ANÁLISE DE LIGAÇÕES “K” EM PERFIS METÁLICOS TUBULARES ANALYSIS OF TUBULAR “K” STEEL CONNECTIONS Iara Mapa Souto Mayor (1); Marcilio S. R. Freitas (2); João Alberto Venegas Requena (3); Afonso Henrique M. de Araújo (4); Arlene M. S. Freitas (2) (1) Mestre, Programa de pós-graduação em engenharia civil – PROPEC-DECIV/EM/UFOP (2) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil/ EM/UFOP (3) Professor Doutor, FEC/Unicamp (4) Engenheiro civil, Vallourec Mannesmann do Brasil [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo Neste trabalho é apresentado um estudo de ligações soldadas do tipo “K” com afastamento das barras, formadas por perfis tubulares estruturais de aço sem costura, com seção transversal retangular no banzo e circular nos demais membros. Para este estudo foram desenvolvidas análise experimental, teórica e numérica das ligações. As análises teóricas foram realizadas a partir das prescrições de norma. A análise numérica em elementos finitos foi realizada a partir dos resultados obtidos nos ensaios experimentais. O modelo foi constituído de forma que representasse o comportamento e a capacidade de carga das ligações ensaiadas experimentalmente. As ligações ensaiadas apresentaram como modo de falha a “Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo, junto com as diagonais ou montantes”. A comparação dos resultados indicaram que a relação entre as cargas experimentais e as de projeto, obtidas pelas prescrições do Eurocode 3, possuem boa correlação. Os resultados obtidos pelos modelos numéricos apresentam uma boa convergência quando comparados com os resultados experimentais. Palavra-chave: estruturas metálicas, estruturas tubulares, ligações Abstract This work presents a study of welded "K" joints with a "gap", formed by a structural steel hot rolled hollow section, having rectangular hollow sections at the chords and circular hollow sections in the others members. The study developed theoretical and numerical analyses for the joints, experimental tests in full scale prototypes. The results for behavior, ultimate load, and collapse mode were analyzed and compared with numerical and theoretical models. The theoretical analysis was carried out from the codes prescriptions. The numerical analysis finite element methods involved the results obtained in experimental results. The model represents the behavior and load capacity of the tested joints. The joints tested indicated the failure mode "Plastic failure of the chord face". The results showed that the loads using Eurocode, and the ones from the experiment had good correlation. The numerical results compared with experimental test had good correlation. Keywords: Steel structures, tubular structures, connections ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 1. INTRODUÇÃO A utilização de perfil de seção transversal tubular na construção metálica encontra-se em crescimento no Brasil devido a vantagens, tais como, alta resistência a torção, a cargas axiais e aos efeitos combinados. Associado às vantagens, encontram-se os aspectos de arrojo e modernidade que propiciam diversidades de projetos (Gerken 2003). Quando consideramos sistemas treliçados, dependendo das necessidades construtivas, diferentes tipos de ligações podem ser utilizados nesse sistema estrutural, resultando no tipo de treliça a ser usada (Freitas, Requena 2009). A escolha do tipo da ligação depende de fatores como: arquitetônicos, facilidade de fabricação, vão livre a ser vencido. Há ainda a possibilidade de utilizar banzos em seções tubulares circulares ou retangulares associados com diagonais e montantes com perfis retangulares ou circulares (Wardenier, 2000). Nesse trabalho tem-se o estudo de ligações tipo “K” com afastamento considerando que o banzo é em perfil tubular retangular e a diagonal em perfil circular. Uma representação da tipologia utilizada nas ligações como as do tipo “T”, “K” e “KT” com afastamento em sistemas treliçados planos pode ser vista na Figura 1. Fig. 1. Treliça apresentando as ligações do tipo “K”, “KT” e “T”com afastamento (Freitas, Mendes, Freitas 2008). A seguir é apresentada a avaliação teórica de ligação tipo “K” com afastamento a partir de prescrições de norma. O programa experimental desenvolvido envolve ensaios de 3 protótipos (Mayor 2010) e os resultados dos ensaios são analisados conjuntamente com os realizados por Mendes (2008). Com relação ao modelo numérico, foi utilizada a modelagem apresentada por Mendanha (2006) e comparados com os testes apresentados neste trabalho. 