Caneta e papel... não mais necessários para o aprendizado da escrita?
Como dispensar caneta e papel, o pegar a caneta, entrelaçar os dedos, apoiar o pulso no apoio
do papel....Traçar as letras, repetí-las e traçá-las uniformemente(ou não!). Escrever na linha,
inconsciente calcular os espaços, colocar um ritmo, parar o movimento quando o pensar
parece escapar. Reler o escrito e perceber que a mão corre mais que a palavra pretendida,
engolir as letras, forçar a ponta e marcar o avesso do papel.
E o rabisco? Trocar uma palavra por outra, rasurando aquele pedaço. Ou simplesmente passar
um traço em cima da palavra equivocada, mas deixando ali a sua marca para que saibam o que
havia escapado pelos dedos.
E a caligrafia, não mais importa? Aprender os traços de cada letra, dominar o movimento
preciso para se fazer um “a”ou um “s”. Escrever com a preocupação de ser entendido, lido e
decifrado. Não mais se terá uma marca nesses traçados que nos fazem ser únicos pela letra
traçada?
Pela perplexidade que me causou a notícia, devo estar ficando anacrônica, num tempo outro
que não combina com essas manchetes. Reagi menos como professora e mais como uma
apaixonada por letras, inclinações e traços.
Fico pensando que então, se as crianças de hoje não mais aprenderão a escrever usando papel
e caneta, não saberão, mais tarde, o sabor dos bilhetes trocados com o amado que poderiam
até dispensar a assinatura, porque a própria letra já seria a própria alcunha. Não mais
reconhecerão o outro pela letra. Engraçado, sempre senti necessidade de conhecer a letra das
pessoas. É uma maneira de apreendê-las um pouco mais. E agora, como será?
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Caneta e papel... não mais necessários para o aprendizado