PASTORAL DE ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA ARQUIDIOCESE DE POUSO ALEGRE Carta dos catequistas presentes no Encontro Intensivo de julho de 2015, às comunidades e catequistas da Arquidiocese de Pouso Alegre, Prezados Catequistas e Comunidades... Paz e Bem! Somos chamados a ser catequistas... A realidade dos dias atuais apresenta-nos enormes desafios. Por isso, abraçar nossa missão com amor, fé, participação, perseverança, interação fé e vida, oração e comprometimento com o Mistério, é fundamental. Sabemos que em nossa realidade local deparamos com situações agradáveis, mas também com situações problemáticas e difíceis de serem solucionadas. Precisamos, pois, sermos perseverantes na fé, na oração, atuantes e corajosos, e trabalharmos nessa realidade anunciando Jesus Cristo aos nossos catequizandos. Para que possamos ecoar esse anúncio, na catequese, necessitamos de uma formação permanente. Só assim poderemos nos fortalecer, abastecermos da Palavra e transmiti-La aos nossos catequizandos. Na Igreja, o ministério/serviço contempla o espírito de humildade, solidariedade, partilha e valorização do dom de todos, para se colocarem à disposição do outro. É preciso formar um “time” de coordenadores, como assim fez Jesus. O catequista zela pela catequese, trabalhando em conjunto, valoriza os fundamentos da fé. Ele está ligado à comunidade. É fiel à Igreja. É merecedor de tudo que for necessário para realizar seu trabalho com satisfação. Pelo Batismo somos chamados a sermos profetas, anunciar a Palavra de Deus e denunciar as injustiças; a sermos sacerdotes para santificar a vida e sermos reis/pastores, chamados a governar o mundo de acordo com os planos de Deus. Nossa vocação e chamado leva-nos a catequizar na família, no trabalho, na sociedade e na comunidade eclesial. Seria impossível à Igreja viver sem o serviço inestimável da sua multidão de catequistas. Talvez nossos catequistas tenham dúvidas sobre o ministério da catequese, porém, sabemos que muitos continuam a doar generosamente sua vida pela difusão do evangelho e educação da fé. Queridos catequistas espalhados pelas muitas comunidades de nossa querida Arquidiocese, todos somos sabedores de que a catequese com toda a Igreja é lugar de fazer ecoar a Palavra de Deus, e nesta carta, queremos provocar a cada um e cada uma sobre tantas dimensões que perpassam a formação e a experiência dos educadores da fé. Uma delas é a importância da Liturgia como “fonte inesgotável da catequese” e como “lugar privilegiado de educação da fé”. Celebrar a fé e a vida é uma necessidade de todos nós. Celebrar é ‘tornar célebre’, é comemorar Jesus Cristo, pois o ato de celebrar nos fortalece e nos liga continuamente àquilo que dá sentido à nossa vida. Deus se comunica na história através de gestos e sinais, e é a liturgia a maior das histórias. 1 A catequese é lugar de fazer a experiência de bendizer a Deus e louvá-Lo pelo que Ele é e não pelo que nos pode dar. Queridos catequistas, assim sendo, celebrar a liturgia torna-se para nós sustento para a missão. Educar a fé de nossos catequizandos é também fazê-los perceber os sacramentos como sinal da graça de Deus, e que leva-nos a um compromisso e mudança de vida. Desejamos que a celebração dos sacramentos fortaleça o amor à nossa missão de fazer ecoar Jesus Cristo! Como a catequese tem implicado no modo de ser cristão no mundo de hoje? É a pergunta que fazemos, diante dos desafios dos dias atuais. Reflitamos: tornar-se cristão é assumir uma vida nova. Nascer para Deus é deixar que Ele faça parte de nós e também fazer parte da vida e do projeto de Jesus. É um processo através do qual se experimenta o mistério da fé em Cristo Jesus, o que torna a pessoa aberta à ação do Espirito Santo, consequentemente colocando um novo sentido à vida. A conversão a Jesus Cristo e ao seu projeto de vida plena é um processo de caminhada de fé. Os sacramentos são parte desse caminho. Os sacramentos são força para viver a fé. Eles são consequência da adesão à proposta do Reino vivida na Igreja. Hoje a Igreja resgata e se inspira no Catecumenato, vivido pelos cristãos nos primeiros séculos. Esse caminho é organizado em ‘tempos’, períodos que cada pessoa vai completando para avançar aos poucos na compreensão e no compromisso com a proposta de fé. Termina-se um tempo, mas não se encerra o processo, que continua com a caminhada e vivência em comunidade. Catequizar um iniciante é também oportunidade para a própria comunidade crescer na fé, no conhecimento do Senhor e na prática dos valores do Reino. Cada pessoa que chega é um novo estímulo para aprofundar a vocação de toda a comunidade. É uma responsabilidade a ser acolhida como presente de Deus que nos quer sempre melhores. “...