UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CLEBER JANDIR DOS SANTOS DARCI CIDADE JUNIOR ANÁLISE DE FALHA DO SISTEMA SUPERVISÓRIO DE UNIDADES GERADORAS HIDRÁULICAS DEVIDO A SURTOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS Palhoça 2012 CLEBER JANDIR DOS SANTOS DARCI CIDADE JUNIOR ANÁLISE DE FALHA DO SISTEMA SUPERVISÓRIO DE UNIDADES GERADORAS HIDRÁULICAS DEVIDO A SURTOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Engenharia de Elétrica Telemática da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Eletricista. Orientador: Prof. João Luiz Alkaim, Dr. Eng. Palhoça 2012 CLEBER JANDIR DOS SANTOS DARCI CIDADE JUNIOR ANÁLISE DE FALHA DO SISTEMA SUPERVISÓRIO DE UNIDADES GERADORAS HIDRÁULICAS DEVIDO A SURTOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do grau de Engenheiro Eletricista e aprovado em sua forma final pelo curso de Graduação em Engenharia Elétrica – Habilitação em Telemática da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 04 de julho de 2012. ______________________________________________________ Prof. e orientador João Luiz Alkaim, Dr. Eng. Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Paulo Roberto May, Msc. Eng. Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Ronni Márcio Campaner, Msc. Eng. Supervisor de Campo Este trabalho dedicamos à Deus, nossos pais, irmãos, Monyke e Amanda. AGRADECIMENTOS A Deus pela existência da Vida, a nossos Pais pelo apoio e incentivo, a nossos irmãos pela amizade e a nossas namoradas pelo carinho e compreensão. Ao Professor João Luiz Alkaim, pela competência, paciência e confiança. Ao Engenheiro Ronni Campaner pela ajuda na escolha do tema, críticas e sugestões. A todos os amigos de turma da UNISUL por tudo que passamos juntos ao longo desses anos. “Até aqui o Senhor nos ajudou” (1 Samuel 7:12). RESUMO Usinas hidrelétricas são estruturas destinadas a geração de energia elétrica, o funcionamento contínuo de uma UHE é condição desejada para o sistema elétrico prover energia aos consumidores. O bom funcionamento da usina tornou-se extremamente dependente do desempenho satisfatório dos sistemas e equipamentos eletrônicos digitais que compõem o sistema de supervisão e controle. Descargas atmosféricas são fontes de perturbações que podem afetar o funcionamento de uma usina hidrelétrica. O presente trabalho de conclusão de curso apresenta um estudo sobre proteção a danos causados em equipamentos eletrônicos do sistema supervisório de Usinas Hidrelétricas (UHE) e Subestação (SE) devido a surtos de descargas atmosféricas, apresentado medidas a nível de instalação para minimizar tais danos. Palavras chave: Descargas Atmosféricas, Usinas Hidrelétricas, Subestações, Sistema Supervisão e Controle. ABSTRACT Hydroelectric power plants are structures designed to generate electricity. The continued operation of a HPP (Hydroelectric Power Plant) is a desired condition, the proper function of the plant has become extremely dependent on the performance of digital and electronic equipments of the supervision and control system. Atmospheric discharges are sources of disturbance that can affect the operation of a HPP. This paper presents a study on protection of damage to electronic equipment of the supervisory system of hydropower plants and substations (SE) due to lightning surges, presenting installation level measures to minimize such damage. Keywords: Atmospheric discharges, Hydroelectric Power plants, Substations, Supervision and Control System LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Metodologia do trabalho de conclusão de curso. .................................................... 18 Figura 2 - Distribuição de Cargas Elétricas em uma Nuvem ................................................... 21 Figura 3 – Região no Solo carregado pelo deslocamento da Nuvem ....................................... 22 Figura 4 – Formação do Raio ................................................................................................... 23 Figura 5 – Forma da Onda da Corrente Curva Dupla Exponencial.......................................... 24 Figura 6 – Forma da Onda da Corrente .................................................................................... 25 Figura 7 – Unidade de Geração Hidráulica .............................................................................. 27 Figura 8 – Barragem ................................................................................................................. 28 Figura 9 – Complexo de Geração Hidráulica ........................................................................... 29 Figura 10 – Vista Interna da Casa de Força.............................................................................. 29 Figura 11 – Vista Interna da Casa de Força – Turbina e Gerador ............................................ 30 Figura 12 – Vertedouro com comportas abertas ....................................................................... 31 Figura 13 – Vertedouro Soleira ................................................................................................ 32 Figura 14 – Tomada D`Água .................................................................................................... 33 Figura 15 – Subestação ............................................................................................................. 34 Figura 16 – Sistema SCADA.................................................................................................... 36 Figura 17 – Diagrama de Blocos de um PLC ........................................................................... 37 Figura 18 – Mapa de Memória, Entrada/Saída ......................................................................... 37 Figura 19 – Interface de Entrada de Sinais CA/CC .................................................................. 38 Figura 20 – Interface de Entrada analógica por corrente.......................................................... 39 Figura 21 – Estrutura Hierárquica do SSC ............................................................................... 39 Figura 22 – Para-Raios tipo Franklin ....................................................................................... 44 Figura 23 – Para-Raios tipo Gaiola de Faraday........................................................................ 46 Figura 24 – Esferas Rolantes .................................................................................................... 49 Figura 25 – SPDA Híbrido ....................................................................................................... 50 Figura 26 – Blindagem ............................................................................................................. 51 Figura 27 – Cabo Guarda ......................................................................................................... 52 Figura 28 – Tensão de Passo .................................................................................................... 55 Figura 29 – Tensão de Toque ................................................................................................... 55 Figura 30 – Unidade de Geração Hidráulica ............................................................................ 63 Figura 31 – Unidade de Geração Hidráulica – Sistema de Proteção ........................................ 64 Figura 32 – Esquemático – Sistema de Proteção ...................................................................... 64 Figura 33 – Representação Esquemática das Instalações ......................................................... 65 Figura 34 – DDP no Optoacoplador ......................................................................................... 66 Figura 35 – Circuito Equivalente ............................................................................................. 66 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Probabilidade Acumulada de Ocorrência de Corrente de Pico de Descargas Atmosférica (%). ...................................................................................................................... 26 Gráfico 2 – Valores para Simulação (DDP x Distância). ......................................................... 70 Gráfico 3 – Valores para Simulação (DDP x Secção). ............................................................. 73 Gráfico 4 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo). .......................................... 76 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Nível de Proteção .................................................................................................... 