UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
ÁGUA: O BEM MAIS PRECIOSO DO MUNDO
Autor: Mário José dos Santos
Orientador: Prof. Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio
de
Janeiro
Junho, 2003
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “ LATO SENSU “
PROJETO VEZ DO MESTRE
ÁGUA O BEM MAIS PRECIOSO DO MUNDO
OBJETIVOS :
“A humanidade possui a capacidade de conseguir que o
desenvolvimento seja sustentável, isto é, de garantir que o desenvolvimento satisfaça as
necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de gerações futuras de atender
às suas próprias necessidades. A noção de desenvolvimento sustentável pressupõe
limites que, se não absolutos, vêm impostos pelo estado atual da tecnologia
e a
organização social dos recursos ambientais e pela capacidade humanas.”
O crescente agravamento da falta de água tem levado as
pessoas a estabelecer uma nova forma de pensar e agir, inclusive mudando seus hábitos,
usos e costumes. Essa forma de pensar e agir visa o crescimento econômico respeitando
a capacidade dos recursos do meio ambiente , sobretudo a água.
A conscientização e a educação do povo, do consumidor,
são fundamentais .
3
AGRADECIMENTOS
A Deus que me deu força para chegar até aqui
A minha esposa e filhas
Aos amigos e amigas que tornaram esse trabalho
possível, muito obrigado
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia por todas as pessoas que zelam
pelas nascentes, pelas crianças, pelo amor, pelo planeta Terra, pela vida.
5
“ A explosão de um fósforo é tão maravilhosa quanto o
funcionamento de um cérebro; a união de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio
numa molécula de Água é tão maravilhosa quanto o crescimento de uma criança. A
natureza não classifica suas obras em ordem de mérito; para ela , cada coisa é tão fácil
quanto as outras: ela põe toda a sua atenção em tudo o que faz.... [ ela ] vive através de
toda vida, se estende por toda extensão , se espalha individida, trabalha sem se esgotar.”
Stephen Paget
6
RESUMO
O meio ambiente é a única fonte de recursos naturais de que
o ser humano dispõe para respirar, viver e prosperar.
A destruição do meio ambiente provocada pelo homem
acabará por retardar e prejudicar gravemente o processo de desenvolvimento social e
econômico das nações.
A prioridade número um dos governantes, no início deste
terceiro milênio, deverá ser a de sustentar o crescimento do progresso e solucionar os
problemas de expansão demográfica e do bem- estar social sem destruir o meio
ambiente.
Nas próximas décadas , a água potável será um dos recursos
naturais mais escassos e, portanto, valorizados. A dificuldade de obtenção de água vai
desencadear crises em muitas partes do mundo, devido ao crescimento demográfico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de todos os progressos
tecnológicos do século passado, um em quatro habitantes da Terra vive seu dia-a-dia
sem abastecimento de água potável; outra mesma proporção de seres humanos não
dispõe de saneamento básico adequado.
Cerca de 1/3 da população mundial vai experimentar os efeitos
da escassez de água nos próximos 25 anos segundo o estudo divulgado pelo Instituto de
Gerenciamento de Água, um centro de pesquisa do Grupo Consultivo em Pesquisa
Internacional da Agricultura. O estudo, o primeiro a analisar o ciclo completo de uso e
reuso da água apontou para o desaparecimento de mananciais de água como poços,
lagos e rios.
7
METODOLOGIA
Segundo a ONU ( Organização das Nações Unidas),
através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), 21 nações já
sofrem com a falta de água e o consumo foi multiplicado por 6 (seis) neste século,
enquanto a população mundial triplicou, como principal motivo se considera a
agricultura irrigada. Apesar do maior consumo 20% da população mundial não tem
acesso a água potável , em 2025 dois terços ( 2/3 ) da população mundial estarão
sujeitos a problemas de abastecimento, correspondendo cerca de 2,8 bilhões de pessoas
vivendo em regiões de seca crônica, estando o Nordeste do Brasil incluído.
