KIT DE TREINO MULTIMEDIA:ESCREVENDO PARA
WEB: APONTAMENTOS
Developed by: Marion Walton, Multimedia Education Group, University of Cape Town
Da página ao ecran
O sucesso do teu website corresponde à qualidade das palavras que nele publicas. As
palavras são o seu material básico de construção. Os seus metadata, classificação e
navegação, são formados por palavras. O seu conteúdo depende de palavras. O motor de
busca indexa palavras e as pessoas pesquisam usando palavras. Assim, porque razão
tantos websites tratam as palavras com tão pouco respeito? (Gerry McGovern)
Na web, os leitores tornam-se utilizadores. A investigação mostrou que os utilizadores da web são
altamente direccionados – tendem a pesquisar e navegar activamente, com um objectivo particular
em mente e habitualmente estão cheios de pressa. Como diz Steve Krug“os utilizadores e tubarões
da web têm de andar em frente ou morrem.” À medida que se movimentam pela web, os leitores
tratam a maioria dos sites como se fossem um pouco a sinalização aérea numa autoestrada.
Quando param para ler qualquer coisa, tendem a tirar a nata da superfície para terem a certeza que
lhes interessa. Mas quando encontram alguma coisa que lhes interessa realmente, rebuscam em
profundidade, imprimem, seguem os links atá conseguirem um conhecimento mais profundo.
Estudos mostram que os olhos das pessoas tendem a focar imediatamente o centro de uma página
web – é lá que estão habituados a encontrar o conteúdo ou o “material bom”. Se não encontram o
que procuram no centro, os seus olhos esquadrinham à esquerda e à direita, nas margens da
página, que habitualmente tem menos substância.
As pessoas não gostam de palavreado na web. Não admira, pois sabemos pela investigação que ler
no ecran é muito mais difícil do que outros tipos de leitura – as pessoas lêem 25% mais lentamente e
com menos acuidade, nos ecrans do que em texto impresso. É importante notar que as pessoas
rejeitam o palavreado sobretudo quando se apercebem que
o conteúdo não é relevante para aquilo que lhes interessa. Se estão interessados em alguma coisa,
os utilizadores da web estão preparados para dispender tempo a ler, mesmo nestas condições.
Se alguém anda à caça de informação com um propósito, como é que faz até a encontrar? Alguns
investigadores sugerem o conceito de “cheiro de informação” para ajudar a compreender o que
acontece. A pessoa tem uma sugestão de qualquer coisa num website que a poderá levar a alguma
coisa com interesse – estas sugestões foram chamadas “cheiro de informação”. Importante para
quem escreve, parece que as pessoas pegam “cheiro de informação” primáriamente em traços
textuais: bocados de texto espalhados pela web contêm pistas importantes que os utilizadores
procuram – resultados de pesquisa, URLs, títulos, cabeçalhos, texto de links, teasers, parágrafos de
entrada, etc. A maior parte desta pesquisa foi conduzida nos Estados Unidos, normalmente entre
pessoas educadas e de boa situação económica. Neste contexto, é importante lembrar que
comportamentos de leitura como “leitura de relance” (ou leitura em diagonal), são adquiridos por
pessoas habituadas a enfrentar grandes quantidades do informação escrita. Provavelmente o
comportamento perante a leitura varia de acordo com o grau de instrução e linguagem.
Estratégias de escrita
Toda esta investigação não deixa porém de sugerir um conjunto de estratégias para escrever para a
web. Juntamente com as “regras de manuseamento”, evoluiu uma série de convenções para a
elaboração de informação, que têm em conta as qualidades únicas da web (por exemplo, ver Jakob
Nielsen, Jared Spool, and Steve Krug).
