Renata Céli Moreira da Silva PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Responsabilidade Social no Ensino em Administração: um estudo exploratório sobre a visão dos estudantes de graduação Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Administração de Empresas da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas. Orientadora: Profª. Marie Agnes Chauvel Rio de Janeiro Março de 2009 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Renata Céli Moreira da Silva PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Responsabilidade Social no Ensino em Administração: Um estudo exploratório sobre a visão dos estudantes de graduação Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pósgraduação em Administração de Empresas da PUCRio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Profª. Marie Agnes Chauvel Orientadora Departamento de Administração – PUC-Rio Profª. Hélène Bertrand Departamento de Administração – PUC-Rio Profª. Daniela Abrantes Ferreira FACC – UFRJ Prof. Nizar Messari Vice-Decano de Pós-Graduação do CCS – PUC-Rio Rio de Janeiro, 17 de março de 2009. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e da orientadora. Renata Céli Moreira da Silva PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Graduou-se em Administração pela faculdade Ibmec-Rio em dezembro de 2005. Participou de alguns congressos relacionados à Administração. Trabalhou em empresas como Xérox e Sistema Globo de Rádio. Ficha Catalográfica Silva, Renata Céli Moreira da Responsabilidade social no ensino em administração: um estudo exploratório sobre a visão dos estudantes de graduação / Renata Céli Moreira da Silva ; orientadora: Maria Agnes Chauvel. – 2009. 139 f. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Administração)– Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. Inclui bibliografia 1. Administração – Teses. 2. Responsabilidade social. 3. Ensino. I. Chauvel, Maria Agnes. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Administração. III. Título. CDD: 658 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Para meus pais, meus irmãos e meu noivo, pelo apoio, confiança e companheirismo. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Agradecimentos À minha orientadora, Professora Marie Agnes Chauvel, pela parceria para a realização deste trabalho. À FAPERJ e à PUC-Rio, pelos auxílios concedidos, sem os quais este trabalho não poderia ter sido realizado. Aos meus pais, pela educação, atenção, carinho e apoio em todas as horas. Aos meus irmãos, por estarem sempre comigo. Ao meu noivo, pelo estímulo, apoio e companheirismo. E à família dele, pelo apoio. Aos meus colegas da PUC-Rio. Foram ótimos os momentos que passamos durante o curso. Aos entrevistados dessa pesquisa, por disponibilizarem um tempo para esse estudo. Aos professores que participaram da Comissão examinadora. À professora Hélène Bertrand, pelas conversas e esclarecimentos a respeito da dissertação. A todos os professores da PUC-Rio com quem eu tive aula. Os ensinamentos foram muito importantes. A todos os amigos e familiares que estiveram do meu lado e acompanharam minha trajetória ao longo do mestrado. Resumo Silva, Renata Céli Moreira; Chauvel, Marie Agnes. Responsabilidade Social no Ensino em Administração: Um estudo exploratório sobre a visão dos estudantes de graduação. Rio de Janeiro, 2009. 139p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Administração, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O tema Responsabilidade Social Corporativa tem sido alvo de inúmeros debates. Com isso, é relevante saber se e como esse tema está sendo difundido e discutido em salas de aula da graduação em Administração. O propósito deste trabalho foi estudar a visão que os estudantes de Administração têm da RSC e do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB seu ensino nos cursos de graduação. Foram realizadas 30 entrevistas com alunos de Administração do Rio de Janeiro próximos ao período de formatura. Os resultados mostraram que os entrevistados se preocupam com o tema, pois consideram a RSC importante para a prática da Administração. Muitos entrevistados consideram o espaço dado para o tema insuficiente e que se deveria dar mais espaço. Também foi apontado que a abordagem poderia ser melhorada, pois é, às vezes, superficial, mesmo que os conteúdos passados sejam corretos. Vários pesquisados declararam ter aprendido mais sobre o assunto em meios externos, como revistas, jornais, trabalho. A maioria dos entrevistados apresentou uma visão restrita da definição de RSC, abordando somente algumas poucas dimensões, não demonstrando conhecimento sobre a totalidade do assunto. Muitos entrevistados possuem questionamentos sobre RSC, essencialmente quanto ao próprio conceito e às aplicações na prática da Administração. Muitos pesquisados consideram que sua faculdade não é capaz de formar gestores socialmente responsáveis, já que o tema não é muito discutido. Também foi observado que aqueles que tiveram experiência na área em suas atividades profissionais ou acadêmicas se mostraram mais seguros em relação ao assunto, porém, ainda são poucos aqueles que utilizam a RSC na prática. Palavras-chave Responsabilidade social; ensino; administração. Abstract Silva, Renata Céli Moreira; Chauvel, Marie Agnes (Advisor). Social Responsibility in Administration’s Education: An exploratory study about the vision of the undergraduate students. Rio de Janeiro, 2009. 139p. MSc. Dissertation – Departamento de Administração, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. The topic of Corporate Social Responsibility has been largely discussed. Thus, it is important to know how this issue is being discussed in undergraduate classes of Business Administration. The purpose of this study was to explore the PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB student’s vision of CSR and their view about the teaching of CSR in undergraduate courses. Thirty Administration students of Rio de Janeiro were interviewed. The results showed that the respondents are concerned about this issue, since they consider that it is important for the practice of Administration. Some respondents said that the space given to CSR in the university is inadequate and, thus, it should be greater. They also said that the approach could be improved, since sometimes it is considered a superficial approach, although the content is correct. Many respondents learned more about it out of university, such as in magazines, newspapers, or at work. Many respondents had a more restricted view about the definition of CSR. The majority addressed only a few dimensions of it, showing little knowledge about it. Some respondents have doubts about CSR, especially basic questions, concerning the concept of the theme. Others have also showed doubts regarding the practice of CSR. Many respondents believe that the university where they study is not able to train socially responsible managers, since the theme is not much discussed. Moreover, it was observed that those who had experience in the area were more secure during the interviews; however, there were few respondents who had used CSR in practice. Keywords Social responsibility; education; administration. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Sumário 1. Introdução 1.1. Objetivos do estudo 1.2. Relevância do estudo 1.3. Delimitação do estudo 1.4. Organização do estudo 14 18 19 20 20 2. Referencial teórico 2.1. Revisão da literatura 2.1.1. Responsabilidade social corporativa (RSC) 2.1.1.1. Origem 2.1.1.2. Conceito 2.1.1.3. Síntese dos principais conceitos de RSC 2.1.1.4. A RSC no Brasil 2.1.2. Ensino em administração e a responsabilidade social 22 22 22 22 27 36 38 44 3. Metodologia 3.1. A questão da pesquisa 3.2. O tipo de pesquisa e a metodologia utilizada 3.3. A coleta e o tratamento dos dados 3.4. Limitações do método 48 48 48 50 52 4. Análise dos resultados 4.1. Perfil dos entrevistados 4.2. Disciplina de RSC nas faculdades 4.3. Análise das entrevistas 4.3.1. Nível de interesse/preocupação com o tema 4.3.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a satisfação/insatisfação com o espaço e abordagens dadas 4.3.2.1. Disciplinas que abordaram o tema 4.3.2.1.1. Disciplina específica sobre RSC 4.3.2.1.2. Outras disciplinas que abordaram o tema RSC 4.3.2.1.3. Realização de trabalho sobre RSC 4.3.2.2. Satisfação/insatisfação com o espaço dado à RSC 4.3.2.3. Satisfação/insatisfação com a abordagem dada 4.3.3. A visão sobre RSC dos entrevistados 4.3.3.1. O que os entrevistados pensam sobre esse tema 4.3.3.2. O que significa RSC, segundo os entrevistados 4.3.3.3. Síntese da visão dos entrevistados 4.3.4. Questionamentos e dúvidas sobre RSC 4.3.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais. 4.3.5.1. Utilização dos conhecimentos de RSC na prática 4.3.5.2. RSC das empresas em que trabalharam 4.3.5.3. Como a RSC poderia ser posta em prática 4.3.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC 53 53 57 58 58 62 62 62 64 70 72 74 77 77 80 83 85 89 89 91 93 97 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 4.3.6.1. Capacidade de a faculdade formar gestores socialmente responsáveis 4.3.6.2. Como a faculdade poderia formar gestores socialmente responsáveis 97 100 5. Considerações finais 5.1. Conclusões 5.1.1. Nível de interesse/preocupação com o tema 5.1.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas 5.1.3. Visão de RSC 5.1.4. Dúvidas e questionamentos sobre RSC 5.1.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais 5.1.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC 5.2. Sugestões para futuras pesquisas 105 105 105 6. Referências bibliográficas 111 7. Anexo 7.1. Roteiro de entrevista 138 138 106 107 107 108 108 110 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Lista de figuras Figura 1 – Pirâmide de RSC de Carroll (1991) 27 Figura 2 – Modelo de Quazi e O’Brien (2000) 31 Lista de quadro PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Quadro 1 – Modelo de Wood (1991) 29 Lista de tabelas Tabela 1 – Síntese dos conceitos de RSC 37 Tabela 2 – Dados demográficos dos entrevistados 53 Tabela 3 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na faculdade 55 Tabela 4 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática 56 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Tabela 5 – Entrevistados que fizeram trabalho sobre RSC na faculdade 70 Tabela 6 – Síntese da visão dos entrevistados 83 Tabela 7 – Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática 89 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Seja a mudança que você quer ver no mundo. Mahatma Gandhi 1 Introdução Recentemente, o tema Responsabilidade Social Corporativa tem sido alvo de inúmeros debates, seja no campo da educação, solidariedade, meio ambiente, respeito aos funcionários, dentre outros pontos. Revistas, jornais, artigos científicos, palestras, dentre outras fontes de comunicação e informação, têm tratado essa questão, mostrando sua importância para a sociedade no mundo. O tema tem sido muito abordado não só no meio acadêmico, como também no ambiente empresarial. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Com isso, pode-se dizer que mundialmente há uma pressão da sociedade para que as organizações tenham práticas socialmente responsáveis, e essas pressões estão cada vez maiores (KLEIN, 2004; MOHR e WEBB, 2005; AGUILERA et al., 2007; CHEAH et al., 2007; HOND e BAKKER, 2007; MARQUIS et al., 2007; RODRÍGUEZ e LEMASTER, 2007). Kotler e Armstrong (1998) dizem que essa pressão também vem da parte dos consumidores, que estão prestando mais atenção a essas práticas sociais. Muitos consumidores passam a comprar produtos de empresas socialmente corretas (LAROCHE et al., 2001). Além disso, as pessoas hoje possuem mais informação (FUENTES-GARCÍA et al., 2008). McWilliams et al. (2006) apontam que essas pressões também são exercidas pelos empregados, fornecedores, grupos da comunidade, organizações nãogovernamentais e governos. Doh e Guay (2006) e Schepers (2006) também falam das pressões das organizações não-governamentais. Outro fator que pressiona as empresas é o fato de as multinacionais irem para países em desenvolvimento, onde a infra-estrutura é deficiente. Nesse contexto, são vistas como organizações capazes de preencher essa lacuna e, em alguns casos, precisam fazê-lo pra desempenhar suas atividades (EWEJE, 2006; BIRD E SMUCKER, 2007). Para Fuentes-García et al. (2008) essas pressões existem também devido a alguns regulamentos e à pressão do mercado financeiro, já que hoje muitos investidores estão procurando investir de forma socialmente responsável. A 15 questão dos investidores socialmente responsáveis é também mencionada por outros autores (DILLENBURG et al., 2003; JOHNSEN, 2003; SCHUETH, 2003). Segundo Melo Neto e Froes (2001), a globalização também acabou gerando essas pressões, pois trouxe uma grande concentração do poder econômico e uma grande exclusão social. Segundo Gerde (2001), as empresas que não respondem a essas pressões perdem legitimidade. Além disso, é importante que a empresa comece a adotar práticas sociais e que mantenha a realização dessas práticas, tendo então uma continuidade, ou seja, que as práticas sociais sejam parte das atividades da empresa e não somente algo pontual. É preciso que seja um processo contínuo (RANDEL, 2002; HEUGENS e DENTCHEV, 2007). Soma-se a isso a preocupação com os recursos do planeta, com os problemas sociais (DUFLOTH e BELLUMAT, 2005) e com os escândalos sobre PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB a irresponsabilidade de empresas (CARSON, 2003; NEUBAUM e ZAHRA, 2006; CAMPBELL, 2007; BASU e PALAZZO, 2008; CHIH et al., 2008). Um exemplo notório é o da Nike, que tinha práticas de trabalho inadequadas, cuja divulgação abalou a reputação da empresa (AUGER et al., 2003; DETIENNE e LEWIS, 2005). O Brasil e o mundo apresentam problemas éticos que chamam a atenção para sua resolução (URDAN e HUERTAS, 2004). Com isso, Wood (1991) fala que as empresas precisam responder a seguinte pergunta: Como eu posso contribuir para construir uma boa sociedade? Há países em que a consciência socialmente responsável está bastante desenvolvida. Dessa forma, um fator fundamental para a entrada de empresas nesses mercados é certificar que seu produto é correto, ou seja, que a empresa pratica a Responsabilidade Social (CARVALHO e BARBIERI, 2007; SOUZA et al., 2007). Um exemplo é a Natura que pratica a Responsabilidade Social e isso constitui um fator importante na sua estratégia internacional, pois a coloca em uma posição mais favorável para concorrer com seus competidores globais (SERRA et al., 2007), muitos dos quais com tradição e sólida reputação em países que ocupam posição de liderança no mercado de cosméticos. Dessa forma, estudos têm sido feitos considerando a Responsabilidade Social Corporativa como fonte de vantagem competitiva para as empresas e que mostram que o investimento em Responsabilidade Social está sendo incorporado à estratégia organizacional (MOTTA e ROSSI, 2003; HUSTED e ALLEN, 2004; 16 HUSTED e ALLEN, 2007; LUO e BHATTACHARYA, 2006; LOMBARDI e BRITO, 2007; BARBOSA, 2007; BONATTO et al., 2007; SERPA e FOURNEAU, 2007; SERRA et al., 2007). Pesquisas relatam que a prática socialmente responsável pode trazer à empresa uma imagem melhor na marca, produtos, serviços e na própria empresa, pois ela passa a ser mais valorizada pelos seus consumidores e/ou funcionários (SEN e BHATTACHARYA, 2001; BORINI, 2004; BONATTO et al, 2007). Outro ponto a ser destacado é que cada vez mais as organizações têm feito relatórios de sustentabilidade e divulgado seus balanços sociais. No Bovespa há o Índice de Sustentabilidade Empresarial que divulga informações sobre Responsabilidade Social. Assim, as empresas buscam comunicar aos stakeholders suas ações sociais, para conquistar uma boa imagem na sociedade. Há também prêmios dedicados ao tema, recompensando empresas que são exemplos para a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB sociedade (SERPA, 2005). A Responsabilidade Social vem sendo muito discutida entre investidores e empresas que atuam no mercado de capitais (BARBOSA e LEMME, 2007). Ou seja, atualmente almejar o lucro não é mais uma condição suficiente para a organização, é importante também que ela pratique a Responsabilidade Social, que ela leve em conta quais são os impactos de suas ações dentro e fora do seu ambiente (MILES e WHITE, 1998). Portanto, atualmente, muitas empresas buscam investir em práticas socialmente responsáveis (VENTURA, 2003; PASSADOR et al., 2005; BARBOSA, 2007). Há um número cada vez maior de empresas atuando na área social (BIES et al., 2007). Muitos estudos têm sido feitos sobre o tema Responsabilidade Social no meio acadêmico (MACEDO e SOUZA, 2007). Alguns desses estudos mostram a Responsabilidade Social como um aspecto estratégico para a organização (MOTTA e ROSSI, 2003; LOMBARDI e BRITO, 2007; BARBOSA, 2007; SERRA et al., 2007); outros estudos abordam o tema na ótica do consumidor, ou seja, pesquisas que tratam da percepção dos consumidores em relação ao comportamento socialmente responsável das empresas, se eles valorizam isso de fato e se isso influencia a sua intenção de compra de determinado produto (CARRIGAN e ATTALLA, 2001; MOHR et al., 2001; SEN e BHATTACHARYA, 2001; URDAN, 2001; AUGER et al., 2003; MAIGNAN e FERRELL, 2003; MOTTA e ROSSI, 2003; MRTVI, 2003; LICHTENSTEIN et 17 al., 2004; VOLPON e CRUZ, 2004; CHERRIER, 2005; KIM e CHOI, 2005; MEIJER e SCHUYT, 2005; ROMANIELLO e AMÂNCIO, 2005; BECKEROLSEN et al., 2006; SERPA e AVILA, 2006; SERPA e AVILA, 2006; CASTRO el al, 2007; NAN e HEO, 2007; SERPA e FOURNEAU, 2007; CHAN et al., 2008; SINGH et al., 2008); alguns focam produtos socialmente responsáveis (PUJARI et al., 2003; FULLER e OTTMAN, 2004). Outros estudos abordam o tema sob a ótica da própria empresa (BANSAL e ROTH, 2000; KÄRNÄ et al., 2003; ARAMBURÚ e ANTUNES, 2004; MAGALHÃES et al., 2005; CAJAZEIRA e BARBIERI, 2006; CARRIERI et al., 2006; DAHER et al., 2007; SOUSA FILHO e WANDERLEY, 2007; ROCHA et al., 2008). Outros, finalmente, abordam o tema da Responsabilidade Social na ótica de gestores e futuros gestores (CORDANO e FRIEZE, 2000; GREENING e TURBAN, 2000; RAMUS e STEGER, 2000; LUCE et al., 2001; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB SINGHAPAKDI et al., 2001; WATSON, 2001; OLIVEIRA e TEIXEIRA, 2003; JUWER, 2004; NASCIMENTO, 2005; SERPA, 2005; BARROS e TENÓRIO, 2007). Por conseguinte, o tema Responsabilidade Social vem sendo muito estudado mostrando que possui uma grande relevância na academia e na vida empresarial. Diante desse quadro, torna-se relevante saber se e como esse tema está sendo difundido e discutido em salas de aula da graduação em Administração. Sobretudo, é importante atentar para o que os alunos de graduação retiram desse ensino. É preciso saber se as instituições de ensino estão sendo capazes de formar profissionais aptos para a gestão da Responsabilidade Social, que conheçam os significados desse conceito, os debates que o cercam e suas implicações; que possam se tornar gestores éticos e socialmente responsáveis (MEDEIROS et al., 2007). O propósito deste trabalho surgiu da preocupação da autora em estudar a visão que os estudantes de Administração têm da Responsabilidade Social e do seu ensino nos cursos de graduação. 18 1.1. Objetivos do estudo Esta dissertação de mestrado tem como objetivo principal levantar, descrever e analisar a visão que os formandos em Administração possuem sobre a Responsabilidade Social e do seu ensino no curso de graduação. Portanto, a pergunta de pesquisa é: Qual a visão dos estudantes que se formam em Administração sobre o tema Responsabilidade Social e também a visão sobre como o tema é abordado no curso? Para responder à pergunta de pesquisa, foram elaborados objetivos intermediários julgados necessários para abranger toda a questão de pesquisa. Os objetivos intermediários são: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB • Efetuar uma revisão de literatura sobre o tema Responsabilidade Social Corporativa (sua origem e conceitos) e sobre a Responsabilidade Social no ensino em Administração. • Efetuar um levantamento em 5 faculdades de Administração das cidades do Rio de Janeiro e Niterói sobre a presença do tema nos programas de ensino, pesquisando a existência de disciplinas sobre o tema. • Efetuar uma pesquisa de campo junto aos formandos em Administração, investigando: a. Seu nível de interesse/preocupação com o tema; b. Os cursos/aulas que tiveram sobre o tema ao longo de sua formação; sua satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas; c. Sua visão de RSC; d. Questionamentos e dúvidas sobre RSC; e. Aplicações, na prática de suas atividades profissionais, da RSC; f. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre a RSC. 19 1.2. Relevância do estudo Do ponto de vista teórico, a importância deste estudo origina da necessidade de mais pesquisas sobre Responsabilidade Social, para melhor disseminar o conhecimento dentro desta área de pesquisa em Administração. O tema Responsabilidade Social está tendo muito destaque no meio acadêmico e empresarial, como pode ser evidenciado através do crescente número de publicações sobre o assunto e também pela criação da área temática “Gestão Social” no Congresso EnANPAD (MACÊDO e SOUZA, 2007). Portanto, é importante dar continuidade aos estudos sobre o tema. Sendo assim, a pesquisa contribuirá para os estudos existentes sobre Responsabilidade Social, buscando abordar um aspecto até o momento pouco pesquisado, que é o do ensino em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB administração sobre esse tema. Do ponto de visto prático, o estudo é também relevante, visto que o tema Responsabilidade Social vem sendo muito estudado e exercido pelas organizações e com isso, é importante saber se e como este tema está sendo difundido e discutido na sala de aula da graduação em Administração, já que este é o lugar onde se formam os futuros gestores. Algumas instituições de ensino dedicam espaço à RSC, em disciplinas, palestras, monografias, dissertações e outras atividades didáticas. Mas sabe-se pouco sobre o que vem sendo feito nessa área e sobre a contribuição dessas atividades. De acordo com Grit (2004), o administrador dos dias de hoje precisa ter um perfil que atenda à satisfação de diversos públicos ao mesmo tempo, como é o caso do administrador socialmente responsável. Kraft e Singhapakdi (1991) sublinham que as instituições de ensino de administração possuem um papel muito importante na formação de gestores socialmente responsáveis. É importante formar administradores que tenham isso em mente. Portanto, é preciso investigar a visão dos formandos sobre Responsabilidade Social: seus conhecimentos sobre o conceito, se possuem dúvidas sobre o assunto, que importância dão ao tema e como relacionam o que aprenderam sobre o assunto com suas primeiras experiências em seus ambientes de trabalho. 20 De acordo com Medeiros et al. (2007), para ajudar a evitar escândalos corporativos é necessária a formação de gestores éticos e socialmente responsáveis. Este trabalho visa contribuir para esse esforço por meio de uma melhor compreensão do que os estudantes em administração pensam sobre a Responsabilidade Social, sobre o que aprenderam a respeito desse tema em sala de aula e sobre suas perspectivas de aplicação dos conhecimentos adquiridos em sua vida profissional. 1.3. Delimitação do estudo O presente estudo está restrito à visão dos estudantes que se formam em Administração nas instituições de ensino superior. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB O público pesquisado foram estudantes de instituições do Rio de Janeiro que se formaram no 1º e 2º semestres de 2008 e estudantes que irão se formar no 1º semestre de 2009. Esse horizonte temporal da pesquisa é importante já que a presença do tema nas grades curriculares ainda é recente, ou seja, não dá para comparar estudantes formados há 5 anos com os de hoje, dado que provavelmente a exposição ao tema não foi a mesma. Além disso, o intuito foi focar estudantes que estão se formando em administração – e não profissionais de administração. O estudo não pretendeu avaliar a formação oferecida pelas instituições de ensino em termos de RSC. Embora tenham sido levantadas informações nos sites das faculdades e universidades sobre as disciplinas oferecidas, esses dados tiveram apenas um papel complementar, sendo utilizados para a elaboração do roteiro e como informação adicional na análise dos resultados. É importante ressaltar também que não foram realizadas entrevistas com membros do corpo docente e coordenadores das instituições de ensino. Em suma, o foco da pesquisa foi a visão dos estudantes sobre o tema RSC e seu ensino em administração. 1.4. Organização do estudo A presente pesquisa está organizada em seis capítulos. Neste primeiro capítulo, está apresentada uma introdução, ou seja, uma contextualização do 21 assunto, junto com os objetivos, a relevância e a delimitação do estudo nesta dissertação de mestrado. O segundo capítulo refere-se ao referencial teórico, onde é feita uma ampla revisão da literatura sobre o tema Responsabilidade Social, mostrando a evolução do seu conceito, as principais definições e estudos feitos acerca deste tema. Dessa forma, será dado um panorama sobre o que é esse tema e o que ele aborda. Também é feita uma revisão sobre o ensino de Administração e a Responsabilidade Social. Em seguida é mostrado o posicionamento teórico, ou seja, quais conceitos são assumidos pela autora desta dissertação. O terceiro capítulo diz respeito à metodologia adotada pela presente pesquisa. Nesta etapa, serão mostrados: o tipo de pesquisa feito e suas características, como os dados foram coletados e tratados e quais são as limitações do método adotado na dissertação. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB O quarto capítulo apresenta a análise das entrevistas realizadas com o público da pesquisa, mostrando os resultados e discussão, ou seja, se refere à análise e interpretação das entrevistas, elaborando as principais evidências encontradas na pesquisa. E finalmente, o quinto capítulo traz as considerações finais do presente estudo e algumas sugestões para futuras pesquisas nesta área. 2 Referencial teórico Esta seção irá apresentar a Revisão da Literatura da presente dissertação. 2.1. Revisão da literatura Esta seção será apresentada da seguinte forma: primeiramente será falado sobre a Responsabilidade Social Corporativa. Serão abordados: a sua origem, os seus conceitos e algumas considerações sobre o tema. Em seguida será falado PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB sobre o Ensino em Administração e a Responsabilidade Social. A Revisão da Literatura foi feita através de pesquisa aos principais periódicos nacionais de Administração, com conceito A pela CAPES. Também foram pesquisados os anais dos EnANPADs e outros Congressos da ANPAD. Também foram pesquisados 19 periódicos internacionais, dentre eles os que possuem maior JCR – Journal Citation Reports. O levantamento dos artigos cobriu um período um pouco maior que 10 anos, ou seja, de 1998 até metade de 2008. Após a leitura de todos os artigos levantados sobre o tema, foram também pesquisados os artigos que interessavam e se encontravam na referência bibliográfica dos mesmos. 2.1.1. Responsabilidade social corporativa (RSC) Esta seção irá abordar sobre o tema Responsabilidade Social Corporativa (RSC). 2.1.1.1. Origem No início do século de 1900, já começava a se tratar de questões envolvendo práticas sociais. 23 Segundo com Ashley et al. (2000), no ano de 1919, esse tema veio à tona através do caso Dodge e Ford. Henry Ford, que era o presidente e acionista majoritário da Ford, se via na autoridade de tomar decisões que não estavam de acordo com as opiniões de alguns acionistas da Ford, os chamados John e Horace Dodge. Henry Ford realizou objetivos sociais, não distribuindo parte dos dividendos para, assim, reinvestir na própria Ford através de aumento de salários, investimentos na capacidade de produção e como fundo de reserva, pois havia tido redução no preço dos carros. Os acionistas John e Horace Dodge não concordaram com a idéia de não receber todos os dividendos por eles esperados e resolveram entrar na justiça. O resultado do julgamento foi a favor de John e Horace Dodge, com a justificativa de que o objetivo maior de uma empresa é maximizar os lucros dos acionistas. Dessa forma, o presidente Henry Ford só poderia ter flexibilidade em suas decisões se fossem com o objetivo de beneficiar PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB os acionistas. Porém, foi dito que a filantropia e o investimento na imagem da empresa para conquistar consumidores poderiam ser realizados, se viessem a maximizar os lucros para os acionistas. De acordo com Carroll (1999), a discussão sobre RSC foi iniciada com Howard R. Bowen, quando ele publicou um livro sobre os negócios e a responsabilidade social.A definição usada para o termo foi “obrigação dos homens de negócios de adotar diretrizes, decisões e linhas de ações desejáveis no âmbito dos objetivos e valores de nossa sociedade” (CARROLL, 1999, p. 269). Essa publicação ocorreu em 1953. Portanto, a partir de 1950, a questão da RSC passou a ser discutida e ganhar importância nos negócios. Posteriormente, nas décadas de 1960 e 1970, essa discussão foi disseminada por diversos países. Começaram a ser discutidos também os problemas de proteção ambiental, os direitos das mulheres e os problemas que o capitalismo gerava, pois não era capaz de atender às necessidades dos indivíduos de forma equilibrada, gerando desigualdades sociais (SCHOMMER e ROCHA, 2007). Segundo Schommer e Rocha (2007), foi a partir da década de 1980 que o debate a respeito da RSC ganhou novos destaques, por causa de fatores como: avanço da globalização, privatização de empresas estatais, flexibilização da produção. Com esses acontecimentos, os debates foram sendo feitos para analisar o papel de cada ator para o equilíbrio entre dimensões econômicas, sociais e ambientais. Faria e Sauerbronn (2008) também relatam sobre os motivos das 24 discussões da RSC como sendo a globalização acelerada, o crescente poder político e econômico das grandes empresas e os grandes escândalos corporativos. Melo Neto e Froes (2001) também apontam que uma das origens foi a globalização, já que ela trouxe concentração de poder econômico nas multinacionais e exclusão social. Com a concentração do poder econômico nas multinacionais, passa-se a cobrar das empresas uma postura socialmente responsável. A partir da década de 1990, as empresas começaram a se envolver nas práticas socialmente responsáveis, pensando em questões estratégicas (SCHOMMER e ROCHA, 2007). Observa-se que houve transformação no conceito de RSC, passando de uma visão meramente filantrópica, para uma incorporação da RSC na estratégia empresarial (SERPA e AVILA, 2006). Bowen (2007) também fala que as empresas passaram a adotar a RSC como sendo parte PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB da estratégia da empresa, alocando recursos estrategicamente para atingir objetivos sociais de longo prazo e vantagem competitiva. De acordo com Drucker (1995) essas discussões vieram à tona devido à ineficiência do Governo em cumprir suas atividades. Schroeder e Schroeder (2004) e Burton e Hegarty (1999), assim como Drucker (1995), relataram a ineficiência do Estado. Segundo Melo Neto e Froes (2001), as ações sociais do governo no Brasil possuem problemas como a falta de integração, a falta de foco e problemas no planejamento, implantação e gerenciamento das políticas sociais. Ou seja, existe uma má qualidade dos gastos, que são na maioria das vezes de caráter assistencialista. Porém, apesar da ineficiência, o Estado continua tendo um papel importantíssimo para a RSC (CAMPANHOL e BREDA, 2005; MORETTI e FIGUEIREDO, 2007), apesar de agora as empresas também terem atribuições para com a sociedade. Além disso, Drucker (1997) também afirma que as organizações devem praticar a RSC, já que elas precisam ter princípios morais, éticos e respeitar os conceitos de cidadania. Para Ventura (2003), essas discussões vieram à tona devido às críticas sobre como as empresas se relacionam com a sociedade. A autora explica que as empresas retiram da sociedade seus lucros e em troca podem até causar-lhe danos. Essa situação acabou trazendo à tona essas discussões e uma sociedade mais 25 rigorosa em relação às empresas exigindo práticas responsáveis. Collier e Wanderley (2004) também chamam a atenção para essas discussões, apontando que as empresas são agentes globais de mudança e suas ações não são somente econômicas; por isso é necessário que as empresas assumam as responsabilidades pelos impactos de suas ações para se comprometerem com um futuro sustentável e próspero para a economia global. Ou seja, essas discussões são a respeito do novo contexto do capitalismo. Passador et al. (2005) também afirmam que a sociedade não está mais tolerante a situações antiéticas, sendo então mais rigorosa com as empresas. Com isso, foram criados institutos para lidar com esse tema, certificações na área social, balanços sociais, dentre outras formas de tornar a prática da RSC mais difundida. No Brasil, a RSC tem suas origens em 1960. Em 1984, a empresa Nitrofértil publicou o primeiro Balanço Social e em 1997, houve a campanha do sociólogo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Herbet de Souza, o Betinho, para incentivar a aproximação das empresas com as questões sociais (CALIXTO, 2007). Betinho fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE – para se dedicar à democratização das informações sociais das empresas brasileiras (BONATTO et al., 2007). Mas, de acordo com Dufloth e Bellumat (2005), outros fatores também motivaram o início das discussões da RSC no Brasil, dentre eles o fortalecimento dos movimentos sociais, a desigualdade social intensa, a globalização, a mudança de postura da sociedade se tratando de problemas sociais, ineficiência do Governo e maior participação da sociedade em busca de uma qualidade de vida. Ashley (2002) ainda acrescenta outros fatores, como a velocidade das inovações tecnológicas e da informação que impõem às empresas uma nova maneira de realizar os negócios. Margolis e Walsh (2003) também citam a grande desigualdade social que há no mundo e acrescentam problemas como: mortalidade infantil, poluição, analfabetismo e desnutrição. Bowie (1991) cita fatores como uso de drogas, péssima qualidade do ensino público, o declínio dos valores éticos no trabalho e a instabilidade familiar. Também é destaque a questão de que a percepção dos brasileiros é de que o Governo não é capaz de prover sozinho as condições necessárias para uma boa qualidade de vida da população (GRIESSE, 2007). Com essa nova realidade, as empresas passaram a investir também nas questões sociais e ambientais (ASHLEY, 2002). 