Diretor do Ciave alerta para a falta de médicos especializados em toxicologia Daniel Rebouças luta com outros médicos para que a toxicologia se torne uma especialidade médica Fundado há 33 anos, o Centro de Informações Antiveneno (Ciave), gerido pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), localizado no bairro do Cabula, em Salvador, é referência nacional em toxicologia. Aproximadamente 90% do seu público são médicos e outros profissionais de saúde que utilizam o serviço de plantão ininterrupto para receber orientação em diagnósticos e tratamentos em pacientes intoxicados. Além de orientar profissionais, o Ciave oferece diversas ações conjuntas com outros órgãos públicos e privados, como estágio para estudantes de saúde, atendimento psicológico para pacientes que tentaram suicídio, vigilância sanitária e ambiental, análises toxicológicas, entre outras. Ainda assim, sua atuação poderia ser muito mais ampla no Estado se o quadro de médicos especializados fosse maior. Quem identifica esta falha é o diretor do centro, Daniel Santos Rebouças, que vem lutando, junto a Apesar de ter sido reconhecida como área de atuação médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2012, a toxicologia ainda não foi incorporada à medicina como uma especialidade outros médicos, integrantes da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Abracit), para que a toxicologia seja incorporada à medicina como uma especialidade. De acordo com o diretor, a falta de médicos especializados não é exclusividade do Ciave e, sim, um problema nacional que, aos poucos, vem sendo superado: “No ano pas- sado o CFM – Conselho Federal de Medicina – reconheceu a toxicologia como área de atuação médica, o que representou um grande avanço para nós”. Segundo Rebouças, o ideal é que o Ciave tivesse um quadro de 14 médicos, mas atualmente apenas 10 estão trabalhando. Outra dificuldade enfrentada pelo centro é a obtenção de antídotos. A este problema se credita, segundo o diretor, a quase inexistência de fabricantes deste produto. Uma política pública voltada para a toxicologia é uma saída apontada pelo diretor. “Tendo um programa do Sus específico, é possível conseguirmos mais investimento e atenção para que esta área se desenvolva. O trabalho de diminuição da quantidade de intoxicações em regiões do Brasil, com foco na prevenção e no atendimento, por exemplo, seria uma das ações possíveis através de um programa custeado pelo governo”, afirma o diretor. Luta Médica • Dezembro 2013/Março 2014 | 11