UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DA
FUNCIONALIDADE NAS ATIVIDADES DE VIDA DIARIA NO
PACIENTE COM SEQUELAS DE AVE
Bragança Paulista
2011
Nome: Aline Palazi
R.A. 001200800091
Nome: Mariana Finger Tavares
R.A. 001200800656
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DA
FUNCIONALIDADE NAS ATIVIDADES DE VIDA DIARIA NO
PACIENTE COM SEQUELAS DE AVE
Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia –
Universidade São Francisco como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia
sob a orientação da Profª Gianna Cannoneri Nonose
Bragança Paulista
2011
PALAZI, Aline; TAVERES, Mariana Finger. Avaliação da Qualidade de Vida e
da Funcionalidade nas Atividades de Vida Diária no Paciente com Seqüelas de
AVE. Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado na Universidade São
Francisco em 14 de Dezembro de 2011 pela banca examinadora constituída pelos
professores
Banca Examinadora
Profª Ms. Gianna C. Cannonieri Nonose (Orientadora)
Universidade São Francisco
Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula (Examinadora)
Universidade São Francisco
Ms.Manuela Mucci Casanova (Examinadora)
Coordenadora do Centro de Fisioterapia da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista
DEDICATÓRIA
Dedicamos este trabalho a Deus, que
nos deu a vida;
A todos que de alguma forma,
Colaboraram com este projeto.
E a nossos pais, que com esforço,
lutaram para que estivéssemos aqui.
ALINE e MARIANA
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos a Deus por nos dar saúde e força, para vencermos mais uma
etapa de nossas vidas.
A Professora Gianna C. Cannonieri Nonose, orientadora deste projeto, por ter acreditado
em nós.
A Professora Rosimeire Simprini Padula, pelo incentivo e ajuda indispensável para
confecção deste projeto.
A Fisioterapeuta Manuela Mucci Casanova por ter aceito participar da banca
examinadora.
A todos os professores do Curso de Fisioterapia, da Universidade São Francisco, que de,
alguma forma, contribuíram para a nossa formação.
Aos pacientes, inspiração deste estudo, que com atenção e carinho aceitaram participar do
projeto.
E aos nossos pais, que acreditaram no quanto somos capazes, e depositaram toda
confiança em nosso sonho, que hoje se concretiza.
ALINE PALAZI
MARIANA TAVARES
RESUMO
Introdução: O Acidente Vascular Encefálico é considerado importante problema de saúde
pública, e é responsável por um grande número de pacientes com sequelas neurológicas, afetando
assim a qualidade de vida.Objetivo: deste estudo foi avaliar a funcionalidade nas AVD’s e a
Qualidade de Vida em pacientes vítimas de acidente vascular encefálico (AVE), atendidos na
Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco. Métodos: Foram selecionados 10
pacientes com diagnóstico de AVE que aceitaram participar da pesquisa. As variáveis analisadas
foram sexo, idade, tipo de AVE, tempo de lesão, membro acometido e tipo de dependência. Foi
utilizado o Índice de Barthel e a EQVE_AVE,com o intuito de avaliar a funcionalidade e a
qualidade de vida de cada paciente. Os dados foram analisados através da correlação de
Spearman, e o software utilizado foi o BioEstat – versão 5.o. Resultados: 20% dos pacientes
acometidos por AVE eram independentes, 40% dos mesmos necessitavam de supervisão ou
assistência leve para desenvolver suas atividades de vida diária, 20% apresentaram dependência
severa e 20% dos pacientes eram totalmente dependentes. Há uma correlação positiva (rs= 0;74,
p= 0,01), entre o grau de independência funcional e Qualidade de Vida dos pacientes, em relação
ao tempo de lesão e idade não houve correlação com a qualidade de Vida. Conclusão: O presente
estudo mostrou que a grande maioria dos pacientes necessitam de alguma ajuda para realizarem
suas atividades cotidianas, e que o grau de independência funcional esta diretamente relacionada
a Qualidade de Vida. Neste sentido, uma reabilitação focada no ganho de independência
funcional pode contribuir para melhor Qualidade de vida desses indivíduos.
Palavras-chave: AVE, QUALIDADE DE VIDA.
ABSTRACT
Introduction: The accident cerebrovascular is considered an important public health problem, and
is responsible for a large number of patients with neurological sequelae, thus affecting the quality
of life. Objectivity: this study was to evaluate the ADL's functionality and quality of life in
patients suffering from cerebrovascular accident (CVA), met at the Clinical School of
Physiotherapy University of San Francisco. Methods: We selected 10 patients with accident
cerebrovascular who agreed to participate. The variables analyzed were sex, age, type of
accidente cerebrovascular, time of injury, the affected limb and type of dependence. We used the
Barthel Index and EQVE_AVE, in order to evaluate the functionality and quality of life of each
patient. Data were analyzed using the Spearman correlation, and the software used was BioEstat version 5.o. Results: 20% of patients affected by accident cerebrovascular were independent,
40% of those in need of supervision or assistance lightweight for its activities of daily living,
20% had severe dependence and 20% of patients were totally dependent. There is a positive
correlation (r = 0, 74, p = 0.01) between the degree of functional independence and quality of life
of patients, compared to the time of injury and age did not correlate with the quality of life.
Conclusion: This study showed that most patients need some help to perform daily activities, and
that the degree of functional independence is directly related to quality of life. In this sense, a
rehabilitation focused on gaining functional independence can contribute to better quality of life
of these individuals.
Key words: CVA, QUALITY OF LIFE
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1- Distribuição por sexo............................................................25
GRÁFICO 2 - Distribuição por tipo de Acidente Vascular Encefálico
ocorrido.......................................................................................................26
GRÁFICO 3 - Distribuição por Hemicorpo Acometido............................26
GRÁFICO 4 - Distribuição dos tipos de dependência................................27
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Escore médio das dimensões da EQVE/AVE......................28
TABELA 2 – Coeficiente de correlação de Spearman (r) entre o escore total da
EQVE/AVE, suas dimensões e classificação de Munro para magnitude das
correlações...........................................................................29
TABELA 3 - Correlação entre o valor total do Índice de Barthel e tempo de lesão e
a idade dos pacientes.......................................................................29
TABELA 4 - Correlação entre o valor total da EQVE/AVE e o tempo de lesão e a
idade dos pacientes.......................................................................30
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
AVE- Acidente Vascular Encefálico
AVD’s- Atividades de Vida Diária
EQVE-AVE- Escala de Qualidade de Vida Específica para Acidente Vascular
Encefálico
MEEM- Mini Exame do Estado Mental
MMSS- Membros Superiores
MMII- Membros Inferiores
QV- Qualidade de Vida
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................14
1.1 Acidente Vascular Encefálico............................................................................14
1.2 Prevalência........................................................................................................14
1.3 Fatores de Risco................................................................................................15
1.4 Tipos de AVE....................................................................................................15
1.5 Sintomatologia do AVE.....................................................................................16
1.6 Membro Superior Parético................................................................................17
1.7 Membro Inferior Parético.................................................................................18
1.8 Qualidade de Vida em Pacientes com AVE.......................................................19
2. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................20
3. OBJETIVOS .........................................................................................................................21
3.1 Objetivos Gerais................................................................................................21
4. MÉTODO .............................................................................................................................21
4.1 Desenho de Estudo............................................................................................21
4.2 Local de Estudo.................................................................................................21
4.3 Critérios de Inclusão..........................................................................................21
4.4 Critérios de Exclusão.........................................................................................22
4.5 Materiais...........................................................................................................22
4.5.1 Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE........................................22
4.5.2 Escala Modificada de Barthel.........................................................................23
4.6 Procedimento....................................................................................................23
4.7 Análise de Dados...............................................................................................24
5. RESULTADOS...................................................................................................25
6. DISCUSSÃO.......................................................................................................30
7. CONCLUSÃO....................................................................................................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................35
ANEXOS
Anexo I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................38
Anexo II - Solicitação de Autorização para Realização de Pesquisa Científica na
Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco................................40
Anexo III - Ficha de Identificação Pessoal..............................................................41
Anexo IV - Escala de Qualidade de Vida Específica...............................................42
Anexo V - Índice de Barthel Modificado.................................................................45
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
O acidente vascular encefálico (AVE) resulta da interrupção total ou parcial do
fornecimento sanguíneo destinado ao encéfalo, através do rompimento de vasos ou da
ausência de sangue causada por um agente indesejado que impede a sua passagem no
vaso, aumentando a pressão do mesmo (ROWLAND, 1997).
