PULSO DE INUNDAÇÃO, BIODIVERSIDADE E PRODUTIVIDADE NO PANTANAL. Dantas1, M. (1 UNINCOR) E-mail:[email protected] O papel do pulso de inundação como força propulsora, ou processo ecológico básico, em ambientes inundáveis como o Pantanal, está claramente demonstrado. A criação desta teoria por Junk, Bayley e Sparks (1989) para explicar o que a teoria do rio contínuo não conseguia explicar foi feita com base em observações na Amazônia e na Ásia, em ambientes inundáveis, onde a vida é comandada pela água. Água em excesso, ou em déficit, condiciona as formas de vida no tempo e no espaço. No Pantanal, a natureza do pulso de inundação difere de outros ambientes porque observa-se um pulso causado principalmente pelas enchentes dos rios, outro causado apenas pela precipitação local, sem qualquer influência dos rios, e outro que pode ser causado pelas enchentes e pela precipitação local concomitantemente. Observam-se fatos, como em agosto de 2003, quando a maioria das baías e salinas da Nhecolândia estavam secas mas, o rio Paraguai estava com águas acima do nível normal, inundando áreas razoavelmente grandes às suas margens. A teoria quando proposta não levou em consideração este fato, apesar dos seus autores definirem como planície de inundação também aquelas áreas inundadas por precipitação local. A variação sazonal do regime hídrico tem influência na biodiversidade porque oferece maior variedade de hábitats. Nos ambientes inundáveis observa-se uma sucessão no tempo e no espaço. Entre as áreas permanentemente inundadas (rios, “baías”) ou permanentemente secas (“cordilheiras”) há um gradiente de hábitats, abrigando diferentes comunidades e, consequentemente, maior diversidade biológica. É possível que esta biodiversidade não seja muito diferente se a inundação for causada pelas águas do rio ou pelas águas da chuva, porque o fator importante é a presença da água. No entanto, pode-se esperar que nos ambientes inundados pelas águas dos rios se tenha uma diversidade mais alta, não por causa da água em si, mas porque o rio é um meio de dispersão eficiente, porém é necessário investigar. A produtividade dos ambientes inundáveis também é afetada pelo pulso de inundação, mas a água simplesmente não é o único responsável. A produtividade primária depende dos fatores abióticos, principalmente radiação solar, temperatura e nutrientes. Nos ambientes tropicais onde se tem luz em abundância e temperatura alta, o fator limitante é nutriente. O pulso de inundação poderá contribuir para altas produtividades primária e secundária se suas águas transportarem nutrientes dissolvidos ou contidos nos sedimentos. Assim não se pode esperar altas produtividades nas áreas inundáveis de rios como o Taquari, no Pantanal, ou Negro, na Amazônia, porque suas águas nascem de regiões sabidamente oligotróficas, com Podzólicos distróficos ou Areias quartzosas. Pode-se então esperar que, nas áreas sob influência dos rios Paraguai e Cuiabá, se tenha maior produtividade porque as cabeceiras desses rios situam-se em áreas de solos quimicamente ricos. Portanto, a teoria ecológica com respeito aos fatores limitantes explica muito bem o comportamento desses ambientes com respeito à produtividade primária e secundária. Nos ambientes pantaneiros inundados apenas por águas da chuva, esta e a matéria orgânica aí existente são a principal fonte de nutrientes, considerando-se que os solos são extremamente pobres. Provavelmente, esses ambientes sejam menos produtivos do que o rio Taquari, por exemplo, uma vez que não recebem aporte externo além da chuva. As hipóteses aqui levantadas necessitam de maiores estudos para sua comprovação. No entanto, numa primeira abordagem poderão ser entendidas comparando-se as diferentes produtividades e medindo-se o balanço de nutrientes nesses sistemas. Palavras-chave: biodiversidade, Pantanal, produtividade primária, produtividade secundária, pulso de inundação.