42 Tabela 2 – Ângulo de Proteção................................................................................................. 45 Tabela 3 – Espaçamento dos Quadrículos ................................................................................ 46 Tabela 4 – Efeito da Altura no Valor do Raio de Atração ....................................................... 48 Tabela 5 – Raio da Esfera Rolante ........................................................................................... 49 Tabela 6 – Resistividade do Solo ............................................................................................. 53 Tabela 7 – Resistividade do Solo em função da umidade ........................................................ 54 Tabela 8 – Constantes do Cobre ............................................................................................... 58 Tabela 9 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ........................................................... 68 Tabela 10 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ......................................................... 68 Tabela 11 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ......................................................... 69 Tabela 12 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ......................................................... 69 Tabela 13 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ......................................................... 69 Tabela 14 – Valores para Simulação (DDP x Distância) ......................................................... 70 Tabela 15 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 71 Tabela 16 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 71 Tabela 17 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 72 Tabela 18 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 72 Tabela 19 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 72 Tabela 20 – Valores para Simulação (DDP x Secção) ............................................................. 73 Tabela 21 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 74 Tabela 22 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 74 Tabela 23 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 75 Tabela 20 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 75 Tabela 20 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 75 Tabela 20 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) .......................................... 76 LISTA DE SIGLAS ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica CF – Casa de Força CPU - Unidade Central de Processamento DDP – Diferença de Potêncial IHM – Interface Homem Máquina PLC - Programador Lógico Controlável SE – Subestação SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas SSC – Sistema de Supervisão e Controle UHE – Usina Hidrelétrica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 15 1.1 MOTIVAÇÃO ..............................................................................................................................16 1.2 JUSTIFICATIVA .........................................................................................................................16 1.3 OBJETIVO ...................................................................................................................................16 1.3.1 Objetivo Geral ..........................................................................................................................16 1.3.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................................16 1.4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO .................................................................................................17 1.5 METADOLOGIA DA PESQUISA ..............................................................................................17 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................18 2 REVISÃO LITERÁRIA ............................................................................................................... 19 2.1 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ...............................................................................................19 2.1.1 Conceitos Relevantes ...............................................................................................................19 2.1.2 Histórico....................................................................................................................................20 2.1.3 Formação e Origem dos Raios ................................................................................................21 2.1.4 Tipos de Descargas...................................................................................................................23 2.1.5 Forma de onda da corrente da descarga................................................................................24 2.1.6 Amplitude da Corrente de Descarga ......................................................................................25 2.2 UNIDADE DE GERAÇÃO HIDRÁULICA ................................................................................26 2.2.1 Classificação das Centrais de Geração Hidráulica ...............................................................27 2.2.2 Estruturas de uma Usina Hidrelétrica ...................................................................................27 2.2.2.1 Barragem ................................................................................................................................ 28 2.2.2.2 Casa de Força ......................................................................................................................... 28 2.2.2.2.1 Principais Equipamentos da Casa De Força ......................................................................30 2.2.2.3 Vertedouro.............................................................................................................................. 31 2.2.2.4 Tomada D’Água ..................................................................................................................... 32 2.2.2.5 Subestação .............................................................................................................................. 33 2.3 SISTEMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE..........................................................................35 2.3.1 Sistema de Supervisão e Controle de uma Usina ..................................................................35 2.3.1.1 Programador Lógico Controlável ........................................................................................... 36 2.3.1.2 Entradas e Saídas.................................................................................................................... 38 2.3.2 Estrutura Hierárquica do SSC ...............................................................................................39 3 TECNOLOGIAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ................ 41 3.1 SPDA ............................................................................................................................................41 3.1.1 Eficiência do SPDA ..................................................................................................................41 3.1.2 Classificação das Estruturas ...................................................................................................42 3.1.3 Necessidade do SPDA ..............................................................................................................43 3.1.4 Filosofia e Modelos de Incidência ...........................................................................................43 3.1.4.1 Para-Raios tipo Franklin......................................................................................................... 43 3.1.4.1.1 Região de Proteção ..............................................................................................................44 3.1.4.2 Para-raios tipo Malha ou Gaiola de Faraday .......................................................................... 45 3.1.4.2.1 Dimensão dos Quadrículos da Gaiola de Faraday .............................................................46 3.1.4.3 Método Eletrogeométrico ....................................................................................................... 46 3.1.4.3.1 Primeira Metodologia..........................................................................................................47 3.1.4.3.1.1 Raio de Atração ................................................................................................................ 