Dentro do escopo das condições crônicas de saúde, o AVE é a doença mais
incapacitante, trazendo impacto em praticamente todas as funções humanas: habilidade
motora fina e grosso, marcha, atividades de vida diária( AVD’s), humor, linguagem,
percepção e cognição ( PEREIRA, et al, 2004).
É considerado um importante problema de saúde pública que se situa entre as
quatro principais causas de morte em muitos países, e é responsável por um grande
número de pacientes com seqüelas neurológicas (ROWLAND, 1997).
A incidência do AVE vem crescendo devido ao aumento da expectativa de vida
e pelas mudanças no estilo de vida. Estima-se que na América do Sul isto seja mais
evidente nas próximas décadas pelos mesmos motivos. Saposnik em estudo
epidemiológico realizado na América do Sul, constatou em sua comunidade-base uma
prevalência de AVE que variava de 1.74 a 6.51 por 1000 habitantes e taxas anuais da
incidência de 0,35 a 1,83 por 1000 habitantes (CARR; SHEPERD, 2008).
Depois da doença coronariana e do câncer, o AVE é a terceira causa mais
comum de morte em países ocidentais, sendo a causa mais importante de incapacidade
grave em pessoas vivendo em suas próprias casas. A mortalidade parece variar entre os
países. Não está claro se é devido à raça, fatores ambientais ou sociais (CARR;
SHEPERD, 2008).
1.2 PREVALÊNCIA
A prevalência é extremamente difícil de medir, uma vez que alguns pacientes
morrem precocemente na fase aguda da doença e muitos dos sobreviventes não ficam
15
com seqüelas. Uma estimativa da prevalência é cerca de 5/1000, mas isso depende de
muitos fatores incluindo idade da população (CARR; SHEPERD, 2008).
Embora a incidência de doença vascular cerebral venha diminuindo, o acidente
vascular encefálico é ainda a terceira causa de morte mais comum nos Estados Unidos.
A incidência de AVE aumenta rapidamente com o aumento da idade, na faixa
etária de 80 a 90 anos, os índices de mortalidade se aproximam dos índices de
incidência correspondentes (UMPHRED, 1994).
1.3 FATORES DE RISCO
Os fatores de risco quem têm sido relacionados com o AVE incluem níveis de
gordura sanguínea aumentados, obesidade e fumo de cigarro. Como a pressão sanguínea
elevada é o maior fator de risco para AVE, as características humanas e
comportamentos que aumentam a pressão arterial também aumentam o risco para o
AVE (UMPHRED, 1994).
Inúmeros fatores contribuem para que o número alarmante de casos de AVE
atinja milhões de pessoas todos os anos. Entre eles está o sedentarismo, o tabagismo, o
colesterol elevado, o diabetes mellitus, sendo a hipertensão arterial a causa mais
freqüente entre pessoas acima de 40 anos. Os sintomas dependem do local, costumando
ser de instalação súbita e cujos sinais são: perda súbita de força em um lado do corpo perda súbita de força na face, causando desvio de boca para um lado, perda repentina de
sensibilidade em um lado do corpo, perda de visão súbita de um olho, perda ou
dificuldade repentina da fala, dor de cabeça súbita, forte, sem nenhuma causa aparente,
dificuldade súbita para caminhar (BRANCO, et al, 2005).
1.4 TIPOS DE AVE
O AVE é a doença vascular que mais acomete o sistema nervoso central, bem
como a principal causa de incapacidades físicas e cognitivas. Suas causas estão
relacionadas com a interrupção do fluxo sanguíneo para o encéfalo, originado tanto por
16
obstrução de uma artéria que o supre caracterizando o AVE isquêmico, quanto por
ruptura de um vaso caracterizando AVE hemorrágico (SOUZA, 2003).
O AVE isquêmico é decorrente de um infarto isquêmico pela obstrução de um
vaso; tal obstrução pode ser causada por trombose ou por embolia.Os fatores
subjacentes mais frequentes AVE isquêmico Trombótico são a arteriosclerose e a
hipertensão arterial sistêmica. A causa mais frequente de AVE isquêmico embólico é a
estenose mitral com fibrilação atrial; entretanto êmbolos não se originam
necessariamente do coração, podendo ser decorrentes de fragmentos de placas em
artérias extracranianas ou mesmo intracranianas ( NITRINI, 1999).
O AVE hemorrágico pode ser subdividido em hemorragia intraparenquimatosa
espontânea e hemorragia meníngea espontânea. A causa mais frequente de hemorragia
intraparenquimatosa espontânea é a hipertensão arterial sistêmica, a maior parte deste
tipo de hemorragia ocorre nos gânglios da base, o restante é uniformemente distribuído
entre a região subcortical dos lobos, o cerebelo e o tronco cerebral ( NITRINI, 1999).
A causa mais frequente de hemorragia meníngea espontânea, é a ruptura de
aneurisma congênito; a segunda causa é malformação arteriovenosa congênita. os
aneurismas congênitos apresentam se predominantemente na região da base do polígono
de WILLIS ( NITRINI, 1999).
1.5 SINTOMATOLOGIA DO AVE
O local e o tamanho da lesão cerebrovascular e quantidade de fluxo sanguíneo
colateral, inicialmente, determinam o grau do déficit motor que pode estender-se de uma
incoordenação leve para uma paralisia completa dos membros superiores, inferiores e
face ( UMPHRED, 1994).
As seqüelas estarão relacionadas diretamente com a localização, tamanho da
área encefálica atingida e o tempo que o paciente esperou para ser socorrido. A
alteração mais comum é a hemiparesia, correspondendo à deficiência motora
caracterizada por fraqueza no hemicorpo contralateral a lesão, também podendo ser
acompanhada por alterações sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem
(BOBATH. B, 1980).