Escrevendo para web: Apontamentos
Última actualização 3 de Abril de 2005
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Orientação navegacional
Na web as pessoas movimentam-se às voltas, de modo não linear e imprevisível, em vez de lerem
página a página. Os websites precisam de dar às pessoas informação de orientação ou “orientação
navegacional” para ajudá-las a tomar decisões sobre onde ir na web. Chamamos a isto “orientação
hypertexto”, ou “orientação navegacional”. Este é um estilo de escrita e desenho que ajuda os
leitores nas decisões que precisam de tomar quando navegam na web. Falamos de um estilo de
escrita que ajuda as pessoas quando clicam num link (“partida”), quando aterram numa nova página
web (“chegada”), e quando precisam de ter uma vista geral da informação disponível num
determinado site (“guia”). Em termos simples, precisamos de fornecer ao utilizador informação sobre
para onde está a ir, onde está, e como é que a sua presente posição cabe no esquema maior das
coisas no site.
Informação de partida
No ponto de partida, precisamos de palavras claras e informativas para links, títulos de links e
resumos convidativos. Esta informação é particularmente importante dadas as características da
web, que obriga a longas esperas pelas páginas que estão a descarregar. Uma clara informação
de partida ajuda as pessoas a decidirem se clicar em determinado link vale a pena face ao tempo
de espera pela página.
Links de texto informativo (que podem ter até sete palavras de comprimento) são importantes para
ajudar as pessoas no ponto de partida. Link popups (títulos) não se usam muito, mas ajudam
particularmente a pessoa a decidir se quer clicar ou não um determinado link. Os esquemas de
navegação também dão informação de partida e devem procurar ser tão informativos quanto
possível, em vez de serem enigmáticos. Os esquemas navegacionais devem usar as convenções já
normalmente aceites na web, em vez de esperar que os utilizadores aprendam um conjunto novo de
etiquetas ( Home, Sobre Nós, Site Map, Pesquisar). Adicionalmente, a compreensão do utilizador de
esquemas navegacionais pode ser testada levando os utilizadores a gerarem os seus próprios
termos, e a estrutura do site pode ser testada pedindo aos utilizadores para separarem um conjunto
de cartas marcadas com os títulos das várias secções do site.
Informação de guia
Titulação da página e cabeçalhos são o mais importante para a informação de chegada. Uma vez
que a pessoa clicou num link e a página foi descarregada, precisa conhecer onde está, e
o que pode esperar encontrar. Se a página não contem esta essencial “informação de
chegada”, o utilizador não pode ter a certeza se de facto tomou a decisão correcta.
Informação de orientação
Dada a desorientação que as pessoas sentem muitas vezes quando usam a web e outras formas de
hipertexto, é uma boa ajuda fornecer dispositivos que representem a hierarquia do site, e formas de
mostrar que “está neste sítio”.
Navegação consistente e secundária é importante, na medida em que preenche uma função geral,
orientando-nos em relação às outras secções disponíveis no site. A navegação muitas vezes está
organizada em visão “olho de peixe” (que dá mais pormenores sobre o site que está a visitar
presentemente), como a navegação no portal MWeb, reproduzido em baixo: Outro dispositivo
comum de orientação é o uso de “migalhas” (que traçam a descida de uma secção dentro de um
directório hierarquizado, ou árvore, como em baixo)
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Estratégias de impressão
Os bons websites devem utilizar integralmente as estratégias de escrita desenvolvidas ao longo
dos últimos séculos para a imprensa.
Várias técnicas da imprensa foram adaptadas para aumentar o “cheiro de informação” na web. Isto
inclui os parágrafos de entrada, ou “leads”, o estilo em pirâmide invertida, etiquetas anexadas aos
logos do site, e "teasers" ou “kickers”(resumos convidativos) que adicionam informação descritiva
aos links.
Todas estas técnicas envolvem o uso de sumários de informação para dar aos utilizadores uma
visão geral da informação disponível, de modo que tenham informação suficiente ao seu dispor para
identificar e clicar nos items que pretende. Destaques e legendas ajudam a leitura em diagonal a
obter o essencial das mais longas peças de texto sem ter de ler o documento inteiro.
