Blog da Amazônia por Altino Machado » O povo guarani não será varrido da face da terra 22.11.09 23:27 Sonora. Ouça músicas grátis Buscar na internet Fale conosco RSS Terra Magazine Blogs Colunistas Economia Esportes Mundo Cultura Mídia & Tecnologia Meio Ambiente Política Prazer Saúde & Ciência › Terra Magazine › Blogs novembro 22, 2009 O povo guarani não será varrido da face da terra Altino Machado às 1:18 am POR JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE Artigos anteriores O povo guarani não será varrido da face da terra Índios brasileiros se reunem com princípe Charles em Londres ONGs assinam carta contra acordo Minc e Stephanes sobre o Código Florestal Brasileiro TCU condena primo de Hildebrando Pascoal STJ mantém condenação contra exgovernador por exploração de madeira na terra indígena Ashaninka Onde estou Exibir mapa ampliado Polícia, cadeia, tribunal, juiz, código penal, latinorum. Essas instituições raramente punem crimes cometidos contra índios. Por isso, os Guarani não confiam na justiça dos brancos. Conhecidos como os ‘teólogos da floresta’, só acreditam na reza - porahei, de onde tiram sua força e organização. Diante do altar numa casa da aldeia Pirajuí (MS), eles tocam o som agudo do mimby - um instrumento de sopro, dançam jeroky e entoam cantos sagrados, repetindo milhares de vezes, sem parar, como numa ladainha: Lista de Blogs Altino Machado Buscar Todas as palavras - Ore roimé nderehe’y! Ore roimé nderehe’ym… Significa em português: “Nós sentimos falta de você”. A reza é feita numa língua que os desembargadores ignoram, mas que Nhanderu (Nosso Pai) entende muito bem, porque o guarani é a língua da fé, própria para rezar, cantar, louvar. Na reza, eles conversam com Nhanderu e com o espírito dos professores guarani - Rolindo Verá e Genivaldo Verá - assassinados por pistoleiros em Paranhos (MS), na fronteira com o Paraguai. A ausência dos dois professores foi sentida na Primeira Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, realizada de 16 a 20 de novembro em Luziânia, na periferia de Brasília, quando foram homenageados com Qualquer palavra Toda frase Últimos comentários joao sal em O povo guarani não será varrido da face da terra Sb em O povo guarani não será varrido da http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/11/22/o-povo-guarani-nao-sera-varrido-da-face-da-terra/ Page 1 sur 4 Blog da Amazônia por Altino Machado » O povo guarani não será varrido da face da terra em Luziânia, na periferia de Brasília, quando foram homenageados com um minuto de silêncio por mais de 700 participantes que discutiram a organização de um sistema educacional responsável, hoje, por 2700 escolas indígenas em todo o Brasil. Numa delas, com 480 alunos, as crianças sentem falta de seus dois professores e também rezam: Ore roimé nderehe’ym. A última lição Por que índios armados apenas com giz e apagador são assassinados? Fiz a pergunta ao professor guarani Avá Guyrapá Mirim, presente à Conferência. Ele era amigo de Genivaldo e Rolindo e colega deles na Escola Municipal Adriano Pires. Contou que no dia 29 de outubro os dois integraram o grupo que tentou retomar a terra indígena Tekoha Ypo’i, onde estão enterrados seus avôs, e que hoje, com o nome de Fazenda São Luís, está ocupada pelo fazendeiro Firmino Escobar. Essa foi a última aula que deram. 22.11.09 23:27 Sb em O povo guarani não será varrido da face da terra Mário Xavier em O povo guarani não será varrido da face da terra ivo jose kunzler em O povo guarani não será varrido da face da terra Heron em O povo guarani não será varrido da face da terra Receba os posts RSS 2.0 Tags Com essa aula, ensinaram uma lição escrita com o próprio sangue: os índios devem lutar por seus direitos. Cerca de 3.000 guarani vivem hoje encurralados na aldeia Pirajuí - uma pequena área de 2.118 hectares. Por isso, há dois anos, reclamaram na Justiça a posse do território ancestral, que lhes foi roubado. Mas o processo não andou, porque os fazendeiros ameaçaram os técnicos da FUNAI, encarregados dos estudos exploratórios de demarcação, e também por pressão do governador do Estado, André Pucccinelli (PMDB - vixe, vixe!). A entrada dos guarani na área indígena ocupada pela fazenda visava justamente acelerar o estudo antropológico, que representa a única forma de evitar os conflitos, porque é ele que vai determinar quais são as áreas indígenas e quais não são. No entanto, pistoleiros expulsaram os índios: “Eles chegaram atirando balas de borracha. Derrubaram a gente no chão, bateram, chutaram, gritando: Aqui não é terra de bugre, essa terra tem dono”. Impedidos assim de reverenciar seus mortos, lá enterrados, os guarani se dispersaram na mata. Quase todos retornaram à