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A ARTE E A BÍBLIA
Francis A. Schaeffer
Resumo: Neste livro encontramos uma ode à arte e à importância que esta precisa ter para o cristão, expressa no seu lugar reconhecido na Bíblia. Trata‐se de uma singela, porém interessante, contribuição ao debate acerca da arte e do cristianismo. COMENTÁRIOS Neste livro o autor elabora uma singela, porém interessante, contribuição à discussão acerca da arte e do cristianismo. Primeiramente, enfatiza como a Bíblia se coloca a favor das artes, mencionando todo o aporte bíblico de embasamento para esta afirmação. Em seguida, passa a refletir acerca do papel da arte, do seu exercício e de conceitos críticos. Apesar de concordarmos em parte com a publicação, acreditamos que sua contribuição é válida ao debate, sendo alguns pensamentos realmente relevantes à reflexão artística contemporânea. Dentre estes destacamos as considerações finais, onde Schaeffer conclui que nenhuma obra de arte é mais importante que a própria vida do cristão. Não poderíamos deixar de concordar plenamente com isto... somos todos artistas e missionários do cotidiano. SCHAEFFER, Francis. A. A arte e a Bíblia. Viçosa: Ultimato, 2010. TRECHOS DO LIVRO E com a verdade vem a beleza, e com a beleza a liberdade diante de Deus. (p. 9) (...) nossas vidas é que devem ser obras de arte vivas. (p. 10) A arte e a ciência têm um lugar na vida cristã – não são periféricas. (p. 19) O cristão deve usar a arte para glorificar a Deus, não simplesmente como propaganda evangelística, mas como algo belo para a glória de Deus. (p. 19) Mais especificamente, algumas pessoas declaram que os judeus não tinham interesse pela arte por causa do que as Escrituras determinam nos Dez Mandamentos. Todavia, jamais poderemos dizer isso se lermos a Bíblia cuidadosamente. (p. 19) (Lv 26.1) Esta passagem deixa claro que a Bíblia não proíbe a confecção de arte figurativa e sim sua adoração. Só Deus deve ser adorado. Portanto, o mandamento não é contra a arte, mas contra a adoração a qualquer coisa além de Deus e, especificamente, contra a adoração à arte. Adorar a arte é um erro, produzi‐la, não. (p. 20) Vá aos Alpes e observe as montanhas cobertas de neve. Não há como contestar. Deus se interessa por beleza. Ele fez as pessoas para serem belas e a beleza tem seu lugar na adoração a Deus. (p. 25) Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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Assim, a pessoa que realmente ama a Deus, que trabalha sobre o senhorio de Cristo, pode escrever sua poesia, compor música, confeccionar instrumentos musicais, esculpir estátuas, pintar telas – mesmo que ninguém jamais veja. Ela sabe que Deus vê. (p. 33) Um dos poemas mais impressionantemente seculares na Bíblia é Cantares de Salomão. Antigamente, muitos cristãos achavam que este livro representava o amor de Cristo pela Igreja. De fato, o poema pode ser interpretado desta forma. Porém, jamais devemos limitá‐lo apenas à representação deste relacionamento. Ele retrata o relacionamento entre Cristo e a Igreja porque todo relacionamento adequado entre um homem e uma mulher é uma ilustração do relacionamento entre Cristo e a Igreja. (p. 33) Antes de citarmos outras formas de arte, gostaria de reenfatizar que, apesar de utilizar uma forma poética diferente da usada em nossa língua, a poesia hebraica demanda uma rígida disciplina literária. De fato, a poesia hebraica provavelmente é mais difícil de se escrever do que a poesia anglo‐saxônica. E, da mesma forma que se exigia de um artista ou artesão que ele trabalhasse com precisão enquanto fundia as estátuas de bronze ou fazia o baixo‐relevo nas paredes do templo, o poeta hebreu tinha de ser cuidadoso com os aspectos técnicos de sua poesia e esmerar‐se pela excelência técnica. A busca pela excelência também é uma maneira de louvar a Deus. (p. 34) Trombetas, címbalos, saltérios, harpas, todos os tipos de instrumentos de Davi – música e mais música, arte e mais arte –, tudo transbordando, tudo exprimindo a possibilidade da criatividade em louvor a Deus, tudo conduzindo a um alto padrão de arte sob o comando de