47 3.1.4.3.2 Segunda Metodologia ..........................................................................................................48 3.1.4.3.2.1 Esfera Rolante .................................................................................................................. 48 3.1.4.4 Sistemas Híbridos................................................................................................................... 49 3.1.4.5 Blindagem e Cabo Guarda ..................................................................................................... 50 3.1.4.5.1 Blindagem ............................................................................................................................50 3.1.4.5.2 Cabo Guarda .......................................................................................................................51 3.2 ATERRAMENTO ........................................................................................................................52 3.2.1 Finalidades de Um Sistema de Aterramento .........................................................................52 3.2.2 Resistividade do Solo ...............................................................................................................53 3.2.3 Influência da Umidade ............................................................................................................54 3.2.4 Potencial de Malha...................................................................................................................54 3.2.5 Potencial de Passo ....................................................................................................................54 3.2.6 Potencial de Toque ...................................................................................................................55 3.2.7 Ligação a Terra ........................................................................................................................55 3.2.8 Malha de Aterramento ............................................................................................................56 3.2.8.1 Itens para elaboração do Projeto de Malha de Terra .............................................................. 56 3.2.8.2 Dimensionamento de uma Malha de Terra ............................................................................ 56 3.2.8.3 Escolha da Bitola dos Condutores da Malha .......................................................................... 57 3.2.8.4 Resistência de Aterramento da Malha .................................................................................... 58 3.2.8.5 Potencial de Malha ................................................................................................................. 58 3.2.8.6 Potencial de Passo .................................................................................................................. 59 4 EFEITOS E PERTURBAÇÕES DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS NOS SSCS DE UHES 61 4.1 PERTURBAÇÕES TRANSITÓRIAS E SOBRETENSÕES .......................................................61 4.2 TRANSMISSÃO DAS PERTURBAÇÕES .................................................................................61 4.2.1 Fenômenos de Acoplamento....................................................................................................62 4.3 CABOS .........................................................................................................................................62 4.4 O PROBLEMA DA DESCARGA ATMOSFÉRICA ..................................................................63 4.4.1 Queima de Equipamentos Eletrônicos ...................................................................................65 4.4.2 Representação do Circuito Equivalente.................................................................................66 5 PROPOSTAS DE MITIGAÇÕES CONTRA DANOS NO SSC DE UHES ............................ 67 5.1 SIMULAÇÕES .............................................................................................................................67 5.1.1 Variação da DDP em função da Resistência do cabo variando o comprimento ................68 5.1.2 Variação da DDP em função da Resistência do cabo variando a Bitola .............................71 5.1.3 Variação da DDP em função da resistência associando cabos em paralelo ........................74 6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS............................................................................ 77 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 78 15 1 INTRODUÇÃO No Brasil, o setor energético é largamente dependente do uso de fontes renováveis, principalmente da hidroeletricidade. Em termos de suprimento energético, a eletricidade se tornou uma das formas mais versáteis e convenientes de energia, passando a ser recurso indispensável e estratégico para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil (ANEEL, 2012). A participação da energia hidráulica na matriz energética nacional é da ordem de 42%, gerando cerca de 90% de toda a eletricidade produzida no país (ANEEL, Atlas de Energia Elétrica). Tendo em vista a importância da Hidroeletricidade, as usinas de geração hidráulica possuem grande importância no suprimento de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Com o avanço da tecnologia na chamada era digital, cada vez mais usinas hidrelétricas fazem uso desta para automação e modernização. Os benefícios advindos do uso de equipamentos digitais em Usinas Hidrelétricas (UHEs) e Subestações (SEs) já estão bastante difundidos, o bom funcionamento da usina tornou-se extremamente dependente do desempenho satisfatório dos sistemas digitais. Descargas atmosféricas são fontes de perturbações que podem afetar o funcionamento de uma usina hidrelétrica. As tensões induzidas por descargas atmosféricas constituem-se um dos mais importantes fenômenos capazes de causar danos aos equipamentos eletrônicos digitais do sistema de supervisão e controle (SSC) de um complexo de geração hidráulica. Dessa forma cuidados a nível de instalação nos sistemas de proteção contras descargas atmosféricas (SPDAs) podem ser tomados para prevenção e minimização destes efeitos e danos. 16 1.1 MOTIVAÇÃO O funcionamento contínuo de uma UHE é condição desejada para o aproveitamento de seu potencial. Para essa condição se faz necessário que o sistema supervisório esteja sempre funcionando e imune a falhas que possa tirar a UHE de funcionamento. Dessa forma procurou-se estudar medidas que possam minimizar “quedas” no sistema devido à surtos de tensão provocados por descargas atmosféricas. 1.2 JUSTIFICATIVA O trabalho justifica-se pela tendência cada vez maior da evolução dos sistemas de automação em usinas hidrelétricas, e uso de equipamentos eletrônicos sensíveis a surtos de tensão. Há registros de casos de interrupção na geração de energia, devido a falhas no sistema supervisório proveniente de surtos de tensão causados por descargas atmosféricas. Neste contexto, medidas para mitigações se fazem necessárias para a geração contínua de energia. 1.3 1.3.1 OBJETIVO Objetivo Geral Estudar medidas a nível de instalação para minimizar danos em equipamentos eletrônicos do SSC em UHE, provocados por descargas atmosféricas. 1.3.2 Objetivos Específicos a. Aprofundamento do estudo de UHE; SE, Casa de Força e SSC; b. realizar o estudo de Descargas Atmosféricas; c. levantamento de tecnologias de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA); d. pesquisar efeitos e perturbações de descargas atmosféricas em SSCs de UHEs; 17 e. buscar forma de mitigação de danos em equipamentos eletrônicos do SSC em UHE. 1.4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO Este trabalho está limitado a descrever medidas para minimizar danos em equipamentos eletrônicos do sistema supervisório de UHEs e SEs causados por surtos de tensão proveniente de descargas atmosféricas, analisando soluções a nível de instalações, desprezando os efeitos da parte reativa dos elementos passivos do circuito, considerando apenas a parte resistiva das impedâncias envolvidas. 