2. AVALIAÇÃO TEÓRICA - PRESCRIÇÕES DE NORMA Os estudos realizados neste trabalho utilizam as prescrições previstas pelo CIDECT (1996), Eurocode 3 (2005) e Rautaruuki (1998) os quais apresentam formulações e restrições para o dimensionamento de ligações em treliças formadas por perfis tubulares com diferentes configurações, baseando a resistência última em vários modos de falha da ligação. No caso das ligações estudadas neste trabalho, ligações “K” com afastamento e formadas por banzos retangulares e diagonais circulares, entre os modos de falha possíveis ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 para a ligação (modos A a E (Eurocode, 2005)) pode-se ter os modos listados a seguir e ilustrados na Figura 2: Modo A: Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo junto com as diagonais ou montantes; Modo C: Plastificação ou instabilidade por cisalhamento do banzo junto a diagonais ou montantes; Modo D: Ruptura por punção da parede do banzo na área de contato com as diagonais ou montantes; Modo E: Ruptura por concentração de tensão de diagonais ou montantes na região da solda ou da própria solda; Modo de falha C Modo de falha A Modo de falha D Modo de falha E Fig. 2. Modos de falha em ligações entre perfis tubulares retangulares. (Mayor, 2010). As ligações tipo “K”, denominadas com afastamento, são aquelas em que há distância entre os elementos das diagonais, sendo esta distância indicada pela letra “g” (gap). Na Figura 3 tem-se a indicação do gap e da nomenclatura utilizada para as ligações tipo “K”. Fig. 3. Ligação tipo “K” com afastamento (Mayor, 2010). ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 No caso da ligação com afastamento a excentricidade, denominada por “e”, pode ser classificada como positiva, nula ou negativa. Ela é positiva quando o ponto de interseção das linhas médias das diagonais estiver abaixo da linha média do banzo, já a excentricidade negativa ocorre quando esse ponto for acima da linha média do banzo, e neutra quando estiver na linha média. As excentricidades “e” e uma ligação tipo “K” com afastamento pode ser calculada por: d1 sin1.sin 2 h 0 d2 e = + g 2sin1 2sin 2 sin(1 2 ) 2 (1) onde: d1, d2 = diâmetro das diagonais 1 e 2, respectivamente; 1 e 2 = ângulo entre o banzo e as diagonais 1 e 2, respectivamente; h0 = altura do banzo. Se for verificada a existência de excentricidade na ligação ocorrerá, o surgimento do momento fletor que é transmitido para os membros da ligação. Contudo, o momento fletor pode ser desprezado se estiver dentro dos limites estabelecidos pelas prescrições do Eurocode 3 (2005) e do CIDECT (1996), como mostrado na equação 2 para banzos retangulares. -0,55h0 ≤ e ≤ 0,25h0 (2) Caso o valor da excentricidade esteja dentro do limite citado anteriormente é necessário fazer a distribuição de momento gerado por “e” entre os elementos que compõem a ligação, de acordo com a razão entre a inércia do perfil considerado ”I” e do comprimento do membro ”L”, conforme o item 5.1.5 (6) do Eurocode 3 (2005) e o CIDECT (1996). 1.2.1 Verificação da Resistência da Ligação A resistência de projeto de uma ligação deve ser tomada como o valor mínimo calculado para todos os critérios de modo de falha relacionados a seguir e de acordo com a nomenclatura da Figura 3. a) Verificação quanto à plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo, junto com as diagonais e montantes (Modo A). 