Alimentos Impuros
Pelo Pr. Rodney L. Henry
Este é um estudo bíblico sobre “alimentos impuros”. Deixaremos de lado todos os
escritos e idéias humanas e nos concentraremos o máximo que pudermos no que a Bíblia
diz sobre a proibição de alimentos. Este estudo lida com assuntos teológicos e não com
questões de saúde.
Comer ou não comer.
As pessoas obtiveram a permissão de Deus para comer diferentes alimentos em
épocas distintas. No jardim do Édem foi dada a Adão e a Eva a permissão para comer
frutos e vegetais (veja Gênesis 1:29-30). Porém a humanidade não permaneceu no Jardim
por que pecaram contra Deus. De fato, a raça humana caiu tão grandemente em pecado
que o Senhor decidiu destruí-la, com exceção de Noé e sua família. Além da preservação
de Noé e família, Deus também resguardou na arca animais puros e impuros (veja
Gênesis 7:2). Esta é a primeira vez que a Bíblia faz menção da diferença entre animais
puros e impuros.
Após o fim do dilúvio e Noé ter construído um altar para o Senhor, Deus deu-lhe
instruções sobre o que ele poderia comer ou não. Até este tempo, Noé e sua família
tinham autorização para comer somente frutas e vegetais. Porém, agora Deus diz a Noé,
“Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. Assim como lhes dei os
vegetais, agora lhes dou todas as coisas”. (Gênesis 9:3). Este mandamento, dado por Deus,
não foi para que Noé comesse apenas uma amostra de algumas criaturas, mas deu-lhe
permissão para comer qualquer animal que desejasse.
Uma vez que já fora feita uma distinção, por Deus, entre animais puros e impuros,
e que Deus permitiu a Noé comer de “tudo o que vive e se move” isto significa que Noé
estava autorizado a comer carne “impura”. Ou seja, quando Deus disse a Noé que “tudo o
que vive e se move” poderia servir de alimento, estava lhe dizendo que ele poderia comer
qualquer animal, incluindo os considerados impuros (veja Gênesis 9:3).
As Duas Leis
Deus libertou os filhos de Israel da escravidão do Egito e levou-os ao Monte Sinai.
Ali, o Senhor chamou Moisés ao cume do monte onde Ele escreveu os Dez Mandamentos
com seu próprio dedo nas tábuas de pedra. Porém quando Moisés retornou do cimo do
Sinai, ele destruiu as duas tábuas de pedra por causa do pecado dos filhos de Israel.
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Entrementes, Deus chamou-o novamente para a montanha onde escreveu novamente os
Dez Mandamentos em tábuas de pedra com o seu próprio dedo. (veja Deuteronômio 10:15)
Somos também informados em Deuteronômio 10:13 que esta lei foi dada “para
nosso bem”. Então, os Dez Mandamentos foram escritos por Deus nas tábuas de pedra
para o bem do povo. Quando o tabernáculo foi finalizado, os Dez Mandamentos foram
colocados dentro da Arca da Aliança conforme Deus havia ordenado (veja Deuteronômio
10:2).
Entretanto, havia outra lei que era diferente da lei chamada de “Dez
Mandamentos”. Vemos instruções acerca dessa lei em Deuteronômio 31:24-36. Enquanto
os Dez Mandamentos foram escritos por Deus, essa outra lei foi escrita por Moisés. Ao
passo que os Dez Mandamentos foram escritos em tábuas de pedra, essa outra lei foi
escrita num livro. Enquanto os Dez Mandamentos foram escritos para o bem do povo,
essa outra lei foi escrita como um testemunho contra eles. Ao passo que os Dez
Mandamentos foram colocados dentro da Arca da Aliança, essa lei foi colocada ao lado da
Arca. (veja Deuteronômio 31:24-26).
