UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DA FUNCIONALIDADE NAS ATIVIDADES DE VIDA DIARIA NO PACIENTE COM SEQUELAS DE AVE Bragança Paulista 2011 Nome: Aline Palazi R.A. 001200800091 Nome: Mariana Finger Tavares R.A. 001200800656 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DA FUNCIONALIDADE NAS ATIVIDADES DE VIDA DIARIA NO PACIENTE COM SEQUELAS DE AVE Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia – Universidade São Francisco como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia sob a orientação da Profª Gianna Cannoneri Nonose Bragança Paulista 2011 PALAZI, Aline; TAVERES, Mariana Finger. Avaliação da Qualidade de Vida e da Funcionalidade nas Atividades de Vida Diária no Paciente com Seqüelas de AVE. Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado na Universidade São Francisco em 14 de Dezembro de 2011 pela banca examinadora constituída pelos professores Banca Examinadora Profª Ms. Gianna C. Cannonieri Nonose (Orientadora) Universidade São Francisco Profª Dra. Rosimeire Simprini Padula (Examinadora) Universidade São Francisco Ms.Manuela Mucci Casanova (Examinadora) Coordenadora do Centro de Fisioterapia da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a Deus, que nos deu a vida; A todos que de alguma forma, Colaboraram com este projeto. E a nossos pais, que com esforço, lutaram para que estivéssemos aqui. ALINE e MARIANA AGRADECIMENTOS Primeiramente agradecemos a Deus por nos dar saúde e força, para vencermos mais uma etapa de nossas vidas. A Professora Gianna C. Cannonieri Nonose, orientadora deste projeto, por ter acreditado em nós. A Professora Rosimeire Simprini Padula, pelo incentivo e ajuda indispensável para confecção deste projeto. A Fisioterapeuta Manuela Mucci Casanova por ter aceito participar da banca examinadora. A todos os professores do Curso de Fisioterapia, da Universidade São Francisco, que de, alguma forma, contribuíram para a nossa formação. Aos pacientes, inspiração deste estudo, que com atenção e carinho aceitaram participar do projeto. E aos nossos pais, que acreditaram no quanto somos capazes, e depositaram toda confiança em nosso sonho, que hoje se concretiza. ALINE PALAZI MARIANA TAVARES RESUMO Introdução: O Acidente Vascular Encefálico é considerado importante problema de saúde pública, e é responsável por um grande número de pacientes com sequelas neurológicas, afetando assim a qualidade de vida.Objetivo: deste estudo foi avaliar a funcionalidade nas AVD’s e a Qualidade de Vida em pacientes vítimas de acidente vascular encefálico (AVE), atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco. Métodos: Foram selecionados 10 pacientes com diagnóstico de AVE que aceitaram participar da pesquisa. As variáveis analisadas foram sexo, idade, tipo de AVE, tempo de lesão, membro acometido e tipo de dependência. Foi utilizado o Índice de Barthel e a EQVE_AVE,com o intuito de avaliar a funcionalidade e a qualidade de vida de cada paciente. Os dados foram analisados através da correlação de Spearman, e o software utilizado foi o BioEstat – versão 5.o. Resultados: 20% dos pacientes acometidos por AVE eram independentes, 40% dos mesmos necessitavam de supervisão ou assistência leve para desenvolver suas atividades de vida diária, 20% apresentaram dependência severa e 20% dos pacientes eram totalmente dependentes. Há uma correlação positiva (rs= 0;74, p= 0,01), entre o grau de independência funcional e Qualidade de Vida dos pacientes, em relação ao tempo de lesão e idade não houve correlação com a qualidade de Vida. Conclusão: O presente estudo mostrou que a grande maioria dos pacientes necessitam de alguma ajuda para realizarem suas atividades cotidianas, e que o grau de independência funcional esta diretamente relacionada a Qualidade de Vida. Neste sentido, uma reabilitação focada no ganho de independência funcional pode contribuir para melhor Qualidade de vida desses indivíduos. Palavras-chave: AVE, QUALIDADE DE VIDA. ABSTRACT Introduction: The accident cerebrovascular is considered an important public health problem, and is responsible for a large number of patients with neurological sequelae, thus affecting the quality of life. Objectivity: this study was to evaluate the ADL's functionality and quality of life in patients suffering from cerebrovascular accident (CVA), met at the Clinical School of Physiotherapy University of San Francisco. Methods: We selected 10 patients with accident cerebrovascular who agreed to participate. The variables analyzed were sex, age, type of accidente cerebrovascular, time of injury, the affected limb and type of dependence. We used the Barthel Index and EQVE_AVE, in order to evaluate the functionality and quality of life of each patient. Data were analyzed using the Spearman correlation, and the software used was BioEstat version 5.o. Results: 20% of patients affected by accident cerebrovascular were independent, 40% of those in need of supervision or assistance lightweight for its activities of daily living, 20% had severe dependence and 20% of patients were totally dependent. There is a positive correlation (r = 0, 74, p = 0.01) between the degree of functional independence and quality of life of patients, compared to the time of injury and age did not correlate with the quality of life. Conclusion: This study showed that most patients need some help to perform daily activities, and that the degree of functional independence is directly related to quality of life. In this sense, a rehabilitation focused on gaining functional independence can contribute to better quality of life of these individuals. Key words: CVA, QUALITY OF LIFE LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- Distribuição por sexo............................................................25 GRÁFICO 2 - Distribuição por tipo de Acidente Vascular Encefálico ocorrido.......................................................................................................26 GRÁFICO 3 - Distribuição por Hemicorpo Acometido............................26 GRÁFICO 4 - Distribuição dos tipos de dependência................................27 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Escore médio das dimensões da EQVE/AVE......................28 TABELA 2 – Coeficiente de correlação de Spearman (r) entre o escore total da EQVE/AVE, suas dimensões e classificação de Munro para magnitude das correlações...........................................................................29 TABELA 3 - Correlação entre o valor total do Índice de Barthel e tempo de lesão e a idade dos pacientes.......................................................................29 TABELA 4 - Correlação entre o valor total da EQVE/AVE e o tempo de lesão e a idade dos pacientes.......................................................................30 LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS AVE- Acidente Vascular Encefálico AVD’s- Atividades de Vida Diária EQVE-AVE- Escala de Qualidade de Vida Específica para Acidente Vascular Encefálico MEEM- Mini Exame do Estado Mental MMSS- Membros Superiores MMII- Membros Inferiores QV- Qualidade de Vida SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................14 1.1 Acidente Vascular Encefálico............................................................................14 1.2 Prevalência........................................................................................................14 1.3 Fatores de Risco................................................................................................15 1.4 Tipos de AVE....................................................................................................15 1.5 Sintomatologia do AVE.....................................................................................16 