8,9kn f y0t02 d1 d 2 (3) (i 1 ou 2) seni 2b0 Ni,Rd é a carga aplicada nas diagonais necessária para ocorrer o escoamento do banzo. 0,4n Para n 0 : kn 1,3 N i,Rd onde : Para n 0 : k n 1,0 n σ0,Sd /(f y0 ) , sendo 0,Sd determinado considerando sinal compressão e fy0 a tensão de escoamento do banzo. γ= negativo para b0 2t 0 ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 β= d1 + d2 2b0 b) Verificação quanto à plastificação ou instabilidade por cisalhamento do banzo, junto a diagonais ou montantes (Modo C). fy0 Av Ni,Rd = (i=1 ou 2) 3 sin θ1 π N0,Rd= 4 A0 -Av fy0 + Av fy0 1- (4) VSd 2 (5) Vpl,Rd Av = 2h0 +αb0 t 0 (6) onde: = 0 para diagonais com perfis circulares; A0 = área transversal do banzo; Αv = 0 para diagonais circulares; Vsd = esforço cortante solicitante; Vpl,Rd = resistência plástica ao cortante de cálculo. c) Verificação quanto à ruptura por concentração de tensão nas diagonais ou montantes na região da solda ou da própria solda. (Modo E) Ni,rd = onde: 𝑏𝑒𝑓𝑓 = πf yi t i 10f y 0 𝑡 0 2 𝑑 𝑖 b 0 f yi t i 4 2di − 4t i + di + beff ≤ di (i=1 ou 2) (i=1 ou 2) (7) (8) d) Verificação quanto à ruptura por punção da parede do banzo na área de contato com as diagonais ou montantes; (Modo D) 𝑁𝑖,𝑅𝑑 = 4 sendo :be,p = πf y 0 t 0 10t 0 d i b0 3sin θ i 2d i sin θ i + di + be,p e be,p ≤ di Esta verificação é feita se (i=1 ou 2) (i = 1 ou 2) 𝛽 ≤1− 1 𝛾 (9) (10) (11) 3. PROGRAMA EXPERIMENTAL A tipologia das ligações soldadas tipo “K” com afastamento deste trabalho possuem algumas modificações em relação às ensaiadas anteriormente por Mendes (2008), denominadas de “KT01” e “KT02”. Na Tabela 1, têm-se as tipologias das ligações ensaiadas por Mendes (2008) e por Mayor (2010). ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Tab. 1– Tipologia das ligações ensaiadas por Mendes (2008) e Mayor (2010) Diagonais Banzo Gap di (mm) ti (mm) θ (º) h0 (mm) b0 (mm) t0 (mm) g (mm) Mendes (2008) Mayor (2010) 60,3 48,3 5,5 3,7 47,7 47,7 60 60 110 110 4,8 4,8 30 32 3.1. Esquema de Montagem dos Ensaios O esquema de montagem dos ensaios realizados foi desenvolvido por Freitas, Muniz e Moraes (2006), sendo utilizado também por Mendes (2008). Foi desenvolvido um esquema de ensaio na horizontal, utilizando peças acessórias e peças de fixação das extremidades do banzo; peças de apoio para os atuadores hidráulicos para a compressão e para a tração, sendo estas peças devidamente dimensionadas para resistirem à magnitude das cargas aplicadas. A Figura 4 representa o esquema de montagem da ligação “K”. O esquema de carregamento foi de tração em uma das diagonais e compressão na outra. Fig. 4. Esquema de montagem do ensaio da ligação “K”. A instrumentação utilizada envolveu a extensometria no banzo e diagonais para medição das deformações (Figura 5) e LVDT´s para medir o deslocamento do banzo. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Fig. 5. Posicionamento dos extensômetros para a ligação do tipo “K”. 3.2. Apresentação e Análise dos Resultados Experimentais Na Tabela 2 estão apresentadas as cargas em que ocorre o início do escoamento no ensaio experimental (Py) e as cargas últimas experimentais (Púlt.) para cada protótipo. Tab. 2 – Tabela de cargas experimentais nos elementos considerando os efeitos na face superior do banzo das ligações tipo “K”. Cargas Experimentais (kN) Protótipo K01-B K02-B K03-B Elemento Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Py Pult. 115,35 -115,33 98,56 -97,39 111,33 -111,48 136,34 -136,93 142,93 -142,83 144,13 -143,80 A partir dos resultados obtidos nos ensaios, verificou-se que o modo de falha preponderante dos protótipos ensaiados foi a “Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo, junto a diagonais ou montantes (Modo A)”, o mesmo determinado teoricamente. Nas Figuras 6 a 8 estão apresentados os resultados das tensões de von Mises das quatro rosetas coladas no banzo das ligações tipo “K”, até a tensão de escoamento do material, obtidas no ensaios de caracterização. Nestes gráficos, podem-se observar também as posições das rosetas, sendo a diagonal da direita a