Operação no presídio de Novo Hamburgo abala negócios de facção - Operação no presídio de Novo Hamburgo abala negócios de facção - Região - Jornal NH
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Novo Hamburgo, 23 de Julho de 2014
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Publicado em 22/07/2014 - 13h55
Última atualização em 22/07/2014 - 14h06
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Operação no presídio de Novo
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Cem brigadianos e 45 agentes penitenciários fizeram pente-fino na cadeia
Silvio Milani - [email protected]
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O Instituto Penal de Novo Hamburgo, dominado pela facção Os Manos, ficou ontem
por cinco horas sob controle do Estado. Cem policiais militares e 45 agentes
penitenciários acordaram os 218 presos, às 5h30, para revista pessoal e nas celas. A
apreensão de 1,1 quilo de drogas, R$ 20.824 em dinheiro e 109 celulares quebrou a
banca do grupo que explora o tráfico na cadeia e abalou a comunicação dos detentos.
Ninguém foi autuado em flagrante por tráfico porque não houve identificação dos
donos das drogas. “O material estava escondido em meias, potes, buracos na parede
ou jogado no corredor”, comentou o diretor da casa, Cesar Corrales. Pelo mesmo
motivo, segundo ele, também não foi possível provar posse de telefone. Já os quatro
pegos com quantias maiores em dinheiro, de R$ 1 mil a R$ 2,4 mil, terão que se
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explicar à Vara de Execuções Criminais (VEC). Como são condenados por tráfico, a
suspeita é que vendam droga dentro e fora do presídio.
“Essa operação conjunta foi extremamente bem-sucedida, mas agora precisamos
redobrar a atenção na região, porque os presos vão querer recuperar o prejuízo com
furtos e roubos de celulares, por exemplo”, destacou o comandante do 3o Batalhão de
Polícia Militar de Novo Hamburgo, tenente-coronel Luiz Fernando Rodrigues. Ele
frisa que a intenção é manter revistas frequentes. “O foco é o combate à
criminalidade, pois todos sabemos que muitos assaltos e outros delitos são praticados
por detentos daqui. Operações como essa acabam enfraquecendo os delinquentes.”
São 156 do semiaberto e 62 do regime aberto. Somente a metade - 109 - tem carta de
emprego e só precisa ficar à noite no cárcere. A outra parte não pode sair enquanto
não conseguir autorização para o trabalho externo.
Os manos
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A quadrilha surgiu há mais de
dez anos no Vale do Sinos
pelo tráfico de drogas e se
tornou, com o nome de Os
Manos, a maior facção dos
presídios gaúchos. Em Novo
Hamburgo, por exemplo,
detentos são atraídos ao grupo
em busca de proteção e
trabalho no mundo do crime.
Foto: Néia Dutra/GES
O poder central da facção fica
na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde está o líder, Paulo
Márcio Duarte da Silva, o Maradona.
A facção sofreu revés em abril de 2011, quando a Polícia Civil desarticulou o
quartel-general da organização, no bairro São Jorge, em Novo Hamburgo. Parentes,
amigos e a mulher de Maradona, que ele queria eleger vereadora do Município,
foram presos.
Para se rearticular, a quadrilha vem ampliando os negócios do tráfico com roubos e
sequestros. Os Manos são inimigos de morte dos Bala na Cara, facção sediada em
Porto Alegre.
R$ 2,4 mil no bolso
Ao ser perguntado sobre o que fazia com R$ 2,4 mil na cadeia, um condenado por
tráfico veio com resposta que não convenceu os policiais: “É do refrigerante que eu
vendo aqui dentro”. O dinheiro estava no bolso da camisa. Ele é apontado como um
dos líderes da facção Os Manos no presídio de Novo Hamburgo.
“Eu sou empresário”
Outro apenado surpreendido com R$ 2 mil saiu-se com essa: “Eu sou empresário”.