Deus. Quando começamos a entender essas coisas, logo recuperamos o fôlego e toda aquela terrível pressão posta sobre nós ao fazer da arte algo menos espiritual desaparece. E com esta verdade vem a beleza, e com esta beleza, a liberdade diante de Deus. (p. 36 e 37) Precisamos perceber que, em relação ao templo, todas as artes atuam em conjunto formando uma unidade. Todo o templo era uma obra única de arquitetura; uma unidade integrada com colunas soltas, estatuário, baixo‐relevo, poesia e música, imensas pedras grandiosas e belas madeiras trazidas de longe, tudo em seu devido lugar. Uma obra de arte completamente unificada para o louvor a Deus. Certamente isso nos diz algo sobre arquitetura, e devemos perguntar ao Senhor de que maneira podemos produzir esse tipo de louvor hoje. (p. 37) Mais duas formas de arte são mencionadas nas Escrituras. A primeira é o teatro. (...) Notemos: não significa que todo uso de qualquer uma dessas formas de arte seja automaticamente certo; significa que não é errado em si. Foi ordenado a Ezequiel que dramatizasse diariamente por mais de um ano. (p.38) Arte, com o significado que estou utilizando, não inclui apenas “arte elevada”, isto é, pintura, escultura, poesia e música clássica, mas também as expressões mais populares – romances, teatro, cinema, música popular e rock. De fato, há uma razão real pela qual a vida cristã em si deveria ser nossa obra de arte mais grandiosa. (p. 43 e 44) Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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A primeira perspectiva é a mais importante: Uma obra de arte tem valor em sim mesma. Para alguns, este princípio pode parecer óbvio demais para ser mencionado, mas, para muitos cristãos, é algo impensável. Assim, se ignorarmos este ponto, perderemos a essência da arte. A arte não é algo que simplesmente analisamos ou avaliamos por seu conteúdo intelectual. É algo a ser apreciado. A Bíblia diz que as obras de arte no tabernáculo e no templo estavam lá pela beleza. (p. 44) Todas as pessoas são, em algum nível criativas. A criatividade é intrínseca à nossa hominalidade. (p. 45) Contudo, precisamos tomar cuidado para não inverter a ordem das coisas. Nem toda criação é uma nobre expressão de arte. Nem tudo o que é feito pelo ser humana é intelectual ou moralmente bom. (p. 46) A distinção é que Deus, por ser infinito, pode criar as coisas a partir do nada, por meio de sua palavra falada, nós, por sermos finitos, conseguimos criar somente a partir de algo previamente criado. (p. 46) Estou certo de que as pessoas gastam milhões para fazer museus de arte não apenas para ter algo “estético”, mas porque as obras de arte nos museus são expressões da hominalidade do ser humano. Quando observo a prata pré‐colombiana ou as máscaras africanas ou os antigos bronzes chineses, não os vejo apenas como obras de arte, mas como expressões da natureza e do caráter da humanidade. Como sou humano, de certa forma elas são parte de mim e vejo nelas a manifestação da criatividade inerente à natureza do homem. (p. 46) Muitos artistas modernos parecem não enxergar a distinção entre o que é humano e o que não o é. Faz parte da confusão do homem moderno não mais conseguir valorizar uma obra de arte como a obra de arte. Temo que, como evangélicos, tenhamos cometido o mesmo erro. Com frequência pensamos que uma obra de arte tem valor somente se a reduzirmos a propaganda. Isso também é ver a arte somente como uma mensagem para o intelecto. (...) A primeira visão é relativamente recente na teoria da arte pela arte. É a noção de que a arte simplesmente existe e é só isso que interessa. Não se pode falar a respeito dela, não se pode analisá‐la e ela não diz nada. Penso que essa visão é um tanto quanto irracional por uma razão: nenhum artista opera apenas no nível da arte pela arte. (p. 47) A segunda visão é que a arte é somente a materialização de uma mensagem, um veículo para a propagação de uma mensagem particular sobre o mundo, o artista, o ser humano ou qualquer outra coisa. (...) Contudo, como já dissemos, esta visão reduz a arte a uma declaração intelectual e a perspectiva da obra de arte como