17
Hemiplegia, ou paralisia de um lado do corpo, é o sinal clássico de doença
neurovascular do cérebro. É uma das muitas manifestações de doença neurovascular, e
ocorre com derrames envolvendo o hemisfério cerebral ou tronco cerebral. Um acidente
vascular encefálico resulta em um déficit neurológico súbito e específico. É o aspecto
repentino do déficit neurológico, segundos, minutos, horas, ou poucos dias, que
caracteriza o distúrbio como sendo vascular ( CARR; SHEPHERD, 2008).
1.6 MEMBRO SUPERIOR PARÉTICO
O membro superior parético do indivíduo com seqüela de AVE limita suas
atividades motoras, desde a mais simples como levar um copo até a boca, até a mais
complexa como abotoar uma camisa. Essas restrições são conseqüências dos prejuízos
relacionados à alteração do tônus, força muscular, amplitude de movimento e
habilidades motoras específicas para o membro referido (FREITAS, 2000).
Com uma agressão grave ao sistema nervoso central, o membro superior não
apresenta movimentos ativos e a escápula assume uma posição rodada para baixo. Com
a rotação para baixo da escápula, a cavidade glenóide se orienta para baixo, e o
mecanismo de trava passivo da articulação do ombro é perdido. A deficiência desse
mecanismo, a deficiência do tono muscular, e a deficiência da cápsula do ombro
resultam em uma subluxação inferior do úmero do ombro hemiplégico. O úmero fica
pendente ao lado do corpo em rotação interna e o cotovelo fica estendido (UMPHRED,
1994).
Um segundo padrão se desenvolve na medida em que o tronco ganha mais
controle de extensão que de flexão. Um aumento na extensão cervical e lombar se torna
evidente. A cabeça e o pescoço assumem uma posição da flexão ipsolateral e
contralateral. A caixa torácica perde sua “ancora” abdominal e roda para baixo. A
escápula e o úmero são fortemente influenciados por esse desvio na caixa torácica. A
escápula rodada para baixo começa a mover se superiormente sobre o tórax, e o úmero
se hiperestende com rotação interna. Essa combinação de rotação da caixa torácica,
hiperextensão do úmero e rotação interna faz com que a cabeça do úmero subluxe
anteriormente (UMPHRED, 1994).
18
O terceiro padrão de movimento é caracterizado por uma coativação anormal
dos músculos do membro. Isso dá uma aparência de flexão “em massa” do membro
superior hemiplégico. O controle da cabeça e pescoço em pacientes com esse padrão de
membro superior contém elementos tanto de flexão quanto de extensão. Os padrões de
controle não são suficientemente integrados para permitir combinações seletivas de
movimento. A escápula fica geralmente elevada e abduzida sobre o tórax. A cabeça do
úmero é mantida intimamente embaixo do acrômio. Embora o deltóide e bíceps tentem
iniciar o movimento umeral, não ocorre dissociação entre o úmero e a escápula. O
padrão de membro superior disponível como resultado da posição da escápula e do
úmero é a elevação do ombro com abdução umeral, rotação interna e flexão de cotovelo
(UMPHRED, 1994).
Dentre todas as alterações causadas pelo AVE, a alteração dos membros
superiores(MMSS) é o que mais acomete os indivíduos, devido ao comprometimento da
destreza durante a execução de importantes atividades manuais de vida diária. A
dificuldade em usar o membro superior (MS) mais afetado pode levar ao “aprendizado
do não uso”, caracterizado pela adoção compensatória de maior uso do MS não afetado
e diminuição do uso do MS afetado durante a realização das atividades de vida diária
(AVD’s), aumentando ainda mais as incapacidades associadas ao MS mais afetado, e,
conseqüentemente, aos MMSS (MILLER, 2002).
O braço e a mão podem ser considerados como uma unidade funcional, sendo a
mão com uma função primordial, realizar a preensão e as tarefas de manipulação. Os
principais comprometimentos que afetam o membro superior após um AVE são a
fraqueza devido à: a) diminuição do fluxo motor para os músculos; b) decréscimo da
informação sensorial; c) deficiências secundárias ao desuso e imobilidade. Tais
condições tendem a tornar o membro superior hemiplégico rígido, imóvel e algumas
vezes doloroso (CARR; SHEPHERD, 2008).
1.7 MEMBRO INFERIOR PARÉTICO
A deambulação foi descrita como “a glória máxima da locomoção corporal
humana”, uma descrição que torna fácil entender o que representa para o paciente ser
capaz de andar novamente. Reconquistar a capacidade de andar sem medo e sem ser
19
notado por outras pessoas é o sonho da maioria dos pacientes que sofreram AVE
(DAVIES, 1996).
Embora o padrão da marcha hemiparética varie segundo a localização anatômica
e a gravidade da lesão encefálica, os próprios mecanismos compensatórios
desenvolvidos pelo paciente e outras disfunções clínicas podem interferir na
deambulação (GUEDES, 2000).
Geralmente a marcha de pacientes com AVE, é descoordenada, arrítmica,
desequilibrada, apresenta alterações em sua velocidade, cadência, simetria, tempo e
comprimento de passos, desajustes quanto à postura, equilíbrio e reação de proteção,
alterações quanto ao tônus muscular e quanto ao padrão de atividade neural,
principalmente do lado parético, caracterizadas pelas dificuldades na iniciação e na
duração do passo e em determinar o quanto de força muscular será necessário para
deambular, também pode ser observada uma redução no balanceio alternado dos
membros superiores, além de consumir elevados valores energéticos do paciente, sendo
considerada, portanto, uma marcha deficiente (OTTOBONI, 2001).
As seqüelas deixadas por um AVE resultam em déficits na capacidade funcional,
independência e qualidade de vida (QV) dos indivíduos (MARTINS, 2007)
1.8 QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM AVE
O conceito de qualidade de vida (QV) é muito complexo e engloba um conceito
multidimensional que enfatiza a avaliação subjetiva de satisfação pessoal em relação ao
bem estar físico, emocional, funcional e social (BUSS, 2000).
A qualidade de vida está associada a diversos aspectos do cotidiano das
sociedades. Estes aspectos são de natureza diversa e tanto podem estar relacionados
com domínios do bem-estar econômico-financeiro, bem como com domínios do bemestar psicológico, social e espiritual. A investigação da qualidade de vida relacionada
com
a
saúde
centra
a
sua
análise
nos
seguintes
componentes:
capacidade/disponibilidade física, estado psicológico, estatuto social. A qualidade de
vida, quando analisada nos cuidados de saúde, deve ser avaliada em termos de saúde
física, saúde psicológica, nível de autonomia e relações sociais. Assim, considera-se que
20
a qualidade de vida abrange cinco categorias: duração de vida, limitações, estados
funcionais, percepções e oportunidades funcionais (NOBRE, 1994).
A qualidade de vida está relacionada à capacidade de ter satisfações físicas,
sociais, psicológicas e comportamentais. Um dos principais focos do tratamento em
indivíduo com uma doença, como o AVE, deve ser a manutenção da QV, sendo
importante conhecer as dimensões que abrangem esse conceito e os instrumentos de
medidas que avaliam o impacto do AVE na QV (BUSS, 2000).
Segundo Nobre (1994), os questionários de QV propiciam a avaliação mais
completa do impacto da doença e do tratamento no cotidiano da vida dos pacientes.
Dessa forma, uma vez que pacientes que possuem disfunções decorrentes de AVE
apresentam diminuição das atividades de vida diária, se torna necessário avaliar o
impacto da doença na QV desses pacientes.
