c o m p o s i ç ã o g l o b a l j á n ó s e s t a m o s inform a d o s : u m n ú c l e o a t ó m i c o , seja qual fôr,
c o n s i s t e na j u x t a p o s i ç ã o d u m c e r t o n ú m e r o
d e n e u t r õ e s e d u m c e r t o n ú m e r o de p o s i t õ e s .
O n e u t r ã o foi s u s p e i t a d o em 1930 p o r
W . B o t h e e I I . Becker (em H e i d e l b e r g ) e
i s o l a d o em 1931 p o r F r é d é r i c e I r e n e
J o l i o t . A s u a e n t i d a d e j á n ã o oferece dúv i d a s , depois do e s t u d o t ã o p e n e t r a n t e de
J . C h a d w i c k (1932). T r a t a - s e d u m c o r p ú s culo e l è c t r i c a m e n t e n e u t r o .
, M
(1)
A
R
C
E
Õ positão obtém-se nas experiências de
m a t e r i a l i z a ç ã o d a r a d i a ç ã o (Carl A n d e r son, 1933); t r a n s p o r t a a carga elementar
da e l e c t r i c i d a d e .
E s t a m o s a g o r a a p t o s a c o m p r e e n d e r de
q u e m a n e i r a se localizam as m a s s a s d o
U n i v e r s o . Os c o r p ú s c u l o s c o m p l e x o s q u e
s ã o os á t o m o s , c o m p õ e m - s e d u m núcleo
( m u i t o m a c i s s o e d u m v o l u m e ínfimo), env o l v i d o p o r u m a n u v e m de electrões ( m u i t o
v o l u m o s o s e d u m a m a s s a m u i t o fraca).
L
B
O
L
L (1)
« L e s Q u a t r e F a c e s de la P h y s i q u e » , Oh. Rieder, 1939.
o á t o m o n ã o é a ún i c a r e a l i d a d e f í s i c a
A' realidade fisica do século passado, reconhecida ilusória, substituiu-se a realidade atómica. Mas o átomo não è toda a realidade
física. (N. T.)
N ó s t e m o s d u a s r e a l i d a d e s : a matéria e
o campo. E ' fora de d ú v i d a q u e n ó s n ã o
p o d e m o s a c t u a l m e n t e c o n c e b e r que t o d a a
física p o s s a ser c o n s t r u í d a s o b r e o coneeito
d e m a t é r i a , c o m o o j u l g a v a m os físicos d o
p r i n c í p i o d o século x i x . D e m o m e n t o , aceit a m o s os dois c o n c e i t o s . P o d e m o s n ó s
c o n s i d e r a r a m a t é r i a e o c a m p o como d u a s
r e a l i d a d e s diferentes e d i s t i n t a s ? D a d a
u m a p e q u e n a p a r t í c u l a de m a t é r i a , p o d e r í a mos imaginar ingenuamente que existe u m a
superfície definida da p a r t í c u l a , além d a
qual ela c e s s a de e x i s t i r e em q u e a p a r e c e
o seu c a m p o de g r a v i t a ç ã o . Mas q u a i s são
os critérios físicos q u e p e r m i t e m d i s t i n g u i r
e n t r e a m a t é r i a e o c a m p o ? A n t e s de
c o n h e c e r m o s a t e o r i a da r e l a t i v i d a d e , p o d e ríamos tentar responder a esta pregunta da
maneira seguinte: a matéria tem u m a massa,
enquanto que o campo não a tem. O campo
representa a energia, a matéria representa a
m a s s a . Mas n ó s s a b e m o s que u m a tal resp o s t a é insuficinte q u a n d o se c o n s i d e r a m
A L B E R T
(8)
E I N S T E I N
os c o n h e c i m e n t o s u l t e r i o r m e n t e a d q u i r i d o s .
A t e o r i a da r e l a t i v i d a d e e n s i n a - n o s q u e a
m a t é r i a r e p r e s e n t a i m e n s a s r e s e r v a s de e n e r gia e que a energia representa matéria.
N ã o p o d e m o s assim d i s t i n g u i r , q u a l i t a t i v a m e n t e e n t r e a m a t é r i a e o c a m p o , pois q u e
a distinção entre a massa e a energia não
ó de o r d e m q u a l i t a t i v a .
A m a i o r p a r t e da
energia está concentrada em matéria, mas
o campo que envolve a partícula representa
i g u a l m e n t e e n e r g i a , se b e m q u e em q u a n t i d a d e i n c o m p a r a v e l m e n t e m e n o r . P o r consequência, poderíamos d i z e r : a matéria
e n c o n t r a - s e o n d e a c o n c e n t r a ç ã o de e n e r g i a
ó grande, e o campo onde a concentração
de e n e r g i a ó p e q u e n a . M a s se a s s i m ó, a
diferença e n t r e a m a t é r i a e o c a m p o ó m a i s
d e o r d e m q u a n t i t a t i v a q u e de o r d e m q u a l i t a t i v a . N ã o faz s e n t i d o e n c a r a r a m a t é r i a
e o c a m p o como d u a s q u a l i d a d e s t o t a l m e n t e
diferentes u m a d a o u t r a . N ã o p o d e m o s
i m a g i n a r u m a superfície definida, q u e s e p a r e
n i t i d a m e n t e o c a m p o e a m a t é r i a (2).
(2) E s t a concepção l e v a à s s u a s ú l t i m a s c o n s e q u ê n c i a s a unificação d a m a t é r i a : t u d o é e n e r g i a . (N. T.)
L É O P O L D
I N F E L D (3)
«L'évolution des idóes en physique», (trad. do ingl. por M. Solovine). F l a m m a r i o n , 1938.