Podemos ver através de uma comparação entre Deuteronômio 10 e 31 que estas
duas leis são um tanto diferentes. Deuteronômio 10 descreve os Dez Mandamentos ou a
lei moral. Deuteronômio 31 descreve a lei cerimonial ou lei de Moisés. A lei cerimonial é
às vezes chamada de lei levítica, porque dentre as doze tribos foi a de Levi que Deus
escolheu para serem sacerdotes e oficiais do tabernáculo e do templo. A tribo de Levi era
responsável diante de Deus para efetuar os rituais e sacrifícios.
A Lei Cerimonial
O livro da Bíblia no qual encontramos o código de leis levíticas, ou cerimoniais, é
Levíticos. A ênfase da Lei Cerimonial está em que as pessoas podem ser purificadas
através da aspersão do sangue de um animal sacrificial. As pessoas encontravam paz com
Deus através do sacrifício de um animal inocente (veja Levítico 3). Os pecados eram
limpos pelo sacrifício e derramamento do sangue de um animal (ver Levítico 4). A culpa
pelo pecado também era colocada sobre o animal (ver Levítico 5). Levítico 6 e 7 abordam o
que o sacerdote deveria fazer para apresentar a oferta pacífica, a oferta pelo pecado, e a
oferta pela culpa. Os primeiros sete capítulos de Levíticos lidam com as leis sobre os
sacrifícios.
Alimentos Impuros
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Em Levíticos 11 somos apresentados ao pecado da ingestão de alimentos impuros.
Há várias categorias de animais imundos, pássaros, répteis, peixes e insetos. Se um judeu
se alimentasse de qualquer um destes animais que foram declarados como imundos
cometia pecado. Era pecado para um Israelita alimentar-se de qualquer coisa imunda.
A razão para a separação entre alimento puro e impura era para mostrar a
separação entre a nação de Israel e nações gentílicas.
“Mas a vocês prometi que herdarão a terra deles; eu a darei a vocês
como herança, terra onde há leite e mel com fartura. Eu sou o Senhor,
o Deus de vocês, que os separou dentre os povos. “Portanto, façam
separação entre animais puros e impuros e entre aves puras e impuras. Não se contaminem com animal, ou ave, ou com qualquer
criatura que se move rente ao chão, os quais separei de vocês por
serem eles impuros. Vocês serão santos para mim, porque eu, o
Senhor , sou santo, e os separei dentre os povos para serem meus.”
(Levíticos 20:24-26 NVI, grifo nosso)
Neste texto há um claro paralelo entre a separação de alimentos puros e impuros e
a separação entre Israel e as nações gentílicas. A palavra “portanto” no verso 25 introduz
a razão clara para a separação entre os alimentos puros e impuros. Existe a separação
entre a comida pura e a impura porque existe a separação entre Israel e as nações
gentílicas. Vamos olhar novamente o texto acima: “Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que
os separou dentre os povos. “Portanto, façam separação entre animais puros e impuros e
entre aves puras e impuras.”
Deus deu a Lei Cerimonial aos Filhos de Israel para prepará-los para viverem na
Terra Prometida. Nela haveria uma mistura de nações com as quais os israelitas seriam
confrontados com a cultura e costume deles. O Senhor Deus não queria que eles fossem
“tragados” por essas nações, pois anelava que fossem separados delas. Um dos caminhos
pelos quais deveriam mostrar sua separação das nações gentílicas era observando a
separação de alimentos puros e impuros. Enquanto Deus insistisse em uma separação
entre os judeus e os gentios Ele também insistiria em uma separação entre alimentos
limpos e imundos. Durante o tempo em que houve uma separação entre os "puros" judeus
e os "impuros" gentios, haveria uma separação entre os alimentos puros e os imundos.
Não apenas alimentos impuros
À medida que olhamos mais profundamente o livro de Levítico e a lei cerimonial
vemos que não se trata somente de alimentos puros e impuros. Por exemplo, após uma
mulher dar a luz a um menino ficaria imunda por sete dias (Levítico 12:2), já se ela desse
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a luz a uma menina seria impura por duas semanas. Decorrido o período determinado
depois do parto, a mulher deveria apresentar-se ao sacerdote levando um animal para o
sacrifício, em ordem de ficar pura.
Levítico 15:18 diz que a relação sexual torna uma pessoa imunda até a noite.