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Mais dois, com R$ 1,5 mil e R$ 1,3 mil, também terão que justificar o dinheiro na
VEC. “O restante foi apreendido com apenados que tinham 200, 300 reais. Pode até
ser do pagamento do trabalho externo, como alguns justificaram”, salientou o
delegado regional penitenciário Luciano Lindemann.
Ladrão que rouba ladrão
Veja Mais:
Drogas, dinheiro e celulares apreendidos
em operação no Presídio de Novo
Hamburgo: veja o vídeo
Brigada Militar e Susepe fazem revista
no presídio de Novo Hamburgo
Mais de R$ 20 mil, 92 celulares e drogas
são apreendidos em presídio
Operação apreende drogas, celulares e
dinheiro no presídio de Novo Hamburgo
Segundo Lindemann, existe
portaria da Superintendência
dos Serviços Penitenciários
(Susepe) que limita em 100
reais o que o preso pode ter no
regime fechado, para que
ninguém tente se impor pelo
poder aquisitivo. “No
semiaberto não tem isso
estipulado, mas o valor pode
servir de parâmetro no
semiaberto. E é perigoso ficar
com muito dinheiro aqui na
cadeia, pois não existe lugar
mais propício para serem
roubados.”
Pão com celular
Outra situação estranha foi a de um smartphone dentro de um pão de centeio. Um
preso apresentou-se como dono do alimento, mas, quando constatado o aparelho
entre as fatias, jurou que não sabia de nada. E era inocente mesmo. Na correria para
se livrar do objeto proibido, um colega de galeria não identificado enxertou o
telefone no pão.
“Olha a chuva”
O primeiro detento que percebe aproximação da fiscalização deve avisar os colegas
de galeria. “Olha a chuva”, grita ele. E começam a “chover” pacotes com drogas,
celulares e todo tipo de objeto pelas janelas e corredores.
Armas perigosas
Não foram encontradas armas de fogo, mas as quatro facas apreendidas deixaram o
delegado penitenciário preocupado. “Elas podem ser até mais perigosas que um
revólver, pois não chamam tanto a atenção. Podem ter entrado camufladas nos
pertences dos presos ou lançadas pelo muro”, observou Lindemann.
Sem rebelião
O delegado penitenciário ressaltou que a operação não desencadeou motim ou
rebelião. “Foi uma quebra da criminalidade dentro e fora do presídio. Vamos fazer
mais seguidamente, em conjunto com a Brigada.” Uma equipe de ambulância e outra
com caminhão do Corpo de Bombeiros ficaram de prontidão. A Brigada e a Susepe
agiram por meio de mandado da juíza Vera Letícia Stein, da VEC de Novo
Hamburgo.
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“Um escritório
do crime”, diz major
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Foto: Néia Dutra/GES
Para o coordenador da
operação, major Glademir
Otero, as apreensões são a
prova do perigo que o presídio
representa para Novo
Hamburgo e região. “Ali
dentro é um escritório do
crime. Estamos atentos às
fugas e delitos praticados
pelos apenados nas ruas.
Temos que agir para que não
se sintam à vontade na delinquência.”
Os presos eram levados ao corredor pelos policiais, onde tiravam a roupa, e depois
caminhavam até o pátio interno, para que os agentes penitenciários fizessem a
vistoria nas celas e galerias.
As ruas Adolfo Jaeger e Rio de Janeiro, laterais ao presídio, foram fechadas pela
Brigada Militar durante a operação, que começou às 5h30 e terminou por volta das
10h30.
O que foi apreendido
394 pedras de crack
290 buchas de maconha
11 tijolos de maconha
9 petecas de cocaína
20.824 reais em dinheiro
150 reais em notas falsas
109 celulares em uso
51 baterias avulsas
9 chips avulsos
109 carregadores
4 facas grandes
5 pacotes de cigarros
contrabandeados
4 cachimbos para fumar crack
1 talão de cheques
1 touca ninja
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