Vomitou vermes e alfinetes no exorcismo
que a libertou
Foi a bruxa mais famosa da Colômbia: hoje é católica devota,
activa pró-vida e combate a
Nova Era
Contratavam‐na ricos e políticos para rituais de todo o tipo... Ela estava possuída
Actualizado 18 de Março de 2014
José Alberto Mojica / ElTiempo.com
A bruxa, a mais famosa e poderosa bruxa que teve a Colômbia, é agora uma mulher de Deus.
Para trás ficaram os riscos, conjuros e malefícios, os enterros e poções que a
converteram na bruxa de cabeceira de políticos e importantes personalidades colombianas nas décadas de 70 e 80.
O seu testemunho apareceu publicado num polémico livro que escandalizou o país há mais de 20 anos (no qual também se falava sobre política e narcotráfico) e
foi recreado numa telenovela.
No dá a cara nem permite revelar o seu nome para preservar a sua tranquilidade.
Não é uma simples avozinha
Hoje, a um simples olhar, a bruxa convertida parece uma mulher sem muitas
pretensões, uma avozinha bonacheirona.
Mas realmente é um trem desgovernado. O seu dia começa com o rezar do ro-
sário, vai trabalhar e fazer uns negócios, é mãe de família, lidera um grupo de
oração, vai à missa, visita amigos e quando pode sai na farra; pertence a
um grupo próvida que luta contra o aborto (com o qual sai a fazer marchas, convence e ajuda jovens para que não abortem) e percorre o país dando conferências sobre os perigos da bruxaria.
É baixa. Leva a cara sem maquilhagem. Quando fala, a sua boca é uma metralhadora que dispara palavras, refrões, pregações. Zanga-se e acalma-se.
Ri-se em gargalhadas que contagiam.
Fala, alça as mãos e abre os olhos, um par de lâmpadas que olham profundamente e intimidam. Aqueles que a conhecem descrevem-na assim: inteligente,
forte, escandalosa, impertinente, entusiasta, generosa, apaixonada e dona
de uma fé à prova de tudo.
Deus te ilumine pouco a pouco
“Nem a toda a hora orando nem a toda a hora festejando. Quando entregas
tudo a Cristo e lhe pedes que faça o que quer contigo, ri-te: o Senhor é
maravilhoso, misericordioso. Eu a passo-a pecando, mas Deus vai-lhe tirando
a um todo, até que o ilumine”, disse.
Antes de dar esta entrevista, adverte que para que se entenda a sua história há
que conhecer a madre Alicia.
Ela foi quem a resgatou do mundo das trevas, “quando era uma bruxa medrosa e
cotizada”, para convertê-la numa guerreira de Deus. Mais tarde, a irmã Alicia dirá que a então bruxa é agora um apóstolo que trouxe aos caminhos de
Deus quase todos aqueles a quem lhes fez bruxaria.
A ex-bruxa fala sobre a monja que a salvou “através de Cristo” e faz um resume
da sua vida.
“Quando conheci a madre Alicia tinha uma saia azul escura e uma blusita
gris. Não sabia quem era. Foi numa igreja. Eu era diz que católica, ia à missa
(mas a missas curtas, porque as largas me davam sono) mas fazia bruxaria. O
único que fiz agarrá-la, abraçá-la e dizer-lhe: ‘Irmã, salve-me, eu faço bruxaria’. Começou a orar e convidou-me ao seu convento. Pediu-me que rezasse
o rosário para que Deus nos deixasse ver coisas no dia seguinte. Estou segura de
que essa noite os quadros da casa se mudaram de lugar. Disse ao meu marido:
‘Vê, os quadros se estão mudando. E disse-me: ‘Claro, são os bruxos que vieram
por vocês’. A noite passei-a muito intranquila. Quando nos vimos, a madre orou
e eu botei vermes pequenos pela boca. Isso aterrou-me. Eu era uma mulher famosa, amiga de políticos. Acreditava ter o mundo aos meus pés mas
faltava-me o mais importante: Deus.
Confissão e recaída
“A madre levou-me a um monsenhor. Fiz uma confissão de toda a minha vida, mas quando cheguei a casa chamaram-me para que fizesse um trabalhito e
disse: Qual é a bobagem minha de ir rezar em vez de ganhar prata? Voltei
a cair."
"Depois de fazer muita bruxaria e de visitar tantos bruxos, qualquer dia acompanho umas pessoas a fazer bruxaria e começa a picar-me o corpo, como se
me cravassem alfinetes; começo a sentir desassossego, a não poder dormir.
Procurei um psiquiatra para ver se estava louca. E começo a perder muitíssimo
peso. Depois soube que me tinham feito um feitiço. Não era capaz de tragar e quase nem de falar.
Escutava uma voz que dizia: ‘Mata-te’.
O dia do terrível exorcismo
“A madre Alicia e monsenhor faziam-me orações de libertação, até que um sacerdote me fez um exorcismo".
"Fui com o meu marido e com várias pessoas, entre elas uma amiga minha
que era mais bruxa que eu e que de um momento para o outro levantou
o tabuleiro com uma só mão, que era pesadíssimo, elevou-o e lançou-o ao sacerdote e o tumbou. E da boca dela saía puro fumo. A outra amiga se lhe
chamuscou o cabelo".