Quando uma mulher estiver menstruada é imunda por sete dias (Levíticos 15:19).
Durante este tempo em qualquer lugar que ela se deitar ou sentar será imundo e quem
tocar a sua cama ou onde ela se assenta se torna impuro (Levítico 15:20-23). De fato,
qualquer coisa ou pessoa que ela tocar durante este tempo se torna impuro (ver Levítico
15:27).
Tem sido dito que a Lei Cerimonial tem duas partes: a lei dos sacrifícios e a lei dos
alimentos puros e impuros. Todavia, a lei dos puros e impuros era parte da lei sacrificial
porque qualquer coisa ou pessoa impura era feita pura através do sacrifício e do ritual da
lavagem ou da água.
Era pecado para os Filhos de Israel quebrarem a lei cerimonial. Era pecados para
eles não oferecerem o sacrifício de animais e era também pecado comer alimento imundo.
O Antigo Testamento deixa bem claro que comer alimento impuro era considerado pecado
para os Filhos de Israel (veja Isaías 66:17).
Em Ezequiel 44:23 Deus diz que o sacerdócio deveria ensinar seu povo a “discernir
entre o puro e o imundo”, porém de acordo com o próximo verso, Ezequiel 44:24, o
sacerdote deveria guardar todos os dias festivos. Ele também não deveria entrar na casa
de uma pessoa morta e deveria oferecer uma oferta pelo pecado quando fosse para a casa
do Senhor. Podemos ver neste texto o quanto à lei cerimonial e a lei dos alimentos andam
juntas pois são ambas fazem parte da lei cerimonial.
Em números 19, encontramos mais leis concernentes a impuros. Qualquer que
tocar um morto é imundo por sete dias (verso 13). A casa onde alguém morrer e todo
aquele que entrar nesse local é imundo por sete dias (verso 14). Porém, novamente vemos
que a pessoa é purificada pelo oferecimento de um sacrifício e pela lavagem da água.
Então, pela lei cerimonial temos várias maneiras pelas quais uma pessoa pode se
tornar impura: comendo alimentos imundo, tendo relação sexual, por causa de um parto,
através da menstruação, tocando em alguém impuro, tendo contato com um morto. Todas
estas coisas são imundas segundo o Antigo Testamento. Porque será que algumas igrejas
e denominações escolhem somente o assunto dos alimentos considerados imundos e não
as outras coisas que o Antigo Testamento chama de impuros? Se comer comida impura
torna uma pessoa imunda, então a relação sexual, o parto, a menstruação e o contato com
os mortos também fará a pessoa imunda! Você não pode simplesmente escolher uma coisa
que chamará de imunda e deixar de lado as outras. Tudo isso que vimos ou é imundo ou é
puro.
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Desde os tempos de Moisés até a morte de Cristo na cruz era pecado comer comida
imunda (veja Isaías 66:17). Também era pecado não seguir o restante da lei cerimonial,
que incluía os sacrifícios. A lei cerimonial foi observada pelos Filhos de Israel até a morte
de Cristo na cruz. Ao morrer na cruz, Jesus Cristo se tornou o sacrifício final pelos
pecados, de sorte que já não há necessidade de se oferecer em sacrifício qualquer animal.
Hebreus 10:11-12 diz: “Dia após dia, todo sacerdote apresenta-se e exerce os seus deveres
religiosos; repetidamente oferece os mesmos sacrifícios, que nunca podem remover os
pecados.Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício
pelos pecados, assentou-se à direita de Deus.”(NVI). A lei cerimonial foi cumprida de uma
vez por todas com a cruz de Cristo, porque Ele foi o sacrifício final.
Se a lei cerimonial foi cancelada, nós não precisamos mais nos preocupar com
regulamentações alimentícias, festivais religiosos, celebrações da lua nova ou os dias de
sábado cerimoniais1 (os feriados judaicos). É isto exatamente o que Paulo, o apóstolo, nos
diz.
“Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua
natureza pecaminosa, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou
todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia
em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a
na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um
espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz. Portanto, não
permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou
com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas
novas ou dos dias de sábado.”(Colossenses 2:13-16, NVI)
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NT. Esses sábados cerimoniais eram em número de sete. Eles tinham uma finalidade: “Eram sombras
das coisas futuras” (Heb. 10:1). Aconteciam durante o transcorrer do ano judaico. Eram datas fixas em
dias móveis; data fixa quer dizer um dia de determinado mês. Dia móvel indica que esse dia podia cair
numa segunda-feira, quarta, sexta, etc. Quando o sábado cerimonial caia no Sábado do sétimo dia, este era
considerado “Sábado grande”. Exemplo: 15 de Novembro é feriado nacional, mas ele não cai todos os
anos no mesmo dia da semana. Há ocasiões em que ocorre na segunda, quinta, domingo e até mesmo no
Sábado. Veja, então, a data é fixa: 15 de Novembro. Mas o dia é móvel: pode cair em qualquer dia da
semana, e quando acontece, é feriado. Eram feriados fixos. Esses festivais sabáticos estão em Levíticos
capítulo 23 e eram os seguintes:
1º Sábado - Páscoa - 15º dia do primeiro mês
2º Sábado Festa dos Pães Asmos - 21º do primeiro mês.
3º Sábado - Festa das Primícias (Pentecostes) - 6º dia do terceiro mês.
4º Sábado - Memória da Jubilação (Festa das Trombetas) - 1º dia do sétimo mês.
5º Sábado - Dia da Expiação (Yonkipur - Grande yoma) - 10º dia do sétimo mês.
6º Sábado - 1º Dia da Festa dos Tabernáculos - 15º dia do sétimo mês.
7º Sábado - Último dia da Festa dos Tabernáculos - 22º dia sétimo mês.
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Paulo está falando de uma lei que foi cancelada, cravada na cruz, removida. Nós
temos duas fortes peças de evidências de que ele está se referindo a lei cerimonial.
Primeira, temos o contexto da passagem. No contexto vemos que Paulo refere-se à comida
e às celebrações religiosas. Estes itens são parte da lei cerimonial e não da Lei Moral ou
Dez Mandamentos. Segundo, Paulo diz que a “escrita de dívida… que era contra nós”.
Qual a lei que foi dada e dita que era contra nós? Em Deuteronômio 31:26 vemos uma
descrição da outorga da lei cerimonial que fora escrita por Moisés, num livro, para ser
colocada ao lado da Arca da Aliança. Neste texto somos informados que esta lei foi dada
como uma “testemunha contra nós”. Portanto, Paulo está dizendo que a lei cerimonial foi
cancelada, cravada na cruz, e removida, parando assim a necessidade de julgamento
sobre alimentos ou celebrações cerimoniais.
O mesmo livro da lei, Levíticos, o qual nos diz sobre os vários sacrifícios também
discorre sobre as leis do puro e do impuro. A lei do puro e do impuro é uma parte da lei
cerimonial que foi cumprida e removida pelo sacrifício de Jesus na cruz. Antes da morte
de Cristo era pecado comer qualquer alimento considerado imundo, depois da morte dele
somos ensinados que não há essa lei de alimentos puros e imundos.
O Novo Testamento e a separação entre Judeus e Gentios.
No livro de Levíticos 20:24-26, somos informados que a razão para a separação
entre alimentos puros e impuros era a vontade de Deus que os judeus fossem separados
dos gentios. Enquanto houvesse uma separação entre os “puros”judeus e os “impuros”
gentios deveria haver também uma separação entre os alimentos. Os dois estão
conectados ao texto acima.
Atos 10:1-16 também enlaça a separação de pessoas e animais impuros claramente
na visão de Pedro. Na visão, os animais limpos representam os “limpo” israelitas e os
animais impuros representam os “impuros” gentios. O Senhor ordenou a Pedro que
comesse "toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu." (Atos
10:12). Pedro protestou e se recusou a comer essas coisas que eram impuras (verso 14).