1.6 Membro Superior Parético................................................................................17 1.7 Membro Inferior Parético.................................................................................18 1.8 Qualidade de Vida em Pacientes com AVE.......................................................19 2. JUSTIFICATIVA.....................................................................................................20 3. OBJETIVOS .........................................................................................................................21 3.1 Objetivos Gerais................................................................................................21 4. MÉTODO .............................................................................................................................21 4.1 Desenho de Estudo............................................................................................21 4.2 Local de Estudo.................................................................................................21 4.3 Critérios de Inclusão..........................................................................................21 4.4 Critérios de Exclusão.........................................................................................22 4.5 Materiais...........................................................................................................22 4.5.1 Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE........................................22 4.5.2 Escala Modificada de Barthel.........................................................................23 4.6 Procedimento....................................................................................................23 4.7 Análise de Dados...............................................................................................24 5. RESULTADOS...................................................................................................25 6. DISCUSSÃO.......................................................................................................30 7. CONCLUSÃO....................................................................................................34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................35 ANEXOS Anexo I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................38 Anexo II - Solicitação de Autorização para Realização de Pesquisa Científica na Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco................................40 Anexo III - Ficha de Identificação Pessoal..............................................................41 Anexo IV - Escala de Qualidade de Vida Específica...............................................42 Anexo V - Índice de Barthel Modificado.................................................................45 14 1. INTRODUÇÃO 1.1 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO O acidente vascular encefálico (AVE) resulta da interrupção total ou parcial do fornecimento sanguíneo destinado ao encéfalo, através do rompimento de vasos ou da ausência de sangue causada por um agente indesejado que impede a sua passagem no vaso, aumentando a pressão do mesmo (ROWLAND, 1997). Dentro do escopo das condições crônicas de saúde, o AVE é a doença mais incapacitante, trazendo impacto em praticamente todas as funções humanas: habilidade motora fina e grosso, marcha, atividades de vida diária( AVD’s), humor, linguagem, percepção e cognição ( PEREIRA, et al, 2004). É considerado um importante problema de saúde pública que se situa entre as quatro principais causas de morte em muitos países, e é responsável por um grande número de pacientes com seqüelas neurológicas (ROWLAND, 1997). A incidência do AVE vem crescendo devido ao aumento da expectativa de vida e pelas mudanças no estilo de vida. Estima-se que na América do Sul isto seja mais evidente nas próximas décadas pelos mesmos motivos. Saposnik em estudo epidemiológico realizado na América do Sul, constatou em sua comunidade-base uma prevalência de AVE que variava de 1.74 a 6.51 por 1000 habitantes e taxas anuais da incidência de 0,35 a 1,83 por 1000 habitantes (CARR; SHEPERD, 2008). Depois da doença coronariana e do câncer, o AVE é a terceira causa mais comum de morte em países ocidentais, sendo a causa mais importante de incapacidade grave em pessoas vivendo em suas próprias casas. A mortalidade parece variar entre os países. Não está claro se é devido à raça, fatores ambientais ou sociais (CARR; SHEPERD, 2008). 1.2 PREVALÊNCIA A prevalência é extremamente difícil de medir, uma vez que alguns pacientes morrem precocemente na fase aguda da doença e muitos dos sobreviventes não ficam 15 com seqüelas. Uma estimativa da prevalência é cerca de 5/1000, mas isso depende de muitos fatores incluindo idade da população (CARR; SHEPERD, 2008). Embora a incidência de doença vascular cerebral venha diminuindo, o acidente vascular encefálico é ainda a terceira causa de morte mais comum nos Estados Unidos. A incidência de AVE aumenta rapidamente com o aumento da idade, na faixa etária de 80 a 90 anos, os índices de mortalidade se aproximam dos índices de incidência correspondentes (UMPHRED, 1994). 1.3 FATORES DE RISCO Os fatores de risco quem têm sido relacionados com o AVE incluem níveis de gordura sanguínea aumentados, obesidade e fumo de cigarro. Como a pressão sanguínea elevada é o maior fator de risco para AVE, as características humanas e comportamentos que aumentam a pressão arterial também aumentam o risco para o AVE (UMPHRED, 1994). Inúmeros fatores contribuem para que o número alarmante de casos de AVE atinja milhões de pessoas todos os anos. Entre eles está o sedentarismo, o tabagismo, o colesterol elevado, o diabetes mellitus, sendo a hipertensão arterial a causa mais freqüente entre pessoas acima de 40 anos. Os sintomas dependem do local, costumando ser de instalação súbita e cujos sinais são: perda súbita de força em um lado do corpo perda súbita de força na face, causando desvio de boca para um lado, perda repentina de sensibilidade em um lado do corpo, perda de visão súbita de um olho, perda ou dificuldade repentina da fala, dor de cabeça súbita, forte, sem nenhuma causa aparente, dificuldade súbita para caminhar (BRANCO, et al, 2005). 1.4 TIPOS DE AVE O AVE é a doença vascular que mais acomete o sistema nervoso central, bem como a principal causa de incapacidades físicas e cognitivas. Suas causas estão relacionadas com a interrupção do fluxo sanguíneo para o encéfalo, originado tanto por 16 obstrução de uma artéria que o supre caracterizando o AVE isquêmico, quanto por ruptura de um vaso caracterizando AVE hemorrágico (SOUZA, 2003). O AVE isquêmico é decorrente de um infarto isquêmico pela obstrução de um vaso; tal obstrução pode ser causada por trombose ou por embolia.Os fatores subjacentes mais frequentes AVE isquêmico Trombótico são a arteriosclerose e a hipertensão arterial sistêmica. A causa mais frequente de AVE isquêmico embólico é a estenose mitral com fibrilação atrial; entretanto êmbolos não se originam necessariamente do coração, podendo ser decorrentes de fragmentos de placas em artérias extracranianas ou mesmo intracranianas ( NITRINI, 1999). O AVE hemorrágico pode ser subdividido em hemorragia intraparenquimatosa espontânea e hemorragia meníngea espontânea. A causa mais frequente de hemorragia intraparenquimatosa espontânea é a hipertensão arterial sistêmica, a maior parte deste tipo de hemorragia ocorre nos gânglios da base, o restante é uniformemente distribuído entre a região subcortical dos lobos, o cerebelo e o tronco cerebral ( NITRINI, 1999). A causa mais frequente de hemorragia meníngea espontânea, é a ruptura de aneurisma congênito; a segunda causa é malformação arteriovenosa congênita. os aneurismas congênitos apresentam se predominantemente na região da base do polígono de WILLIS ( NITRINI, 1999). 