NÃO MAIS EXISTE O “Riacho do Meio” onde o braço forte e a fé inabalável de Manoel Francisco, “derrubou as florestas”, plantou algodão e o fez construir o primeiro monumento ao Nazareno. A “Nova Assembléia” onde “a atual Rua do Calçamento era uma avenida de mulungus, cortada pelo riacho do Meio, onde deslizava suas águas límpidas e cantantes entre balsedos de malmequeres” e não um riacho de águas fétidas, pois poluídas pelos mais diversos dejetos. A vida simples dos nossos antepassados que, antes do cair da noite, a fama de suas constantes reuniões era tão grande que transformou o velho nome de “Nova Assembléia” em “Vila Nova da Assembléia”; o progresso pacífico e humanista que a tornou conhecida como “Vila Viçosa” e, finalmente, “Viçosa”. Os epítetos: “Terra dos Cambembes”, que faz lembrar a linda, faceira, perfumada e corajosa Inhamunhá; as frondosas matas coloridas pelo ouro dos paus d’arcos e o roxo das gigantescas sapucaias, que fizeram com que minha “Pátria de Nascimento” fosse chamada de “Princesa das Matas” e os intelectuais autóctones que a coroou como a “Atenas de Alagoas”. As mansões e os casebres do amor habitadas por eternos apaixonados, umas cercadas por árvores e animais exóticos que mais pareciam oriundos do Jardim do Éden e outras por uma simplicidade incomum. As garrafas vazias e os rios de lágrimas derramados devido às crônicas paixões; os sagrados juramentos de perpétuo amor efetuados nas Casas Grandes, ao som do piano, ou em seus belíssimos jardins à luz do luar e do perfume das rosas e, também, nas sombras da noite, os perigosos encontros e pactos dos amantes proibidos. Os forrós de boca de grota em casa de taipa, com sanfona de oito bastos e a luz de candeeiro, onde encontrava-se as fogosas e gostosas caboclas de belíssimo rosto, pintados com “massa de safroa”, antigo ruge, seios fartos e duros, nádegas arrumadas e convidativas, coxas torneadas, vagina suada, cheirosa e apertada, com penteeira tão exuberante que quando se baixava para mijar varria o chão, cujas relações amorosas rolavam na beira dos barrancos, nos afrodisíacos banhos de poço, cachoeira ou bica, sob as cristalinas águas dos regatos que nasciam nas matas ou nos rochedos dos profundos boqueirões, nas noites iluminadas pelos vagalumes, ao som dos grilos, do canto da coruja, do mugir do gado, do relinchar dos cavalos e do cantar dos sapos. E já que vivemos numa época onde o maquiavelismo se avoluma, o que não mais existe mesmo são os verdadeiros cachorros, mas sim, legítimos vira-latas. ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS PROFESSOR DA UFAL 28.11.2010