aldeia Pirajuí, com ferimentos e hematomas no corpo. Menos os dois professores, que desapareceram. No dia 7 de novembro, o cadáver de um deles, Genivaldo, foi encontrado no córrego Ypo’i, enroscado ao galho de uma árvore, com duas perfurações no corpo. O outro, até hoje, não foi localizado. Os índios encaminharam documento ao Ministério Público Federal (MPF), divulgado ontem, dia 21, na comunidade virtual ‘literatura indígena’, pelo guarani Chamirin Kuati Verá, denunciando “a violência armada dos fazendeiros” e indicando ao procurador Thiago dos Santos de Luz os nomes dos criminosos: Joanelse Pinheiro, Toninho e Blanco. Enquanto aguardam a resposta, cantam e rezam: Ore roimé nderehe’ym. A despedida Quem contou tudo isso foi Avá Guyrapá Mirim, na conversa que mantivemos durante os intervalos da Conferência Nacional de Educação Indígena em Luziânia. Ele pediu que não fosse publicado seu nome em português, para evitar represálias. Deu mais informações. Genivaldo, 21 anos, casado, pai de um filho, ensinava informática. Seu primo, Rolindo, 28 anos, com quatro filhos, era professor da quarta série. Ambos estavam concluindo o Curso Ará Verá de Magistério GuaraniKaiowá. Suas respectivas mulheres estavam em adiantado estado de gravidez. Um dia, visitaram com elas as sepulturas dos avôs, dentro da fazenda, e começaram a sonhar em recuperar a terra para lá viverem com suas famílias. Uma das filhas de Rolindo, de dez anos, acompanhou o pai na visita ao túmulo do avô e na retomada da terra. Numa mensagem escrita numa folha de caderno, em português, sua segunda língua, Rolindo se auto-definiu: “Eu sou índio guarani, uma pessoa de muitas perguntas, gosto de ouvir os mais velhos, os conselhos, as histórias das vidas que as pessoas idosas levaram na época que os fazendeiros chegaram no lugar em que elas habitavam. Para ser feliz hoje, tudo estes pensamentos que é a nossa realidade deve ser registrado ou feito no papel para que as crianças possam pelo menos ouvir, relembrar ou até mesmo conquistar”. A frase faz parte de um banner denunciando sua morte. Seus colegas professores Guarani Kaiowá escreveram uma mensagem de despedida, lida na Conferência, na qual dizem: “Os dois desapareceram. Não viverão nas terras que queriam viver, não vão mais fazer roça para http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/11/22/o-povo-guarani-nao-sera-varrido-da-face-da-terra/ Page 2 sur 4 Blog da Amazônia por Altino Machado » O povo guarani não será varrido da face da terra 22.11.09 23:27 Não viverão nas terras que queriam viver, não vão mais fazer roça para alimentar seus filhos, não vão mais educar suas crianças, não vão mais dançar quaxiré (ritual de festa Guarani), não vão fazer novas rezas, não vão ser tamõi (avós). Não verão a lei se cumprir. Porque ela demorou muito, muito mais que a bala que tirou a vida deles”. O silêncio O que ainda surpreende é o silêncio espantoso, quase cúmplice, da mídia de circulação nacional, tanto sobre o assassinato dos professores guarani, quanto em relação à Conferencia Nacional de Educação Indígena, que desenhou as diretrizes para as escolas indígenas, num evento em Brasília, aberto pelo ministro da Educação Fernando Haddad, com a presença de centenas de índios, falando dezenas de línguas diferentes. Se isso não for notícia, eu não sei o que é jornalismo. A Conferência aprovou a criação dos chamados ‘territórios etnoeducacionais’, que reorganiza a educação escolar bilíngüe e intercultural em novas bases, respeitando a territorialidade dos povos indígenas. Quanto ao território guarani, vale a pena transcrever as palavras de Ava Guyrapá Mirim, encerrando nossa conversa: “Vamos continuar a luta pela terra, isso já está no nosso espírito, achamos força na reza, na dança, no canto. Nossa esperança maior agora é Nhanderu, que vai nos orientar e dar força para recuperar a terra. Os dois morreram, mas o sonho dos guarani não desaparece jamais”. O Brasil generoso e solidário precisa manifestar sua indignação, exigindo a punição dos criminosos e apoiando a luta dos guarani pela recuperação de suas terras. As vozes do Brasil solidário precisam sufocar a truculência do outro Brasil: o Brasil covarde, o Brasil indiferente, o Brasil cínico, o Brasil omisso, o Brasil que continua a tratar a população indígena de forma colonialista. Conforme informações de Ava Guyrapá Mirim, oito dias depois do assassinato de Rolindo, sua mulher, grávida, pariu um filho. Uma semana depois, foi a mulher de Genivaldo quem deu à luz uma criança. Os dois órfãos, ainda sem nome, trazem uma mensagem de esperança, de que o povo guarani não será varrido da face da terra. ♦ O professor José Ribamar Bessa Freire coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ), pesquisa