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PRESSÃO PLANTAR E ESTABILOMETRIA CORPORAL ESTÁTICAS EM PORTADORES DE PÉ DIABÉTICO Alessandra Madia Mantovani, Alessandra Kelly de Oliveira, Nathália Ulices Savian, Andressa Carvalho Viscone, Mariana Bonfim Canholi, Bruna Gabriela Pires Pena, Elisa Bizetti Pelai, Priscila Pagotto, Edna Maria do Carmo, Cristina Elena Teles Fregonesi Fisioterapia, Departamento de Fisioterapia, Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Universidade Estadual Paulista ‐ UNESP, Campus de Presidente Prudente – SP. Apoio financeiro: Pró Reitoria de Extensão – Proex, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp. E‐mail de contato: [email protected] RESUMO A neuropatia diabética periférica é considerada problema de saúde pública, devido à associação do comprometimento neural ao vascular nos membros inferiores (MMII), os pés são suscetíveis à descarga de peso anormal. O presente estudo teve por objetivo analisar a pressão plantar e o equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas. Para isso, a amostra foi composta por 50 sujeitos divididos em dois grupos: GC – grupo controle (n=33) constituído por indivíduos não portadores de Diabetes Mellitus e GD: grupo diabético (n=17) da cidade de Presidente Prudente e região e a avaliação da pressão plantar e da estabilometria corporal foi realizada por meio de um baropodômetro eletrônico. Verificou‐se aumento da pressão plantar e dos valores de estabilometria corporal ântero‐posterior e médio‐lateral no GD em relação ao GC indicando aumento dos picos de pressão e dos desequilíbrios nessa população. Palavras‐chave: Pé Diabético, Pressão Plantar, Estabilometria, Diabetes Mellitus, Neuropatia INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus (DM) é caracterizado por uma síndrome de múltipla etiologia decorrente da falta e/ou incapacidade de a insulina exercer sua função de forma adequada no organismo, marcado por um quadro crônico de hiperglicemia, com distúrbios do metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas¹. Ela representa em uma das principais causas clínicas de hospitalização no Brasil e suas manifestações crônicas são causas frequentes de invalidez precoce². Constatou‐se que até 2002 a DM atingiu cerda de 7,6% da população brasileira, com idade entre 30 e 69 anos, os dados tornam‐se mais alarmantes quando avaliados quantos portadores desconheciam o seu diagnóstico, sendo estes 50% dos casos e entre os conhecedores, quantos não realizavam nenhum tipo de tratamento para controle e prevenção de complicações, sendo estes caracterizados por 24% desta população³. Entre as complicações do diabetes destacam‐se as lesões crônicas nos vasos sanguíneos (vasculopatia) e nervos (neuropatia), que acometem principalmente rins, retina, artérias, cérebro e nervos periféricos. Estas complicações crônicas estão relacionadas diretamente à duração do Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012
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diabetes, à presença de hipertensão arterial, ao mau controle glicêmico, ao tabagismo, entre outros fatores4. A neuropatia diabética periférica (NDP) é considerada problema de saúde pública4. O Ministério da Saúde constatou que 50% das amputações poderiam ser prevenidas através de ações educativas para profissionais, para portadores de diabetes mellitus e seus familiares, concomitante ao rastreamento de fatores de risco¹. Devido à associação do comprometimento neural ao vascular nos membros inferiores (MMII), os pés são suscetíveis à descarga de peso anormal5, à alteração do trofismo muscular e déficits no sistema de controle motor podem gerar ocilações do centro de pressão, que estão relacionadas ao surgimento de instabilidade na deambulação, gerando desequilíbrios/alterações na postura na marcha4. OBJETIVOS Analisar a pressão plantar e o equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas na posição estática e relacionar a área de superfície plantar com o número do calçado dos participantes. MÉTODOS Trata‐se de um estudo transversal observacional, desenvolvido no Laboratório de Estudos Clínicos em Fisioterapia da FCT/UNESP de Presidente Prudente, aprovado pelo comitê de ética em pesquisa sob número de protocolo 10/2011. Todos os voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes de iniciada as avaliações. A amostra foi composta por 50 sujeitos, divididos em dois grupos: GC – grupo controle (n=33) constituído por indivíduos não portadores de Diabetes Mellitus e GD: grupo diabético (n=17). Realizou‐se uma avaliação inicial para obtenção de dados pessoais, antropométricos e da doença. Foi aplicada a Escala para Diagnóstico da Polineuropatia Distal Diabética para confirmação da NDP. E para confirmar a vasculopatia periférica realizou‐se o índice tornozelo/braço e a oxímetria de pulso nos MMII e superiores6. A avaliação da pressão plantar e da estabilometria corporal foi realizada por meio de um baropodômetro eletrônico (FootWalk Pro, AM CUBE, França), com frequência de amostragem de 200 Hz e a análise dos dados foram processadas pelo Software FootWork Pro versão 3.2.0.1 (IST, França). Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012