1.5 SINTOMATOLOGIA DO AVE O local e o tamanho da lesão cerebrovascular e quantidade de fluxo sanguíneo colateral, inicialmente, determinam o grau do déficit motor que pode estender-se de uma incoordenação leve para uma paralisia completa dos membros superiores, inferiores e face ( UMPHRED, 1994). As seqüelas estarão relacionadas diretamente com a localização, tamanho da área encefálica atingida e o tempo que o paciente esperou para ser socorrido. A alteração mais comum é a hemiparesia, correspondendo à deficiência motora caracterizada por fraqueza no hemicorpo contralateral a lesão, também podendo ser acompanhada por alterações sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem (BOBATH. B, 1980). 17 Hemiplegia, ou paralisia de um lado do corpo, é o sinal clássico de doença neurovascular do cérebro. É uma das muitas manifestações de doença neurovascular, e ocorre com derrames envolvendo o hemisfério cerebral ou tronco cerebral. Um acidente vascular encefálico resulta em um déficit neurológico súbito e específico. É o aspecto repentino do déficit neurológico, segundos, minutos, horas, ou poucos dias, que caracteriza o distúrbio como sendo vascular ( CARR; SHEPHERD, 2008). 1.6 MEMBRO SUPERIOR PARÉTICO O membro superior parético do indivíduo com seqüela de AVE limita suas atividades motoras, desde a mais simples como levar um copo até a boca, até a mais complexa como abotoar uma camisa. Essas restrições são conseqüências dos prejuízos relacionados à alteração do tônus, força muscular, amplitude de movimento e habilidades motoras específicas para o membro referido (FREITAS, 2000). Com uma agressão grave ao sistema nervoso central, o membro superior não apresenta movimentos ativos e a escápula assume uma posição rodada para baixo. Com a rotação para baixo da escápula, a cavidade glenóide se orienta para baixo, e o mecanismo de trava passivo da articulação do ombro é perdido. A deficiência desse mecanismo, a deficiência do tono muscular, e a deficiência da cápsula do ombro resultam em uma subluxação inferior do úmero do ombro hemiplégico. O úmero fica pendente ao lado do corpo em rotação interna e o cotovelo fica estendido (UMPHRED, 1994). Um segundo padrão se desenvolve na medida em que o tronco ganha mais controle de extensão que de flexão. Um aumento na extensão cervical e lombar se torna evidente. A cabeça e o pescoço assumem uma posição da flexão ipsolateral e contralateral. A caixa torácica perde sua “ancora” abdominal e roda para baixo. A escápula e o úmero são fortemente influenciados por esse desvio na caixa torácica. A escápula rodada para baixo começa a mover se superiormente sobre o tórax, e o úmero se hiperestende com rotação interna. Essa combinação de rotação da caixa torácica, hiperextensão do úmero e rotação interna faz com que a cabeça do úmero subluxe anteriormente (UMPHRED, 1994). 18 O terceiro padrão de movimento é caracterizado por uma coativação anormal dos músculos do membro. Isso dá uma aparência de flexão “em massa” do membro superior hemiplégico. O controle da cabeça e pescoço em pacientes com esse padrão de membro superior contém elementos tanto de flexão quanto de extensão. Os padrões de controle não são suficientemente integrados para permitir combinações seletivas de movimento. A escápula fica geralmente elevada e abduzida sobre o tórax. A cabeça do úmero é mantida intimamente embaixo do acrômio. Embora o deltóide e bíceps tentem iniciar o movimento umeral, não ocorre dissociação entre o úmero e a escápula. O padrão de membro superior disponível como resultado da posição da escápula e do úmero é a elevação do ombro com abdução umeral, rotação interna e flexão de cotovelo (UMPHRED, 1994). Dentre todas as alterações causadas pelo AVE, a alteração dos membros superiores(MMSS) é o que mais acomete os indivíduos, devido ao comprometimento da destreza durante a execução de importantes atividades manuais de vida diária. A dificuldade em usar o membro superior (MS) mais afetado pode levar ao “aprendizado do não uso”, caracterizado pela adoção compensatória de maior uso do MS não afetado e diminuição do uso do MS afetado durante a realização das atividades de vida diária (AVD’s), aumentando ainda mais as incapacidades associadas ao MS mais afetado, e, conseqüentemente, aos MMSS (MILLER, 2002). O braço e a mão podem ser considerados como uma unidade funcional, sendo a mão com uma função primordial, realizar a preensão e as tarefas de manipulação. Os principais comprometimentos que afetam o membro superior após um AVE são a fraqueza devido à: a) diminuição do fluxo motor para os músculos; b) decréscimo da informação sensorial; c) deficiências secundárias ao desuso e imobilidade. Tais condições tendem a tornar o membro superior hemiplégico rígido, imóvel e algumas vezes doloroso (CARR; SHEPHERD, 2008). 1.7 MEMBRO INFERIOR PARÉTICO A deambulação foi descrita como “a glória máxima da locomoção corporal humana”, uma descrição que torna fácil entender o que representa para o paciente ser capaz de andar novamente. Reconquistar a capacidade de andar sem medo e sem ser 19 notado por outras pessoas é o sonho da maioria dos pacientes que sofreram AVE (DAVIES, 1996). Embora o padrão da marcha hemiparética varie segundo a localização anatômica e a gravidade da lesão encefálica, os próprios mecanismos compensatórios desenvolvidos pelo paciente e outras disfunções clínicas podem interferir na deambulação (GUEDES, 2000). Geralmente a marcha de pacientes com AVE, é descoordenada, arrítmica, desequilibrada, apresenta alterações em sua velocidade, cadência, simetria, tempo e comprimento de passos, desajustes quanto à postura, equilíbrio e reação de proteção, alterações quanto ao tônus muscular e quanto ao padrão de atividade neural, principalmente do lado parético, caracterizadas pelas dificuldades na iniciação e na duração do passo e em determinar o quanto de força muscular será necessário para deambular, também pode ser observada uma redução no balanceio alternado dos membros superiores, além de consumir elevados valores energéticos do paciente, sendo considerada, portanto, uma marcha deficiente (OTTOBONI, 2001). As seqüelas deixadas por um AVE resultam em déficits na capacidade funcional, independência e qualidade de vida (QV) dos indivíduos (MARTINS, 2007) 1.8 QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM AVE O conceito de qualidade de vida (QV) é muito complexo e engloba um conceito multidimensional que enfatiza a avaliação subjetiva de satisfação pessoal em relação ao bem estar físico, emocional, funcional e social (BUSS, 2000). A qualidade de vida está associada a diversos aspectos do cotidiano das sociedades. Estes aspectos são de natureza diversa e tanto podem estar relacionados com domínios do bem-estar econômico-financeiro, bem como com domínios do bemestar psicológico, social e espiritual. A investigação da qualidade de vida relacionada com a saúde centra a sua análise nos seguintes componentes: capacidade/disponibilidade física, estado psicológico, estatuto social. A qualidade de vida, quando analisada nos cuidados de saúde, deve ser avaliada em termos de saúde física, saúde psicológica, nível de autonomia e relações sociais. Assim, considera-se que 20 a qualidade de vida abrange cinco categorias: duração de vida, limitações, estados funcionais, percepções e oportunidades funcionais (NOBRE, 1994). A qualidade de vida está relacionada à capacidade de ter satisfações físicas, sociais, psicológicas e comportamentais. Um dos principais focos do tratamento em indivíduo com uma doença, como o AVE, deve ser a manutenção da QV, sendo importante conhecer