Aliadas à falta de água estão a má distribuição e
contaminação do recurso, atualmente cerca de l,4 bilhões de pessoas não tem acesso a
água limpa, a cada oito segundos morre uma criança por uma doença relacionada com
água contaminada, com disenteria e cólera, e 80 % das enfermidades no mundo são
contraídas por causa da água poluída.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - Água – O Desafio do Século 21 –
Essencial à Vida
CAPÍTULO II – Quantidade e Composição
CAPÍTULO II - O CICLO DA ÁGUA
CAPÍTULO III - QUALIDADE DA ÁGUA
CAPÍTULO IV – ENCHENTES
CAPÍTULO V – A ÁGUA NO MUNDO
CAPÍTULO VI – A ÁGUA NO BRASIL
CAPÍTULO VII- A ÁGUA E SEU CONSUMO
CONCLUSÃO
ANEXOS
BIBLIOGRAFIA
FOLHA DE AVALIAÇÃO
9
INTRODUÇÃO
A água é um recurso ambiental limitador do desenvolvimento
sustentável. Embora didaticamente ela seja estudada como um recurso natural renovável
e infinito, os estudos técnicos e científicos não demonstram a inesgotabilidade deste
recurso. Em várias regiões do País. A água tem sido utilizada em quantidades superiores
ao volume disponível, gerando problemas
de escassez, ou seja: falta de água para
atendimento aos seus usos, como por exemplo, abastecimento doméstico e irrigação. A
quantidade das águas também deve ser tratada com relevância, pois a poluição
influencia as possibilidades de sua utilização, principalmente para o seu uso mais nobre,
o abastecimento da população.
A manutenção do equilíbrio das disponibilidades hídricas e o
controle da qualidade dos corpos d’água, ou seja, da existência de um volume mínimo e
de qualidade de água que satisfaça aos seus usos ambientais, econômicos e sociais, são
os fatores preponderantes para o desenvolvimento sustentável das Nações.
10
ÁGUA – O DESAFIO DO SÉCULO 21
ESSENCIAL À VIDA
As mais bonitas imagens da Terra, aquelas que são agradáveis aos olhos, à imaginação, as que
são um convite ao relaxamento, sempre têm a água em sua composição: as ondas do mar, as
cachoeiras, um riacho cristalino, a neve sobre as montanhas, os lagos espelhados, a chuva caindo
sobre as plantas, o orvalho...
A ciência tem demonstrado que a vida se originou na água e que ela constitui a matéria
predominante nos organismos vivos. É impossível imaginar um tipo de vida em sociedade que
dispense o uso da água: água para beber e cozinhar; para a higiene pessoal e do lugar onde
vivemos; para uso industrial; para irrigação das plantações; para geração de energia; e para
navegação.
A água é um elemento essencial à vida. Mas, a água potável não estará disponível infinitamente.
Ela é um recurso limitado. Parece inacreditável, já que existe tanta água no planeta!
11
Quantidade e Composição
A água ocupa 70% da superfície da Terra. A maior parte, 97%, é salgada. Apenas 3% do total é
água doce e, desses, 0,01% vai para os rios, ficando disponível para uso. O restante está em
geleiras, icebergs e em subsolos muito profundos. Ou seja, o que pode ser potencialmente
consumido é uma pequena fração.
Há muita coisa a saber a respeito da água. Ela está presente nos menores movimentos do nosso
corpo, como no piscar de olhos. Afinal, somos compostos basicamente de água.
Esse líquido precioso está nas células, nos vasos sangüíneos e nos tecidos de sustentação. Nossas
funções orgânicas necessitam da água para o seu bom funcionamento. Em média, um homem
tem aproximadamente 47 litros de água em seu corpo. Diariamente, ele deve repor cerca de 2
litros e meio. Todo o nosso corpo depende da água, por isso, é preciso haver equilíbrio entre a
água que perdemos e a água que repomos.