26 À medida que iam surgindo os debates a respeito da RSC, duas visões se destacavam. Uma visão era a visão clássica, que é uma visão estritamente econômica. Defendida por Milton Friedman, que foi Prêmio Nobel de Economia, ele afirmava que a empresa socialmente responsável é aquela que dá lucro para seus acionistas. Ou seja, o objetivo das organizações é maximizar os lucros e riqueza dos acionistas, obedecendo às suas obrigações legais. Para Milton Friedman, quem deve tratar das questões sociais do mundo é o Governo (LANTOS, 2001; FERRELL et al., 2001; HUSTED e SALAZAR, 2006; SERPA e AVILA, 2006). Ou seja, a empresa não deve se engajar em ações sociais voluntariamente (WINDSOR, 2006). Vale ressaltar que a visão econômica clássica leva em conta as dimensões legal, ética e econômica, deixando de lado a dimensão filantrópica (CARROLL, 1991). De acordo com Marrewijk (2003), a visão econômica pode ser denominada de abordagem do acionista ou shareholder PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB approach. Freeman e Liedtka (1991) fizeram um artigo concordando com a visão de Friedman de que a RSC deve ser abandonada. Em 2001, o The Economist se posicionou a favor da visão clássica econômica de Milton Friedman, abordando que a adoção de práticas sociais das empresas pode ser dispendiosa e desnecessária (RODRIGUES, 2005). Heugens e Dentchev (2007) também falam que há alguns riscos que a empresa pode enfrentar ao se engajar na RSC, como a diluição da atenção dos gestores e o gasto de dinheiro não-produtivo. Porém, muitos autores discordam dessa visão (SCHAEFER, 2008). A outra visão que se destacava era contrária às idéias de Milton Friedman. É a chamada visão sócio-econômica que aborda que as organizações devem incluir em suas atividades a promoção do bem estar social. De acordo com a visão sócioeconômica, as atividades das organizações alcançam um universo de agentes maior do que somente os acionistas, ou seja, as empresas impactam também outros agentes da sociedade (FERRELL et al., 2001; SERPA e AVILA, 2006). Para Xavier e Souza (2004), a visão sócio-econômica traz uma responsabilidade proativa e seu percursor foi Andew Carnegie, que publicou um livro apresentando os princípios da RSC. Logo, para a visão sócio-econômica, as empresas possuem, além da visão econômica, obrigações para com a sociedade (CASTRO et al., 2007). Para Marrewijk (2003), a visão sócio-econômica pode ser denominada de abordagem dos stakeholders. 27 Dentre essas duas visões que emergiram, a que predomina nos estudos acadêmicos em muitos países é a visão sócio-econômica (BROWN e DANCIN, 1997; ELLEN et al., 2000), inclusive no Brasil (XAVIER e SOUZA, 2004). E as práticas de RSC podem variar entre países (CHAPPLE e MOON, 2005; ANTAL e SOBCZAK, 2007). A presente dissertação também adota essa visão sócioeconômica como a visão de RSC. 2.1.1.2. Conceito Existem inúmeras definições sobre o que é RSC, o que mostra que ainda é um conceito em construção, o que vem provocando discussões e reflexões sobre o assunto (ASHLEY, 2002; HIGUCHI e VIEIRA, 2007). Para Matten e Moon PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB (2008), essas definições podem variar de país para país. Pereira e Campos Filho (2006) fizeram uma pesquisa e viram que há 4 modelos de RSC que possuem grande representatividade nas publicações acadêmicas. Os principais modelos selecionados foram o de Carroll (1991), Wood (1991), Enderle e Tavis (1998) e Quazi e O’Brien (2000). Carroll (1991) definiu RSC através da elaboração de um modelo, chamado de a pirâmide da RSC, que pode ser vista na Figura 1. Figura 1: Pirâmide da RSC de Carroll (1991) Filantrópica Ética Legal Econômica Fonte: Carroll (1991) Ser um bom cidadão corporativo Ser ético Cumprir as leis Ser lucrativa 28 Como pode ser visto na Figura 1, para Carroll (1991), a RSC é composta por quatro componentes: econômico, legal, ético e filantrópico. Para uma empresa ser socialmente responsável, ela precisa atender a esses componentes. O componente econômico é a base da pirâmide e diz respeito às seguintes responsabilidades: ter um desempenho consistente maximizando os ganhos, estar comprometido com a lucratividade, manter uma posição competitiva, manter alto nível de eficiência operacional e ter lucros consistentes. O componente legal diz respeito às seguintes responsabilidades: ter um desempenho levando em consideração as leis, cumprir regulamentos federais, estaduais e locais, ser uma empresa cidadã que respeita as leis, cumprir suas obrigações legais, fornecer bens e serviços que, pelo menos, satisfaçam os requisitos legais mínimos. O componente ético diz respeito aos seguintes componentes: ter um PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB desempenho consistente com as expectativas morais e éticas da sociedade, reconhecer e respeitar novas ou atuais normas éticas e morais adotadas pela sociedade, fazer o que é esperado moralmente e eticamente, reconhecer que a integridade e o comportamento ético da organização vão além do mero cumprimento das leis e regulamentos. O componente filantrópico diz respeito às seguintes responsabilidades: ter desempenho de forma coerente com as expectativas de caridade e filantropia da sociedade, ter práticas voluntárias com a comunidade local, prover assistência a instituições de ensino, assistir voluntariamente projetos que contribuam para a qualidade de vida da comunidade, ou seja, contribuir com recursos para a comunidade para melhorar seu bem-estar. Os autores Ferrell et al. (2001) também consideram essas quatro dimensões como sendo as dimensões da RSC. Esses autores também consideram que a RSC ocorre quando a empresa busca maximizar os efeitos positivos e minimizar os efeitos negativos gerados por ela para a sociedade. Já o modelo de Wood (1991) aborda a RSC sob a ótica do desempenho social e possui três dimensões, como pode ser visto no Quadro 1. 29 Quadro 1: Modelo de Wood (1991) Modelo de Wood (1991) Dimensão 1: Princípios de RSC Legitimidade: Princípio institucional Responsabilidade pública: Princípio organizacional Arbítrio dos executivos: Princípio individual Dimensão 2: Processos de responsividade social corporativa Avaliação do ambiente Gerenciamento dos stakeholders Gerenciamento das questões Dimensão 3: Resultados das ações de responsabilidade social Impactos sociais (interno e externo) Programas sociais Políticas sociais Fonte: Wood (1991) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB A dimensão 1 abrange os princípios da RSC. O princípio de legitimidade diz respeito à valorização da organização pela sociedade, o que traz para a empresa poder. O princípio de responsabilidade pública diz respeito à responsabilidade que a empresa tem sobre seus outcomes. O princípio do arbítrio dos executivos se refere à moral dos executivos. A dimensão 2 abrange os processos de responsividade social corporativa. O primeiro processo é o da avaliação do ambiente, que diz respeito à avaliação do ambiente para estar sempre se adaptando às mudanças que ocorrem. O segundo processo é o de gerenciamento dos stakeholders, que se refere a atender aos diferentes públicos com que a empresa se relaciona, tanto internamente quanto externamente. O terceiro processo é o gerenciamento das questões; significa gerenciar os processos internos e externos da empresa para evitar “surpresas”. A dimensão 3 abrange os resultados das ações de RSC. O primeiro resultado são os impactos sociais que diz respeito aos impactos que a organização pode prover para a sociedade. A empresa precisa ficar atenta aos impactos, principalmente se eles forem negativos. O segundo resultado diz respeito aos programas sociais que são os programas que a empresa pode investir recursos para alcançar resultados específicos. O terceiro resultado se refere às políticas sociais, que diz respeito ao estabelecimento de uma política social para institucionalizar os processos socialmente responsáveis. 30 Já o modelo de Enderle e Tavis (1998) considera a RSC tendo as dimensões econômica, social e ambiental. A dimensão econômica diz respeito a maximizar lucros, ter produtividade, ser leal aos competidores, levar em conta os funcionários, servir clientes, preservar a riqueza dos acionistas e respeitas fornecedores. A dimensão social se refere ao cumprimento de leis, respeitar patrimônio cultural, ter uma vida cultural e política, engajar em ações sociais filantrópicas e iniciativas educacionais. A dimensão ambiental se refere ao comprometimento com o desenvolvimento sustentável, consumindo menos recursos naturais, por exemplo. Os autores também consideram a relação das organizações com seus stakeholders, mostrando que a RSC está associada não só aos acionistas, e sim a um grupo muito maior de envolvidos. Para Henriques e Sadorsky (1999), os stakeholders são: governo, associações comerciais, funcionários, consumidores, acionistas, fornecedores, a comunidade e os meios de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB comunicação em massa. Para Souza et al. (2003), os stakeholders são: acionistas, fornecedores, consumidores, sociedade, comunidade local, governo, empregados e dependentes, concorrentes e o meio ambiente. Maignan et al. (2005) cita como sendo os stakeholders: funcionários, consumidores, investidores, fornecedores, comunidade, grupos ambientais. A noção de stakeholders começou com Freeman (apud JAMALI, 2008) na década de 1980. Além das três dimensões do modelo de Enderle e Tavis (1998), os autores também propõem que as empresas podem estar em diferentes estágios, chamados de três níveis éticos. O nível 1 é quando a empresa cumpre os mínimos requisitos éticos, sendo o maior objetivo o de maximização do lucro. O nível 2 é quando a organização possui compromissos além do objetivo econômico, como exemplo sendo a empresa provedora do bem-estar social. Nessa fase ela tem uma reação reativa às demandas sociais. O nível 3 é quando a empresa aspira a ideais éticos, sendo pró-ativa às demandas sociais. Para os autores, as empresas podem ter suas ações de RSC variadas, de acordo com a sua missão. Como a missão das empresas varia de uma para a outra, cada uma deve achar o seu equilíbrio para ser socialmente responsável. Por exemplo, umas empresas podem ter mais investimentos na dimensão social, outras, mais investimentos na dimensão ambiental, dependendo dos objetivos de cada empresa. Drucker (2001) também ressalta essa idéia dizendo que se as 31 empresas se dedicarem a ações além de sua especialização, elas poderão até se prejudicar. Já Quazi e O´Brien (2000) propõem um modelo de RSC que pode ser visto na Figura 2. Figura 2- Modelo de Quazi e O’Brien (2000) Benefícios de ações de RSC Visão Moderna Visão Sócioeconômica Responsabilidade Restrita Responsabilidade Ampla PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Visão Filantrópica Visão Clássica Custos de ações de RSC Fonte: Quazi e O’Brien (2000) Para os autores as ações de RSC podem ser amplas ou restritas. São amplas quando se tratam de um envolvimento em atividades além da visão clássica e econômica. São restritas quando se tratam somente de uma visão de maximização de lucros. O modelo possui quatro quadrantes: visão clássica, visão sócioeconômica, visão filantrópica e visão moderna. A visão clássica diz respeito à maximização dos lucros para os acionistas. Ela enxerga ações sociais como sendo custos para a organização. A visão sócioeconômica aceita um pouco de RSC que pode trazer benefícios para a organização, como exemplo, construir bom relacionamento com clientes e fornecedores. A visão filantrópica diz respeito à participação em ações de caridade como resultado de sentimentos éticos e altruístas de fazer o bem para a sociedade. A visão moderna fala que ações de RSC geram benefícios para a empresa no curto prazo e no longo prazo e também inclui que a empresa precisa estar atenta aos stakeholders. Esse modelo dos autores permite ver em que nível a determinada empresa está, ou seja, em qual quadrante ela se encontra. 32 Sen e Bhattacharya (2001) também levam em conta que os conceitos de responsabilidade social corporativa podem variar desde aqueles estritamente econômicos, como no caso a visão econômica, até o caso das empresas socialmente pró-ativas, que seria a visão moderna. Posteriormente, Pereira e Campos Filho (2007) fizeram uma proposta de um modelo de RSC baseado nos modelos de Carroll (1991), Wood (1991), Enderle e Tavis (1998) e Quazi e O’Brien (2000). O modelo possui três dimensões: a econômica, a institucional e a ética. A dimensão econômica diz respeito à maximização dos lucros para os acionistas, obedecendo às leis e visando a sustentabilidade dos negócios. A dimensão institucional corresponde a ações sociais e responsabilidade sobre tomadas de decisão, que podem beneficiar os envolvidos e a empresa. A dimensão ética se refere às obrigações éticas das organizações, ter padrões e ideais éticos. Portanto, é importante ressaltar que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB obedecer às leis e ter lucros não é mais suficiente. É preciso fazer mais para ser uma empresa socialmente responsável. Jamali e Mirshak (2007) também fizeram uma proposta de um novo modelo, baseando-se nos modelos de Carroll (1991) e Wood (1991). O novo modelo proposto diz que a RSC possui quatro dimensões: econômica, ética, legal e filantrópica, conforme Carroll (1991). Cada uma dessas dimensões possui os princípios da RSC, os processos de responsividade e resultados das ações de RSC, conforme proposto por Wood (1991). Há muitos outros conceitos de RSC, além desses modelos já descritos. Os autores Maignan e Ferrell (2004) consideram a RSC tendo múltiplas abordagens. São elas: obrigação social (linhas de ação coerentes com a missão e valores da empresa), obrigação para com os stakeholders (aqueles que estão direta ou indiretamente ligados à empresa), ética (ações movidas pela ética) e processo gerencial (gerenciamento necessário para o negócio). Para os autores Mohr et al. (2001), a RSC é um comprometimento da empresa em reduzir ou eliminar os impactos negativos e aumentar os impactos positivos, ou seja, aumentar os benefícios para a sociedade a longo prazo. Os autores dão exemplos de como as empresas podem atuar de forma socialmente responsável: obedecendo a leis e normas éticas, tratando bem seus funcionários, protegendo o meio ambiente e contribuindo com caridades. 33 McWilliams e Siegel (2001), ao definirem a RSC, falam que as empresas devem tratar as decisões de RSC como elas tratam as outras decisões de investimento. E definem a RSC como sendo as ações sociais, que vão além dos interesses da organização e do que é exigido pela lei. Ou seja, para os autores, isso significa ir além da obediência à lei. Portanto, uma empresa que não discrimina a mulher, por exemplo, não pode se dizer socialmente responsável, pois ela está apenas cumprindo a lei. Bakker et al. (2005) e Wadman et al. (2006) também seguem a definição de McWilliams e Siegel (2001). Daft (1999) também segue a linha de McWilliams e Siegel (2001) e diz que a RSC não se restringe exclusivamente à geração de lucro e riqueza. É preciso que as organizações desdobrem suas ações no âmbito social, para dessa forma contribuir para a qualidade de vida da sociedade e da própria organização. Frederick (1994) também baseiam a sua definição de RSC no âmbito de que as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB empresas devem trabalhar de forma a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da sociedade. Já para Macedo-Soares e Coutinho (2002), a RSC diz respeito à atuação da empresa levando em consideração os públicos interno e externo. Atuando dessa forma, a empresa poderá ter uma fonte de vantagem competitiva. McAlister e Ferrell (2002) falam que a empresa deve ter uma sinergia no uso de suas competências organizacionais e seus recursos para alcançar os interesses dos stakeholders e alcançar ambos os benefícios para a organização e sociedade. Os autores consideram que as ações sociais fazem parte da estratégia da organização. Melo Neto e Froes (2001) dizem que a RSC pode ter de 3 estágios: interno (prezando a saúde e segurança dos empregados, a qualidade do ambiente da empresa, educação dos funcionários, benefícios aos familiares, ou seja, foco nos funcionários), externo (ações responsáveis pelo meio ambiente, sociedade – comunidade ao redor – e consumidores) e o terceiro estágio diz respeito a uma RSC sendo a empresa uma empresa cidadã, provendo o bem estar da sociedade, o desenvolvimento social da comunidade e promovendo ações sociais, ou seja, ultrapassa a visão somente da comunidade local. Um exemplo seria a criação de uma escola. Para os autores a empresa é cidadã quando realiza ações internas e externas de responsabilidade social, atuando para atenuar as carências da sociedade. Mohr e Webb (2005) também falam dessa terceira dimensão onde a 34 empresa realiza ações voltadas para o ambiente, como exemplo ações de preservação ambiental. Além disso, Melo Neto e Froes (2001) chamam a atenção para que não se confunda a filantropia com a RSC. A filantropia é apenas uma dimensão da RSC. A RSC é mais do que uma simples filantropia, pois diz respeito a uma consciência social e não somente a uma caridade. A RSC requer ações planejadas e estratégicas (DUFLOTH e BELLUMAT, 2005). Passador (2002), assim como Melo Neto e Froes (2001) fala que não adianta a empresa somente financiar projetos filantrópicos, é preciso ter uma atitude global, socialmente responsável e ética em todas as suas relações. Melo Neto e Froes (1999) também ressaltam que as empresas que possuem bom desempenho nas dimensões sociais, ambientais e econômicas, estarão contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país que atuam. E que as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB empresas devem ter um comportamento ético junto aos stakeholders: parceiros, sociedade global, comunidade, governo, consumidores, meio ambiente e concorrentes (MELO NETO e FROES, 2001). Eles também acrescentam que a RSC exige a prática de ações sistematizadas e periódicas, não ações pontuais. Deve haver um gerenciamento das empresas em relação às práticas da RSC e ela deve ser uma ação estratégica, que pode obter retornos econômicos, tributários e até institucional (MELO NETO e FROES, 2001). De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, a RSC é: “a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais”. E os negócios se desenvolvem melhor quando são feitos de forma socialmente responsável, pois a sociedade fica mais saudável, melhor desenvolvida (BRONN e VRIONI, 2001). Para o Instituto Ethos, não adianta uma empresa pagar propina, dar salários ruins para os empregados e ao mesmo tempo desenvolver programas com a comunidade local. A empresa precisa ser socialmente responsável internamente e externamente. E acima de tudo, ela precisa ser ética. 35 Para Srour (1998), a empresa socialmente responsável deve realizar ações para contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Essas ações podem ser projetos que aumentem o bem estar, que contribuam para a preservação do meio ambiente, que melhorem o ambiente de trabalho para os funcionários, e também podem ser investimentos em tecnologia para melhorar processos e produtos para assim satisfazer seus clientes. Buchholz (1991) define a RSC, como tendo alguns elementos principais: as empresas possuem responsabilidades que estão além de obter lucro. Essas responsabilidades envolvem ajudar a resolver problemas sociais que a própria empresa ajudou a criar; as empresas se relacionam com mais atores do que somente com os investidores e as empresas causam impactos que vão além de suas simples transações; as empresas devem ter valores que vão além de somente ter valores econômicos. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Segundo Souza et al. (2003), a RSC se refere às práticas que a empresa tem para manter o equilíbrio social e preservar os valores do meio ambiente e sociedade. Esses compromissos podem ser compulsórios, através de regulamentos, ou ser compromissos referentes aos valores da empresa, interferindo no bem estar da sociedade, de forma ética e ambientalmente correta. Para Fuentes-García et al. (2008), as ações de RSC são aquelas que incluem atividades sociais e ambientais que vão além dos interesses meramente econômicos e que quebram com a imagem de que a empresa foca somente na geração de valor para os acionistas. Lockett et al. (2006) fizeram uma pesquisa sobre a produção científica na área da RSC e os autores consideraram que a RSC possui quatro dimensões: ética nos negócios, responsabilidade ambiental, responsabilidade social e responsabilidade para com os stakeholders. De acordo com Ashley (2002, p. 6), a RSC é definida da seguinte forma: “compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”. 36 A autora ainda cita os autores Melo Neto e Froes (1999) ao dizer que a RSC engloba o público interno e externo (atuando nas duas vertentes, a empresa será uma empresa cidadã) e cita também que a RSC possui sete vetores: • Vetor 1: Apoio ao desenvolvimento da comunidade na qual atua • Vetor 2: Preservação do meio ambiente • Vetor 3: Investimento no bem-estar dos funcionários e dependentes e em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB um ambiente de trabalho agradável • Vetor 4: Comunicações transparentes • Vetor 5: Retorno aos acionistas • Vetor 6: Sinergia com os parceiros • Vetor 7: Satisfação de clientes e consumidores Para Ashley (2002) a RSC é vista hoje como algo incorporado à estratégia da empresa e é fundamental para incrementar os lucros e o desenvolvimento da empresa. Portanto, a RSC alia a estratégia a ações sociais para garantir o lucro e também a satisfação dos clientes e sociedade. De acordo com Gonçalves (1984) o ideal é que as empresas maximizem seu resultado econômico e social, sendo assim ela atua nesses dois campos de forma a ter um bom desempenho. Como pôde ser visto há inúmeras definições sobre o que é RSC, o que mostra que ainda é um conceito em construção, o que vem provocando discussões e reflexões sobre o assunto (ASHLEY et al., 2000; ASHLEY, 2002; BAKKER et al., 2005; ASHLEY et al., 2006; MCWILLIAMS et al., 2006). Para Pereira e Campos Filho (2006), essas divergências entre conceitos são amplas e só há um consenso quando se trata do assunto de que as empresas deveriam ser socialmente responsáveis. 2.1.1.3. Síntese dos principais conceitos de RSC Esta seção mostra uma síntese dos principais conceitos de RSC e estes são os conceitos em que esta dissertação se baseia. Foram escolhidos os quatro conceitos de autores internacionais que, segundo Pereira e Campos Filho (2006), 37 são os mais citados. Também foram escolhidos dois conceitos de autores nacionais, pois são conceitos muito citados em artigos brasileiros. Os autores internacionais são: Carroll (1991), Wood (1991), Enderle e Tavis (1998) e Quazi e O´Brien (2000). Os autores nacionais são: Melo Neto e Froes (1999), Melo Neto e Froes (2001) e Ashley (2002). Tabela 1: Síntese dos conceitos de RSC PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Autores: Principais pontos dos conceitos de RSC Melo Neto e • Engloba o público interno e externo Froes (1999) e • Dimensões sociais, ambientais e econômicas Melo Neto e • Ética Froes (2001) • Filantropia não é o bastante; ações continuadas • RSC deve fazer parte da estratégia da empresa • Atender aos stakeholders • Dimensões sociais, ambientais e econômicas • Contribuição para melhoria da qualidade de vida da Ashley (2002) sociedade • Apoio ao desenvolvimento da comunidade em que atua • Engloba o público interno (funcionários dependentes) • Transparência • Sinergia com os parceiros • Satisfação de clientes e consumidores • Atender aos stakeholders Carroll (1991) • Dimensões: econômica, legal, ética e filantrópica Wood (1991) • Atender aos stakeholders • Moral dos executivos • Preocupação com os impactos da empresa • Programas sociais • Políticas sociais na empresa • Valorização da organização pela sociedade • Dimensões: econômica, social e ambiental • Atender aos stakeholders Enderle Tavis (1998) e e 38 • Existência de diferentes estágios para prática da RSC (três estágios) • Os investimentos em RSC variam e dependem dos objetivos de cada empresa • Visão clássica: maximização dos lucros O´Brien • Visão sócio-econômica: só um pouco de RSC (2000) • Visão filantrópica: ações altruístas para o bem estar da Quazi e sociedade • Visão moderna: atender aos stakeholders; RSC gera benefícios para a empresa PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 2.1.1.4. A RSC no Brasil O tema RSC vem sendo muito discutido tanto na academia quanto no meio empresarial. Muitos estudos têm sido feitos para analisar os impactos da RSC no mundo, analisar as vantagens da RSC, dentre outros fatores. Bonatto et al. (2007) citam uma pesquisa realizada pela IBM, que mostrou como resultado que 75% das pessoas entrevistadas disseram que uma empresa socialmente responsável atrai e retém talentos. Outra pesquisa, desta vez feita por outra empresa, revelou que 83% dos estudantes de MBA (que trabalham) escolheriam uma empresa que tivesse maior nível de RSC e 50% desses estudantes relataram que trabalhariam numa empresa socialmente responsável por um salário um pouco inferior. Por outro lado, há pesquisas que mostram o contrário. Um estudo feito com estudantes de graduação mostrou que seu comportamento em relação à RSC é ambíguo e contraditório. O estudo alertou para a necessidade de inserir o tema na graduação (MEDEIROS et al., 2007). E também, estudos apontam que os atuais gestores valorizam mais a RSC que os alunos da graduação, que serão futuros gestores (SERPA, 2005). Pode ser que os estudantes por não terem muito contato com o tema RSC não saibam da sua importância no mundo dos negócios e quando se tornam trabalhadores nas empresas, passem a valorizar o tema. Xavier et al. (2006) também chamaram essa atenção para o ensino da ética nas universidades. Weaver et al. (1999) também abordam a importância de se ter gestores éticos para 39 atuar nas empresas. Os autores falam que os gestores são fundamentais na integração da empresa com atividades responsáveis. Há também pesquisas com empresas, mostrando a importância que elas dão à atuação social, como é o exemplo da pesquisa realizada pelo Serviço Nacional do Comércio (Senac) de São Paulo, que mostrou que as principais razões para o investimento em RSC das empresas se devem à consciência e cidadania empresarial, à visão e missão do negócio e o sentimento de que a organização é uma extensão da comunidade, sendo capaz de impactar sua qualidade de vida. Esta pesquisa também revelou que quase metade das empresas pesquisadas realiza investimentos em ações sociais com parcerias, como escolas e instituições sociais (ASHLEY, 2002). Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que de 782 mil empresas no Brasil, 462 mil investem de alguma forma na PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB área social, sendo que este investimento nas ações sociais é feito habitualmente por dois terços destas organizações (BORINI, 2004). Outra pesquisa feita pelo IPEA mostrou que 67% das empresas que estão na região sudeste do país praticaram ações sociais em 1998 nas áreas da saúde, educação e lazer. Também foi observado que há uma relação entre a prática social e o tamanho das empresas, pois 62% eram microempresas, 76% eram pequenas empresas, 75% eram médias empresas e 95% eram grandes empresas (PASSADOR, 2002). A pesquisa também evidenciou que 49% das grandes empresas da região sudeste têm intenção de aumentar as suas ações sociais (TENÓRIO, 2006). Uma outra pesquisa realizada pela Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil mostrou que as ações sociais das empresas são destinadas principalmente para as áreas de educação, saúde, meio ambiente, cultura e qualificação profissional, respectivamente (MELO NETO e FROES, 2001). Além desses estudos que mostram o crescimento das empresas brasileiras na prática da RSC, outros fatores também podem evidenciar essa valorização da RSC no país. Um exemplo é a criação de diversas instituições, fundações e organizações com objetivo de debater e implementar projetos de RSC (ASHLEY, 2002). Um dos institutos criados foi o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, fundado em 1998 (BERNARDO et al., 2005). Segundo Costa e Carvalho (2004), o Instituto Ethos é uma associação de empresas do setor privado com interesse no 40 desenvolvimento de práticas de RSC. A missão do Instituto Ethos é disseminar as práticas de RSC e auxiliar as organizações a incorporar o conceito de RSC, implementar práticas socialmente responsáveis, considerar os stakeholders, demonstrar aos acionistas os benefícios que as ações de RSC trazem para as empresas, fomentar parcerias para a prática da RSC e contribuir para o desenvolvimento do país, levando em conta os aspectos sociais, ambientais e econômico. Outro instituto criado foi a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos – ABRINQ – que foi formada em 1989 para defender os direitos das crianças e se engajar nas práticas sociais (GRIESSE, 2007). Este instituto foi criado por um grupo de empresários, cujo chairman era Oded Grajew, expresidente da Grow. Hoje, a ABRINQ é reconhecida internacionalmente por sua expertise em questões relacionadas a crianças e por seu empreendedorismo social. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB A ABRINQ já respondeu por necessidades de mais de um milhão de crianças de 1990 a 2003 e, hoje, ela possui 78 funcionários e mais de 100 parceiros (RAUFFLET e AMARAL, 2007). Outro fator que também pode evidenciar a valorização da RSC no Brasil é a publicação de relatórios sociais. Esses relatórios são instrumentos que divulgam as informações sociais das empresas. Para Snider et al. (2003), os relatórios são uma forma de você divulgar as informações sociais para os stakeholders. Não são obrigatórios no Brasil, contudo muitas empresas os estão publicando. Esses relatórios também têm sido amplamente divulgados em outros países (FORTANIER e KOLK, 2007). E estão sendo divulgados não só por grandes empresas, mas por pequenas empresas também (PARSA e KOUHY, 2008). Segundo Quaak et al. (2007), os relatórios são importantes para que a empresa tenha transparência. Alguns exemplos de instrumentos são: • Global Reporting Initiative (GRI): relatório de sustentabilidade que leva em conta os resultados sociais, econômicos e ambientais. Ele representa referência mundial. No Brasil, há empresas que utilizam esse relatório, como Petrobrás, Natura, CPFL, Souza Cruz, McDonald’s e Usiminas (RODRIGUES, 2005). 41 • Dow Jones Sustainability (DJSI): índice mundial de ações composto por empresas sustentáveis. As empresas são selecionadas para compor o índice através do enquadramento dentro de dimensões econômicas, sociais e ambientais. (TUNG, 2005) Há empresas brasileiras que compõem o índice, como o Itaú, Cemig e Itaúsa (RODRIGUES, 2005). No Brasil, há o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, que é semelhante ao DJSI (GONÇALVES ET AL., 2007). • ISO: a ISO 14000 é voltada para a gestão do meio ambiente. Para receber essa certificação, as empresas são auditadas. Há discussão para o lançamento da ISO 26000, que será em prol da RSC (RODRIGUES, 2005). Nos EUA, por exemplo, há uma grande pressão para que as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB empresas que vendem madeira tenham certificações de que a madeira é de uma empresa correta (VLOSKY et al., 1999). • Balanço Social: criado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE. É um relatório com indicadores sociais, econômicos e ambientais (DIAS et al., 2006). Muitas empresas publicam esse relatório no Brasil, cerca de 260 organizações (RODRIGUES, 2005). • Indicadores Ethos: criados pelo Instituto Ethos, são indicadores de RSC. Cerca de 323 empresas responderam aos indicadores no ano de 2003 (RODRIGUES, 2005). Esses indicadores abrangem as dimensões: transparência e valores da empresa, meio ambiente, funcionários, fornecedores, comunidade, consumidores, sociedade e governo (TENÓRIO, 2006). Oliveira (2003) realizou uma pesquisa com as 500 maiores empresas S.A. não-financeiras do Brasil, para analisar como elas estão divulgando esses relatórios sociais. Os resultados apontaram que quanto maior a empresa, mais se publica relatórios sociais. As maiores empresas brasileiras divulgam seus relatórios sociais em número semelhante ao das maiores empresas internacionais e 42 as empresas que mais publicam relatórios sociais atuam em áreas que causam grandes impactos ambientais e sociais. Esta divulgação dos relatórios sociais pode ser vista como uma prestação de contas à sociedade, representando também uma grande transparência vindo das empresas (GONÇALVES et al., 2007). Pesquisas apontam indícios de que a divulgação de relatórios sociais pode ser uma ferramenta de construção de imagem da empresa (SIQUEIRA et al., 2006). Além disso, esses relatórios têm sido publicados em muitas empresas do mundo (SCHERER e PALAZZO, 2007). Estudos mostram que com a divulgação das ações sociais das empresas, seja através de relatórios sociais ou até nos seus próprios websites, a empresa pode gerar uma melhor imagem na mente dos consumidores, tendo então vantagem competitiva. Porém há estudo que mostra que as empresas brasileiras não têm divulgado muito suas informações em websites, por exemplo (SOUSA FILHO e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB WANDERLEY, 2006). Isso se mostra um erro, visto que muitas pessoas preferem companhias com uma reputação socialmente responsável (CASTRO et al., 2007), portanto, é interessante essa divulgação. Há estudos que mostram a importância das causas sociais para a imagem da empresa (YOON e GÜRHAN-CANLI, 2003). Há estudos que falam que as empresas devem saber qual o melhor meio de comunicação para divulgar suas ações sociais, para conseguir gerar uma imagem positiva (SWAEN e VANHAMME, 2005). Para Melo Neto e Froes (1999), as empresas socialmente responsáveis conquistam um fortalecimento da sua imagem, conquistam novos clientes, obtém reconhecimento público e maior apoio dos seus funcionários. Conforme dito no parágrafo anterior, as empresas podem obter, a partir da RSC, uma melhoria na sua imagem corporativa (BRAMMER e PAVELIN, 2006), reputação (DECKOP et al., 2006) e uma vantagem competitiva, porém há também outros ganhos: ambiente de trabalho saudável, fidelidade de clientes, mais investidores e abatimentos percentuais no imposto de renda (BARBOSA, 2007). Isso mostra que a RSC é mais do que um modismo, é uma vantagem para as empresas (GARAY, 2006). Além disso, há pesquisas internacionais que mostram que pode haver efeitos positivos entre RSC e desempenho financeiro (MCGUIRE et al., 1988; PAVA e KRAUSZ, 1996; JONES e MURRELL, 2001; ROBERTS e DOWLING, 2002; SIMPSON e KOHERS, 2002; GOLL e RASHEED, 2004; GODFREY, 2005). 43 Entretanto, a pesquisa dos brasileiros Barbosa e Lemme (2007) mostrou que não foi possível provar tal relação. McWilliams e Siegel (2000) afirmam que nos diversos estudos sobre correlação entre RSC e desempenho financeiro há uma variedade nos resultados. Barnett (2007) e Mackey et al. (2007) falam que os efeitos da RSC no desempenho financeiro variam entre empresas e ao longo do tempo. É difícil desenvolver instrumentos para medir o desempenho social das empresas (MATTINGLY e BERMAN, 2006). Tenório (2006) aborda em seu livro que a empresa socialmente responsável, mesmo tendo investimentos e custos maiores, tem sucesso a longo prazo, pois essas ações sociais são muito importantes para o negócio da empresa, já que pode minimizar o risco de greves, vinculação da imagem da empresa a questões negativas, dentre outros riscos, o que mostra que o investimento em RSC é justificável em termos financeiros. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Outro assunto que é interessante ressaltar é que no Brasil a RSC ocorreu em três ondas, de acordo com Schommer e Rocha (2007). Para eles, a primeira onda foi a onda da filantropia, onde as empresas brasileiras somente realizavam ações filantrópicas que eram desvinculadas do negócio da empresa. Eram feitas só por caridade e atendia a demandas emergenciais. A segunda onda foi do investimento social privado, tendo o repasse dos recursos de uma forma mais planejada. A terceira onda foi quando a RSC passou a ser considerada como estratégia da gestão, relacionada ao negócio da empresa. A RSC passou a ser considerada como um processo contínuo de reflexão sobre a ética e o melhoramento das ações. Pena (2003) também descreve essas ondas da RSC no Brasil. Lantos (2002) defende que a RSC deve fazer parte da estratégia da empresa, o que caracteriza a terceira onda como sendo importante para as empresas. Com isso, pode ser observado que a RSC está crescendo no Brasil, sendo então importante saber como esse tema está sendo abordado no ensino da graduação de Administração, já que esse curso forma futuros gestores que irão atuar em empresas. 44 2.1.2. Ensino em administração e a responsabilidade social Não são somente as empresas que estão adotando práticas de RSC, há universidades que também estão adotando essa postura (ATAKAN e EKER, 2007). Além de adotar práticas de RSC, as universidades também estão sendo alvos de discussões sobre o ensino de RSC. Isso ocorre, pois foram notados comportamentos antiéticos nos negócios e por trás dessas ações irresponsáveis estão gestores que pertenceram a uma universidade de Administração (URDAN e HUERTAS, 2004; MEDEIROS et al., 2007). Com isso, as escolas de negócio passam a ser questionadas em relação ao ensino da RSC, visto que os comportamentos antiéticos observados em grandes escândalos corporativos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB geraram uma desconfiança da sociedade em relação às organizações (MEDEIROS et al., 2007). Urdan e Huertas (2004) defendem que a educação é uma solução para evitar essas ações antiéticas, já que a educação possui um papel fundamental na formação dos indivíduos. Gonçalves-Dias et al. (2006) também falam da importância da educação e acrescentam que é importante que os educadores capacitem os alunos de Administração não só a atingir um bom desempenho empresarial, mas também a reduzir os problemas sócio-ambientais. Canopf e Passador (2004) também relatam que a universidade de Administração deve assumir o papel fundamental de proporcionar ao aluno uma formação que contemple aspectos de RSC, já que esses alunos irão ocupar cargos em empresas e irão enfrentar situações que envolvam, por exemplo, aspectos éticos ou aspectos de conciliação de interesses organizacionais e sociais. Ou seja, é importante que as universidades de Administração preparem os alunos para que, nas organizações, eles estejam aptos a lidar com a RSC. Araújo e Lacerda (2002) falam que a instituição de educação superior deve estimular o conhecimento dos problemas do mundo, o que é mais um motivo para que as universidades ensinem RSC, já que ela faz parte do atual cotidiano das organizações e dos debates mundiais. Araújo e Correia (2001) relatam que a capacitação do aluno de graduação ocorre através da assimilação dos conteúdos das disciplinas do curso. Essa assimilação faz com que ele atue no mercado 45 corretamente. Com isso, mostra-se mais um motivo para o ensino da RSC na graduação. Há algumas pesquisas que mostram a RSC sob o ponto de vista dos estudantes de graduação. Esses estudos podem trazer algumas evidências de como está o ensino da RSC nas universidades. Romaniello e Amâncio (2005) fizeram uma pesquisa mostrando que os estudantes de administração julgam que é importante que a empresa pratique a RSC e Garay (2006) mostrou que os estudantes valorizam as empresas socialmente responsáveis para se trabalhar. Serpa e Avila (2006) estudaram os efeitos da RSC no benefício percebido pelo consumidor e na intenção de compra. Os sujeitos da pesquisa eram estudantes de administração. Os resultados mostraram que os entrevistados perceberam um benefício adicional dos produtos de empresas socialmente responsáveis. Porém, Serpa (2005) também fez um estudo com futuros e atuais gestores para investigar PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB se havia diferença na valorização da RSC nas práticas empresariais e os resultados mostraram que os atuais gestores valorizam mais o papel da RSC do que os estudantes de Administração. Esse estudo pode apontar para a necessidade de mostrar a importância da RSC para os estudantes. Com isso, é importante saber se a RSC está constando no ensino de Administração para os alunos, pois é um tema muito importante. Há autores que pesquisam sobre isso. Muijen (2004) fala que a RSC começa na universidade e defende a idéia de que a universidade deve ensinar RSC para os alunos da graduação. Souza et al. (2003) falam que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Administração, dentre as competências e habilidades requeridas no curso, há a necessidade de se passar a consciência da qualidade e das implicações éticas do exercício profissional, o que mostra uma abertura para o ensino da RSC. E, em relação aos conteúdos curriculares, apresenta-se uma preocupação com o ambiente e as relações entre organização e realidade social. Canopf e Passador (2004) também relatam que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, a preocupação com as questões sociais precisa estar presente no meio acadêmico e a universidade deve buscar formar profissionais capazes de corresponder às expectativas da sociedade. Com toda essa preocupação, há pesquisas internacionais sobre o ensino da RSC em Administração (HAZEN et al., 2004; MATTEN e MOON, 2004; 46 MUIJEN, 2004; CHRISTENSEN et al., 2007). Também há muitas pesquisas sobre o ensino da ética em Administração, que segundo Carroll (1991) é uma dimensão da RSC (OWENS, 1998; POLONSKY, 1998; SEXTY, 1998; CRANE e MATTEN, 2004; HARTOG e FRAME, 2004; MACFARLANE e OTTEWILL, 2004; MCDONALD, 2004; MOORE, 2004; SIMS, 2004; CORNELIUS et al., 2007). No Brasil, também há pesquisas sobre o ensino da ética nas universidades. Oliveira e Moreira (2002) estudaram se algumas universidades da cidade de São Paulo estão abordando a ética no ensino. Os resultados mostraram que existe uma preocupação das instituições de ensino em abordar este assunto. Xavier et al. (2006) fizeram um estudo para investigar a percepção de ética dos alunos de Administração em uma faculdade particular da cidade de Fortaleza. Como conclusão, os autores alertaram para a necessidade de um maior esforço para PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB formar profissionais conscientes em relação à ética. Fourneau e Serpa (2006) fizeram uma pesquisa sobre a percepção e opiniões dos alunos sobre o ensino da ética. O estudo foi feito com alunos de uma faculdade particular no Rio de Janeiro e mostrou que os alunos acham importante o ensino da ética, mas houve críticas em relação ao ensino da ética que é dado atualmente. Os alunos acham que o tema deve ser mais abordado na universidade. Há estudos que defendem o ensino da ética nos cursos de Administração (GIMENES et al., 2003; MATTOS et al., 2003; SERTEK e REIS, 2003; STACHELSKI et al., 2003). Há também pesquisas nacionais que falam da importância da abordagem do meio ambiente no ensino de Administração e, de acordo com Enderle e Tavis (1998), a dimensão ambiental é uma das dimensões da RSC. Lemme (2001) pesquisou o ensino e pesquisa de pós-graduação de uma universidade de Administração e verificou que os professores e pesquisadores da área não estavam em sintonia com algumas das preocupações da sociedade, já que de 1996 a 1999 não houve muito interesse no tema de gestão ambiental. Há estudos que defendem o ensino da gestão ambiental no curso de Administração (BONILLA, 2002; PEREIRA, 2002; GONÇALVES-DIAS et al., 2006). Em relação a pesquisas sobre o ensino da RSC, Pessoa et al. (2005) defendem a integração do aluno de administração com a questão da RSC e que as universidades devem prover isso. Alves e Melo (2000) também alertaram para a necessidade de se formar administradores que conhecessem o terceiro setor, para 47 melhor atuar nele. Silva (2006) mostrou em seu artigo que uma faculdade de Administração buscou integrar os alunos com atividades de trabalho voluntário, para transmitir-lhes uma visão sobre a importância das ações sociais. Canopf e Passador (2004) fizeram um estudo com quatro universidades de Administração do Paraná para investigar o ensino da RSC e os resultados mostraram que as universidades tendem a formar profissionais que visem mais o lucro para as empresas. Os autores levantam a discussão para mais inserções da RSC nos projetos pedagógicos. Medeiros et al. (2007) estudam a RSC na perspectiva do estudante de Administração na cidade de Uberlândia. Os resultados mostram que há ambigüidades e contradições no comportamento dos estudantes em relação à RSC, pois eles dizem que a RSC é importante, mas não se comportam no dia a dia de acordo com isso. Isso mostra que eles consideram a RSC uma exigência da sociedade, mas uma sociedade da qual eles se excluem, já que eles orientam a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB escolha deles na compra de um produto, por exemplo, de acordo com preço, qualidade e marca, e não de acordo com a RSC, mas acham que a RSC é importante. Esse estudo sugeriu para futuras pesquisas investigar como as faculdades de Administração estão abordando o tema RSC no ensino. 3 Metodologia O presente capítulo descreve a metodologia utilizada pela pesquisa e aborda PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB os seguintes pontos: • A questão da pesquisa • O tipo da pesquisa e metodologia utilizada • A coleta dos dados e tratamento dos dados • As limitações do método 3.1. A questão da pesquisa A presente dissertação de mestrado tem por objetivo responder a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a visão dos estudantes que se formam em Administração sobre o tema Responsabilidade Social e também a visão sobre como o tema é abordado no curso? 3.2. O tipo de pesquisa e a metodologia utilizada A presente dissertação de mestrado caracteriza-se como um estudo exploratório, visto que visa “proporcionar maior familiaridade com a questão o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 1987, p. 41). Segundo Gil (1987), o estudo exploratório aprimora as idéias ou descobre intuições. Geralmente, o estudo é exploratório quando há pouco conhecimento sobre o tema a ser abordado (AAKER et al., 2004), que é o caso desta dissertação. 49 O presente estudo também se caracteriza como uma pesquisa descritiva, pois tem o objetivo descrever um determinado fenômeno (GIL, 1987), descrevendo as respostas dos entrevistados. Sendo uma pesquisa exploratória e descritiva, a metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, que, de acordo com Levy (2005), é uma metodologia que vem sendo adotada crescentemente por diversos autores. O propósito desta metodologia é explorar o subjetivo e pessoal do entrevistado na sua experiência vivida, que será expressada de forma descritiva. Geralmente, a pesquisa qualitativa tem a vantagem de provocar sugestões para futuros estudos que foram geradas ao longo do andamento da pesquisa. (KATES, 1998). De acordo com Gephart (2004), a pesquisa qualitativa fornece uma narrativa da visão da realidade dos indivíduos, sendo altamente descritiva. Ela ainda dá uma ênfase aos detalhes situacionais, permitindo uma boa descrição dos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB processos (GEPHART, 2004). Segundo Fraser e Gondim (2004, p. 8): “na abordagem qualitativa, o que se pretende, além de conhecer as opiniões das pessoas sobre determinado tema, é entender as motivações, os significados e os valores que sustentam as opiniões e as visões de mundo. Em outras palavras é dar voz ao outro e compreender de que perspectiva ele fala”. A pesquisa qualitativa é importante para a Administração, pois fornece insights que são difíceis de serem obtidos em uma pesquisa quantitativa (GEPHART, 2004; SHAH e CORLEY, 2006). Além disso, a pesquisa qualitativa pode fornecer bases para compreender processos de gestão e pode humanizar a pesquisa realçando as interações humanas e os significados do fenômeno (GEPHART, 2004). Segundo Hanson e Grimmer (2007), a pesquisa qualitativa, além da habilidade de fornecer insights fornece um entendimento mais profundo sobre o que está sendo explorado. Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti (1999) relatam que a metodologia qualitativa produz evidências com maior validade do que os questionários, já que possibilita o aparecimento de dados imprevistos ao longo da pesquisa que os questionários não possibilitam. Um outro aspecto que Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti (1999) abordam é a interação entre pesquisador e pesquisado que permite maior flexibilidade, favorecendo a pesquisa. 50 3.3. A coleta e o tratamento dos dados A coleta de dados foi feita em duas etapas. A primeira etapa abrangeu uma pesquisa na Internet sobre as disciplinas contidas nas faculdades de Administração pesquisadas, para investigar as ementas das disciplinas e se há disciplinas exclusivas para este tema. A segunda etapa foi feita através da entrevista em profundidade guiada por um roteiro de perguntas abertas, que está reproduzido no anexo 1. Segundo Gephart (2004), entrevistas são métodos qualitativos que apresentam uma interação face a face, onde os pesquisadores fazem perguntas para os entrevistados responderem. Nas entrevistas, os entrevistados respondem as perguntas abertas, mas estruturadas, de acordo com suas experiências e narrativas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB pessoais (SHAH e CORLEY, 2006). Geralmente, as entrevistas são feitas com um número pequeno de informantes, porém são feitas em profundidade (REMENYI et al., 1998). O roteiro das entrevistas foi elaborado considerando o objetivo principal e os objetivos intermediários da pesquisa, julgados necessários para abranger toda a questão de pesquisa. Após elaborar o roteiro de entrevistas, foi feito um pré-teste com uma aluna de uma faculdade do penúltimo período, para saber se precisava haver melhorias no roteiro da entrevista. A realização desse teste antes de fazer a pesquisa de fato é sugerida por Vergara (1997), pois dessa forma, há mais chances de melhorar o roteiro de entrevista. A seleção dos entrevistados foi da seguinte forma: como a pesquisa foi feita segundo a percepção dos alunos, foram escolhidos seis alunos (pertencentes ao penúltimo ou último período da graduação em Administração ou que já haviam se formado no primeiro semestre de 2008) de cinco faculdades das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, pertencentes ao estado do Rio de Janeiro, sendo 2 faculdades públicas e 3 privadas, sendo que o objetivo não era diferenciar os resultados por tipo de faculdade. Com isso, foram trinta alunos entrevistados no total. Foram realizadas 30 entrevistas, sendo 6 em cada faculdade. Com essa quantidade de entrevistas foi possível observar o fenômeno de saturação, já que os conteúdos se tornaram repetitivos, apontando que novas entrevistas já não traziam informações adicionais sobre o tema pesquisado. 51 O contato com os entrevistados foi feito da seguinte forma: a pesquisadora conhecia professores e alunos das cinco universidades e pediu para que eles indicassem alunos que se enquadrassem nos requisitos da pesquisa. Os próprios alunos que a pesquisadora conseguia como voluntários para o estudo indicavam amigos para participarem da entrevista até que fosse completado o número de entrevistas requeridas. As entrevistas foram feitas nas próprias faculdades dos alunos e foram gravadas e, em seguida, transcritas. A própria pesquisadora realizou as entrevistas com os alunos. Vale ressaltar a existência de dificuldades ao longo da pesquisa. Uma das dificuldades foi o fato de ter um público alvo com algumas limitações de expressão. Pela idade e maturidade do público alvo, os entrevistados apresentavam dificuldade em se expressar em certos momentos, ou até mesmo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB ficavam querendo acertar as perguntas, como se houvesse uma resposta correta para elas. Para superar esses obstáculos, a pesquisadora informou aos entrevistados que eles tinham tempo para pensar sobre as questões, não precisavam responder na mesma hora, ou seja, podiam pensar um pouco que não havia problema nenhum. Uma outra forma de superar esses obstáculos foi dizer a eles que aquelas perguntas não representavam nenhuma prova e que eles tinham a liberdade de responder o que eles entendiam e percebiam. Uma outra dificuldade percebida foi a de que o aluno teria que fazer uma avaliação da própria faculdade, pois seriam feitas perguntas em relação a isso e, dessa forma, o entrevistado poderia tentar defender a faculdade em que estuda/estudou. Esse obstáculo foi superado informando aos alunos que nem eles nem as faculdades seriam identificadas no estudo. O tratamento dos dados foi feito através da leitura e interpretação das entrevistas que foram transcritas. As etapas do tratamento dos dados foram as seguintes: • Transcrições das entrevistas; • Separação das entrevistas por universidade; • Identificação das universidades e entrevistados por códigos: Foram cinco faculdades presentes na pesquisa e que foram identificadas pelas letras A, B, C, D e E, sendo as faculdades A e B públicas e C, D e E privadas. Os 52 alunos entrevistados foram identificados como A1, A2, B1, B2, e assim por diante. • Realização de um resumo sobre os dados demográficos de cada entrevistado; • Leitura das entrevistas para melhor se familiarizar com os dados, ver qual seria a melhor forma de interpretá-los e perceber quais eram os pontos principais de cada tópico da pesquisa; • Elaboração de um resumo de cada entrevista para melhor entender cada entrevistado; • Agrupamento dos dados obtidos de acordo com os objetivos intermediários, para estruturar a análise dos dados; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB • Interpretação dos dados das entrevistas. 3.4. Limitações do método Uma das limitações da pesquisa qualitativa é que não há crédito quanto a sua generalização (KATES, 1998), ou seja, é preciso tomar cuidado com as generalizações desse tipo de pesquisa, pois esta é limitada ao grupo dos entrevistados. Uma outra limitação é dada por Creswell (2003), que diz que há a possibilidade de haver o viés do pesquisador, isto é, como o pesquisador interpreta os dados, é provável que ele interprete de acordo com seu olhar pessoal, influenciando então a interpretação dos dados. Buscou-se superar essa limitação da subjetividade, focando o discurso dos entrevistados, as frases ditas por eles. Por isso, foram utilizadas as citações das transcrições das entrevistas para demonstrar as análises. Uma outra limitação é que os próprios entrevistados podem ter dado respostas enviesadas, pois como eles sabem qual o objetivo do estudo, eles podem querer prezar pela faculdade que eles estudam e dar respostas consideradas por ele “corretas”. Como dito anteriormente, procurou-se minimizar esse possível viés deixando claro que as instituições de ensino não seriam identificadas e que os respondentes permaneceriam anônimos. 4 Análise dos resultados No presente capítulo é apresentada a análise dos resultados. O capítulo foi dividido em 3 partes. A primeira parte mostra o perfil dos entrevistados, para descrever, por exemplo, dados demográficos dos alunos pesquisados. A segunda e terceira partes foram elaboradas a partir dos objetivos intermediários, sendo a segunda parte em relação ao levantamento sobre a presença do tema RSC nos programas de ensino das faculdades estudadas e a terceira parte refere-se à PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB pesquisa de campo feita junto aos alunos. 4.1. Perfil dos entrevistados A seguir, é mostrado o perfil dos entrevistados. A Tabela 2 contém os dados demográficos dos entrevistados. Os entrevistados estão identificados por códigos – A1, A2, A3... B1, B2... e assim por diante, conforme falado anteriormente. As faculdades A e B são públicas e as faculdades C, D e E são particulares. Tabela 2: Dados demográficos dos entrevistados Entrevistado Sexo Idade Data Formatura A1 Feminino 23 2009.1 A2 Masculino 24 2009.1 A3 Masculino 27 2008.1 A4 Feminino 23 2009.1 A5 Masculino 40 2009.1 A6 Masculino 29 2009.1 B1 Feminino 23 2008.2 B2 Feminino 22 2009.1 B3 Feminino 23 2008.1 B4 Feminino 22 2008.2 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 54 B5 Feminino 22 2009.1 B6 Masculino 22 2008.1 C1 Masculino 25 2008.2 C2 Feminino 22 2008.2 C3 Masculino 22 2008.2 C4 Masculino 23 2008.2 C5 Feminino 25 2008.2 C6 Masculino 27 2008.2 D1 Masculino 22 2008.2 D2 Feminino 22 2008.2 D3 Feminino 21 2008.2 D4 Masculino 22 2008.2 D5 Feminino 21 2008.2 D6 Feminino 21 2009.1 E1 Masculino 22 2009.1 E2 Masculino 31 2009.1 E3 Masculino 21 2009.1 E4 Masculino 22 2009.1 E5 Masculino 26 2009.1 E6 Feminino 23 2008.2 O total de entrevistados foi trinta. Desse total, 14 eram do sexo feminino e 16 do sexo masculino. A idade dos entrevistados pertence a um intervalo de 21 a 29 anos, com exceção de 2 entrevistados (um com 31 anos e o outro com 40 anos). Em relação à data de formatura, 3 entrevistados se formaram no 1º semestre de 2008, 14 entrevistados se formaram no 2º semestre de 2008 e 16 se formarão no 1º semestre de 2009. A Tabela 3 mostra quais entrevistados já tiveram algum contato mais próximo com o tema Responsabilidade Social na faculdade, ou seja, mostra se o aluno já cursou alguma disciplina relacionada ao assunto, se fez algum trabalho sobre o assunto na faculdade e/ou se abordou o tema em sua monografia. 55 Tabela 3: Entrevistados que tiveram contato com RSC na faculdade Entrevistado Cursou Fez disciplina? RSC? trabalho sobre Monografia sobre o assunto? A2, B1, C1, Não Sim, sobre a RSC de Não C2 uma empresa A3 Não Sim, sobre a definição Sim, sobre a RSC de RSC e seu histórico como Instrumento de combate à pobreza A4 Não Sim, sobre diferença Não entre RSC, marketing PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB social e filantropia. A6 Não Sim, sobre o conceito Não B2 Não Sim, foi um trabalho de Não campo em que o grupo teve que ajudar uma instituição carente C4 Não Sim, sobre um líder que Não também era socialmente responsável D1, D2 Sim Sim, sobre a elaboração Não de um balanço social E2 Sim Sim, sobre GRI e Não balanço social E3 Não Sim, sobre a Não importância da RSC E4 Sim Sim, sobre a RSC de Não uma empresa E5 Não Não Sim, modelo sobre de um gestão sustentável Como pode ser observado, do total de entrevistados, 14 fizeram um trabalho sobre RSC na graduação em Administração, 4 entrevistados cursaram uma 56 disciplina específica de RSC e 2 entrevistados realizaram/estão realizando uma monografia sobre o tema. Ou seja, uma quantidade baixa de entrevistados teve contato mais profundo com o tema RSC na graduação em Administração. A Tabela 4 mostra quais entrevistados já tiveram algum contato mais próximo com o tema Responsabilidade social no ambiente de trabalho, ou seja, mostra se o aluno já teve alguma experiência com a RSC na prática empresarial. Como pode ser visto a seguir, apenas 10 entrevistados já viram a RSC na prática na empresa. Tabela 4: Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática Entrevistado Que tipo de contato? A1 A empresa em que trabalha possui um programa voltado para o assistencialismo: arrecadação de alimentos e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB brinquedos, visitas a instituições. A5 A organização em que trabalha, opera em áreas carentes da Amazônia levando assistência médica. O entrevistado já participou por 2 anos desse tipo de atividade. A6 Trabalhou na Empresa Júnior da faculdade, que possuía uma área de RSC e o entrevistado participou de projetos de RSC. Um exemplo de projeto que participou foi um projeto de conscientização da classe empresarial sobre a inclusão de portadores de deficiência. B1 Trabalha numa organização que faz pesquisas e atualmente pesquisa sobre RSC. B3 e E6 Participou de algumas ações sociais da empresa como recolhimento de doações. D1 Participou de um projeto que auxilia pessoas de comunidades a criarem projetos auto-sustentáveis. D3 Trabalha em uma área estratégica, que se preocupa com as questões ambientais. D4 Trabalha na área de relações com os investidores e está vendo que há fundos que exigem empresas socialmente responsáveis. 57 E5 Trabalhou em um projeto de reestruturação de uma área que é responsável por gerir a parte de RSC. Trabalha numa empresa que faz campanhas de reciclagem e outras campanhas. O entrevistado já participou de uma campanha de voluntários que foram pintar uma creche. 4.2. Disciplina de RSC nas faculdades Foi realizada uma pesquisa através da Internet nos sites das universidades pesquisadas para saber se há a disciplina de RSC na grade curricular do curso de graduação em Administração. Dentre as faculdades públicas, as faculdades A e B não possuem uma PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB disciplina de RSC, conforme visto em seus sites, porém a faculdade B possui uma disciplina obrigatória voltada para a Ética em Administração, que segundo Carroll (1991) é uma das dimensões da RSC. Dentre as faculdades particulares, a faculdade C também possui uma disciplina obrigatória voltada para a Ética, chamada Liderança e Ética. E, segundo seu site, há uma disciplina eletiva chamada Cidadania e Liderança de Organizações Socialmente Ativas. A faculdade D possui uma disciplina obrigatória chamada Políticas e Gestão do Meio Ambiente, possui outra disciplina obrigatória voltada para a Ética, chamada Filosofia, Métodos e Ética. A faculdade D, segundo seu site, também possui uma disciplina eletiva de Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Apesar de não estar no seu site a existência de uma disciplina voltada especificamente para RSC, alguns respondentes disseram que há uma eletiva sobre o tema. A faculdade E possui uma disciplina voltada para a Ética Profissional e possui uma disciplina voltada para a Responsabilidade Social, que segundo os respondentes da pesquisa, é uma disciplina eletiva. 58 4.3. Análise das entrevistas Nesta seção será mostrada a análise das entrevistas realizadas com os estudantes de Administração. 