1.5 METADOLOGIA DA PESQUISA Esta monografia contemplará um estudo teórico de revisão literária dos aspectos relacionados a descargas atmosféricas, tecnologias de proteção contra essas descargas e seus efeitos em UHE, e estruturas de uma UHE e seu sistema supervisório. Será realizada uma análise dos efeitos proveniente de uma descarga atmosférica em uma UHE, fazendo uso da revisão literária. Com base nas análises e simulações realizadas serão apresentadas medidas, a nível de instalação para minimizar danos em equipamentos eletrônicos do sistema supervisório em UHEs. 18 Figura 1 – Metodologia do trabalho de conclusão de curso. Fonte: Elaboração dos Autores, 2012 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO Esta monografia está dividida em seis partes. Na primeira parte foi elaborada a contextualização do tema, com a motivação, justificativa, objetivo, limitações do trabalho e metodologia. Em seguida é abordada a fundamentação teórica que envolve descargas atmosféricas, unidade de geração hidráulica e sistema de supervisão e controle. Na terceira parte serão apresentadas tecnologias de proteção contra descargas atmosféricas e seus efeitos em UHEs. O quarto item apresenta os efeitos de descargas atmosféricas em uma UHE, e na sequencia serão apresentadas medidas para mitigações a danos causados em equipamentos eletrônicos do SSC. Finalizando serão apresentadas as considerações finais, conclusões e sugestões para trabalhos futuros. 19 2 REVISÃO LITERÁRIA Neste capitulo será feito uma revisão literária de conceitos que serão abordados neste trabalho. 2.1 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS A descarga atmosférica, também conhecida como raio, consiste numa intensa descarga elétrica que ocorre na atmosférica. Trata-se de um fenômeno complexo, que expressa através do fluxo de uma corrente impulsiva de alta intensidade e curta duração. (VISACRO FILHO, 2005, p. 18). a. Conceitos Relevantes; b. histórico; c. formação de Cargas nas Nuvens; d. formação de Raios; e. tipos de Descargas; f. forma de Onda da Corrente da Descarga; g. forma da Onda de Corrente pela Curva Dupla Exponencial; h. amplitude da Corrente de Descarga. 2.1.1 Conceitos Relevantes A fim de tornar mais claros alguns conceitos recorreu-se, às informações constantes em Visacro Filho (2005, p. 59), como segue: a) raio ou descarga atmosférica: conceito amplo correspondente ao fenômeno integral envolvido na evolução e fechamento do canal de descarga, incluindo o fluxo da(s) corrente(s) de retorno e as demais manifestações elétricas, visuais e sonoras; b) relâmpago: efeito luminoso perceptível visualmente, decorrente do aquecimento do canal de descarga devido ao fluxo da corrente de retorno pelo canal; c) trovão: efeito sonoro relacionado à descarga atmosférica. É causado pelo brusco deslocamento de ar circunvizinho ao canal de descarga, que se expande em decorrência do aquecimento gerado pelo fluxo da corrente no canal; d) descarga elétrica: fluxo de cargas a partir de um objeto carregado eletricamente. Pode corresponder a processo disruptivo em meio isolante (tipo faísca) ou ao simples descarregamento através do meio condutor. O termo é algumas vezes empregado para designar o fenômeno descarga atmosférica. Tal emprego não é considerado adequado, pois não confere caráter de especificidade ao significado de descarga elétrica; e) canal precursor de descarga: corresponde ao canal ionizado que evolui por passos, da ordem de 50m, correspondentes a descargas elétricas (rupturas) sucessivas no ar, que ocorrem a cada intervalo da ordem de 50µs. A evolução do canal pode fechar um percurso ionizado entre nuvem e solo (no caso de descargas nuvem-solo), que é seguido pelo fluxo da corrente de retorno pelo canal formado. Pode ter seu percurso 20 predominantemente ascendente, recebendo nesse caso respectivamente a designação de canal ascendente ou descendente; f) canal descendente: refere-se a um canal ionizado configurado a partir da disrupção do ar e que se propaga descendentemente a partir da nuvem de tempestade. O canal se constitui através de descargas elétricas sucessivas, que ocorrem por passos a partir da nuvem, e evolui em direção ao solo. Seu percurso preferencial tem a direção vertical, embora apresente tortuosidades, e pode incluir ramificações; g) canal ascendente: refere-se a um canal ionizado, configurado a partir da disrupção do ar, que se propaga ascendentemente a partir do solo. O canal se constitui através de descargas elétricas sucessivas, que ocorrem por passos, e evolui ascendendo numa direção predominantemente vertical; h) canal de descarga: canal ionizado correspondente ao percurso integral que conecta os pontos entre os quais ocorre a descarga. Possui um núcleo ionizado, de boa condutividade, cujo raio é da ordem de alguns centímetros. O núcleo é envolto por um envelope de Corona de vários metros, onde ficam acumuladas as cargas elétricas. O canal é constituído quando, eventualmente, o canal precursor descendente encontra um canal precursor ascendente, ao fechar o percurso de descarga através de um salto final. A conexão desses canais resulta no fluxo da corrente de retorno pelo canal de descarga constituído. No caso da descarga nuvemsolo, o percurso tem a ordem de vários quilômetros entre a nuvem e o solo; i) corrente de retorno: corrente que flui pelo percurso ionizado correspondente ao canal de descarga após o seu fechamento e que corresponde ao descarregamento deste. Tal corrente é constituída basicamente pela neutralização das cargas armazenadas no envelope de Corona que envolve o núcleo do canal de descarga; n) canal piloto de descarga: canal estabelecido junto a um eletrodo ou na extremidade de um canal ionizado (ascendente e descendente), o qual precede a formação do salto da descarga elétrica plena; q) descarga atmosférica plena: referência à descarga atmosférica no sentido mais restrito a fase de fluxo das correntes de retorno. Corresponde ao conjunto de descargas de retorno envolvidas após o fechamento do canal. Assim, a descarga plena pode ser constituída de uma ou mais descargas pelo canal, dependendo da existência de descargas subsequentes; r) descarga de retorno: evento associado ao fluxo da corrente de retorno correspondente a uma descarga elétrica pelo canal de descarga. Uma descarga atmosférica plena pode incluir várias descargas de retorno ou uma única descarga de retorno; s) primeira descarga de retorno: primeira descarga de retorno de uma descarga atmosférica plena; t) descarga(s) de retorno subsequente(s): conjunto de descargas de retorno subsequente(s) à primeira descarga de retorno de um flash, ou uma destas descargas de retorno; u) descarga direta: refere-se ao evento associado à incidência de uma descarga diretamente sobre uma vítima (ser, estrutura, objeto, etc.); v) descarga indireta, lateral ou próxima: refere-se ao evento associado a uma descarga que incide próxima à vítima (ser, estrutura ou sistema afetado), que pode ser capaz de gerar efeitos na mesma, em decorrência dos campos eletromagnéticos gerados. 2.1.2 Histórico “Na antiguidade, o raio estava sempre associado a deuses e divindades, sendo fartamente apresentado na literatura grega de 700 A.C., onde os registros mitológicos mostram Zeus como sendo o deus do raio.” (KINDERMANN, 1997, p. 3). No século XVIII Benjamin Franklin e Romas, mostraram através de uma pandorga, a existência de cargas elétricas nas nuvens. A experiência foi feita durante uma 21 tempestade, onde uma pipa foi içada conectada com um fio condutor. Franklin registrou que sentiu pequenas descargas elétricas intermitentes pelo seu corpo. (KINDERMANN, 1997, p. 4). Atualmente os estudos feitos sobre descargas atmosféricas utilizam métodos mais sofisticado dentro de laboratório preparados para estes casos, com possibilidades de fotografar o efeito do raio para obter melhores resultados. 2.1.3 Formação e Origem dos Raios As formações dos raios se originam da quebra de rigidez dielétrica ou da capacidade isolante do ar. A quebra de rigidez do ar ocorre quando o campo elétrico é suficiente para ionizar os átomos do ar e acelerar os elétrons a ponto de produzir uma descarga. Medidas em laboratório estimam que para que a quebra de rigidez do ar ocorra dentro da nuvem, campos elétricos devem ser da ordem de um milhão de V/m. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAIS, 2011). Segundo Visacro (2005), as dimensões das nuvens são elevadas e variam em uma faixa ampla. Seus diâmetros têm a ordem de 10km, com base e o topo alcançados altitudes compreendidas, respectivamente, entre 1 e 20km. Nuvens cuja base e topo se posicionam entre altitudes de 2 e 12km são relativamente comuns, a carga espacial positiva, contida nessa região praticamente iguala a carga negativa da terra (~-500.000C). Figura 2 - Distribuição de Cargas Elétricas em uma Nuvem Fonte: Visacro Filho (2005) Em toda sua extensão, a nuvem é composta por regiões ionizadas eletricamente. A base da nuvem apresenta uma camada de cargas negativas, e de espessura tipicamente delimitada por uma faixa de altitudes, cujas temperaturas estão compreendidas entre -10ºC e -20ºC. Já cargas positivas estão dispersas na região superior da nuvem, em volume bem mais amplo. Na parte inferior da nuvem, abaixo da camada negativa, podem se encontrado alguns pequenos bolsões de cargas 22 positivas. A distribuição de cargas na região interior à nuvem é responsável pela existência de campos elétricos intensos, que determinam valores elevadíssimos de diferença de potencial entre os centros de cargas positivas e negativas, que podem alcançar valores superiores a 200MV. (VISACRO, 2005, p. 33). Para que ocorra um raio é necessário que existam cargas opostas, sejam elas entre nuvens ou nuvens e terra, quando ocorre este fato temos uma atração muito forte causando uma descarga atmosférica. Para Kindermann (1997), a nuvem carregada, induz no solo cargas positivas que ocupam uma área correspondente ao tamanho da nuvem. Como a nuvem é arrastada pelo vento, a região de cargas positivas no solo acompanha o deslocamento da mesma formando praticamente uma sombra de cargas positivas que segue a nuvem. As sombras ocasionadas pelas nuvens percorrem árvores, pessoas, pontes, edifícios, etc. Figura 3 – Região no Solo carregado pelo deslocamento da Nuvem Fonte: Kindermann (1997) Como visto acima, há diferenças de potencial entre nuvem e a terra, para que ocorra a descarga não é necessário que o gradiente da tensão (campo elétrico) seja superior à rigidez dielétrica de toda a camada de ar entre a nuvem e o solo, basta que o campo elétrico seja bem menor. Entre nuvem terra contém grande quantidade de impurezas, umidade e ar ionizado, estes fatores tornam este meio enfraquecido e um campo elétrico menor, tornando suficiente para que o raio consiga perfurar o ar e descarregar na terra. (KINDERMANN, 1997, p. 11). O processo de descarga acontece gradativamente, iniciando por pequenos caminhos de ar ionizados, aonde estes vão aos poucos perfurando a camada de ar até chegar ao solo. A queda do raio se dá devido ao fato da camada de ar, durante uma tempestade, estar “enfraquecida”. Primeiramente pequenos túneis de ar ionizados ficam, pelo poder das pontas, com alta concentração e de cargas, que vão, aos poucos, furando a camada de ar a procura de caminhos de menor resistência, isto é, os tuneis 23 ionizados, tentando se aproximar das cargas positivas do solo. Nota-se que os galhos das árvores formam pontas, que acumulam cargas elétricas, propiciando assim a ionização do ar. (KINDERMANN, 1997, p. 12). Figura 4 – Formação do Raio Fonte: Kindermann (1997) Quando os dois caminhos estão muito pertos, a rigidez do ar é vencida, assim formase o raio piloto (líder), liberando parte da carga contida na nuvem para o solo. O raio piloto interliga a nuvem e a terra por um canal de ar ionizado, com baixa resistência. Deste modo ocorre o raio principal, ou descarga de “retorno” que vai da terra para a nuvem através do túnel ionizado. Estas descargas formam o chamado raio, que acontece em frações de micro-segundos, dando a impressão da existência de apenas uma descarga. (KINDERMANN, 1997, p. 13). 2.1.4 Tipos de Descargas De acordo com Visacro Filho (2005) existem basicamente dois tipos de descargas atmosféricas, que são classificadas de acordo com o trajeto percorrido pela corrente elétrica. As descargas em nuvem são aquelas que se iniciam dentro da nuvem. O destino final de tal descarga pode estar dentro da própria nuvem, sendo chamada neste caso de descarga intranuvem; pode estar em outra(s) nuvem(ns) (descarga nuvem-nuvem) ou o destino final pode estar fora da nuvem, mas sem atingir o solo e sem atingir outra nuvem, ou seja, são descargas para o ar. 24 A segunda classificação possível faz referência às descargas entre nuvem e solo, que pode ser do tipo nuvem-solo ou de solo-nuvem, conforme o sentido do movimento da carga que a origina. Então o raio pode ter início na superfície da nuvem ou no chão. Segundo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) maioria dos relâmpagos no solo são raios nuvem-solo. Raios como solo-nuvem são raros, geralmente, ocorrem no topo de montanhas ou estruturas altas. Grande parte dos relâmpagos do tipo nuvem-solo e solonuvem que ocorrem em nosso planeta são negativos. Cerca de 70% do total de raios são do tipo intranuvem. Embora eles sejam a maioria dos raios, são menos conhecidos que os raios no solo, em parte porque eles são menos perigosos e porque são escondidos pela nuvem. Raios intranuvem são normalmente visíveis apenas como um clarão no céu. Em geral, o canal inicia-se na região inferior de cargas negativas com diversas ramificações horizontais, propagando-se então para cima em direção à região de cargas positivas, onde novamente ramifica-se horizontalmente, embora em alguns casos possa se iniciar na parte superior da nuvem e se propagar para baixo, sendo denominados raios intranuvem invertidos. (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA ESPACIAIS, 2011). 2.1.5 Forma de onda da corrente da descarga “A corrente elétrica do raio é alternada, e nos trechos nos quais é aparentemente contínua, ela é na realidade contínua-pulsante, ou seja, a corrente varia muito rapidamente no tempo.” (KINDERMANN, 1997, p. 22). A onda constitui-se na soma de duas ondas exponenciais de sinais contrários e constantes de tempo de valor muito diferente, no instante inicial, ambas as ondas têm a mesma amplitude, resultando em um valor nulo para a soma. Enquanto a onda positiva se atenua lentamente no tempo, muito rapidamente, a onda negativa se anula, e a soma resultante tem o aspecto impulsivo, indicado pela linha mais espessa na figura abaixo. (VISACRO FILHO, 2005, p. 78). Figura 5 – Forma da Onda da Corrente Curva Dupla Exponencial Fonte: Visacro Filho (2005) 25 Alguns termos importantes citados por Kindermann (1997) em relação à forma de onda: Frente onda - Corresponde ao período da subida da corrente ou tensão do raio. A frente da onda corresponde à ação fulminante do raio. Valor estimado de 1,2 µs. Valor de Crista – É o valor máximo alcançado pela corrente ou tensão do raio. Cauda do Raio - Corresponde à forma do raio, desde o valor de crista até o final do raio. Este período é longo e suave. Valor aproximado de 200 µs. Período ou tempo de Meia Cauda – É o tempo em que a cauda atinge o valor de meia crista. Este valor corresponde a 50 µs. Figura 6 – Forma da Onda da Corrente Fonte: Kindermann (1997) 2.1.6 Amplitude da Corrente de Descarga Caracteriza-se o valor de crista ou de pico como a amplitude da corrente de descarga, isto é, o máximo valor que a corrente atingi em uma descarga. Segundo guia de estudo do IEEE-1243, descargas com correntes acima de 110 kA são raras, ou seja, menos de 1% das correntes de pico das descargas atingem valores superiores a 110 kA. A probabilidade de ocorrer uma descarga com corrente de pico superior a 200 kA é praticamente nula. 26 Gráfico 1 - Probabilidade Acumulada de Ocorrência de Corrente de Pico de Descargas Atmosférica (%). Fonte: IEEE-1243 (1997) 2.2 UNIDADE DE GERAÇÃO HIDRÁULICA “Uma usina hidrelétrica pode ser definida como um conjunto de obras e equipamentos cuja finalidade é a geração de energia elétrica, através de aproveitamento do potencial hidráulico existente em um rio.” (FURNAS, 2012). “O potencial hidráulico é proporcionado pela vazão hidráulica e pela concentração dos desníveis existentes ao longo do curso de um rio.” (FURNAS, 2012). Basicamente, uma usina hidrelétrica compõe-se das seguintes partes (FURNAS, 2012): a. Barragem; b. sistemas de captação e adução de água; c. Casa de Força; Cada parte se constitui em um conjunto de obras e instalações projetadas harmoniosamente para operar, com eficiência, em conjunto. a. Classificação das Centrais Hidráulicas; b. estruturas de Uma Usina Hidrelétrica; c. subestação. 27 2.2.1 Classificação das Centrais de Geração Hidráulica As centrais de geração hidrelétrica podem ser classificadas como Minicentral Hidrelétrica, Pequena Central Hidrelétrica (PCH) e Usina Hidrelétrica (UHE). Segundo Zulcy de Souza (2009) a Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL em sua resolução 652, publicada no diário Oficial da União, estabelece os seguintes critérios para enquadramento de aproveitamento hidroelétrico Para Pequena Central Hidrelétrica. • Potência de aproveitamento superior 1000 kW e Inferior a 30 kW, destinado à produção independente, autoprodução ou produção independente autônoma. • Ter área do reservatório delimitada pelo nível de água máximo normal igual ou inferior a 13km². “Minicentral Hidrelétrica são centrais Hidrelétricas em que a potência do aproveitamento é menor ou igual a 1000 kW.” (ZULCY DE SOUZA, 2009, p. 19). “Usinas Hidrelétricas (UHE) são centrais com potência maior ou igual a 30 MW.” (ZULCY DE SOUZA, 2009, p. 19). 