Cascavel, sexta-feira, 04 de setembro de 2015 - Ano XVIV - Nº 1915 - Clipping News Agência de Notícias - (45) 3037-5020 - Editor: Jairo Eduardo - E-mail: [email protected]
Sabe aquela da Papagaios?
Corrida para a periferia Norte leva “grifes” do centro ao Floresta
Se muitas anedotas começam com a pergunta de nossa manchete de hoje, também é
verdade que no curso da piada alguns precisam
se conter para não estrangular o papagaio. As
duas opções surgem neste texto, que relata a
expansão da Região Norte de Cascavel.
Como a área é vasta, compreende tudo que
está depois da 467, do Cataratas ao Ceasa
e adjacências, o Pitoco escolheu a Avenida
Papagaios para fazer um retrato do “fermento” imobiliário e comercial naquela porção de
Cascavel.
Primeiro, antes de chegar na Papagaios, é
preciso dizer que a 467 já foi um “muro” que
separou o Norte do centro. O advento da duplicação derrubou a muralha, tornou-a permeável,
mas está longe de resolver os longos congestionamentos em horários de pico.
Constatação um, contemplando a anedota:
o papagaio está estrangulado. Principal artéria
no acesso para a zona de maior crescimento
demográfico naquela região, a Avenida Papagaios e seus “cotovelos” não dão mais conta
do recado. “Com os novos moradores previstos
para os próximos cinco anos, é preciso abrir a
Avenida das Torres, entre o Floresta e a Avenida
Piquiri”, opina o vereador Celso Dal Molin. Os
novos viventes aos quais se refere, são os felizes
Jairo Eduardo
Construcal ocupará “campo de batalha”
da Papagaios
contemplados do Conjunto Rivieira – aquele dos
500 mil pixulecos – e inúmeros loteamentos
abertos na região.
O Riviera trará em torno de 7 mil “neo-nortistas”. O loteamento gigante no entorno do
Instituto Federal, da dupla Padovani/Maculan
tem 2,5 mil lotes. Estima-se que do último
Censo, em 2010 para cá, a região Norte tenha
atraído mais 10 mil pessoas, ultrapassado os
80 mil moradores. É quase a soma de Marechal
Rondon com Medianeira.
A cidade a parte aguçou olhares empresariais: anote aí as marcas presentes na Papagaios: Farmácias Estrela, Cacau Show, Irani,
Biovel, Sicredi, Imobiliária Cidade, Buenão e
quatro lojas de eletro. Também está lá a Calce
Bem, do Ivori Gluzezak, ativista do Núcleo da
Acic Norte.
Para ele, um divisor de águas foi a implantação da Unidade Paraná Seguro na região. “Um
mês antes da estrutura chegar, tivemos 15
assaltos somente na Papagaios. Havia farmácia
assaltada três vezes por semana. Desde que
a UPS chegou, nunca mais meu comércio foi
assaltado”, diz Ivori.
Um grupo de moradores e comerciantes
“adotou” a UPS. Ainda na semana passada,
o dinheiro que eles recolhem de doadores,
bancou R$ 1,3 mil do conserto do câmbio de
uma viatura da PM. “Tem gente que diz: não
vou colaborar, isso é obrigação do Richa. Então eu pergunto: o que é pior, colaborar com
R$ 20 por mês ou 15 assaltos em 30 dias?”,
pergunta Ivori.
Em tempo: O empreendedor Tiago Kroth
vê segurança no investimento. Está instalando
lá a Construcal Home Center, com 20 postos
de trabalho e 3 mil metros quadrados de área.
E adquiriu 80 terrenos do Mantovani para
construir casas no alto do Morumbi. Ele aposta
que a papagaio tem potencial para trazer o
“faz-me rir”.
Loteamento Edgar
A área que a Construcal está
ocupando pertence a rede Irani.
E foi alvo de reportagem aqui no
Pitoco, em setembro de 2009.
Naquela ocasião, os “Muffatinhos”
tentaram adquirir o terreno em leilão
na Papagaios para instalar uma loja
ha três quadras do Irani. Então os
Pegoraro colocaram a mão fundo
no bolso e pagaram R$ 1 milhão a
mais que o valor de avaliação. Foi a
batalha da Papagaios. Mais tarde o
Super Muffato se instalou na região,
o Irani ampliou para 17 mil metros
de área e todos foram felizes para
sempre.
As torres de 11/09
Vende-se 105 imóveis em Cascavel, no “Loteamento Edgar Bueno”. Várias opções de preços e
condições, a partir de R$ 25 mil. Mas tem terreno de R$ 3,3 milhões. É a Prefeitura vendendo o
terreno da Secretaria de Obras, na Tancredo, para
bancar a obra do BID/PDI. O “Loteamento Bueno”
será lançado no próximo dia 22, e inclui áreas
invadidas. Se todos forem vendidos pelo lance
inicial, vai “virar” R$ 29 milhões.
Os irmãos Morais, os patrões-pedreiros da
construtora Incentive House, agendaram
a entrega oficial das torres construídas no
Coqueiral para 11 de setembro. Mas a “sombra” do Bin Laden mudou a data para o dia
19. Já o Sciarra, construtor das torres gêmeas no centro, manteve o encontro do PSD
em Cascavel para o dia 11 de setembro.
“A democracia é a arte de
administrar o circo a partir da
jaula dos macacos”
(H.L. Mencken)
O dólar é mais verde em SH
Estouro da moeda americana irriga o campo na rica Costa Oeste
O Banco Central do Brasil já estourou 57 bilhões de dólares até julho
para tentar conter a alta do dólar. É o
valor que o BC injetou no mercado futuro para segurar a cotação da moeda
americana.