Dados de estudos transversais sugerem que a QV e o bem-estar ficam
significativamente prejudicados após um AVE (MARTINS, 2007).
As dimensões mais comuns usadas na avaliação da QV são: dimensão física,
aspecto psicossocial, bem-estar e satisfação com a vida. Os instrumentos que avaliam a
QV têm como objetivos principais diferenciar pessoas com diferentes níveis de QV e
como esta pode mudar ao longo do tempo. Estes instrumentos devem ser válidos (medir
aquilo que se propõem a medir), terem confiabilidade, (alcançar resultados semelhantes
quando medidos pelo mesmo examinador ou por diferentes examinadores), serem
“responsivos”, (terem habilidade para detectar pequenas ou grandes mudanças) e serem
interpretáveis (o escore determinado deve representar um estado: bom, ruim, excelente)
(MARTINS, 2007)
2. JUSTIFICATIVA
Sendo o AVE o distúrbio neurológico mais freqüente em adultos e a principal
causa de incapacidade permanente é importante identificar as variáveis que interferem
na qualidade de vida desses indivíduos para se possa direcionar as intervenções em
saúde, visando uma melhora global do paciente.
21
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivos Gerais
Avaliar a funcionalidade nas AVDs e a Qualidade de Vida em pacientes vítimas
de Acidente Vascular Encefálico (AVE)
3.2 Objetivos Específicos
Caracterizar os participantes quanto ao sexo, idade, tipo de AVE, hemicorpo
acometido e grau de dependência funcional;
Correlacionar o grau de independência funcional com a Qualidade de Vida;
Correlacionar o grau de independência funcional com o tempo de AVE;
4. MÉTODOS
4.1 Desenho de Estudo
Estudo transversal observacional
4.2 Local do Estudo
O estudo foi realizado em 10 pacientes vítimas de AVE em tratamento na
Clínica de Fisioterapia da Universidade São Francisco.
4.3 Critérios de Inclusão
O estudo foi realizado em pacientes com diagnóstico confirmado pelo
neurologista de Acidente Vascular Encefálico; não podendo apresentar dificuldades
22
para a compreensão do questionário de Qualidade de Vida e anuência do paciente ou
familiar responsável por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
4.4 Critérios de Exclusão
Foram excluídos os pacientes que apresentaram outras afecções neurológicas,
ortopédicas ou respiratórias associadas à AVE que limitem a função do membro
superior ou que possam interferir na Qualidade de Vida.
4.5 Materiais
Foram utilizados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para
participação na pesquisa, o índice de Barthel Modificado, o EQVE-AVE (questionário
específico para avaliar a qualidade de vida no AVE) e um ficha própria de avaliação do
estudo.
4.5.1 Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE
Essa escala é composta de 49 itens distribuídos em doze domínios, apresentando
três possibilidades de repostas desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a
cinco: (1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, indo de
concorda fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa,
indo de incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda
necessária para realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda
necessária. Para cada domínio utiliza-se uma opção de resposta, sendo que a opção de
concordância ou discordância será utilizada para os domínios energia, papéis familiares,
humor, personalidade e papéis sociais, nos domínios de linguagem, mobilidade,
memória/concentração, função da extremidade superior, visão e trabalho/produtividade.
A opção de resposta, dificuldade na realização de tarefa deve ser utilizada, já a opção
quantidade de ajuda necessária é utilizada na pontuação dos itens do domínio auto-
23
cuidado. O ponto de referência para resposta de todos os itens se refere à semana
anterior (PAIXÃO, 2005) .
4.5.2 Escala Modificada de Barthel
O Índice de Barthel especificamente mede o grau de assistência exigido por um
indivíduo em 10 itens de AVD, envolvendo mobilidade e cuidados pessoais. São eles:
alimentação, banho, higiene pessoal, vestimenta, controle esfincteriano intestinal,
controle miccional, transferências na cama e banheiro, deambulação e subir escadas. A
pontuação global varia de 0 a 100 (soma dos itens classificados em 5, 10 e 15 pontos,
conforme independência ou necessidade de ajuda para executar a atividade). O paciente
com escore <60 pontos é considerado dependente. De 60 a 80 pontos, o paciente é dito
parcialmente dependente, e se >80 pontos, o paciente é independente. Isto é, de modo
que zero equivale à completa dependência em todas a 10 AVDs, e 100, equivale à
completa independência em todas as atividades. O Índice de Barthel tem sido
amplamente utilizado na monitoração das alterações funcionais em indivíduos que
estejam recebendo uma reabilitação, enquanto internos. Embora não tenha sido
completamente avaliadas, suas propriedades psicométricas, o Índice de Barthel tem
atingido elevadas correlações com outras medidas da incapacidade física. A vantagem
do indicador de Barthel é a sua simplicidade e utilidade na avaliação de pacientes antes,
durante e após o tratamento (PAIXÃO, 2005).
4.6 Procedimento
Primeiramente o projeto foi encaminhado para o comitê de ética. Após a
aprovação do comitê de ética 0080.0.142.000-11, os pacientes foram convidados a
participar do estudo e assim assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
concordando com a participação na pesquisa (ANEXO I). Foi solicitada uma
Autorização para Realização de Pesquisa Científica na Clínica-escola de Fisioterapia da
Universidade São Francisco (ANEXO II). Em seguida foi realizada a avaliação, onde
foram preenchidos os dados do paciente utilizando ficha própria de avaliação do estudo
24
(ANEXO III). Após essa avaliação eles responderam a um questionário de QV
utilizando a Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE/ANEXO IV).
Essa escala é composta de 49 itens distribuídos em doze domínios, apresentando três
possibilidades de repostas desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco:
(1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, indo de concorda
fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa, indo de
incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda necessária para
realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda necessária. Para cada
domínio utilizou-se uma opção de resposta, sendo que a opção de concordância ou
discordância foi utilizada para os domínios energia, papéis familiares, humor, personalidade
e papéis sociais, nos domínios de linguagem, mobilidade, memória/concentração, função da
extremidade superior, visão e trabalho/produtividade. A opção de resposta, dificuldade na
realização de tarefa foi utilizada, já a opção quantidade de ajuda necessária foi utilizada na
pontuação dos itens do domínio auto-cuidado. Foi também utilizado o índice de Barthel
Modificado (ANEXO V), com objetivo de quantificar o desempenho funcional nas
Atividades de Vida Diária (AVD’s), onde o paciente pode somar ate 100 pontos
(UMPHRED,1994).
4.7 Análise de Dados
Os dados do estudo foram transportados para planilha do Excel e analisados
de forma descritiva, sendo os resultados apresentados em forma de gráficos e tabelas.
Como muitas das amostras não apresentavam distribuição normal (Teste de ShapiroWilk), foi utilizada a correlação de Spearman, visando investigar possíveis
associações entre as variáveis estudadas. O software utilizado foi o BioEstat- versão
5.0.
A magnitude das correlações foi definida segundo a classificação de Munro, em
baixa=0,26-0,49;
(MUNRO, 2001)
moderada=0,50-0,69;
alta=0,70-089;
muito
alta=0,90-1,00.