Quando o corpo perde líquido, aumenta a concentração de sódio que se encontra dissolvido na
água. Ao perceber esse aumento, o cérebro coordena a produção de hormônios que provocam a
sede. Se não beber água, o ser humano entra em processo de desidratação e pode morrer de sede
em cerca de dois dias.
12
Molécula da Água
A água é composta por dois elementos químicos: Hidrogênio e Oxigênio, representados pela
fórmula H2O. Como substância, a água pura é incolor, não tem sabor nem cheiro.
Quimicamente, nada se compara à água. É um composto de grande estabilidade, um solvente
universal e uma fonte poderosa de energia química. A água é capaz de absorver e liberar mais
calor que todas as demais substâncias comuns.
Quando congelada, ao invés de se retrair, como acontece com a maioria das substâncias, a água
se expande e, assim, flutua sobre a parte líquida, por ter se tornado "mais leve". De acordo com
leis da física, isso não deveria acontecer. Por causa dessa propriedade incomum da água é que os
rios, lagos e oceanos, ao congelarem, formam uma camada de gelo na superfície enquanto o
fundo permanece líquido. No que diz respeito a uma série de propriedades físicas e químicas, a
água é uma verdadeira exceção à regra.
A Terra está a uma distância do sol que permite a existência dos três estados da água: sólido,
líquido e gasoso.
13
O CICLO DA ÁGUA
A água desenvolve um ciclo. O chamado ciclo da água é o caminho que ela percorre. A chuva,
basicamente, é o resultado da água que evapora dos lagos, rios e oceanos, formando as nuvens.
Quando as nuvens estão carregadas, soltam a água na terra. Ela penetra o solo e vai alimentar as
nascentes dos rios e os reservatórios subterrâneos. Se cai nos oceanos, mistura-se às águas
salgadas e volta a evaporar, chove e cai na terra.
Evaporação da Água
Precipitação da Água
A quantidade de água existente no planeta não aumenta nem diminui. A abundância de água é
relativa. É preciso levar em conta os volumes estimados de água acumulados e o tempo médio
que ela permanece nos ambientes terrestres. Por exemplo: nos rios o volume estimado de água é
de 1700 quilômetros cúbicos e o tempo de permanência no leito é de duas semanas. As geleiras e
a neve têm 30 milhões de quilômetros cúbicos e a água deve ficar congelada por milhares de
anos. A água atmosférica tem o volume de 113 mil quilômetros cúbicos e permanece por 8 a 10
dias no ar.
14
Acredita-se que a quantidade atual de água seja praticamente a mesma de há 3 bilhões de anos.
Isto porque o ciclo da água se sucede infinitamente. Não seria engraçado se o alimento que
comemos ontem tivesse sido preparado com as águas que, tempos atrás, foram utilizadas pelos
romanos em seus famosos banhos coletivos?
15
QUALIDADE DA ÁGUA
A água pode ser saudável ou nociva. Na natureza não existe água pura, devido à sua capacidade
de dissolver quase todos os elementos e compostos químicos. A água que encontramos nos rios
ou em poços profundos contém várias substâncias dissolvidas, como o zinco, o magnésio, o
cálcio e elementos radioativos.
Dependendo do grau de concentração desses elementos, a água pode ou não ser nociva.
Para ser saudável, a água não pode conter substâncias tóxicas, vírus, bactérias, parasitos.
Parasitos da Água
Quando não tratada, a água é um importante veículo de transmissão de doenças, principalmente
as do aparelho intestinal, como a cólera, a amebíase e a disenteria bacilar, além da
esquistossomose.
Essas são as mais comuns. Mas existem outras, como a febre tifóide, as cáries dentárias, a
hepatite infecciosa.
"O consumo de uma água saudável é fundamental à manutenção de um bom estado de saúde.