2.2.2 Estruturas de uma Usina Hidrelétrica Figura 7 – Unidade de Geração Hidráulica Fonte: Documentação Interna Engevix 28 2.2.2.1 Barragem A barragem é a estrutura (concreto, enrocamento e terra) que serve para represar a água e obter o desnível de 120 m (queda bruta nominal) que permite a operação das turbinas. Na parte superior da barragem principal, estão situadas as tomadas de água, estruturas com comportas que permitem que a água, passando por elas e pelos condutos forçados, alcance a caixa espiral, onde faz a turbina girar. (ITAIPU, 2012). Figura 8 – Barragem Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. A barragem em um aproveitamento hidroelétrico tem as seguintes finalidades principais (ENGEVIX)1: a. Elevar o nível do rio para acumulação de água e formação de potencial enérgético (queda); b. criar um reservatório para regularização da vazão; c. conduzir a água para um túnel, ou canal de adução (para o caso de usinas a fio d’água). 2.2.2.2 Casa de Força Para Affonso Vianna (2000), a casa de máquinas é o local onde são instalados as máquinas motrizes e os geradores. Geralmente abriga uma área destinada aos serviços de 1 Documentação Interna Engevix Engenharia S/A 29 manutenção e instalação dos quadros de medição e de comando e dos circuitos de proteção. A casa de máquinas é uma construção para abrigo do sistema gerador de energia elétrica e deve ser compatível com as máquinas ali instaladas. Figura 9 – Complexo de Geração Hidráulica Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. “As dimensões da casa de máquinas são determinadas em função das medidas do conjunto gerador. É usual providenciar-se uma folga equivalente a 70% dos maiores tamanhos horizontais do grupo gerador, e uma folga de 50% com relação á maior dimensão vertical.” (AFFONSO VIANNA, 2000). Figura 10 – Vista Interna da Casa de Força Fonte: Arquivo pessoal, 2012. 30 2.2.2.2.1 Principais Equipamentos da Casa De Força De acordo com Zulcy de Souza (2009) os Grupos Geradores são o coração dos complexos Hidrelétricos, uma vez que respondem, diretamente, pelas transformações e qualidade da energia, e pela estabilidade e segurança operacional dos sistemas que conduzem e suportam as massas energéticas. Figura 11 – Vista Interna da Casa de Força – Turbina e Gerador Fonte: Documentação Interna Engevix Um Grupo gerador é basicamente constituído por Turbina Hidráulica e Gerador Elétrico. Classificação de Turbinas Hidráulicas (ZULCY DE SOUZA, 2009, p.312) Podem ser classificadas em dois tipos: • Turbina Hidráulica de Ação – Quando o escoamento através do rotor ocorre sem variação da pressão estática. Dentro das principais turbinas de Ação Temos a Peltron e a Michell-Banki. A Peltron opera em quedas relativamente altas podem chegar a mais de 150MW e queda da ordem de 1900 m. Já a Michell-Banki pode alcançar potência de no máximo, 2 MW por unidade. • Turbina Hidráulica de Reação – Quando o escoamento através do rotor ocorre com variação de pressão estática. Dentro das principais turbinas de reação temos a Francis e a Kaplan. A Francis é a que pode alcançar as maiores potências da ordem de 850 MW. A tipo Kaplan são aplicadas em quedas até valores em torno de 70m. 31 Classificação dos Geradores Elétricos (ZULCY DE SOUZA, 2009, p.360) Os Geradores ou Hidrogeradores podem ser classificados como síncronos ou assíncronos. • Geradores Síncronos – São máquinas elétricas que trabalham com velocidade constante e igual à velocidade síncrona. São capazes de produzir tanto energia ativa quanto energia reativa. • Geradores Assíncronos – São máquinas elétricas que trabalham com rotações levemente diferentes da rotação síncrona. Por não possuírem um enrolamento de campo propriamente dito, são capazes de produzir somente potência ativa. 2.2.2.3 Vertedouro O vertedouro tem a função de descarregar o excesso de água do reservatório. Deve ser dimensionado para que em nenhuma hipótese, mesmo durante a cheia máxima provável, o nível de água do reservatório atinja a crista da barragem. (ENGEVIX)2. Figura 12 – Vertedouro com comportas abertas Fonte: Documentação Interna Engevix “Em usinas de baixas descargas, o vertedouro consiste numa soleira com crista arredondada situada numa determinada elevação. Toda vez que o nível da represa exceder o 2 Documentação Interna Engevix Engenharia S/A 32 nível da soleira, o excedente de água escoa para jusante. Este tipo de vertedouro, no entanto tem capacidade limitada de escoamento.” (ENGEVIX)3. Figura 13 – Vertedouro Soleira Fonte: Documentação Interna Engevix “Para rios com altos níveis de vazões são usados vertedouros munidos de comportas o que permite variar a vazão escoada através do vertedouro sem que haja variações no nível do reservatório.” (ENGEVIX)³. 2.2.2.4 Tomada D’Água “A tomada d’água tem finalidade de captar a água para conduzi-la às turbinas possuem comportas que tem a função de bloquear o fluxo de água das turbinas em caso de paradas para manutenção ou mesmo em caso de emergência (disparo, ruptura do conduto forçado etc.), ao menos que exista uma válvula de emergência na entrada da turbina. São geralmente planas, do tipo Vagão.” (ENGEVIX)³. 3 Documentação Interna Engevix Engenharia S/A 33 Figura 14 – Tomada D`Água Fonte: Itaipu 2.2.2.5 Subestação “São pontos de junção de várias linhas de transmissão ou distribuição. Com frequência, constituem uma interface entre dois subsistemas. Em um complexo de geração hidráulica a Subestação tem a função de ligar o Gerador através de seu Transformador elevador, ao sistema de transmissão”. (ZULCY DE SOUZA, 2009, p.390) “Existem dois tipos de subestação: subestações de transmissão com tensões nominais de 170 kV até 800 kV, e subestações de distribuição que baixam a tensão de 170 kV para o nível de média tensão exigido pelo cliente”. (ABB, 2012). 34 Figura 15 – Subestação Fonte: Arquivo Pessoal As subestações possuem três funções básicas (ENGEVIX)4: a. Medição, supervisão, proteção, controle e comando – permitindo manobrar partes do sistema, inserindo ou retirando-as de serviço (parque de chaveamento); b. elevar ou reduzir tensões do sistema, feito por meio de transformadores (parque de transformação). c. regular tensões do sistema através do emprego de equipamentos de compensação tais como reatores, capacitores, compensadores estáticos, etc. (parque de regulação). “Existem vários os arranjos ou topologias de barramentos encontradas nas subestações de transmissão, sub-transmissão e distribuição, constituindo-se em configurações básicas do tipo” (ENGEVIX) 5: a. Barramento simples; b. duplo barramento simples; c. barramento simples seccionado; d. barramento principal e de transferência; e. barramento duplo com um disjuntor; f. barramento duplo com disjuntor duplo; 4 5 Documentação Interna Engevix Engenharia S/A Documentação Interna Engevix Engenharia S/A 35 g. barramento duplo de disjuntor e meio; h. barramento em ANEEL. “A denominação arranjo é usada para as formas de se conectarem entre si as linhas, transformadores e cargas de uma subestação.” (ENGEVIX) 6. 2.3 SISTEMAS DE SUPERVISÃO E CONTROLE Um dos sistemas que pode ser afetado por uma descarga atmosférica é o Sistema de Supervisão e Controle SSC. O Sistema de Supervisão e Controle (SSC) é o responsável por monitorar e controlar sistemas, os quais são compostos de variáveis que tenha finalidade de dar continuidade a algum processo. As variáveis são aquisitadas através de equipamentos elétricos, tais como: disjuntores, relés, sensores, etc. O SSC destaca muitas vantagens, como maior desempenho na produção, operações automatizadas, supervisão e comando a distância, redução do tempo de manutenção pela maior facilidade em detectar o defeito. (JARDINI, 1996, p. 31). a. Sistema de Supervisão e Controle de uma UHE; b. programador lógico controlável (PLC); c. entrada e saídas; d. estrutura hierárquica do SSC. e. 2.3.1 Sistema de Supervisão e Controle de uma Usina Segundo Zulcy de Souza (2009) dentro de uma visão mais ampla, a supervisão de uma usina é abordada considerando dois níveis básicos: sistema de medição e de monitoramento. O sistema de medição é uma evolução para os sistemas de monitoramento, onde estes fornecem subsídios para a automação e o controle de uma Usina, tais como o sistema SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition System. Nesta concepção, grandezas elétricas e mecânicas são tomadas em pontos estratégicos que permitirão traçar um completo diagnóstico do comportamento da usina. Um sistema de monitoramento traz grandes vantagens tais como: baixo custo, confiabilidade, repetibilidade das medidas, fácil instalação e manutenção, transparência para máquina e reinicialização automática. 