Pirâmide invertida e escrita para a web
A escrita académica usa convencionalmente uma estrutura de pirâmide que força o leitor a
acompanhar uma longa argumentação antes de chegar a uma conclusão. Esta estrutura pode ser
figurada usando o diagrama do lado esquerdo – a estrutura da pirâmide..
Fig 1: A estrutura tradicional de um artigo académico; Fig 2: A estrutura tradicional de um artigo jornalistico
Título
Resumo convidativo
Intro
Lead resumo das conclusões, e índice
Quem, onde, porquê, o quê, quando.
Contexto
Artigo
Constatações e Discussão
Conclusão
A estrutura de um artigo jornalístico é muito diferente, apresentando toda a informação mais
importante no primeiro parágrafo ou lead. Esta estrutura é especificamente concebida para os
leitores que lêem em diagonal – retiram o essencial com um olhar rápido. Pode ser visualizada
usando o diagrama da direita, muitas vezes referido como “pirâmide invertida”.
Dado o modo como lemos na web, o desenho web acaba por se apoiar muito na pirâmide
invertida jornalística, com a adição de hiperlinks como se ilustra em baixo.
A maior diferença entre estilo jornalístico e estilo web é que, tradicionalmente, os títulos
sensacionalistas e "teasing kickers” não resultam na web, onde o estilo põe todo o seu peso em
informação. Este tem mais probabilidade de apoiar os utilizadores da web na tomada de decisões
durante a navegação.
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Fig 3: a estrutura evolutiva de um artigo da web
Título
Resumo convidadtivo
(máximo 7 palavras)
Lead resumo das conclusões e situa o artigo
Artigos separados em secções com
subtítulos para facilitar
“scanagem” rápida
Escrevendo microconteúdo
A diferença chave entre escrever para a imprensa e escrever para websites, é o modo como certos
elementos (fracções de texto) ou “microconteúdo”, estão dispersos através da web, pelas bases de
dados, motores de busca, links remotos e hierarquias navegacionais. Este "microconteúdo" precisa
de ser escrito com força de modo a que estas fracções de texto possam comunicar claramente
mesmo quando lidas fora do contexto do site no seu todo. O microconteúdo é extremamente
poderoso em relação à experiência do utilizador. Items de microconteúdo devem ser escritos tendo
em vista representar remotamente a informação, e inclui cabeçalhos, e em particular, títulos.
Devido à natureza estrutural do HTML, títulos de página assumem vida própria. São habitualmente
lidos fora do contexto, representando a página em diversos lugares, como listas de história,
resultados de motor de busca, e favoritos ou “bookmarks” do utilizador. Os URLs são muitas vezes
mais visíveis que os seus autores pretendiam que fossem. Links de texto – a qualquer texto
navegacional -têm um papel igualmente disperso na medida em que “estão em vez de” informação
situada em qualquer outro lado – links navegacionais estão muitas vezes em etiquetas de sistemas
que valem por si mesmos e precisam de comunicar resumidamente aquilo que está disponível em
outras partes de um site. Links de texto precisam de comunicar num contexto que pode ser
encontrado numa página “linked” – um contexto muito diferente, e possivelmente um site
completamente diferente. Isto faz com que texto navegacional seja difícil de escrever, e links
importantes muitas vezes precisam de ser apoiados por curtos “resumos”, parágrafos de entrada, ou,
menos frequentemente, títulos link que saltam à vista (popup).
Escrevendo metadata
Etiquetas metadata, ou META em HTML são menos visíveis que o microconteúdo, mas nem por isso
menos importantes, uma vez que são visíveis para os utilizadores em listas de resultados da
pesquisa em alguns motores de busca. Muito importante é que os motores de busca usam certos
metadata de modo a ordenar uma página numa lista de resultados de pesquisa. A descrição etiqueta
META é mais importante que as palavras chave etiqueta META, já que muitos motores de busca
ignoram as palavras chave “etiqueta”. Estas etiquetas META são colocadas na secção HEAD de um
documento HTML document, como se mostra a seguir.
