ENFRENTANDO AS TEMPESTADES Os Exemplos de Jonas (Jonas 1) e de Paulo (Atos 27) Introdução Às vezes, enfrentamos tempestades em nossas vidas. O que elas revelarão a respeito de nós? Para onde nos conduzirão? Fortalecerão nossa fé ou nos afastarão mais de Deus? O que pode ser abalado, será abalado (Hb 12.25-29). A Comissão Deus disse a Jonas: “Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.” - Jn 1.1,2 Deus disse a Paulo: “Levanta-te ... (vá aos) gentios, para os quais te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz ...” At 26.15-18 Ambos receberam uma comissão de Deus aos gentios, algo que não era desejável para os judeus. A comissão de Jonas era de condenação (o que poderia ter-lhe agradado); a de Paulo era de salvação. Jonas já era um profeta conhecido e respeitado em Israel. Ele havia profetizado a expansão e a prosperidade de Israel, o que aconteceu ainda durante sua vida e antes da história contada no seu livro (II Rs 14.23-27). A Resposta Jonas fugiu da presença do Senhor, para não levar a mensagem de Deus a Nínive (Jn 1.3). Ele não desejava o arrependimento dos ninivitas (Jn 4.2). Viajou para Társis como turista, realizando sua própria vontade. Paulo não foi desobediente à visão celestial (At 26.19); antes, dispôs-se a ser preso para testemunhar de Jesus. Paulo estava preso havia já dois anos, acusado falsamente pelos judeus. Viajava, então, como prisioneiro em direção à Roma para comparecer diante de César, segundo a vontade de Deus (At 19.21; 20.22-24). Társis ficava na Espanha, para onde Paulo desejava ir - Rm 15.28. A península ibérica, onde se localiza a Espanha, é a região identificada em Atos 1.8 como os Confins da Terra. Jonas desejava alcançar os Confins da Terra para não fazer a vontade de Deus, enquanto Paulo desejava ser fiel à visão celestial até os Confins da Terra. O Testemunho Durante a Tempestade Jonas tomou o navio, não se identificou, desceu ao porão e dormiu, indiferente, alheio a tudo e a todos. 1/3 No início da viagem, Paulo já contava com a simpatia do centurião (At 27.3). Em Bons Portos, já falava como porta-voz dos passageiros, chegando até mesmo a admoestar o comandante, tentando influenciar nas suas decisões (At 27.10). Paulo se comportou bem durante toda a viagem, atento a tudo, dando um excelente testemunho. Tempestades sobrevieram ao desobediente (Jn 1.3) e ao fiel (At 27). Para Jonas, a tempestade era a vara de Deus, disciplina para o profeta. Para Paulo, entretanto, a tempestade abriu espaço para mais uma oportunidade de engrandecer a Deus. Na viagem para Társis, a tempestade ameaçava o navio e sua tripulação (Jn 1.4). Os marinheiros, apavorados, oravam aos seus deuses e jogavam a carga ao mar para aliviarem o navio (Jn 1.5). Jonas, porém, dormia. A viagem para Roma foi difícil. Enfrentaram um tufão (At 27.14), passaram dias sem ver o sol, as estrelas e, enfrentando grande tempestade, perderam toda a esperança (At 27.20). Paulo os exortou a comerem e os animou com uma palavra de Deus (At 27.21-25). Surgiu grande perigo de dentro (At 27.27-30). Mas, Paulo estava atento e afastou o perigo. Jonas dormia. Novamente, Paulo rogou a todos que comessem, pois o grupo desanimou a ponto de não ter disposição para alimentar-se durante 14 dias. Paulo, então, animou-os, tomou um pão, deu graças a Deus na presença de todos e comeu. Todos se animaram e comeram (At 27.33-36). Jonas atraíu a atenção de todos, não por sua solidariedade ou bom testemunho de vida, mas por sua indiferença, descaso e inércia. Após afastar-se de tudo que o relacionava a Deus, foi encontrado deprimido, dormindo no porão do navio, parecendo estar dopado (Jn 1.6). Enquanto Paulo jejuava e orava (At 27.9, 35), Jonas era repreendido pelos marinheiros incrédulos, por não estar clamando ao seu Deus por livramento (Jn 1.6) e por estar fugindo da Sua Presença (Jn 1.10). Quando o naufrágio estava prestes a acontecer, o testemunho que Paulo dera foi fundamental para que o centurião decidisse manter os presos vivos, visto que os soldados queriam matá-los antes que o navio naufragasse, para evitar que fugissem (At 27.42-44). Jonas, ao contrário, ganhou a antipatia de todos e, após lançarem sortes, foi apontado como culpado por todo o infortúnio (Jn1.7). As Conseqüências Paulo e Jonas eram servos do mesmo Deus, mas tiveram experiências bem diferentes em conseqüência de suas respostas à comissão que receberam de Deus. Paulo exortou os companheiros do navio, não os deixou desistir; de fato, os salvou. Jonas, ao contrário, não se importou com a vida dos outros, nem mesmo com a sua própria (Jn 1.6, 11, 12). Após o naufrágio, Paulo foi bem recebido em Malta. Deus operou ali muitos milagres. Paulo foi uma bênção por onde passou e tornou-se o hóspede de honra (At 28.1-10). Paulo foi admirado e se distinguiu. Jonas foi jogado ao mar. Quando a tempestade se foi, os 2/3 marinheiros se espantaram, temeram a Deus e lhe fizeram votos (Jn 1.15,16). Para Jonas, Deus enviou um monstro marinho (Jn 1.17). Para Paulo, um anjo (At 27.1). Os marinheiros perderam a carga por causa da desobediência de Jonas. Suas vidas também foram colocadas em risco por causa dele. A salvação deles só veio após Jonas ser retirado. O navio em que Paulo viajava afundou, não por causa de desobediência de Paulo, mas porque os marinheiros não ouviram a advertência dele. Mas, o testemunho marcante do apóstolo ficou gravado para sempre nos corações daqueles 275 tripulantes e passageiros. Paulo chega ao seu destino; Jonas, não. Paulo foi sempre em frente; Jonas teve que retroceder. Estamos indo na nossa direção ou na direção de Deus? Temos sido bênção ou maldição? O nosso testemunho rende glória a Deus? Ou Deus só é exaltado quando nos retiramos? Conclusão Ambos desejavam ir para os confins da Terra: Jonas, para fugir; Paulo, para ser fiel à visão celestial. Uma tempestade revelou a desobediência e a pequenez de Jonas. Outra tempestade revelou a obediência, a confiança em Deus e o caráter grandioso de Cristo em Paulo. O que as tempestades revelarão a respeito de nós? Para onde nos conduzirão? Para o fundo do mar? Para receber desprezo ou exaltação e distinção? 3/3