Existem estimativas da Organização Mundial de Saúde de que cerca de 5 milhões de crianças
morrem todos os anos por diarréia, e estas crianças habitam de modo geral os países do
Terceiro Mundo. Existem alguns cuidados que são fundamentais. O acesso à água tratada nem
sempre existe na nossa população – principalmente na população de periferia. Deve-se tomar
muito cuidado porque a contaminação dessa água nem sempre é visível. A água de poço e a
água de bica devem ser usadas com um cuidado muito especial, porque muitas vezes estão
contaminadas por microrganismos que não são visíveis a olho nu. Mesmo com a água tratada
deve-se ter alguma cautela, porque muitas vezes há contaminação na sua utilização: recipientes
que são utilizados com falta de higiene, mãos que não são suficientemente bem lavadas... Todos
esses fatores podem estar interferindo num caso de diarréia. Muitas outras doenças importantes
também podem ser causadas pela água contaminada".
Dra. Carmem Unglert
Dept.o de Saúde Materno-Infantil Faculdade Saúde Pública – USP
16
A água também se encontra ameçada pela poluição, pela contaminação e pelas alterações
climáticas que o ser humano vem provocando. Além do perigo que representa para a saúde e
bem-estar do homem, a degradação ambiental é apontada pela Organização Mundial de Saúde
como uma importante ameaça ao desenvolvimento econômico. Em geral, uma pessoa só toma
consciência da importância da água quando ela lhe falta...
Uso de Água Contaminada
17
ENCHENTES
Enchente não é, necessariamente, sinônimo de catástrofe. É apenas um fenômeno natural dos
regimes dos rios. Não existe rio sem enchente. Por outro lado, todo e qualquer rio tem sua
área natural de inundação. As inundações passam a ser um problema para o homem quando
ele deixa de respeitar esses limites naturais dos rios. Por exemplo, quando remove as várzeas
e quando se instala junto às margens. Ou então quando altera o ambiente de modo a
modificar a magnitude e o regime das enchentes, quando desmata, remove a vegetação e
impermeabiliza o solo.
"As alterações que o homem provoca na bacia hidrográfica, alterando suas características
físicas, também aumentam o prejuízo dessas enchentes. Como o homem altera as
características da bacia?
De diversas formas. A primeira, ou a mais importante, é quando ele suprime a cobertura
vegetal e introduz obras com características de impermeabilização do solo, como construção
de casas, telhados, pavimentação de ruas, quintais etc.
18
Perdemos a capacidade de retenção da água através da vegetação e perdemos também a
capacidade de infiltração dessa água no solo. Por conseguinte, os volumes de água que
chegarão nos rios serão sempre maiores. E, portanto, os prejuízos das inundações também
serão maiores.
A pergunta que fica é: como podemos enfrentar o problema dos prejuízos decorrentes das
inundações?
Existem basicamente três formas: a primeira é não ocupar as áreas de inundação; a segunda
é não alterar - ou alterar o menos possível – as características físicas da bacia hidrográfica.
E, por último, através da implantação de obras de contenção de cheias, como a construção
de barragens, reservatórios, construção de diques para proteção de áreas de riscos altos de
inundação, enfim, outras obras de engenharia, do tipo desassoreamento de rios e ampliação
de seus leitos. Todas essas obras têm uma característica comum: são extremamente caras e
onerosas para a sociedade. Conquanto tenha um certo grau de eficiência, nós podemos dizer
que elas não são absolutamente eficazes porque, mesmo contando com essas obras, sempre
haverá um evento de chuva, um evento de cheia que provocará uma inundação maior do que
aquelas para as quais essas obras foram projetadas".
Constante Bombonatto
Engenheiro da SABESP
especialista em ciclo hidrológico
19
A ÁGUA NO MUNDO
A água tem se tornado um elemento de disputa entre nações. Um relatório do Banco Mundial,
datado de 1995, alerta para o fato de que "as guerras do próximo século serão por causa de
água, não por causa do petróleo ou política".
Distribuição de Água
Hoje, cerca de 250 milhões de pessoas, distribuídos em 26 países, já enfrentam escassez
crônica de água.