Deus respondeu: "Não chame impuro ao que Deus purificou". (Atos 10:15)
Sabemos através do contexto completo desta passagem que Deus estava
preparando Pedro para pregar o evangelho aos gentios. O ponto principal ensinado nesta
passagem é que os gentios não eram mais considerados “impuros”. Não havia mais
nenhuma separação entre judeus e gentios e isto foi ensinado a Pedro sendo-lhe dito por
Deus que não existia mais separação entre alimentos puros e impuros.
Paulo, o apóstolo claramente declara que por causa de Cristo Jesus não há mais
separação entre judeus e gentios:
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“Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os
que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu
nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um
em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de
Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gálatas 3:26-29, NVI)
Portanto, lembre-se que anteriormente você era gentio por nascimento e chamado
de "incircunciso" por aqueles que a si mesmos se chamam "circuncisos" (feita no corpo
pelas mãos dos homens) - lembre-se que naquele tempo você estava separado de Cristo,
excluído da cidadania em Israel e estrangeiros para a aliança da promessa, sem
esperança e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, você que uma vez estava
longe foi trazido para perto através do sangue de Cristo.
Antes de Cristo havia uma separação entre judeus e gentios. Após Cristo e em
Cristo não existe mais nenhuma separação entre judeus e gentios. No entanto, se não há
mais nenhuma separação entre judeus e gentios, então a razão para a separação entre
alimentos limpos e imundos também é finda. Uma vez que não existe mais separação
entre judeu e gentio em Cristo, seria de se esperar que o Novo Testamento teria algo novo
a dizer sobre alimentos impuros.
O Novo Testamento e os Alimentos Impuros
No Antigo Testamento, antes de Cristo, era pecado ingerir qualquer comida que
fosse considerada imunda porque a lei cerimonial ainda estava em vigor. Se ela foi
completamente cumprida, removida e cravada na cruz, então o Novo Testamento deveria
ter algo novo a dizer sobre alimentos impuros e acerca da lei do que é puro e impuro em
geral. O apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos, disse algo novo sobre a lei do que
limpo e do que imundo.
Vamos nos concentrar no que Paulo nos diz sobre essa questão em Romanos 14.
“Nada é por si mesmo impuro” (verso 14, NVI). “Todo alimento é puro, mas é errado
comer qualquer coisa que faça os outros tropeçarem.”(Romanos 14:20, NVI). O apóstolo
Paulo não poderia ter deixado mais claro do que isso, não existe mais nenhuma lei sobre
“puro e impuro”porque “nada é impuro” e “todo alimento é puro”. Paulo não diz que a
maioria dos alimentos são limpos mas que todas as coisas são limpas. Não há espaço para
dúvidas no tocante a lei do puro e do impuro porque “nada é impuro”e “todas as coisas são
puras”. Nada é imundo.
Vamos ver cuidadosamente o que Romanos 14:14 diz, “Eu sei, e estou certo no
Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a
tem por imunda; para esse é imunda.” Paulo começa com algumas palavras muito fortes
para iniciar sua argumentação acerca de alimentos impuros. Ele diz que “sabe” e que está
“certo” e “no Senhor Jesus”. Paulo deveria estar realmente muito convencido sobre este
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assunto ou ele não teria usado palavras tão impactantes. O apóstolo sabia que não havia
nada impuro em si mesmo por causa da morte de Cristo na cruz.
Porém, ele vai além e diz algo muito importante sobre a mente de uma pessoa
concernente a imundícias. Ele diz “que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser
para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda” (Romanos 14:14, RA). Deixe-me
ilustrar o que Paulo está ensinando. Se há um pernil de porco no prato, o apóstolo olha
para aquela carne e diz que é pura porque segundo ele “nada é impuro” e “todas as coisas
são puras” (Romanos 14:14, 20). Porém se outra pessoa vê aquele pernil no prato e pensa
que o porco é imundo, então o pernil é imundo, porém somente para aquela pessoa. Em
outras palavras, o porco não é imundo por si só, contudo somente para ele.