4.3.1. Nível de interesse/preocupação com o tema Foi perguntado aos entrevistados se eles consideram o tema RSC importante para a prática da Administração. Foi unanimidade que a RSC é importante para a prática da Administração, sendo que a maioria relatou que considera o tema muito importante. O motivo pelo qual esse tema é importante para a prática da Administração PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB variou de entrevistado para entrevistado. Alguns se mostraram preocupados com a questão dos impactos sociais e ambientais que as empresas podem provocar (WOOD, 2001; VENTURA, 2003; COLLIER e WANDERLEY, 2004) e, por isso, consideram a RSC como algo importante para a prática da Administração, como pode ser visto nos depoimentos a seguir. “Acho que é muito importante, como eu falei, porque a partir do momento que você está administrando uma empresa, você tem que entender que a sua empresa tem um impacto social e que você tem que analisar esses impactos para tentar mitigar e fazer com que o impacto da sua empresa seja o menor possível na sociedade.” (Entrevistada A1). “Acho que é bastante importante, muito importante ... eu acho que hoje em dia, você tem vários fatores que podem, com esse lance de você querer sempre mais lucratividade, reduzir custos, você passa por cima de muita coisa. Você passa por cima das pessoas, você passa por cima do meio ambiente. Eu acho importante você ter a noção do que é, como as suas ações podem impactar todas essas coisas, e tentar reduzir, tentar ajudar.” (Entrevistada B1). “Eu acho fundamental ... porque, é, eu acho que a empresa, ela não está sozinha, ela está num ambiente. E o ambiente pode contribuir para acrescentar ou para subtrair o que a empresa está fazendo.” (Entrevistada B3). “É essencial ... administrador tem que trabalhar com ética, ética tem que estar ligada a responsabilidade social. Então, ele tem que saber se planejar 59 para ... desenvolver sem agredir o meio ambiente mesmo, sem pôr em risco a sociedade.” (Entrevistada B4). Outros entrevistados acham que a RSC é importante para a prática da Administração, porque demonstram uma preocupação com a imagem da empresa. Para alguns entrevistados, a RSC está associada a uma melhora na imagem da empresa (WOOD, 1991; SEN e BHATTACHARYA, 2001; BORINI, 2004; BONATTO et al., 2007) e conseqüentemente, a uma melhor visão dos seus consumidores em relação à empresa socialmente responsável, como pode ser visto nos depoimentos a seguir. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Eu acho que sim, porque isso está muito visto nas empresas. Eu acho que a sociedade, ela olha com muito bons olhos as empresas que adotam RSC.” (Entrevistada B5). “Eu acho que sim, é bastante importante ... as empresas que praticam isso estão cada vez mais sendo mais bem vistas pela sociedade mesmo.” (Entrevistado B6). “É importante, é muito importante ... porque se você não desenvolver tudo que você tem em volta, se você não criar um comprometimento com as pessoas, as pessoas também não vão criar um comprometimento em relação à sua empresa, não vão ver sua empresa bem no mercado.” (Entrevistada C2). “Sim, bastante ... porque uma empresa com RSC, ela é melhor vista pelas pessoas, pelos consumidores.” (Entrevistado C3). “Acho fundamental, porque agora está cada vez mais em foco isso, até o consumidor está pensando: Ah ... vou optar por determinado produto, porque essa empresa ... tem uma responsabilidade, tem um empenho em ajudar a comunidade, manter os recursos.” (Entrevistado C4). “É, porque agora, hoje em dia, está todo mundo cobrando isso das empresas. Então, se você não tem, você já fica mal visto.” (Entrevistada C5). “É muito importante, é como eu disse, hoje a empresa tem que ter a RSC incutida em suas veias. Antes, era só algo a mais, mas agora, a empresa, é necessário que ela tenha. Se não, ela vai ser mal falada para todo mundo. Daqui a pouco isso vira lei, né?.” (Entrevistado E2). 60 “É muito importante ... Caso a mesma (empresa) não esteja cumprindo os requisitos legais, tanto ambientais, sociais, ela pode perder mercado.” (Entrevistado E5). Outros entrevistados demonstram uma preocupação com o tema RSC, dizendo que esse tópico é importante para a prática da Administração, pois é importante para a empresa como um todo (SCHOMMER e ROCHA, 2007; BOWEN, 2007). Uns entrevistados falaram que a RSC é fundamental para o desenvolvimento da empresa e teve uma entrevistada que até relatou que a RSC deve fazer parte da estratégia empresarial (MELO NETO e FROES, 1999; MELO PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB NETO e FROES, 2001), como pode ser observado a seguir. “Acho muito importante ... porque eu acho que você ajudando a sociedade como um todo, você aumenta o poder de mercado da sua empresa, você aumenta o poder de mercado do próprio mercado, e isso acaba fazendo com que o lucro gire mais e a demanda gire mais também, e você acaba aumentando as próprias, os próprios trabalhos da sua organização.” (Entrevistada A4). “É, acho que sim, acho que pelo que é abordado aí, ainda mais que eu sei que ... você ganha muito benefício fiscal se você fizer também, se tiver alguns programas assim, você ganha benefício fiscal. Então, além de toda a questão ambiental e tudo mais, se você souber disso daí, você pode, tem ainda mais lucro para a empresa.” (Entrevistado C6). “Eu acho que é de extrema importância hoje, pelo fato de você está nesse movimento global de, é, de se preocupar com o meio ambiente, de não poluir, diminuição da utilização de combustível fóssil, e cada vez menos emissão de CO² na atmosfera. E o fato também de você querer trabalhar efetivamente com a comunidade e diminuindo a desigualdade social que há entre pessoas que moram na mesma cidade, ou então querendo gerar algum tipo de ajuda àquelas pessoas com emprego, gerando renda, emprego para elas. É, eu acho que, hoje em dia, para a administração você é, inevitavelmente vai ter que pensar nisso também, né? Pelo próprio desenvolvimento da organização onde você se encontra.” (Entrevistado D1). “É, porque faz parte da estratégia da empresa, até.” (Entrevistada D3). “Para a prática das empresas, extremamente importante ... É uma forma de agregar valor para a empresa no longo prazo.” (Entrevistado D4.) E outros entrevistados mostraram preocupação com a sociedade em geral (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e 61 FROES, 2001; ASHLEY, 2002; SCHOMMER e ROCHA, 2007), demonstrando que por isso é importante que as empresas pratiquem a RSC. “Olha, na minha opinião, esse tema é importantíssimo na prática da administração ... não só para ter retorno econômico, mas para melhorar mesmo o nosso ambiente, seja o nosso bairro, seja o nosso município, o país.” (Entrevistado A6). “É sim ... bastante ... porque é muito importante para um administrador, ele saber, ele se preocupar com o contexto todo, com o grupo, não somente com a empresa dele. Com a RSC, então, a empresa dele tendo RSC, eu acredito que ela vai estar melhorando toda a sociedade, todo o lugar que ela vive, toda a cidade, tudo.” (Entrevistado E3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “É, eu acredito que a empresa tem que fazer alguma coisa pela sociedade. Não só querer o lucro, ela tem que ajudar.” (Entrevistado E4). “Eu acho que é bastante importante porque ... O Brasil, a maior parte do Brasil é, tipo, pobre, são pessoas que não têm condição nenhuma, e as pessoas não estão nem aí para isso. Também tem outra parte, tipo assim, a parte tipo ambiental, que eu acho que seria importante também. As pessoas, não ligam, elas acham que, tipo, é bobagem, que desmatamento: Ah, não estou vendo, não é comigo! Eu acho que é muito importante para as pessoas em geral.” (Entrevistada E6). Portanto, pode ser considerado que os entrevistados possuem preocupação com o tema, já que consideram a RSC algo importante para a prática da Administração, pois a RSC é boa para a imagem da empresa – assim como retratam Wood (1991), Sen e Bhattacharya (2001), Borini (2004) e Bonatto et al (2007) – é boa para o desenvolvimento da sociedade e ambiente – como falam Enderle e Tavis (1998), Melo Neto e Froes (1999), Melo Neto e Froes (2001), Ashley (2002) e Schommer e Rocha (2007), que a RSC foi originada para resolver esses problemas – é boa para o desenvolvimento da empresa – como Melo Neto e Froes (1999), Melo Neto e Froes (2001), Schommer e Rocha (2007) e Bowen (2007) disseram que a RSC passou a ser estratégica para a empresa obter vantagem competitiva – e é boa para reduzir os impactos causados pelas organizações – como relatam Wood (2001), Ventura (2003) e Collier e Wanderley (2004). Por outro lado, apesar de os entrevistados se mostrarem preocupados com o tema RSC, a maioria dos pesquisados que cursaram a disciplina eletiva de RSC, 62 disseram que cursaram, porque a disciplina primeiramente encaixava no horário. Foram 4 pessoas que cursaram essa disciplina eletiva e somente um respondente disse que cursou a matéria por achar o tema interessante. Houve entrevistados que disseram que cursariam essa matéria se existisse na sua faculdade, porém outro entrevistado disse que cursaria a disciplina de RSC se ela fosse obrigatória e caso ela fosse eletiva, ele teria que ver se ela se adaptaria ao seu horário. Isso leva a questionar se seria o caso de colocar o tema de RSC em disciplinas obrigatórias, já que em relação à eletiva, os alunos cursam aquelas que melhor encaixam no seu horário. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 4.3.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas 4.3.2.1. Disciplinas que abordaram o tema Essa seção está dividida em três itens: o primeiro diz respeito às disciplinas sobre RSC, o segundo é sobre outras disciplinas que abordaram o tema RSC, e o terceiro diz respeito aos trabalhos que os alunos já realizaram sobre o tema. 4.3.2.1.1. Disciplina específica sobre RSC Dos entrevistados, somente 5 responderam que há uma disciplina específica de RSC na faculdade. Vale a pena ressaltar que esses 5 entrevistados eram de duas universidades diferentes, o que mostra que a existência dessa disciplina não é muito divulgada, já que outros entrevistados das mesmas faculdades responderam que não havia disciplina sobre o tema especificamente. Dos 5 alunos que responderam, 4 cursaram a disciplina, que era uma eletiva. As justificativas sobre o porquê a pessoa cursou a disciplina podem ser vistas nos depoimentos a seguir. Somente 1 entrevistado – E2 – relatou sobre o interesse real nessa disciplina. Era um entrevistado mais velho, de 31 anos e também que já havia feito projetos sociais, ou seja, alguém que possuía um elevado nível de interesse e preocupação com o assunto. Os outros entrevistados cursaram mais pelo encaixe no horário. 63 “Olha, foi mais por, é, falta de escolha (risos). Porque eu tinha que matar uma certa quantidade de eletivas, e no caso só essa que tinha, mas eu me interessei bastante pelo assunto também por eu já ter trabalhado nisso. Então não foi muito difícil escolher não, não foi só por ter ela para escolher. Mas, é, facilitou bastante, porque já tinha trabalhado com isso.” (Entrevistado D1). “Por falta de opção.” (Entrevistada D2). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Bom, é, cursei um pouco também questão do horário, assim, era o que encaixava no horário, e achei interessante a questão da RSC, porque acho que é um tema, assim, que hoje eu não posso aplicar na minha empresa por questão de recursos, mas eu acho sempre interessante você estar ajudando, estar, é, contribuindo de alguma forma para o pessoal ali, sociedade.” (Entrevistado E4). “Eu cursei porque eu queria conhecer um pouco mais sobre o tema, porque eu sempre ouvi falar no Betinho, no Betinho, que foi o, foi o que criou o balanço social. E aí sempre ouvia falar, poxa, isso deve ser importante na minha carreira de administrador um dia. De repente, você administrador de uma empresa privada de grande porte, ou até na empresa pública que estou, pode ser que a empresa venha a querer desempenhar o papel para fixar mais o seu nome na sociedade.” (Entrevistado E2). Porém, uma entrevistada – D5 – disse ter o conhecimento de que havia uma disciplina eletiva de RSC na faculdade. Contudo, ela não cursou essa disciplina, que era eletiva, pois, segundo ela, seria uma complicação no horário, já que a disciplina não encaixava no horário para se formar. Com isso, pode ser feito um paralelo com a literatura. Enquanto há pesquisas mostrando que os alunos se importam com a RSC (ROMANIELLO e AMÂNCIO, 2005; GARAY, 2006; SERPA e AVILA, 2006) e, inclusive este estudo mostrou que os estudantes pesquisados também se interessam pelo assunto, houve entrevistados que disseram que cursaram a disciplina de RSC por causa do encaixe no horário e não pelo interesse. Os 4 entrevistados que cursaram a disciplina de RSC, quando perguntados sobre em que a matéria havia contribuído para sua formação/conhecimentos, 3 mostraram que aprenderam algo. “É, isso contribui bastante para eu poder ter uma segunda visão sobre as conseqüências que podem gerar, é, algumas atitudes na empresa. E também, me dá, me agrega mais luz, me amplia o meu horizonte para também se 64 preocupar com as pessoas da comunidade, gerando empreso, gerando renda. Não só trabalhando com a questão de maximização de lucros, porque isso pode causar de certa forma uma agressão no ambiente em que você se encontra, onde encontra a sua empresa.” (Entrevistado D1). “Eu acho que eu aprendi muita coisa que eu não sabia, tive maior conscientização sobre as coisas.” (Entrevistada D2). “Na verdade, ela me deu mais informações, como posso dizer, não sei como explicar isso melhor. É uma formação a mais que você tem, você ter noção das coisas, que o mundo não é feito só pela matemática, tudo matematizado ... o mundo é formado por pessoas, você tem que saber as dificuldades e necessidades que as pessoas possuem.” (Entrevistado E2). Como pode ser observado no discurso dos entrevistados, eles demonstram que se conscientizaram de que na Administração não basta somente se preocupar PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB com o lucro, tem muitas outras coisas envolvidas e isso corresponde ao discurso da visão sócio-econômica da RSC, diferente da visão econômica de Friedman. Porém, um entrevistado mencionou que a disciplina não contribuiu muito para sua formação, já que a turma estava desinteressada e, além disso, o horário da matéria era um horário ruim, o que dificultava a atenção dos alunos. “Bom, para a formação em si, acho que não muito, até porque o tem é um pouco reduzido, é, acho que ela deu uma idéia em si de algumas normas, como ISO, algumas normas assim, GRI, algumas ferramentas, Balanço Social, por exemplo. Mas, também pegou a turma um pouco desinteressada, já era um número pequeno, o horário então também, parecia que o pessoal queria ir embora mais cedo. Então, não foi muito produtivo em si a matéria.” (Entrevistado E4). 4.3.2.1.2. Outras disciplinas que abordam o tema RSC Apesar de a maioria responder que não há uma disciplina voltada especificamente ao tema RSC, os respondentes disseram que existem matérias que abordam o tema durante as aulas. As disciplinas citadas que abordam o tema RSC ao longo das Comportamento aulas são: Gerencial, Recursos Ética, Humanos, Gestão de Marketing, Empresas Sociologia, Internacionais, Administração Internacional, Estratégia Empresarial, Psicologia, Administração Contemporânea, Desenvolvimento de Habilidades Gerenciais, Teorias de 65 Administração, Administração de Carreira, Qualidade, Negócios Internacionais, Organizações Sistemas e Métodos, Teoria Organizacional, Introdução à Administração, Tópicos Especiais em Administração – Meio Ambiente, Comportamento do Consumidor, Pesquisa de Marketing. As disciplinas de RH e de Ética foram as mais citadas. Porém, 6 entrevistados, de faculdades diferentes, disseram que o tema RSC não é abordado em seu curso de graduação. Além disso, 9 entrevistados disseram que o tema é muito pouco abordado ou que não é abordado com profundidade ou de forma estruturada, como pode ser visto em alguns depoimentos a seguir. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Na realidade, não tem uma matéria específica que aborde, mas todos os professores de alguma forma, de uma maneira até desestruturada, não tão estruturada como deveria ser, abordam esse tema.” (Entrevistada A1). “Em alguns casos sim. Não tem a profundidade como uma instituição pública deveria ter, até para participar como RSC seria uma função social da universidade, a ênfase no tema, formação de pessoas socialmente conscientes. Mas, nas várias disciplinas é abordado alguma parte do tema e de uma forma específica em trabalhos e seminários.” (Entrevistado A5). “Algumas vezes, alguns professores falam sim, mas não é normal, não. Como eu te falei, geralmente é na parte de Ética.” (Entrevistada B1). “Abordou uma vez vagamente na aula de Ética. Mas muito vagamente, assim, um lance: Responsabilidade Social é isso, ponto.” (Entrevistada B4). “É, aborda de maneira mais genérica, nada muito aprofundado.” (Entrevistado B6). “Não, não aborda muito não. Já teve algumas aulas de professores comentarem a respeito, mas nada, assim, muito específico não.” (Entrevistado C6). “Pouquíssimo, praticamente zero.” (Entrevistada D3). “Olha, não me lembro. Sinceramente, de forma clara, não. Talvez comentando, mas não fazendo parte da disciplina mesmo, da grade, da matéria.” (Entrevistada D6). “Olha, eu acho que não muito. Eu vi alguma coisa assim em Marketing, alguma coisa bem superficial, mas nada muito a fundo, assim ... é muito 66 básico mesmo, fala só sobre RSC é importante. Agora, não chega muito a fundo em ferramentas e algo mais.” (Entrevistado E4). Ou seja, ao responderem as perguntas sobre quais matérias abordam o tema RSC, 9 entrevistados quiseram frisar que o tema é pouco abordado na faculdade. Soma-se a isso, um entrevistado que relatou que o tema não é muito abordado e que ele vem à tona nas discussões de disciplinas, mais por interesse dos próprios alunos, como mostra o relato a seguir. “Não, às vezes, isso é citado, mas mais por interesse de algum aluno e tudo, mas os professores de maneira espontânea, poucas vezes ele fala sobre a importância da RSC. Ás vezes o assunto surge e ele desenvolve um pouco, mas por livre e espontânea vontade, acho que isso não está no quadro, não.” (Entrevistado E3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB A entrevistada B5, apesar de ter falado que a faculdade aborda o tema durante algumas aulas, mas de uma maneira não muito focada, também relatou, assim como o entrevistado E3, que esses assuntos surgem mais por conta dos próprios alunos. Somente 1 entrevistado disse que o tema é bastante abordado nas disciplinas da graduação, o que mostra que o número de entrevistados que acham que o tema não é muito abordado nas disciplinas é alto. Com isso, pode ser visto que enquanto a literatura aborda uma necessidade de ensinar a RSC nos cursos de Administração (ALVES e MELO, 2000; ARAÚJO e LACERDA, 2002; CANOPF e PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; PESSOA et al., 2005; GONÇALVES-DIAS et al., 2006), na prática, segundo os alunos pesquisados, esse ensino não está adequado. Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que eles acham que o tópico de RSC contribuiu para a formação/conhecimento deles, 10 entrevistados responderam que contribuiu para eles perceberem que não basta ver somente a empresa, que existe muito mais além da empresa, como a sociedade e o meio ambiente, indo junto a autores como Wood (1991), Enderle e Tavis (1998), Melo Neto e Froes (1999), Quazi e O’Brien (2000), Melo Neto e Froes (2001) e Ashley (2002). Ou seja, serviu para eles terem essa noção de que é preciso olhar ao redor da empresa também, se preocupar com os recursos que ela está consumindo, com 67 a sociedade que está à sua volta, com o ambiente ao seu redor. Isso pode ser visto em alguns relatos a seguir. “Eu acho que esse tópico, ele é importante para a formação do pensamento, principalmente para o administrador, que às vezes, é muito voltado para a empresa. Acho que é bom para abrir o campo de visão dele, para perceber que ele está num, está inserido num mundo bem complexo, que precisa ser levada essa parte em conta ... vamos dizer, você bota uma empresa do lado de uma comunidade carente, você tem que interagir, você vai interagir com eles.” (Entrevistado A2). “... é pensar que eu estou aqui, eu, administrador, estou tomando a decisão agora e isso pode afetar uma pessoa ... ela me ajuda a perceber que existem muitas, muitos envolvidos.” (Entrevistado A3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Acho que foi importante, porque a gente aprende que não adianta só ganhar dinheiro se você não gerar benefícios para as pessoas que estão ao seu redor.” (Entrevistado C1). “Eu acho importante ter essa visão da organização, como não só um ... não só números. Mas sim, como um impacto que ela gera no meio ambiente.” (Entrevistado D4). “Olha, esse tópico contribuiu para minha formação no sentido de me tornar, é, uma pessoa, um cidadão, como eu falei, mais crítico, mais crítico com relação à forma de atuar das empresas, como as empresas podem estar ajudando para melhorar a realidade que nós temos aí, seja ela de desmatamento, seja ela de pobreza, miséria. De estar igualando, de estar promovendo a igualdade social, estar promovendo ambientes melhores para você trabalhar e ambientes melhores no sentido de diminuir poluição, reflorestamento e tal ... pra minha formação foi muito importante esse tema, porque eu pude ver isso, você tem os recursos que a empresa utiliza e esses recursos, eles vão acabar um dia. Então, como administrador, você tem que preservar também esses recursos e você tem que batalhar também por uma sociedade mais igualitária e mais, mais bem desenvolvida como um todo.” (Entrevistado A6). Alguns poucos entrevistados responderam que o tópico de RSC contribuiu para seus conhecimentos no sentido de se tornarem pessoas mais cidadãs, mais preocupadas com as relações de trabalho, melhores administradores e até no sentido de que aprenderam a usar ferramentas como GRI – Global Reporting Initiative, contribuindo para sua formação. Porém foram poucas as respostas nesse sentido. 68 “Eu acho que ela vai contribuir de duas formas. Acho que um, pelo papel como administrador, gestor, e outro, como cidadão, assim. Acho que em ambos os casos ela vai contribuir no desempenho na sociedade, seja gerindo uma empresa, seja vivendo em sociedade.” (Entrevistado E5). “Eu acho que em conhecer essas ferramentas (GRI, ISO, Balanço Social), ver que isso daí pode ser um diferencial competitivo quando você está num mercado assim com muita competitividade.” (Entrevistado E4). Um outro entrevistado relatou que o tópico de RSC contribuiu para ele ter o conhecimento de que a empresa socialmente responsável é bem vista pelos consumidores, ou seja, que melhora a imagem da empresa, como foi dito por autores como Wood (1991), Sen e Bhattacharya (2001), Borini (2004) e Bonatto PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB et al. (2007). “Bom, é, esse tópico me ajudou a ter uma real noção da situação das empresas, da importância de um administrador ser responsável socialmente na empresa onde ele trabalha, e acho isso muito importante, porque, é, uma empresa responsável socialmente, ela é melhor vista até pelos consumidores, tem uma melhor imagem.” (Entrevistado C3). Porém, muitos entrevistados – 14 pessoas – relataram que o que eles aprenderam de RSC não se deve muito à faculdade e, por isso, esse tópico de RSC da faculdade não contribuiu muito para seus conhecimentos. Os conhecimentos foram obtidos mais por outras fontes, como trabalho, mídia e discussão com outras pessoas. “Bom, eu acho que dentro da faculdade, o que eu aprendi sobre RSC foi muito pouco. O que eu aprendi mais sobre RS vem do meu trabalho. E eu acho que é importante justamente porque a partir do momento que você vai administrar uma empresa, você tem que entender qual é a sua responsabilidade nesse assunto, para você não ficar sozinho, e saber que o mercado te cobra isso também, que as pessoas te cobram que você tenha RSC.” (Entrevistada A1). “Tipo, eu acho legal saber e eu acho importante a empresa e você atuar como, com RSC. Agora, tipo, como eu te falei, foi pouca coisa que a gente aprendeu na faculdade. Não sei se contribuiu muita coisa.” (Entrevistada B1). “Bom, como eu não tive isso muito bem abordado na faculdade, eu não tive nenhum, nenhum crescimento em relação a isso na faculdade. Eu acho que 69 mais nesses últimos anos que coincidentemente foi o período que eu estive na faculdade, a mídia abordou mais esse tema em revistas e etc. Então, foi a base do meu conhecimento maior foi por isso.” (Entrevistada B2). “É, no que contribuiu para a minha formação, eu não acredito que tenha contribuído assim fundamentalmente, porque realmente eu não estou lembrado de ter esse assunto abordado mais profundamente na faculdade. Mas, pelo que se vê na própria televisão, eu consegui ver dentro da minha experiência profissional, dentro das empresas, é realmente importante, eu acho que no meu futuro profissional eu vou querer propagar isso.” (Entrevistado B6). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Ajudou, é, pude ver quais são as ferramentas para responsabilidade social, mas o que mais influencia são as coisas que eu leio, e não muito a faculdade.” (Entrevistada C2). “Aqui da faculdade, nada, porque ele não me agregou em nada ... É que eu vejo dia a dia (no trabalho), as ações que a tem que fazer, até no âmbito governamental para conseguir uma licitação, uma licitação não, uma licença, outra coisa, que a gente tem que fazer.” (Entrevistada D3). “Acho que mais pelo cotidiano mesmo ... das pessoas se comunicarem na rua, comentarem sobre RSC.” (Entrevistada D5, falando que o que ela aprendeu sobre RSC vem mais do cotidiano). Portanto, os dados apontam que as disciplinas que abordaram o tema, apesar de muitos terem falado que abordou pouco, o que foi abordado tratou de tópicos importantes relacionados à RSC, como os stakeholders meio ambiente e sociedade, e também mostrando ferramentas como Balanço Social e GRI. Porém, o número de entrevistados que disse que o que aprenderam sobre RSC não se deveu muito pela faculdade foi alto, 14 pessoas. Como muitos entrevistados disseram que o que eles aprenderam sobre a RSC se deu mais por meio de fontes externas à faculdade, pode-se ver que, segundo os pesquisados, a faculdade não aborda muito o tema. Alguns estudos nacionais também mostraram que é preciso abordar mais a RSC no ensino como os estudos de Canopf e Passador (2004) e Fourneau e Serpa (2006). 70 4.3.2.1.3. Realização de trabalho sobre RSC Também foi perguntado aos pesquisados, se eles fizeram, ao longo da faculdade, algum trabalho sobre o tema RSC. Do total de entrevistados 14 disseram que fizeram um trabalho sobre o tema e 16 não fizeram. A Tabela 5, a seguir, mostra o tema dos trabalhos realizados. Tabela 5: Entrevistados que fizeram trabalho sobre RSC na faculdade Entrevistado Tema do trabalho A2, B1, C1, A RSC de uma empresa PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB C2, E4 A3 A definição de RSC e seu histórico A4 A diferença entre RSC, marketing social e filantropia. A6 O conceito B2 Foi um trabalho de campo em que o grupo teve que ajudar uma instituição carente C4 Trabalho sobre um líder que também era socialmente responsável D1, D2 A elaboração de um balanço social E2 Sobre GRI e balanço social E3 Sobre a importância da RSC Os pesquisados também foram perguntados sobre o que eles aprenderam com o trabalho realizado. Eles disseram que o que aprenderam foi interessante, isto é, em geral eles avaliaram bem o que aprenderam com o trabalho, o que mostra que trabalhos são itens que os alunos se interessam em fazer e por isso poderia ser feito mais nas faculdades, já que foram 14 entrevistados que realizaram o trabalho e não a maioria dos entrevistados. Isso mostra o interesse dos alunos entrevistados no tema, que vai ao encontro de pesquisas de alguns autores (ROMANIELLO e AMÂNCIO, 2005; GARAY, 2006; SERPA e AVILA, 2006). 71 “Eu achei interessante, porque você vê que uma empresa só poderia conseguir realizar seus serviços com a comunidade. Então, eu acho importante por causa disso, pra gente perceber isso.” (Entrevistado A2). “Avalio bem, assim. Hoje em dia, eu tenho um entendimento bem melhor do que eu tinha. Há um ano atrás, eu nem fazia idéia direito do que era RSC ... eu acho muito interessante ... pra eu ter esse conceito mais limpo na cabeça.” (Entrevistada A4). “Eu acho que foi legal, foi legal, porque você, tipo, de alguma forma você também criticou a empresa, criticou a forma de ela atuar socialmente responsável. Achei interessante.” (Entrevistada B1). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Foi bom, aprendi bastante, aprendi que existem diversas formas de RSC.” (Entrevistada C2). “Eu acho que foi muito bom, porque o meu aproveitamento especificamente, eu acho que eu aproveitei bastante por conta de ter entrado no site, visto em sites de instituições que cuidam desse assunto ... e saber como estruturar mesmo um tipo de projeto desse.” (Entrevistado D1). “Eu achei muito interessante, mas ao mesmo tempo eu vi que muitas empresas, elas fingem ser responsáveis socialmente para se beneficiar.” (Entrevistada D2). “Foi interessante pra conhecer todo o lado, o lado branco, o lado negro das empresas, com certeza.” (Entrevistado E2). “Interessante, porque você vê a percepção dos consumidores devido a algum fato que aconteça ou alguma ação que a empresa promova. Então, em outros trabalhos de colegas da minha classe, você vê que as pessoas podem deixar de consumir ou não um produto em relação do que a empresa faz para a sociedade.” (Entrevistado E4). Interessante observar que um entrevistado que realizou o trabalho sobre RSC na faculdade disse que não deu muita atenção ao trabalho por não se tratar de uma disciplina a que ele atribuía um alto grau de importância. “É, o trabalho, assim, a atenção que a gente deu para RSC nessas matérias foram pequenas, até porque a matéria era de ética, que é uma matéria que a gente não dá tanta importância assim. Não é uma administração financeira, uma administração de material. Matéria que a gente dá menos importância. Então, dei pouca importância para esses tópicos. Acho que se esses tópicos estivessem relacionados talvez com matéria de Recursos Humanos, talvez relacionado a outra matéria que seja importante, a gente desse mais atenção 72 ... pra mim, eu acho que são matérias que eu acho bobas, que eu estou fazendo só porque é obrigatório na grade. Já Recursos Humanos, mesmo se não fosse obrigatório, eu ia me sentir na obrigação, como administrador, de fazer. Matemática financeira, Administração financeira, é, Comportamento do consumidor também. Toda essa matéria relacionada à empresa, me sentiria mais obrigado a fazer do que Ética profissional, porque acho que não tem como ensinar ética, entendeu? Então, eu acho que a RSC tem que estar ligada a uma matéria fixa, matéria do quadro.” (Entrevistado E3). É interessante observar que esse mesmo entrevistado atribui à RSC bastante importância em relação à prática da Administração, porém, ele acha que a RSC deve ser abordada em matérias como RH, Comportamento do Consumidor. Ele considera a matéria de Ética não muito importante e, por isso, não deu muita atenção aos trabalhos realizados nesta disciplina. Ele também relatou que se a faculdade começasse a dar mais importância ao tema RSC, os alunos também iam PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB atribuir mais importância ao assunto. 