diagonal comprimida e o valor do ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 escoamento do banzo obtido pelo ensaio de caracterização do material do banzo, indicado pela linha vertical. Os deslocamentos obtidos através dos LVDT’s foram muito pequenos, sendo considerados desprezíveis Carga na diagonal tracionada (kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B Escoamento do Banzo (Fy) 700 800 h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm (a) Carga na diagonal tracionada (kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B Escoamento do Banzo (Fy) 700 800 h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm (b) Fig. 6. Carga x Tensão de von Mises: a) Roseta 1; b) Roseta 2. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 180 Carga na diagonal tracionada (kN) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B Escoamento do Banzo (Fy) h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm (a) 180 Carga na diagonal tracionada(kN) 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 K01-B K02-B 200 300 400 500 Tensão de von Mises (MPa) K03-B 600 Escoamento do Banzo (Fy) 700 800 h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm (b) Fig. 7. Carga x Tensão de von Mises: a) Roseta 3; b) Roseta4. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Carga na diagonal tracionada(kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 50 100 150 200 Tensão (MPa) K01-B K02-B K03-B 250 300 h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm Fig. 8. Carga x Tensão normal – Extensômetro 13. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS TEÓRICOS E COMPARAÇÃO COM OS RSULTADOS EXPERIMENTAIS Para a determinação da carga de projeto segundo o Eurocode 3 (2005) foram obtidos os esforços a partir do esquema das ligações apresentado na Figura 9. Neste esquema, conforme Packer (2007), a consideração da excentricidade das ligações do tipo “K” possibilita a redistribuição de momentos entre as barras da ligação. Neste esquema os esforços são obtidos na face superior do banzo conforme previsto no item 7.5.2 do Eurocode 3 (2005). Na Tabela 3 tem-se a comparação entre as cargas de projeto (Ni,Rd) calculadas com base nas prescrições do Eurocode 3 (2005) e os resultados experimentais, bem como os respectivos modos de falha para cada um dos protótipos ensaiados neste trabalho. Na Tabela 4 estão os resultados de Mendes (2008) com as mesmas comparações. Fig. 9 - Esquema para cálculo das cargas teóricas de falha para as ligações tipo “K”. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Tab. 3 - Resultados obtidos por Mayor (2010) dos limites teóricos e das cargas experimentais considerando os efeitos na face superior do banzo. Protótipo K01-B K02-B K03-B Elemento Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Cargas Experimentais (kN) Py Pult. 115,35 -115,33 98,56 -97,39 111,33 -111,48 136,34 -136,93 142,93 -142,83 144,13 -143,80 Modo de falha Ni,Rd (kN) 𝐏𝐲 𝐍𝐢,𝐑𝐝 Exp. Eurocode 87,70 -87,70 87,70 -87,70 87,70 -87,70 1,32 1,32 1,12 1,11 1,27 1,27 A A A A A A A A A A A A Observa-se na Tabela 3, que as cargas de projeto calculadas são menores que a carga de escoamento experimental. Tab. 4 - Resultados obtidos por Mendes (2008) dos limites teóricos e das cargas experimentais considerando os efeitos na face superior do banzo. Protótipo K01 K02 Elemento Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Cargas Experimentais (kN) Ni,Rd (kN) Py 136,00 -136,00 121,30 -121,30 Pult. 170,00 -170,00 170,00 -170,00 115,00 -115,00 115,00 -115,00 Modo de falha 𝐏𝐲 𝐍𝐢,𝐑𝐝 Exp. Eurocode 1,18 1,18 1,05 1,05 A A A A A A A A Na Tabela 4 pode-se observar que as cargas de projeto calculadas são menores que a carga de escoamento experimental, analogamente aos resultados obtidos neste trabalho. 