ALTÉIA Althaeae radix Althaea officinalis L. – MALVACEAE A droga consiste de fragmentos de raízes dessecados, mondados ou não, desprovidos de ramificações laterais. CARACTERES ORGANOLÉPTICOS Odor doce e insípido. Sabor mucilaginoso e adocicado. DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA A raiz não mondada é cilíndrica, ligeiramente retorcida e sulcada longitudinalmente, com até 20,0 cm de comprimento e até 2,0 cm de espessura. A superfície externa é pardo-grisácea e apresenta numerosas cicatrizes das raízes laterais. A fratura é fibrosa na porção externa e irregular e granulosa internamente. Na secção transversal são visíveis camadas concêntricas do córtex pardacento e sua estrutura estratificada, separado por uma faixa cambial bem marcada, sinuosa e escura, seguida pelo cilindro central branco a creme-amarelado, mostrando xilema com estrutura radial, especialmente após hidratação em água e com auxílio de lente. A raiz mondada é quase cilíndrica e a face externa tem cicatrizes escuras originadas pelas raízes laterais e apresenta coloração amarelo-esbranquiçada. Geralmente está fragmentada e mostra porções de fibras dispostas longitudinalmente ou desprendidas dos restos do córtex e, por vezes, as três regiões descritas são visíveis. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA A raiz não mondada, em vista frontal, apresenta súber com células poliédricas de paredes retilíneas. Em secção transversal, são distintas três regiões: o córtex, de coloração parda, o câmbio vascular de coloração amarelada e o cilindro central, de coloração esbranquiçada. O córtex apresenta súber pouco desenvolvido, constituído por células geralmente tabulares e irregulares, de diferentes tamanhos, de paredes delgadas e retilíneas, dispostas em fileiras e ricas em grãos de amido. Em secção transversal, o parênquima cortical apresenta células de variadas formas, geralmente poliédricas e volumosas, com paredes delgadas e retilíneas, repletas de grãos de amido. O parênquima cortical externo possui células de maior volume do que as do parênquima cortical interno. Agrupamentos irregulares de fibras do floema, com variado número de células, mostrando paredes pouco espessadas, encontram-se dispostos aleatoriamente, em grande quantidade na porção mais interna do córtex. Células condutoras do floema muito raramente são observadas. Os raios parenquimáticos distribuem-se desde o córtex interno até o cilindro central e são constituídos por poucas fileiras de células, raramente várias, comumente pequenas, alongadas longitudinalmente e de paredes retilíneas. O câmbio possui várias camadas de células de reduzido tamanho, a maioria achatada longitudinalmente, de paredes muito delgadas, dispostas em fileiras, sendo facilmente distintas as iniciais fusiformes e as radiais. O cilindro central é muito desenvolvido, está formado por xilema que apresenta parênquima com células variadas tanto na forma quanto no volume, repletas de grãos de amido, de disposição um tanto regular, com paredes retilíneas, delgadas e com espaços intercelulares visíveis. Os elementos condutores formam agrupamentos irregulares quanto ao número de elementos, são alinhados longitudinalmente e muitas vezes estão associados a pequenas células parenquimáticas. Estes agrupamentos são menos desenvolvidos e de distribuição mais irregular junto ao câmbio. Mais internamente mostram disposição anelar, sendo variado o número de anéis. Agrupamentos de fibras e, por vezes, fibras isoladas são encontrados por todo o cilindro central em quantidade bem menor quando comparado com o córtex. Ocorrem também junto ao xilema primário, quando presente. As raízes que apresentam medula sólida possuem xilema primário, formado por elementos de pequeno calibre, associados a células parenquimáticas arredondadas e de reduzido tamanho, não ocorrendo agrupamentos de fibras neste tecido. Algumas raízes podem apresentar a região medular preenchida por parênquima, composto por células de grande volume, com menor quantidade de grãos de amido e espaços intercelulares mais reduzidos do que os dos demais parênquimas. Nestas raízes, os resíduos de arcos de xilema são visíveis e também estão associados a parênquima de células pequenas. Grãos de amido simples, de variadas formas, freqüentemente arredondados, ovóides ou reniformes, com hilo geralmente