4.3.2.2. Satisfação/insatisfação com o espaço dado à RSC Em relação à satisfação/insatisfação com o espaço dado para o tema RSC na faculdade, a grande maioria – 27 entrevistados – demonstrou insatisfação, ou seja, demonstrou que deveria haver mais espaço na graduação em Administração para a RSC. “Eu acho que é inadequado e deveria ter mais espaço para esse assunto, com certeza ... Porque é um assunto que está aqui, não é nem porque está na moda dizer que existe RSC, mas porque a gente precisa pensar nisso também para ter uma organização sustentável.” (Entrevistada A1). “Acho que poderia haver mais espaço, acho que poderia haver um espaço formal, porque às vezes é uma contribuição do professor. Às vezes não é uma coisa oficial, que está na ementa. Acho que poderia ter uma coisa mais formal, assim.” (Entrevistado A2). “Acho que poderia haver mais espaço pra ser mais específico, pra ser mais específico ... se as disciplinas, todas as disciplinas de humanas tivessem ali, todo professor, no caso, quando faz lá o seu cronograma de aula, tiver lá um texto sobre RSC, ou um espaço voltado, por exemplo, aqui no curso é noturno, essencialmente noturno, ele poderia ser mais diurno para que possa de repente os alunos aqui fazerem trabalhos ... não só ler sobre o tema, mas entrar, praticar o tema realmente, ver o resultado obtido e passar esse 73 conhecimento ... e você está também podendo ter a chance de fazer um evento, uma semana de administração com uma palestra pra RSC, para poder estar convidando a comunidade empresarial do município, para poder estar chamando os outros alunos para assistir. Eu acho que é mais espaço nesse sentido, que eu acho que falta mesmo.” (Entrevistado A6). “Poderia haver espaço, acho que seria a palavra certa. Não há espaço, não há matérias. Eu acho que o currículo é realmente muito, muito sequinho, muito antigo. Não mudaram muita coisa, muita coisa está mudando e a universidade não está conseguindo captar essa mudança.” (Entrevistada B3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Bom, com certeza não é adequado e deveria ter uma disciplina. Uma não, até acho que várias. Deveria ser incorporada em outras, no meio das aulas, Ética, Filosofia, Administração Estratégica. Tem que estar ligado sempre a esses temas.” (Entrevistada B4). “Eu acho que poderia ter mais espaço, porque na verdade, o que é dado, ele é mais, assim, parte de algumas matérias, são questões que são levantadas. Mas não o foco nisso. Na verdade, muitas vezes esse assunto surge mais dos próprios alunos que buscam assim, é, o assunto no meio da aula do que da matéria em si, dos professores. Então, eu acho que deveria ter um espaço maior do tema.” (Entrevistada B5). “Acho que poderia ter uma matéria específica, poderia dar mais espaço. Tem muita coisa para ser falada que não dá tempo de abordar sendo parte das matérias ... Hoje em dia, tem tanto foco nisso, tem tantas matérias, jornal, revista, TV. As pessoas poderiam ter mais tempo para discutir. Você só conhece no geral, ninguém entra fundo.” (Entrevistada C5). “Poderia haver mais espaço e sendo uma matéria obrigatória, para poder, é, eu acho que todo administrador teria que ter essa idéia de RSC.” (Entrevistada D5). “Acho que podia ter mais espaço, porque é um tema importante ... não é muito explorado. Cada vez a gente fala mais sobre o tema, isso podia ser muito mais explorado do que é hoje em dia ... se a faculdade começasse a dar uma atenção maior acho que os alunos também iam seguir e dar mais atenção a esse assunto.” (Entrevistado E3). “Acho que mais espaço ... porque ... se todo mundo que estuda nessa faculdade sair daqui com a consciência importante, se for falar em termos de negócios, dos impactos que a responsabilidade social e ambiental tem no mercado, assim, nos consumidores. Acho que cada vez mais hoje os consumidores estão muito mais conscientes e o mercado muito mais competitivo. Então, isso tende até a ficar um pouco mais acirrado.” (Entrevistado E5). 74 Somente 3 entrevistados disseram que o espaço dado é adequado, porém, vale a pena ressaltar que um dos entrevistados – A3 – fez a monografia sobre o assunto, um outro entrevistado – D1 – participou de projetos extracurriculares de RSC na faculdade, ou seja, projetos não ligados às disciplinas da faculdade, e o terceiro entrevistado – C1 – ressaltou que o espaço é adequado, já que sua universidade é mais voltada para finanças, portanto não precisa de uma abordagem muito social. Portanto, pode ser visto que, segundo os entrevistados, o espaço dado ao tema RSC é insuficiente, enquanto a literatura defende que a RSC deve ser bem abordada em sala de aula (ARAÚJO e LACERDA, 2002; CANOPF e PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; GONÇALVES-DIAS et al., 2006). Inclusive as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Administração dão espaço para haver o ensino do tema (SOUZA et al., 2003; CANOPF e PASSADOR, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 2004). 4.3.2.3. Satisfação/insatisfação com a abordagem dada Em relação à abordagem dada ao tema RSC na graduação, as respostas foram divididas, pois metade disse que a abordagem era adequada e a outra metade disse que não era adequada. Entre os entrevistados que disseram que a abordagem dada à RSC era adequada, muitos mencionaram que apesar de o espaço dado ser pequeno, ela foi adequada, mostrando que eles acham que há pouco espaço hoje para a RSC na faculdade, porém, o pouco que falam é de uma forma adequada, eles acham interessante. “Eu acho que é adequado, apesar de ser pouco adequado, sim, adequado.” (Entrevistada A1). “Sim. Eu acho que é a mais correta. Eu, quando pesquisei, eu tudo o que eu li e estudei estava em linha com tudo que falavam e a forma como colocavam. Eu acho que está correto, não tem nem o que mexer.” (Entrevistado A3). 75 “A abordagem, ela é adequada sim. No caso a abordagem é adequada, porque, é, ela é discutida da forma correta, que eu considero correta, ética, moral, como você tem que praticar a RSC.” (Entrevistado A6). “Assim, é, apesar de eles não colocarem como principal, como foco da matéria, eles, acho que sim. Assim, pouco, mas é adequado. Eles dão uma visão boa, mas acho que não total.” (Entrevistada B5). “Eu gostei, nessa aula de Liderança e Ética, eu gostei muito do foco do professor. Deixou as pessoas muito a vontade para discutir muito. Ela não botou uma posição e fez todo mundo seguir. Ela deixou as pessoas falarem, dar opinião. Acho que foi interessante para as pessoas.” (Entrevistada C5). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Olha, como teve muito poça abordagem, eu vou te falar que na aula de Liderança e Ética até foi, eu nem lembro direito, mas eu acredito, eu acho que foi sim ... eu acho que não falaram muito, mas explicaram o básico, pelo menos explicaram.” (Entrevistado C6). “Sim, com certeza. A minha faculdade consegue colocar professores muito responsáveis e ligados ao tema, que conseguem abordar, pelo menos no limite do tempo. Mas dá uma pincelada, como eu disse, uma pincelada.” (Entrevistado E2). “O pouco que falou, acho que sim. Acho que foi bem dito, foi legal. Mas o problema é a quantidade, foi muito pouco. Assim, a faculdade tem uns professores que são muito bons ... e são pessoas vividas, que lêem e tal. Então assim, são profissionais muito bons e que sabem colocar bem as coisas ... então eu acho que eles têm uma visão legal e uma abordagem boa também.” (Entrevistada E6). Apesar de a maioria que disse que a abordagem era adequada dizer também que o espaço é pouco, um aluno entrevistado disse que a abordagem é adequada e é até de forma exagerada, ou seja, é dado um espaço muito amplo. Porém, vale ressaltar que esse entrevistado – D1 – trabalhou em projetos extracurriculares na faculdade e fez iniciação científica com um professor que aborda esse assunto. “Eu acho, acho que sim. Acho que é adequado sim, Acho que, às vezes, até eles exageram com esse tema por ter pessoas especializadas nesse assunto.” (Entrevistado D1). Por outro lado, a outra metade dos entrevistados disse que a abordagem dada ao tema RSC na faculdade não era adequada, pois falava-se muito pouco na faculdade sobre isso e, além disso, alguns entrevistados mostraram que a 76 abordagem é superficial, como pode ser visto nos trechos sublinhados das transcrições. Houve também uma entrevistada – D5 – que disse que a abordagem não era adequada, pois o tema tratado em sala de aula não era um tema interessante. “Adequado, acho que não é, porque como te falei, não é nada oficial, é mais contribuição dos professores.” (Entrevistado A2). “É precário. Existe, vamos dizer assim, uma linha geral por não ser aprofundado. Muitas vezes, nas várias disciplinas que tratam sobre o assunto é sempre sobre assuntos que são, que passam pela mídia, assuntos que estão em evidência.” (Entrevistado A5). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Não, totalmente inadequada (risos). Porque o tema não é tratado. Você sai da faculdade, se você não for buscar fora, lá dentro você não vai ter acesso a esse tema, pelo menos eu não tive.” (Entrevistada B3). “Não ... não é, porque falta esclarecimentos, falta debate sobre isso.” (Entrevistada B4). “Abordagem? Não. Ele ficou falando assim: Ah, poluição! Mas não viu nada na prática. O que as empresas têm que fazer, o que está sendo feito, ela não falou nada. Só falou a água está acabando, poluição, que a gente vê em colégio, mas não viu a prática dentro da empresa.” (Entrevistada D5). “Não, porque a gente não vê muito, a gente vê uma parte que compõe o sistema da RSC. A gente tem que ter, é, responsabilidade com o meio ambiente, mas também tem que ter responsabilidade com a comunidade.” (Entrevistado D4). “Não acho que seja adequado ... porque não tem, volto naquela questão da atenção, acho que não tem muita atenção.” (Entrevistado E1). “Não, não acho, porque em primeiro lugar, você não tem nenhuma matéria já na grade ... o conceito de responsabilidade social empresarial, ambiental, você não dá na faculdade.” (Entrevistado E5). Dessa forma, também se vê uma lacuna entre literatura e prática, segundo os estudantes pesquisados, já que na literatura há estudos que defendem o ensino de RSC (ARAÚJO e LACERDA, 2002; SOUZA et al., 2003; CANOPF e PASSADOR, 2004; MUIJEN, 2004; GONÇALVES-DIAS et al., 2006) e, de acordo com os entrevistados, esse ensino ainda é deficiente. 77 4.3.3. A visão sobre RSC dos entrevistados 4.3.3.1. O que os entrevistados pensam sobre esse tema Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que eles pensam sobre esse tema RSC, surgiram três linhas de pensamento. A primeira linha de pensamento, onde mais entrevistados se posicionaram, abordou que entendia o tema como de extrema importância. As justificativas foram que a RSC é fundamental porque hoje em dia é preciso saber que as empresas possuem impactos sobre a sociedade, o meio ambiente, a concorrência; que hoje há problemas sociais, ambientais, climáticos; que as empresas devem colaborar para reduzir os problemas sociais e, também, que é importante que as empresas tenham PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB a RSC ligada à estratégia das empresas. Houve também um pesquisado que disse que é um tema importante e por isso deve ser passado para os alunos dentro da faculdade. “Bom, acho que RSC é um tema super importante ... é muito importante a gente trabalhar isso, porque as empresas em si, elas não têm só o intuito de atingir seus objetivos e atingir a lucratividade, como a gente sempre imagina. A gente precisa ter uma consciência ambiental e uma consciência social também, saber que toda nossa atividade produtiva, saber que essa empresa em si tem um impacto social e ambiental.” (Entrevistada A1). “... E eu acho que realmente é muito importante que a gente difunda essa idéia nas universidades principalmente, porque é a massa pensante, digamos assim, da população, pra que de dentro da universidade, essa população já passe isso pra sociedade como um todo.” (Entrevistada A4). “... a RSC é importante para desenvolver a sociedade como um todo, reduzir pobreza, impactos ambientais, tornar uma sociedade mais igualitária, uma sociedade mais desenvolvida em toda a extensão do termo, e democratizar mais tudo que a gente tem aí disponível, que nós temos num município, no país.” (Entrevistado A6). “... eu acho que é importante as empresas terem noção o quanto elas afetam a sociedade. E isso que demonstra quando algumas empresas procuram esses projetos de RSC quando eles tentam devolver para a sociedade o pouco que eles tiram dela, que é até como uma forma de agradecimento mesmo.” (Entrevistado B6). 78 “Eu acho que a RSC é uma ferramenta bastante válida que as empresas vêm usando, porque não basta a empresa crescer de um modo desordenado e irresponsável, ou seja, ela tem que fazer o bem para a sociedade, para a comunidade onde ela atua, pensando sempre no amanhã. Não adianta ela crescer sem ter uma base sólida, sem ter uma estrutura bem construída pra depois ela não gerar malefícios para a sociedade, para a concorrência. Tem que ser responsável em todos os sentidos.” (Entrevistado C1). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “... é de extrema importância para o Brasil, por ter tanta desigualdade social, é, principalmente nas cidades metropolitanas, como Rio de Janeiro, São Paulo.” (Entrevistado D1). “Bom, acho muito importante, é, acho que é essencial, que principalmente as empresas tenham essa consciência social, é, até porque algumas delas agridem, não só o meio ambiente, mas como a sociedade, e acho que é uma maneira relevante, significante de, é, de compensar um pouco esse lado e não só compensar, mas também ajudar de uma forma geral, não só quando elas fazem, prejudicam, mas é importante que elas tenham essa consciência pra sociedade hoje, já que elas podem fazer alguma coisa de repente que a política não faz.” (Entrevistado E1). “... acho que é um conceito muito importante e acho também que tem que estar em pauta na estratégia de gestão das empresas.” (Entrevistado E5). Analisando esses depoimentos, pode ser observado que os entrevistados responderam segundo as linhas de pensamento de alguns autores. Foram mencionadas as dimensões sociais (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) e as dimensões ambientais (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Também foram citados alguns stakeholders, que precisam ser atendidos, como meio ambiente, comunidade e concorrência (WOOD, 1991; ENDERLE e TAVIS, 1998; QUAZI e O’BRIEN, 2000; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Também foi muito citada a preocupação com os impactos da empresa (WOOD, 1991). E um aluno entrevistado citou que a RSC deve fazer parte da estratégia da empresa (MELO NETO e FROES, 2001). Vale ressaltar que um entrevistado também chamou atenção para o fato de o governo não fazer seu papel, fato este que também é relatado por muitos autores (DRUCKER, 1995; BURTON e HEGARTY, 1999; MELO NETO e FROES, 2001; SCHROEDER e SCHROEDER, 2004; DUFLOTH e BELLUMAT, 2005). O entrevistado E2 também falou um pouco sobre essa ineficiência do governo. 79 “Na verdade, como eu já conheço um pouquinho da história, é um tipo de ... são responsabilidades que o governo deveria assumir, mas devido a sua irresponsabilidade social, ele acabou delegando isso para as empresas fazerem, já que ele não queria só que elas recebessem o lucro. Acabou canalizando essa tarefa que deveria ser sua para que as empresas o fizessem.” (Entrevistado E2). A segunda linha de pensamento, segundo a visão dos alunos, sobre a RSC foi que eles percebem que é um tema onde há um marketing muito grande e muitas vezes a empresa não faz o que realmente deveria fazer. Isso mostra que ainda há alunos céticos em relação à prática da RSC pelas empresas. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Eu acho que, é, como vou dizer? As empresas estão percebendo que essa demanda da sociedade, mas acho que ainda está muito, é mais, às vezes meio deturpadas. É muito mais marketing do que propriamente uma RSC efetiva. Acho que tem que evoluir.” (Entrevistado A2). “Bom, é um assunto importante, só que é feito mais um estardalhaço, propaganda e poucas entidades, ou poucas pessoas realmente têm interesse em fazer esse assunto ter a ênfase que deveria ter.” (Entrevistado A5). “É, atualmente, eu creio que as empresas estão se utilizando desse tema pra promover um marketing, um marketing social. As pessoas, é, assim, para influenciar a cabeça dos consumidores...” (Entrevistado E2). “... eu acho que é um ponto muito importante, bem falado, mas as pessoas falam muito e fazem muito pouco.” (Entrevistada E6). A terceira linha de pensamento dos entrevistados foi em relação à imagem da empresa. Quando perguntados sobre o que eles pensam sobre RSC, eles disseram que ela traz uma boa imagem, uma vantagem competitiva (MACEDO SOCARES e COUTINHO, 2002; BOWEN, 2007), que hoje os consumidores valorizam as empresas socialmente responsáveis. “Eu penso que é de bom senso das empresas atuarem socialmente, mas não só as empresas, mas as pessoas também. E que é uma forte fonte de vantagem competitiva pras empresas. Tem como eles conseguirem diferenciação se valendo da RSC. Por isso vale a pena.” (Entrevistado A3). “... é um tema muito abordado. Hoje em dia, as empresas que não são responsáveis socialmente, elas não se inserem no mercado, não são bem vistas.” (Entrevistada C2). 80 “Olha, a RSC hoje é muito importante para as empresas por conta de elas estarem trabalhando cada vez mais a imagem delas, que elas gostariam que os consumidores tivessem da marca dessas empresas. Então eu acho que a RSC é tão bom hoje em dia para as empresas, para trabalhar a imagem delas, como para os consumidores, que estão ajudando de certa forma as empresas a continuarem com esses projetos sociais, ajudando a comunidade.” (Entrevistado D1). “Ah, eu acho que hoje em dia, com a competitividade das empresas, é, qualquer diferencial se torna importante para ela ser preferida do que as outras. Então, eu acho que um pouco desse modismo é talvez para ser uma vantagem competitiva.” (Entrevistado E4). 4.3.3.2. O que significa RSC, segundo os entrevistados Quando perguntados sobre o que significa o termo RSC, as respostas foram PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB bem variadas. Pode-se perceber que cada um entende a RSC como uma forma. A maioria possui uma visão limitada do tema. Poucos entrevistados mostraram entender a totalidade que a RSC pode significar, segundo os autores. Muitos entrevistados só relataram a dimensão social, dizendo que a RSC está ligada à sociedade, à comunidade, ou seja, ser responsável com a comunidade, atender a esse stakeholder (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002), mostrando que possuem somente a visão da dimensão social da RSC. “Acho que RSC significa você ter responsabilidade com a comunidade e com a sociedade. Entender qual é o impacto que você causa neles e tentar mitigar esses impactos.” (Entrevistada A1). “Pra mim, significa aquela instituição, ela prestar uma assistência, uma contrapartida daquilo que a sociedade fornece pra ela. Ela fornece a oportunidade de trabalhar e tal, mas ela tem, acho que ela tem a responsabilidade de melhorar a sociedade também, não só a atividade fim, mas contribuindo pra melhorar essa sociedade em termos de renda, de educação, em termos de várias coisas.” (Entrevistado A2). “... Procurar dar um, agregar alguma coisa, participar tanto com seus funcionários, como, quem está em volta, a cidade, enfim, o local. Você dar alguma coisa para essas pessoas, seja, tipo, curso, ou, é, mesmo esporte, qualquer coisa que faça alguma diferença para as pessoas, que elas não poderiam ter acesso sem esse auxílio.” (Entrevistado C5). 81 “Você ser responsável com a sociedade. É você saber o que é certo ou errado, pensar, tomar atitudes responsáveis, acho que é isso..” (Entrevistada D2). “RSC é você tentar produzir para a sociedade algo além dos bens que você produz, quer dizer, dar um retorno a sociedade...” (Entrevistado E2). “Bom, RSC eu acho que envolve muita coisa ... é, tipo, preocupação com a outra pessoa, com a sociedade no geral. Acho que envolve muito essa questão...” (Entrevistada E6). Muitos entrevistados também definiram a RSC levando em conta alguns stakeholders, seja meio ambiente e comunidade, seja comunidade e funcionários, seja comunidade e concorrentes, mostrando que conhecem algumas dimensões da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB RSC, mas não conhecem a sua totalidade. “Eu acho que é você olhar pra sociedade mesmo. Assim, toda a questão, eu acho que até ligado à sustentabilidade, a questão de você pensar na sua responsabilidade de tentar olhar o meio ambiente, não só o meio ambiente, mas também as pessoas, tentar fazer os processos do, no caso de uma empresa, organização, tentar visar, é, o mundo mesmo de tentar contribuir de alguma forma de, não sei, tentar ajudar a sociedade, tentar ajudar as pessoas, o meio ambiente, não prejudicar, não poluir. Eu acho que é um tema bem amplo.” (Entrevistada B5). “RSC é uma, nada mais é do que a empresa ou uma instituição qualquer, é, ela se preocupar com o benefício que ela gera para a sociedade. Ou seja, não adianta só ela gerar o benefício pra ela, ela crescer de um modo desordenado, de um modo irresponsável, de um modo incorreto, se ela vai prejudicar a sociedade, se ela vai prejudicar seus concorrentes. Ou seja, ela tem que crescer e gerar benefício para todas as pessoas que estão ao redor dela.” (Entrevistado C1). “RSC é você agir em prol, você, como empresa, tomar certas decisões tendo em mente o que isso pode acarretar na comunidade que você está instalado. Por exemplo, quando você trabalha com uma empresa que polui de mais, você está preocupado em selecionar os resíduos que são, que provém da produção da sua fábrica de modo a não causar nenhum tipo de poluição ou agressão à saúde das pessoas que moram na comunidade onde a fábrica é instalada. Eu acho que a RSC está mais ligada a essa parte. E auxiliar também que, está ligado também a você saber investir nas pessoas que estão próximas aonde sua empresa se encontra. Você investir na sociedade que por ventura poderia estar gerando algum retorno pra você, ou trabalhando, ou consumindo o seu produto, ou falando bem da sua marca. Pra mim, acho que RSC é isso.” (Entrevistado D1). 82 “Na minha opinião, significa, no meu entendimento significa, é, uma consciência, uma responsabilidade que as pessoas, as empresas têm perante a sociedade, é, de ajudar o próximo, ajudar com todos os recursos que hoje não são possíveis em algumas áreas, como educação, saúde, é, ensino em geral, alimentação e meio ambiente também.” (Entrevistado E1). “Significa se preocupar com as outras pessoas, é, se preocupar com o meio ambiente que elas vivem, não se preocupar somente com a relação de trabalho que a pessoa tem com a empresa, mas se preocupar também com a sociedade como um todo.” (Entrevistada E3). “Eu acho que RSC está voltado para as causas assim de meio ambiente, a sociedade, o que a empresa se preocupa com esses temas.” (Entrevistado E4). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “É, RSC significa, assim, no âmbito empresarial, significa gerir uma empresa não apenas considerando as questões econômicas de uma organização, mas considerando as questões sociais e ambientais que uma empresa deve se preocupar também.” (Entrevistado E5). Ainda tiveram poucos entrevistados que definiram a RSC levando em conta somente a dimensão ambiental (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002), mostrando uma visão limitada do assunto. “É um crescimento ordenado, responsável, que não agrida o meio ambiente, que não ponha em risco as gerações futuras. Basicamente isso.” (Entrevistada B4). “Você fazer, mas se preocupar também em não destruir. Fazer uma coisa, mas não fazer negócio que vá destruir. Mesmo que você destrua, que você depois tenha um programa pra que a coisa volte, tipo no caso que eu falei, reflorestamento, alguma coisa assim....” (Entrevistado C6). Tiveram dois entrevistados que definiram a RSC de uma maneira mais assistencialista, mais filantrópica, mostrando também uma visão limitada do tema, conforme dizem Melo Neto e Froes (1999) e Melo Neto e Froes (2001). “RSC, pra mim, é ajuda das pessoas, das empresas, é, por parte responsável em doação, ou ajudas a comunidades a qual, por exemplo, uma empresa está atuando, é, naquele lugar para ajudar as pessoas que estão na volta dela. Acho que é mais ou menos isso.” (Entrevistado C3). 83 “RSC, para mim é a parte de colaborar para ajudar as ONGs, ajudar o próximo mais necessitado.” (Entrevistada D5). Poucos entrevistados mostraram ter uma visão mais ampla do que é RSC, dizendo que envolve diversos stakeholders (WOOD, 1991; ENDERLE e TAVIS, 1998; QUAZI e O’BRIEN, 2000; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Vale ressaltar que o entrevistado A3, que definiu a RSC de uma forma ampla realizou sua monografia sobre o tema. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “É agir pensando em todos os envolvidos dentro de um determinado processo. Quando a gente pensa numa ação empresarial exclusivamente, a gente tem a comunidade, a sociedade, os trabalhadores, o cliente, o acionista. Quem mais eu posso falar? Tem aí uns 6 ou 7, sem citar autores, nada, temos uns 6 envolvidos dentro de um determinado processo. RSC é você agir de uma forma que não atrapalhe ou não diminua nenhum desses 6 envolvidos ... eu lembrei ... tem o meio ambiente.” (Entrevistado A3). “RSC significa criar valor para todos os stakeholders, as pessoas que são internamente, que trabalham internamente para a empresa e externamente, desenvolver uma sociedade também.” (Entrevistada C2). Portanto, a maioria dos entrevistados apresentou uma visão mais restrita sobre a definição de RSC, o seu conceito. A maioria abordou somente algumas poucas dimensões, não conhecendo a totalidade do assunto. 4.3.3.3. Síntese da visão dos entrevistados A seguir, foi elaborada uma tabela considerando os principais conceitos de RSC listados na Tabela 1 da Revisão da Literatura, na qual essa dissertação se posiciona, e foi feita uma análise para ver se esse conceito foi citado ou não pelos entrevistados. Tabela 6: Síntese da visão dos entrevistados Principais pontos dos conceitos sobre Foi citado pelos entrevistados na RSC definição de RSC Engloba o público interno e externo Sim (MELO NETO e FROES, 1999; 84 MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) Dimensão social (CARROLL, 1991; Sim ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) Dimensão ambiental (ENDERLE e Sim TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) Dimensão econômica (CARROLL, Sim PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 1991; ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) Dimensão ética (CARROLL, 1991; Não MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002) Dimensão legal (CARROLL, 1991) Não Dimensão filantrópica (CARROLL, Sim 1991; QUAZI e O’BRIEN, 2000) Filantropia não é o bastante; ações Não continuadas (MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001) RSC deve fazer parte da estratégia da Sim empresa (MELO NETO e FROES, 1999; MELO NETO e FROES, 2001) Atender aos stakeholders (WOOD, Sim 1991; ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 1999; QUAZI e O’BRIEN, 2000; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 85 2002) Transparência (ASHLEY, 2002) Não Preocupação com os impactos da Sim empresa (WOOD, 1991) Valorização da organização pela Sim sociedade (WOOD, 1991) Existência de diferentes estágios para Não prática da RSC – três estágios (ENDERLE e TAVIS, 1998) Os investimentos em RSC variam e Não dependem dos objetivos de cada empresa (ENDERLE e TAVIS, 1998) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Visão clássica: maximização dos Não lucros (QUAZI e O’BRIEN, 2000) Visão sócio-econômica: só um pouco Não de RSC (QUAZI e O’BRIEN, 2000) RSC gera benefícios para a empresa Sim (QUAZI e O’BRIEN, 2000) A Tabela 6 mostra uma comparação entre as principais teorias de RSC – listadas na Tabela 1 da Revisão da Literatura – e o que foi citado ou não pelos entrevistados quando foram perguntados sobre o que significa RSC e o que eles pensam sobre o tema. Como pode ser visto, alguns tópicos foram citados e outros não foram citados, como a dimensão ética e a dimensão legal. 4.3.4. Questionamentos e dúvidas sobre RSC Quando perguntados se tinham alguma dúvida ou questionamento sobre o assunto RSC, somente 6 entrevistados apontaram não ter dúvidas ou questionamentos, como pode ser visto em alguns depoimentos a seguir. “Não, eu acho que eu sei, tipo, o fio da meada, a idéia principal eu acho que sei. Mas não sou um expert sobre o assunto, mas acho que entendo um pouco, razoável.” (Entrevistado C1). 86 “Não, não tenho dúvidas.” (Entrevistada C2). “Não, não. Eu pelo menos acho que não (risos). Já trabalho bastante em cima desse assunto e aprendi o suficiente pra poder, de repente, trabalhar isso na minha empresa.” (Entrevistado D1). “Não, até porque na empresa, a gente acaba vendo isso.” (Entrevistada D3). Porém, a maioria dos entrevistados ficou dividida em duas respostas. Uma parte disse não ter dúvidas, pois não conhecia bem o assunto e gostaria de conhecer mais. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Tudo, no momento como eu sei pouco, eu não tenho dúvidas, mas gostaria de ter mais esclarecimentos...” (Entrevistada B4). “Não, não é dúvida, mas eu queria assim, por exemplo, se tivesse uma matéria, conhecer mais iniciativas de RSC, de empresas. Porque tenho amigos que fazem faculdade que viram isso e a gente comenta e acha interessante, de como fazer realmente, não ficar só na teoria, é isso, é aquilo.” (Entrevistado C4). “Ah, eu tenho ainda, porque não aprendi tudo. Eu tive só uma idéia ampla, assim, do que é.” (Entrevistada D2). “Eu gostaria de conhecer mais. Eu acho que eu conheço muito pouco.” (Entrevistada E6). A outra parte dos entrevistados demonstrou ter dúvidas em relação ao conceito do tema. “Vários. O próprio conceito do tema em si eu não domino. Eu acho que, é, somente as pessoas que são envolvidas em trabalhos acadêmicos, ou até empresas grandes que são, como Petrobrás, por exemplo, que fazem estudos específicos sobre o assunto é que podem, acho, que têm uma consciência mais aproximada do que seria a amplitude de RSC.” (Entrevistado A5). “Acho que sim, acho que eu não sei se o que eu entendo sobre RSC é o certo. Não sei se é isso que é RSC. Eu acredito no que pra mim seja RSC, que é você ter uma consciência que suas ações vão refletir das pessoas e você ser responsável também por ajudar um pouco a sociedade como um todo. Mas, eu realmente confesso que não tenho muito conhecimento sobre as características e conceitos do tema.” (Entrevistada B2). 87 “Ah, eu tenho muitas. Eu acho que o próprio conceito assim eu não consigo definir muito bem. Tanto que eu misturo um pouco a parte de sustentabilidade, a parte de projetos sociais. Mas eu não sei exatamente como definir RSC. Então, eu tenho muitas dúvidas sobre esse tema, assim.” (Entrevistada B5). “Nada muito específico, mas também, eu sei no geral, não tenho um conhecimento profundo. Eu sei de ouvir falar, mais nada. Não sei muito bem definir exatamente o que é.” (Entrevistada C5). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “É, talvez alguns (risos). O que eu te falei, eu não sei se eu saberia definir exatamente o que seria RSC, entendeu? Seria uma, por exemplo.” (Entrevistada D6). “Na verdade, é assim, como eu estou estudando agora esse assunto, tenho vários questionamentos. Mas, é, eu acho que o próprio conceito, o que seria RSC, assim seria responsabilidade sócio-ambiental, cada hora a gente ouve uma sigla diferente, assim. O próprio conceito de sustentabilidade, assim, que é na verdade, um, o que a gente teria acima de TSC, já que responsabilidade social e ambiental, acho que é um desdobramento do conceito de sustentabilidade.” (Entrevistado E5). Alguns entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação à implementação da RSC. “Como é que funciona o mecanismo, como seria trabalhar num departamento desses numa empresa, como seria coordenar um projeto desse. Eu queria ter uma idéia mais ampla de como funciona isso e de como são medidos os esforços, os retornos e tudo.” (Entrevistada B3). “Não sei, como a gente colocaria a RSC dentro de uma empresa, maneiras de implementação e tudo. Acho que isso é muito importante para um administrador aprender, porque muitas vezes isso fica falho. Então, acho que isso é uma dúvida assim, claro, como a gente pode fazer de uma maneira barata, efetiva e que dê resultado e que seja fácil implementar na nossa empresa. Ou o step by step de como se faz isso.” (Entrevistado E3). Alguns entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação à mensuração de retorno que a prática de RSC proporciona. Essas dúvidas correspondem aos debates que ocorrem até hoje sobre isso, conforme visto na Revisão da Literatura. 