no Programa de PósGraduação em Memória Social (UNIRIO) e edita o site-blog Taqui Pra Ti . Foto: Francisco Edviges Compartilhe Delicious Facebook Google Bookmarks Mais Blogs que citam este Post Technoratti 7 Comentários » É a maldita linha editorial jornalística que não passa de censura prévia, sinal mais de ditadura do que de democracia, que só serve para desinformar leitores e manipular a opinião pública. Não vejo sentido na tal Linha Editorial, deveria ser considerada uma transgressão ao Código de Defesa do Consumidor, pois os leitores são consumidores de informações, e à Consituição, pois fere a liberdade de expressão e o dever de informar e o direito à informação, ambos direitos fundamentais. A Linha Editorial jornalística não comunica, apenas trumbica, espalha boatos, cultiva preconceitos e destrói reputações. Comentário por Evelin Olívia Fróes — novembro 22, 2009 @ 12:07 pm sou aluna do curso de historia , após ler este artigo mais uma vez vem a sensação de indignação, em saber que nossos governantes não respeitam os verdadeiros donos da terra, pois se a terra tem um dono , os donos são eles os indios , que aqui estavam muito antes de nos a invadirmos, e como diz uma sabia frase indigena, só se dara valor a terra quando a ultima arvore for derrubada e o animal Homem perceber que dinheiro não se come. E que o povo indigena continue lutando pelo seus direitos, mas não contem com a midia pois esta em nosso pais é vendida e só divulga o que lhes é de interesse e o que da ibope. http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/11/22/o-povo-guarani-nao-sera-varrido-da-face-da-terra/ Page 3 sur 4 Blog da Amazônia por Altino Machado » O povo guarani não será varrido da face da terra 22.11.09 23:27 Comentário por nilza — novembro 22, 2009 @ 12:48 pm Acho que já chega de tratar os índios como coitadinhos. Lei para eles! Se matarem, que sejam presos. Que trabalhem e ganhem seus sustentos! Chega de vagabundos! Comentário por Heron — novembro 22, 2009 @ 1:14 pm meu caro guerreiro, aprendi sua cantiga nos tempos de roça na barranca do Rio Paraná, nos anos 1980. Nao sou branco de alma e coraçao, nao sei se sou negro, escrabo, operário ou indío. so sei que a questao nao está na cor da pele, mas sim no acesso ao dinheiro, propriedade e universidade, cultura e edicaçao. sou formado em direito, filosofia, economia e ciencia e política, descendencia alema, mas falo alguns fonemas em tupi-guarany, alemao, espanhol e ingles. adoro saber que o povo guarany está vivo, ainda que um dos 7 povos das missoes localizado no RS, quando indagado do nome, ao em vez de chamar-se de Tuarajú, ou outro Tupak Amaru, se chama Jose, Antonio ou miguel, infliencia negasdta dos Jesuitas. Acho que o povo guarany é dono do Brazil e de muito deste continente, ainda que tenhamos que discutir as razoes da liquidaçao parcial da civilizaçao… adorei a bandeirqa asteada, eu quero cantar junto, conte comigo… Comentário por ivo jose kunzler — novembro 22, 2009 @ 1:55 pm Até pensei não escrever nada, mas porque omitir o que realmente, penso e sinto, a respeito desta barbarbaridade. Enquanto o sapo barbudo anda galanteando o filme da sua vida, e assaltante de banco e quadrileira, inchada dentro do poder e querendo ir fazer discurso sobre o apagão, procupada com sua eleição. A segurança brasileira e indo cada vez mais ao descabro, bandidos fazendo todos nós de refém, vivemos trancafiados em nossas casas, e ainda somos usados por estes bandidos que ocupa o poder, para acenssão usando nossa ignorancia de conhecimneto da estória de seus passados. Dinheiro nos cofres públicos não falta para o investimento em nossa segurança e dos popres povo indígina, esperamos justiça pela destes jovens indios e isto repercute mesmo sendo uma vergonha para nós, que o mundo venha saber, que as autoridade investigue a finco, esta barbaridade, e vejamos se não tem aí a conivência políca daquele estado e pena que cai no esquecimento estas e outras atrocidades como o caso do Chico Mendes. Comentário por Mário Xavier — novembro 22, 2009 @ 2:00 pm É o seguinte, da uma passadinha nas estradas de terra de Rondônia por exemplo ; você vai ver o que é indio de pick-up e cobrando taxas para passar por la . Caso não colabore ha riscos até de morte. Chega dessa merda o Brasil ja tem 500 anos pelo menos,,vamos colocar pingos nos is, e Lei pra todo mundo e chega de Hipocrisia…!!! Comentário por Sb — novembro 22, 2009 @ 2:36 pm Pelos comentários de alguns aqui, não resta a menor dúvida de que o primitivo é o homen “branco” Comentário por joao sal — novembro 22, 2009 @ 3:46 pm Feed RSS para os comentários do post. 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