Produção de Híbridos Comerciais de Tomateiro do Grupo Cereja Cultivados no Sistema Hidropônico e Conduzidos com Diferentes Números de Hastes Guilherme Brunhara Postali1; Ernani Clarete da Silva1; Gabriel Mascarenhas Maciel1 1 Universidade José do Rosário Vellano - ICA -UNIFENAS, Caixa Postal 23, 70130-000 Alfenas - MG [email protected]. RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido na Universidade de Alfenas, Instituto de Ciência Agrárias com o objetivo de avaliar, em condições de cultivo hidropônico, a produção de dois híbridos comerciais de tomateiro do grupo cereja cultivados com diferentes números de hastes. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2, com 3 repetições. Os fatores estudados foram 3 sistemas de cultivo (1, 2 e 4 hastes) e duas cultivares híbridas de tomateiro (Pepe e Super Sweet ). As características avaliadas foram: número de frutos por planta; produção de fruto por planta e peso do fruto. Foram observadas diferenças significativas em relação as cultivares e em relação ao número de hastes, sem contudo haver significâncias para a interação dos fatores. Conclui-se que é viável o cultivo hidropônico de ambas as cultivares e a condução deve ser com apenas 1 haste. PALAVRAS-CHAVE: Lycopersicon esculentum Mill, hidroponia ABSTRACT Yield of commercial tomato plants hybrids of cherry group growing in hydroponic system with different numbers of stems. This work was carried out at University of Alfenas, Institute of Agrarian Science with the objective of evaluating in hydroponic conditions, tomato plants yield of the cherry group growing with different numbers of stems. The experimental design was a complete randomized blocks in a factorial scheme 3 x 2 and 3 replications. The factors studied were 3 conduction systems (1, 2 and 4 stem) and 2 commercial hybrid of tomato plant cultivars (Pepe and Super Sweet ). The characteristics evaluated were: number of fruit per plant; fruit yield per plant and average weight per fruit. It was observed significant differences in relation cultivars and in relation numbers of stem. There were not significant differences for factor interaction. Its was concluded that is viable hydroponics growing of both cultivars and the plant conduction bee must with only one stem. KEYWORDS: Lycopersicon esculentum Mill, hydroponics system INTRODUÇÃO Os frutos do tomateiro do grupo cereja são pequenos e as plantas são de crescimento indeterminado, com número de frutos por penca variando de 15 a 50. Os frutos podem ser redondos ou compridos com peso variando entre 10 e 30g (Diez Niclos, 1995). O cultivo hidropônico dessa espécie é possível desde que sejam feitas adaptações locais relacionadas principalmente, à condução da planta (Barbosa, Lima e Silva, 2002). O cultivo hidropônico de tomateiro é feito pela técnica NFT (Nutrient Film Techinique) que consiste na circulação de solução nutritiva através de canais, que simultaneamente, irriga e fertiliza as plantas postadas ao longo dos mesmos (Furlani 1999). Vários autores observam que a condução da planta em termos de número de hastes, tem influência na produção e no tamanho dos frutos. Assim, o maior número de hastes ou maior adensamento das plantas resulta em maior produção de fruto, além de diminuir o tamanho do mesmo, o que é desejável já que é uma característica da planta (Diez Niclos, 1995; Gusmão et al. 2000; Barbosa, Lima e Silva, 2002). Entretanto, maiores adensamento ou condução com maior número de hastes é inviável devido a dificuldade de manejo da planta, do maior sombreamento, do arejamento deficiente e, consequentemente, da maior incidência de doenças fúngicas (Barbosa, Lima e Silva, 2002). Neste contexto, o manejo da planta no que diz respeito ao número de hastes é importante no sentido de se otimizar os parâmetros de produção, principalmente quando se trata de cultivares híbridas. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar o efeito do número de hastes na condução de dois híbridos comerciais de tomateiro do grupo cereja em cultivo hidropônico. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido nas dependências da Universidade José do Rosário Vellano (UNIFENAS), área de cultivo protegido do setor de Olericultura e Experimentação da Faculdade de Ciências Agrárias, durante o ano de 2003. Utilizou-se uma estrutura de proteção modelo capela com 450 m2, 9 metros de largura por 50 metros de comprimento e 2 metros de pé direito, coberta com película de polietileno transparente de baixa densidade aditivada anti U-V, de 150 micra de espessura. O material utilizado constou de dois híbridos comerciais de tomateiro do grupo cereja de crescimento indeterminado: Pepe, cedido pela Takii do Brasil Ltda e Super Super Sweet, cedido pela Rogers. As mudas foram produzidas em placas de espuma fenólica previamente lavadas com água corrente. Após a germinação, as placas foram levadas para o berçário onde receberam solução nutritiva através de subirrigação com solução nutritiva, com metade da diluição da fase definitiva. Quando as mudas apresentaram 6 folhas definitivas, o que ocorreu aos 35 dias do semeio, as mesmas foram transferidas para canais de cultivo onde permaneceram até o final da pesquisa. Os canais de cultivo foram construídos com material plástico onde, no chão, espaçados de 0,80m e com declive de 2%, foram esticadas tiras de plástico de 75cm de largura e 18m de comprimento. Em mourões dispostos na cabeceira de cada canal foi esticado um fio de arame a 20cm de altura. As extremidades destas tiras de plástico foram presas com clips neste arame formando canais triangulares com base de 20cm apoiado no solo. A solução nutritiva usada, tanto na fase de berçário quanto na fase definitiva, foi elaborada com base em Furlani et al., 1999 e constou da seguinte composição, em ppm: N =180; P =60; K = Ca =200; Mg = 50; S = 100; B = 0,6; Mn = 0,7; Cu = 0,1; Zn = 0,1; Mo =0,01 e Fe =2. Em termos hidropônicos, o volume de solução nutritiva foi calculado para 5 L/planta e mantidas com CE de 3,5 mS/cm (Furlani et al, 1999). Até a emissão dos primeiros ramos florais, a circulação da solução nutritiva deu-se de 15 em 15 minutos das 06 horas às 18 horas. A partir das 18 horas até as 6 horas, a solução nutritiva circulava por 15 minutos e estacionava por 4 horas. Após a emissão dos primeiros ramos florais, a solução nutritiva circulava por 15 minutos e estacionava por 45 minutos 24 horas por dia, até o final do experimento. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2, com 3 repetições. Os fatores estudados foram 3 sistemas de cultivo (1, 2 e 4 hastes) e duas cultivares híbridas de tomateiro (Pepe e Super Super Sweet ). Cada parcela foi composta de 5 plantas sendo as três plantas do centro de cada fileira, consideradas úteis para as avaliações e as características avaliadas foram: número de frutos por planta; produção de fruto por planta e peso do fruto. No tratamento conduzido com uma haste, as plantas foram espaçadas de 0,30 m e conduzidas na vertical tutoradas com fitilhos. No tratamento com 2 e 4 hastes o espaçamento foi de 1,0 m e 1,50 m respectivamente, com as plantas conduzidas na horizontal, fixados em arames esticados a 0,80 m e 1,10 m sobre os canais de cultivo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para número de frutos por planta não foi observada interação significativa entre os fatores estudados. As cultivares mantiveram um mesmo padrão para produção de frutos. A cultivar Pepe foi significativamente superior a cultiva Super Sweet (Tabela 1). Para ambas as cultivares, o maior número de hastes proporcionou significativamente o maior número de frutos produzidos por planta. Tabela 1- Número de frutos produzidos por planta em função da condução da planta em termos do número de hastes. ICA-UNIFENAS, 2003* Número de hastes Cultivares 4 Pepe 471,66aA Super Sweet 311,44aB 2 433,88 bA 246,10 bB 1 328,76 cA 222,32 cB CV % 8,55 8,55 *As médias seguidas por letras distintas minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível de 5% indicado pelo teste de Tukey. Com relação a produção de