É necessário assumir a dinâmica catequética da iniciação cristã. Uma comunidade que assume a iniciação cristã renova a sua vida comunitária e desperta seu caráter missionário.” (DAp 291) Amados catequistas, a Bíblia é como uma carta de amor de Deus para seu povo, devemos entendê-la assim. Ela é o coração da catequese e a alma de toda a pastoral. Vai além do escrito, é experiência proclamada, vivida, celebrada e testemunhada que provoca em nós um efeito transformador. É missão nossa, como catequistas conduzir e guiar nossos catequizandos no caminho da Palavra, vivenciando e transmitindo, com dinamismo um conteúdo que nos foi revelado. A Bíblia é fonte onde a catequese e a evangelização, buscam a sua mensagem. O próprio Deus assim quis tornar-se conhecido. Antes de ser escrita, a bíblia foi vivida pelo povo e transmitida de geração em geração. O texto sagrado nasceu em experiência comunitária, processo escolhido pelo próprio Deus para comunicar-se. Porém, a leitura e a transmissão da Palavra exige dupla fidelidade por parte do catequista: ao texto bíblico lido no contexto que o originou e aos ouvintes, atualizando 2 o texto a partir do contexto do catequizando. É através da vivência e compreensão da Sagrada Escritura que fazemos crescer a unidade da Igreja. Cada texto bíblico se apresenta com valor próprio e especial, e é necessário descobri-lo e deixar que ilumine nossa vida. Isso requer atenção ao contexto para evitar interpretações daquilo que o texto não diz. Uma prática eficiente é a Leitura Orante (Lectio Divina) que é obediente e respeita o texto no seu contexto. Essa leitura orante introduz o catequizando no gosto pela Palavra. E partindo dessa rica experiência, a catequese há que saborear e produzir muitos frutos. Nossa caminhada à luz da Palavra permite a descoberta da fé, a prática da missão e dos ensinamentos de Jesus, provocando mudança de mentalidade, atitude e esperança. Dessa forma, podemos exercer, testemunhar e vivenciar melhor nosso ministério bíblico-catequético. Estimados catequistas, sabemos que vocês foram escolhidos por Jesus Cristo, assim nós apresentamos a vocês algumas diretrizes e exortações, para que o nosso desempenho catequético seja aprimorado e possa render mais frutos a toda comunidade paroquial. Como é de nosso conhecimento, vivemos um período de mudanças, que afetam a cultura e a religiosidade, inclusive nosso processo catequético. Todavia, isto exige de nós catequistas uma preparação para dialogar com a pluralidade de ideias. Num primeiro momento deseja-se ampliar o conteúdo da catequese, tornando-o mais acessível e próximo da realidade de todos, rompendo com o modelo de simplesmente decorar as verdades da fé. Por conseguinte, apresentar uma forma de evangelizar os batizados dentro do alicerce da opção pelo Cristo, tendo como protagonista o Espírito Santo e a experiência como centro da vida cristã, demonstrando a natureza missionária da Igreja em fazer o bem a todos. O papa Francisco aponta a ‘Igreja em saída’ e é em nome dela, a comunidade dos discípulos de Jesus, que o catequista fala e testemunha. Assim, precisamos conhecer esta Igreja em saída, partindo da pessoa de Jesus Cristo, que é o espelho para o catequista. Precisamos observar a Tradição da Igreja e as Escrituras, berço dos valores do Reino. Por fim, gratos pela atenção de cada um e cada uma dos catequistas, contamos com sua dedicação, desprendimento e ousadia. A graça e a paz da parte de Deus nosso Pai, estejam sempre com vocês. Cambuí, 19 de Julho de 2015. 3