Nome: André Maia Medeiros Farias. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) – 2013. Curso: O(s) uso(s) de documentos de arquivo na sala de aula. Seqüência didática. Tema: Imigração italiana. Justificativa: São Paulo tem uma tradição de uma cidade formada por imigrantes trabalhadores europeus. Desses imigrantes, os italianos, sem dúvida são os que têm mais destaque não só pela historiografia tradicional, mas na cultura paulistana. Minha proposta é desconstruir essa idéia e colocar redirecionar o olhar para outro personagem que a historiografia tradicional, praticamente apaga da São Paulo do fim do século XIX inicio do século XX: o ex-escravo. Para tanto, utilizarei a documentação contida no kit pedagógico, fazendo um contra ponto com o livro: “Nem tudo era italiano” de Carlos José Ferreira dos Santos. O foco de estudo para o 2° ano do ensino médio é o século XIX, a imigração é um processo que se inicia no fim do século XIX e começo do século XX. De modo que é um assunto ótimo para ser levantado no fim do segundo ano, visando uma maior argumentação dos alunos, quando estes estiverem no 3° ano do médio. Objetivo: Essa seqüência didática tem o objetivo de promover uma discussão do tema com os alunos, para que os mesmos no fim da seqüência consigam perceber que a cidade de São Paulo é uma pluralidade de culturas e que os exescravos possuem uma participação importante para a São Paulo do século XX. Componente curricular: Imigração, a mudança de mão de obra na cidade após abolição de 1890 a 1910. Ano (série): 2° ensino médio. 1 Tempo previsto: Quatro aulas. 1° Contextualização do tema. Partindo do pré-suposto que o conceito de imigração já foi trabalhado de um modo geral, essa aula será a primeira na qual a imigração italiana será trabalhada. Essa aula, o professor deverá levantar questionamentos a respeito da formação da cidade de São Paulo. Seguem algumas sugestões: Porque há um time de futebol brasileiro com origens italianas? O time em questão é o Palmeiras. Porque tantas pessoas de um nome de origem italiana? Normalmente em cada sala, há um aluno que se não possui um sobrenome italiano, seu primeiro nome tem essa origem. Porque usamos tantos gestos enquanto falamos? O uso de gestos em geral quando o paulistano está se expressando, tem origem no imigrante italiano. Após as perguntas serem respondidas, cabe ao professor contextualizar a imigração como um produto de um período em que era necessária uma mão de obra “qualificada” e que posteriormente é o elemento estrangeiro que “melhora” a raça brasileira. Ou seja, essa aula expositiva, pautada na lógica da historiografia tradicional. 2° Execução da atividade 1. Depois que os alunos concluem a analise do documento, cabe ao professor a iniciar a descontração do papel do imigrante. Já que a abordagem da primeira aula privilegia a historiografia clássica, agora é possível começar a mudar o foco. Se o governo brasileiro que tem o discurso, através da propaganda, de que o solo de São Paulo é um lugar oportuno, quem gera as oportunidades? Quem paga a passagem do imigrante? É qualquer estrangeiro o publico alvo? Com essas perguntas começasse a indagar os alunos sobre o papel dos exescravos. Porque eles são cogitados como mão de obra? Quais atividades eles realizam? 2 Aqui a aula expositiva tem o objetivo de mostra o papel do ex-escravo e como se dá a relação deles com os imigrantes. 3° Execução das atividades 2 e 3. O resultado desejado para os alunos após as atividades é que eles percebam que há uma diferença entre o que o governo promete aos imigrantes através da propagando e o que se verifica na realidade. O imigrante tem dois papeis na sociedade do século XX, ser uma mão de obra barata e dificultar a permanecia do ex-escravo na cidade. Através de uma breve exposição, o professor deve trazer a questão de porque existe a “necessidade” de colocar a figura do negro em segundo plano na sociedade paulistana. 4° Fechamento do assunto. O professor deve fazer o contraponto entre a historiografia tradicional, que exalta a figura do imigrante e a nova historiografia que possui uma visão critica sobre os reais motivos da escolha da mão de obra imigrante. Bem como ressaltar que a figura do ex-escravo não foi expulsa da lógica organizacional da sociedade paulista do inicio do século XX, mas que esses sujeitos ocuparam trabalhos de menos prestigio, porem serviços indispensáveis para a sociedade. Bibliografia: Nem tudo era italiano - Carlos José Ferreira dos Santos. Atividades: 1) Análise de fonte 1 (Anexo 1). Do que se trata a fonte? Dá onde foi retirada? Quem lia? Qual o objetivo o autor queria com seu discurso? Quem encomendou esse documento? Identifique através dos discursos na fonte o porquê do imigrante muda de pais? Destaque esse fragmento. 3 2) Análise de fonte 2 e 3 (Anexo 2 e 3). Do que se trata a fonte? O que é relatado? O que é solicitado pelo autor? Existe alguma diferença entre o discurso presente na fonte 1 e as fontes 2 e 3? 3) Após analisar os fragmentos abaixo, argumente sobre o papel dos exescravos e como é a visão que o governo tem sobre a figura do imigrante em relação ao ex-escravo na sociedade paulista do fim do século XIX e inicio do século XX. “ainda que não existam preconceitos de raça no Brasil, segundo as informações de nossos camaradas, uma coisa logo chama a atenção (...) Os coolies brasileiros, os trabalhadores da estiva, os homens de trabalho pesado, são todos homens de cor, enquanto que os comissários, os contramestres, aqueles que manejam a pena e os funcionários, as mulheres bem vestidas etc. são todos brancos” (Jules Droz, delegado da Internacional Comunista na América Latina. 1929) “Enorme vantagem tem trazido para o crescimento vegetativo da população de São Paulo a fixação do elemento estrangeiro.” (Anuário Estatístico da Seção de Demografia – 1902 p.103) “Isto é tem reproduzido sempre em São Paulo, desde que a sua colonização pelo elemento italiano se acentuou, trazendo para esta cidade força e energia nova, levantando seu progresso e concorrendo para o seu grau de civilização.” (Anuário Estatístico da Seção de Demografia – 1910 p.40) “Mesmo o progresso de São Paulo é evidentemente devido à influência do elemento estrangeiro, que concorre com seu espírito adiantado para a multiplicação de nossa população.” (Anuário Estatístico da Seção de Demografia – 1911 p.9) Anexos: 4 Anexo 1. O IMMIGRANTE. O Immigrante, São Paulo, n. 1, ano 1, p. 1, jan. 1908. Apesp. 5 Anexo 2. SÃO PAULO (Estado). Carta de Frau Vorbeck ao Imperial Consulado Alemão, de 20 de Abril de 1909. Apesp: Fundo da Secretária de Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Seção Inspetoria de Colonização e Imigração. (Anexo VII). 6 Anexo 3. PIRES, José. Requerimento à Directoria de Terras, Colonisação e Immigração da Secretaria da Agricultura. São Paulo, 9 abr. 1924. Acervo APESP. Fundo Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. C7572 7