as dimensões que abrangem esse conceito e os instrumentos de medidas que avaliam o impacto do AVE na QV (BUSS, 2000). Segundo Nobre (1994), os questionários de QV propiciam a avaliação mais completa do impacto da doença e do tratamento no cotidiano da vida dos pacientes. Dessa forma, uma vez que pacientes que possuem disfunções decorrentes de AVE apresentam diminuição das atividades de vida diária, se torna necessário avaliar o impacto da doença na QV desses pacientes. Dados de estudos transversais sugerem que a QV e o bem-estar ficam significativamente prejudicados após um AVE (MARTINS, 2007). As dimensões mais comuns usadas na avaliação da QV são: dimensão física, aspecto psicossocial, bem-estar e satisfação com a vida. Os instrumentos que avaliam a QV têm como objetivos principais diferenciar pessoas com diferentes níveis de QV e como esta pode mudar ao longo do tempo. Estes instrumentos devem ser válidos (medir aquilo que se propõem a medir), terem confiabilidade, (alcançar resultados semelhantes quando medidos pelo mesmo examinador ou por diferentes examinadores), serem “responsivos”, (terem habilidade para detectar pequenas ou grandes mudanças) e serem interpretáveis (o escore determinado deve representar um estado: bom, ruim, excelente) (MARTINS, 2007) 2. JUSTIFICATIVA Sendo o AVE o distúrbio neurológico mais freqüente em adultos e a principal causa de incapacidade permanente é importante identificar as variáveis que interferem na qualidade de vida desses indivíduos para se possa direcionar as intervenções em saúde, visando uma melhora global do paciente. 21 3. OBJETIVOS 3.1 Objetivos Gerais Avaliar a funcionalidade nas AVDs e a Qualidade de Vida em pacientes vítimas de Acidente Vascular Encefálico (AVE) 3.2 Objetivos Específicos Caracterizar os participantes quanto ao sexo, idade, tipo de AVE, hemicorpo acometido e grau de dependência funcional; Correlacionar o grau de independência funcional com a Qualidade de Vida; Correlacionar o grau de independência funcional com o tempo de AVE; 4. MÉTODOS 4.1 Desenho de Estudo Estudo transversal observacional 4.2 Local do Estudo O estudo foi realizado em 10 pacientes vítimas de AVE em tratamento na Clínica de Fisioterapia da Universidade São Francisco. 4.3 Critérios de Inclusão O estudo foi realizado em pacientes com diagnóstico confirmado pelo neurologista de Acidente Vascular Encefálico; não podendo apresentar dificuldades 22 para a compreensão do questionário de Qualidade de Vida e anuência do paciente ou familiar responsável por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4.4 Critérios de Exclusão Foram excluídos os pacientes que apresentaram outras afecções neurológicas, ortopédicas ou respiratórias associadas à AVE que limitem a função do membro superior ou que possam interferir na Qualidade de Vida. 4.5 Materiais Foram utilizados o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa, o índice de Barthel Modificado, o EQVE-AVE (questionário específico para avaliar a qualidade de vida no AVE) e um ficha própria de avaliação do estudo. 4.5.1 Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE Essa escala é composta de 49 itens distribuídos em doze domínios, apresentando três possibilidades de repostas desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco: (1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, indo de concorda fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa, indo de incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda necessária para realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda necessária. Para cada domínio utiliza-se uma opção de resposta, sendo que a opção de concordância ou discordância será utilizada para os domínios energia, papéis familiares, humor, personalidade e papéis sociais, nos domínios de linguagem, mobilidade, memória/concentração, função da extremidade superior, visão e trabalho/produtividade. A opção de resposta, dificuldade na realização de tarefa deve ser utilizada, já a opção quantidade de ajuda necessária é utilizada na pontuação dos itens do domínio auto- 23 cuidado. O ponto de referência para resposta de todos os itens se refere à semana anterior (PAIXÃO, 2005) . 4.5.2 Escala Modificada de Barthel O Índice de Barthel especificamente mede o grau de assistência exigido por um indivíduo em 10 itens de AVD, envolvendo mobilidade e cuidados pessoais. São eles: alimentação, banho, higiene pessoal, vestimenta, controle esfincteriano intestinal, controle miccional, transferências na cama e banheiro, deambulação e subir escadas. A pontuação global varia de 0 a 100 (soma dos itens classificados em 5, 10 e 15 pontos, conforme independência ou necessidade de ajuda para executar a atividade). O paciente com escore <60 pontos é considerado dependente. De 60 a 80 pontos, o paciente é dito parcialmente dependente, e se >80 pontos, o paciente é independente. Isto é, de modo que zero equivale à completa dependência em todas a 10 AVDs, e 100, equivale à completa independência em todas as atividades. O Índice de Barthel tem sido amplamente utilizado na monitoração das alterações funcionais em indivíduos que estejam recebendo uma reabilitação, enquanto internos. Embora não tenha sido completamente avaliadas, suas propriedades psicométricas, o Índice de Barthel tem atingido elevadas correlações com outras medidas da incapacidade física. A vantagem do indicador de Barthel é a sua simplicidade e utilidade na avaliação de pacientes antes, durante e após o tratamento (PAIXÃO, 2005). 4.6 Procedimento Primeiramente o projeto foi encaminhado para o comitê de ética. Após a aprovação do comitê de ética 0080.0.142.000-11, os pacientes foram convidados a participar do estudo e assim assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido concordando com a participação na pesquisa (ANEXO I). Foi solicitada uma Autorização para Realização de Pesquisa Científica na Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco (ANEXO II). Em seguida foi realizada a avaliação, onde foram preenchidos os dados do paciente utilizando ficha própria de avaliação do estudo 24 (ANEXO III). Após essa avaliação eles responderam a um questionário de QV utilizando a Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE/ANEXO IV). Essa escala é composta de 49 itens distribuídos em doze domínios, apresentando três possibilidades de repostas desenvolvidas em uma escala likert com escore de um a cinco: (1) grau de concordância com afirmações sobre sua funcionalidade, indo de concorda fortemente a discorda fortemente; (2) dificuldade na realização de uma tarefa, indo de incapaz de realizar a tarefa a nenhuma dificuldade; (3) quantidade de ajuda necessária para realizar tarefas específicas, indo de ajuda total a nenhuma ajuda necessária. Para cada domínio utilizou-se uma opção de resposta, sendo que a opção de concordância ou discordância foi utilizada para os domínios energia, papéis familiares, humor, personalidade e papéis sociais, nos domínios de linguagem, mobilidade, memória/concentração, função da extremidade superior, visão e trabalho/produtividade. A opção de resposta, dificuldade na realização de tarefa foi utilizada, já a opção quantidade de ajuda necessária foi utilizada na pontuação dos itens do domínio auto-cuidado. Foi também utilizado o índice de Barthel Modificado (ANEXO V), com objetivo de quantificar o desempenho funcional nas Atividades de Vida Diária (AVD’s), onde o paciente pode somar ate 100 pontos (UMPHRED,1994). 4.7 Análise de Dados Os dados do estudo foram transportados para planilha do Excel e analisados de forma descritiva, sendo os resultados apresentados em forma de gráficos e tabelas. Como muitas das amostras não apresentavam distribuição normal (Teste de ShapiroWilk), foi utilizada a correlação de Spearman, visando investigar possíveis associações entre as variáveis estudadas. O software utilizado foi o BioEstat- versão 5.0. A magnitude das correlações foi definida segundo a classificação de Munro, em baixa=0,26-0,49; (MUNRO, 2001) moderada=0,50-0,69; alta=0,70-089; muito alta=0,90-1,00. 