"No exorcismo volto a vomitar vermes, cai terra do tecto e cuspo alfinetes. Sim, alfinetes. O sacerdote orava. Eu comecei a botar essas coisas quando
escutei uma voz que dizia que matasse o cura, que era muito alto e robusto,
e não sei que força tive e agarrei-o pela garganta e cravei-lhe as unhas; ele
continuou orando, pôs-me a hóstia consagrada, caio ao solo, peço-lhe
perdão, digo-lhe que esse ataque não tinha saído de mim e prostramo-nos perante o Santíssimo. Desde esse momento fiquei libertada do maligno e pude retomar a minha vida pela mão de Deus”.
- Como chegou você à bruxaria?
- Quando era muito jovem conheci uma pessoa que
adivinhava a sorte e à qual muitos visitávamos por
passatempo. Essa pessoa ensinou-me. Comecei com
as cartas e o cigarro e converti-me numa especialista.
Fui levando outras pessoas a que acreditassem no
mesmo em que eu estava crendo.
- E agora é pregadora católica...
- É um caminhar até Deus. E para caminhar até Deus
há que ensinar aos outros a escolher o caminho. As
minhas palestras partem de uma vivência e o único
que procuro é que as pessoas não caiam no erro em que eu caí e que não
mudem o único Deus que existe por uma quantidade de deuses que pululam.
Quando falo disto refiro-me a que não temos a confiança plena no Senhor
nem a esperança n’Ele. Não sabemos pedir-lhe e não o temos como pai. E
cremos que uma planta, uma poção ou uma ferradura tem mais poder
que Ele.
- E quais são esses perigos?
-Quem fez ler as cartas ou usou uma pulseira para atrair a boa sorte? E a resposta, quase sempre, é sim; quase todo o mundo o fez, por curiosidade. E que se
passa? Abrimos o nosso corpo e o nosso coração para que entrem espíritos do
mal. E aclaro: como existe Deus, existem a bruxaria e o poder do maligno.
Mas as pessoas pensam que não há nada de mal em que lhe adivinhem a sorte.
E passamos a vida sem dar-nos conta de que permitimos que o mal entrasse em
nós. Por isso muitas vezes não se encontra vida laboral, a vida económica e o
amor são um desastre, e isto pode transcender até à terceira ou quarta geração. Disse-o o Evangelho. É uma catástrofe espiritual.
- Que recomenda então?
- Aqueles que se meteram nestas coisas, vão a um sacerdote que os oriente
e lhes faça uma oração de libertação, ou façam uma confissão de todo o coração para que lhes perdoem desse atentado contra a fé de Deus. Se o caso é
muito grave, talvez requeira exorcismo. Mas deve ser com um sacerdote autorizado, não com um qualquer.
- Você fez muito mal a muitas pessoas. Que
passou com elas?
- O primeiro que fiz foi levar essas pessoas a Deus. E tive a grande oportunidade
de levá-las a quase todas. Nesse aspecto estou muito tranquila porque pedi-lhes
perdão e tratei de tirá-las de tudo isso.
- E as pessoas que lhe fizeram bruxaria?
- Quando o padre me fez o exorcismo perguntou aos espíritos que me tinham
possuído quem eram, que dissessem os seus nomes, e eram duas companheiras
da universidade que não tinham porque querer-me nem porque odiar-me. Eu não
vou entrar a julga-las. Poderiam ter estado tão equivocadas como eu. Que as
moveu? A minha soberba, porque eu me julgava muito poderosa. Encontrei-as.
Uma não me fala, mas com a outra sim falei. Estão perdoadas.
- Na sua época abundavam as bruxas na
Colômbia. Hoje é igual?
- Em todas as épocas há pessoas que adivinham a sorte e fazem bruxaria. Olhe a
televisão e as suas mensagens, que promovem as pessoas às quais se pode ir
quando o marido se vai ou o namorado se desenamora. Ou não há avisos que
dizem: ‘venha e falo-lhe sobre o futuro’? Claro! Na rua entregam papelitos
que dizem: ‘atamos o seu ser querido e se não chega, devolvemos-lhe o
dinheiro’. A bruxaria é um negócio do maligno onde a pessoa algumas vezes crê
que está conversando e em outras sim sabe que com isso se faz o mal.
- Sentiu-se tentada a voltar a fazer bruxaria?
- Não, nunca mais. Não o voltaria a fazer. Privo-me de muitas coisas, de ter objectos que eu sei que induzem ao mal. Sou inimiga do I-Ching, da nova era,
do feng shui, porque tudo isto afasta Deus e eu quero levar Deus no meu coração. Há que pedir força para não voltar a cair. Quando as pessoas dizem ‘a mim
não me entra nenhum mal’, eu rio-me porque para que não te entre nada
tens que estar confessado, comungado, rezar o rosário. Essas são as armas.
- Pode dizer, então, que tudo ficou para
trás e vive tranquila?
- Neste momento não odeio ninguém, não tenho rancores, não estou ferida por
nada. Não sei se tenho inimigos gratuitos ou alguém que me odeie. Seguramente. A um o querem ou o odeiam. Mas neste momento estou em paz.
Esta mulher, usando o nome "Amanda" participa este mês de Março em eventos
do II Congresso de Oração e Alerta dos Perigos da Bruxaria na Colômbia (o seu
Facebook, aqui), em 21 de Março em Popayán.
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Foi a bruxa mais famosa da Co- lômbia: hoje é católica devota