central e ramificado, raramente excêntrico, ou raramente grãos compostos, muitas vezes mostrando lamelação, ocorrem em grande quantidade em todos os tecidos, exceto no parênquima medular. Cristais de oxalato de cálcio, do tipo drusa, com diferentes tamanhos são muito comuns no córtex e no cilindro central. Células contendo mucilagem freqüentemente ovaladas ou arredondadas, podendo apresentar maior volume do que as demais parenquimáticas, com protoplasto denso e escuro, também ocorrem no córtex e no cilindro central, exceto no parênquima medular. Raízes mondadas podem não apresentar súber e parênquima cortical externo. Raízes em estágio de crescimento primário caracterizam-se como pentarcas. Com a adição de azul de toluidina os elementos de vaso adquirem coloração azul intenso, as fibras coram de azul-claro e as células contendo mucilagem, de violeta. Devido à grande quantidade de grãos de amido e de células contendo mucilagem há dificuldade na confecção de lâminas histológicas utilizando-se material hidratado. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA DO PÓ O pó atende a todas as exigências estabelecidas para a espécie, menos os caracteres macroscópicos. A observação microscópica do pó torna-se mais clara, quando utilizado hidrato de cloral. São característicos: coloração branca a branco-amarelada, quando proveniente de raízes mondadas ou pardo-acinzentada quando proveniente de raízes não mondadas; fragmentos de súber, em secção transversal, mostrando células retangulares e achatadas longitudinalmente; fragmentos de súber, em secção transversal, mostrando células quadrangulares; fragmentos de súber, em secção transversal, contendo idioblastos cristalíferos; fragmentos de súber, em secção transversal, com células retangulares e achatadas longitudinalmente, contendo idioblastos cristalíferos e grãos de amido; fragmentos de súber, em vista frontal, contendo grãos de amido; fragmentos de súber, em secção transversal, com células retangulares e achatadas longitudinalmente, repletas de grãos de amido; fragmentos de parênquima, em vista frontal, contendo células com mucilagem e muitos grãos de amido; fragmentos de parênquima, em vista frontal, mostrando idioblastos cristalíferos e células repletas de grãos de amido; fragmentos de parênquima, em secção transversal, contendo grãos de amido; fragmentos de parênquima, em secção transversal, contendo idioblastos cristalíferos; fragmentos de parênquima, em secção transversal, com células contendo mucilagem e grande quantidade de grãos de amido; fragmentos de raio parenquimático, em secção longitudinal, mostrando células parenquimáticas e fibras; células parenquimáticas isoladas, repletas de grãos de amido e/ou contendo cristais; fragmentos de raio parenquimático, em secção transversal, com células contendo grãos de amido; fragmentos de xilema, em secção longitudinal, mostrando elemento de vaso com espessamento reticulado associado a fibras e a parênquima; fragmentos de xilema, em secção longitudinal, mostrando elementos de vaso com espessamento reticulado, fibras e parênquima em secção transversal e com grãos de amido; fragmentos de xilema, em secção longitudinal, mostrando elementos de vaso com espessamento reticulado e com espessamento pontoado, associados a células parenquimáticas repletas de grãos de amido; fragmentos de xilema, em secção longitudinal, mostrando elementos de vaso com espessamento reticulado e com espessamento pontoado, associados a células parenquimáticas, repletas de grãos de amido; porções de elemento de vaso com espessamento helicoidal, em secção longitudinal; elementos de vaso em secção transversal, associados à células parenquimáticas repletas de grãos de amido; porções de elementos de vaso com espessamento reticulado, em secção longitudinal; fragmentos de fibras, em secção longitudinal associados a células parenquimáticas do xilema; fragmentos de feixes de fibras, em secção longitudinal, contendo grãos de amido; fragmentos de feixe de fibras, em secção longitudinal, associados a células do raio parenquimático; fragmentos de agrupamentos de fibras, em secção transversal; fragmentos de agrupamentos de fibras, em secção transversal; fibras ou porções destas, em secção longitudinal, isoladas e/ou agrupadas; grãos de amido, em vista frontal, simples ou compostos, isolados ou