25 5. RESULTADOS Os pacientes participantes do presente estudo apresentaram média de idade de 55,4 variando entre 36 e 78 anos e tempo médio de lesão de 30,0 variando entre 2 e 84 meses. No Gráfico 1 pode-se observar a distribuição por sexo. Dos 10 pacientes participantes do estudo 6 eram do sexo feminino. Gráfico 1: Distribuição por Sexo O gráfico 2 mostra quais os tipos de AVE, sendo 7 indivíduos acometidos por AVE Isquêmico e 3 pelo AVE Hemorrágico. 26 Gráfico 2: Distribuição por tipo de Acidente Vascular Encefálico ocorrido Em relação ao membro acometido, 4 indivíduos tiveram o hemicorpo esquerdo acometido e 6 indivíduos o hemicorpo direito acometido, como podemos observar no gráfico 3. Gráfico 3: Distribuição por Hemicorpo Acometido 27 Seguindo a classificação do Índice de Barthel, o estudo mostrou que 40% encontravam se no estágio de dependência leve, 20% em estágio de dependência severa, 20% em estágio de dependência total e 20% eram independentes, observando que 80% dos indivíduos avaliados necessitavam de algum tipo de ajuda para realizar suas atividades, conforme o gráfico 4. Gráfico 4: Distribuição dos tipos de dependência Para avaliar a qualidade de vida dos voluntários foi utilizada a escala EQVE/AVE. O escore total médio encontrado no estudo foi de 3,1. Para a dimensão “Energia” o escore médio foi 3,7; os “Papéis Familiares” foi 3,1; “Linguagem” foi 3,3; “Mobilidade” foi 2,5; “ Humor” foi 3,2; “Personalidade” foi 2,9; “Auto Cuidado” foi 2,9; “Papéis Sociais” foi 2,0; “Memória/Concentração” foi 3,8; “Função da Extremidade Superior” foi 2,3; “Visão” foi 4,7 e “Trabalho/Produtividade” foi 2,2, como observado na tabela 1. 28 Tabela 1: Escore médio das dimensões da EQVE/AVE. Dimensões Mínimo Máximo Média 1,33 5 3,76 Desvio Padrão 11,3 2. Papéis Familiares 1 5 3,1 3,6 3. Linguagem 2 5 3,34 6,3 4. Mobilidade 1 4,7 2,5 8,2 1,8 5 3,24 5,3 6. Personalidade 1 5 2,93 4,6 7. Auto Cuidado 1 5 2,92 8,7 8. Papéis Sociais 1 4,2 2,06 5,0 9. Memória/Concentração 2 5 3,86 3,7 10. Função da Ext Sup. 1 5 2,38 7,5 1,7 5 4,76 1,6 1 5 2,23 4,9 2,2 4,2 3,1 1. Energia 5. Humor 11. Visão 12. Trabalho/Produtividade Escore Total O escore total do índice de Barthel, que avalia o grau de independência do paciente, foi correlacionado com cada uma das dimensões da EQVE/AVE. O nível significativo da correlação foi de p< 0,05. (Tabela 2) Utilizando o Coeficiente de Correlação de Spearman, encontrou-se moderada correlação entre o escore total do Índice de Barthel e a dimensão “Mobilidade” (r = 0,65 e p= 0,03), alta associação entre as dimensões “Auto Cuidado” ( r = 0,82 e p= 0,003), “Função da Extremidade Superior” (r = 0,76 e p= 0,009) e “Trabalho/Produtividade” (r = 0,77 e p= 0,008). Encontrou se também uma correlação positiva (r = 0,74 e p= 0,013), entre o escore total do Índice de Barthel e o escore total da EQVE/AVE. Na Tabela 3 observa- se que não houve correlação significativa entre o valor total do Índice de Barthel e a idade dos pacientes e tempo de lesão. A idade dos pacientes e o tempo da lesão quando correlacionados com a EQVE/AVE, também não mostrou correlação significativa como observa- se na tabela 4. 29 Tabela 2: Correlação entre o escore total do Índice de Barthel e as dimensões da EQVE/AVE, mostrando a classificação de Munro para magnitude das correlações. Dimensões r p- valor 1. Energia 0,17 0,63NS Classificação de Munro - 2. Papéis Familiares 0,29 0,40 NS - 3. Linguagem 0,04 0,90 NS - 4. Mobilidade 0,65 0,03 Moderada 5. Humor 0,01 0,97 NS - 6. Personalidade -0,47 0,16 NS - 7. Auto –cuidado 0,82 0,003 Alta 8. Papeis Sociais 0,21 0,55 NS - 9. Memória/Concentração 0,45 0,19 NS - 10. Função da Ext Sup 0,76 0,009 Alta -0,008 0,98 NS - 12. Trabalho/Produtividade 0,77 0,008 Alta Pontuação Total 0,74 0,013 Alta 11. Visão Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação não significativa. Tabela 3: Correlação entre o valor total do Índice de Barthel e tempo de lesão e a idade dos pacientes Variáveis Idade Tempo de Lesão r p- valor 0,0061 -0,3006 0,9867NS 0,3986 NS Classificação de Munro - Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação não significativa. 30 Tabela 4: Correlação entre o valor total da EQVE/AVE e o tempo de lesão e a idade dos pacientes Variáveis Idade Tempo de Lesão r p- valor -0,1534 0,1879 0,6723NS 0,6032 NS Classificação de Munro - Coeficiente de correlação de Spearman (r). Correlação significativa ao nível de p< 0,05. NS: Correlação não significativa. 6. DISCUSSÃO O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a funcionalidade nas atividades de vida diária ( AVD’s) e a qualidade de vida ( QV) em pacientes vítimas de Acidente Vascular Encefálico (AVE). Utilizou-se a EQVE/AVE, um instrumento apropriado e confiável para avaliar QV nesses indivíduos, pois avalia aspectos físicos, emocionais, além de ser de fácil entendimento, e o Índice de Barthel, com objetivo de quantificar a independência dos indivíduos para a realização das AVD’s. Os indivíduos que participaram deste estudo apresentaram média de idade de 55,4, segundo Caneda em seu estudo, a média de idade dos participantes eram 64,1. Desta forma podemos dizer que a média de idade encontrada em nosso estudo foi menor comparando com outros estudos, por ser realizada na clínica escola, onde os casos mais atípicos, como AVEs em adultos mais jovens acabam sendo encaminhados para o serviço. O tempo médio de lesão foi de 30 meses e o tempo máximo de lesão dos pacientes analisados foi de 84 meses. Segundo ABRISQUETA (2006), indivíduos com lesão adquirida há mais de 6 meses ou 1 ano tendem a atingir um patamar de estabilização dos prejuízos, o que não sinaliza que eles não apresentaram maior resolutividade, contudo, após este período as dificuldades podem se estabelecer como seqüelas que possivelmente não remitirão, concordando com nosso estudo. 31 O estudo mostrou que a maioria dos voluntários era do sexo feminino (60%). Apesar da doença se manifestar em ambos os sexos, alguns estudos epidemiológicos demonstraram que o sexo masculino é afetado com mais frequência (CESARIO, CMM.2006). Quanto a etiologia do AVE, o estudo demonstrou maior prevalência de AVE Isquêmico (70%), em relação ao AVE Hemorrágico (30%), entrando em concordância com os dados visto na literatura, onde PIRES et al, (2004), mostraram através de seu estudo maior prevalência de AVE Isquêmico (85,5%), em relação ao AVE Hemorrágico. Como descrito na literatura por ALONSO (2002), um indivíduo acometido por AVE, sempre terá algum tipo de dependência, sendo ela, leve, moderada ou grave. Comparando com o nosso estudo, 80% dos voluntários avaliados apresentaram algum tipo de dependência, leve (40%), moderada (20%) e grave (20%). Estudos recentes encontraram que (40%) dos pacientes pós AVE ficaram dependentes para a realização das atividades diárias. Trabalhos apontam que cerca de 30% a 60% dos sujeitos ficam na situação de dependência, concordando com os dados vistos em nosso estudo. (NUNES S, 2005). As AVD’s, na maioria dos casos, estão prejudicadas nos pacientes com AVE, e o grau de dependência para sua realização interfere na qualidade de vida dos pacientes (FONTES SV, 2004). Em nosso estudo, quando comparados os resultados referentes ao Índice de Barthel, que avalia as AVD’s (dependência ou independência para alimentação, banho, toalete, vestimenta, controle vesical, transferências, locomoção e o ato de subir e descer escadas), mostrou uma menor porcentagem de independência (20%), não sendo tão significativo comparando