A alta, com picos acima de R$ 3,80
esta semana, de um lado arranca os
cabelos do Joaquim Levy, de outro
estabelece oásis na Costa Oeste paranaense.
Santa Helena, faça sol ou faça chuva, recebe todos os meses um depósito de 1 milhão de dólares.
São os royalties pagos por Itaipu,
uma indenização para ressarcir os
263 quilômetros quadrados de férteis
áreas agricultáveis afogados sob densa lâmina de águas no reservatório da
binacional.
O fato novo – e que levou o Pitoco
a Santa Helena na última quarta-feira
- está na variação cambial. No primeiro mês de seu governo, em janeiro de
2013, o prefeito Jucerlei Sotoriva,
o Juce, recebeu R$ 3,9 milhões de
royalties.
Em agosto último, o número veio
bem diferente: R$ 6,28 milhões. São
R$ 2,3 milhões a mais todos os meses, a partir da disparada da moeda
verde. Quando os royalties de setembro entrarem, Juce terá recebido ainda no mês nove - mais que o ano
inteiro de 2013.
O que Santa Helena está fazendo
com uma receita inesperada de R$ 20
milhões, vitaminada pelo super dólar
do caos econômico em Brasília?
O prefeito nos recebe no térreo de
um palácio de pedras nobres e ampla
área envidraçada, o Paço Municipal,
coisa de primeiro mundo.
Ele mudou seu gabinete do terceiro para o andar térreo. “Havia um
sentimento de distanciamento entre o
governante e o povo. Agora estamos
mais próximos”, disse.
Com os pés bem fincados no chão
Aviários em
Santa Helena:
pesados
subsídios
do térreo, o prefeito explica a destinação da dinheirama. A grana vai para o
chão mesmo.
Com 47% da população de 25,1
mil almas ainda no campo - equação
democráfica rara em um brasil urbano
- grande parte dos recursos adicionais
vão para a roça.
O município investe de R$ 18 mil
até R$ 40 mil em subsídios por produtor na implantação ou ampliação de
aviários. Já são 295 empreendimentos
nesta área, outros 70 autorizados e
30 em construção.
É dinheiro fazendo dinheiro. Literalmente. O município já investiu R$ 30
milhões na atual gestão e está com R$
50 milhões aplicados no BB e Caixa. É
sobra mesmo.
Para equilibrar a dose entre o rural
e o urbano, Juce abriu uma linha de
crédito com um jurinho subsidiado e
bem simpático para os comerciantes.
Com o mercado financeiro praticando juros mensais acima de escandalosos 3%, a Prefeitura, conveniada com
os bancos, oferece dinheiro barato
para os comerciantes a 1,49%/mês.
Do aviário para o chiqueirão, processo licitatório recente vencido pela
Cooperativa Lar, prevê um subsídio de
R$ 10 milhões da Prefeitura para um
complexo capaz de abrigar 10 mil matrizes suínas.
O subsídio já custou meio milhão de
reais para a Prefeitura.O dinheiro é público, mas o empréstimo é feito pelos
bancos, que assumem o risco. Tem fila
no projeto. Todo mundo quer comprar
dinheiro em liquidação.
No projeto, a Lar entra com R$ 50
milhões. O empreendimento vai alojar
140 mil suínos em Santa Helena, que
irão se somar as 170 mil cabeças já
existentes.
Juce e seu vice, Margon Strassburger, são do interior de Santa Helena.
Moram há 25 km do Paço Municipal.
Conhecem bem o caminho da roça. E
sabem que tanto dinheiro traz cobiça.
Também pode trazer sangue, como
contaremos no próximo episódio deste
texto, com uma visitinha a Itapulândia,
outra meca dos royalties vitaminados.
Os investimentos fortemente subsidiados na agropecuária tem um objetivo claro na estratégia econômica:
vitaminar um índice conhecido como
Valor Bruto de Produção Agropecuária
(VBP), que já está entre os 12 maiores
do Paraná, com R$ 624 milhões.
A estimativa é atingir R$ 1 bilhão nos
próximos anos - patamar semelhante
a duas super-potências do agronegócio paranaense: Cascavel e Toledo. O
VBP se espraia pela economia e gera
maior retorno de ICMS para a Prefeitura, injetando em tributos cerca de R$
8 milhões no município.
Contaremos também como a “prima
rica” convive com vizinhos paupérri-
mos, como Diamante do Oeste, que
“exporta” todos os dias em viagem
de ida e volta, suas raras almas para
frigoríficos de Matelândia, Toledo e
Rondon.
Em tempo: Blindados pela participação da sociedade na produção do
orçamento, os gestores da rica Costa
Oeste semeiam dólares no campo.
Daí o título da série, em Santa Helena,
o dólar é mais verde. A propósito, o
nome do vice, Strassburger, remete
também para o pé no chão, uma indústria de calçados gaúcha. Terça-feira
voltamos ao assunto.
Abraços
Para Samoel Mattos Jr (foto) e equipe, que organizam
a Fecom neste
fim de semana no
Centro do Eventos. Abraços também para Ivanilde
Paes, Karin Weiss,
Benedito Tuponni,
José Hary Sulzbach - que lê o Pitoco
em Palmeiras das Missões/RS - João
e Neuza Lemos, Lucas Lopes e Maria
Celia de Souza.
The end
“Sou contra os noivados muito prolongados. Dão tempo às pessoas de se conhecerem melhor, o que não é aconselhável
antes do casamento”
(Oscar Wilde)
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Sabe aquela da Papagaios?