turismo social ZH www.zerohora.com/nossomundosustentavel Um tour mundial na base da carona www.tour-du-monde-autostop.fr Francês saiu de Caen, na Normandia, em 2007, e já passou pela África e pelas Américas E rga o polegar, mire no olho do motorista e dê um sorriso. Dá para viajar pelo mundo assim. Pelo menos é o que garante o francês Jérémy Marie. Garante e comprova. Nascido em Rouen, na Normandia, Jérémy planejou durante um ano sua viagem ao redor do mundo. Juntou dinheiro e, em outubro de 2007, recém-formado em Turismo, deixou Caen, também na França, com o objetivo de conhecer 70 países. E tudo de carona. De acordo com seu site, já foram mais de 107 mil quilômetros rodados em cerca de 1,2 mil veículos. Entre os meios de transporte teve de tudo. Jegue, fusca, motoneta, trator e navio. Sim, ele pega carona em navio. – Chego na marina e pergunto se posso viajar junto – responde ele, em uma mistura de inglês, espanhol e português. Em troca da travessia, trabalha como cozinheiro ou vigia noturno. Uma das caronas foi em um barco fabricado para ser utilizado em passeios turísticos. Depois de percorrer boa parte da costa leste africana, o francês embarcou na África do Sul e desceu no Panamá. A embarcação seguiu rumo à Polinésia Francesa. No lado de cá do mundo, conheceu boa parte dos Estados Unidos, passou pelo Canadá, voltou para o México, foi descendo até o Uruguai e acabou em Porto Alegre no final dezembro passado. Agora, está em Florianópolis. De lá, a ideia é percorrer o litoral brasileiro, atravessar Manaus e chegar à Venezuela. PORTO ALEGRE Aposta na boa vontade Na maior parte dos lugares por onde passa, Jérémy aposta na boa vontade de um morador em recebê-lo em casa. Para dar uma mãozinha no espírito hospitaleiro, está cadastrado em sites como o Hospitality Club ou o CouchSurfing (leia mais abaixo). Em outros casos, bate na porta de alguém e pede um lugar para dormir. E se não encontrar um lugar para recostar a cabeça? Sem problemas. Já dormiu em banco de praça e banheiro – enfim, onde der para recuperar a energia. Se sobrar somente a opção de pagar por uma cama, o gasto máximo é de US$ 5 pelo pernoite. O orçamento apertado também se estende para o prato de comida – US$ 7 por dia. – Dá para comer vários hotdogs – diz. Fato é que dificilmente Jérémy precisa gastar esse dinheiro. Exatamente porque a ideia que ele teve lá atrás, quando sua “tour du monde” começou, era viajar o mundo de forma barata. O que ele quer é conhecer, a fundo, as pessoas que vivem nos lugares por onde passa. Para isso, chega a ficar dois meses em um país do tamanho da Colômbia: – É uma viagem mais social. Posso encontrar todo tipo de gente. Além do sorriso permanente, Jérémy carrega duas mochilas, pouca roupa, um computador, uma câmera fotográfica e um saco de dormir. Celular fica de fora. Para garantir a economia, a comunicação, se não é ao vivo, só pela internet. 6 Abaixo, o abrangente plano de viagem de Jerémy SUDÃO espaços de hospitalidade www.couchsurfing.org Nosso mundo sustentável 17 de janeiro de 2011 PANAMÁ As comunidades online de hospedagem reúnem moradores do mundo todo dispostos a oferecer pouso para viajantes. Assim, forma-se uma grande rede de hospedagens gratuitas em diversos países. Qualquer um pode se cadastrar e os acordos (como gastos com alimentação e mantimentos) são feitos entre quem oferece a casa e quem aproveita a estadia. Os dois principais sites são o CouchSurfing e o Hospitality Club. Os preferidos ETIÓPIA www.hospitalityclub.org fotos: Mauro Vieira e Jérémy Marie, Arquivo Pessoal Dos países por onde passou, Jérémy destaca o Sudão, a Etiópia e o México. Sobre o Brasil, ele prefere falar no final do tour nacional, que deve levar dois meses. Quando a pauta são as mulheres, o francês garante que as colombianas são as mais belas.