25
5. RESULTADOS
Os pacientes participantes do presente estudo apresentaram média de idade de 55,4
variando entre 36 e 78 anos e tempo médio de lesão de 30,0 variando entre 2 e 84
meses. No Gráfico 1 pode-se observar a distribuição por sexo. Dos 10 pacientes
participantes do estudo 6 eram do sexo feminino.
Gráfico 1: Distribuição por Sexo
O gráfico 2 mostra quais os tipos de AVE, sendo 7 indivíduos acometidos por AVE
Isquêmico e 3 pelo AVE Hemorrágico.
26
Gráfico 2: Distribuição por tipo de Acidente Vascular Encefálico ocorrido
Em relação ao membro acometido, 4 indivíduos tiveram o hemicorpo esquerdo
acometido e 6 indivíduos o hemicorpo direito acometido, como podemos observar no
gráfico 3.
Gráfico 3: Distribuição por Hemicorpo Acometido
27
Seguindo a classificação do Índice de Barthel, o estudo mostrou que 40%
encontravam se no estágio de dependência leve, 20% em estágio de dependência
severa, 20% em estágio de dependência total e 20% eram independentes, observando
que 80% dos indivíduos avaliados necessitavam de algum tipo de ajuda para realizar
suas atividades, conforme o gráfico 4.
Gráfico 4: Distribuição dos tipos de dependência
Para avaliar a qualidade de vida dos voluntários foi utilizada a escala
EQVE/AVE. O escore total médio encontrado no estudo foi de 3,1. Para a dimensão
“Energia” o escore médio foi 3,7; os “Papéis Familiares” foi 3,1; “Linguagem” foi 3,3;
“Mobilidade” foi 2,5; “ Humor” foi 3,2; “Personalidade” foi 2,9; “Auto Cuidado” foi
2,9; “Papéis Sociais” foi 2,0; “Memória/Concentração” foi 3,8; “Função da
Extremidade Superior” foi 2,3; “Visão” foi 4,7 e “Trabalho/Produtividade” foi 2,2,
como observado na tabela 1.
28
Tabela 1: Escore médio das dimensões da EQVE/AVE.
Dimensões
Mínimo
Máximo
Média
1,33
5
3,76
Desvio
Padrão
11,3
2. Papéis Familiares
1
5
3,1
3,6
3. Linguagem
2
5
3,34
6,3
4. Mobilidade
1
4,7
2,5
8,2
1,8
5
3,24
5,3
6. Personalidade
1
5
2,93
4,6
7. Auto Cuidado
1
5
2,92
8,7
8. Papéis Sociais
1
4,2
2,06
5,0
9. Memória/Concentração
2
5
3,86
3,7
10. Função da Ext Sup.
1
5
2,38
7,5
1,7
5
4,76
1,6
1
5
2,23
4,9
2,2
4,2
3,1
1. Energia
5. Humor
11. Visão
12. Trabalho/Produtividade
Escore Total
O escore total do índice de Barthel, que avalia o grau de independência do
paciente, foi correlacionado com cada uma das dimensões da EQVE/AVE. O nível
significativo da correlação foi de p< 0,05. (Tabela 2)
Utilizando o Coeficiente de Correlação de Spearman, encontrou-se moderada
correlação entre o escore total do Índice de Barthel e a dimensão “Mobilidade” (r = 0,65
e p= 0,03), alta associação entre as dimensões “Auto Cuidado” ( r = 0,82 e p= 0,003),
“Função da Extremidade Superior” (r = 0,76 e p= 0,009) e “Trabalho/Produtividade” (r
= 0,77 e p= 0,008). Encontrou se também uma correlação positiva (r = 0,74 e p= 0,013),
entre o escore total do Índice de Barthel e o escore total da EQVE/AVE.
Na Tabela 3 observa- se que não houve correlação significativa entre o valor
total do Índice de Barthel e a idade dos pacientes e tempo de lesão. A idade dos
pacientes e o tempo da lesão quando correlacionados com a EQVE/AVE, também não
mostrou correlação significativa como observa- se na tabela 4.
29
Tabela 2: Correlação entre o escore total do Índice de Barthel e as dimensões da
EQVE/AVE, mostrando a classificação de Munro para magnitude das correlações.
Dimensões
r
p- valor
1. Energia
0,17
0,63NS
Classificação de
Munro
-
2. Papéis Familiares
0,29
0,40 NS
-
3. Linguagem
0,04
0,90 NS
-
4. Mobilidade
0,65
0,03
Moderada
5. Humor
0,01
0,97 NS
-
6. Personalidade
-0,47
0,16 NS
-
7. Auto –cuidado
0,82
0,003
Alta
8. Papeis Sociais
0,21
0,55 NS
-
9. Memória/Concentração
0,45
0,19 NS
-
10. Função da Ext Sup
0,76
0,009
Alta
-0,008
0,98 NS
-
12. Trabalho/Produtividade
0,77
0,008
Alta
Pontuação Total
0,74
0,013
Alta
11. Visão
Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação
não significativa.
Tabela 3: Correlação entre o valor total do Índice de Barthel e tempo de lesão e a idade
dos pacientes
Variáveis
Idade
Tempo de Lesão
r
p- valor
0,0061
-0,3006
0,9867NS
0,3986 NS
Classificação de
Munro
-
Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação
não significativa.
30
Tabela 4: Correlação entre o valor total da EQVE/AVE e o tempo de lesão e a idade
dos pacientes
Variáveis
Idade
Tempo de Lesão
r
p- valor
-0,1534
0,1879
0,6723NS
0,6032 NS
Classificação de
Munro
-
Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação
não significativa.
6. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a funcionalidade nas
atividades de vida diária ( AVD’s) e a qualidade de vida ( QV) em pacientes vítimas de
Acidente Vascular Encefálico (AVE). Utilizou-se a EQVE/AVE, um instrumento
apropriado e confiável para avaliar QV nesses indivíduos, pois avalia aspectos físicos,
emocionais, além de ser de fácil entendimento, e o Índice de Barthel, com objetivo de
quantificar a independência dos indivíduos para a realização das AVD’s.
Os indivíduos que participaram deste estudo apresentaram média de idade de
55,4, segundo Caneda em seu estudo, a média de idade dos participantes eram 64,1.
Desta forma podemos dizer que a média de idade encontrada em nosso estudo foi menor
comparando com outros estudos, por ser realizada na clínica escola, onde os casos mais
atípicos, como AVEs em adultos mais jovens acabam sendo encaminhados para o
serviço.
O tempo médio de lesão foi de 30 meses e o tempo máximo de lesão dos
pacientes analisados foi de 84 meses. Segundo ABRISQUETA (2006), indivíduos com
lesão adquirida há mais de 6 meses ou 1 ano tendem a atingir um patamar de
estabilização dos prejuízos, o que não sinaliza que eles não apresentaram maior
resolutividade, contudo, após este período as dificuldades podem se estabelecer como
seqüelas que possivelmente não remitirão, concordando com nosso estudo.
31
O estudo mostrou que a maioria dos voluntários era do sexo feminino (60%).
Apesar da doença se manifestar em ambos os sexos, alguns estudos epidemiológicos
demonstraram que o sexo masculino é afetado com mais frequência (CESARIO,
CMM.2006).