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Para a análise estática, os voluntários foram orientados a ficarem descalços, em posição ortostática, sobre o baropodômetro, com apoio bipodal e base de sustentação livre, braços ao longo do corpo, olhando para um ponto fixo localizado a sua frente, sem contato oclusal. O teste foi realizado três vezes, cada qual com 30 segundos de duração ou, interrupção antecipada quando necessário em casos como o sujeito sair da posição inicial antes do tempo previsto. Para análise dos dados foi utilizada a média desses valores. Esta análise avaliou os valores referentes á pressão plantar média e máxima, área de superfície plantar e deslocamento do centro de pressão (ântero‐posterior e latero‐lateral). Os diferentes pontos de pressões plantares resultantes do peso corporal sobre os pés foram expressos em Kgf/cm2. Concomitantemente, foram visualizadas áreas coloridas por meio do software, variando do vermelho, para as áreas de maior pressão, ao azul, para as de menor pressão. Figura 1. Software Footwork Pro demonstrando distribuição de pressão plantar na análise estática. Para a análise estatística, inicialmente, foi testada a distribuição quanto à normalidade dos dados por meio do teste de Shapiro‐Wilk para todas as variáveis do estudo. A seguir, para comparação entre grupos foi utilizado o teste t de Student quando a distribuição era normal e o teste Mann‐Whitney foi utilizado para comparação entre grupos nos casos de distribuição não normal dos dados. Por fim foram aplicados testes de Correlação de Sperman a fim de investigar possíveis relações entre número do calçado e a área de superfície Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012
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RESULTADOS A tabela 1 traz dados referentes à idade, índice de massa corporal (IMC), relação cintura/quadril, número do calçado, comprimento de MMII e nível glicêmico no momento da avaliação de ambos os grupos com valores estatisticamente significantes para relação cintura/quadril , número do calçado e nível glicêmico. Tabela 1. Caracterização da amostra por meio de média±desvio‐padrão GD e GC para as variáveis: idade, Índice de Massa Corporal (IMC) em kg/m2, relação cintura/quadril, número do calçado, glicemia pós‐prandial (em mg/dl) e comprimento de membros inferiores (MMII) em cm, seguido de seus respectivos níveis de significância (p‐valor). GC GD p‐valor Idade 59,68±7,43 56,94±12,03 0,5311 IMC 28,43±4,59 28,28±5,99 0,8218 Cintura/quadril 0,86±0,07 0,96±0,08 <0,0001** Nº calçado 38,06±2,14 40,35±2,12 0,0010* Glicemia 121,40±24,35 207,60±80,13 <0,0001** Nota: *p<0,05 (diferença significante); **p<0,0001 (diferença extremamente significante). A tabela 2 traz dados referentes à analise da pressão máxima, estabilometria ântero‐
posterior (AP) e médio‐lateral (ML) de ambos os grupos, adquiridos através da análise dos dados retirados da baropodometria, demonstrando diferenças significantes entre os grupos. Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012
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Tabela 2. Análise da baropodometria eletrônica estática por meio de média±desvio‐padrão do GC e GD no período T0 e no período T1 descalço e com palmilha para as variáveis: pressão máxima (em kgf/cm2), área de superfície (em cm2) e estabilometria ântero‐posterior (AP) e médio‐lateral (ML), em cm2. GC GD_T0 GD_T1d GD_T1c Pressão máxima 0,85±0,20 1,11±0,26a** 1,12±0,37a* 0,99±0,18a* Estabilometria AP 2,61±0,73 3,32±1,15a* 3,42±1,16a* 3,52±1,57a* Estabilometria ML 1,98±0,93 2,79±0,96a* 2,45±1,00 3,04±1,50a* Nota: a=diferença significante em relação ao GC. *p<0,05 (diferença significante); **p<0,0001 (diferença extremamente significante). Para o GC foram encontradas correlações positivas entre o número do calçado e a área de superfície plantar estática (p=0,0010; R=0,2975). Para o GD não foi evidenciada diferença estatisticamente significante (p>0,05) na correlação das citadas variáveis. DISCUSSÃO O presente estudo se propôs a analisar a pressão plantar e o equilíbrio corporal de diabéticos neuropatas e vasculopatas na posição estática e relacionar a área de superfície plantar com o número do calçado dos participantes. Em relação à composição corporal o GD apresentou maiores valores na relação cintura/quadril e na glicemia capilar pós‐prandial. Estes dados já eram esperados mesmos os grupos sendo homogêneos em relação ao índice de massa corporal devidos os desarranjos glicêmicos e hormonais (sobretudo, insulínicos) bem como os risco cardiovascular eminente confirmado pela relação cintura/quadril7. Na baropodometria eletrônica verificou‐se aumento da pressão plantar estática concordando com os estudos de Sales, Souza e Cardoso8 o qual atribui esse achado à ocorrência de NDPe que podem, eventualmente, representar a gênese de úlceras plantares e amputações de membros inferiores9. Em relação aos valores de estabilometria corporal ântero‐posterior e médio‐lateral nota‐se aumento no GD em relação ao GC indicando aumento dos desequilíbrios nessa população concordando com a literatura10,11. Na relação entre o número do calçado e a área de superfície plantar estática acredita‐se que só houve correlação positiva para o GC devido a presença de histórico de amputação no GD e, Colloquium Vitae, vol. 4 n. Especial, jul–dez, 2012
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dessa maneira, mesmo que o sujeito referisse um numero de calçado maior este fato não era representativo da sua real área de superfície plantar projetada na base de sustentação. CONCLUSÃO O presente estudou demonstrou que os indivíduos que apresentam neuropatia diabética periférica possuem diferenças significantes nos valores de pressão e de estabilometria corporal, indo de encontro à literatura e ressaltando à maiores chances de déficits no sistema de controle motor capazes de gerar oscilações do centro de pressão, causando então maior instabilidade na deambulação desses pacientes e portanto, aumentando o risco de desequilíbrios/alterações e quedas dessa população. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (Brasil). Cadernos de Atenção Básica. Diabetes Mellitus. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. n 16. 2. Bortoletto MSS, Haddad MCL, Karino ME. Pé diabético, uma avaliação sistematizada. Arq. Ciênc. Saúde Unipar. 2009; 13 (1): 37‐43. 3. Cordeiro RC et al. Factors associated with functional balance and mobility among elderly diabetic outpatients. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2009; 53 (7): 834‐843. 4. Gross, J. L. et al. Diagnóstico e classificação do diabete melito e tratamento do diabete melito tipo 2: recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. v. 44, n. 4, p. 28‐35, 2000. 5.
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