Em 30 anos, o número de pessoas saltará para 3 bilhões em 52 países. Nesse período, a
quantidade de água disponível por pessoa em países do Oriente Médio e do norte da África
estará reduzida em 80 por cento. A projeção que se faz é que, nesse período, 8 bilhões de
pessoas habitarão a terra, em sua maioria concentradas nas grandes cidades. Daí, será
necessário produzir mais comida e mais energia, aumentando o consumo doméstico e
industrial de água. Essas perspectivas fazem crescer o risco de guerras, porque a questão das
águas torna-se internacional.
Em 1967, um dos motivos da guerra entre Israel e seus vizinhos foi justamente a ameça, por
20
parte dos árabes, de desviar o fluxo do rio Jordão, cuja nascente fica nas montanhas no sul do
Líbano. O rio Jordão e seus afluentes fornecem 60 por cento da água necessária à Jordânia. A
Síria também depende desse rio.
A populosa China também sofre com o problema. O grande crescimento populacional e a
demanda agroindustrial estão esgotando o suprimento de água. Das 500 cidades que existem
no país, 300 sofrem com a escassez de água. Mais de 80 milhões de chineses andam mais de
um quilômetro e meio por dia para conseguir água, e assim acontece com inúmeras nações.
Um levantamento da ONU aponta duas sugestões básicas para diminuir a escassez de água:
aumentar a sua disponibilidade e utilizá-la mais eficazmente. Para aumentar a
disponibilidade, uma das alternativas seria o aproveitamento das geleiras; a outra seria a
dessalinização da água do mar.
Esses processos são muito caros e tornam-se inviáveis para a maioria dos países que sofrem
com a escassez. É possível, ainda, intensificar o uso dos estoques subterrâneos profundos, o
que implica utilizar tecnologias de alto custo e o rebaixamento do lençol freático.
21
A ÁGUA NO BRASIL
O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de água. Sua distribuição,
porém, não é uniforme em todo o território nacional.
Bacias Hidrográficas Brasileiras
A Amazônia, por exemplo, é uma região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O
volume d'água do rio Amazonas é o maior do globo, sendo considerado um rio essencial para
o planeta. Essa é, também, uma das regiões menos habitadas do Brasil.
Em contrapartida, as maiores concentrações populacionais do país encontram-se nas capitais,
distantes dos grandes rios brasileiros, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. E há
ainda o Nordeste, onde a falta d'água por longos períodos tem contribuído para o abandono
das terras e para a migração aos centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro,
agravando ainda mais o problema da escassez de água nessas cidades.
Além disso, os rios e lagos brasileiros vêm sendo comprometidos pela queda de qualidade da
água disponível para captação e tratamento.
22
Na região amazônica e no Pantanal, por exemplo, rios como o Madeira, o Cuiabá e o
Paraguai já apresentam contaminação pelo mercúrio, metal utilizado no garimpo clandestino.
E nas grandes cidades esse comprometimento da qualidade é causado principalmente por
despejos domésticos e industriais.
Garimpo Clandestino
Despejos Domésticos
"Se a bacia é ocupada por florestas nas condições naturais, essa água vai ter uma boa
qualidade porque vai receber apenas folhas, alguns resíduos de decomposição de vegetais.
&eacutE; uma condição perfeitamente natural. Mas, se essa bacia começar a ser utilizada
para a construção de casas, para implantação de indústrias, para plantações, então a água
começará a receber outras substâncias além daquelas naturais, como, por exemplo o esgoto
das casas e os resíduos tóxicos das indústrias e das substâncias químicas aplicadas nas
plantações. Isso vai contribuir para que a água vá piorando de qualidade. Por isso ela deve
ser protegida na fonte, na bacia. Essa água, depois, vai ser submetida a um tratamento para
ser usada pela população. Mas, mesmo a estação de tratamento tem suas limitações. Ela
retira com facilidade os produtos de uma floresta, de uma condição natural. Mas esgotos
pioram muito, e a presença de substâncias tóxicas vai tornando esse tratamento cada vez
mais caro. Acima de um certo limite, o tratamento nem mais é possível, porque existe uma
limitação para a capacidade depuradora de uma estação de tratamento. Então, a água se
23
torna totalmente imprestável".