Quanto a etiologia do AVE, o estudo demonstrou maior prevalência de AVE
Isquêmico (70%), em relação ao AVE Hemorrágico (30%), entrando em concordância
com os dados visto na literatura, onde PIRES et al, (2004), mostraram através de seu
estudo maior prevalência de AVE Isquêmico (85,5%), em relação ao AVE
Hemorrágico.
Como descrito na literatura por ALONSO (2002), um indivíduo acometido por
AVE, sempre terá algum tipo de dependência, sendo ela, leve, moderada ou grave.
Comparando com o nosso estudo, 80% dos voluntários avaliados apresentaram algum
tipo de dependência, leve (40%), moderada (20%) e grave (20%). Estudos recentes
encontraram que (40%) dos pacientes pós AVE ficaram dependentes para a realização
das atividades diárias. Trabalhos apontam que cerca de 30% a 60% dos sujeitos ficam
na situação de dependência, concordando com os dados vistos em nosso estudo.
(NUNES S, 2005). As AVD’s, na maioria dos casos, estão prejudicadas nos pacientes
com AVE, e o grau de dependência para sua realização interfere na qualidade de vida
dos pacientes (FONTES SV, 2004).
Em nosso estudo, quando comparados os resultados referentes ao Índice de
Barthel, que avalia as AVD’s (dependência ou independência para alimentação, banho,
toalete, vestimenta, controle vesical, transferências, locomoção e o ato de subir e descer
escadas), mostrou uma menor porcentagem de independência (20%), não sendo tão
significativo comparando com os dados relatados dependentes (80%).
Ao correlacionarmos os domínios que compõem a EQVE/AVE com a
funcionalidade para as AVDs, avaliada através do Índice de Barthel Modificado,
observamos uma correlação positiva e estatisticamente significante entre a Mobilidade,
Auto-cuidado, Função da Extremidade Superior e Produtividade e Trabalho e a
pontuação total do Índice de Barthel. Portanto, neste estudo, as seqüelas do AVE
32
demonstraram maior correlação com esses quatro domínios da Qualidade de Vida. O
estudo de DELBONI et,al, (2010) encontrou maior correlação com dois domínios
semelhantes: trabalho e produtividade e autocuidado.
Quando a pontuação total da qualidade de vida foi correlacionada com a
funcionalidade dos sujeitos (pontuação total do índice de Barth El), pode se observar
que quanto menor a dependência melhor será a qualidade de vida do indivíduo, ou seja,
uma melhor funcionalidade verificada pelo Índice de Barth El está correlacionada com
uma melhor qualidade de vida. Este dado indica a importância de um trabalho
fisioterapêutico direcionado para o ganho de independência funcional, pois ela está
relacionada diretamente com a qualidade de vida do paciente.
No presente estudo, os escores dos domínios que constituem a EQVE/AVE
foram aplicados para avaliar a qualidade e vida em 10 pacientes com diagnóstico de
AVE. Os resultados mostram que estes se encontram comprometidos em todos os
domínios: papéis sociais, linguagem, trabalho/produtividade, função da extremidade
superior,
mobilidade,
papéis
familiares,
visão,
memória/concentração,
auto-
cuidado,personalidade, humor, linguagem.
Segundo o estudo de CORDINI (2005), que comparou a qualidade de vida com
os domínios mais afetados no AVE utilizando a EQVE-AVE, que os domínios mais
prejudicados na avaliação da qualidade de vida, foram os da energia, do trabalho, da
função de membros superiores e das relações sociais. Os domínios menos afetados
foram os da visão, humor, do comportamento e das relações familiares. Em nosso
estudo os domínios menos afetados foram Energia, Memória/Concentração e Visão, e
os mais afetados foram de Papéis Sociais, Trabalho/Produtividade e Função da
Extremidade Superior. Os papeis sociais apresentaram o pior escore neste estudo,
influenciando negativamente a QV. Eles incluem questões como a realização de
hobbies, encontro com amigos, entre outras funções sociais que acabam prejudicadas
devido à dependência maior do paciente.
Em relação à contribuição da gravidade dos sintomas motores e da limitação
física na qualidade de vida, foi possível observar que os pacientes deste estudo
apresentaram menores escores no aspecto mobilidade e Papéis Sociais na EQVE/AVE.
33
Isto pode ser justificado pela presença de hemiparesia em todos os pacientes avaliados,
o que contribui para limitação funcional. Os pacientes que necessitavam de dispositivo
de auxílio para deambulação, ou estavam restritos a cadeira de rodas apresentaram
maior comprometimento no domínio mobilidade. Alterações como essas, e as sequelas
provocadas pelo AVE, contribuem para um prejuízo na autonomia e na independência
destes pacientes, interferindo em sua vida social, consequentemente afetando a sua
qualidade de vida. Para uma melhora da vida social do paciente, a Fisioterapia pode
contribuir, realizando atividades em grupos, interagir a família na terapia e orientar que
faça outras atividades em seus horários livres.
Diversos fatores contribuem para a queda da qualidade de vida em pacientes
com AVE, podendo ser citadas a idade avançada, a gravidade dos sintomas motores, a
incapacidade de retornar ao trabalho, prejuízo cognitivo, assim como a presença de
comorbidades (VITIELLO,2007). Ao comparar com nosso estudo, observamos que o
que levou o paciente a uma piora na qualidade de vida, afetando os domínios da EQVEAVE foi a gravidade dos sintomas motores, que acabaram repercutindo na
independência funcional desses indivíduos. Ao correlacionarmos o tempo de lesão e a
idade do paciente com a independência funcional, mensurada através do Índice de
Barthel encontramos correlação significativa. Da mesma forma a Qualidade de Vida não
mostrou, neste estudo, correlação com o tempo de lesão ou a idade do paciente. No
estudo de HAACKE et al (2006) com 77 pacientes crônicos, foi observado que, ao
separá-los em categorias por idade (menor que 50 anos, entre 50 e 65, entre 65 e 70 ou
maior que 70) observaram que a qualidade de vida se mostrou pior nos pacientes mais
idosos, devido ao aumento da incapacidade decorrente do envelhecimento. Porém não
foi relatado se esses pacientes estavam inseridos em um serviço de reabilitação, o que
poderia retardar essas perdas funcionais.
Segundo COSTA (2002) descreveu em seu estudo, a limitação no desempenho
funcional, como vestir se, banhar se e até mesmo caminhar pequenas distâncias de
forma independente, consiste em um fator importante na percepção da qualidade de
vida.
Outros estudos já demonstraram que o principal determinante da qualidade de
vida foi o estado funcional do paciente sugerindo que a melhoria da função física pode
34
ser útil para propiciar uma melhor qualidade de vida para pacientes com AVE.
(GUNAYDIN et al, 2011; HAACKE et al, 2006).
Encontramos uma limitação no estudo, devido ao pequeno número de pacientes
que responderam o questionário, composto apenas por pessoas que estavam em
atendimento no nosso serviço e que consentiram participar, o que dificulta a
generalização dos resultados.
7. CONCLUSÃO
Podemos observar nos resultados uma maior freqüência de pacientes com
diagnóstico clínico de AVE do tipo Isquêmico, do sexo feminino, média de idade de
55,4 e com maior porcentagem de dependência funcional (80%).
Não houve correlação significativa entre tempo de lesão e idade comparados a
qualidade de vida e com o escore total do Índice de Barthel.