Romanos 14:20 dá-nos algumas restrições sobre comer certos alimentos quando
declara: “Não destrua a obra de Deus por causa da comida. Todo alimento é puro, mas é
errado comer qualquer coisa que faça os outros tropeçarem.” Embora não haja mais
nenhuma lei sobre o puro e impuro, porque a Lei Cerimonial foi cravada, somos
ordenados a não comer se isso ofender a outra pessoa.
Em Timóteo 4:1-5 Paulo continua a abordar o mesmo assunto. Ele diz que “nos
últimos tempos” (que eu creio ser agora) “proíbem o casamento e o consumo de alimentos
que Deus criou para serem recebidos com ação de graças pelos que crêem e conhecem a
verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com
ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração.” Que tipo de
criaturas deveriam ser refugadas? “Nada deve ser recusado” (verso 4), porque todas as
criaturas de Deus agora são limpas.
Em Romanos 14:17, Paulo nos dá um sumário sobre o assunto dos alimentos puros
e impuros quando diz “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e
paz, e alegria no Espírito Santo.” O que uma pessoa come simplesmente não é importante
desde não ofenda um irmão (veja Romanos 14:15). A coisa mais importante é termos um
relacionamento correto com Deus (baseado na justiça) o que nos dará paz e alegria.
Em Marcos 7:15 Jesus diz que “não há nada fora do homem que, nele entrando,
possa torná-lo impuro. Ao contrário, o que sai do homem é que o torna impuro.” Pode
alguma coisa que o homem coma o corromper? Não. " não há nada fora do homem que,
nele entrando, possa torná-lo impuro.”
Revisão
No Antigo Testamento nem todas as coisas são puras para se comer. Em o Novo
Testamento “todas as coisas são puras” (Romanos 14:20). No Antigo Testamento foi
ordenado ao povo que fizessem distinção entre o puro e o impuro (Levíticos 11:47). O
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Novo Testamento nos informa “que nenhuma coisa é de si mesma imunda” (Romanos
14:14). No Antigo Testamento era pecado comer alimentos impuros (Isaías 66:17). O Novo
Testamento nos diz que “nada deve ser rejeitado” (Timóteo 4:4).
A Bíblia não se contradiz entre o Antigo e o Novo Testamento. Mas algo muito
importante aconteceu entre a escrita do Antigo Testamento e do Novo Testamento. Jesus
morreu na cruz. A morte de Cristo na Cruz pôs um fim aos sacrifícios e a lei sobre os
limpos e os imundos (Lei Cerimonial).
Ezequiel profetizou que isso aconteceria. Em Ezequiel 36:26, ele profetizou que na
nova aliança ou testamento seria dado um novo coração. No versículo 27 somos
informados de que também seria enviado o Espírito Santo para que pudéssemos obedecer
aos mandamentos de Deus. E então, no versículo 29 de Ezequiel 36 vemos, "Eu os livrarei
de toda a sua impureza". No Antigo Testamento, o homem era salvo da sua imundícia por
sacrificar um animal, mas Deus tinha um plano melhor em sua nova aliança, ou
testamento. Na Nova Aliança o homem é salvo (purificado) de toda a sua imundícia
(pecado) por meio do sangue derramado de Jesus Cristo.
A questão da saúde no que diz respeito à ingestão de certos alimentos está além do
escopo deste estudo. Este estudo centrou-se sobre a questão dos alimentos limpos e
imundos, e não sobre os determinantes da saúde de uma dieta alimentar. Estas questões
sobre saúde terão de ser resolvidas por médicos e nutricionistas. Meu objetivo aqui é
mostrar que comer ou abster-se de certos alimentos já não é uma questão teológica ou
moral.
Todas as coisas foram feitas limpas pela morte de Cristo na cruz do Calvário. Não
vamos voltar a viver sob a Lei Cerimonial do Antigo Testamento, como se Cristo não
tivesse morrido na cruz. Pelo contrário, vamos concentrar nosso coração e mente sobre o
que é realmente importante para nosso relacionamento correto com nosso Deus através
de Jesus Cristo, nosso Senhor. "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14:17).
Revisado em 9/86.
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