Samuel Murgel Branco
Prof. titular da Faculdade Saúde Pública – USP
Esses problemas atingem também os principais rios e represas das cidades brasileiras, onde
hoje vivem 75% da população.
Em Porto Alegre, o rio Guaíba está comprometido pelo lançamento de resíduos domésticos e
industriais, além de sofrer as conseqüências do uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes.
Brasília, além de enfrentar a escassez de água, tem problemas com a poluição do lago
Paranoá.
A ocupação urbana das áreas de mananciais do Alto Iguaçu compromete a qualidade das
águas para abastecimento de Curitiba.
O rio Paraíba do Sul, além de abastecer a região metropolitana do Rio de Janeiro, é manancial
de outras importantes cidades de São Paulo e Minas Gerais, onde são graves os problemas
devido ao garimpo, à erosão, aos desmatamentos e aos esgotos.
Belo Horizonte já perdeu um manancial para abastecimento - a lagoa da Pampulha - que
precisou ser substituído pelos rios Serra Azul e Manso, mais distantes do centro de consumo.
Também no rio Doce, que atravessa os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a extração
de ouro, o desmatamento e o mau uso do solo agrícola provocam prejuízos enormes à
qualidade de suas águas.
24
O Estado de São Paulo sofre com a escassez de água e com problemas decorrentes de
poluição em diversas regiões: no Alto Tietê junto à região metropolitana; no rio Turvo; no rio
Sorocaba, entre outros.
Rio Poluído
"Em seu processo de crescimento, a cidade foi invadindo os mananciais que outrora eram
isolados , estavam distantes da ocupação urbana. E também é muito importante frisar que
toda ação que ocorre numa bacia hidrográfica vai afetar a qualidade da água desse
manancial. Não é simplesmente a ação em torno do espelho d'água que faz com que você
degrade mais ou menos.
Muito pelo contrário: pode ocorrer o surgimento de uma área industrial distante desse
espelho d'água principal, mas com grande capacidade de poluição e, portanto, com
possibilidade de degradar totalmente esse manancial.
Os corpos d'água são entes vivos. Eles conseguem se recuperar, mas possuem um limite.
Portanto, é muito importante que a população esteja consciente de que é preciso disciplinar
todo tipo de uso e ocupação do solo das bacias hidrográficas, principalmente das bacias
cujos cursos d'água formam os mananciais que abastecem a população".
Paulo Massato Yoshimoto
Engenheiro da SABESP
25
A ÁGUA E SEU CONSUMO
A proteção dos mananciais que ainda estão conservados e a recuperação daqueles que já estão
prejudicados são modos de conservar a água que ainda temos. Mas isso apenas não basta. É
preciso fazer muito mais para alcançarmos esse objetivo de modo que o uso se torne cada vez
mais eficaz.
Mas, o que fazer? Qual o papel de cada cidadão? Cada um de nós deve usar a água com mais
economia.
Na agricultura, por exemplo, o desperdício de água é muito grande. Apenas 40% da água
desviada é efetivamente utilizada na irrigação. Os outros 60 por cento são desperdiçados,
porque se aplica água em excesso, se aplica fora do período de necessidade da planta, em
horários de maior evaporação do dia, pelo uso de técnicas de irrigação inadequadas ou, ainda,
pela falta de manutenção nesses sistemas de irrigação.
Técnica de Gotejamento uso racional na agricultura
Na indústria é possível desenvolver formas mais econômicas de utilização da água através da
recirculação ou reuso, que significa usar a água mais do que uma vez. Por exemplo, na
refrigeração de equipamentos, na limpeza das instalações etc. Essa água reciclada pode ser
usada na produção primária de metal, nos curtumes, nas indústrias têxteis, químicas e de
papel.