com os dados relatados dependentes (80%). Ao correlacionarmos os domínios que compõem a EQVE/AVE com a funcionalidade para as AVDs, avaliada através do Índice de Barthel Modificado, observamos uma correlação positiva e estatisticamente significante entre a Mobilidade, Auto-cuidado, Função da Extremidade Superior e Produtividade e Trabalho e a pontuação total do Índice de Barthel. Portanto, neste estudo, as seqüelas do AVE 32 demonstraram maior correlação com esses quatro domínios da Qualidade de Vida. O estudo de DELBONI et,al, (2010) encontrou maior correlação com dois domínios semelhantes: trabalho e produtividade e autocuidado. Quando a pontuação total da qualidade de vida foi correlacionada com a funcionalidade dos sujeitos (pontuação total do índice de Barth El), pode se observar que quanto menor a dependência melhor será a qualidade de vida do indivíduo, ou seja, uma melhor funcionalidade verificada pelo Índice de Barth El está correlacionada com uma melhor qualidade de vida. Este dado indica a importância de um trabalho fisioterapêutico direcionado para o ganho de independência funcional, pois ela está relacionada diretamente com a qualidade de vida do paciente. No presente estudo, os escores dos domínios que constituem a EQVE/AVE foram aplicados para avaliar a qualidade e vida em 10 pacientes com diagnóstico de AVE. Os resultados mostram que estes se encontram comprometidos em todos os domínios: papéis sociais, linguagem, trabalho/produtividade, função da extremidade superior, mobilidade, papéis familiares, visão, memória/concentração, auto- cuidado,personalidade, humor, linguagem. Segundo o estudo de CORDINI (2005), que comparou a qualidade de vida com os domínios mais afetados no AVE utilizando a EQVE-AVE, que os domínios mais prejudicados na avaliação da qualidade de vida, foram os da energia, do trabalho, da função de membros superiores e das relações sociais. Os domínios menos afetados foram os da visão, humor, do comportamento e das relações familiares. Em nosso estudo os domínios menos afetados foram Energia, Memória/Concentração e Visão, e os mais afetados foram de Papéis Sociais, Trabalho/Produtividade e Função da Extremidade Superior. Os papeis sociais apresentaram o pior escore neste estudo, influenciando negativamente a QV. Eles incluem questões como a realização de hobbies, encontro com amigos, entre outras funções sociais que acabam prejudicadas devido à dependência maior do paciente. Em relação à contribuição da gravidade dos sintomas motores e da limitação física na qualidade de vida, foi possível observar que os pacientes deste estudo apresentaram menores escores no aspecto mobilidade e Papéis Sociais na EQVE/AVE. 33 Isto pode ser justificado pela presença de hemiparesia em todos os pacientes avaliados, o que contribui para limitação funcional. Os pacientes que necessitavam de dispositivo de auxílio para deambulação, ou estavam restritos a cadeira de rodas apresentaram maior comprometimento no domínio mobilidade. Alterações como essas, e as sequelas provocadas pelo AVE, contribuem para um prejuízo na autonomia e na independência destes pacientes, interferindo em sua vida social, consequentemente afetando a sua qualidade de vida. Para uma melhora da vida social do paciente, a Fisioterapia pode contribuir, realizando atividades em grupos, interagir a família na terapia e orientar que faça outras atividades em seus horários livres. Diversos fatores contribuem para a queda da qualidade de vida em pacientes com AVE, podendo ser citadas a idade avançada, a gravidade dos sintomas motores, a incapacidade de retornar ao trabalho, prejuízo cognitivo, assim como a presença de comorbidades (VITIELLO,2007). Ao comparar com nosso estudo, observamos que o que levou o paciente a uma piora na qualidade de vida, afetando os domínios da EQVEAVE foi a gravidade dos sintomas motores, que acabaram repercutindo na independência funcional desses indivíduos. Ao correlacionarmos o tempo de lesão e a idade do paciente com a independência funcional, mensurada através do Índice de Barthel encontramos correlação significativa. Da mesma forma a Qualidade de Vida não mostrou, neste estudo, correlação com o tempo de lesão ou a idade do paciente. No estudo de HAACKE et al (2006) com 77 pacientes crônicos, foi observado que, ao separá-los em categorias por idade (menor que 50 anos, entre 50 e 65, entre 65 e 70 ou maior que 70) observaram que a qualidade de vida se mostrou pior nos pacientes mais idosos, devido ao aumento da incapacidade decorrente do envelhecimento. Porém não foi relatado se esses pacientes estavam inseridos em um serviço de reabilitação, o que poderia retardar essas perdas funcionais. Segundo COSTA (2002) descreveu em seu estudo, a limitação no desempenho funcional, como vestir se, banhar se e até mesmo caminhar pequenas distâncias de forma independente, consiste em um fator importante na percepção da qualidade de vida. Outros estudos já demonstraram que o principal determinante da qualidade de vida foi o estado funcional do paciente sugerindo que a melhoria da função física pode 34 ser útil para propiciar uma melhor qualidade de vida para pacientes com AVE. (GUNAYDIN et al, 2011; HAACKE et al, 2006). Encontramos uma limitação no estudo, devido ao pequeno número de pacientes que responderam o questionário, composto apenas por pessoas que estavam em atendimento no nosso serviço e que consentiram participar, o que dificulta a generalização dos resultados. 7. CONCLUSÃO Podemos observar nos resultados uma maior freqüência de pacientes com diagnóstico clínico de AVE do tipo Isquêmico, do sexo feminino, média de idade de 55,4 e com maior porcentagem de dependência funcional (80%). Não houve correlação significativa entre tempo de lesão e idade comparados a qualidade de vida e com o escore total do Índice de Barthel. Em relação à EQVE/AVE foi possível observar o comprometimento na percepção da qualidade de vida de todos os domínios do questionário, destacando os aspectos da mobilidade, trabalho/produtividade, papéis sociais, função da extremidade superior e auto cuidado, o que pode ser justificado pela forma clínica do AVE apresentada, causando prejuízo na autonomia e independência. Observou-se uma correlação positiva entre a independência nas AVDS e a pontuação na EQVE/AVE, sugerindo que um trabalho de reabilitação voltado para a funcionalidade do indivíduo poderia melhorar a qualidade de vida desses pacientes. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRISQUETA- GOMES J, Santos FH.Reabilitação Neuropsicológica: da teoria a prática.Artes Médicas, São Paulo; 2006. ALONSO VK, Okaji SS, Pinheiro MT, Ribeiro, CM, Souza AVHP, Tanaka MJSS, et al. Análise Cinemética da Marcha em Pacientes Hemiparéticos. FisioBrasil, 2002. BOBATH B. Hemiplegia no Adulto: Avaliação e Tratamento. São Paulo:Manole;1980. BUSS PM. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva 2000 BRANCO, Daniel de Moraes, FRIEDRICH, Maurício. Derrame, 2005. CANEDA MA, Fernandes JG. Confiabilidade de Escalas de Comprometimento Neurológico em Pacientes com Acidente Vascular Cerebral; Arq Neuropsiquiatr 2006;64(3-A):690-697. CARR, Janet H.; SHEPHERD, Roberta B. Reabilitação neurológica: otimizando o desempenho motor. Barueri [SP]: Manole, 2008. CESARIO, CMM, Penasso P, Oliveira APR. Impacto da disfunção Motora na Qualidade de vida em pacientes com Acidente Vascular Encefálico. Ver Neurocienc, 2006. CORDINI, K.L, Oda, E.Y.; Furlanetto, L.M.Qualidade de vida de pacientes com história prévia de Acidente Vascular Encefálico: observação de casos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria.2005. COSTA AM, Duarte E. Atividade física e a relação com a qualidade de vida, de pessoas com seqüelas de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI). Rev Bras Cien Mov 2002 DAVIES PM. Passos a seguir: um manual para tratamento da hemiplegia no adulto. São Paulo, Manole, 1996. DELBONI MC, Malengo M, Camargo P, Schmidt EP. Relação entre os aspectos das alterações funcionais e seu impacto na qualidade de vida das pessoas com seqüelas de AVE. O mundo da saúde, São Paulo: 2010; p 165-175. FREITAS ED. Manual prático de reeducação motora de membro superior na hemiplegia: fundamentado no método Brunnstrom. São Paulo: Memnon;2000. 