QUALIDADE DE VIDA DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM1 Adriana Julião de Souza Daniele Pauluci Laranjeira Keyla Fernanda da S. de Camargo Luciana Santos Almeida Solange Aparecida dos Santos Manuela Santana Pi Chillida Alba Franzão Miranda INTRODUÇÃO: A expressão qualidade de vida ( QV) possui raízes tanto na cultura oriental como na ocidental, e após a 2ª guerra mundial começou a ser mais utilizada. Há um crescente interesse pelo tema QV no campo da saúde e alguns trabalhos publicados no Brasil são considerados importantes, tendo em vista a sua contribuição para o avanço das pesquisas sobre QV, principalmente dentro do país e por estarem em consonância com as tendências históricas observadas no contexto internacional (1) . Existem diversas definições de QV, as quais ressaltam os aspectos objetivos e sugestivos de capacidade cognitiva, bem estar emocional e habilidades, tornando impossível um consenso único do que significa ter uma vida com qualidade reforçando a idéia de que somente a pessoa pode julgar sua própria vida em sua individualidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu QV “ como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”(2). A OMS desenvolveu um estudo multicêntrico, numa metodologia única, para sua criação de um instrumento para medir a QV. Inicialmente foi desenvolvido o WHOQOL – 100, mas devido à necessidade de um instrumento mais curto para uso em extensos estudos epidemiológicos, foi desenvolvido uma versão abreviada com 26 questões, mantendo as características psicométricas de instrumento completo, o WHOQOL-Bref é composto por 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente.O ensino superior proporciona uma base de desenvolvimento próprio do aluno, possibilitando-o construir sua própria identidade e autonomia. “O estilo de vida da maioria dos estudantes é desorganizado, pois na sua maioria não praticam atividades físicas, não reservam tempo para lazer, portanto deixam de levar uma vida saudável contribuindo para um déficit na QV. Sendo que, a necessidade de se ter hábitos saudáveis de vida, tem sido divulgada pela sociedade, porém pouco exercida” (3). 1 Qualidade de Vida dos Acadêmicos de Enfermagem : Trabalho de Conclusão de 2 Curso, apresentado na UNIP; Graduandos em Enfermagem da UNIP; 3 Mestre em Enfermagem, Professora do curso de enfermagem da UNIP, [email protected] ; 4 Doutora em Enfermagem, Professora do Curso de Enfermagem, [email protected] . A intervenção possível para estas questões tem de passar, necessariamente, por uma perspectiva multidisciplinar e transversal que envolva políticas educativas, instituições, currículos, alunos e professores . No decorrer da graduação passamos a perceber um declínio na nossa QV, causado por vários fatores como estresse, esgotamento físico e mental, dificuldades financeiras, sobrecarga de trabalho, falta de tempo para lazer e atividades físicas, entre outros. Assim, pesquisar e entender melhor alguns hábitos de vida e sua influencia na QV dos acadêmicos de enfermagem, tornou-se a nossa principal inquietação. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi identificar quais as variáveis, internas e externas, influenciavam as mudanças na QV dos acadêmicos de enfermagem. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo metodológico e exploratório, realizado em uma Universidade particular, no interior do Estado de São Paulo. Os dados foram coletados por meio de um questionário composto por 12 questões sobre informações sociodemográficos e o WHOQOL-Bref, composto de 26 questões divididas em 4 domínios: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Foram preenchidos 589 instrumentos pelos alunos, representando (66,6%) de uma população de 930 alunos. A consistência interna do instrumento foi verificada por meio do coeficiente Alfa de Cronbach, que mostrou resultados satisfatórios, sendo que para o instrumento como um todo (26 questões) o alfa foi igual a 0,89; no domínio físico= 0,75; psicológico= 0,66; social= 0,68; ambiental= 0,75. Os valores de alfa devem estar acima de 0,70 para garantir a consistência interna do instrumento, porém os valores de 0,66 e 0, 68 encontrados nos domínios psicológico e social não invalidam a sua aplicação nesta população, sendo assim, o WHOQOL-Bref, demonstrou ser confiável para verificar a qualidade de vida dos acadêmicos. A estatística utilizada foi analise descritiva e exploratória para todos os domínios, no qual foram elaborados Modelos Lineares Generalizados, sendo que por meio desta técnica, todas as variáveis foram testadas para verificar se ajudavam a explicar a variável resposta Qualidade de vida. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A universidade conta com 930 alunos regularmente matriculados, sendo divididos em dois horários: matutino e noturno. Destes 589 representaram 66,6%da população. A media de idade foi de 27,4 ± 6,6 anos, a maioria era do sexo feminino (86,8%) e solteiras 61,4% (362/589). Os alunos que tem vinculo empregatício representavam 83,0% (489/589), sendo que destes, 25,1% (148/489) trabalhavam no turno da manhã. Referente ao ano em que ,cursavam a graduação, observou-se freqüência maior no primeiro ano correspondendo a 172 alunos representando (29,2%) da amostra. Em relação às atividades físicas, somente (31,2%) praticam algum tipo de atividade física e lazer (22,1%), sendo essas duas variáveis de grande importância para a qualidade de vida da população em geral, e principalmente dos acadêmicos, pois traduz hábitos saudáveis de vida. No entanto, hábitos nocivos como fumar e beber estavam presentes nos acadêmicos, em apenas 9% e 15,1%, respectivamente. Para verificarmos quais as variáveis que influenciavam a qualidade de vida dos acadêmicos de enfermagem por meio do instrumento WHOQOL-Bref, foram utilizados o software estatístico MINITAB e o teste estatístico ANOVA. O nível de significância foi estabelecido em 5%. Os resultados mostraram que em todos os 4 domínios houve variáveis estatisticamente significantes influenciando a qualidade de vida dos alunos. As variáveis que interferiram na qualidade de vida dos acadêmicos foram: idade, sexo, estado civil, período de trabalho, atividade de lazer, atividade física e ano de graduação. Chamou a atenção a variável externa, lazer, que apareceu influenciando todos os domínios que avaliavam a QV. CONCLUSÃO: Considera-se que o WHOQOL-Bref, apresentou boa consistência interna, e pode ser aplicado nessa população com segurança. As variáveis que influenciaram a QV dos acadêmicos de enfermagem utilizando esse instrumento, foram idade e sexo (internas) e estado civil, período de trabalho, atividade de lazer, atividade física e ano de graduação (externas). O lazer foi a variável que influenciou significativamente a QV dos alunos em todos os domínios. Isto vem sugerir a importância das universidades promoverem atividades de lazer para os acadêmicos, no intuito de melhorar a QV. Palavras-Chaves: Qualidade de Vida; Estudantes; Acadêmicos; Enfermagem.