Em relação à EQVE/AVE foi possível observar o comprometimento na
percepção da qualidade de vida de todos os domínios do questionário, destacando os
aspectos da mobilidade, trabalho/produtividade, papéis sociais, função da extremidade
superior e auto cuidado, o que pode ser justificado pela forma clínica do AVE
apresentada, causando prejuízo na autonomia e independência. Observou-se uma
correlação positiva entre a independência nas AVDS e a pontuação na EQVE/AVE,
sugerindo que um trabalho de reabilitação voltado para a funcionalidade do indivíduo
poderia melhorar a qualidade de vida desses pacientes.
35
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38
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Avaliação da qualidade de vida e da funcionalidade nas atividades de vida
diária no paciente com seqüelas de AVE.
Eu,................................... ................................ ........................ ......................................,
RG........................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para
participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade
da(s) pesquisadora(s) Gianna Cannonieri e de Aline Palazi e Mariana F. Tavares do
Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é verificar o grau de qualidade de vida e funcionalidade em
paciente com AVE.
2- Durante o estudo será usado para avaliação: Será o índice de Barthel Modificado, o
EQVE-AVE (questionário específico para avaliar a qualidade de vida no AVE) e uma
ficha própria de avaliação do estudo.
3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa;
4- A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos à
minha saúde física e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto
emocional .
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o
que não me causará nenhum prejuízo;
6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 24548981;
8 - Poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo,Gianna Cannoniere ,
sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 24548236
39
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em
meu poder e outra com o pesquisador responsável.
Bragança Paulista, ______ de ____________ de 2011
_____________________________
ASSINATURA
_____________________
_____________________
Aline Palazi
Mariana F. Tavares
________________________
Professora Gianna Cannonieri
Orientadora responsável
Tel: (11) 24548236
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade São Francisco
tel: (0xx11) 2454-8981/ (0xx11) 2454
40
ANEXOII
Solicitação de Autorização para Realização de Pesquisa Científica na
Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco
Bragança Paulista
Aline Palazi e Mariana Finger Tavares, acadêmicas do Curso de Fisioterapia da
Universidade São Francisco, vêm solicitar de Vossa Senhoria, autorização para
realização de coleta de dados e trabalho de intervenção fisioterapêutica utilizando o
EQVE-AVE (questionário específico para avaliar a qualidade de vida no AVE), o índice
de Barthel Modificado e um ficha própria de avaliação do estudo em pacientes com
Acidentes Vascular Encefáilico no período de Abril a Julho de 2011, por motivo de
Trabalho de Conclusão de Curso.
Esperando sua preciosa atenção, desde já agradecem e a esta subscrevem.
___________________________
Acadêmica:
___________________________
Acadêmica:
___________________________
Orientadora Temática: Professora Gianna Cannonieri Nonose
Autorização: ___________________________
41
ANEXO III
Ficha de Identificação Pessoal
Nome:
Data de nascimento:
Idade:
Sexo:
Gênero:
Profissão:
Data da avaliação:
Data do incidente:
Medicamentos:
Antecedentes Familiares:
Fatores de risco:
( ) hipertensão arterial
( ) alcoolismo
( ) outros ______________________
Tipo de AVE:
( ) Isquêmico
( ) Hemorrágico
Hemicorpo acometido:
( ) Membro superior direito
( ) Membro superior esquerdo
( ) diabetes mellitus
( )estresse
42
Observações:
ANEXO IV
Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE)
OPÇÕES DE RESPOSTA –PONTUAÇÃO
1
2
3
Concordo inteiramente – 1
Não pude fazer de modo algum - 1
Ajuda Total - 1
Concordo mais ou menos – 2
Muita dificuldade – 2
Muita ajuda - 2
Nem concordo nem discordo – 3
Alguma dificuldade – 3
Alguma ajuda - 3
Discordo mais ou menos - 4
Um pouco de dificuldade – 4
Um pouco de ajuda - 4
Discordo inteiramente - 5
Nenhuma dificuldade mesmo -5
Nenhuma ajuda necessária - 5
Domínio - Itens
Energia
1. Eu me senti cansado a maior parte do tempo.
2. Eu tive que parar e descansar durante o dia.
3. Eu estava cansado demais para fazer o que eu queria.
Papéis Familiares
1. Eu não participei em atividades apenas por lazer/diversão com minha família.
2. Eu senti que era um fardo/peso para minha família.
3. Minha condição física interferiu com minha vida pessoal.
Linguagem
1. Você teve dificuldade para falar? Por exemplo, não achar a palavra certa, gaguejar,
não conseguir se expressar, ou embolar as palavras?
2. Você teve dificuldade para falar com clareza suficiente para usar o telefone?
3. Outras pessoas tiveram dificuldade de entender o que você disse?
4. Você teve dificuldade em encontrar a palavra que queria dizer?
5. Você teve que se repetir para que os outros pudessem entendê-lo?
Mobilidade
1. Você teve dificuldade para andar? (Se o paciente não pode andar, vá para questão 4 e
pontue as questões 2 e 3 com 1 ponto.)
2. Você perdeu o equilíbrio quando se abaixou ou tentou alcançar algo?
3. Você teve dificuldade para subir escadas?
4. Ao andar ou usar a cadeira de rodas você teve que parar e descansar mais do que
gostaria?
43
5. Você teve dificuldade para permanecer de pé?
6. Você teve dificuldade para se levantar de uma cadeira?
Humor
1. Eu estava desanimado sobre meu futuro.
2. Eu não estava interessado em outras pessoas ou em outras atividades.
3. Eu me senti afastado/isolado das outras pessoas.
4. Eu tive pouca confiança em mim mesmo.
5. Eu não estava interessado em comida.
Domínio - Itens Opção Pontuação
Personalidade
1. Eu estava irritável. (“Com os nervos à flor da pele”)
2. Eu estava impaciente com os outros.
3. Minha personalidade mudou.
Auto-cuidado
1. Você precisou de ajuda para preparar comida?
2. Você precisou de ajuda para comer? Por exemplo, para cortar ou preparar a comida?
3. Você precisou de ajuda para se vestir? Por exemplo, para calçar meias ou sapatos,
abotoar roupas ou usar um zíper?
4. Você precisou de ajuda para tomar banho de banheira ou chuveiro?
5. Você precisou de ajuda para usar o vaso sanitário?
Papéis Sociais
1. Eu não saí com a freqüência que eu gostaria.
2. Eu dediquei menos tempo aos meus hobbies e lazer do que eu gostaria.
3. Eu não encontrei tantos amigos meus quanto eu gostaria.
4. Eu tive relações sexuais com menos freqüência do que gostaria.
5. Minha condição física interferiu com minha vida social.
Memória / Concentração
1. Foi difícil para eu me concentrar.
2. Eu tive dificuldade para lembrar das coisas.
3. Eu tive que anotar as coisas para me lembrar delas.
Função da Extremidade Superior
1. Você teve dificuldade para escrever ou digitar?
2. Você teve dificuldade para colocar meias?
3. Você teve dificuldade para abotoar a roupa?
4. Você teve dificuldade para usar o zíper?
5. Você teve dificuldade para abrir uma jarra?
Visão
1. Você teve dificuldade em enxergar a televisão o suficiente para apreciar um
programa?
