobre a poluição sonora na
cidade. A cidade de Londrina é, entre tantas outras cidades, afetada com o problema
da poluição sonora, causando transtornos e incômodo para a população da cidade.
Foi constatado no trabalho que algumas regiões da cidade os cidadãos sofrem mais
com essa prática e agem reclamando junto aos órgãos fiscalizadores. A área central
da cidade é um destes locais onde os barulhos provêm de diferentes fontes. Os
resultados restringem-se às reclamações formalizadas, mas com certeza as fontes
de ruídos são maiores.
Além do incômodo e do transtorno que afeta a população, o ruído excessivo
pode causar diferentes problemas de saúde, como infarto, estresse, doenças
gástricas, entre outros, assim como a perda gradativa da audição, sendo por isso um
tema apropriado à Geografia da Saúde.
Apesar dos efeitos sobre a saúde da população, constata-se que muitas
denúncias não são registradas no IAP – Instituto Ambiental do Paraná, sendo
solucionadas pelos Policias Militares, Policiais Ambientais e Policiais Civis.
Para finalizar, a poluição sonora é um problema que pode ser resolvido pela
própria população, através da conscientização, pois são os moradores da cidade
que provocam os ruídos. Os órgãos da cidade devem também utilizar atividades
educativas para conscientizar as pessoas da importância da poluição sonora. Por
outro lado, há necessidade de maior fiscalização das fontes de ruídos advertindo,
76
atuando em todos os dias e horários da semana, multando os proprietários dos
locais ou pessoas que não cumpram essas leis.
77
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