agrupados em pequeno número; agrupamentos formando grumos de grãos de amido, em vista frontal; mucilagem desprendida das células; células isoladas contendo mucilagem; I. cristais de oxalato de cálcio do tipo drusa, isolados. IDENTIFICAÇÃO Proceder conforme descrito em Cromatografia em camada delgada (V.2.17.1), utilizando sílicagel GF254, com espessura de 0,25 mm, como suporte, e mistura de acetato de etila, metiletilcetona, ácido fórmico e água (50:30:10:10), como fase móvel. Aplicar, separadamente, à placa, em forma de banda, 20 µl de cada uma das soluções, recentemente preparadas, descritas a seguir. Solução (1): pesar 1 g da amostra, adicionar 10 ml de metanol, aquecer em banho-maria durante 15 minutos. Filtrar. Solução (2): dissolver, 2,5 mg de rutina e 1 mg de ácido clorogênico em 10 ml de metanol. Desenvolver o cromatograma. Remover a placa, deixar secar ao ar. Em seguida, nebulizar a placa com solução de difenilborato (Reagente Natural A) 1% (p/V) em metanol e observar sob luz ultravioleta (365 nm). A solução (1), quando visualizado sob luz ultravioleta (365 nm) apresenta três manchas de coloração azul fluorescente, com Rf aproximados de 0,28; 0,42 e 0,97. Uma mancha é observada abaixo da mancha correspondente a da solução (2) (Rf aproximado de 0,42) de coloração laranja e as outras duas acima, uma na região mediana do cromatograma e a outra próximo do fronte. ENSAIOS DE PUREZA Material estranho (V.4.2.2). No máximo 2,0% de elementos de cor castanho. No máximo 2,0% de elementos do súber (raiz mondada). Determinação de água (V.4.2.3). No máximo 12,0%. Determinar em 1 g da amostra moída (710), em estufa a 100 °C a 105 °C, durante 2 horas. Cinzas totais (V.4.2.4). No máximo, 6,0% na raiz mondada. No máximo, 8,0% na raiz não mondada. DETERMINAÇÕES ESPECÍFICAS Determinação do índice de intumescência (V.4.2.12). No mínimo 10,0. Proceder conforme descrito em Determinação do índice de intumescência (V.4.2.12), utilizando 1 g da droga moída (710), umedecida com 1 ml de etanol. Esta mucilagem é constituída por ácido D-galacturônico e D-galactose. EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO Protegido da luz. Legenda: Figura 1. Althaea officinalis L. A. aspectos gerais de raízes não mondadas; fb: fibra; B. aspectos gerais de raízes mondadas; fb: fibra; rzl: raiz lateral; C. vista frontal do súber externo de uma raiz não mondada; ga: grão de amido; D. vista frontal do súber interno de uma raiz mondada; E. representação esquemática de uma raiz não mondada, em secção transversal; ca: câmbio; cc: cilindro central; cx: córtex; el: elemento traqueal; ela: elementos traqueais com disposição anelar; f: floema; fb: fibra; rp: raio parenquimático; su: súber; xp: xilema primário; xs: xilema secundário; F. representação esquemática de uma raiz não mondada, em secção transversal; ca: câmbio; cc: cilindro central; cx: córtex; el: elemento traqueal; ela: elementos traqueais com disposição anelar; f: floema; fb: fibra; pm: parênquima medular; rp: raio parenquimático; su: súber; xs: xilema secundário; G. representação esquemática de uma raiz mondada, em secção transversal; ca: câmbio; cc: cilindro central; cx: córtex; el: elemento traqueal; ela: elementos traqueais com disposição anelar; f: floema; fb: fibra; pm: parênquima medular; rp: raio parenquimático; rs: restos de súber; xs: xilema secundário. As escalas correspondem em A e B a 2,0 cm (régua 1); em C e D a 100 µm (régua 2); em E e F a 1,0 mm (régua 3); em G a 1,0 mm (régua 4). Figura 2. Althaea officinalis L. A. detalhe parcial do súber, em secção transversal, de uma raiz não mondada; ga: grão de amido; B: detalhe parcial de uma raiz mondada, em secção transversal; B1. detalhe parcial do córtex, câmbio e porção externa do cilindro central; ca: câmbio; cc: cilindro central; cfl: células condutoras do floema; cm: célula contendo mucilagem; cx: córtex; ei: espaço intercelular; ev: elemento de vaso; f: floema; fb: fibra; ic: idioblasto cristalífero; ga: grão de amido; gac: grão de amido composto; rp: raio parenquimático; p: parênquima; xs: xilema secundário; B2. continuidade do detalhe parcial de B1, mostrando porção interna do cilindro central; cc: cilindro central; cm: célula contendo mucilagem; ei: espaço intercelular; ev: elemento de vaso; fb: fibra; ic: idioblasto cristalífero; ga: grão de amido; rp: raio parenquimático; p: parênquima; xp: xilema primário; xs: xilema secundário. A escala corresponde a 100 µm . Figura 3. Althaea officinalis L. Detalhes do pó: A. fragmentos de súber; A1 - fragmento de súber, em secção transversal, mostrando células retangulares e achatadas longitudinalmente; A2 fragmento de súber, em secção transversal, mostrando células quadrangulares; A3 - fragmento de súber, em secção transversal, contendo idioblastos cristalíferos; ic: idioblasto cristalífero; A4 fragmento de súber, em secção transversal, com células retangulares e achatadas longitudinalmente, contendo idioblastos cristalíferos e grãos de amido; ga: grão de amido; ic: idioblasto cristalífero; A5 – fragmento de súber, em vista frontal, contendo grãos de amido; ga: grão de amido; A6 fragmento de súber, em secção transversal, com células retangulares e achatadas longitudinalmente, repletas de grãos de amido; ga: grão de amido; B. fragmentos de parênquima; B1 - fragmento de parênquima, em vista frontal, contendo células com mucilagem e muitos grãos de amido; ga: grão de amido; cm: célula contendo mucilagem; B2 - fragmento de parênquima, em vista frontal, mostrando idioblastos cristalíferos e células repletas de grãos de amido; ga: grão de amido; ic: idioblasto cristalífero; B3 – fragmento de parênquima, em secção transversal, contendo grãos de amido; ga: grão de amido; B4 - fragmento de parênquima, em secção transversal, contendo idioblastos cristalíferos; ic: idioblasto cristalífero; B5 - fragmento de parênquima, em secção transversal, com células de mucilagem e com muitos grãos de amido; ga: grão de amido; mu: mucilagem; B6 - fragmento de raio parenquimático, em secção longitudinal, mostrando células parenquimáticas e fibras; crp: célula do raio parenquimático; fb: fibra; p: parênquima; B7- células parenquimáticas isoladas, contendo grãos de amido e cristais de oxalato de cálcio do tipo drusa ou repletas de grãos de amido; cd: cristal do tipo drusa; ga: grão de amido; B8 - fragmento de raio parenquimático, em secção transversal, com células contendo grãos de amido; ga: grão de amido; C. fragmentos de xilema; C1 - fragmento de xilema, em secção longitudinal, mostrando elemento de vaso com espessamento reticulado associado a fibras e a parênquima; ere: elemento de vaso com espessamento reticulado; fb: fibra; ga: grão de amido; parênquima; C2 - fragmento de xilema, em secção longitudinal, mostrando elemento de vaso com espessamento reticulado, fibras e parênquima em secção transversal e com grãos de amido; ere: elemento de vaso com espessamento reticulado; fb: fibra; ga: grão de amido; p: parênquima; C3 - fragmento de xilema, em secção longitudinal, mostrando elementos de vaso com espessamento reticulado e com espessamento pontoado, associados a células parenquimáticas, repletas de grãos de amido; epo: elemento de vaso com espessamento pontoado; ere: elemento de vaso com espessamento reticulado; ga: grão de amido; p: parênquima; C4 – porções de elemento de vaso com espessamento helicoidal, em secção longitudinal; C5 - elementos de vaso em secção transversal, com grãos de amido; ga: grão de amido; C6 - porções de elementos de vaso com espessamento reticulado, em secção longitudinal; D. fragmentos de fibras; D1 - fragmento de fibras, em secção longitudinal associados a células parenquimáticas do xilema; fb: fibra; px: parênquima do xilema; pto: pontoação; D2 - fragmento de feixes de fibras, em secção longitudinal, contendo grãos de amido; ga: grão de amido; D3 fragmentos de feixe de fibras, em secção longitudinal, associados a células do raio parenquimático; crp: célula do raio parenquimático; fb: fibra; ga: grão de amido; D4 – fibras ou porções destas, isoladas ou agrupadas, em secção longitudinal; ga: grão de amido; D5 - fragmento de agrupamento de fibras, em secção transversal; E. grãos de amido, em vista frontal, simples ou compostos, isolados ou agrupados em pequeno número; gac: grão de amido composto; ga: grão de amido; F. agrupamentos formando grumos de grãos de amido, em vista frontal; G. mucilagem desprendida das células; H. células isoladas contendo mucilagem; mu: mucilagem; I. cristais de oxalato de cálcio do tipo drusa, isolados. A escala corresponde a 100 µm. Figura 1. Althaea officinalis L. Figura 2. Althaea officinalis L. Figura 3. Althaea officinalis L.