frutos por planta não houve ocorrência de interação entre os fatores. Por outro lado, a cultivar Pepe foi significativamente superior à cultivar Super Sweet, independente do número de hastes com que foram conduzidas (Tabela 2). Provavelmente, o número maior de frutos produzidos pela cultivar Pepe tenha resultado em maior produção por planta. Para ambas as cultivares, a condução com apenas uma haste promoveu a menor produção não ocorrendo diferenças significativas entre a condução com 2 e 4 hastes. Tabela 2 - Produção de frutos por planta (g) em função da condução da planta. ICAUNIFENAS, 2003* Número de hastes Cultivares 4 Pepe 3697,71aA Super Sweet 2542,20aB 2 3647,17aA 2218,67aB 1 2977,43bA 2089,10bB CV % 8,73 *As médias seguidas por letras distintas minúsculas na vertical e maiúsculas na horizontal diferem entre si ao nível de 5% indicado pelo teste de Tukey. Em termos de peso médio de frutos, não houve nenhuma diferença significativa em função dos fatores número de hastes e cultivares. Tanto a cultivar Pepe quanto a cultivar Super Sweet produziram frutos do mesmo tamanho em qualquer tipo de condução. Para a cultivar Pepe, o peso médio de frutos foi de 9,24; 8,42 e 7,84g para 1, 2 e 4 hastes, respectivamente, enquanto que para a cultivar Super Sweet observou-se 9,42; 9,02 e 8,16 g para 1, 2 e 4 hastes. Este resultado induz concluir que a condução que produza o maior número de frutos deva ser a melhor uma vez que não interferiu no peso dos mesmos. Entretanto, é importante observar que, a condução com maior número de hastes é feita com maior espaçamento entre plantas dentro da fileira implicando em maior área ocupada por planta. Este fato coloca a condução com uma haste mais produtiva em termos de produção/área. O fato da cultivar Super Sweet ter se mostrado menos produtiva pode ser explicada pela sua constituição genética já que não houve interação entre os fatores. Silva, Monteiro Filha e Maciel (2003) estudando a produção de tomateiros do grupo cereja (selvagem) concluíram pela significância dos resultados, que a condução com 4 hastes é mais vantajosa. Entretanto ressaltaram a dificuldade da condução em menor espaçamento em virtude do ataque de doenças e complicação nos tratos culturais. Barbosa, Lima e Silva (2002) estudando o comportamento deste grupo de tomate em crescimento natural, também chegaram as mesmas conclusões. Uma análise preliminar considerando os dados da primeira colheita também não foi verificado nenhuma diferença significativa sendo que para a cultivar Pepe, o peso médio dos frutos foi 14,27; 11,82 e 10,19 g para 1, 2 e 4 hastes, respectivamente, e 12,39; 13,84 e 13,67 g para 1, 2 e 4 hastes, respectivamente para a cultivar Super Sweet. Desta forma, conclui-se que é viável o cultivo hidropônico de ambas as cultivares e a condução deve ser com apenas 1 haste em espaçamento de 0,30 m entre plantas. LITERATURA CITADA BARBOSA, R. M., LIMA, M. C. B., SILVA, E. C. da. Uma experiência com o cultivo hidropônico do tomateiro do grupo cereja em Maceió, AL In: 42 Congresso Brasileiro de Olericultura e 11 Congresso Latino Americano de Horticultura, 2002, Uberlândia (MG). Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v.20,n.2, julho, 2002, Suplemento, 2.CD-Rom DIEZ NICLOS, J. Tipos varietables. In: Nuez, F. (Coord.) El cultivo del tomate. Madrid: Mundi Prensa. 1995. p.93-129. FURLANI, P.R.; SILVEIRA, L.C.P.; BOLONHEZI, D.; plantas. Campinas, IAC.1999. 52p. (Boletim Técnico). FAQUIN, V. Cultivo hidropônico de GUSMÃO, S.A..L. de; PÁDUA, J.G. de; GUSMÃO, T.A. de; BRAZ, L.T. Efeito da densidade de plantio e forma de tutoramento na produção de tomateiro tipo “cereja” em Jaboticabal -SP. Horticultura Brasileira, v.18, 2000(suplemento 200 SILVA, E.C. da; GAMBINI FILHA, E.M.; MACIEL, G.M. Produção de tomateiros do grupo cereja cultivados no sistema hidropônico com diferentes números de hastes. In: 43 Congresso Brasileiro de Olericultura, 2003, Recife (PE). Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v.21, n.2, julho, 2003, Suplemento 2. CD - ROM