5. MODELAGEM COMPUTACIONAL E COMPARAÇÃO COM OS RESULTADOS EXPERIMENTAIS Foi gerado um total de quatro modelos, sendo que três representam os protótipos com suas imperfeições reais denominados de NK01-B, NK02-B, NK03-B, e um representa o modelo nominal, denominado NK60. A modelagem do raio de curvatura foi baseada nos trabalhos de Mendanha (2006) e Mendes (2008), que consideraram a curvatura do vértice do perfil retangular do banzo igual a duas vezes a espessura da parede do perfil (2.t0). Contudo, neste trabalho o raio de curvatura adotado no perfil retangular foi igual a uma vez e meia a espessura da parede do mesmo (1,5.t0), conforme avaliações feitas nas ligações ensaiadas. A modelagem do cordão de solda foi baseada no trabalho de Lee e Wilmshurts (1995), no qual os autores estudaram diversas modelagens de solda utilizando elementos de cascas em ligações duplo “K” com diagonais afastadas, em perfis tubulares. No entanto Lee e Wilmshurts (1995) utilizam a perna da solda perpendicular à face dos elementos constituintes da ligação igual a 1,0 x t, sendo t a espessura da diagonal ou do banzo. Mas para os protótipos ensaiados foi utilizado 1,25 x t como medida para a perna de solda, com a finalidade de se fazer uma melhor aproximação do protótipo real, devido às imperfeições no protótipo. Esse ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 modelo foi utilizado na simulação em elementos finitos para as ligações ensaiadas por Mendes (2008). Para a geração da malha de elementos finitos foi utilizado o elemento de casca “Shell 181” (Ansys 2007), o qual apresenta quatro nós por elemento com seis graus de liberdade por nó, translação nas direções X, Y e Z e rotações em torno de X, Y, e Z. Esse elemento foi escolhido levando em consideração alguns trabalhos anteriores, bem como a capacidade de adaptação aos contornos dos perfis, como por exemplo, o raio de curvatura do banzo, o custo computacional e o refinamento da malha utilizada (Mendes, 2008). Em cada modelo numérico NK01-B, NK02-B e NK03-B foi aplicada uma carga de forma incremental até 115 kN na diagonal comprimida e outra de mesmo valor na diagonal tracionada. Nos três modelos o escoamento do material do banzo ocorreu primeiro na roseta 2 com uma carga aproximadamente de 104 kN aplicada nas diagonais tracionada e comprimida, ocorrendo o modo de falha da plastificação da face do banzo (Modo A). Nas Figuras 10 a 13 tem-se os gráficos da carga na diagonal tracionada versus a tensão de von Mises, comparando os modelos numéricos e os experimentais para cada roseta posicionada no banzo. Carga na diagonal tracionada (kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B NK01-B NK02-B NK03-B NK60 Escoamento do banzo 600 700 800 h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm Fig. 10 – Carga x Tensão de von Mises na Roseta 1. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina Carga na diagonal tracionada (kN) 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B NK01-B NK02-B NK03-B NK60 Escoamento do banzo h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm Fig. 11 – Carga x Tensão de von Mises na Roseta 2. Carga na diagonal tracionada (kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B NK01-B NK02-B NK03-B NK60 Escoamento do banzo h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm Fig. 12 – Carga x Tensão de von Mises na Roseta 3. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Carga na diagonal tracionada (kN) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 Tensão de von Mises (MPa) K01-B K02-B K03-B NK01-B NK02-B NK03-B NK60 Escoamento do banzo h0: 60mm b0: 110mm t0: 4,8mm d1: d2: 48,3 mm t1: t2: 3,7mm g: 32 mm e: 23,50mm Fig. 13 – Carga x Tensão de von Mises na Roseta 4. Nas Figuras 14 e 15 tem-se a distribuição de tensões de von Mises das ligações com um fator de escala igual a dois para NK01-B, NK02-B e NK03-B, sendo que a tensão de escoamento nominal do perfil das diagonais é de 250 MPa e no caso do banzo a tensão de escoamento é de 456 MPa. Pode-se observar nestas figuras, como nos gráficos anteriores, que o escoamento do banzo ocorre com um carga aplicada na diagonal de aproximadamente 104 kN, caracterizando o modo de falha da plastificação da face do banzo (Modo A). Fig. 14 - Distribuição de tensão de von Mises da ligação NK01-B e NK02-B. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 Fig. 15 - Distribuição de tensão de von Mises da ligação NK03-B. Na Tabela 5 tem-se a comparação entre os resultados experimentais e a análise numérica das ligações. Pode-se observar que houve uma boa aproximação entre as resultados experimentais e numéricos com relação à carga de escoamento. O modo de falha foi o mesmo, “Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo, junto a diagonais ou montantes” (Modo A), para os resultados experimentais e numéricos. Tab. 5- Resultados obtidos pela análise numérica e das cargas experimentais aplicadas nos elementos considerando os efeitos na face superior do banzo das ligações tipo “K”. Protótipo K01-B K02-B K03-B Elemento Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Diag. Trac. Diag. Comp. Cargas Experimentais (kN) Carga de Escoamento Numérica (kN) 𝐏𝐲 Modo de Falha 𝐏𝐲𝐧𝐮𝐦. Py Pult. Pynum. 115,3 -115,3 98,56 -97,39 111,3 -111,4 136,3 -136,9 142,9 -142,8 144,1 -143,8 104 -104 104 -104 104 -104 1,11 1,11 0,95 0,94 1,07 1,07 Exp. Num. A A A A A A A A A A A A 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se que os resultados obtidos com a análise teórica estão em concordância com os obtidos experimentalmente para as ligações ensaiadas neste trabalho, ou seja, a carga de projeto calculada com base nas prescrições do Eurocode 3(2005) e do CIDECT (1996) é menor que a carga de escoamento experimental. Para as ligações tipo “K” ensaiadas por Mendes (2008) os resultados obtidos também obtiveram uma boa correlação com as cargas de projeto calculadas. As ligações apresentaram como modo de falha a “Plastificação da face ou de toda a seção transversal do banzo, junto com as diagonais ou montantes (Modo A)”. A modelagem seguindo as mesmas diretrizes utilizadas por Mendanha (2006) e Mendes (2008), ou seja, o uso do elemento de casca “Shell 181”, modelagem da curvatura no vértice do perfil retangular do banzo e a modelagem do cordão de solda, foi bastante eficaz nos modelos numéricos. Os modelos numéricos das ligações apresentaram bons resultados quando comparados com os resultados experimentais, indicando a ser adequado para análise de ligações tipo “K”. Os modos de falha experimentais e numéricos foram os mesmos, Modo A. ASAEE - Associação Sul Americana de Engenharia Estrutural | E-mail: [email protected] | Página: www.asaee.org.br XXXIV Jornadas Sul-Americanas de Engenharia Estrutural | San Juan | Argentina 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 7. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais), CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa), FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a empresa Vallourrec Mannesmann do Brasil. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ansys (2007). Inc. theory reference (version 11.0). CIDECT (1996). Design Guide for Circular Hollow Section (CHS) Joints Under Predominantly Static Loading. Köln:Verl. TÜV Rheinland. Eurocode 3 (2005). Design of steel structures – part 1.8: Design of joints, CEN, European Committee for Standardisation, Brussels. prEN 1993-1.8 Freitas, A. M. S., Muniz, C. F. D. G., Moraes, C. S. (2006). Relatório interno de projeto. V&M. Freitas A. M. S., Mendes F. C., Freitas M.S.R. (2008), Finite Elements Analyses of welded T joints. Eurosteel 2008 Freitas, A. M. S., Requena, J. A. V. (2009) Ligações em estruturas metálicas tubulares. In: Kripka, M., Chamberlain, Z.M (Org.). UPF Editora, 2009. 221p. cap. 1, p. 7-29. (Novos Estudos e pesquisas em construção metálica). Gerken, F. S. (2003). Perfis Tubulares: Aspectos arquitetônicos e estruturais. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais. Lee, M. M. K., & Wilmshurst, S. R. (1995). Numerical modeling of CHS Joints with multiplanar double-K configuration. Journal of Constructional Steel Research, vol. 32. p. 28130. Mayor, I. M. S. (2010). 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