36 FONTES SV. Impacto da Fisioterapia em Grupo na Qualidade de Vida de Pacientes por AVCI (tese). São Paulo: UNIFESP, 2004. GUEDES PV, Mota EPO. Protocolo de Avaliação da Marcha para pacientes hemiplégicos após acidente vascular cerebral. Rev Reabilitar, 2000. GUNAYDIN R, KARATEPE AG, KAYA T, ULUTAS O. Determinants of quality of life (QoL) in elderly stroke patients: a short-term follow-up study. Arch Gerontol Geriatr. 2011 Jul-Aug;53(1):19-23 HAACKE C, ALTHAUS A, SPOTTKE A, SIEBERT U, BACK T, DODEL R. Longterm outcome after stroke: evaluating health-related quality of life using utility measurements. Stroke. 2006 Jan;37(1):193-8. MARTINS, Humberto Eustáquio Soares. Qualidade de Vida. Brasília, 2007. MILLER, Geoffrey; Clark, Gary D. Paralisias Cerebrais: Causas, Consequências e Conduta. São Paulo: Manole, 2002. MUNRO BH. Correlation. 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Rio de Janeiro, 2005. PEREIRA, S.et al. Acidente Vascular Cerebral Hospitalização Mortalidae e Prognóstico. Acta Medica De Portugal, 2004. PIRES SL, Gagliarde RJ, Gorzone ML. Estudo das Frequências dos principais fatores de risco para Acidente Vascular Cerebral Isquêmico em idosos. Arq Neuropsiquiatr, 2004. ROWLAND LP. Merrit. Tratado de Neurologia. 9. ed. Rio de Janeiro - Ed Guanabara Koogan, 1997. SOUZA SRS, Oliveira CA, Mizuta NA, Santos MH, Moreira AP. Reabilitação Funcional para Membros Superiores pós Acidente Vascular Encefálico. Rev Fisioterapia Brasil, 2003. UMPHRED, Darcy Ann; RIBEIRO, Lilia Breternitz. Fisioterapia Neurológica. 2.ed. São Paulo: Manole, 1994 VITIELLO APP, Ciríaco JGM, Takahashi DY, Nitrini R, Caramelli P. Avaliação Cognitiva Breve de Pacientes atendidos em ambulatórios de Neurologia Geral. Arq Neuropsiquiatr, 2007. 38 ANEXO I TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Avaliação da qualidade de vida e da funcionalidade nas atividades de vida diária no paciente com seqüelas de AVE. Eu,................................... ................................ ........................ ......................................, RG........................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade da(s) pesquisadora(s) Gianna Cannonieri e de Aline Palazi e Mariana F. Tavares do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco. Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que: 1 - O objetivo da pesquisa é verificar o grau de qualidade de vida e funcionalidade em paciente com AVE. 2- Durante o estudo será usado para avaliação: Será o índice de Barthel Modificado, o EQVE-AVE (questionário específico para avaliar a qualidade de vida no AVE) e uma ficha própria de avaliação do estudo. 3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa; 4- A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos à minha saúde física e mental, não sendo provável, também, que causem desconforto emocional . 5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que não me causará nenhum prejuízo; 6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada; 7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: 11 - 24548981; 8 - Poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo,Gianna Cannoniere , sempre que julgar necessário pelo telefone (11) 24548236 39 9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o pesquisador responsável. Bragança Paulista, ______ de ____________ de 2011 _____________________________ ASSINATURA _____________________ _____________________ Aline Palazi Mariana F. Tavares ________________________ Professora Gianna Cannonieri Orientadora responsável Tel: (11) 24548236 Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade São Francisco tel: (0xx11) 2454-8981/ (0xx11) 2454 40 ANEXOII Solicitação de Autorização para Realização de Pesquisa Científica na Clínica-escola de Fisioterapia da Universidade São Francisco Bragança Paulista Aline Palazi e Mariana Finger Tavares, acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Universidade São Francisco, vêm solicitar de Vossa Senhoria, autorização para realização de coleta de dados e trabalho de intervenção fisioterapêutica utilizando o EQVE-AVE (questionário específico para avaliar a qualidade de vida no AVE), o índice de Barthel Modificado e um ficha própria de avaliação do estudo em pacientes com Acidentes Vascular Encefáilico no período de Abril a Julho de 2011, por motivo de Trabalho de Conclusão de Curso. Esperando sua preciosa atenção, desde já agradecem e a esta subscrevem. ___________________________ Acadêmica: ___________________________ Acadêmica: ___________________________ Orientadora Temática: Professora Gianna Cannonieri Nonose Autorização: ___________________________ 41 ANEXO III Ficha de Identificação Pessoal Nome: Data de nascimento: Idade: Sexo: Gênero: Profissão: Data da avaliação: Data do incidente: Medicamentos: Antecedentes Familiares: Fatores de risco: ( ) hipertensão arterial ( ) alcoolismo ( ) outros ______________________ Tipo de AVE: ( ) Isquêmico ( ) Hemorrágico Hemicorpo acometido: ( ) Membro superior direito ( ) Membro superior esquerdo ( ) diabetes mellitus ( )estresse 42 Observações: ANEXO IV Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE (EQVE-AVE) OPÇÕES DE RESPOSTA –PONTUAÇÃO 1 2 3 Concordo inteiramente – 1 Não pude fazer de modo algum - 1 Ajuda Total - 1 Concordo mais ou menos – 2 Muita dificuldade – 2 Muita ajuda - 2 Nem concordo nem discordo – 3 Alguma dificuldade – 3 Alguma ajuda - 3 Discordo mais ou menos - 4 Um pouco de dificuldade – 4 Um pouco de ajuda - 4 Discordo inteiramente - 5 Nenhuma dificuldade mesmo -5 Nenhuma ajuda necessária - 5 Domínio - Itens Energia 1. Eu me senti cansado a maior parte do tempo. 2. Eu tive que parar e descansar durante o dia. 3. Eu estava cansado demais para fazer o que eu queria. Papéis Familiares 1. Eu não participei em atividades apenas por lazer/diversão com minha família. 2. Eu senti que era um fardo/peso para minha família. 3. Minha condição física interferiu com minha vida pessoal. Linguagem 1. Você teve dificuldade para falar? Por exemplo, não achar a palavra certa, gaguejar, não conseguir se expressar, ou embolar as palavras? 2. Você teve dificuldade para falar com clareza suficiente para usar o telefone? 3. Outras pessoas tiveram dificuldade de entender o que você disse? 4. Você teve dificuldade em encontrar a palavra que queria dizer? 5. Você teve que se repetir para que os outros pudessem entendê-lo? Mobilidade 1. Você teve dificuldade para andar? (Se o paciente não pode andar, vá para questão 4 e pontue as questões 2 e 3 com 1 ponto.) 2. Você perdeu o equilíbrio quando se abaixou ou tentou alcançar algo? 3. Você teve dificuldade para subir escadas? 4. Ao andar ou usar a cadeira de rodas você teve que parar e descansar mais do que gostaria? 43 5. Você teve dificuldade para permanecer de pé? 6. Você teve dificuldade para se levantar de uma cadeira? Humor 1. Eu estava desanimado sobre meu futuro. 2. Eu não estava interessado em outras pessoas ou em outras atividades. 3. Eu me senti afastado/isolado das outras pessoas. 4. Eu tive pouca confiança em mim mesmo. 5. Eu não estava interessado em comida. Domínio - Itens Opção Pontuação Personalidade 1. Eu estava irritável. (“Com os nervos à flor da pele”) 2. Eu estava impaciente com os outros. 3. Minha personalidade mudou. Auto-cuidado 1. Você precisou de ajuda para preparar comida? 