26
Nos sistemas de abastecimento de água uma quantidade significativa da água tratada - 15 %
ou mais - é perdida devido a vazamentos nas canalizações, assim como dentro de nossas
casas.
É fácil observar como a população colabora na conservação da água em cidades que têm
problemas de abastecimento ou onde existe pouca água. Ou, ainda, onde a água é cara.
Nessas cidades, as pessoas costumam usar a mesma água para diferentes finalidades. Por
exemplo, a água usada para lavar roupa é depois usada para lavar quintal. As pessoas ainda
mudam seus hábitos para usar a água na hora em que ela está disponível; evitam vazamentos;
só regam jardins e plantas na parte da manhã ou no final da tarde; lavam seus carros apenas
eventualmente; não lavam calçadas, apenas varrem; não instalam válvulas de descarga nos
vasos sanitários e sim caixas de descarga, que são mais econômicas e produzem o mesmo
resultado e conforto.
Descarga acoplada
mais econômica
Manter torneira fechada
sempre que possível
27
O crescente agravamento da falta de água tem levado as pessoas a estabelecer uma nova
forma de pensar e agir, inclusive mudando seus hábitos, usos e costumes. Essa forma de
pensar e agir visa o crescimento econômico respeitando a capacidade dos recursos do meio
ambiente, sobretudo a água.
A conscientização e a educação do povo, do consumidor, são fundamentais.
Racionalizar o uso da água não significa ficar sem ela periodicamente. Significa usá-la sem
desperdício, considerá-la uma prioridade social e ambiental, para que a água tratada,
saudável, nunca falte em nossas torneiras.
28
CONCLUSÃO
A quantidade de água disponível no nosso planeta é limitada. A
água doce esta sendo convertida em um recurso cada vez mais escasso e valioso devido
ao aumento da necessidade de consumo para diversos usos com implicações na
quantidade de água captada, bem como no volume de resíduos nela lançados,
provocando aumento da poluição.
Esta situação se torna cada dia mais critica. As cidades captam
águas superficiais ou subterrâneas para abastecimento e despejam seus próprios resíduos
em corpos de água que, por sua vez, serão novamente usados, a jusante, por outras
cidades industriais e ate mesmo em atividades de lazer e recreação.
A água é um bem publico, devendo ser reconhecida a importância da
proteção e preservação de suas qualidades e quantidades por toda a sociedade. Cada um
de nos tem o dever de economiza-la evitando desperdícios e tendo o cuidado de não
comprometer a sua utilização e as exigências de saúde publica. Fechas torneiras quando
não estivermos utilizando água; deixá-las pingando ou usar a água das máquinas de
lavar e tanques para lavagem de pisos de nossas casas são providencias que podemos
adotar para evitar o desperdício deste valioso recurso.
29
BIBLIOGRAFIA
BARROS, A.J- Projeto de Pesquisa Propostas Metodológicas 14º edição , vozes
DEMO, P –Educar pela Pesquisa, editora autores associados Ltda.,
São Paulo, 2002
IBAMA, Educação Ambiental - As Grandes
Orientações da
Conferência de Tbilisi, organizado pela UNESCO
IBAMA, Lei Da Vida- A Lei dos Crimes Ambientais, Brasília, 2003.
LAROSA, MARCO ANTÔNIO
Como produzir uma monografia passo a passo... siga o mapa da mina/ Marco
Antônio Larosa, Fernando Ayres – Rio de Janeiro: WAK, 2002.
MACÊDO, JORGE ANTÕNIO BARROS DE
ÁGUAS & ÁGUAS, Ortofarma, Juiz de Fora, MG, 2000
PORRÉCA, L.M , ABC do meio ambiente, Água, Brasília, 2003.