88 “... seria como a RSC mesmo dentro desse escopo mais restrito de ter uma orientação que seja estratégica pra empresa como ela pode contribuir com a sociedade e estado na construção, na redução da pobreza e no desenvolvimento efetivo, de verdade, com números do país. Porque a RSC ainda pelas empresas é algo que não é muito mensurável: A gente ajuda 12 mil crianças. Eu acho isso lindo, mas eu quero assim, ver mais a médio e longo prazo como essas 12 mil crianças saíram daquela condição de pobreza e vieram a se tornar pessoas que vieram a compor uma população economicamente ativa no país.” (Entrevistado A3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “... eu queria ter uma idéia mais ampla de como funciona isso e de como são medidos os esforços, os retornos e tudo.” (Entrevistada B3). “É, assim, é sempre difícil, assim, como estudei um pouco de treinamento e acho que tem o mesmo problema em RSC, que é mensurar o quanto que isso afeta. Talvez muita gente vê a parte de finanças, talvez fique vendo só os lucros e não saiba mensurar o quanto isso traz de retorno pra empresa. Então, vai ser muito difícil fazer esse tipo de análise, mas era interessante ver o quanto que isso retorna à empresa. Porque não tem jeito, acionista quer saber quanto que ele está ganhando, quanto que está entrando no bolso quando ele faz um investimento. Se você faz um investimento de RSC era bom saber o quanto isso te retorna.” (Entrevistado B6). Alguns poucos entrevistados relataram que possuem dúvidas em relação a outros assuntos referentes à RSC, como pode ser visto nos depoimentos a seguir. “Bom, eu tenho alguns ... é, bom, se tem alguma lei sobre RSC, se é uma coisa mesmo voluntária ou se existe alguma obrigatoriedade.” (Entrevistado C3). “Olha, vou te falar que eu não tenho muita dúvida, porque eu não entendo muito. Então, eu não tenho nem o que ter muita dúvida. Claro que eu queria poder me aprofundar mais nisso, na questão que eu falei de, dos benefícios que você ganha, entendeu? Porque as empresas também não fazem isso só porque é bonito. Eles fazem também por causa disso. Saber um pouco mais disso, e acho que é isso.” (Entrevistado C6). Com isso, pode ser observado que a maioria dos entrevistados possui dúvidas e questionamentos sobre o tema RSC, principalmente em relação a aspectos básicos, como o próprio conceito, mostrando que o tema ainda não é muito bem difundido entre os alunos na faculdade. Isso pode ser um indício de que a abordagem dada ao tema não é adequada, conforme metade dos entrevistados relatou. 89 Também existiram dúvidas em relação ao retorno que a RSC dá à empresa, o que corresponde a discussões que existem na literatura sobre isso (há autores que acham que dá um retorno positivo, outros não conseguem provar tal afirmação). Além disso, houve dúvidas em relação à prática da RSC. Isso também pode ser associado ao que foi falado anteriormente sobre a abordagem dada ao tema nas instituições de ensino. Alguns entrevistados disseram que a abordagem não era adequada, que era superficial e, por isso, os alunos possuem dúvidas e questionamentos. Esses questionamentos sobre a prática da RSC são interessantes, pois mostram que os alunos gostariam de saber como exercer a RSC na prática, ou seja, eles se preocupam com como é a aplicação disso no ambiente de trabalho. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 4.3.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais 4.3.5.1. Utilização dos conhecimentos de RSC na prática Como foi visto no início das análises dos resultados, onde foi feita uma tabela contendo as experiências práticas dos entrevistados com a RSC em empresas que já trabalharam ou trabalham atualmente, somente 10 entrevistados já praticaram a RSC em empresas. A Tabela 7, a seguir, mostra novamente esse contato com a prática de alguns entrevistados. Tabela 7: Entrevistados que tiveram contato com RSC na prática Entrevistado Que tipo de contato? A1 A empresa em que trabalha possui um programa voltado para o assistencialismo: arrecadação de alimentos e brinquedos, visitas a instituições. A5 A organização em que trabalha, opera em áreas carentes da Amazônia levando assistência médica. O entrevistado já participou por 2 anos desse tipo de atividade. A6 Trabalhou na Empresa Júnior da faculdade, que possuía uma área de RSC e o entrevistado participou de projetos de RSC, como exemplo um projeto de conscientização da classe 90 empresarial sobre a inclusão de portadores de deficiência. B1 Trabalha numa organização que faz pesquisas e atualmente pesquisa sobre RSC. B3 e E6 Participou de algumas ações sociais da empresa como recolhimento de doações. D1 Participou de um projeto que auxilia pessoas de comunidades a criarem projetos auto-sustentáveis. D3 Trabalha em uma área estratégica, que se preocupa com as questões ambientais. D4 Trabalha na área de relações com os investidores e está vendo que há fundos que exigem empresas socialmente responsáveis. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB E5 Trabalhou em um projeto de reestruturação de uma área que é responsável por gerir a parte de RSC. Trabalha numa empresa que faz campanhas de reciclagem e outras campanhas. O entrevistado já participou de uma campanha de voluntários que foram pintar uma creche. Como podem ser visto, poucos foram os entrevistados que tiveram contato com a RSC na prática, cerca de 1/3 dos entrevistados. Porém, alguns desses entrevistados se mostraram mais seguros sobre o assunto, provavelmente por já terem tido uma experiência prática. Os entrevistados A6, B1, D1, D3, D4 e E5 se mostraram muito seguros em relação ao tema, pois falaram de tópicos importantes abordados na literatura em relação ao tema RSC. O entrevistado A3, apesar de não ter trabalhado com a RSC na prática, realizou a monografia sobre o assunto e, com isso, também falou sobre o tema com segurança. Durante a entrevista, esses entrevistados tentaram passar para o entrevistador que entendiam do tema. Isso pôde ser visto através do jeito de falar deles, e da forma com que eles afirmavam suas respostas. Com isso, pode ser visto que a maioria não teve contato com a prática da RSC, o que sugere que a faculdade pode suprir essa questão ensinando a prática para os alunos. Há faculdades que já tentam fazer isso, conforme relata Silva (2006). 91 4.3.5.2. RSC das empresas em que trabalharam Quando perguntados se as empresas em que trabalham ou já trabalharam põem em prática a RSC, as respostas ficaram divididas. Alguns entrevistados disseram que não, que suas empresas não praticam a RSC; outros disseram que suas empresas praticam a RSC. Seguem alguns depoimentos de entrevistados falando sobre a prática de RSC de suas empresas. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Tem esse programa, Programa Atitude, que é da atual empresa onde eu trabalho, e na minha antiga empresa onde trabalhava, que é a H.Stern, eles tinham também essa prática de visitar algumas entidades de pessoas carentes, idosos. Eles tinham também um programa de aprendizes em que você desenvolvia o jovem para o trabalho. Não era só na questão do assistencialismo, mas também tinha esse assunto de desenvolver mesmo as pessoas no mercado de trabalho.” (Entrevistada A1). “Só a Petrobrás ... é só você olhar para os lados. A Petrobrás participa quase de tudo que é projeto social, tudo tem um papel, tudo tem o nome da Petrobrás em eventos culturais. E dentro da empresa, por sua vez, ela tem uma preocupação muito grande com o funcionário. Por ser Estado, ela também se preocupa, ela tem uma orientação muito forte pro Estado. Eu digo por ser Estado, por ser capital misto. Eu acho que ainda que fale muito, é como eu disse, também não acredito 100% na Petrobrás, ela já falhou muito no passado com derramamentos e ações despreocupadas com todos os envolvidos. Ela ainda é a que se aproxima mais. As outras estão muito distantes, muito distantes...” (Entrevistado A3). “Sim, as que eu trabalhei, sim. Sempre tinha alguma ação. Tipo, a Oi, por exemplo, ela tem Oi Futuro, que tem várias pequenas ações lá dentro. É um centro cultural, tem ações relacionadas à educação, ao desenvolvimento profissional, algumas coisas interessantes.” (Entrevistada B1). “Ah, tem vários. Ela faz programas com alunos universitários. É uma empresa bem socialmente responsável, bem consciente mesmo. Tem programas de capacitação, tem muita coisa.” (Entrevistada B3). “Tenta pôr, mas acho que tem muita coisa a desenvolver ainda ... tentando oferecer treinamento para os funcionários, dando bolsas para os funcionários em instituições de ensino, criando uma responsabilidade das pessoas imprimir menos, gastar menos água. Enfim, fatores de produção para gastar menos. E também tem um programa chamado Criando Laços, que é um trabalho voluntário, também é muito importante.” (Entrevistada C2). 92 “Na Vale, a princípio, pelo que eu escuto, coloca sim. Tanto que tem várias campanhas aí em relação a isso. Eu não lembro de muita não, mas tem também negócio de Mato Verde, não sei, alguma coisa relacionada a isso que estão plantando perto da linha do trem, alguma coisa assim. Tem alguns outros, mas as outras duas (empresas em que trabalhou) não, não que eu saiba.” (Entrevistado C6). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “A LLX Logística sim, porque senão os projetos dela não vão sair. Como eles geram muito impacto no ambiente, tem que ter capacitação dos, de quem vai trabalhar no porto, tem que ter, é, reservar área para reservas mesmo, senão o projeto acaba até não saindo se você não cumprir as exigências do governo. Então, tem que ter de qualquer maneira, independente da empresa estar, se tem mentalidade de ser voltada, ela tem que ter, senão ela não vai poder existir.” (Entrevistada D3). “Sim, sim, eles colocam. Tem vários programas sociais e ambientais no estado de, no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra, onde vai ter um empreendimento. É um empreendimento grande, de um porto, que é até gerador de, é um pólo de desenvolvimento. E sabendo dos impactos que um porto tem para uma região, a organização, ela se viu obrigada, teve essa responsabilidade, se viu no papel de tentar ajudar, ou gerar uma mão de obra qualificada, preservação de rios, é, de colônias de pescadores e vários outros programas de capacitação mecânica, técnica para serem utilizadas na construção do porto.” (Entrevistado D4). “Tem, o banco que eu trabalhei, ele fazia bastante atividade de RSC com os funcionários dele e tudo. Nas outras empresas, por serem empresas menores, tinham menos essa, davam menos importância à RSC. O banco, ele dava um grande sistema de suporte de treinamento para os funcionários. Era muito grande, ele dava sistema grande também para as famílias e tudo. E se preocupavam, não só com o funcionário, mas com a família do funcionário. Pra mim, isso é RSC. Então, acho que se importava, o banco dava essa atenção. Se o filho do funcionário estava numa escola, como ele estava. O Recursos Humanos cuidava disso tudo.” (Entrevistado E3). “Sim, sim, acho que sim. Pelo menos na última, principalmente. Na verdade, a única ... ele tem coleta seletiva de lixo, assim eles incentivam, é, os consultores, todo mundo, a equipe, a realizarem iniciativas sociais, creche, seja, enfim. No caso, eu participei foi até uma creche, a gente foi pintar a creche. Então isso, é uma iniciativa que a empresa incentiva e dá prêmios, como se fossem campeonatos de grupos, a empresa toda se divide em grupos, né. E o melhor projeto social é meio que feito uma eleição pra ver qual que é o melhor projeto social. Acho que é isso.” (Entrevistado E5). Com isso, pode-se ver que ainda há empresas que não praticam a RSC, já que alguns entrevistados disseram que suas empresas não a colocam em prática. Por outro lado, também há empresas que praticam a RSC e, conforme relatado no 93 depoimento dos entrevistados, essas práticas são através de projetos voltados para a dimensão social (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002), atenção aos funcionários (MELO NETO e FROES, 2001) e dimensão ambiental (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). Não foi citado pelos entrevistados uma empresa que exercesse uma RSC considerando diversos stakeholders, foram citados alguns, somente. 4.3.5.3. Como a RSC poderia ser posta em prática Quando perguntados sobre como as empresas deveriam colocar em prática a RSC, as respostas foram divididas, assim como a visão que os entrevistados têm sobre o que é o conceito do tema. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB A maioria dos entrevistados respondeu considerando somente a dimensão social da RSC (ENDERLE e TAVIS, 1998; MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002), como pode ser visto nos depoimentos a seguir. “A partir do momento em que houvesse uma filosofia de, de aumento de qualidade de vida e também como um estímulo ao desenvolvimento intelectual da sociedade. Uma forma de investir em educação seria uma boa forma de aplicar o conceito de RSC.” (Entrevistado A5). “Acho que depende da empresa, depende do setor, depende de muita coisa. Agora, eu acho que é, até falei como crítica, acho que as pessoas, as empresas poderiam escutar mais o que a população precisa. Talvez fosse mais difícil de fazer, mas mais legal para a população de uma maneira geral. É isso, acho que elas poderiam ouvir mais o que a população precisa, em vez de fazer o que é mais fácil pra ela, o que é mais cômodo. Apesar que eu acho que estou pedindo demais (risos), mas eu acho que seria legal se fosse assim.” (Entrevistada B1). “Acho que as empresas poderiam desenvolver mais o local em que elas se desenvolvem em volta. Pensar mais nas pessoas carentes e não só olhar para dentro dela. Pensar fora.” (Entrevistada C2). “Bom, acho que toda empresa pode fazer um pouquinho a respeito da RSC. Por exemplo, a empresa que eu trabalhei poderia ajudar de uma forma, alguma forma as crianças carentes, ou a comunidade, pode ser pequena, mas poderia, sim, ajudar de alguma forma algumas pessoas.” (Entrevistado C3). 94 “Eu, partindo do zero é difícil. Mas você, de repente, recebendo essa demanda da comunidade seria mais interessante. Ou a comunidade falando? Nós precisamos, por exemplo, 5 mil para criar uma biblioteca comunitária com 500 volumes. A empresa vai lá e financia esse projeto. Porque é um pouco complicado a empresa partir do zero e financiar esse projeto, porque ela não sabe qual é a necessidade da comunidade. Então, de repente tendo essa, esse caminho inverso da comunidade procurando a empresa pra financiar o projeto, seria interessante. Mas seria mais interessante ainda se a empresa já tivesse a noção de conhecer os benefícios que você tem, não só os benefícios fiscais, mas pra imagem da empresa, de você estar financiando esse tipo de projeto voltado para RSC..” (Entrevistado D1). “Acho que, tipo, não só se preocupar, por exemplo, Natal. Tentar ajudar as outras pessoas, é, ao longo do ano. A Oi, ela é uma empresa que tem um dos projetos bem legais de tirar meninos de rua, de ajudar, de dar, fazer um curso para as crianças....” (Entrevistada E6). Interessante observar que os entrevistados B1 e D1 disseram que as PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB empresas precisam ajudar a comunidade, mas não de forma aleatória, é preciso entender e saber o que a sociedade está precisando. Muitos entrevistados também disseram que a RSC deve ser posta em prática da seguinte forma: levando em conta alguns stakeholders, seja meio ambiente e comunidade, seja comunidade e funcionários. “Eu acho que, é, a questão do meio ambiente, acho que sempre deve ser vista, é algo que influencia a todos, então, assim, qualquer processo que seja ligado ao ambiente eu acho que tem que ser estudado, tem que ser visto formas de tentar sempre conservar e até melhorar o meio ambiente. Eu acho que a questão social também, as empresas, elas têm como investir, tem como dar recursos a essa parte social, acho que isso pode até ser até em benefício delas. Por exemplo, dando ensino nas áreas voltadas da empresa pra crianças, pra estudantes que são mais carentes, que eles dando oportunidades mesmo para as pessoas. Eu acho que isso é interessante de você, ao mesmo tempo que você está ajudando, você está contribuindo pra própria empresa, não só com a imagem de RSC, mas com pessoas mesmo, qualificando pessoas que não têm tantas oportunidades.” (Entrevistada B5). “Poderiam ter projetos para desenvolvimento dos profissionais mais humildes, pagando bolsas de estudos, distribuindo mais cestas básicas. Deveriam ter um projeto com a comunidade local. Por exemplo, trabalhei numa empresa de engenharia, lá na obra ela poderia fazer alguma atividade social, alguma aula de informática pra comunidade mesmo mais carente, distribuição de agasalhos, alimentos. Acho que poderia ter algum tipo de atividade assim, que eu não vi.” (Entrevistado C1). 95 “Acho que dessa maneira, capacitar os funcionários. No caso da minha, que é a construção, os recursos serem reaproveitados, não só construir o porto e sair. Se preocupar com os impactos que estão sendo causados para poder mitigar, se vai destruir uma área, tantos hectares, repõe essa área em outro lugar para poder contrabalancear. Acho que eles até têm feito isso, pelo que estou vendo.” (Entrevistada D3). “Ah, não sei, tendo cuidado com as pessoas ... sei lá, com as pessoas que trabalham na organização, as que não trabalham, mas de alguma forma mantém contato. Não sei, alguma coisa desse tipo. Com, sei lá, o ambiente que ela está, também não só com a organização, mas aonde ela está inserida, com as conseqüências que ela, que ela traz pra, sei lá, aquela cidadezinha lá em volta dela.” (Entrevistada D6). “... Atuar, assim, atuar no mundo de hoje reduzindo, se preocupando com o mínimo impacto assim, tanto no morro, tanto no meio ambiente, como no meio social...” (Entrevistado E5). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Alguns entrevistados disseram que a empresa precisa colocar a RSC em prática começando dentro dela, ou seja, começando pelos funcionários da própria organização. Esse aspecto é mencionado por alguns autores (MELO NETO e FROES, 2001; ASHLEY, 2002). “Eu acho que é aquilo que te falei, de você ver a qual comunidade você está, e não só onde você está, mas quem faz parte da sua empresa também. Acho que você precisa também pensar como as pessoas da sua empresa estão, pra começar de dentro, digamos, trabalhar isso. Então acho que poderia ser por aí.” (Entrevistado A2). “Eu acho que podia começar de dentro mesmo, com os próprios funcionários e perceber o que, o que move eles exatamente. Não só no quesito motivacional em si, mas o que convence o cara ir a frente. O que convence ele a se mover e a dar um pouco mais de si. Eu acho que a RSC podia estar ligada um pouco a isso.” (Entrevistada B3). “Bom, acho que você tem que começar de, com pequenas ações. Depende do tamanho da empresa também, mas você fazer pequenas coisas, começando com seus funcionários, as famílias, pra poder, você vendo algum retorno nisso, você poder expandir pra sociedade que está em volta da empresa, que participa.” (Entrevistada C5). “Ela poderia primeiro analisar o quadro de funcionários que ela tem, e ver quais são as necessidades deles. Se, por exemplo, quando eu trabalhei numa construtora, muitas das pessoas que trabalhavam na construtora eram analfabetas. Então, o que na empresa eles fizeram? Eles colocaram pessoal 96 lá pra ensinar. Porque esse é um trabalho que o sindicato da construção civil tem, você pode botar um professor na tua obra. Então, a primeira coisa acho que era analisar as necessidades dos funcionários, ver lá, a maioria dos funcionários é analfabeta, preciso de alguém que ensine eles na obra. Tem alguém que faça isso? Tem o sindicato da construção civil faz isso, quanto custa? Ah, é de graça. Então vamos implementar? Vamos. Então, três vezes por semana, no final do expediente, ou início do expediente, eles têm essas aulas. Entendeu? Então, primeiro ver a necessidade do funcionário e ver como é que poderia fazer, e a melhor forma de fazer isso com, talvez com custo baixo para não sobrecarregar a empresa.” (Entrevistado E3). Alguns entrevistados disseram que para colocar em prática a RSC, é importante que a empresa tenha uma estrutura formal em seu organograma, ou PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB seja, uma área para realizar as práticas de RSC. “Olha, eu acho que, a RSC poderia ser posta em prática nas empresas, bom, eu tenho dúvidas da minha forma de pensar, como eu disse. Mas, é, primeira coisa é ter uma diretoria, um cargo dentro do seu organograma hierárquico voltado só pra isso. Uma empresa que tem uma diretoria de RSC, um diretor de RSC, né. Uma gerência de RSC para que seja só voltado para projetos sociais, seja voltado só para essa visão...” (Entrevistado A6). “Não sei, de repente, é, não sei se seria somente da área de recursos humanos, mas dentro dessa área ter uma pessoa responsável por esses projetos, em tentar ver aonde a empresa pode trabalhar, onde a empresa pode utilizar seus recursos e as suas capacidades pra ajudar de repente a população onde a empresa está instalada, ou mesmo os seus funcionários, as comunidades onde seus funcionários moram. Acho que isso poderia ser feito.” (Entrevistada B2). “... Até propriamente criar uma, ou ter algum canal, alguma área da empresa que cuide disso e que tome conta disso.” (Entrevistado C4). Dois entrevistados responderam que a RSC deveria ser posta em prática através de doações, ou seja, um caráter mais assistencialista. “De acordo com a minha visão de RSC, seria colaborando com alguma ONG, investindo, dando verba.” (Entrevistada D5). “Não sei, talvez uma campanha pra reciclagem, alguma doação pra época de Natal.” (Entrevistado E4). 97 Um entrevistado respondeu que a empresa deveria fazer bastante marketing sobre suas práticas de RSC, já que isso atrai consumidores para o consumo de produtos ou serviços da empresa. “Como eu acho? Olha, vou te falar que, eu acho que em relação a isso, programas e principalmente também no marketing da empresa. Porque a empresa que tem, que é conhecida com RSC, ela acaba estando no gosto do público e automaticamente na preferência dele. Então, acaba que vende mais, é mais bem vista. Acho importante. Que tipo de programa? Agora você me pegou. Nunca pensei sobre isso, não, mas espera aí, que tipo de programa, olha, não sei. Não sei mesmo porque eu nunca parei pra pensar sobre isso não, assim, de como não é um assunto que eu sou muito interado assim, eu não, só parando pra pensar mesmo.” (Entrevistado C6). Um entrevistado respondeu que a empresa deveria atender a todos os stakeholders, mostrando ter uma visão bem ampla sobre o assunto. Ele também PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB disse que a RSC deve ir além da pura filantropia, assim como dizem os autores Melo Neto e Froes (2001). “É como eu falei, a RSC é uma postura, é uma forma de tomar, é uma orientação para tomada de decisão que entende que toda ação mexe com seis envolvidos: Estado, cliente, sociedade, empregado, acionista ... Ser posta em prática, eu penso que não é só você ter uma fundação social e ajudar algumas crianças ou comprar remédio pro hospital ou comprar alimentos para mandar pro sertão na época da seca. É você ter uma política que efetivamente faça com que as pessoas, principalmente o nível estratégico, tomem decisões que não vá afetar ou prejudicar o mínimo possível todos esses envolvidos...” (Entrevistado E4). 4.3.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC 4.3.6.1. Capacidade de responsáveis a faculdade formar gestores socialmente Quando perguntados se a faculdade em que eles estudavam/estudaram era capaz de formar gestores socialmente responsáveis, a maioria dos entrevistados – 17 entrevistados – responderam que a faculdade que eles cursaram/cursam não é capaz de formar gestores socialmente responsáveis. 98 “Acho difícil. Tem até uma pessoa ou outra que pode até, pode até saber, até por conta de monografia, alguma coisa assim de interesse próprio mesmo. Mas eu acho que só por conta das matérias, eu acho difícil. Acho que não.” (Entrevistada A4). “Se ela tivesse uma abordagem mais direcionada, eu acredito que sim. Hoje, está um pouco deficiente. Apesar das várias disciplinas que tratam superficialmente do assunto, acho que eles não dão um foco muito direcionado não.” (Entrevistado A5). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Não.Nenhum momento o tema é abordado, então não tem como formar. Tem muita coisa que falta para formar.” (Entrevistada B3). “Atualmente, não. Eu acho que isso está muito ligado também aos valores das pessoas. Pessoas também não é só aprender e adotar. Eu acho que essas pessoas, elas têm também que ter esse sentimento de responsabilidade, que também, claro, pode ser despertado um pouco na faculdade. Mas assim, ela só pela faculdade só, acho que não. Porque não é muito debatido esse tema, não é levado muito, assim, é considerado como, parece não ser considerado tanto quanto importante. Várias matérias e poucas abordam esse tema, assim, dentro da matéria. Acho que ela não é vista como principal, como fator importante mesmo pra pessoa sair preparada pro mercado.” (Entrevistada B5). “... aqui na faculdade especificamente, eu acho que não tem muito espaço, não. Se ela (pessoa) não se informa de outra forma, ela não tem muito conhecimento.” (Entrevistada C5). “Bem, da minha parte, não (riso). Eu pelo menos, se dependesse daqui, eu não ia saber muita coisa, não. Te falei, ia saber o básico, saber o que é certo, o que é errado em relação a isso. Mas nada que mudasse o meu, que pudesse ser, guiar uma opinião minha a respeito do assunto, não.” (Entrevistado C6). “Ah, eu acho que não. Porque, porque muitas das pessoas não sabem nem o que é isso e a faculdade não foca nem um pouco sobre esse tema. Então, eu acho que muita gente vai se formar aqui sem saber o que é isso.” (Entrevistada D2). “Acho que depende da pessoa. Acho que a faculdade em si, ela não dá uma abordagem significativa pra isso, não. Vai depender da pessoa, do exemplo que a pessoa tiver, das experiências profissionais dela, não da faculdade.” (Entrevistado E3). “Acho que é muito difícil, porque o tema não é abordado a fundo e as matérias que têm são eletivas.” (Entrevistado E4). 99 O restante dos entrevistados – 13 entrevistados – responderam que a faculdade em que estudam/estudaram é capaz de formar gestores socialmente responsáveis, conforme pode ser visto nos depoimentos a seguir. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Com certeza ... o que eu falei, aqui, a minha faculdade, o curso de Administração tem uma orientação humana e social muito forte, muito forte mesmo. A gente, quando eu falo VPL, penso nas questões financeiras por gosto e por cursos externos, mas aqui dentro, as pessoas que se formam em média, elas não ficam pensando tanto em dinheiro quanto, eu acho na média, medianamente, as pessoas que se formam aqui não pensam tanto em dinheiro quanto de repente outras universidades com quem eu tenho contato, com quem eu converso.” (Entrevistado A3). “Na minha opinião, sim, é capaz de formar gestores socialmente responsáveis, até porque, as cadeiras que nós temos aqui, as disciplinas que nós temos aqui, a instituição pública, de ciências sociais, de psicologia, elas dão pra gente um embasamento teórico, como eu falei, pra gente poder estar olhando a realidade, pra gente poder se formar cidadãos com opiniões voltadas para esses problemas sociais. Nós temos trabalhos aqui de monografia, é, muitos trabalhos de monografia voltados pra área social, para políticas públicas na área social, pra melhoria de condições de trabalho dentro da empresa pra, enfim, combate à pobreza e miséria. Então, os alunos, eles saem daqui com esse diferencial. Acho que aqui tem um diferencial sim, né, que é proveitoso nesse sentido. Você pode ter não só de RSC, mas outro voltado para outros problemas sociais e melhoria da realidade que nós temos hoje, principalmente nosso país e até no mundo.” (Entrevistado A6). “Olha, eu acho que a minha faculdade é capaz. Ela não está, acho que ela poderia trabalhar mais isso, mas que ela tem todas as condições de formar esse tipo de pessoa, é. Só precisa melhor esse aspecto de difundir mais essa idéia ... é uma faculdade de renome, é uma faculdade que tem, os professores, eles conhecem bem o mercado, são consultores em muitas empresas. Então, eles sabem como é que funciona e sabe a importância disso. Só precisa entrar mais na parte do curricular, precisa estar mais dentro da ementa dos próprios cursos.” (Entrevistado B6). “Ela dá as ferramentas necessárias, mas acho que isso vai depender do futuro de cada um, onde cada um vai trabalhar.” (Entrevistada C2). “Acredito que sim, porque é uma faculdade em que ela visa a ética e visa a ação responsável das pessoas. E os professores sempre estão ensinando voltado a isso. Então, acredito que os alunos formados também vão ter esse pensamento.” (Entrevistado C3). 100 “Sim. Apesar de não ter um curso voltado pra isso, mas é um curso bem completo que abrange várias áreas. E como eu falei, essa área de tópicos especiais de meio ambiente dá uma visão mesmo que meio que obscura sobre RSC. Então, dá pra ter uma noção, uma idéia sobre o papel da organização no meio.” (Entrevistado D4). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “É, porque acho que a RSC, ela tem muito a ver com ética também. E a gente tem professores que abordam o tema o tempo inteiro, e, assim, professor, ele tem uma, isso estou falando particularmente os professores da minha faculdade até dar aula em outras instituições, mas estou falando do professor da minha faculdade. Muitos deles abordam o tema ética, falam sobre isso e o professor, ele tem aquela imagem de, ele ensina, tem aquela imagem de que sabe muito, ele acaba passando muitas informações que os alunos absorvem muito bem. Então, acho que hoje, a gente tem professores bons que abordam o tema e passam bastante pro aluno a responsabilidade que é. Então, acho que ela é capaz de formar sim, só que falando mais do lado, é, da educação, mas não o lado profissional. Por exemplo, matérias voltadas pra esse tema. Mas você tem professores qualificados, eu acho. Então, ela é capaz de formar, mas pode ser melhorado.” (Entrevistado E1). Dessa forma, pode ser visto que é interessante que as instituições de ensino estejam atentas a questões ligadas ao ensino da RSC, já que houve estudantes que responderam que suas universidades não são capazes de formar gestores socialmente responsáveis. Com isso, as faculdades estariam se adequando à essa demanda do ensino de RSC, que é até abordada nas Diretrizes Curriculares (SOUZA et al., 2003; CANOPF e PASSADOR, 2004). 4.3.6.2. Como a faculdade responsáveis poderia formar gestores socialmente Quando os entrevistados foram perguntados sobre o que as faculdades deveriam fazer para formarem gestores socialmente responsáveis, foram várias as sugestões. A maioria sugeriu que fosse criada uma disciplina de RSC ou que o tema RSC fosse incluído nas ementas das disciplinas, já que a RSC está ligada a muitas coisas, Estratégia, Marketing e até Finanças. “Acho que se aprofundar mais no assunto. De repente, até colocar uma matéria optativa, mas falar dentro das aulas de marketing, ou às vezes até de RH, mais sobre esse assunto, de modo que as pessoas pudessem se sentir 101 estimuladas e com vontade de aprender mais sobre o tema pra procurar isso de outras formas.” (Entrevistada A4). “Não sei exatamente como (risos). Mas eu acho que tem várias matérias que dão uma brecha grande pra ser falado alguma coisa sobre RSC. Acho que de uma maneira geral, principalmente a matéria de marketing, dá uma brecha muito grande pra você falar, às vezes alguma citação, algum exemplo, uma aula dada sobre o assunto, relacionando o que você está fazendo com o assunto...” (Entrevistada B1). