MINISTÉRIO DE
EVANGELIZAÇÃO DAS FAMÍIAS
(Texto adaptado de um Artigo do
Pe. Luis Alves na Revista
Rainha dos Apóstolos)
A Comissão Diocesana da Pastoral
Familiar tem a alegria de apresentar este texto
sobre o Ministério da Visitação e da Bênção,
adaptado de um artigo da Revista Rainha dos
Apóstolos. Ele tem por objetivo ajudar as
lideranças das Paróquias a refletirem para
constituir e preparar
o Ministério de
Evangelização das Famílias ou Ministério da
Visitação e da Bênção, atendendo a 1ª pista de
ação da 3ª Assembleia do Povo de Deus.
O MINISTÉRIO DA VISITAÇÃO E DA BÊNÇÃO
O ministério da visitação e da bênção, um serviço de evangelização e de
solidariedade cristã, é iniciativa que facilita o conhecimento dos fiéis, de seus
problemas, de suas distintas realidades.
Abençoar é pedir a Deus em favor de alguém. É gesto de amor e de
solidariedade cristã. A bênção é sinal de benevolência: dádiva que vem de Deus,
louvor e proteção implorada na oração e desejada no coração.
FUNDAMENTAÇÃO BÍBLlCA
Com Jesus, dom definitivo e inigualável do Pai à humanidade, a bênção
de Deus se expressa como presença do Deus-Conosco, que veio morar entre nós. O
Sol nascente veio visitar-nos. Ele é uma bênção a ser invocada sobre os fiéis, nas
diversas circunstâncias da vida.
Jesus entra nas casas, mesmo de "pecadores", faz refeições e entretémse com as pessoas. Manifestações de vida e de carinho, impossíveis no templo, têm
lugar nas casas, na vida familiar. Jesus vai à casa de Pedro e cura a sogra (Mt
8,14-15); devolve a vida à filha do chefe da sinagoga (Mt 9,23); "procura e salva o
que estava perdido", ao visitar Zaqueu e trazer salvação à sua casa (Lc 19,5-10).
Jesus também envia seus apóstolos e discípulos: "Ide e anunciai" (Mt
28,19) e dois a dois, vão pregar penitência, expulsam demônios, ungem com óleo
os doentes e os curam (Mc 6,7-13). Ensina também que, ao entrar nas casas, é
preciso abençoá-las dizendo: "Paz a esta casa" (Lc 10,5). Os primeiros cristãos
partem o pão nas casas (A 2,46) e São Paulo afirma aos anciãos da Igreja de Éfeso
que nunca deixou de anunciar publicamente e de casa em casa, o que pudesse ser
proveitoso (cf. At 20,20).
"Na liturgia da Igreja, a bênção divina é plenamente revelada e
comunicada: o Pai é reconhecido e adorado como a fonte e o fim de todas as
bênçãos da criação e de salvação; no seu Verbo, encarnado, morto e ressuscitado
por nós, ele nos cumula com suas bênçãos, e através dele derrama em nossos
corações o dom que contém todos os dons: o Espírito Santo" (Catecismo da Igreja
Católica, n. 1082).
A COOPERAÇÃO DOS LEIGOS
"A Igreja não vive plenamente, não é um perfeito sinal de Cristo entre
os homens, se nela não existe um laicato de verdadeira expressão que trabalhe
com a hierarquia. Porque o Evangelho não pode ser fixado, na índole, na vida e no
trabalho dum povo, sem a ativa presença dos leigos. Por isso, desde a fundação da
Igreja, tenha-se o máximo cuidado em constituir um laicato cristão maduro" (Ad
Gentes, n. 936).
Os leigos são chamados a conhecer e amar o mundo como Deus o
conhece e ama, para torná-lo permeável ao fermento do Evangelho. Fortificados
pelo Espírito, têm uma clarividência espiritual, comunicada pela fé, para
conhecer os homens, os acontecimentos e toda a História, com uma visão de fé.
São chamados a atrair a humanidade à sua plenitude em Deus, por
Cristo. No exercício desse ministério, desfrutam de uma autonomia que os faz
convergir com seus pastores na unidade da obediência ao Espírito.
Por isso, os leigos são chamados, sempre mais, a assumir compromissos
pastorais. A atuação dos leigos multiplica a possibilidade de a Igreja valorizar as
pessoas na evangelização, transmitindo a mensagem mediante o contato pessoal.
Essa comunicação, em clima de atenção e delicadeza, é sobremaneira valorizada
pelo homem moderno, massificado e desvalorizado como ser humano.