obra de arte acaba desaparecendo. (p. 48) As formas de arte fortalecem a cosmovisão, não importa qual seja a cosmovisão nem se ela é verdadeira ou falsa. (p. 50) O vocabulário simbólico comum a todas as pessoas (os artistas e seus apreciadores) é o mundo a nossa volta, o mundo de Deus. Esse vocabulário simbólico nas artes figurativas corresponde Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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ao que a gramática padrão e a sintaxe padrão são para as artes literárias. Portanto, quando o artista não se dispõe a usar esse vocabulário simbólico, a comunicação se torna impossível. Não há como alguém saber o que ele está dizendo. Meu argumento não é que fazer esse tipo de arte é imoral ou anticristão, mas que, com isso, perdemos uma dimensão da arte. (p. 51) 1. Excelência técnica; 2. Validade; 3. Conteúdo intelectual, a cosmovisão que está sendo comunicada; 4. Integração entre o conteúdo e o veículo. (p. 53) Ao reconhecer a excelência técnica como um aspecto de uma obra de arte, podemos ser capazes de dizer que, ainda que não concordemos com a cosmovisão de um determinado artista, não obstante, ele é um grande artista. (p. 53) O segundo critério é a validade. Aqui questionamos se um artista é honesto consigo mesmo e com a sua cosmovisão ou se faz sua arte apenas por dinheiro ou para ser aceito. Se o artista produz uma obra de arte somente por causa de um cliente – seja esse cliente um veterano ilustre, ou uma moderna galeria de arte à qual ele deseja ter acesso, ou os atuais críticos de arte –, então seu trabalho não tem validade. (p. 54) Como é fácil divertir‐se com a crítica e não considerar a arte de alguém como uma expressão sincera do que o próprio artista quer fazer. (p. 55) Creio que agora já conseguimos perceber como é possível fazer tais julgamentos em relação à obra de arte. Se, como cristãos, pararmos diante de uma tela e reconhecermos que seu autor é um grande artista em excelência técnica e validade – se ele de fato o for –, e se tivermos sido justos com ele como pessoa e como artista, então teremos a possibilidade de afirmar que sua cosmovisão é errada. (p. 55) Rousseau buscava algum tipo de liberdade autônoma e, a partir dele, surgiu um grupo de “super‐homens” cujas vidas foram vividas acima de razão e das normas da sociedade. Por muito tempo essa vida boêmia foi considerada a ideal para o artista e, nas últimas décadas, passou a ser considerada ideal para outros além dos artistas. Entretanto, do ponto de vista cristão, esse tipo de vida não é permitido. (p. 56) Mesmo os trabalhos concebidos sob o princípio de arte pela arte geralmente expressam uma cosmovisão. Mesmo a cosmovisão que diz não existir significado transmite uma mensagem. (p. 56) Precisamos perceber que, quando algo falso ou imoral é expresso por meio de uma arte de alta qualidade, isso pode ser mais destrutivo e devastador do que se fosse comunicado por meio de uma arte de qualidade inferior ou de uma afirmação prosaica. (p. 56) Muitos parecem achar que, quanto maior a qualidade da arte, tanto menor deve ser nossa crítica à sua cosmovisão. Precisamos reverter isto. (p. 57) Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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Há um segundo corolário relacionado ao julgamento do conteúdo de uma obra de arte: é possível que um escritor ou pintor não‐cristão escreva ou pinte de acordo com uma cosmovisão cristã ainda que ele mesmo não seja cristão. Para compreendermos isso, precisamos distinguir os dois sentidos da palavra cristão. (p. 57) O quarto tipo de pessoa é o cristão, nascido de novo, que não compreende o que uma cosmovisão cristã plena deve ser e, portanto, produz arte que incorpora uma cosmovisão não‐
cristã. Em outras palavras, da mesma maneira que é possível o não‐cristão ser inconsciente e pintar o mundo de Deus apesar de sua filosofia pessoal, também é possível o cristão ser inconsciente e incorporar em suas pintoras uma cosmovisão não‐cristã. Este último tipo talvez seja o mais triste de todos. (p. 58) O quarto critério para julgar uma obra de arte envolve quão bem o artista adequou o veículo à mensagem. Nas obras de arte verdadeiramente grandiosas, há uma correlação entre o estilo e o conteúdo. (p. 58) Muitos cristãos, especialmente aqueles não acostumados a observar as artes e refletir sobre elas, rejeitam a pintura e a poesia contemporâneas não por causa de sua cosmovisão, mas simplesmente porque se sentem ameaçados por uma nova forma de arte. (p. 61) Porém, é diferente rejeitar uma obra de arte simplesmente porque seu estilo é diferente daquele com o qual estamos acostumados. Em suma: os estilos artísticos mudam e nada há de errado nisso. (p. 61) Não poderemos supor que se um pintor cristão se tornar “mais cristão” ele terá necessariamente de se parecer mais com Rembrandt. (p. 62) Alguns podem dizer: “Bem, o estilo chauceriano não me interessa, mas certamente gostaria do estilo da Bíblia King James.” Pessoalmente, gosto da versão King James. Ainda é meu estilo porque fui educado em uma época em que uma das características das pessoas cultas era ler esta versão e a linguagem de Shakespeare com facilidade. Por lê‐la ininterruptamente, apropriei‐me dela. No entanto, será que devo pregar usando a linguagem da versão King James para não ser considerado um fracasso? Será que sou obrigado a orar usando o estilo da versão King James? Esse pensamento é uma marca da mentalidade burguesa. Os cristão devem rejeitá‐
lo total e conscientemente. (p. 62) Primeiro, a arte cristã dos dias atuais deve ser uma arte do século atual. A arte muda. A linguagem muda. A pregação de hoje deve ser feita em uma linguagem de comunicação atual; caso contrário, haverá um obstáculo ao entendimento. E se a arte do cristão não for uma arte do século atual, ela se tornará um obstáculo que o impedira de ser ouvido. Isso o torna desnecessariamente diferente. Portanto, o cristão não deve se forçar a copiar Rembrandt ou Browning. (p. 63) Em segundo lugar, a arte cristã deve variar de país para país. Por que forçamos os africanos a usarem a arquitetura gótica? É um esforço desnecessário. Tudo o que conseguimos fazer foi Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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tornar o cristianismo estrangeiro para os africanos. Se o artista cristão é japonês, sua pintura deve ser japonesa. Se ele é indiano, sua pintura deve ser indiana. (p. 63) Terceiro, o conjunto de obras de um artista cristão deve refletir a cosmovisão cristã. (p. 63) Contudo, mesmo não existindo um estilo santo ou profano, não podemos nos enganar ou ser ingênuos ao pensa que os diversos estilos não têm relação com o conteúdo ou a mensagem da obra de arte. Os estilos em si são desenvolvidos como sistemas simbólicos ou veículos para certos tipos de cosmovisões ou mensagens. (p. 64) Na própria linguagem existe um paralelo. O sânscrito se tornou um veículo perfeito para a filosofia hindu. Sabe‐se também que ele é um veículo muito ruim par a mensagem cristã. De fato, alguns estudiosos do sânscrito disseram não acharem possível pregar o cristianismo na língua. Não sou autoridade no assunto, mas eles podem estar certos. É interessante, por exemplo, que tanto o inglês quanto o alemão se estabeleceram em suas formas modernas em torna da mensagem cristã. A língua alemã era composta por vários dialetos quando Lutero traduziu a Bíblia. A partir de então, o alemão se consolidou em uma forma que se tornou padrão. O alemão de Lutero tornou‐se então o alemão literário. Na Inglaterra, as primeiras traduções da Bíblia, compiladas principalmente da versão King James, fizeram o mesmo com a língua inglesa. Isso significa que o cristianismo poderia ser facilmente ensinado, porque o sentido das palavras geralmente aceito era o sentido cristão. (p. 65) Já no Japão, é muito difícil usar a palavra culpa sem uma longa explicação, porque lá ela carrega o conceito japonês de impureza cerimonial. Assim, se tivermos como veículo de transmissão uma palavra que significa impureza cerimonial para tentarmos explicar a verdadeira culpa moral na presença de um Deus santo e pessoal, teremos pela frente um grande desafio. Talvez tenhamos de usar a palavra, mas precisaremos reformular sua definição e nos certificar de que as pessoas com quem falamos compreendem a forma como a empregamos. Ela precisará ter um significado diferente do que tinha no sistema simbólico do qual veio. (p. 65 e 66) Portanto, mesmo utilizando estilos do século atual, não devemos usá‐los de forma a sermos dominados pelas cosmovisões das quais eles surgiram. O cristianismo é uma mensagem com conteúdo proposicional próprio, não uma serie de verdades “religiosas” intelectualizadas. O homem deve ser abordado como um todo. Isso inclui sua mente, assim como suas emoções e sua sensibilidade estética. Logo, uma forma (ou estilo) de arte que não seja mais capaz de portar conteúdo não pode ser usada para transmitir a mensagem cristã. Não estou dizendo que o estilo em si é errado, mas que ele possui limitações. (p. 66 e 67) A forma como uma cosmovisão é apresentada pode enfraquecer ou fortalecer o conteúdo, mesmo que o espectador ou leitor não analise a questão completamente. Em outras palavras, dependendo do veículo usado, algo pode ser comunicado sem que a plateia perceba e, ainda assim, estará se aproximando ou se afastando da cosmovisão do artista. É preciso dialogar profundamente com o espectador ou leitor. E, conforme um cristão adota e adapta várias técnicas contemporâneas, ele deve lidar com a questão como um todo, buscando do Espírito Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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Santo a ajuda para saber quando criar, quando deve adotar, quando adaptar e quando simplesmente não usar um estilo específico. (p. 68) Por um lado, os estilos são completamente neutros; por outro, não devem ser usados de maneira ingênua e irrefletida. (p. 68) Perceba que há espaço na arte do cristão para o tema menor porque o ser humano é corrupto e imperfeito, e o cristão sofre suas próprias derrotas. Minha vida não é feita só de cânticos e vitórias. Porém, o cristão e sua arte não param por aí. Ele parte para o tema maior porque há uma resposta otimista. Isso é importante em relação ao topo de arte que os cristãos devem produzir. Em primeiro lugar, a arte cristã precisa reconhecer o tema menor, o aspecto da derrota mesmo na vida cristã. Se a arte cristã enfatizar apenas o tema maior, ela não será plenamente cristã, mas meramente romântica. (...) Por outro lado, é possível que um cristão fique tão focado no tema menor, enfatize tanto a perdição do ser humano e a imperfeição do universo que se torne igualmente antibíblico. Pode haver exceções e um artista sentir que seu chamado é retratar apenas o negativo; mas, em geral, o tema maior deve ser dominante para o cristão – embora ele deva estar relacionado ao tema menor. (p. 71) Contudo, o mundo hoje já vivencia tanta destruição sem os artistas cristãos enfatizarem o tema menor no conjunto de sua obra que eles acabam aumentando a pobreza e a destruição de nossa geração. Um empresário cristão que não age com base na compaixão não vive de acordo com as normas bíblicas da economia, e um artista cristão que se concentra apenas na imperfeição do mundo não vive de acordo com a lei do amor. (p. 71) Não temos produzido arte cristã porque temos nos esquecido de quase tudo o que o cristianismo diz sobre artes. (p. 74) Portanto, não podemos julgar a obra de um artista com base em apenas uma peça. Nenhum crítico de arte ou historiador pode fazer isso. Devemos julgar o desempenho do artista e sua cosmovisão com base no maior número possível de suas obras. (p. 75) Mesmo a Bíblia é uma vasta coleção de livros e não pode ser lida como se um livro ou um capítulo representasse o todo; ela precisa ser lida do princípio ao fim. E se isso é verdade sobre a palavra de Deus, quanto mais o será no caso do trabalho de um artista! (p. 76) Nenhuma obra de arte é mais importante que a própria vida do cristão e todo cristão deve se preocupar em ser um artista nesse sentido. (...) Nesse sentido, a vida do cristão deve ser uma obra de arte. A vida do cristão deve ser algo verdadeiro e belo em meio a um mundo perdido e desesperado. (p. 76) Ana Cecília Rocha Veiga - www.missionariosdocotidiano.org
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