PRADO, A.D., Educação Ambiental como Projeto, Porto Alegre,
Artmed, 2002.
PÁTIO , Revista Pedagógica, n.º 19 novembro/ janeiro 2002, Porto Alegre
PEDRINI, A G – Educação Ambiental
Reflexões
e
Práticas
Contemporâneas, vozes, 5º edição, 2002.
PEDRINI, A G. O Contrato Social da Ciência, vozes, 2002
ROCCO, R. Legislação Brasileira
do Meio
Ambiente, DPA
editores, Rio de Janeiro, 2002
ROMANO FILHO, DEMÓSTELES, Gente cuidando das águas
Patrícia Sartini, Margarida Maria Ferreira, Belo Horizonte: Mazza Edições,
2002
30
CONSUMO DE ÁGUA PARA ALGUMAS ATIVIDADES DIÁRIAS DO
SER HUMANO
Atividade
Banho em ducha de alta pressão durante 3
minutos
Banho de chuveiro elétrico durante 3
minutos
Escovar os dentes, deixando a torneira
fechada
Gotejamento de torneira com 1 mm de
abertura
Gotejamento de torneira com 2mm de
abertura
Gotejamento de torneira com 9 mm de
abertura
Lavar carro cm mangueira aberta por 30
minutos
Lavar o carro com o balde
Lavar a calçada com esguicho por 15
minutos
Consumo
27L
8,1 L
15 L / dia
2068 L / dia
4512L/ dia
16400 L/ dia
560 L
40 L
280 L
Fonte: Adaptada de EMBRAPA, 1994; GRECCO, 1998; FOLHA DE SÃO PAULO, 1999
RESERVATÓRIOS DE ÁGUA DA TERRA
Reservatório
% do total
Volume em quilômetros
cúbicos
Oceano
97,25 %
1.370.000.000
Calotas polares / geladeiras 2,05 %
29.000.000
Água subterrânea
0,68 %
9.5000.000
Lagos
0,01 %
125.000
Solos
0,005 %
65.000
Atmosfera
0,001 %
13.000
Rios
0,0001 %
1.700
Biosfera
0,00004 %
600
TOTAL
100 %
1.408.700.000
31
CONSUMO ANUAL DE ÁGUA, POR TIPO DE USO
CONSUMO ANUAL (KM³)
Consumo doméstico = 8 %
Consumo industrial
= 22 %
Consumo agrícola
= 70 %
32
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DA ÁGUA
A presente Declaração Universal dos Direitos da água for proclamada tendo como
objetivo atingir todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações para que todos os
homens, tendo esta declaração e do ensino, em desenvolver o respeito aos direitos e
obrigações nela anunciados e assumam, com medidas progressivas de ordem nacional e
internacional, o seu reconhecimento e aplicação efetiva.
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, cada povo, cada
nação, cada religião, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de
todos.
Art. 2º - A água é a seiva de nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo
ser vegetal animal ou humano. Sem ele não poderíamos conceber como são a atmosfera,
o clima, a vegetação, a cultura ou agricultura. O direito à água é um dos direitos
fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado no art. 3º da
Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos,
frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade,
precaução e parcimônia.
33
Art.4º - O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de
seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente pra garantir a
continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da
preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
Art. 5º - A Água não é somente uma herança de nossos predecessores; ela é sobretudo
um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital.
Assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
Art. 6º - A Água não é uma doação gratuita da natureza, ela tem um valor econômico;
precisa-se saber que ela é, algumas vezes rara e dispendiosa e que pode muito bem
escassear em qualquer região do mundo.
Art. 7 – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira
geral sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se
chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas
atualmente disponíveis.
Art. 8 – A utilização da água implica o respeito à lei. Sua proteção constitui uma
obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve
ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
Art. 9 – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as
necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
34
Art. 10 – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o
consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
George Ifrah
Histoire de I’eau.
Paris, 1992
Download

PROJETO VEZ DO MESTRE ÁGUA