ELEMENTOS PARA UMA ESPIRITUALlDADE
Os agentes de pastoral, ao se dedicarem à visitação e à bênção,
precisam cultivar uma espiritualidade para conferir eficácia ao trabalho e
contornar a tentação de transformar as atividades em meras visitas ou, com o
correr do tempo, em autopromoção.
A bondade de Deus, que se faz solidário com seus filhos no mistério da
Encarnação, pode ser o filão para motivar os agentes. Tanto nas oportunidades
agradáveis quanto nos contratempos e nas solicitações inoportunas e inesperadas,
é necessária uma motivação sobrenaturalmente forte para sustentar e orientar a
ação apostólica.
A visitação e a bênção nascem de Deus, que nos visitou e abençoou em
Jesus Cristo. A presença do agente de pastoral, nas famílias e nas diversas
organizações, para invocar a Deus, em favor das pessoas e de seus bons
empreendimentos, destaca a dimensão transcendente que acompanha o ser e o
agir humano, ainda que escondida na transitoriedade da habitação terrena.
AS BÊNÇÃOS COMO SACRAMENTAIS
A bênção, conferida em nome da Igreja, é um sacramental. Instituídos
pela Igreja, os sacramentais "são sinais sagrados". Os sacramentais visam à
santificação de certos ministérios, estados de vida e circunstâncias variadas da
vida cristã e à santificação do uso das coisas úteis ao homem. Preparam,
igualmente, para receber com fruto os sacramentos. Compreendem sempre uma
oração, acompanhada de algum sinal, como a imposição das mãos, o sinal-da-cruz
ou a aspersão com água benta.
Com base no sacerdócio comum dos fiéis, todo batizado é chamado a
abençoar e, mesmo, a ser uma bênção. Os sacramentais, assim como os
sacramentos, recebem sua eficácia do mistério da morte e ressurreição de Jesus.
Entre os sacramentais, figuram especialmente as bênçãos de pessoas, objetos e
lugares.
SUGESTÃO DE ORAÇÃO PARA BÊNÇÃO DA CASA E DA FAMÍLA
Ó Mãe, intercedei junto de Vosso Filho por esta família que nos recebe
com carinho e ternura. Abençoai a todos que moram nesta casa, e também
àqueles que a visitam. Escutai os seus pedidos e rogai a Jesus que os atenda. Que
aqui jamais falte o suficiente para que todos vivam com dignidade e alegria, sendo
fortes nos momentos de dor e sofrimento. Sede a Mãe deste lar e protegei-o de
todos os perigos. Amém
Pela intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, a bênção de Deus
nos fortaleça na fé, na esperança e na caridade. Assim seja!
(Pode-se aspergir com água benta as pessoas e a casa, enquanto se canta).
Preparando a Equipe:
1º passo: Estudo de Documentos da Pastoral Familiar
a) Familiaris Consortio - A missão da família cristã no mundo de hoje.
b) Diretório da Pastoral Familiar - Sugerimos a seguinte sequência: Como se
organiza a Pastoral (cap. 8 e 5); Situação da família hoje (cap. 1); Situações
especiais (cap. 7); Conceito e finalidade do Matrimônio (cap. 2); Educação dos
filhos (cap. 3); Matrimônio como sacramento (cap. 4 e 6).
c) Diretrizes Pastorais Sacramentais da Diocese de Luz.
d) Orientações específicas paroquiais para a Pastoral Familiar.
e) Estudo dos aspectos biofísicos, sociais, humanos, psicológicos e afetivos,
relacionamentos familiares, educação dos filhos e desenvolvimento da pessoa
humana (literatura própria sobre a psicologia da família).
Tendo a equipe adquirido um conhecimento mínimo necessário, enquanto vai se
aprofundando gradativamente no estudo, já pode aplicar o conhecimento à prática
por meio de visitas domiciliares ou contato com as famílias. Nesse sentido, alguns
aspectos fundamentais a serem aplicados em cada visita e/ou contato com as
famílias devem ser considerados.
2º passo: Visitas domiciliares e contatos com as famílias
Alguns aspectos fundamentais devem ser levados em consideração para serem
aplicados em cada visita ou contato familiar, a saber:
a) Aspecto missionário: Uma das características próprias da Pastoral Familiar
é seu caráter de missionariedade. Fazendo um movimento de "encontro com as
famílias" seu trabalho tem a dimensão de "saída" do âmbito paroquial para a
dimensão da comunidade, das casas, da realidade de cada família e do encontro
da Igreja com a realidade humana de todas as famílias. Por isso a característica
de visitas domiciliares é parte essencial do trabalho da Pastoral Familiar.
b) Aspecto do encontro: A acolhida da Pastoral a cada família em sua
realidade, buscando ouvir, acolher e respeitar as diversas realidades e
circunstâncias em atitude de amizade e de acolhida carinhosa - sob quaisquer
situações - responsabilidade diante da família que encontra e da discrição e
respeito por cada pessoa em cada situação.