6 Documentação Interna Engevix Engenharia S/A 36 Figura 16 – Sistema SCADA Fonte: Mecatrônica Atual, 2012. Em comissionamentos de usinas, muitas vezes o operador necessita de uma interface direta no local onde os processos são aquisitados, neste caso utiliza uma interface homem máquina – IHM. Todas as medidas podem ser sintetizadas utilizando-se uma IHM, que é uma representação resumida da usina, mostrando no monitor de vídeo de um computador o estado atual de todos os pontos monitorados, através da IHM também é possível comandar todos os sistemas da usina. Além das medições, um sistema de monitoramento, já com funções de controle, também pode ser utilizado para cumprir certas tarefas dentro da usina, como, por exemplo, comando, sinalização, alarme, registro de sequencia de eventos, intertravamentos e bloqueio de função, controle de potencia ativa e reativa, sincronização, autodiagnose, partida e parada automáticas. (ZULCY DE SOUZA, 2009, p.388). Todas as funções citadas são armazenadas em um programador lógico controlável (PLC). 2.3.1.1 Programador Lógico Controlável O PLC é o equipamento capaz de efetuar controles diversos alem de lógicas. Para melhor compreensão do que seja um PLC e do seu funcionamento, SILVEIRA (1998) apresenta alguns conceitos associados, os quais são de fundamental importância que sejam assimilados: 37 Variáveis de entrada: são sinais externos recebidos pelo PLC, os quais podem ser oriundos de fontes pertencentes ao processo controlado ou de comando gerado pelo operado. Variáveis de saída: são dispositivos controlados por cada ponto de saída do PLC. Tais pontos podem servir para intervenção direta no processo controlado por acionamento próprio, ou também para sinalização de estado em sinal sinótico. “Um PLC é composto por dois elementos principais: uma CPU (Unidade Central de Processamento) e interface para os sinais de entrada e saída.” (SILVEIRA, 1998, p. 83). Figura 17 – Diagrama de Blocos de um PLC Fonte: Silveira, 1998. Para Silveira (1998, p. 83) “A Unidade Central de Processamento pode ser encarada como o “cérebro” que controla todas as ações de um PLC e é constituída por um processador, memórias e um sistema de interligação.” É na área dedicada às entradas e saídas do PLC que se encontram as informações referentes ao estado de cada um dos dispositivos ligados a ele. Na figura abaixo se pode verificar um exemplo de como é constituída uma área de memória para entradas/saída. Observa-se que a chave fechada da entrada ocasiona a transição para nível lógico 1 do seu respectivo bit na memória, assim como a colocação em nível 1 de um bit de saída leva, por exemplo, ao acendimento de uma lâmpada que esteja ligado na saída. (SILVEIRA, 1988, p.88). Figura 18 – Mapa de Memória, Entrada/Saída Fonte: Silveira, 1998. 38 2.3.1.2 Entradas e Saídas O sistema de entrada/saída realiza a conexão física entre a CPU e o mundo externo por meio de vários tipos de circuitos de interfaceamento. Silveira (1988) cita tipos de interfaces discretas, onde a informação consiste em um único bit cujo estado pode apresentar duas possíveis situações: ligado ou desligado (conceito característica discreta), em seguida alguns exemplos: a) Entradas digitais: Chave seletora, chave fim de curso, contato de partida, sensores de proximidade, contatos de relés. b) Saídas digitais: Solenoides, partidas de motores, ventiladores, lâmpadas, sirenes. Figura 19 – Interface de Entrada de Sinais CA/CC Fonte: Silveira, 1998. “As interfaces com dispositivos de entrada/saída discretos são disponíveis em vários níveis de tensão CA ou CC, tais como: 12 Vcc, 24 Vcc, 110 Vca, 220 Vca.” (SILVEIRA, 1998, p. 90). O controle analógico passou também a integrar nos processadores do PLC. De acordo com Silveira (1998) o PLC é composto por um circuito conversor analógico-digital ou digital-analógico conforme o caso. Abaixo alguns dispositivos numéricos de entrada e saída com características analógicas: a) Entradas analógicas: Transdutores de tensão e corrente, transdutores de temperatura, transdutores de fluxo. b) Saídas analógicas: Válvula analógica, acionamentos de motores DC, controladores de potencia, medidores analógicos. 39 As interfaces com dispositivos de entrada/saída analógicas são disponíveis em vários faixas de tensão ou corrente, alguns exemplos: a) Corrente CC: 0 a 20 mA e 4 a 20 mA b) Tensão CC: 0 a 1V e 0 a 5V Figura 20 – Interface de Entrada analógica por corrente Fonte: Silveira, 1998. 2.3.2 Estrutura Hierárquica do SSC Para entender a complexidade de um sistema de controle e automação é preciso construir um exemplar bem definido do mesmo, modelando o SSC através da divisão em níveis (ou camadas) hierárquicos. A divisão do sistema nesses níveis também é chamada de arquitetura do sistema de controle. Figura 21 – Estrutura Hierárquica do SSC Fonte: Consultoria e Análise, 2012. 40 Conforme a IEEE (1991), a estrutura hierárquica de um sistema de controle é concebida basicamente em três níveis: a) Nível hierárquico 0 O nível hierárquico 0 é conhecido como o nível do processo, nele é incluído os equipamentos e dispositivos como disjuntores, seccionadoras, elementos de aquisição de sinais (sensores, transmissores de temperatura, pressão, etc.) TCs, TPs, dentre outros dispositivos. Todos esses processos são comandados pelo nível superior através das CPUs, é nela que teremos todo o status de campo. A comunicação entre o nível de processo (nível 0) e o nível 1 normalmente são feitas fiadas, ou seja, cabos interligando as CPU com os processos. b) Nível hierárquico 1 O nível hierárquico 1 é onde encontra-se agrupados os dispositivos e equipamentos do processo que são postos sob a supervisão e controle das CPUs. As CPUs, através das aquisições de processos, tratam e manipulam os dados recebidos do nível inferior e processam essas informações podendo gerar um comando atender o processo, como por exemplo, realizar comandos automatizados como partidas, paradas ou rotinas de emergência. A integração entre o nível 1 e o nível 2 é feita através de redes locais de comunicação utilizada para controlar todo o processo. Os meio físicos de uma rede local de comunicação de dados podem ser em fibra óptica ou meio metálico. c) Nível hierárquico 2 O nível hierárquico 2 coordena a funcionalidade das CPUs, e trata as informações enviadas por elas apresentando os dados ao operador da usina nas IHMs do supervisório. 41 3 TECNOLOGIAS DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS 3.1 SPDA O homem, afetado pelos efeitos de descargas atmosféricas, procurou um sistema de proteção contra estas. Existem sistemas específicos e dispositivos, capazes de assegurar determinados níveis de imunidade, os chamados Sistemas de Proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Um SPDA tem como objetivo neutralizar, o gradiente de potencial elétrico entre o solo e as nuvens e blindar uma estrutura, seus ocupantes e seu conteúdo dos efeitos térmicos, mecânicos e elétricos associados às descargas atmosféricas diretas. Segundo o INPE, o SPDA atua no sentido de oferecer um caminho de baixa resistência elétrica para a corrente elétrica fluir até o solo. É importante destacar que um SPDA não impede que a descarga atmosférica atinja a estrutura, além disso, o SPDA não protege totalmente os equipamentos elétricos e eletrônicos contra interferências eletromagnéticas (INPE, 2011). Existem alguns modelos e métodos de proteção contra descargas atmosféricas; Para-raios Tipo Franklin, tipo Malha ou Gaiola de Faraday, modelo eletrogeométrico, sistemas híbridos, além de cabo guarda em subestações e Blindagem em linhas de Transmissão. a. Eficiência do SPDA; b. classificação das estruturas segundo a NBR 5419; c. necessidade do SPDA; d. filosofias e Modelos de Incidência. 3.1.1 Eficiência do SPDA Para cumprir seu objetivo, um SPDA é composto por elementos, com funções distintas. Os Captores são elementos metálicos que constituem pontos preferenciais de incidência. Os Condutores de distribuição de corrente direcionam o fluxo da corrente de uma eventual descarga incidente para o aterramento. Os eletrodos de aterramento enterrados no solo servem para dispersar a corrente de eventuais descargas para esse meio. (SILVÉRIO VISACRO FILHO, 2005, p. 218). Para Kindermann (1997), Existem descargas atmosféricas de diferentes tipos e intensidades, por isso, especialistas produziram uma estimativa estatística da eficiência do SPDA, Conforme tabela abaixo. O nível de proteção não está relacionado com a probabilidade de queda de raio na estrutura, mas com a eficiência que o sistema tem de captar e conduzir o raio a terra. (GERALDO KINDERMANN, 1997, p 42). 