2. Você precisou de ajuda para comer? Por exemplo, para cortar ou preparar a comida? 3. Você precisou de ajuda para se vestir? Por exemplo, para calçar meias ou sapatos, abotoar roupas ou usar um zíper? 4. Você precisou de ajuda para tomar banho de banheira ou chuveiro? 5. Você precisou de ajuda para usar o vaso sanitário? Papéis Sociais 1. Eu não saí com a freqüência que eu gostaria. 2. Eu dediquei menos tempo aos meus hobbies e lazer do que eu gostaria. 3. Eu não encontrei tantos amigos meus quanto eu gostaria. 4. Eu tive relações sexuais com menos freqüência do que gostaria. 5. Minha condição física interferiu com minha vida social. Memória / Concentração 1. Foi difícil para eu me concentrar. 2. Eu tive dificuldade para lembrar das coisas. 3. Eu tive que anotar as coisas para me lembrar delas. Função da Extremidade Superior 1. Você teve dificuldade para escrever ou digitar? 2. Você teve dificuldade para colocar meias? 3. Você teve dificuldade para abotoar a roupa? 4. Você teve dificuldade para usar o zíper? 5. Você teve dificuldade para abrir uma jarra? Visão 1. Você teve dificuldade em enxergar a televisão o suficiente para apreciar um programa? 2. Você teve dificuldade para alcançar as coisas devido à visão fraca? 44 3. Você teve dificuldade em ver coisas nas suas laterais/de lado? Trabalho / Produtividade 1. Você teve dificuldade para fazer o trabalho caseiro diário? 2. Você teve dificuldade para terminar trabalhos ou tarefas que havia começado? 3. Você teve dificuldade para fazer o trabalho que costumava fazer? Pontuação total: 45 ANEXO V ÍNDICE DE BARTHEL MODIFICADO Nome do paciente: _______________________________________________. Idade: ____________. Data do AVC: _______/_______/_______. Data de avaliação: ______/______/_______. Sexo ( )F ( )M Hemiplegia: __________________. Alimentação 1.Dependente precisa ser alimentado; 2.Assistência ativa durante toda tarefa; 3.Supervisão na refeição e assistência para tarefas associadas (sal,manteiga, fazer o prato); 4.Independente, exceto para tarefas complexas como cortar a carne e abrir leite; 5.Independente. Come sozinho, quando se põe a comida ao seu alcance. Deve ser capaz de fazer as ajudas técnicas quando necessário. Higiene pessoal 1. Dependente. Incapaz de encarregar-se da higiene pessoal; 2. Alguma assistência em todos os passos das tarefas; 3. Alguma assistência em um ou mais passos das tarefas; 4. Assistência mínima antes e/ou depois das tarefas; 5.Independente para todas as tarefas como lavar seu rosto e mãos pentear se, escovar os dentes, e fazer a barba. Inclusive usar um barbeador elétrico ou uma lamina, colocar a lamina ou ligar o barbeador, assim como alcançá-las no armário. As mulheres devem conseguir se maquiar e fazer penteados, se usar. Uso do banheiro 1.Dependente. Incapaz de realizar esta tarefa. Não participa; 2. Assistência em todos os aspectos das tarefas; 3.Assistência em alguns aspectos como nas transferências, manuseio das roupas, limparse, lavar as mãos; 4.Independente com supervisão. Pode utilizar qualquer barra na parede ou qualquer suporte se o necessitar. Uso de optou a noite, mas não e capaz de esvaziá-lo e limpa-lo. 5.Independente em todos os passos. Se for necessário o uso de urinol, deve ser capaz de colocá-lo, esvaziá-lo e limpa-lo. Banho 1.Dependente em todos os passos. Não participa; 2.Assistência em todos os aspectos; 3.Assistência em alguns passos como a transferência para lavar ou enxugar ou para completar algumas tarefas; 4.Supervisão para segurança, ajustar temperatura ou na transferência; 46 5.Independente. Deve ser capaz de executar todos os passos necessários sem que nenhuma outra pessoa esteja presente. Continência do esfíncter anal 1.Incontinente; 2.Assistência para assumir a posição apropriada e para as técnicas facilitatórias de evacuação; 3.Assistência para uso das técnicas facilitatória e apara limpar-se. Freqüentemente tem evacuações acidentais; 4.Supervisão ou ajuda para por o supositório ou enema. Tem algum acidente ocasional; 5.O paciente e capaz de controlar o esfíncter anal sem acidentes. Pode usar um supositório ou enzimas quando for necessário. Continência do esfíncter vesical 1.Incontinente. Uso do esfíncter interno; 2.Incontinente, mas capaz de ajudar com um dispositivo interno ou externo; 3.Permanece seco durante o dia, mas a noite, necessita de assistência de dispositivos; 4.Tem apenas acidentes ocasionais. Necessita de ajuda para manusear o dispositivo interno ou externo (sonda ou cateter); 5.Capaz de controlar seu esfíncter de dia e de noite. Independente no manejo dos dispositivos internos e externos. Vestir-se 1.Incapaz de vestir-se sozinho. Não participa da tarefa; 2.Assistência em todos os aspectos, mas participa de alguma forma; 3.Assistência e requerida para colocar e/ou remover alguma roupa; 4.Assistência apenas para fechar botões, zíperes, amarrar sapatos, sutiã, etc.; 5.O paciente pode vestir-se, ajustar-se e abotoar toda a roupa e dar laço (inclui o uso de adaptações). Esta atividade inclui o colocar de órteses. Podem usar suspensórios, calçadeiras ou roupas abertas. Transferências (cama e cadeira) 1.Dependente. Não participa da transferência. Necessita de ajuda (duas pessoas); 2.Participa da transferência, mas necessita de ajuda máxima em todos os aspectos da transferência; 3.Assistência em alguns dos passos desta atividade; 4.Precisa ser supervisionado ou recordado de um ou mais passos 5.Independente em todas as fases desta atividade, o paciente pode aproximar-se da cama (com sua cadeira de rodas), bloquear a cadeira, levantar os pedais, passar de forma segura para a cama, virar-se, sentar-se na cama, mudar de posição a cadeira de rodas, se for necessário para voltar e sentar-se nela e voltar a cadeira de rodas. Subir e descer escadas 1.Incapaz de usar degraus; 2.Assistência em todos os aspectos; 3.Sobe e desce, mas precisa de assistência durante alguns passos da tarefa; 4.Necessita de supervisão para segurança ou em situação de risco; 5.Capaz de subir e descer escadas de forma segura e sem supervisão. Pode usar corrimão, bengalas e muletas, se for necessário. Deve ser capaz de levar o auxilio tanto ao subir quanto ao descer. 47 Deambulação 1.Dependente na deambulação. Não participa; 2.Assistência por uma ou mais pessoas durante toda a deambulação; 3.Assistência necessária para alcançar apoio e deambular; 4.Assistência mínima ou supervisão nas situações de risco ou período durante o percurso de 50 metros; 5.Independente. Pode caminhar, ao menos 50 metros, sem ajuda ou supervisão. Pode usar órtese, bengalas, andadores ou muletas. Deve ser capaz de bloquear e desbloquear as órteses, levantar-se e sentar-se utilizando as correspondentes ajudas técnicas e colocar os auxílios necessários na posição de uso. Manuseio da cadeira de rodas 1.Dependente na ambulação em cadeira de rodas; 2.Propulsiona a cadeira por curtas distancias, superfícies planas. Assistência em todo o manejo da cadeira; 3.Assistência para manipular a cadeira para a mesa, cama, banheiro, etc.; 4.Propulsiona em terrenos irregulares. Assistência mínima em subir e descer degraus, guias; 5.Independente no uso de cadeira de rodas. Faz as manobras necessárias para se deslocar e propulsiona a cadeira por pelo menos 50 metros. Pontuação do Índice de Barthel Modificado Item Higiene Pessoal Banho Alimentação Toalete Subir escadas Vestuário Controle de Bexiga Controle intestino Deambulação Ou cadeira de rodas* Transferência cadeira/cama Incapaz de realizar a tarefa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Requer ajuda substancial 1 1 2 2 2 2 2 2 3 1 3 Requer moderada ajuda 3 3 5 5 5 5 5 5 8 3 8 Requer mínima Ajuda 4 4 8 8 8 8 8 8 12 4 12 Totalmente Independente 5 5 10 10 10 10 10 10 15 5 15 100