c) Aspecto da escuta: Ouvir e atender a todos da família, todos os seus
membros - desde os mais velhos aos mais novos - tendo atitude de neutralidade
diante das situações e das pessoas, não assumindo posição "a favor ou contra"
nenhum dos membros da família, mas buscando orientar para a harmonia, o
entendimento e o diálogo familiar.
d) Aspecto da confiança: Com profundo respeito a todos da família e discrição
diante dos acontecimentos e situações, buscar ter atitude de confiança diante de
apresentação dos conflitos, desabafos, crises e dificuldades de relacionamento,
situações econômicas e sociais, frustrações e sofrimentos de cada família.
e) Aspecto da solidariedade: Ser solidário com a família é "colocar-se no lugar
dela", em atitude de compreensão e acolhida - nunca de repreensão ou
condenação, nem imposição de atitudes morais ou religiosas - mas com amizade e
ternura para com a família e sensibilidade diante de crises e sofrimentos, levando
consolo, ânimo, coragem e incentivo para superar conflitos e situações difíceis.
Nota: É imprescindível o conhecimento de situações familiares da realidade atual
(estudados no 1º passo de preparação da Pastoral) para que as visitas não se
tornem ações de interferência de caráter moralista ou de rejeição às diversas
circunstâncias encontradas na realidade das famílias. As várias situações
conjugais e religiosas devem ser levadas em conta para a acolhida e o respeito a
cada família, a fim de não assumirem a característica de visita de
"evangelização", mas sim, de contato e de acompanhamento; o aspecto
evangelizador fica implícito no decorrer da ação pastoral.
3º passo: A integração com Pastorais, Movimentos e Serviços paroquiais
A Pastoral Familiar na Paróquia tem uma dimensão de integração, é uma
característica dela. Por isso, é essencial que a Pastoral desenvolva caminhos para
efetivar de forma adequada esta integração conjunta.
a) Conhecendo as atividades das Pastorais da Paróquia. Cabe à Pastoral
Familiar conhecer as características, atividades e funções das várias pastorais da
Paróquia para que possa haver uma verdadeira interação entre elas no contexto
da Pastoral Orgânica. A Pastoral Familiar terá como finalidade principal- não
uma atividade idêntica ou similar às pastorais já atuantes na comunidade - mas
essencialmente a função de ser "elo de ligação" entre as demais pastorais,
sobretudo as que se tornarem subsequentes à sua atividade junto às famílias
como Batismo, Catequese, Crisma, Juventude e Matrimônio.
b) Apresentando-se às Pastorais. A Pastoral Familiar deve apresentar-se às
demais pastorais para que todos possam conhecer sua missão e atividades a
serem desenvolvidas, para que possam se sentir parte integrante desta missão
conjunta às famílias da comunidade. Ao mesmo tempo é preciso assegurar que a
Pastoral Familiar não fará interferências diretas sobre as demais pastorais e nem
terá a intenção de substituí-las ou superá-las.
Nota: A presença e representatividade da Pastoral Familiar nos CCE's e CPE's
será. essencial para divulgar seu trabalho junto a outras Pastorais e Movimentos
e para conhecer todo o conjunto das atividades pastorais paroquiais. A
Coordenação da Pastoral Familiar deve ter representantes nestes organismos
paroquiais.
Organizando as Equipes
Cada Paróquia organize sua equipe de acordo com a sua realidade, procurando
atender as propostas que seguem e outros materiais já existentes.
a) Iniciando o trabalho:
- Divulgar na comunidade paroquial os trabalhos que serão ou estão sendo
realizados;
- Promover interação entre a Catequese, Batismo, Crisma, Matrimônio, Grupos
de Jovens e Escola;
- Conforme cada setor de ação, realizar visitas às famílias para conhecer a
realidade;
- Coletar dados e informações básicas sobre cada família e situação a ser
trabalhada. As fichas e demais apontamentos das Equipes deverão ser
arquivadas pelo Casal Secretário da Coordenação e será material básico para a
avaliação periódica do trabalho realizado e posterior planejamento.
b) Reuniões da Equipe de Coordenação com as equipes de cada setor
para:
- Organizar as informações e os dados das realidades encontradas:
- Elaborar pistas e orientações para prosseguir no trabalho;
- Apresentar a agenda de trabalho e agenda de avaliação.
c) Reuniões (trimestrais) da Coordenação com todos os setores para:
Avaliar o trabalho dos setores, interação com todos e revisar os trabalhos.
Fonte: Coleção Vida e Família. Subsídio de formação para casais
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