2. Você teve dificuldade para alcançar as coisas devido à visão fraca?
44
3. Você teve dificuldade em ver coisas nas suas laterais/de lado?
Trabalho / Produtividade
1. Você teve dificuldade para fazer o trabalho caseiro diário?
2. Você teve dificuldade para terminar trabalhos ou tarefas que havia começado?
3. Você teve dificuldade para fazer o trabalho que costumava fazer?
Pontuação total:
45
ANEXO V
ÍNDICE DE BARTHEL MODIFICADO
Nome do paciente: _______________________________________________.
Idade: ____________.
Data do AVC: _______/_______/_______.
Data de avaliação: ______/______/_______.
Sexo ( )F ( )M
Hemiplegia: __________________.
Alimentação
1.Dependente precisa ser alimentado;
2.Assistência ativa durante toda tarefa;
3.Supervisão na refeição e assistência para tarefas associadas (sal,manteiga, fazer o
prato);
4.Independente, exceto para tarefas complexas como cortar a carne e abrir leite;
5.Independente. Come sozinho, quando se põe a comida ao seu alcance. Deve ser capaz
de fazer as ajudas técnicas quando necessário.
Higiene pessoal
1. Dependente. Incapaz de encarregar-se da higiene pessoal;
2. Alguma assistência em todos os passos das tarefas;
3. Alguma assistência em um ou mais passos das tarefas;
4. Assistência mínima antes e/ou depois das tarefas;
5.Independente para todas as tarefas como lavar seu rosto e mãos pentear se, escovar os
dentes, e fazer a barba. Inclusive usar um barbeador elétrico ou uma lamina, colocar a
lamina ou ligar o barbeador, assim como alcançá-las no armário. As mulheres devem
conseguir se maquiar e fazer penteados, se usar.
Uso do banheiro
1.Dependente. Incapaz de realizar esta tarefa. Não participa;
2. Assistência em todos os aspectos das tarefas;
3.Assistência em alguns aspectos como nas transferências, manuseio das roupas, limparse, lavar as mãos;
4.Independente com supervisão. Pode utilizar qualquer barra na parede ou qualquer
suporte se o necessitar. Uso de optou a noite, mas não e capaz de esvaziá-lo e limpa-lo.
5.Independente em todos os passos. Se for necessário o uso de urinol, deve ser capaz de
colocá-lo, esvaziá-lo e limpa-lo.
Banho
1.Dependente em todos os passos. Não participa;
2.Assistência em todos os aspectos;
3.Assistência em alguns passos como a transferência para lavar ou enxugar ou para
completar algumas tarefas;
4.Supervisão para segurança, ajustar temperatura ou na transferência;
46
5.Independente. Deve ser capaz de executar todos os passos necessários sem que
nenhuma outra pessoa esteja presente.
Continência do esfíncter anal
1.Incontinente;
2.Assistência para assumir a posição apropriada e para as técnicas facilitatórias de
evacuação;
3.Assistência para uso das técnicas facilitatória e apara limpar-se. Freqüentemente tem
evacuações acidentais;
4.Supervisão ou ajuda para por o supositório ou enema. Tem algum acidente ocasional;
5.O paciente e capaz de controlar o esfíncter anal sem acidentes. Pode usar um
supositório ou enzimas quando for necessário.
Continência do esfíncter vesical
1.Incontinente. Uso do esfíncter interno;
2.Incontinente, mas capaz de ajudar com um dispositivo interno ou externo;
3.Permanece seco durante o dia, mas a noite, necessita de assistência de dispositivos;
4.Tem apenas acidentes ocasionais. Necessita de ajuda para manusear o dispositivo
interno ou externo (sonda ou cateter);
5.Capaz de controlar seu esfíncter de dia e de noite. Independente no manejo dos
dispositivos internos e externos.
Vestir-se
1.Incapaz de vestir-se sozinho. Não participa da tarefa;
2.Assistência em todos os aspectos, mas participa de alguma forma;
3.Assistência e requerida para colocar e/ou remover alguma roupa;
4.Assistência apenas para fechar botões, zíperes, amarrar sapatos, sutiã, etc.;
5.O paciente pode vestir-se, ajustar-se e abotoar toda a roupa e dar laço (inclui o uso de
adaptações). Esta atividade inclui o colocar de órteses. Podem usar suspensórios,
calçadeiras ou roupas abertas.
Transferências (cama e cadeira)
1.Dependente. Não participa da transferência. Necessita de ajuda (duas pessoas);
2.Participa da transferência, mas necessita de ajuda máxima em todos os aspectos da
transferência;
3.Assistência em alguns dos passos desta atividade;
4.Precisa ser supervisionado ou recordado de um ou mais passos
5.Independente em todas as fases desta atividade, o paciente pode aproximar-se da cama
(com sua cadeira de rodas), bloquear a cadeira, levantar os pedais, passar de forma
segura para a cama, virar-se, sentar-se na cama, mudar de posição a cadeira de rodas, se
for necessário para voltar e sentar-se nela e voltar a cadeira de rodas.
Subir e descer escadas
1.Incapaz de usar degraus;
2.Assistência em todos os aspectos;
3.Sobe e desce, mas precisa de assistência durante alguns passos da tarefa;
4.Necessita de supervisão para segurança ou em situação de risco;
5.Capaz de subir e descer escadas de forma segura e sem supervisão. Pode usar
corrimão, bengalas e muletas, se for necessário. Deve ser capaz de levar o auxilio tanto
ao subir quanto ao descer.
47
Deambulação
1.Dependente na deambulação. Não participa;
2.Assistência por uma ou mais pessoas durante toda a deambulação;
3.Assistência necessária para alcançar apoio e deambular;
4.Assistência mínima ou supervisão nas situações de risco ou período durante o
percurso de 50 metros;
5.Independente. Pode caminhar, ao menos 50 metros, sem ajuda ou supervisão. Pode
usar órtese, bengalas, andadores ou muletas. Deve ser capaz de bloquear e desbloquear
as órteses, levantar-se e sentar-se utilizando as correspondentes ajudas técnicas e
colocar os auxílios necessários na posição de uso.
Manuseio da cadeira de rodas
1.Dependente na ambulação em cadeira de rodas;
2.Propulsiona a cadeira por curtas distancias, superfícies planas. Assistência em todo o
manejo da cadeira;
3.Assistência para manipular a cadeira para a mesa, cama, banheiro, etc.;
4.Propulsiona em terrenos irregulares. Assistência mínima em subir e descer degraus,
guias;
5.Independente no uso de cadeira de rodas. Faz as manobras necessárias para se
deslocar e propulsiona a cadeira por pelo menos 50 metros.
Pontuação do Índice de Barthel Modificado
Item
Higiene Pessoal
Banho
Alimentação
Toalete
Subir escadas
Vestuário
Controle de Bexiga
Controle intestino
Deambulação
Ou cadeira de rodas*
Transferência
cadeira/cama
Incapaz de
realizar a
tarefa
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Requer ajuda
substancial
1
1
2
2
2
2
2
2
3
1
3
Requer
moderada
ajuda
3
3
5
5
5
5
5
5
8
3
8
Requer
mínima
Ajuda
4
4
8
8
8
8
8
8
12
4
12
Totalmente
Independente
5
5
10
10
10
10
10
10
15
5
15
100
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