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “Bom, acho que poderia ter uma matéria, é, não precisa ser uma matéria sobre RSC, de repente, porque a grade curricular ainda precisa de outras coisas também. Mas que dentro de alguma coisa, é, ou de repente dentro de todas as matérias, os professores linkem o que pode ser feito. De repente dentro do marketing que acho que pode ser muito bem utilizado. Façam link dentro do, como o gestor pode atuar sendo responsavelmente ligado à sociedade, e como, de repente, como futuros gestores, a gente poderia utilizar os recursos das empresas pra isso.” (Entrevistada B2). “Incorporar esse tema a todas as disciplinas, não só, também ter uma disciplina voltada exclusivamente pra isso, mas não ficar só no teórico, como a gente coloca em prática, mudar o pensamento voltado pra isso. Mas não só uma matéria exclusiva, mas também tentar incorporar isso às outras, esse tema.” (Entrevistada B4). “Eu acho que poderia ser oferecida uma cadeira voltada para a RSC, única e exclusivamente para RSC, e até mesmo desenvolver parceria com algumas empresas e mostrarem como se dá o processo de RSC dentro da empresa, visitar alguns projetos, mostrar mais como se dá um processo de RSC. Não só ficar na teoria...” (Entrevistado C1). “Eu acho que poderiam ter ênfase, é, em RSC, como tem aqui... e também acho que deviam abordar mais até nas próprias aulas, assim, mostrar resultados referentes a cada matéria, resultados bons do que é RSC.” (Entrevistada C2). “Acredito que mais matérias voltadas a esse tema, e botar em prática, acho que ajudaria bastante.” (Entrevistado C3). “Eu acho que no mínimo era ter uma disciplina obrigatória sobre esse tema que hoje em dia está muito falado.” (Entrevistada D2). “É, fazer uma grade mais mesclada, pegando um pouco de matemática, um pouco da parte de humanas, que é pouco explorado.” (Entrevistada D5). 102 “Trazendo mais matérias que, mais matérias, colocando mais matérias na grade, pelo menos uma matéria obrigatória, hoje, pelo menos a gente aqui não tem. Colocando uma matéria obrigatória e eletivas para pessoas que têm interesse. E trazendo exemplos do dia a dia, trazendo tipo solução, assim como a gente tem soluções estratégicas, também ter soluções pra RSC.” (Entrevistado E1). “Poderia mostrar a importância disso e realmente colocar a RSC numa das matérias que a pessoa aprenda. Que a pessoa aprende matemática, aprende um monte de matéria importante aqui e acaba não aprendendo RSC, que é tão importante quanto.” (Entrevistado E3). Alguns entrevistados disseram que seria interessante desenvolver trabalhos voluntários, trabalhos de ajuda à comunidade, para que os alunos tenham contato PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB com esse tipo de prática. “Eu acho que a faculdade poderia incentivar mais essa, esse tipo de trabalho em relação, até trabalhos voluntários, trabalhos de interação com o meio onde ela está. Porque muitas vezes, a gente fica isolado aqui, só fica, vai pra aula e acabou. Você não sabe o que está se passando. Acho que poderia incentivar mais isso.” (Entrevistado A2). “... Talvez, uma administração, ou um administrador consciente do seu papel social, ele possa desenvolver programas tanto no meio interno de sua instituição, até como meio externo com a comunidade que está próxima a sua instituição, de forma a melhorar a vida, o padrão de vida de uma forma geral do nosso povo.” (Entrevistado A5). “... mas como eu falei, o curso deveria ser mais diurno, os alunos deveriam poder ter mais chance de poder estar fazendo projetos voltados pra melhoria da sociedade. Os próprios alunos mesmos, com algum professor, fazendo um trabalho científico, produzindo artigos. Ainda no meio da faculdade, estar podendo atuar dentro da sociedade, dentro de uma idéia de RSC, usando o conhecimento que eles têm pra poder já ta praticando uma gestão de RSC dentro da própria comunidade onde a universidade deles está inserida.” (Entrevistado A6). “De repente, você tendo visitas a campo, ou então, é, exercícios em sala de aula que visem desenvolver projetos sociais, ou então você, juntando algumas pessoas da comunidade pra dizer quais são as necessidades delas e aí você ajudar elas a montar projetos sociais...” (Entrevistado D1). Alguns entrevistados disseram que seria interessante desenvolver trabalhos na prática, ou seja, que a faculdade deve estimular o aluno a fazer trabalhos na 103 prática de, por exemplo, analisar se as empresas estão realmente exercendo a RSC. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB “... o que as universidades podem fazer são principalmente fazer uma espécie de controle social, a palavra melhor seria essa, do que os empresários estão fazendo dentro das empresas. As ações dessas empresas principalmente as que estão listadas em bolsa, não as ações, as ações o título, estou dizendo as ações, as atividades e os planos, elas serem vistas e acompanhadas de perto, pra que se possa discernir com argumento e com consciência o que está sendo socialmente responsável ou não. Essa proximidade, esse efetivo acompanhamento, exemplificando o que é e o que não é, eu acho que isso vai ajudar a amadurecer e a desenvolver uma posição socialmente responsável nos alunos de administração.” (Entrevistado A3). “... acho que poderia ter também dentro dessas cadeiras, questões tipo, ah, visita a empresa, avalia a responsabilidade social da empresa, que empresa vai fazendo, propões alguma coisa pra essa empresa. Tem uma série de trabalhos assim que com certeza os alunos iam fazer, iam gostar bastante. Só que a gente não tem aqui. Pelo menos eu não tive, agora eu estou saindo da faculdade.” (Entrevistado C4). “... principalmente, incentiva a visita a empresas socialmente responsáveis, identificação de projetos e fazer esse tipo de análise mesmo, um impacto, análise de impacto de uma organização no meio. Seria interessante pra fazer numa faculdade de negócios, como é a minha.” (Entrevistado D4). “Projeto em prática, principalmente nas segundas avaliações, pra realmente ser um pré-requisito para aprovar aluno...” (Entrevistado E2). Outros poucos entrevistados sugeriram, além de ter aulas e trabalhos sobre o assunto, ter também eventos, como workshops, exposições, seminários. “... podendo ter a chance de fazer um evento, um evento, uma semana de administração com uma palestra pra RSC, pra poder estar convidando a comunidade empresarial do município pra poder estar chamando os outros alunos pra assistir ... eu acho que palestra e trazer a classe empresarial pra falar sobre o tema, debater, é muito importante...” (Entrevistado A6). “Hum, maior, acho que não basta só também, só na teoria também. Acho que evidências práticas, assim, workshops sobre isso, é, iniciativas externas, como movimentos ... Eu vejo muitos movimentos, muitos eventos aqui que na verdade, tudo bem não vamos julgar valores, mas evento de moda, mas você não vê eventos relacionados a esse tema. Eu não quero julgar, mas acho que é muito mais importante.” (Entrevistado E5). 104 “... a faculdade podia ter aulas, trabalhos, exposição de alguma coisa pra fazer com que os outros pensem nesse sentido.” (Entrevistada E6). Portanto, como pôde ser visto, alguns entrevistados mostraram a necessidade de ter uma abordagem mais prática em relação ao assunto RSC. Eles demandam aprender a implementação da RSC na prática e, com isso, acham que a instituição de ensino superior deve ensinar aos alunos a prática da RSC. Isso pode se relacionar com os questionamentos dos entrevistados sobre como implementar a RSC. Eles mostraram ter dúvidas em relação a isso e, por conseguinte, sugeriram que as universidades devam ensinar isso aos alunos. Esse assunto também pode ser relacionado com a superficialidade da abordagem dada ao tema, conforme relatada por alguns entrevistados, mostrando que a abordagem pode ser melhorada através dessas sugestões. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Também pode ser ressaltado que alguns entrevistados sugeriram que o tema seja mais abordado durante as aulas ou que tenha uma matéria somente sobre o assunto. Como alguns entrevistados mostraram ter dúvidas em relação ao próprio conceito de RSC, seria interessante que essas matérias abordassem mais o assunto, para melhor explicá-lo. 5 Considerações finais 5.1. Conclusões A presente dissertação teve o objetivo principal de investigar a visão dos alunos que se formam em Administração sobre RSC e o seu ensino. Para alcançar esse objetivo, foram estabelecidos objetivos intermediários. As considerações PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB finais foram elaboradas a partir dos objetivos intermediários. 5.1.1. Nível de interesse/preocupação com o tema Pode ser considerado que os entrevistados possuem preocupação com o tema, já que consideram a RSC algo importante para a prática da Administração, pois responderam que a RSC é boa para a imagem da empresa, para o desenvolvimento da sociedade e ambiente, para o desenvolvimento da empresa e para reduzir os impactos causados pelas organizações. Por outro lado, apesar de os entrevistados se mostrarem preocupados com o tema RSC, a maioria dos pesquisados que cursaram a disciplina eletiva de RSC, disseram que cursaram, porque a disciplina primeiramente encaixava no horário. Foram 4 pessoas que cursaram essa disciplina eletiva e somente um respondente disse que cursou a matéria por achar o tema interessante. Houve entrevistados que disseram que cursariam essa matéria se existisse na sua faculdade, porém outro entrevistado disse que cursaria a disciplina de RSC se ela fosse obrigatória e caso ela fosse eletiva, ele teria que ver se ela se adaptaria ao seu horário. Isso leva a questionar se seria o caso de colocar o tema de RSC em disciplinas obrigatórias, já que em relação à eletiva, os alunos cursam aquelas que melhor encaixam no seu horário. Isso também leva ao questionamento sobre dados quantitativos em relação ao nível de importância dado ao tema, já que apesar de falarem que é importante, eles cursariam mais por causa do horário. 106 5.1.2. Os cursos que tiveram sobre o tema ao longo da faculdade e a satisfação/insatisfação com o espaço e as abordagens dadas Em primeiro lugar, pôde ser observado que existe uma falha na comunicação sobre as disciplinas que a faculdade oferece, já que foi visto que alunos de uma mesma faculdade tiveram respostas diferentes em relação à existência de disciplina. Enquanto uns responderam que não existia a disciplina de RSC, outros da mesma faculdade disseram que essa disciplina existia. Isso mostra que é interessante que tenha uma maior comunicação e divulgação da existência de disciplinas ligadas ao tema. Outra evidência relacionada a essa falha na comunicação pode ser observada ao verificar a grade curricular dos alunos na Internet. Há faculdades que oferecem matérias ligadas à área social, porém estas não foram citadas por PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB nenhum aluno. Portanto, isso sugere que seria interessante melhorar a divulgação da grade curricular para os alunos, para que eles tenham maior conhecimento do leque de opções que eles possuem em relação às disciplinas. Em relação aos alunos que cursaram a disciplina de RSC, foram apenas 4 estudantes. Os demais entrevistados disseram que, apesar de não haver disciplina sobre o tema, ele é abordado em algumas outras disciplinas, porém muitos disseram que não é abordado de forma aprofundada, ou seja, é bem superficial. Apesar disso, alguns disseram que o pouco que é abordado é adequado, correto. Alguns entrevistados até disseram que o tema é abordado de forma desestruturada, ou até é abordado em sala de aula por causa do interesse dos próprios alunos. Com isso, pode ser visto que alguns entrevistados consideram que o espaço dado atualmente para o tema RSC é insuficiente. Soma-se a isso, o fato de que um número razoável de pesquisados também disse que o que aprendeu sobre o assunto de RSC vem mais de meios externos à faculdade, como revistas, jornais, trabalho. Estes disseram que na faculdade, eles não aprenderam muito. Isso mostra que os alunos possuem certo interesse no tema, já que apesar de a faculdade não ter muito espaço para ele, eles procuraram ler alguma coisa sobre o assunto. 107 Além disso, houve 14 entrevistados que realizaram um trabalho sobre o tema RSC na faculdade e eles avaliaram a realização desse trabalho como interessante. Isso pode mostrar outro indício de que os alunos se interessam por esse assunto, já que eles julgaram o desenvolvimento do trabalho de forma positiva. Portanto, os dados dessa seção sugerem que o espaço para o tema RSC poderia ser aumentado e que a abordagem poderia ser melhorada, já que é considerada uma abordagem superficial, apesar de correta. 5.1.3. Visão de RSC Outra consideração interessante a ser feita é que a maioria dos entrevistados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB apresentou uma visão mais restrita sobre a definição de RSC, o seu conceito. A maioria abordou somente algumas poucas dimensões, não demonstrando conhecimento sobre a totalidade do assunto. Isso sugere que o tema não é muito bem passado para os alunos na faculdade ou que é passado de uma maneira que não é adequada, já que os alunos ainda não possuem isso assimilado. Como muitos entrevistados disseram que não há espaço adequado para o tema, pode ser que o tema realmente não seja muito abordado na faculdade e, por isso, os alunos não possuem uma noção do que ele envolve. Como a maioria dos entrevistados mostrou que possuem uma visão restrita sobre o tema RSC, um número razoável considera que poderia haver mais espaço para esse assunto na faculdade e os alunos que fizeram trabalho sobre o tema acharam interessante, isso mostra indícios de que poderia ocorrer uma melhoria na forma de estruturar a abordagem do tema. 5.1.4. Dúvidas e questionamentos sobre RSC Outra evidência é de que muitos entrevistados possuem questionamentos e dúvidas sobre o tema RSC, principalmente dúvidas básicas, como exemplo, em relação ao próprio conceito do tema. Muitos demonstraram que querem ter mais esclarecimentos sobre o assunto, o que também mostra que o tema ainda não é bem difundido entre os alunos na faculdade. 108 Alguns também mostraram ter dúvidas referentes à prática da RSC. Isso mostra que eles têm uma necessidade de saber a prática. Isso realmente reflete a realidade, pois os alunos geralmente demandam a prática da Administração nas salas de aula. Portanto, é interessante que seja mostrado esse lado prático da RSC nas empresas para os estudantes de Administração. Consequentemente, muitos entrevistados deram sugestões de que as universidades devem ensinar mais a prática da RSC aos alunos. 5.1.5. Aplicação da RSC na prática de suas atividades profissionais Alguns entrevistados disseram que as empresas em que trabalharam não praticam a RSC, outros responderam que praticam. Dos que responderam que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB praticam, alguns já se envolveram na prática da RSC, ou seja, já tiveram essa experiência prática. Foi observado que aqueles que tiveram experiência na área se mostraram mais seguros em relação ao assunto. Como alguns entrevistados relataram que suas empresas não praticam a RSC e alguns disseram que praticam, vale a pena estudar posteriormente quais são as perspectivas dos alunos em relação à prática da RSC nas empresas, ou seja, se eles esperam que irão trabalhar com isso nas empresas, ou até se eles estão satisfeitos com o grau da RSC da empresa em que trabalham. 5.1.6. Visão em relação à faculdade em que estudou sobre RSC Vale ressaltar que muitos entrevistados também mostraram que consideram que sua faculdade não é capaz de formar gestores socialmente responsáveis, já que o tema não é muito falado e discutido. E para eles, as faculdades devem mudar para passarem a formar gestores socialmente responsáveis. Uma das ações que a maioria dos entrevistados considerou ser fundamental para que a faculdade passe a formar gestores socialmente responsáveis é a inclusão de uma disciplina relacionada ao tema ou à mudança na ementa das disciplinas como Marketing e Recursos Humanos, para que elas abordem o tema e relacionem o tema à prática da Administração. De repente, dessa forma, pode ser superada a dúvida existente dos entrevistados em relação ao conceito da RSC, conforme relatado por eles. 109 Além disso, ainda são poucos os alunos que trabalham na prática com a RSC, no dia a dia em suas empresas, portanto, é importante que a faculdade passe para os alunos os assuntos relacionados ao tema, já que na prática, os alunos ainda não estão utilizando muito isso. Também é importante ressaltar, que alguns entrevistados sugeriram que as universidades devem ensinar a prática da RSC. Isso mostra que os alunos demandam esse tipo de ensino e então sugere que essa metodologia poderia ser adotada. Esse estudo também mostrou que, observando as respostas dos entrevistados, há um grande interesse por parte dos alunos em estudar o tema e ao mesmo tempo uma grande frustração por não ter esse tema muito abordado em sala de aula. Enfim, o presente estudo realmente me deu uma visão de como está o PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB ensino da RSC, segundo o público pesquisado, mostrando que ele ainda está abaixo do esperado pelos alunos e que poderia ser melhorado. Com todas essas evidências, pode ser interessante considerar mudar a estrutura da grade ou a ementa das disciplinas, ou seja, alterar a metodologia da faculdade em relação ao ensino da RSC para seus alunos. Alguns autores defendem a idéia de que deve haver uma mudança no currículo do administrador. Pereira et al. (2004) abordam a importância da flexibilização do currículo do ensino em Administração para melhor atender aos acontecimentos do mercado. De repente, isso poderia ser mais bem pensado para atender a esse assunto de RSC dentro da faculdade. Para Lopes (2002), há evidências em relação à necessidade de mudar o processo de formação do administrador. Isso poderia ser pensado, já que este estudo também mostrou evidências de que pode ser mudado. Ou seja, esse trabalho pode dar às universidades a sugestão de aprofundar essas questões do ensino de RSC para dar mais subsídios sobre o que elas podem fazer para melhorar. Contudo, vale a pena ressaltar que, como foi dito no item Limitações do Método, essa pesquisa possui limitações quanto à generalização, pois ela está limitada ao grupo dos entrevistados. 110 5.2. Sugestões para futuras pesquisas Uma das sugestões para futuras pesquisas é procurar saber se os alunos gostariam de ter matérias sobre o assunto, isto é, se eles acham que é válido a faculdade ter disciplinas relacionadas ao tema RSC. Outra sugestão é saber se os alunos teriam o interesse em aprender mais sobre o tema RSC, não necessariamente sendo através de uma disciplina específica sobre o assunto. Outra sugestão seria fazer uma pesquisa com uma quantidade maior de entrevistados, já que essa pesquisa abrangeu 6 alunos de cada 5 universidades. Uma pesquisa quantitativa poderia ser utilizada também. Além disso, seria interessante fazer uma comparação entre estados do Brasil PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB ou até entre países, a respeito da visão dos alunos sobre o ensino de RSC. Dessa forma, poderia ser estudado se há estados do Brasil ou países em que o ensino de RSC está mais desenvolvido, segundo a visão dos alunos. Uma outra sugestão seria pesquisar segundo o ponto de vista dos professores e coordenadores dos cursos de Administração, já que essa pesquisa foi segundo a percepção dos alunos. Seria interessante saber se, do ponto de vista dos professores e coordenadores, a faculdade está dando espaço e abordagem adequados para a RSC e o que eles acham que a faculdade poderia fazer, caso eles achem que precise melhorar. Olhar os dois lados, o do aluno e o dos professores e coordenadores, seria bastante interessante. Além disso, também poderia haver uma pesquisa sobre o projeto pedagógico de universidades para saber se está no seu objetivo passar para o aluno o tema RSC. Também vale a pena estudar posteriormente quais são as perspectivas dos alunos em relação à prática da RSC nas empresas, ou seja, se eles esperam que irão trabalhar com isso nas empresas, ou até se eles estão satisfeitos com o grau da RSC da empresa em que trabalham. Finalmente, seria válido aprofundar essas questões estudadas na presente dissertação para dar subsídios às universidades sobre como elas podem proceder para preencher essa lacuna do ensino de RSC. 6 Referências bibliográficas AAKER, D. A.; KUMAR, V.; DAY, G. S. Pesquisa de Marketing. São Paulo: Atlas, 2004. AGUILERA, R. V. et al. Putting the S Back in Corporate Social Responsibility: A Multilevel Theory of Social Change in Organizations. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 836-863, 2007. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB ALVES, B.; MELO, E. A Necessidade de se Formar Administradores com Conhecimento sobre o Terceiro Setor. In: Anais do XI ENANGRAD. Salvador: Angrad, 2000. ANTAL, A. B.; SOBCZAK, A. Corporate Social Responsibility in France: A Mix of National Traditions and International Influences. Business & Society, v. 46, n. 1, p. 9-32, 2007. ARAMBURÚ, J. V.; ANTUNES, E. D. D. A Gestão Social no Sul do País: a relação entre as práticas de gestão em diferentes setores e o exercício da cidadania organizacional. In: Anais do Encontro de Administração Pública e Governança. Rio de Janeiro: Anpad, 2004. ARAÚJO, M. A. D.; CORREIA, A. C. Uma Avaliação do Processo Formativo do Administrador: um Estudo de Caso em uma Instituição de Ensino Superior. In: Anais do XXV ENANPAD. Campinas: Anpad, 2001. ARAÚJO, M. A. D.; LACERDA, L. O. Formação acadêmica do administrador: um estudo nas IED da cidade de Natal. In: Anais do XXVI ENANPAD. Salvador: Anpad, 2002. 112 ASHLEY, P. A. Ética e responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. ASHLEY, P. A.; COUTINHO, R. B. G.; TOMEI, P. A. Responsabilidade Social Corporativa e Cidadania Empresarial: Uma Análise Conceitual Comparativa. In: Anais do XXIV ENANPAD. Florianópolis: Anpad, 2000. ASHLEY, P. A.; FERREIRA, R. N.; REIS, H. L. Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior: oportunidades para a responsabilidade social na gestão estratégica de instituições de ensino superior. Revista Gerenciais, v. 5, n. especial, p. 23-35, 2006. ATAKAN, M. G. S.; EKER, T. Corporate Identity of a Socially Responsible PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB University – A Case from the Turkish Higher Education Sector. Journal of Business Ethics, v. 76, p. 55-68, 2007. AUGER, P. et al. What Will Consumers Pay for Social Product Features? Journal of Business Ethics, v. 42, n. 3, p. 281-304, 2003. BAKKER, F. G. A.; GROENEWEGEN, P.; HOND, F. D. A Bibliometric Analysis of 30 Years of Research and Theory on Corporate Social Responsibility and Corporate Social Performance. Business & Society, v. 44, n. 3, p. 283-317, 2005. BANSAL, P.; ROTH, K. Why Companies Go Green: A Model of Ecological Responsiveness. Academy of Management Journal, v. 43, n. 4, p. 717-736, 2000. BARBOSA, A. O. A Responsabilidade Social Corporativa no Processo de Privatização em Pernambuco: uma leitura institucional. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. 113 BARBOSA, L. N.; LEMME, C. F. A Relação entre Responsabilidade Social Corporativa e Criação de Valor para os Investidores: o Caso da Petróleo Brasileiro S.A.(Petrobras). In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. BARNETT, M. L. Stakeholder Influence Capacity and the Variability of Financial Returns to Corporate Social Responsibility. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 794-816, 2007. BARROS, R. P. M.; TENÓRIO, F. G. Responsabilidade Social: Valor Corporativo ou Individual? O Caso do Consórcio de Alumínio do Maranhão. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 1, n. 1, p. 46-65, 2007. BASU, K.; PALAZZO, G. Corporate Social Responsibility: A Process Model of PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Sensemaking. Academy of Management Review, v. 33, n. 1, p. 122-136, 2008. BECKER-OLSEN, K. L.; CUDMORE, B. A.; HILL, R. P. The impact of perceived corporate social responsibility on consumer behavior. Journal of Business Research, v. 59, p. 46-53, 2006. BERNARDO, D. C. R. et al. Responsabilidade Social Empresarial: uma análise dos Balanços Sociais das Sociedades Anônimas de Capital Aberto. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. BIES, R. J. et al. Corporations as Social Change Agents: Individual, Interpersonal, Institutional, and Environmental Dynamics. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 788-793, 2007. BIRD, F.; SMUCKER, J. The Social Responsibilities of International Business Firms in Developing Areas. Journal of Business Ethics, v. 73, p. 1-9, 2007. BONATTO, A.; MAUSS, C. V.; MAGALHÃES, J. M. Ética e Responsabilidade Social: um estudo comparativo do balanço social da empresa Eletrocar. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. 114 BONILLA, J. A. Educação Ambiental num Contexto Holístico como Elemento Básico na Formação dos Administradores. In: Anais do XIII ENANGRAD. Rio de Janeiro: Angrad, 2002. BORINI, F. M. A Responsabilidade Social das Corporações Multinacionais Estrangeiras no Brasil. In: Anais do VII SEMEAD. São Paulo: USP, 2004. BOWEN, F. Corporate Social Strategy: Competing Views from Two Theories of the Firm. Journal of Business Ethics, v. 75, p. 97-113, 2007. BOWIE, N. New Directions in Corporate Social Responsibility. Business Horizons, July- August, p. 56-65, 1991. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB BRAMMER, S. J.; PAVELIN, S. Corporate Reputation and Social Performance: The Importance of Fit. Journal of Management Studies, v. 43, n. 3, p. 435-455, 2006. BRONN, P. S.; VRIONI, A. B. Corporate Social Responsibility and CauseRelated Marketing: An Overview. International Journal of Advertising, v. 20, n. 2, p. 189-205, 2001. BROWN, T. J.; DANCIN, P. A. The Company and the Product: Corporate Associations and Consumer Product Responses. Journal of Marketing, v. 61, p. 68-84, 1997. BUCHHOLZ, R. A. Corporate Responsibility and The Good Society: From Economics to Ecology. Business Horizons, July-August, p. 19-31, 1991. BURTON, B. K.; HEGARTY, W. H. Some Determinants of Student Corporate Social Responsibility Orientation. Business & Society, v. 38, n. 2, p. 188-205, 1999. 115 CAJAZEIRA, J. E. R.; BARBIERI, J. C. Responsabilidade Social e Excelência Empresarial: Um Estudo com Empresas Ganhadoras do Prêmio Nacional da Qualidade. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. CALIXTO, L. Responsabilidade Social Corporativa no Brasil: Um Estudo Longitudinal. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. CAMPANHOL, E. M.; BREDA, F. A. Responsabilidade Social: Entre o Assistencialismo e a Moderna Gestão Corporativa. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. CAMPBELL, J. L. Why Would Corporations Behave in Socially Responsible Ways? An Institutional Theory of Corporate Social Responsibility. Academy of PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Management Review, v. 32, n. 3, p. 946-967, 2007. CANOPF, L.; PASSADOR, C. S. A Responsabilidade Social na Graduação em Administração da Região Sudoeste do Paraná: obrigação cumprida ou demanda atendida? In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. CARRIERI, A. P. et al. Os Discursos da Responsabilidade Social nas Organizações e a Incorporação da Temática Ambiental: o Caso de uma Empresa de Telefonia. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. CARRIGAN, M.; ATTALLA, A. The myth of the ethical consumer – do ethics matter in purchase behaviour? Journal of Consumer Marketing, v. 18, n. 7, p. 560-577, 2001. CARROLL, A. B. The Pyramid of Corporate Social Responsibility: Toward the Moral Management of Organizational Stakeholders. Business Horizons, JulyAugust, p. 39-48, 1991. ______________. Corporate social responsibility: evolution of a definitional construct. Business & Society, v. 38, n. 3, p. 268-295, 1999. 116 CARSON, T. L. Self-Interest and Business Ethics: Some Lessons of the Recent Corporate Scandals. Journal of Business Ethics, v. 43, p. 389-394, 2003. CARVALHO, A. P.; BARBIERI, J. C. Rótulos Ambientais Orgânicos Como Ferramenta de Acesso a Mercados de Países Desenvolvidos: Dois Estudos de Caso de Empreendimentos Agroindustriais Brasileiros. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. CASOTTI, L. M. O que é Pesquisa do Consumidor? Reflexões Geradas a Partir de um Problema Prático. In: Anais do XXIII ENANPAD. Foz do Iguaçu: Anpad, 1999. CASTRO, F. A. R.; SIQUEIRA, J. R. M.; KUBRUSLY, L. S. A Influência da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Responsabilidade Social Corporativa no Comportamento do Consumidor na Cidade do Rio de Janeiro. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. CHAN, R. Y. K.; WONG, Y. H.; LEUNG, T. K. P. Applying Ethical Concept to the Study of “Green” Consumer Behavior: An Analysis of Chinese Consumers’ Intentions to Bring their Own Shopping Bags. Journal of Business Ethics, v. 79, p. 469-481, 2008. CHAPPLE, W.; MOON, J. Corporate Social Responsibility (CSR) in Asia. Business & Society, v. 44, n. 4, p. 415-441, 2005. CHEAH, E. T.; CHAN, W. L.; CHIENG, C. L. L. The Corporate Social Responsibility of Pharmaceutical Product Recalls: An Empirical Examination of U.S. and U.K. Markets. Journal of Business Ethics, v. 76, n. 4, p. 427-449, 2007. CHERRIER, H. Becoming Sensitive to Ethical Consumption Behavior: Narratives of Survival in an Uncertain and Unpredictable World. Advances in Consumer Research, v. 32, p. 600-604, 2005. 117 CHIH, H. L.; SHEN, C. H.; KANG, F. C. Corporate Social Responsibility, Investor Protection, and Earnings Management: Some International Evidence. Journal of Business Ethics, v. 79, n. 1-2, p. 179-198, 2008. CHRISTENSEN, L. J. et al. Ethics, CSR, and Sustainability Education in the Financial Times top 50 Global Business Schools: Baseline Data and Future Research Directions. Journal of Business Ethics, v. 73, p. 347-368, 2007. COLLIER, J.; WANDERLEY, L. Thinking for the future: global corporate responsibility in the twenty-first century. Futures, p. 1-14, 2004. CORDANO, M.; FRIEZE, I. H. Pollution Reduction Preferences of U.S. Environmental Managers: Applying Ajzen’s Theory of Planned Behavior. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Academy of Management Journal, v. 43, n. 4, p. 627-641, 2000. CORNELIUS, N.; WALLACE, J.; TASSABEHJI, R. An Analysis of Corporate Social Responsibility, Corporate Identity and Ethics Teaching in Business Schools. Journal of Business Ethics, v. 76, p. 117-135, 2007. COSTA, A. M.; CARVALHO, J. L. F. Novos Desafios e Velhos Dilemas: a Construção Teórica da Responsabilidade Social à Luz da Dicotomia ImagemSubstância. In: Anais do Encontro de Administração Pública e Governança. Rio de Janeiro: Anpad, 2004. CRANE, A.; MATTEN, D. Questioning the Domain of the Business Ethics Curriculum. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 357-369, 2004. CRESWELL, J. W. Research design: qualitative, quantitative and mixed methods approaches. 2. ed. Thousand Oaks, Cal: Sage Publications, 2003. DAFT, R. L. Administração. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 118 DAHER, W. M. et al. Responsabilidade Social Corporativa Segundo o Modelo de Hopkins: Um estudo nas Empresas do Setor Energético do Nordeste Brasileiro. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 1, n. 1, p. 31-46, 2007. DECKOP, J. R.; MERRIMAN, K. K.; GUPTA, S. The Effects of CEO Pay Structure on Corporate Social Performance. Journal of Management, v. 32, n. 3, p. 329-342, 2006. DETIENNE, K. B.; LEWIS, L. W. The Pragmatic and Ethical Barriers to Corporate Social Responsibility Disclosure: The Nike Case. Journal of Business Ethics, v. 60, p. 359-376, 2005. DIAS, L. N. S.; SIQUEIRA, J. R. M.; ROSSI, M. Z. G. Balanço Social: a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Utilização dos Indicadores do Global Reporting Initiative (GRI) em Empresas Brasileiras. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. DILLENBURG, S.; GREENE, T.; EREKSON, H. Approaching Socially Responsible Investment with a Comprehensive Ratings Scheme: Total Social Impact. Journal of Business Ethics, v. 43, p. 167-177, 2003. DOH, J. P.; GUAY, T. R. Corporate Social Responsibility, Public Policy, and NGO Activism in Europe and the United States: An Institutional-Stakeholder Perspective. Journal of Management Studies, v. 43, n. 1, p. 47-73, 2006. DRUCKER, P. F. Introdução à Administração. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1995. ______________. Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo: Pioneira, 2001. ______________. Fator humano e desempenho: o melhor de Peter F. Drucker sobre administração. São Paulo: Pioneira, 1997. 119 DUFLOTH, S. C.; BELLUMAT, C. C. A Disseminação de Informações das Ações de Responsabilidade Social das Empresas. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. ELLEN, P. S.; MOHR, L. A.; WEBB, D. J. Charitable Programs and the Retailer: Do They Mix? Journal of Retailing, v. 73, n. 3, p. 393-406, 2000. ENDERLE, G.; TAVIS, L. A. A Balanced Concept of the Firm and the Measurement of Its Long-term Planning and Performance. Journal of Business Ethics, v. 17, n. 11, p. 1129-1144, 1998. EWEJE, G. The Role of MNEs in Community Development Initiatives in Developing Countries: Corporate Social Responsibility at Work in Nigeria and PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB South Africa. Business & Society, v. 45, n. 2, p. 93-129, 2006. FARIA, A.; SAUERBRONN, F. F. A responsabilidade social é uma questão de estratégia? Uma abordagem crítica. Revista de Administração Pública, v. 42, n. 1, p. 7-33, 2008. FERRELL, O. C.; FRAEDRICH, J.; FERRELL, L. Ética empresarial: dilemas, tomadas de decisões e casos. 4. ed.. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001. FORTANIER, F.; KOLK, A. On the Economic Dimensions of Corporate Social Responsibility: Exploring Fortune Global 250 Reports. Business & Society, v. 46, n. 4, p. 457-478, 2007. FOURNEAU, L. F.; SERPA, D. A. F. Percepções e Opiniões sobre o Ensino da Ética em Administração: a Voz dos Alunos. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. FRASER, M. T. D.; GONDIM, S. M. G. Da Fala do Outro ao Texto Negociado: Discussões sobre a Entrevista na Pesquisa Qualitativa. Revista Paidéia, v. 14, n. 28, 2004. 120 FREDERICK, W. From CSR1 to CSR2. Business & Society, v. 33, n. 2, p. 150164, 1994. FREEMAN, R. E.; LIEDTKA, J. Corporate Social Responsibility: A Critical Approach. Business Horizons, July-August, p. 92-96, 1991. FUENTES-GARCÍA, F. J.; NÚÑEZ-TABALES, J. M.; VEROZ-HERRADÓN, R. Applicability of Corporate Social Responsibility to Human Resources Management: Perspective from Spain. Journal of Business Ethics, v. 82, n. 2744, 2008. FULLER, D. A.; OTTMAN, J. A. Moderating unintended pollution: the role of sustainable product design. Journal of Business Research, v. 57, p. 1231-1238, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 2004. GARAY, A. B. S. A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) como Elemento de Atração de Talentos: Percepção dos Alunos Destaques do Curso de Administração. Revista Eletrônica de Administração, v. 12, n. 3, 2006. GEPHART, R. P. Qualitative Research and the Academy of Management Journal. Academy of Management Journal, v. 47, n. 4, p. 454-462, 2004. GERDE, V. W. The Design Dimensions of the Just Organization: An Empirical Test of the Relation Between Organization Design and Corporate Social Performance. Business & Society, v. 40, n. 4, p. 472-477, 2001. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1987. GIMENES, C. M.; SILVA, E. M.; SOUZA, V. B. Uma Proposta para o Ensino da Ética nos Cursos de Administração de Empresas. In: Anais do XIV ENANGRAD. Foz do Iguaçu: Angrad, 2003. 121 GODFREY, P. C. The Relationship Between Corporate Philantropy and Shareholder Wealth: A Risk Management Perspective. Academy of Management Review, v. 30, n. 4, p. 777-798, 2005. GOLL, I.; RASHEED, A. A. The Moderating Effect of Environmental Munificence and Dynamism on the Relationship Between Discretionary Social Responsibility and Firm Performance. Journal of Business Ethics, v. 49, p. 4154, 2004. GONÇALVES, E. L. Responsabilidade social da empresa. Revista de Administração de Empresas, v. 24, n. 4, p. 226-240, 1984. GONÇALVES, R. C. M. G.; PIRANI, D. C.; BORGER, F. G. Qualidade das PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Informações sobre Responsabilidade Social Divulgadas pelos Bancos Privados com Ações Listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial do Bovespa. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. GONÇALVES-DIAS, S. L. F. et al. A Inserção da Temática Ambiental em Cursos de Administração: Uma tipologia para (Re)Pensar a Formação de Administradores. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. GREENING, D. W.; TURBAN, D. B. Corporate Social Performance as a Competitive Advantage in Attracting a Quality Workforce. Business & Society, v. 39, n. 3, p. 254-280, 2000. GRIESSE, M. A. The Geographic, Political, and Economic Context for Corporate Social Responsibility in Brazil. Journal of Business Ethics, v. 73, p. 21-37, 2007. GRIT, K. Corporate Citizenship: How to stregthen the Social Responsibility of Managers? Journal of Business Ethics, v. 53, n. 9, p. 97-106, 2004. 122 HANSON, D.; GRIMMER, M. The mix of qualitative and quantitative research in major marketing journals, 1993-2002. European Journal of Marketing, v. 41, n. 1/2, p. 58-70, 2007. HARTOG, M.; FRAME, P. Business Ethics in the Curriculum: Integrating Ethics through Work Experience. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 399-409, 2004. HAZEN, M. A.; CAVANAGH, G. F.; BOSSMAN, L. Teaching with Mission: Personal Development, Team Building, and Social Responsibility. Journal of Business Ethics, v. 51, p. 373-386, 2004. HENRIQUES, I.; SADORSKY, P. The relationship between environmental commitment and managerial perceptions of stakeholder importance. Academy of PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Management Journal, v. 42, n. 1, p. 87-99, 1999. HEUGENS, P; DENTCHEV, N. Taming Trojan Horses: Identifying and Mitigating Corporate Social Responsibility Risks. Journal of Business Ethics, v. 75, p. 151-170, 2007. HIGUCHI, A. K.; VIEIRA, F. G. D. Responsabilidade Social Corporativa e Marketing Social Corporativo: uma proposta de fronteira entre estes dois conceitos. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. HOND, F. D.; BAKKER, F. G. A. Ideologically Motivated Activism: How Activist Groups Influence Corporate Social Change Activities. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 901-924, 2007. HUSTED, B. W.; ALLEN, D. B. The Relationship of International Organizational Strategy to Corporate Social Responsibility. In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. ________________________. Corporate Social Strategy in Multinational Enterprises: Antecedents and Value Creation. Journal of Business Ethics, v. 74, p. 345-361, 2007. 123 HUSTED, B. W.; SALAZAR, J. J. Taking Friedman Seriously: Maximizing Profits and Social Performance. Journal of Management Studies, v. 43, n. 1, p. 75-91, 2006. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Disponível em: <www.ethos.org.br> Acesso em Setembro de 2007. JAMALI, D. A Stakeholder Approach to Corporate Social Responsibility: A Fresh Perspective into Theory and Practice. Journal of Business Ethics, v. 82, p. 213-231, 2008. JAMALI, D.; MIRSHAK, R. Corporate Social Responsibility (CSR): Theory and Practice in a Developing Country Context. Journal of Business Ethics, v. 72, p. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 243-262, 2007. JOHNSEN, D. B. Socially Responsible Investing: A Critical Appraisal. Journal of Business Ethics, v. 43, p. 219-222, 2003. JONES, R.; MURRELL, A. J. Signaling Positive Corporate Social Performance: An Event Study of Family-Friendly Firms. Business & Society, v. 40, n. 1, p. 5978, 2001. JUWER, M. G. A Responsabilidade Social e o seu Reflexo no Comprometimento Organizacional. In: Anais do Encontro de Administração Pública e Governança. Rio de Janeiro: Anpad, 2004. KÄRNÄ, J.; HANSEN, E.; JUSLIN, H. Social responsibility in environmental marketing planning. European Journal of Marketing, v. 37, n. 5/6, p. 848-871, 2003. KATES, S. A Qualitative Exploration into Voters’ Ethical Perceptions of Political Advertising: Discourse, Disinformation, and Moral Boundaries. Journal of Business Ethics, v. 17, p. 1871-1885, 1998. 124 KIM, Y.; CHOI, S. M. Antecedents of Green Purchase Behavior: An Examination of Collectivism, Environmental Concern, and PCE. Advances in Consumer Research, v. 32, p. 592-599, 2005. KLEIN, J. G. Corporate Social Responsibility: A Consumer Perspective. Advances in Consumer Research, v. 31, p. 101-103, 2004. KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1998. KRAFT, K. L.; SINGHAPAKDI, A. The Role of Ethics and Social Responsibility in Achieving Organizational Effectiveness: Students Versus Managers. Journal PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB of Business Ethics, v. 10, n. 9, p. 679-686, 1991. LANTOS, G. P. The Boundaries of Strategic Corporate Social Responsibility. Journal of Consumer Marketing, v. 18, n. 7, p. 595-630, 2001. _____________. The ethicality of altruistic corporate social responsibility. Journal of Consumer Marketing, v. 19, n. 3, p. 205-230, 2002. LAROCHE, M.; BERGERON, J.; BARBARO-FORLEO, G. Targeting consumers who are willing to pay more for environmentally friendly products. Journal of Consumer Marketing, v. 18, n. 6, p. 503-520, 2001. LEMME, C. F. Meio Ambiente e Avaliação Econômica de Impactos Ambientais na Pesquisa e no Ensino de Pós-Graduação em Administração. In: Anais do XXV ENANPAD. Campinas: Anpad, 2001. LEVY, S. J. The evolution of qualitative research in consumer behavior. Journal of Business Research, v. 58, p. 341-347, 2005. LICHTENSTEIN, D. R.; DRUMWRIGHT, M. E.; BRAIG, B. M. The Effect of Corporate Social Responsibility on Customer Donations to Corporate-Supported Nonprofits. Journal of Marketing, v. 68, p. 16-32, 2004. 125 LOCKETT, A.; MOON, J.; VISSER, W. Corporate Social responsibility in Management Research: Focus, Nature, Salience and Sources of Influence. Journal of Management Studies, v. 43, n. 1, p. 115-136, 2006. LOMBARDI, M. S.; BRITO, E. P. Z. Desenvolvimento sustentável como fator de competitividade. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. LOPES, P. C. Reflexões Sobre as Bases da Formação do Administrador Profissional no Ensino de Graduação. In: Anais do XXVI ENANPAD. Salvador: Anpad, 2002. LUCE, R. A.; BARBER, A. E.; HILLMAN, A. J. Good Deeds and Misdeeds: A Mediated Model of the Effect of Corporate Social Performance on Organizational PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Attractiveness. Business & Society, v. 40, n. 4, p. 397-415, 2001. LUO, X.; BHATTACHARYA, C. B. Corporate Social Responsibility, Customer Satisfaction, and Market Value. Journal of Marketing, v. 70, p. 1-18, 2006. MACÊDO, S. R.; SOUZA, W. J. Responsabilidade Social sob a Perspectiva da ABNT NRB 16001: Síntese dos Artigos EnANPAD (2005, 2006). In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. MACEDO-SOARES, T. D. L. V. A.; COUTINHO, R. B. G. Gestão Estratégica com Responsabilidade Implementação em Social: Empresas Arcabouço no Brasil. Analítico Revista para de Auxiliar sua Administração Contemporânea, v. 6, n. 3, p. 75-96, 2002. MACFARLANE, B.; OTTEWILL, R. Business Ethics in the Curriculum: Assessing the Evidence from U. K. Subject Review. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 339-347, 2004. MACKEY, A.; MACKEY, T. B.; BARNEY, J. B. Corporate Social Responsibility and Firm Performance: Investor Preferences and Corporate Strategies. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 817-835, 2007. 126 MAGALHÃES, O. A. V. et al. (Re)Definindo a Sustentabilidade no âmbito da Gestão Social: Reflexões a partir de duas Práticas Sociais. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. MAIGNAN, I.; FERRELL, O. C. Nature of corporate responsibilities: Perspectives from American, French, and German consumers. Journal of Business Research, v. 56, 2003. ___________________________. Corporate Social Responsibility and Marketing: An Integrative Framework. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 32, n. 1, p. 3-19, 2004. MAIGNAN, I.; FERRELL, O. C.; FERRELL, L. A stakeholder model for PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB implementing social responsibility in marketing. European Journal of Marketing, v. 39, n. 9/10, p. 956-977, 2005. MARGOLIS, J. D.; WALSH, J. P. Misery Loves Companies: Rethinking Social Initiatives by Business. Administrative Science Quarterly, v. 48, p. 268-305, 2003. MARQUIS, C.; GLYNN, M. A.; DAVIS, G. F. Community Isomorphism and Corporate Social Action. Academy of Management Review, v. 32, n. 3, p. 925945, 2007. MARREWIJK, M. Concepts and Definitions of CSR and Corporate Sustainability: Between Agency and Communion. Journal of Business Ethics, v. 44, p. 95-105, 2003. MATTEN, D.; MOON, J. Corporate Social Responsibility Education in Europe. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 323-337, 2004. ____________________. “Implicit” and “Explicit” CSR: A Conceptual Framework for a Comparative Understanding of Corporate Social Responsibility. Academy of Management Review, v. 33, n. 2, p. 404-424, 2008. 127 MATTINGLY, J. E.; BERMAN, S. L. Measurement of Corporate Social Action: Discovering Taxonomy in the Kinder Lydenburg Domini Ratings Data. Business & Society, v. 45, n. 1, p. 20-46, 2006. MATTOS, S. M.; BADINI, S. B.; MARANHÃO, S. A. C. L. Responsabilidade Social nas Organizações Educacionais: Uma Questão de Bio(Ética). In: Anais do XIV ENANGRAD. Foz do Iguaçu: Angrad, 2003. MCALISTER, D. T.; FERRELL, L. The role of strategic philanthropy in marketing strategy. European Journal of Marketing, v. 36, n. 5/6, p. 689-705, 2002. MCDONALD, G. M. A Case Example: Integrating Ethics into the Academic PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Business Curriculum. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 371-384, 2004. MCGUIRE, J. B.; SUNGREN, A.; SCHNEEWELS, T. Corporate Social Responsibility and Firm Financial Performance. Academy of Management Journal, v. 31, n. 4, p. 869-882, 1988. MCWILLIAMS, A.; SIEGEL, D. Corporate Social Responsibility and Financial Performance: Correlation or Misspecification? Strategic Management Journal, v. 21, p. 603-609, 2000. ________________________. Corporate Social Responsibility: A Theory of the Firm Perspective. Academy of Management Review, v. 26, n. 1, p. 117-127, 2001. MCWILLIAMS, A.; SIEGEL, D. S.; WRIGHT, P. M. Corporate Social Responsibility: Strategic Implications. Journal of Management Studies, v. 43, n. 1, p. 1-18, 2006. MEDEIROS, C. R. O.; BORGES, J. F.; SÁ, R. C. R. A Formação do Administrador e a Responsabilidade Corporativa: ambigüidades e contradições no 128 comportamento do futuro gestor. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. MEIJER, M. M.; SCHUYT, T. Corporate Social Performance as a Bottom Line for Consumers. Business & Society, v. 44, n. 4, p. 442-461, 2005. MELO NETO, F. P.; FROES, C. Responsabilidade Social & Cidadania Empresarial: A Administração do Terceiro Setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. _______________________. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: O Caso Brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB MILES, M. P.; WHITE, J. B. Setting socially irresponsible marketing objectives: a comment on a “quality of life approach”. European Journal of Marketing, v. 32, n. 5/6, p. 413-418, 1998. MOHR, L. A.; WEBB, D. J. The Effects of Corporate Social Responsibility and Price on Consumer Responses. The Journal of Consumer Affairs, v. 39, n. 1, p. 121-147, 2005. MOHR, L. A.; WEBB, D. J.; HARRIS, K. E. Do Consumers Expect Companies to be Socially Responsible? The Impact of Corporate Social Responsibility on Buying Behavior. The Journal of Consumer Affairs, v. 35, n. 1, p 45-72, 2001. MOORE, G. Regulatory Perspectives on Business Ethics in the Curriculum. Journal of Business Ethics, v. 54, p. 349-356, 2004. MORETTI, S. L. A.; FIGUEIREDO, J. C. B. Análise Bibliométrica da Produção sobre Responsabilidade Social das Empresas no ENANPAD: evidências de um discurso monológico. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. 129 MOTTA, S. L. S.; ROSSI, G. B. A Influência do Fator Ecológico na Decisão de Compra de Bens de Conveniência. Revista de Administração da Universidade de São Paulo, v. 38, n. 1, p. 46-57, 2003. MRTVI, V. O. Percepção do Consumidor sobre Ações Corporativas Vinculadas ao Conceito de Responsabilidade Social: Um Estudo no Setor de Cosméticos. In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. MUIJEN, H. S. C. A. Corporate Social Responsibility Starts at University. Journal of Business Ethics, v. 53, p. 235-246, 2004. NAN, X.; HEO, K. Consumer Responses to Corporate Social Responsibility (CSR) Initiatives: Examining the Role of Brand-Cause Fit in Cause-Related PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Marketing. Journal of Advertising, v. 36, n. 2, p. 63-74, 2007. NASCIMENTO, L. F. Gestão Socioambiental Estratégica: a percepção de executivos de pequenas e médias empresas americanas. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. NEUBAUM, D. O.; ZAHRA, S. A. Institutional Ownership and Corporate Social Performance: The Moderating Effects of Investment Horizon, Activism and Coordination. Journal of Management, v. 32, n. 1, p. 108-131, 2006. OLIVEIRA, A. A.; TEIXEIRA, M. L. M. Recuperação de Crédito com Responsabilidade Social: Um Estudo dos Valores e Atitudes dos Gestores. In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. OLIVEIRA, J. A. P. Um Balanço dos Balanços Sociais das 500 Maiores Empresas S.A. Não-financeiras do Brasil. In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. OLIVEIRA, T. M. V.; MOREIRA, D. A. A Ética no Currículo do Curso de Administração. In: Anais do XXVI ENANPAD. Salvador: Anpad, 2002. 130 OWENS, D. From the Business Ethics Course to the Sustainable Curriculum. Journal of Business Ethics, v. 17, p. 1765-1777, 1998. PARSA, S.; KOUHY, R. Social Reporting by Companies Listed on the Alternative Investment Market. Journal of Business Ethics, v. 79, n. 3, p. 345360, 2008. PASSADOR, C. S. A responsabilidade social no Brasil: uma questão em andamento. In: Anais do VII Congresso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y la Administración Pública. Lisboa, Portugal, 2002. PASSADOR, C. S.; CANOPF, L.; PASSADOR, J. L. Apontamentos sobre a Responsabilidade Social no ENANPAD: a construção de um conceito? In: Anais PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. PAVA, M. L; KRAUSZ, J. The association between corporate socialresponsibility and financial performance: The paradox of social cost. Journal of Business Ethics, v. 15, n. 3, p. 321-357, 1996. PENA, R. P. M. Responsabilidade Social da Empresa e Business Ethics: Uma Relação Necessária? In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. PEREIRA, F. I. Uma Experiência Inovadora na Educação Superior em Administração: Ênfase no Ensino de Gestão Ambiental. In: Anais do XIII ENANGRAD. Rio de Janeiro: Angrad, 2002. PEREIRA, M. C. et al. Construção e Reconstrução do Currículo em Administração: Um estudo caso. In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. PEREIRA, W. A.; CAMPOS FILHO, L. A. N. Investigação sobre as Semelhanças entre os Modelos Conceituais da Responsabilidade Social Corporativa. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. 131 ________________________. Configuração dos Elementos da Responsabilidade Social Corporativa Através da Proposição de um Modelo Conceitual Integrado. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. PESSOA, P. E. B. et al. Integrando o Aluno do Curso de Administração na Questão da Responsabilidade Social: Programa Integrado de Capacitação Empreendedora. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. POLONSKY, M. J. Incorporating Ethics into Business Students’ Research Projects: A Process Approach. Journal of Business Ethics, v. 17, p. 1227-1241, 1998. PUJARI, D.; WRIGHT, G.; PEATTIE, K. Green and competitive influences on PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB environmental new product development performance. Journal of Business Research, v. 56, p. 657-671, 2003. QUAAK, L.; AALBERS, T.; GOEDEE, J. Transparency of Corporate Social Responsibility in Dutch Breweries. Journal of Business Ethics, v. 76, p. 293308, 2007. QUAZI, A. M.; O’BRIEN, D. An Empirical Test of a Cross-national Model of Corporate Social Responsibility. Journal of Business Ethics, v. 25, p. 33-51, 2000. RAMUS, C. A.; STEGER, U. The Roles of Supervisory Support Behaviors and Environmental Policy in Employee “Ecoinitiatives” at Leading-edge European Companies. Academy of Management Journal, v. 43, n. 4, p. 605-626, 2000. RANDEL, A. E. The Maintenance of an Organization’s Socially Responsible Practice. Business & Society, v. 41, n. 1, p. 61-83, 2002. RAUFFLET, E.; AMARAL, C. G. Bridging Business and Society: The Abrinq Foundation in Brazil. Journal of Business Ethics, v. 73, p. 119-128, 2007. 132 REMENYI, D. et al. Doing Research in Business and Management: An Introduction to Process and Method. London: Sage Publications, 1998. ROBERTS, P. W.; DOWLING, G. R. Corporate Reputation and Sustained Superior Financial Performance. Strategic Management Journal, v. 53, p. 10771093, 2002. ROCHA, V. A. G. A. et al. Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Alinhamento Estratégico: Análise da Centralidade e Especificidade em Práticas Sociais Empresariais. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 2, n. 1, p. 3-18, 2008. RODRIGUES, M. C. P. Avaliação da Gestão Social nas Empresas: Desafios e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Possibilidades. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. RODRÍGUEZ, L. C.; LEMASTER, J. Voluntary Corporate Social Responsibility Disclosure: SEC “CSR Seal of Approval”. Business & Society, v. 46, n. 3, p. 370-385, 2007. ROMANIELLO, M. M.; AMÂNCIO, R. Gestão Estratégica e a Responsabilidade Social Empresarial: Um Estudo sobre a Percepção dos Estudantes do Curso de Administração. Revista Eletrônica de Administração, v. 11, n. 3, 2005. SCHAEFER, B. P. Shareholders and Social Responsibility. Journal of Business Ethics, v. 81, n. 2, p. 297-312, 2008. SCHEPERS, D. H. The Impact of NGO Network Conflict on the Corporate Social Responsibility Strategies of Multinational Corporations. Business & Society, v. 45, n. 3, p. 282-299, 2006. SCHERER, A. G.; PALAZZO, G. Toward a Political Conception of Corporate Responsibility: Business and Society Seen From a Habermasian Perspective. Academy of Management Review, v. 32, n. 4, p. 1096-1120, 2007. 133 SCHOMMER, P. C.; ROCHA, F. C. C. As Três Ondas da Gestão Socialmente Responsável no Brasil: Dilemas, Oportunidades e Limites. In: Anais do XXXI ENANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2007. SCHROEDER, J. T.; SCHROEDER, I. Responsabilidade Social Corporativa: Limites e Possibilidades. Revista de Administração de Empresas eletrônica – RAE eletrônica, v. 3, n. 1, p. 1-16, 2004. SCHUETH, S. Socially Responsible Investing in United States. Journal of Business Ethics, v. 43, p. 189-194, 2003. SEN, S.; BHATTACHARYA, C. B. Does Doing Good Always Lead to Doing Better? Consumer Reactions to Corporate Social Responsibility. Journal of PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Marketing Research, v. 38, n. 2, p. 225-243, 2001. SERPA, D. A. F. Ética e Responsabilidade Social Corporativa são Realmente Importantes? Um Estudo com Futuros e Atuais Gestores de Empresas. In: Anais do XXIX ENANPAD. Brasília: Anpad, 2005. SERPA, D. A. F.; AVILA, M. G. Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa no Benefício Percebido pelo Consumidor e na Intenção de Compra: Um Estudo Experimental. In: Anais do II Encontro de Marketing da ANPAD. Rio de Janeiro: Anpad, 2006. SERPA, D. A. F.; AVILA, M. G. Efeitos da Responsabilidade Social Corporativa na Percepção do Consumidor sobre Preço e Valor: Um Estudo Experimental. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. SERPA, D. A. F.; FOURNEAU, L. F. Responsabilidade Social Corporativa: Uma Investigação Sobre a Percepção do Consumidor. Revista de Administração Contemporânea, v. 11, n. 3, 2007. 134 SERRA, F. A. R.; ALBERNAZ, A.; FERREIRA, M. P. A Responsabilidade Social como Fator na Estratégia Internacional: O Estudo do Caso Natura. Revista Eletrônica de Administração, v. 13, n. 4, 2007. SERTEK, P.; REIS, D. R. Ética das Virtudes: Uma Abordagem para a Formação de Administradores. In: Anais do XIV ENANGRAD. Foz do Iguaçu: Angrad, 2003. SEXTY, R. W. Teaching Business Ethics in Transitional Economies: Avoiding Ethical Missionary. Journal of Business Ethics, v. 17, p. 1311-1317, 1998. SHAH, S. K.; CORLEY, K. G. Building Better Theory by Bridging the Quantitative-Qualitative Divide. Journal of Management Studies, v. 43, n. 8, p. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 1821-1835, 2006. SILVA, J. M. Formação Socialmente Responsável: um Estudo sobre o Papel da Instituição de Ensino Superior na Construção de Cidadãos Comprometidos com a sociedade. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. SIMPSON, W. G.; KOHERS, T. The Link Between Corporate Social and Financial Performance: Evidence from the Banking Industry. Journal of Business Ethics, v. 35, p. 97-109, 2002. SIMS, R. R. Business Ethics Teaching: Using Conversational Learning to Build an Effective Classroom Learning Environment. Journal of Business Ethics, v. 49, p. 201-211, 2004. SINGH, J.; SANCHEZ, M. D. M. G. L. S.; BOSQUE, I. R. D. Understanding Corporate Social Responsibility and Product Perceptions in Consumer Markets: A Cross-cultural Evaluation. Journal of Business Ethics, v. 80, p. 597-611, 2008. SINGHAPAKDI, A. et al. How important are ethics and social responsibility? A multinational study of marketing professionals. European Journal of Marketing, v. 35, n. 1/2, p. 133-152, 2001. 135 SIQUEIRA, J. R. M. et al. Um Estudo Exploratório Sobre a Discussão do Balanço Social na Grande Imprensa Brasileira: Uma Análise do Caso do Jornal A Folha de São Paulo. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. SNIDER, J.; HILL, R. P.; MARTIN, D. Corporate Social Responsibility in the 21st Century: A View from the World’s Most Successful Firms. Journal of Business Ethics, v. 48, p. 175-187, 2003. SOUSA FILHO, J. M.; WANDERLEY, L. S. O. Divulgação da responsabilidade social empresarial: como os websites empresariais vêm sendo utilizados por empresas de energia e varejo. Cadernos EBAPE.BR, v. 5, n. 2, 2007. SOUZA, W. J.; CARVALHO, V.; XAVIER, A. M. Mercado, Ética e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Responsabilidade Social na Formação dos Profissionais de Administração e de Ciências Contábeis: uma análise teórico-comparativa sob a ótica das Diretrizes Curriculares Nacionais. In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. SOUZA, V. S. F.; DREHER, M. T.; AMAL, M. A Influência da Responsabilidade Sócio-Ambiental no Processo de Internacionalização: o Caso da Electro Aço Altona. Revista de Ciências da Administração, v. 9, n. 19, p. 103126, 2007. SROUR, R. H. Poder, Cultura e Ética nas Organizações. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998. STACHELSKI, S. A. et al. Administração Sustentável e os Desafios da Formação de um Administrador Ético e Cidadão: O Caso do UNIRITTER e a Segregação dos Resíduos. In: Anais do XIV ENANGRAD. Foz do Iguaçu: Angrad, 2003. SWAEN, V.; VANHAMME, J. The Use of Corporate Social Responsibility Arguments in Communication Campaigns: Does Source Credibility Matter? Advances in Consumer Research, v. 32, p. 590-591, 2005. 136 TENÓRIO, F. G. (Org). Responsabilidade Social Empresarial: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: FGV, 2006. TUNG, R. L. Reflections on Engendering a Sustainable Community within the Academy. Academy of Management Review, v. 30, n. 2, p. 239-244, 2005. URDAN, A. T. Os consumidores recompensam o comportamento ético? Revista de Administração da USP, v. 36, n. 2, p 6-15, 2001. URDAN, A. T.; HUERTAS, M. K. Z. A Ética no Ensino de Marketing: Graduandos em Administração no Brasil versus Estados Unidos. In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB VENTURA, E. C. F. Responsabilidade Social das Empresas sob a óptica do “Novo Espírito do Capitalismo”. In: Anais do XXVII ENANPAD. Atibaia: Anpad, 2003. VERGARA, S. C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 1997. VLOSKY, R. P.; OZANNE, L. K.; FONTENOT, R. J. A conceptual model of US consumer willingness-to-pay for environmentally certified wood products. Journal of Consumer Marketing, v. 16, n. 2, p. 122-136, 1999. VOLPON, C. T.; CRUZ, E. P. A Importância da Responsabilidade Social na Fidelização dos Clientes: uma Investigação no Mercado Bancário. In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. WADMAN, D. A.; SIEGEL, D. S.; JAVIDAN, M. Components of CEO Transformational Leadership and Corporate Social Responsibility. Journal of Management Studies, v. 43, n. 8, p. 1703-1725, 2006. WATSON, C. E. Managing With Integrity: Social Responsibilities of Business as Seen by American’s CEOs. Business Horizons, July-August, p. 99-109, 1991. 137 WEAVER, G. R.; TREVIÑO, L. K.; COCHRAN, P. L. Integrated and Decoupled Corporate Social Performance: Management Commitments, External Pressures, and Corporate Ethics Practices. Academy of Management Journal, v. 42, n. 5, p. 539-552, 1999. WINDSOR, D. Corporate Social Responsibility: Three Key Approaches. Journal of Management Studies, v. 43, n. 1, p. 93-114, 2006. WOOD, D. J. Corporate Social Performance Revisited. Academy of Management Review, v. 16, n. 4, p. 691-718, 1991. ____________. Toward Improving Corporate Social Performance. Business PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Horizons, July-August, p. 66-73, 1991. XAVIER, A. M.; SOUZA, W. J. Responsabilidade Social Empresarial: Estudo Teórico – Empírico à Luz dos Instrumentos Ethos. In: Anais do XXVIII ENANPAD. Curitiba: Anpad, 2004. XAVIER, A. M. et al. Formação Profissional e Ética no Curso de Administração: Leituras de Estudantes de Graduação de uma Faculdade Particular. In: Anais do XXX ENANPAD. Salvador: Anpad, 2006. YOON, Y.; GÜRHAN-CANLI, Z. The Effects of Partnering with Good Cause on Corporate and Organization Image. Advances in Consumer Research, v. 30, p. 322-324, 2003. 138 7 Anexo 7.1. Roteiro de entrevista Dados Demográficos: 1.Sexo 2. Idade PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB 3. Estado Civil 4. Quando se forma/formou? 5. Qual o tema da monografia/projeto final? 6. A Faculdade/Universidade na qual estuda/se formou é pública ou particular? 7. Você trabalha? Há quanto tempo? Em que empresas já trabalhou? Em que empresa trabalha atualmente? Há quanto tempo trabalha nessa empresa? Em que área você trabalha? Qual o cargo: estagiário, trainee, funcionário? Roteiro de Entrevista: 1. Essa pesquisa é sobre Responsabilidade Social. Em primeiro lugar, eu gostaria de saber o que você pensa sobre essa questão, que vem sendo bastante discutida na mídia, nas empresas e na universidade. 2. Segundo seu entendimento e baseando-se no que você leu e ouviu sobre o tema, o que significa o termo Responsabilidade Social? 3. Em sua opinião, esse tema é importante para a prática da Administração? Muito? Pouco? Por quê? 4. A faculdade em que você cursa Administração oferece uma disciplina voltada especificamente para Responsabilidade Social? Sim? Não? 5. Se sim, você cursou essa disciplina? Sim? Não? Por quê? 139 6. Em que você acha que a disciplina contribuiu para sua formação/seus conhecimentos? 7. A faculdade em que você estuda aborda o tema Responsabilidade Social durante as aulas? Quais matérias abordam esse tema? Mais alguma matéria? 8. Em que você acha que esse tópico de Responsabilidade Social contribuiu para sua formação/seus conhecimentos? 9. Você chegou a fazer, ao longo da faculdade, algum trabalho sobre o tema Responsabilidade Social? Qual era o tema do trabalho? Como você avalia o que aprendeu com o trabalho? (muito interessante, pouco interessante, por quê?) 10. Você acha que o espaço dado ao tema Responsabilidade Social na Faculdade/Universade que cursa/cursou é: Adequado? Poderia haver mais espaço? Poderia haver menos espaço? Por quê? 11. Você acha que a abordagem dada ao tema Responsabilidade Social na PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0712963/CB Faculdade/Universidade que cursa/cursou é adequada? Sim? Não? Por quê? 12. Você tem alguma dúvida e/ou questionamento sobre o tema Responsabilidade Social? Qual? Mais algum? 13. Na sua experiência de trabalho/estágio, você teve a oportunidade de utilizar algum dos conhecimentos que tem sobre Responsabilidade Social? Sim? Não? Se sim, poderia contar essa experiência? 14. Você acha que a(s) empresa(s) na(s) qual(is) trabalhou põem em prática a Responsabilidade Social? Sim? Não? (se sim, pedir exemplos). 15. Como você acha que a Responsabilidade Social poderia/deveria ser posta em prática nas empresas? 16. Em sua opinião, a faculdade/universidade que você cursou é capaz de formar gestores socialmente responsáveis? Sim? Não? Por quê? 17. O que você acha que poderia ser feito nas faculdades/universidades para formar gestores socialmente responsáveis? Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo