RESUMO
Este documento de referência sobre as melhores técnicas disponíveis na indústria da pasta de
papel e do papel reflecte o intercâmbio de informações efectuado de acordo com o número 2 do
artigo 16.º da Directiva 96/61/CE do Conselho. O documento tem de ser visto à luz do prefácio,
que descreve os seus objectivos e aplicação.
Basicamente, o papel é uma folha de fibras a que foram adicionados produtos químicos que
afectam as propriedades e a qualidades da folha. Para além das fibras e dos produtos químicos, o
fabrico de pasta de papel e de papel exige grandes quantidades de água de processamento de
energia sob a forma de vapor e de energia eléctrica. Por conseguinte, as principais questões
ambientais que se colocam em matéria de produção de pasta de papel e de papel são as emissões
para a água, as emissões atmosféricas e o consumo de energia, sendo de prever que os resíduos
se tornem uma questão ambiental cada vez mais preocupante.
A pasta de papel destinada à indústria do papel pode ser produzida a partir de fibras virgens por
processos químicos ou mecânicos ou por transformação de papel recuperado novamente em
pasta de papel. As fábricas de papel poderão simplesmente reconstituir pasta de papel fabricada
noutro local ou estar integradas com as operações de fabrico de pasta de papel no mesmo local.
Este documento debruça-se sobre os aspectos ambientais relevantes do fabrico de pasta de papel
e de papel a partir de diversos materiais fibrosos em fábricas de pasta de papel e de papel
integradas e não integradas. As fábricas de pasta de papel não integradas (pasta de papel para
venda no mercado) dedicam-se exclusivamente ao fabrico de pasta de papel para venda no
mercado livre. As fábricas de papel não integradas compram a pasta de papel que utilizam na
produção do seu papel. Nas fábricas de pasta de papel e de papel integradas, as actividades
inerentes ao fabrico da pasta de papel e do papel são realizadas no mesmo local. As fábricas de
pasta kraft operam de forma integrada ou não integrada, enquanto as fábricas de pasta pelo
processo ao sulfito estão normalmente integradas na produção de papel. O fabrico de pasta de
papel por processos mecânicos e o processamento de fibras recicladas são usualmente parte
integrante do fabrico de papel, embora se tenha tornado uma actividade autónoma em casos
pontuais.
Os processos ambientalmente relevantes a montante, como a gestão florestal, a produção
externa de processadores químicos e o transporte de matérias-primas para a fábrica, e as
actividades a jusante, como a conversão ou a impressão de papel não cabem no âmbito do
presente documento. Os aspectos ambientais não relacionados especificamente com a produção
de pasta de papel e de papel, tais como a armazenagem e o manuseio de produtos químicos, a
segurança no trabalho e os riscos envolvidos, as centrais de produção de calor e energia
eléctrica, os sistemas de arrefecimento e de vácuo e o tratamento das águas sujas são abordados
sucintamente ou nem sequer são referidos.
Este BREF é composto por uma secção introdutória (informações gerais, capítulo 1) e por cinco
partes principais:
• o processo de produção de pasta kraft (capítulo 2),
• o processo de produção de pasta de papel pelo processo ao sulfito (capítulo 3),
• a produção de pasta por processos mecânicos e por processos químico-mecânicos (capítulo
4),
• o processamento de fibras recicladas (capítulo 5) e
• a produção de papel e processos afins (capítulo 6).
Cada um destes capítulos tem cinco secções principais de acordo com o modelo geral dos
documentos de referência sobre as melhores técnicas disponíveis (MTD) para a prevenção e
controlo integrados da poluição (IPPC). A maior parte dos leitores não terá necessidade de ler o
documento completo, mas apenas os capítulos ou secções relevantes para a fábrica em questão.
i
Por exemplo, as fábricas de produção de pasta kraft para venda no mercado são tratadas apenas
no capítulo 2 e as fábricas integradas de produção de pasta de papel e de papel kraft nos
capítulos 2 e 6, enquanto as informações relevantes sobre fábricas integradas de processamento
de papel reciclado poderão ser encontradas nos capítulos 5 e 6.
O documento inclui no fim uma lista bibliográfica e um glossário de termos e abreviaturas que
facilita a compreensão do texto.
As informações gerais (capítulo 1) incluem dados estatísticos sobre o consumo de papel na
Europa, a distribuição geográfica da produção de pasta de papel e de papel na Europa, alguns
aspectos económicos, uma perspectiva geral da produção de pasta de papel e de papel e as
principais questões ambientais que suscita, bem como uma classificação das fábricas de pasta de
papel e de papel europeias. O capítulo sobre as informações gerais termina com algumas
observações de carácter geral sobre a determinação das MTD para o sector, que se caracteriza
por uma elevada diversidade de produtos e (combinações de) processos envolvidos, e por um
elevado grau de soluções técnicas integradas nos processos.
Em cada um dos cinco principais capítulos são dadas informações relativas aos seguintes
aspectos: técnicas e processos aplicados, principais preocupações ambientais, tais como os
requisitos em matéria de recursos e de energia, emissões e resíduos; descrição das técnicas de
redução de emissões aplicáveis, minimização dos resíduos e poupanças de energia; identificação
das melhores técnicas disponíveis e novas técnicas a considerar.
No que respeita aos valores indicados para as emissões e consumo, importa ter em mente que
nem sempre os dados são directamente comparáveis de país para país, porque alguns dos
métodos de medição utilizados pelos Estados-Membros são diferentes. (Ver o Anexo III para
mais informações sobre esta questão, embora a utilização de métodos diferentes não altere as
conclusões registadas neste documento.)
As análises das técnicas a considerar na determinação das MTD seguem todas a mesma
estrutura, que inclui uma breve descrição da técnica, o principal objectivo ambiental
conseguido, a aplicabilidade, os efeitos cruzados, as experiências operacionais, os aspectos
económicos, a dinâmica de implementação dessa técnica, exemplos de unidades e bibliografia.
A secção relativa às Melhores Técnicas Disponíveis inclui parâmetros de níveis de emissões e
de consumo associados à utilização das MTD. As conclusões relativas às MTD são baseadas em
experiências de exemplos reais e na análise conduzida por peritos do GTT.
O fabrico de pasta de papel e de papel é uma área complexa que envolve muitos níveis de
processamento e diferentes produtos. Todavia, por uma questão académica, a ampla gama de
matérias-primas utilizadas e os processos envolvidos no fabrico de pasta de papel e de papel
podem ser discriminados numa série de operações unitárias. Neste documento, as preocupações
ambientais, as técnicas relevantes de prevenção e redução das emissões/resíduos e a redução do
consumo de energia e matérias-primas são descritas separadamente em cinco classes principais
(capítulos 2 a 6). Sempre que se justifica e é considerado necessário, estas classes principais são
divididas em subclasses.
O documento reflecte a variedade de matérias-primas, recursos energéticos, produtos e
processos do sector da indústria papeleira europeia. Contudo, em determinados casos das
categorias principais de produtos existe um certo número de matérias-primas e de especificação
de produtos que difere da produção de qualidades padrão e pode ter impacte nas condições
operacionais e nas potencialidades de melhoria. Isto é particularmente verdadeiro para as
fábricas de papel especial, que produzem sequencialmente nas suas máquinas um elevado
número de diferentes qualidades, ou para as fábricas de papel que produzem "qualidades
especiais" de papel.
O intercâmbio de informações permitiu retirar conclusões sobre as MTD. Aconselha-se a
consulta das secções de cada um dos capítulos que descrevem as MTD para uma plena
ii
compreensão das MTD e das emissões que lhes estão associadas. Segue-se um resumo dos
principais resultados.
MTD gerais para todos os processos
O intercâmbio de informações permitiu concluir que a aplicação das melhores técnicas
disponíveis a nível da redução das emissões e a nível dos processos, aliada aos aspectos a seguir
referidos, constitui a medida mais eficaz para reduzir as emissões e/ou o consumo e melhorar o
desempenho económico:• formação, ensino e motivação do pessoal e dos operadores;
• optimização do controlo dos processos;
• manutenção adequada das unidades tecnológicas e das técnicas de redução de emissões que
lhes estão associadas;
• sistema de gestão ambiental que optimiza a gestão, aumenta a consciencialização, define
metas, prevê medidas, compreende instruções sobre os processos e directrizes laborais, etc.
MTD para o processamento de pasta kraft (capítulo 2)
O fabrico pelo processo ao sulfato ou kraft é o processo de fabrico de pasta de papel mais
generalizado em todo o mundo, porque se obtém pasta com maior resistência e porque o
processo pode ser aplicado a todas as variedades de madeira. Na produção de pasta kraft os
efluentes para as águas residuais, as emissões atmosféricas, incluindo os gases fétidos, e o
consumo de energia são os principais aspectos a ter em conta. Em alguns países é de prever que
os resíduos se tornem uma questão ambiental preocupante. As principais matérias-primas
utilizadas são a madeira e a água (recursos renováveis) e os produtos químicos para o cozimento
e o branqueamento. As principais emissões para a água são substâncias orgânicas. Os efluentes
das unidades de branqueamento que utilizam produtos de branqueamento com cloro contêm
compostos de cloro organicamente ligados, medidos como AOX. Algumas das descargas das
unidades sob a forma de compostos revelam efeitos tóxicos sobre os organismos aquáticos. As
emissões geradas pelos corantes podem afectar negativamente as espécies vivas do meio
receptor. As emissões de nutrientes (azoto e fósforo) podem contribuir para a eutroficação do
meio receptor. Os metais extraídos da madeira que integram as descargas estão presentes em
baixas concentrações, embora possam ter impacte significativo devido aos elevados caudais. Em
resultado de medidas tomadas, na sua maioria, no âmbito dos processos de fabrico, foi possível
conseguir reduções significativas de substâncias orgânicas cloradas e não cloradas nos efluentes
das fábricas de produção de pasta de papel.
Considera-se que as melhores técnicas disponíveis para as fábricas de produção de pasta de
papel kraft são
•
•
•
•
•
•
•
•
•
o descasque da madeira a seco;
o aumento da delignificação a montante da unidade de branqueamento por cozimento
alargado ou modificado e fases de oxigenação adicionais;
a lavagem de elevada eficácia e a crivagem em ciclo fechado da madeira não branqueada;
o branqueamento elementar sem cloro (ECF) com baixos níveis de AOX ou o
branqueamento totalmente isento de cloro (TCF);
a reciclagem de alguma água de processamento, principalmente alcalina, da unidade de
branqueamento;
um sistema eficaz de monitorização, contenção e recuperação dos derrames;
a remoção e reutilização dos condensados da unidade de evaporação;
uma suficiente capacidade da unidade de evaporação do licor negro e da caldeira de
recuperação para acondicionar a carga adicional de licor e de sólidos secos;
a recolha e reutilização das águas de arrefecimento depuradas;
iii
•
a existência de reservatórios-tampão com capacidade suficiente para armazenar as fugas dos
licores de recozimento e recuperação, e os condensados por forma a evitar picos de carga
repentinos e contratempos ocasionais na unidade externa de tratamento de efluentes;
para além das medidas integradas nos processos, o tratamento primário e o tratamento
biológico são considerados MTD para as fábricas de produção de pasta kraft.
•
Para as fábricas de pasta de papel kraft branqueada e não branqueada, os níveis de emissões
MTD para a água que estão associados à utilização de uma combinação adequada destas
técnicas são os seguintes:
Caudal
m3/TSA
Pasta de papel 30-50
branqueada
Pasta de papel não 15-25
branqueada
CQO
kg/TS
A
8-23
CBO
kg/TSA
TSS
kg/TSA
AOX
kg/TSA
Total N
kg/TSA
Total P
kg/TSA
0,3-1,5
0,6-1.5
< 0,25
0,1-0,25
0,01-0,03
5-10
0,2-0,7
0,3-1,0
-
0,1-0,2
0,01-0,02
Estes níveis de emissão são referentes a médias anuais. O caudal de água baseia-se na assunção
de que a água de arrefecimento e outros tipos de água depurada são escoados separadamente. Os
valores referem-se apenas ao contributo da produção de pasta de papel. Nas fábricas integradas,
as emissões geradas pela produção de papel (ver capítulo 6) têm de ser adicionadas de acordo
com a gama de produtos fabricados.
As emissões de efluentes gasosos de diferentes fontes são outra questão relevante para o
ambiente. As emissões atmosféricas são provenientes das caldeiras de recuperação, dos fornos
de cal, das fornalhas de cascas de árvores, da armazenagem de aparas, dos fornos de cozimento,
da lavagem da pasta de papel, das unidades de branqueamento, da preparação dos produtos
químicos de branqueamento, da evaporação, da crivagem, da lavagem, da preparação do licor
branco e dos diferentes reservatórios. Parte delas são emissões difusas que se libertam em
diferentes fases do processo. As principais fontes pontuais são a caldeira de recuperação, o
forno de cal e as caldeiras auxiliares. As emissões são compostas essencialmente por óxidos de
azoto, compostos sulfurizados, tais como dióxido de enxofre e compostos fétidos de enxofre
reduzido. Existem ainda as emissões de partículas.
As melhores técnicas disponíveis para a redução das emissões atmosféricas são
•
•
•
•
•
•
iv
A recolha e incineração de gases fétidos concentrados e controlo das emissões de SO2
resultantes. Os gases intensos podem ser queimados na caldeira de recuperação, no forno de
cal ou numa fornalha separada com baixo teor de NOx. Os gases de combustão destes
possuem uma elevada concentração de SO2 que é recuperado num purificador.
Os gases fétidos diluídos de várias fontes são também recolhidos e incinerados, sendo
efectuado um controlo do SO2 resultante.
As emissões de TER da caldeira de recuperação são reduzidas por meio de um controlo
eficaz da combustão e pela medição do CO;
As emissões de TER do forno de cal são reduzidas mediante o controlo do oxigénio em
excesso, a utilização de combustível com baixo teor de enxofre e o controlo do sódio
solúvel residual na lama de cal introduzida no forno.
As emissões de SO2 provenientes das caldeiras de recuperação são controladas pela
combustão do licor preto, composto por uma elevada concentração de sólidos secos, na
caldeira de recuperação e/ou pela utilização de um purificador dos gases de combustão;
O controlo das emissões de NOx provenientes da caldeira de recuperação (isto é, a adequada
mistura e divisão do ar na caldeira), do forno de cal e das caldeiras auxiliares, mediante a
regulação das condições de combustão e de instalações novas ou modificadas de concepção
adequada são também MTD;
•
•
As emissões de SO2 provenientes de caldeiras auxiliares são reduzidas pela utilização de
cascas de árvores, gases, óleo e carvão com baixo teor de enxofre ou pelo controlo das
emissões de enxofre com um purificador.
Os gases de combustão provenientes das caldeiras de recuperação, caldeiras auxiliares (para
incineração de outros biocombustíveis e/ou de combustíveis fósseis) e do forno de cal são
purificados com precipitadores electrostáticos eficazes para redução das emissões de
poeiras.
Na tabela seguinte são indicados os níveis de emissões atmosféricas MTD provenientes do
processo que estão associados a uma combinação destas técnicas, aplicáveis às fábricas de pasta
kraft branqueada e não branqueada. Os níveis de emissões são referentes a médias anuais e
condições-padrão. Por sua vez, as emissões de caldeiras auxiliares resultantes, por exemplo, da
produção de vapor utilizado para a secagem da pasta de papel e/ou do papel não são incluídas.
Relativamente aos níveis de emissões provenientes das caldeiras auxiliares, remete-se para a
secção deste documento que se debruça sobre as MTD para as caldeiras auxiliares.
Poeiras
kg/TSA
Pasta kraft branqueada
e não branqueada
0,2-0,5
SO2 em
forma de S)
kg/TSA
0,2-0,4
NOx (NO+NO2
como NO2) em
kg/TSA
1,0-1,5
TER em
forma de S)
kg/TSA
0,1-0,2
Os valores referem-se apenas ao contributo da produção de pasta de papel. Isso significa que,
nas fábricas integradas, os valores referentes às emissões geradas pelos processos estão
relacionados apenas com a produção de pasta kraft e não incluem as emissões atmosféricas
geradas pelas caldeiras de vapor ou centrais eléctricas que possam ser operadas para fornecer a
energia necessária à produção de papel.
As melhores técnicas disponíveis para a redução dos resíduos consistem na minimização da
produção de resíduos sólidos e na recuperação, reciclagem e reutilização destes materiais
sempre que seja praticável. A recolha separada e a armazenagem intermédia de fracções de
resíduos na fonte podem contribuir para atingir este objectivo. Quando os resíduos recolhidos
não são reutilizáveis no processo, a utilização externa dos resíduos como sucedâneos ou a
incineração de materiais orgânicos em caldeiras de concepção adequada com recuperação de
energia são considerado MTD.
Podem ser tomadas algumas medidas para reduzir o consumo de vapor limpo e de energia
eléctrica e aumentar a produção interna de vapor e de energia eléctrica. Nas fábricas não
integradas de produção de pasta de papel com eficiência energética, o calor produzido pelo licor
preto e pela incineração de cascas de árvores excede a energia requerida para todo o processo de
produção. Todavia, será por vezes necessário óleo combustível como, por exemplo, no arranque
e, em muitas fábricas, no forno de cal.
As fábricas de produção de pasta de papel e papel kraft com eficiência energética consomem
calor e energia eléctrica da seguinte forma:
• Fábricas não integradas de produção de pasta kraft branqueada: 10-14 GJ/TSA de calor de
processamento e 0,6-0,8 MWh/TSA de energia eléctrica;
• Fábricas integradas de produção de pasta kraft branqueada e de papel (por exemplo, papel
fino não revestido): 14-20 GJ/TSA de calor de processamento e 1,2-1,5 MWh/TSA de
energia eléctrica;
• Fábricas integradas de produção de pasta kraft branqueada e de papel (por exemplo, papel
kraft para revestimento): 14-17,5 GJ/TSA de calor de processamento e 1-1,3 MWh/TSA de
energia eléctrica.
MTD para o processamento de pasta de papel pelo processo ao sulfito (capítulo 3)
v
A produção de pasta de papel pelo processo ao sulfito é muito menor que a de pasta kraft. O
processo de produção da pasta de papel pode ser executado com diferentes produtos químicos
de cozimento. Este documento centra-se na pasta fabricada pelo processo ao sulfito de
magnésio, dada a sua importância em termos de capacidade e número de fábricas em operação
na Europa.
Os processos de produção de pasta de papel kraft e de pasta de papel pelo processo ao sulfito
são semelhantes em muitos aspectos, em particular se considerarmos as possibilidades de
aplicação de diferentes medidas internas e externas de redução das emissões libertadas no
ambiente. As principais diferenças entre os dois processos químicos de produção de pasta de
papel, do ponto de vista ambiental, residem na parte química do processo de cozimento, na
preparação química, no sistema de recuperação e na menor quantidade de branqueamento
exigida pela pasta de papel fabricada pelo processo ao sulfito, que possui um brilho inicial
superior.
Tal como na pasta kraft, também na pasta fabricada pelo processo ao sulfito os efluentes para as
águas residuais e as emissões atmosféricas são os principais aspectos a ter em conta. As
principais matérias-primas utilizadas são a madeira e a água (recursos renováveis) e os produtos
químicos para o cozimento e o branqueamento. As principais emissões para a água são
substâncias orgânicas. Algumas das descargas das unidades sob a forma de compostos revelam
efeitos tóxicos sobre organismos aquáticos. As emissões geradas pelos corantes podem afectar
negativamente as espécies vivas do meio receptor. As emissões de nutrientes (azoto e fósforo)
podem contribuir para a eutroficação do meio receptor. Os metais extraídos da madeira que
integram as descargas estão presentes em baixas concentrações, embora possam ter um impacte
significativo devido aos elevados caudais. Em regra, como se evita a utilização de produtos
químicos contendo cloro no branqueamento da pasta de papel fabricada pelo processo ao sulfito,
ela é branqueada pelo processo TCF (total chlorine free), pelo que os efluentes descarregados
pela unidade de branqueamento não contêm quantidades relevantes de compostos de cloro
organicamente ligados.
Em geral, há muito menos informações sobre as técnicas a considerar na determinação das
MTD para as fábricas de produção de pasta de papel pelo processo ao sulfito do que para as de
pasta kraft. Por conseguinte, das poucas informações fornecidas pelos membros do GTT no
decurso do intercâmbio de informações sobre as MTD, apenas um número restrito de técnicas
pôde ser descrito com o mesmo pormenor das técnicas de produção de pasta kraft. O conjunto
de dados disponíveis é relativamente pequeno, embora isso possa ser parcialmente compensado
pelas semelhanças inerentes entre a produção da pasta de papel pelo processo ao sulfito e da
pasta kraft. Algumas técnicas de prevenção e controlo da poluição, aplicáveis à produção de
pasta kraft, são válidas também, em muitos aspectos, para a produção de pasta de papel pelo
processo ao sulfito. Nos casos em que existem diferenças específicas entre as tecnologias de
produção kraft e de produção pelo processo ao sulfito procurou-se recolher as necessárias
informações. Todavia, só as informações prestadas pela Áustria, Alemanha e Suécia puderam
ser utilizadas na descrição das técnicas e nas conclusões sobre as MTD. As emissões para a
água sofreram reduções significativas graças à tomada de medidas inerentes aos processos.
Considera-se que as melhores técnicas disponíveis para as fábricas de produção de pasta de
papel pelo processo ao sulfito são
•
•
•
•
vi
O descasque da madeira a seco;
O aumento da delignificação a montante da unidade de branqueamento por cozimento
alargado ou modificado;
A lavagem de elevada eficácia e monitorização cerrada da madeira não branqueada;
Um sistema eficaz de monitorização, contenção e recuperação dos derrames;
•
•
•
•
•
O encerramento da unidade de branqueamento quando estão a ser utilizados processos de
cozimento baseados em sódio;
O branqueamento pelo processo TCF;
A neutralização do licor fraco antes da evaporação, seguida de reutilização da maior parte
do condensado no processo ou tratamento anaeróbio;
A fim de evitar cargas desnecessárias e contratempos ocasionais no tratamento externo dos
efluentes devido aos licores gerados pelos processos de cozimento e recuperação e aos
condensados poluídos, considera-se que é necessário prever reservatórios-tampão com
suficiente capacidade de armazenagem;
Para além das medidas inerentes aos processos, o tratamento primário e o tratamento
biológico são considerados MTD para as fábricas de produção de pasta de papel pelo
processo ao sulfito.
Para as fábricas de pasta de papel branqueada produzida pelo processo ao sulfito, os níveis de
emissões MTD para a água que estão associados à utilização de uma combinação adequada
destas técnicas são os seguintes:
Caudal
m3/TSA
de 40-55
Pasta
papel
branqueada
CQO
kg/TSA
20-30
CBO
kg/TSA
1-2
TSS
kg/TSA
1,0-2,0
AOX
kg/TSA
-
Total N
kg/TSA
0,15-0,5
Total P
kg/TSA
0,02-0,05
Estes níveis de emissão dizem respeito a médias anuais. O caudal de águas residuais baseia-se
na assunção de que a água de arrefecimento e outros tipos de água depurada são escoados
separadamente. Os valores referem-se apenas ao contributo da produção de pasta de papel. Nas
fábricas integradas, as emissões geradas pela produção de papel (ver capítulo 6) têm de ser
adicionadas de acordo com a gama de produtos fabricados.
As emissões de efluentes gasosos de diferentes fontes são outra questão relevante para o
ambiente. As emissões atmosféricas provêm de diferentes fontes, principalmente da caldeira de
recuperação e da fornalha de cascas de árvores. As emissões menos concentradas de SO2
libertadas para a atmosfera provêm das operações de lavagem e crivagem e dos respiradouros
dos evaporadores e dos diversos reservatórios. Parte destas emissões liberta-se sob a forma de
emissões difusas, em diferentes fases do processo. As emissões são compostas sobretudo por
dióxido de enxofre, óxidos de azoto e poeiras.
As melhores técnicas disponíveis para a redução das emissões atmosféricas são:
•
•
•
•
•
•
•
•
Recolha das emissões de SO2 concentradas e sua recuperação em reservatórios com níveis
de pressão diferentes;
Recolha das emissões difusas de SO2 provenientes de diversas fontes e sua introdução na
caldeira de recuperação como ar para a combustão;
Controlo das emissões de SO2 provenientes da(s) caldeira(s) de recuperação mediante a
utilização de precipitadores electrostáticos e purificadores de gases de combustão de vários
níveis e recolha e purificação das emissões libertadas pelos diversos respiradouros;
Redução das emissões de SO2 provenientes das caldeiras auxiliares mediante a utilização de
cascas de árvores, gás, óleo e carvão com baixo teor de enxofre ou o controlo das emissões
de enxofre;
Redução de gases odoríferos por sistemas de recolha eficazes;
Redução das emissões de NOx provenientes da caldeira de recuperação e das caldeiras
auxiliares através do controlo das condições de combustão;
Depuração dos gases de combustão provenientes das caldeiras auxiliares com precipitadores
electrostáticos eficazes para reduzir as emissões de poeiras;
Incineração optimizada dos resíduos do ponto de vista das emissões, com recuperação de
energia.
vii
Em termos de MTD, os níveis das emissões geradas pelo processo, associados a uma
combinação destas técnicas, são indicados na tabela seguinte. As emissões de caldeiras
auxiliares resultantes, por exemplo, da produção de vapor utilizado para a secagem da pasta de
papel e/ou do papel não são incluídas. Os níveis de emissões associados às MTD para estas
instalações são indicados na secção que trata das MTD para as caldeiras auxiliares.
Poeiras
kg/TSA
Pasta de
branqueada
papel 0,02-0,15
SO2 em
forma de S)
kg/TSA
0,5-1,0
NOx em forma
de NO2) kg/TSA
1,0 – 2,0
Estes níveis de emissões são referentes a médias anuais e condições-padrão. Os valores referemse apenas ao contributo da produção da pasta de papel. Isso significa que, nas fábricas
integradas, os números de emissões processadas estão relacionados apenas com a produção de
pasta de papel e não incluem as emissões atmosféricas geradas pelas caldeiras auxiliares ou
centrais eléctricas que possam ser operadas para fornecer a energia necessária à produção de
papel.
As melhores técnicas disponíveis para a redução dos resíduos são a minimização da produção de
resíduos sólidos e a recuperação, reciclagem e reutilização destes materiais sempre que seja
praticável. A recolha separada e a armazenagem intermédia de fracções de resíduos na fonte
podem contribuir para atingir este objectivo. Quando os resíduos recolhidos não são
reutilizáveis no processo, a utilização externa dos resíduos como sucedâneos ou a incineração de
materiais orgânicos em caldeiras de concepção adequada com recuperação de energia são
considerado MTD.
Podem ser tomadas algumas medidas para reduzir o consumo de vapor limpo e de energia
eléctrica e aumentar a produção interna de vapor e de energia eléctrica. As fábricas de produção
de pasta pelo processo ao sulfito são auto-suficientes em termos de calor e de energia eléctrica
porque utilizam o valor calorífico do licor espesso, das cascas de árvores e dos resíduos de
madeira. As fábricas integradas precisam de mais vapor e electricidade, que são gerados em
centrais eléctricas internas ou externas. As fábricas integradas de produção de pasta de papel e
de papel pelo processo ao sulfito consomem 18-24 GJ/TSA de calor de processamento e 1,2-1,5
MWh/TSA de electricidade.
MTD para a produção de pasta de papel por processos mecânicos e por processos
químicos e mecânicos (capítulo 4)
Na produção de pasta de papel por processos mecânicos, as fibras de madeira são separadas
umas das outras por energia mecânica aplicada à matriz de madeira. O objectivo é manter a
principal parte da lignina para obter rendimento elevado com propriedades de resistência e
brilho aceitáveis. Importa distinguir dois processos principais:
•
•
O processo de madeira em bruto, em que os troncos são pressionados contra um moinho
rotativo com acção simultânea da água e
A pasta produzida por refinadores mecânicos, em que as aparas de madeira são desfibradas
entre refinadores de disco.
As características da pasta de papel podem ser afectadas pelo aumento da temperatura de
processamento e, no caso da refinação, pelo tratamento químico prévio das aparas de madeira.
O processo de fabrico de pasta de papel em que a madeira é previamente amaciada com
produtos químicos e refinada sob pressão, designado por processo térmico-químico-mecânico
(CTMP), é referido também neste documento.
viii
A maior parte da produção de pasta de papel por processos mecânicos está integrada no circuito
de fabrico do papel. Por conseguinte, os níveis de emissões associados à utilização das MTD
indicadas dizem respeito a fábricas integradas de pasta de papel e de papel (com excepção da
pasta fabricada pelo processo CTMP).
Na produção de pasta de papel por processos mecânicos e por processos químicos e mecânicos,
os aspectos a ter em conta são os efluentes das águas residuais e a electricidade consumida pelos
accionamentos dos moinhos ou dos refinadores. As principais matérias-primas são a madeira e a
água (recursos renováveis) e alguns produtos químicos para o branqueamento (no caso do
processo CTMP, também para o tratamento químico prévio das aparas). Durante a produção são
aplicados diversos aditivos como auxiliares de processamento e para melhorar as propriedades
do produto (auxiliares do papel). As emissões para a água são sobretudo substâncias orgânicas
que se perdem na fase aquática sob a forma de substâncias dissolvidas ou dispersas. Se a pasta
produzida por processos mecânicos for branqueada durante uma ou duas fases de aplicação de
peróxidos alcalinos, as emissões de poluentes orgânicos libertadas aumentam
significativamente. O branqueamento com peróxido gera cargas adicionais com CQO, antes do
tratamento, de cerca de 30 kg O2/TSA. Algumas das descargas das fábricas sob a forma de
compostos revelam efeitos tóxicos sobre os organismos aquáticos. As emissões de nutrientes
(azoto e fósforo) podem contribuir para a eutroficação do meio receptor. Os metais extraídos da
madeira que integram as descargas estão presentes em baixas concentrações, embora possam ter
um impacte significativo devido aos elevados caudais.
Grande parte das técnicas a considerar na determinação das MTD diz respeito à redução das
emissões para a água. Na produção de pasta de papel por processos mecânicos, as redes de água
estão situadas normalmente muito perto. O excesso de águas tratadas provenientes das máquinas
de produção de papel é utilizado, em geral, para compensar a água que sai do circuito com a
pasta de papel e o refugo.
Considera-se que as melhores técnicas disponíveis para as fábricas de produção de pasta de
papel por processos mecânicos são:
•
•
•
•
•
•
•
O descasque da madeira a seco
A minimização das perdas de refugo mediante a utilização de níveis eficazes de tratamento
do refugo
A recirculação da água no departamento da produção de pasta de papel por processos
mecânicos
A separação eficaz dos sistemas de água das fábricas de produção de pasta de papel e de
papel através da utilização de espessantes
A existência de um sistema de água branca de contracorrente entre a fábrica de papel e a
fábrica de pasta de papel, consoante o grau de integração
a utilização de reservatórios-tampão com suficiente capacidade de armazenagem de fluxos
de águas residuais com concentrações de poluentes, provenientes dos processos de fabrico
(sobretudo para o processo CTMP)
O tratamento primário e biológico dos efluentes e, em alguns casos, também floculação ou
precipitação química.
Nas fábricas que utilizam o processo CTMP, a combinação do tratamento anaeróbio e aeróbio
das águas residuais é também considerado um sistema de tratamento eficaz. Finalmente, a
evaporação das águas residuais mais contaminadas e a queima do concentrado, a par do
tratamento das lamas activadas do restante material residual poderão ser consideradas uma
solução particularmente interessante para a modernização das fábricas.
Os níveis de emissões associados a uma combinação adequada destas técnicas são apresentados
separadamente para as fábricas não integradas que utilizam o processo CTMP e para as fábricas
integradas de produção de pasta de papel e de papel por processos mecânicos. Estes níveis de
emissão são referentes a valores médios anuais.
ix
Fábricas não
integradas de CTMP
(apenas o contributo
da produção de pasta
de papel)
Fábricas integradas
de produção de pasta
de papel e de papel
por processos
mecânicos (tais como
fábricas de produção
de papel de jornal,
LWC [papel couché
ligeiro] e SC [papel
para impressão
mecânico
supercalendrado e
acetinado ])
Caudal
m3/t
15-20
CQO
kg/t
10-20
CBO
kg/t
0,5-1,0
TSS
kg/t
0,5-1,0
AOX
kg/t
-
Total N
kg/t
0,1-0,2
Total P
kg/t
0,005-0,01
12-20
2,0-5,0
0,2-0,5
0,2-0,5
< 0,01
0,04-0,1
0,004-0,01
Nas fábricas integradas que utilizam o processo CTMP, as emissões geradas pela produção de
papel (ver capítulo 6) têm de ser adicionadas de acordo com a gama de produtos fabricados.
Relativamente às fábricas integradas de produção de pasta de papel e de papel por processos
mecânicos, os níveis de emissões referem-se a ambas as produções e são expressas em kg de
poluentes por tonelada de papel produzido.
Na produção de pasta de papel por processos mecânicos, os parâmetros das emissões com CQO
dependem, em particular, da percentagem de fibra branqueada através de peróxidos, porque este
processo produz cargas iniciais mais elevadas de substâncias orgânicas antes do tratamento. Por
conseguinte, o teor máximo dos parâmetros de emissões associado às MTD é válido para
fábricas de papel com uma percentagem elevada de TMP branqueada através de peróxidos.
As emissões atmosféricas são sobretudo emissões geradas pela produção de calor e de
electricidade nas caldeiras auxiliares e compostos orgânicos voláteis (COV). As fontes de
emissões de COV são pilhas de aparas e a evacuação do ar das câmaras de lavagem de aparas de
madeira, de outras câmaras e de condensados contaminados com componentes de madeira
voláteis produzidos pela recuperação de vapor dos refinadores. Parte destas emissões liberta-se
sob a forma de emissões difusas em diferentes fases do processo.
As melhores técnicas disponíveis para a redução das emissões atmosféricas são uma
recuperação eficiente do calor e a diminuição das emissões de COV produzidas pelo vapor
contaminado. Para além das emissões de COV, a produção de pasta de papel por processos
mecânicos liberta poluentes para a atmosfera não relacionados com os processos, mas gerados
pela produção interna de energia. O calor e a energia eléctrica são produzidos por combustão de
diferentes tipos de combustíveis fósseis ou resíduos de madeira renováveis, como cascas de
árvores. As MTD para as caldeiras auxiliares são referidas noutra parte do documento.
As melhores técnicas disponíveis para a redução dos resíduos são a minimização da produção de
resíduos sólidos e a recuperação, reciclagem e reutilização destes materiais sempre que seja
praticável. A recolha separada e a armazenagem intermédia de fracções de resíduos na fonte
podem contribuir para atingir este objectivo. Quando os resíduos recolhidos não são
reutilizáveis no processo, a utilização externa dos resíduos como sucedâneos ou a incineração de
materiais orgânicos em caldeiras de concepção adequada com recuperação de energia são
considerado MTD, minimizando deste modo o envio de refugo para aterros.
x
Existem diversas medidas para reduzir o consumo de vapor limpo e de energia eléctrica. As
fábricas de produção de pasta de papel e papel por processos mecânicos com eficiência
energética, têm consumos de calor e electricidade da ordem dos seguintes valores:
•
•
•
•
Fábricas não integradas que utilizam o processo CTMP: pode ser utilizado calor de
processamento recuperado na secagem da pasta de papel, ou seja, não é necessário vapor
primário. O consumo de electricidade é de 2-3 MWh/TSA;
As fábricas integradas de produção de papel de jornal consomem 0-3 GJ/t de calor de
processamento e 2-3 MWh/t de electricidade. o consumo de vapor depende da fibra e dos
graus de recuperação de vapor dos refinadores.
As fábricas integradas de produção de papel couché ligeiro consomem 3-12 G/t de calor de
processamento e 1,7-2,6 MWh/t de electricidade. Convém referir que a fibra utilizada no
fabrico de papel couché ligeiro é normalmente composta por apenas cerca de um terço de
pasta produzida pelos processos mecânicos PGW ou TMP, sendo o restante constituído por
pasta kraft branqueada, materiais de enchimento e corantes de revestimento. Se a pasta kraft
branqueada for produzida na mesma fábrica (integrada), o contributo da quantidade de
energia requerida pela produção de pasta kraft terá de ser adicionado em função da mistura
de fibras utilizada.
As fábricas integradas de produção de papel SC consomem 1-6 GJ/t de calor de
processamento e 1,9-2,6 MWh/t de electricidade.
MTD para o processamento de fibras recicladas (capítulo 5)
As fibras recuperadas tornaram-se uma matéria-prima indispensável para a indústria papeleira
graças ao seu preço favorável em comparação com as correspondentes variedades de pasta
virgem e à promoção da reciclagem de papel recuperado efectuada por muitos países europeus.
Os sistemas de processamento de papel recuperado variam de acordo com a variedade de papel
a produzir por exemplo, papel de embalagem, papel de jornal, papel de revestimento testliner
para cartão canelado ou papel tissue e o respectivo tipo de material utilizado. Regra geral, os
processos que utilizam fibras recicladas (RCF) podem ser divididos em duas categorias
principais:
• Processos que utilizam uma limpeza exclusivamente mecânica, isto é, sem destintagem.
Abrangem produtos como o testliner, telas para canelagem, cartão e papelão.
• Processos com unidades de processamento mecânicas e químicas, isto é, com destintagem.
Abrangem produtos como o papel de jornal, papel tissue e papel para fotocópia, papéis para
revistas (SC/LCW), algumas variedades de papelão ou DIP (de-inked pulp) (pasta de papel
submetida a destintagem) para venda.
As matérias-primas para a produção de papel pelo processo RCF são sobretudo papel
recuperado, água, aditivos químicos e energia sob a forma de vapor e electricidade. São ainda
utilizadas grandes quantidades de água de processamento e de arrefecimento. Durante a
produção são aplicados diversos aditivos como auxiliares de processamento e para melhorar as
propriedades do produto (auxiliares do papel). O impacte ambiental do processamento de papel
recuperado é basicamente constituído por emissões para a água, resíduos sólidos (em especial se
for aplicada a lavagem para destintagem como, por exemplo, nas fábricas de produção de papel
tissue) e emissões atmosféricas. Estas estão relacionadas sobretudo com a produção de energia
por queima de combustíveis fósseis em centrais eléctricas.
A maioria das unidades de processamento de papel recuperado está integrada no processo de
fabrico de papel, pelo que os níveis de emissões associados à utilização das MTD são indicados
para as fábricas integradas.
Grande parte das técnicas a considerar na determinação das MTD dizem respeito à redução das
emissões para a água.
Considera-se que as melhores técnicas disponíveis para as fábricas de produção de papel
recuperado são:
xi
•
A separação de água menos contaminada da água contaminada e reciclagem da água de
processamento;
A gestão optimizada da água (circuito de água), tratamento da água por sedimentação,
técnicas de flutuação ou filtração e reciclagem da água de processamento para diferentes
fins;
A separação total dos circuitos de água e fluxo da água de processamento em
contracorrente;
A produção de água tratada para unidades de destintagem (flutuação);
A instalação de um tanque de compensação e tratamento primário;
O tratamento biológico dos efluentes. Uma opção eficaz para variedades com destintagem e,
consoante as condições, também para variedades sem destintagem, consiste no tratamento
biológico aeróbio e, em alguns casos, também a floculação e a precipitação química. O
tratamento mecânico seguido de tratamento biológico anaeróbio-aeróbio é a opção
preferível para variedades sem destintagem. Normalmente estas fábricas têm de tratar uma
quantidade maior de águas residuais concentradas devido a um grau mais elevado de
encerramento do circuito de água.
A reciclagem parcial da água tratada depois do tratamento biológico. O possível grau de
reciclagem da água depende das variedades de papel produzidas. Para as variedades de
papel sem destintagem, esta técnica é considerada uma MTD, embora seja necessário
investigar cuidadosamente as vantagens e desvantagens, até porque requer normalmente um
polimento adicional (tratamento terciário).
O tratamento dos circuitos de água internos.
•
•
•
•
•
•
•
Para as fábricas integradas de papel recuperado, os níveis de emissões associados a uma
combinação adequada das melhores técnicas disponíveis são os seguintes:
Fábricas integradas
RCF sem
destintagem (por
exemplo, materiais
canelados, testliner,
topliner branco,
papelão, etc.)
Fábricas RCF com
destintagem (por
exemplo, papel de
jornal, papel de
impressão & escrita,
etc.)
Fábricas de papel
tissue à base de RCF
Caudal
m3/t
<7
CQO
kg/t
0,5-1,5
CBO
kg/t
<0,05-0,15
TSS
kg/t
0,05-0,15
Total N
kg/t
0,02-0,05
Total P
kg/t
0,002-0,005
AOX
kg/t
<0,005
8-15
2-4
<0,05-0,2
0,1-0,3
0,05-0,1
0,005-0,01
<0,005
8-25
2,0-4,0
<0,05-0,5
0,1-0,4
0,05-0,25
0,005-0,015
<0,005
Os níveis de emissão MTD são referentes a médias anuais e apresentados separadamente por
processos com e sem destintagem. O caudal de águas residuais baseia-se na presunção de que a
água de arrefecimento e outros tipos de água depurada são escoados separadamente. Os valores
são referentes a fábricas integradas, isto é, o processamento do papel recuperado e o fabrico de
papel são efectuados no mesmo local.
O tratamento comum de águas residuais provenientes de uma fábrica de papel RCF ou de um
consórcio de fábricas de papel RCF na unidade municipal de tratamento de águas residuais é
também considerado uma MTD se o sistema de tratamento comum for adequado para efluentes
de fábricas de papel. Antes de considerar esta opção uma MTD, haverá que calcular a eficiência
xii
despoluidora do sistema de tratamento de águas residuais comuns e determinar a eficiência
comparável da despoluição ou da concentração de emissões libertadas.
As emissões atmosféricas nas fábricas de produção de papel à base de RCF estão relacionadas
sobretudo com as unidades instaladas para a produção de calor e, em alguns casos, a co-geração
de electricidade. A poupança de energia corresponde, por conseguinte, à redução das emissões
atmosféricas. As unidades de produção de electricidade são geralmente caldeiras convencionais
e podem ser tratadas como quaisquer outras centrais eléctricas. São considerado MTD as
seguintes medidas tendentes a diminuir o consumo de energia e as emissões atmosféricas: cogeração de calor e electricidade, melhoria das caldeiras existentes e, sempre que é necessário
proceder à substituição de equipamento, a utilização de equipamento com menor consumo de
energia. Relativamente aos níveis de emissões associados à aplicação de MTD, remete-se para a
secção deste documento que se debruça sobre as MTD para as caldeiras auxiliares.
As melhores técnicas disponíveis para a redução dos resíduos são a minimização da produção de
resíduos sólidos e a recuperação, reciclagem e reutilização destes materiais sempre que seja
praticável. A recolha separada e a armazenagem intermédia de fracções de resíduos na fonte
podem contribuir para atingir este objectivo. Quando os resíduos recolhidos não são
reutilizáveis no processo, a utilização externa dos resíduos como sucedâneos ou a incineração de
materiais orgânicos em caldeiras de concepção adequada com recuperação de energia são
consideradas MTD. A redução dos resíduos sólidos pode ser alcançada pela optimização da
recuperação de fibras através da modernização das unidades de preparação de material;
optimização da quantidade de fases de limpeza na preparação do material; aplicação de
flutuação de ar dissolvido (FAD) como tratamento interno dos circuitos de água para recuperar
fibras e materiais de enchimento e para tratar as águas de processamento. É preciso encontrar o
equilíbrio entre a pureza do material, as perdas de fibra e os requisitos e custos de energia,
geralmente associado às variedades de papel. A redução das quantidades de resíduos sólidos
destinadas a aterro é uma MTD que pode ser alcançada por um tratamento interno
(desidatração) adequado do refugo e das lamas residuais com vista a melhorar o conteúdo dos
resíduos sólidos e a incineração subsequente das lamas residuais/refugo com recuperação de
energia. As cinzas produzidas podem ser utilizadas como matéria-prima na indústria dos
materiais de construção. Existem diferentes opções de incineração do refugo e das lamas
residuais. A aplicabilidade está limitada à dimensão da fábrica e, em certa medida, ao
combustível utilizado, respectivamente, para a produção de vapor e de electricidade.
As fábricas de papel recuperado com utilização eficiente de energia consomem calor e energia
eléctrica da seguinte forma:
• Fábricas integradas de papel RCF sem destintagem (por exemplo, testliner, material para
canelagem): 6-6,5 GJ/t de calor de processamento e 0,7-0,8 MWh/t de energia eléctrica;
• Fábricas integradas de papel tissue com unidade DIP: 7-12 GJ/t de calor de processamento e
1,2-1,4 MWh/t de energia eléctrica;
• Fábricas integradas de papel de jornal ou de papel de impressão & escrita com unidade de
produção de pasta DIP: 4-6,5 GJ/t de calor de processamento e 1-1,5 MWh/t de energia
eléctrica.
MTD para a produção de papel e processos afins (capítulo 6)
A produção de fibras utilizadas no fabrico de papel foi descrita nos capítulos 2 a 5. No capítulo
6, o fabrico de papel e de cartão é descrito independentemente da produção de pasta de papel.
Esta abordagem foi escolhida porque todas as fábricas de papel, integradas ou não com a
produção de pasta de papel, requerem os mesmos processos em termos de equipamentos de
fabrico de papel e cartão. A descrição do fabrico de papel como parte das fábricas integradas de
produção de pasta de papel aumentaria a complexidade da descrição técnica. Finalmente, em
termos quantitativos, a maior parte das fábricas de papel europeias são fábricas não integradas.
No que toca às fábricas integradas de produção de papel, este capítulo é relevante em termos de
fabrico do papel.
xiii
O papel é feito a partir de fibras, água e aditivos químicos, processo que requer muita energia. A
energia eléctrica é consumida sobretudo na operação dos diferentes accionamentos motorizados
e na refinação da preparação do material. O calor de processamento é utilizado sobretudo para
aquecer água, outros fluidos e ar, evaporar água na secção de secagem da máquina e converter
vapor em energia eléctrica (no caso da co-geração). São utilizadas grandes quantidades de água
de processamento e de arrefecimento. Diversos aditivos poderão ser aplicados durante o fabrico
do papel como auxiliares de processamento e para melhorar as propriedades do produto
(auxiliares do papel).
As questões ambientais em torno das fábricas de papel são dominadas pelas emissões para a
água e pelo consumo de energia e de produtos químicos. Também são produzidos resíduos
sólidos. As emissões atmosféricas estão relacionadas sobretudo com a produção de energia por
queima de combustíveis fósseis em centrais eléctricas.
As melhores técnicas disponíveis para a redução das emissões para a água são
•
•
•
•
•
•
•
•
•
A redução ao mínimo da utilização de água no fabrico das diferentes variedades de papel
através de maior reciclagem das águas de processamento e de melhor gestão da água;
O controlo das potenciais desvantagens do encerramento dos sistemas de água;
A construção de um sistema equilibrado de armazenamento de águas brancas, filtradas
(tratadas) e de produção e utilização de equipamentos e de estruturas construídos e
desenhados para um menor consumo de água, sempre que tal seja aplicável. A decisão é
geralmente tomada na altura de substituir componentes ou máquinas ou de efectuar
remodelações;
A aplicação de medidas para reduzir a frequência e os efeitos das descargas acidentais;
A recolha e reutilização de águas limpas de arrefecimento e de vedação ou descarga
separada;
O tratamento prévio separado das águas residuais dos revestimentos;
A substituição de substâncias potencialmente perigosas por alternativas de menor risco;
O tratamento dos efluentes das águas residuais mediante a instalação de um tanque de
compensação;
O tratamento primário, a precipitação biológica secundária e/ou, em alguns casos, a
precipitação química secundária ou floculação das águas residuais. Se apenas for aplicado
um tratamento químico, as descargas com COD serão ligeiramente mais elevadas, embora
compostas essencialmente por matéria facilmente degradável.
Na tabela seguinte, os níveis de emissões associados à aplicação das MTD às fábricas não
integradas de papel são apresentados separadamente para papel fino revestido ou não e para
papel tissue, embora as diferenças entre as variedades de papel não sejam muito claras.
Parâmetros
CBO5
CQO
TSS
AOX
Total P
Total N
Caudal
Unidades
kg/t de papel
kg/t de papel
kg/t de papel
kg/t de papel
kg/t de papel
kg/t de papel
m3/t de papel
Papel fino
não
revestido
0,15-0,25
0,5-2
0,2-0,4
< 0,005
0,003-0,01
0,05-0,2
10-15
Papel fino
revestido
Papel tissue
0,15-0,25
0,5-1,5
0,2-0,4
< 0,005
0,003-0,01
0,05-0,2
10-15
0,15-0,4
0,4-1,5
0,2-0,4
< 0,01
0,003-0,015
0,05-0,25
10-25
Os níveis de emissões MTD são referentes a médias anuais e excluem o contributo da produção
de pasta de papel. Embora estes valores sejam referentes a fábricas não integradas, podem ser
também utilizados para aproximar as emissões geradas pelas unidades de fabrico de papel das
fábricas integradas. O caudal de águas residuais baseia-se na presunção de que a água de
arrefecimento e outros tipos de água depurada são escoados separadamente.
xiv
O tratamento comum de águas residuais provenientes de uma fábrica de papel ou de um
consórcio de fábricas de papel na unidade municipal de tratamento de águas residuais é também
considerado uma MTD se o sistema de tratamento comum for adequado para efluentes de
fábricas de papel. Antes de considerar esta opção uma MTD, haverá que calcular a eficiência
despoluidora do sistema de tratamento de águas residuais comuns e determinar a eficiência
comparável da despoluição ou da concentração de emissões libertadas.
As emissões atmosféricas geradas por fábricas não integradas de papel estão relacionadas
sobretudo com as caldeiras de vapor e as centrais eléctricas. Estas unidades são geralmente
caldeiras convencionais e não diferem de outras unidades de combustão. Assume-se que são
reguladas como qualquer outra caldeira auxiliar com a mesma capacidade (ver texto seguinte).
As MTD para os resíduos sólidos são a redução ao mínimo dos resíduos sólidos e a recuperação,
reutilização e reciclagem, na medida do possível, de materiais reutilizáveis. A recolha separada
de fracções de resíduos na fonte e a armazenagem intermédia de resíduos podem ser benéficas
por permitir a reutilização ou a reciclagem de uma maior percentagem de resíduos em vez do
seu aterro. A redução das perdas de fibra e de materiais de enchimento, a aplicação de ultrafiltragem na recuperação das águas residuais do revestimento (só para variedades de papel
revestidas), a desidratação eficaz dos resíduos e das lamas residuais, transformando-os em
resíduos com elevado grau de solidez, são outras técnicas disponíveis. As MTD são a redução
das quantidades de resíduos destinadas a aterro por identificação das possibilidades das
operações de recuperação e - se exequível - a utilização de resíduos na reciclagem de materiais
ou a incineração com recuperação de energia.
Regra geral, este sector considera a utilização de tecnologias com eficiência energética uma
MTD. Estão disponíveis muitas opções de poupança energéticas num elevado número de fases
inerentes ao processo de fabrico. Normalmente estas medidas estão associadas a investimentos
de substituição, reconstrução ou modernização de equipamento de processamento. Convém
notar que a maior parte das medidas de poupança energética não são aplicadas exclusivamente
para esse efeito. A eficácia produtiva, a melhoria da qualidade dos produtos e a redução dos
custos fixos são a base mais importante dos investimentos. A poupança energética pode ser
alcançada pela implementação de um sistema de monitorização do consumo e do desempenho
energéticos, por uma desidratação mais eficaz da teia de papel na secção de calandragem da
máquina utilizando tecnologias de calandragem de bico (sapata) largo e outras técnicas com
eficiência energética como, por exemplo, lubrificação de elevada consistência, refinação com
eficiência energética, moldação por arame duplo, sistemas de vácuo optimizados,
accionamentos de ventiladores e bombas de velocidade ajustável, motores eléctricos altamente
eficazes, motores eléctricos devidamente dimensionados, recuperação do condensado do vapor,
maior dimensão dos sólidos prensados ou sistemas de recuperação do calor do ar de exaustão.
Uma cuidadosa integração de processos pelo método conhecido por "pinch analysis" permitirá
reduzir a utilização directa de vapor.
As fábricas não integradas de produção de papel com eficiência energética têm os seguintes
consumos de calor e energia eléctrica:
• As fábricas não integradas de papel fino não revestido requerem 7-7,5 GJ/t de calor de
processamento e 0,6-0,7 MWh/t de energia;
• As fábricas não integradas de papel fino revestido requerem 7-8 GJ/t de calor de
processamento e 0,7-0,9 MWh/t de energia;
• As fábricas não integradas de papel tissue à base de fibras virgem requerem 5,5-7,5 GJ/t de
calor de processamento 0,6 -1,1 MWh/t de energia.
MTD para caldeiras auxiliares
Em função do equilíbrio energético real de uma dada fábrica de produção de pasta de papel ou
papel, do tipo de combustíveis utilizados e do destino dos possíveis biocombustíveis, como as
cascas de árvores e os resíduos de madeira, o valor das emissões atmosféricas das caldeiras
xv
auxiliares deve ser tomado em consideração. As fábricas de pasta de papel e de papel que
produzem pasta de papel a partir de fibras virgens possuem caldeiras que operam normalmente
com cascas de árvores. As emissões atmosféricas relativas às fábricas não integradas de papel e
de papel RCF estão principalmente relacionadas com caldeiras de vapor e/ou centrais eléctricas.
Estas unidades são geralmente caldeiras convencionais e não diferem de outras unidades de
combustão. Assume-se que são reguladas como qualquer outra caldeira auxiliar com a mesma
capacidade. Por conseguinte, as MTD geralmente reconhecidas para as caldeiras auxiliares
apenas são referidas sucintamente neste documento. Essas técnicas são:
• Aplicação de co-geração de calor e electricidade se o rácio calor/electricidade o permitir;
• Utilização de fontes renováveis como combustível, tais como madeira ou resíduos de
madeira, se produzidos, para reduzir as emissões de CO2 fóssil;
• Controlo das emissões de NOx geradas pelas caldeiras auxiliares através do controlo das
condições de combustão e instalação de queimadores com baixa emissão de NOx;
• Redução das emissões de SO2 através da utilização de cascas de árvores, gases ou
combustíveis com baixo teor de enxofre ou do controlo das emissões de enxofre;
• Nas caldeiras auxiliares que queimam combustíveis sólidos são utilizados ESP (ou filtros de
manga) eficazes para remoção das poeiras.
Os níveis de emissões geradas por caldeiras auxiliares na indústria da pasta de papel e do papel
que incineram diferentes tipos de combustíveis, associados às MTD, são indicados na tabela
seguinte. Os valores são referentes a médias anuais e condições-padrão. Contudo, o total das
emissões atmosféricas libertadas por produto depende especificamente de cada fábrica (em
função, por exemplo, do tipo de combustível, da dimensão e do tipo de instalação, de ser uma
fábrica integrada ou não e da produção de electricidade).
Substâncias
libertadas
Carvão
Óleo
combustível
pesado
Gasóleo
Gás
Biocombustível
(por exemplo,
cascas de
árvores)
mg S/MJ de
combustível utilizado
mg NOx/MJ de
combustível utilizado
mg poeiras/Nm3
100-200 1
(50-100)5
100 –200 1
(50-100)5
25-50
<5
< 15
80-110 2
(50-80 SNCR)3
80 – 110 2
(50-80 SNCR)3
45-60 2
30 -60 2
60 –100 2
(40-70 SNCR)3
10-30 4
com 6% de O2
10 – 40 4
com 3 % de O2
10-30
3% de O2
<5
3% de
O2
10-30 4
com 6% de O2
Notas:
1) As emissões de enxofre de caldeiras a óleo ou carvão dependem da existência de óleo e carvão com baixo teor
de enxofre. Poder-se-á obter determinada redução de enxofre por injecção de carbonato de cálcio.
2) Só é aplicada tecnologia de combustão.
3) São também aplicadas medidas secundárias, como SNCR, normalmente apenas em instalações de maior
dimensão.
4) Valores associados quanto são utilizados precipitadores electrostáticos eficientes.
5) Quando é utilizado um purificador; só aplicado a instalações de maior dimensão.
De notar que as caldeiras auxiliares utilizadas na indústria da pasta de papel e do papel têm
dimensões variáveis (entre 10 e 200 MW). Nas mais pequenas, para que os custos sejam
razoáveis, só pode ser utilizado combustível com baixo teor de enxofre e técnicas de combustão,
ao passo que nas maiores podem ser também aplicadas medidas de controlo. Esta diferença está
reflectida na tabela anterior. Os parâmetros mais elevados são considerados MTD para as
instalações mais pequenas, só sendo atingidos com a aplicação de combustíveis de qualidade e
de medidas internas, enquanto os níveis inferiores (entre parênteses) estão associados a medidas
de controlo adicional, como SNCR e purificadores, sendo considerados MTD para instalações
de maior dimensão.
Utilização de produtos químicos e de aditivos
A indústria da pasta de papel e do papel utiliza um elevado número de produtos químicos em
função da variedade de papel produzida, da concepção dos processos e operação e das
xvi
qualidades do produto que se pretende obter. Por um lado são necessários químicos de
processamento para a produção de pasta de papel e, por outro lado, são necessários aditivos e
auxiliares químicos para a produção de papel. Os aditivos químicos são utilizados para dotar o
papel de diferentes características e os auxiliares químicos para aumentar a eficiência e evitar
perturbações no processo produtivo.
Em termos de aplicação de produtos químicos, a existência de uma base de dados sobre os
produtos e aditivos químicos utilizados e a aplicação do princípio da substituição são
considerado MTD. Isso significa a utilização de produtos menos perigosos quando existentes e a
aplicação de medidas para evitar descargas acidentais para o solo e para a água no manuseio e
armazenagem dos produtos químicos.
Grau de consenso
Este BREF teve o acordo da maioria dos membros do GTT e dos participantes na sétima
reunião do Fórum de Intercâmbio de Informações. No entanto, a CEPI - em representação da
indústria da pasta de papel e do papel - e alguns Estados-Membros não manifestaram pleno
apoio à versão final e contestaram algumas das conclusões apresentadas no documento
Referem-se seguidamente algumas das principais áreas de controvérsia, analisadas de forma
mais pormenorizada no capítulo 7.
A CEPI e um Estado-Membro foram de opinião que a diferença económica entre fábricas
novas/existentes e grandes/pequenas não tinha sido devidamente apreciada, considerando que
deveriam ter sido definidas diferenças claras no BREF. A CEPI e três Estados-Membros são
ainda de opinião que uma fábrica típica não poderá atingir simultaneamente todos os níveis de
emissões e consumo apresentados com uma combinação adequada das várias técnicas
consideradas MTD. Em sua opinião, não foi efectuada uma avaliação devidamente integrada de
todos os parâmetros. Por outro lado, foram identificadas fábricas que efectivamente atingem ao
mesmo tempo todos os níveis apresentados e esta opinião minoritária não foi partilhada pela
maioria dos membros do GTT.
Além destas questões gerais, houve também algumas questões específicas em que as conclusões
finais não colheram unanimidade do GTT. A CEPI e dois Estados-Membros consideram que,
no caso da produção de pasta de papel kraft branqueada, o teor máximo dos parâmetros de TSS
deveria ser de 2,0 kg/TSA e não de 1,5 kg/TSA. A CEPI e um Estado-Membro consideram
também que alguns dos parâmetros associados à utilização das MTD para as diversas variedades
de papel são demasiado rígidos. Em contrapartida, alguns membros do GTT consideram que
determinados níveis associados às MTD são excessivamente tolerantes face aos resultados mais
recentes conseguidos por algumas fábricas de pasta de papel e de papel.
A Agência Europeia do Ambiente - em representação de organizações ambientais - expressou
algumas opiniões discordantes como, por exemplo, que o branqueamento ECF nas fábricas de
produção de pasta de papel kraft não cumprem os critérios MTD relativamente aos princípios da
precaução e da prevenção e que, em geral, o tratamento terciário dos efluentes deveria incluir o
tratamento com peróxido de oxigénio (ozono), peróxidos, radiações UV, seguido de uma fase de
biofiltração.
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Anexo 6B - FGV DIREITO SP