<head><title> Welcome to APC! Bienvenid@ a APC </title><meta name="description"
content="APC -Global Internet Community for Environment,Human Rights, Development and
Peace/ Comunidad global de Internet para el medioambiente, los derechos humanos, el desarrollo
y la paz"><meta name="keywords" content="ICT, ICTs, Information and Communications
Technology,NGOs, NGO, non-governmental organizations, Internet, APC, Association for
ProgressiveCommunications, Asociación para el Progreso de las Comunicaciones, Comunidad
global deInternet para el medio ambiente, los derechos humanos, el desarrollo y la paz, Global
InternetCommunity for Environment, Human Rights, Development and Peace"></head>
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Escreva títulos e etiquetas de descrição META – são lidas juntas nos resultados de pesquisa, como
nos resultados do Google a seguir.
La Asociación para el Progreso de las Comunicaciones -The ... -[ Translate thispage ]<<
Entrada del sitio Web de APC. The Association for Progressive CommunicationsInternet and
ICTs for Social Justice and Development. Enter the APC Web site >>.Description: Global
Internet community for Environment, Human Rights, Development &Peace....www.apc.org/ 4k -Cached -Similar pages
Estratégias para assistir os leitores “em diagonal”
Bom “cheiro de informação” requer conteúdo que possa ser agarrado “em diagonal”( scanned). E
cria-se conteúdo “scanável” “pegando em nacos” (chunking) de informação para desenvolver uma
estrutura de informação. A maior parte da informação na web beneficia da apresentação numa forma
concisa, habitualmente “nacos” (chunks) organizados numa estrutura fácilmente compreensível para
os utilizadores do grupo alvo. Unidades de texto mais compridas, sejam sites ou documentos longos
dentro de sites, também utilizam muitas vezes uma versão “linked” da pirâmide invertida para
fornecer um “mapa” fácilmente captável de relance, da informação disponível. Seleccionando
palavras para links de texto também desempenha um papel chave no “scanning”, já que estes links
têm uma saliência visual maior que o texto acompanhante.
Escrevendo para comunidades de informação: novos
géneros web -weblogs, e “traçopontos” ou notícias
participatórias
Algumas maneiras novas e inovadoras de usar novos media, redefiniram completamente os papéis
tradicionais do redactor e da audiência. Por exemplo, weblogs (semelhante a um jornal online)
permitem aos autores recolher e devolver ideias para histórias que saiem da sua audiência à
medida que as ideias aparecem. Este género pode permitir às pessoas da audiência tornarem-se
co-autores e influenciar o desenrolar da estória. Talvez o exemplo melhor de sucesso de fundir o
weblog com grupos de notícias comunitários, sejam os sites de notícias participativas como
slashdot, que são semelhantes na filosofia de redes de aplicações peer to peer que acabam por ser
sucessos imparáveis (por exemplo a Napster funcionou assim para permitir a partilha de música
pirateada).
No caso de sites de notícias participativas como o slashdot, a discussão e contribuições “linked”
da audiência são tão importantes como o artigo original. Podemos representar a estrutura de
uma estória slashdot da seguinte maneira:
Fig 3: Sites comunitários tais como Slashdot incorporam discusses extensivas e mais links para um artigo web.
Título
Resumo convidadtivo
(com link)
Fio de discussão, talvez com link
Lead resumo das conclusões e situa o artigo
Fio de discussão, talvez com link
Fio de discussão, talvez com link
Fio de discussão, talvez com link
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Artigos separados em secções com
subtítulos para facilitar
“scanagem” rápida
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A raiz central de “ler” é “discernir o significado de alguma coisa”. É isso que os trabalhadores da
informação fazem. A maior parte dos leitores da web têm nivel superior de educação, são orientados
para a tarefa e sofrem de falta de tempo. Eles vêm ter ao teu website com o objectivo de encontrar
material que os faça saber mais; isso permite-lhes agir. Ele julga-te em função da tua capacidade de
ir ao encontro do objectivo dele. (Gerry McGovern)
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