42 Tabela 1 – Nível de Proteção PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS Nível da proteção Eficiência da Proteção I 98% II 95% III 90% IV 80% Fonte: Kindermann, 1997. 3.1.2 Classificação das Estruturas Para efeito de análise e projeto, as diversas estruturas típicas existentes são classificadas segundo a NBR 5419 (2001), de acordo com os efeitos e danos (riscos) que possam vir a sofrer por ação de uma descarga atmosférica. São elas: a. Estruturas comuns; b. estruturas com danos confinados; c. estruturas com Perigo aos Arredores; d. estruturas com danos ao Meio Ambiente. a) Estruturas comuns São estruturas cujas preocupações são os efeitos do raio na própria estrutura. b) Estruturas com danos confinados São estruturas onde, além do dano comum, existe preocupação séria, também, com relação à atividade interna executada. c) Estruturas com Perigo aos Arredores São estruturas em que além dos riscos “a” e “b”, há riscos e prejuízos nas estruturas adjacentes, ou de certa região. d) Estruturas com Danos ao Meio Ambiente São estruturas que além dos danos próprios, há riscos ao meio ambiente de modo temporário ou permanente. Segundo a NBR 5419 (2001) Usinas hidrelétricas são classificadas como estruturas com danos confinados, onde as preocupações devem ser com a própria estrutura e com as atividades executadas internamente, com um nível de proteção igual a I. 43 3.1.3 Necessidade do SPDA A probabilidade de uma estrutura ser atingida por um raio em um ano é o produto da densidade de descargas atmosféricas para a terra pela exposição equivalente da estrutura. A densidade de descargas atmosféricas para a terra (Ng) é o número de raios para a terra por quilômetros quadrados por ano. O valor (Ng) para uma dada região pode ser estimado pela equação: Ng = 0,04 x Td x 1,25 [Km² / ano] Onde Td é o número de dias de trovoada por ano, obtido de mapas isoceráunicos, conforme disponível na NBR 5419 (2001, p. 21). 3.1.4 Filosofia e Modelos de Incidência Segundo Visacro Filho (2005, p. 219) “Existem modelos que permitem definir o local de maior probabilidade de incidência das descargas descendentes, decorrentes de canais que se aproximam do solo ou de descargas ascendentes que se originam de estruturas terrestres”. 3.1.4.1 Para-Raios tipo Franklin Este método foi proposto por Franklin e fundamenta-se na interceptação de eventuais canais descendentes que se aproximem da estrutura, por meio de canais ascendentes a partir de uma haste elevada. Esta haste, em forma de ponta, produz, sob a nuvem carregada, uma alta concentração de cargas elétricas, juntamente com um campo elétrico intenso. Isto produz a ionização do ar, diminuindo a altura efetiva da nuvem carregada, o que propicia o raio através do “rompimento” da rigidez dielétrica do ar. Dessa forma o Para-Raios Tipo Franklin tenta neutralizar, pelo poder de atração das pontas, o crescimento do gradiente de potencial elétrico entre o solo e as nuvens, por meio do permanente escoamento de cargas elétricas do meio ambiente para a terra. (VISACRO FILHO, 2005, p. 234). 44 Figura 22 – Para-Raios tipo Franklin Fonte: Kindermann, 1997. Conforme Kindermann (1997, p. 60): O Raio captado na ponta da haste é transportado pelo cabo de descida e escoado na terra pelo sistema de aterramento. Se as condições do aterramento não forem adequadas, as tensões ao longo do sistema que constitui o pára-raios serão elevadas e a segurança estará comprometida. 3.1.4.1.1 Região de Proteção “A região de proteção é a zona protegida pelo pára-raios, se o raio cair nessa zona, ele preferirá o caminho através do para-raios” (KINDERMANN 1997, p. 60). Para Kindermann (1997) a haste determina um volume de proteção de formato cônico, onde o captor fica no vértice e ângulo entre a geratriz e o centro do cone, variando de acordo com o nível de proteção e a altura da edificação. A proteção depende da altura e do grau de proteção, conforme tabela abaixo: 45 Tabela 2 – Ângulo de Proteção ÂNGULOS DE PROTEÇÃO GRAU DE Altura Máxima h da Ponta da Haste ao Solo [m] PROTEÇÃO ≤ 20 20 < h ≤ 30 30 < h ≤ 45 45 < h ≤ 60 IV 55° 45° 35° 25° III 45º 35° 25° * II 35° 25° * * I 25° * * * Fonte: Kindermann, 1997. “Para edificações elevadas a aplicação deste sistema requer sua complementação para prover a estrutura de um condutor de captação posicionado em altura intermediária. Isto se faz necessário para evitar o risco de descargas diretas incidirem na lateral da edificação.” (VISACRO FILHO, 2005, p. 236). 3.1.4.2 Para-raios tipo Malha ou Gaiola de Faraday O princípio básico proposto por Michael Faraday “fundamenta-se na observação de que ao construir uma gaiola metálica envolvendo um corpo, este fica isento do percurso de correntes” (Visacro Filho, 2005, p. 237). Para Kindermann (1997) esta filosofia de proteção usa os condutores de captura em forma de ANEEL, os condutores em ANEEL formam malhas ou gaiolas, advindo daí o nome Gaiola de Faraday. O princípio básico deste tipo de proteção é a Lei de Lenz, a circulação de corrente induzida em um condutor, cria um campo magnético contrário à variação do campo magnético indutor. A gaiola de Faraday é formada por vários quadrículos de condutores. Quando correntes distribuídas passam pela gaiola, o campo magnético no interior da mesma é nulo. A proteção se dá porque as correntes induzidas nos quadrículos criam campos magnéticos de oposição, levando o raio para as bordas da malha, obrigando-o a fluir para o cabo de descida. (KINDERMANN, 1997, p. 106). Para Visacro Filho (2005, p. 238): A implementação desta filosofia requer a constituição de uma gaiola condutora envolvendo toda a estrutura. Assim, usualmente a configuração possui um condutor perimetral fixado sobre as laterais da superfície, tal condutor encerra um ou mais reticulados superiores e deles derivam vários cabos de descida. 46 3.1.4.2.1 Dimensão dos Quadrículos da Gaiola de Faraday Como resultado de vários estudos, foi estabelecida a dimensão dos quadrículos segundo o nível de proteção conforme NBR 5419 (2001, p. 5) dados na tabela abaixo: Tabela 3 – Espaçamento dos Quadrículos QUADRÍCULAS DA GAIOLA DE FARADAY Grau de Proteção Distância Máxima dos espaçamentos I 5m II/III 10m IV 20m Fonte: NBR 5419, 2001. Figura 23 – Para-Raios tipo Gaiola de Faraday Fonte: Visacro Filho, 2005. 3.1.4.3 Método Eletrogeométrico O Método eletrogeométrico, é um método mais apurado para a obtenção da zona de proteção do sistema de proteção adotado. Segundo Visacro Filho (2005) Fundamenta-se no conceito do Raio de atração. Os procedimentos para implementação do chamado modelo eletrogeométrico são organizados em duas metodologias distintas, conforme o ponto de referência para emprego do raio de atração. 47 3.1.4.3.1 Primeira Metodologia “A primeira metodologia fundamenta-se no raio de atração, o raio é considerado na perspectiva dos prováveis pontos de incidência na estrutura. A partir de cada um desses pontos é determinada uma superfície, construída ao circular-se o raio de atração no entorno do ponto.” (VISACRO FILHO, 2005, p. 227). 3.1.4.3.1.1 Raio de Atração Segundo Visacro Filho (2005, p. 219): É definido como a maior distância estimada entre um canal descendente e a estrutura em que o raio será atraído, a partir da qual ocorrerá eventual fechamento do percurso pela conexão entre o canal descendente e o canal ascendente. Admite-se que se tal distância seja alcançada, haja grande probabilidade de incidência na estrutura. Através de experimentos laboratoriais com modelos em escala reduzida, de registros fotográficos e de filmagens da incidência de descargas reais em torres instrumentadas, foram desenvolvidas relações empíricas que relacionam o raio de atração com o valor de pico da corrente de descarga (Ip). A maior parte destas expressões tem a forma apresentada na equação de Visacro Filho abaixo, sendo A e B constantes empíricas, e fornecem resultados muito similares. (VISACRO FILHO, 2005, p. 219). De acordo com Brown e Whitehead (1969) o raio de atração pode ser calculado por: Já Love (1973) e Anderson (1982) propõem a expressão: De acordo com Armstrong e Whitehead (1968), este valor pode ser obtido por: E de acordo com a norma NBR5419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001): Em todas as expressões propostas, o raio de atração é definido em metros (m) e a corrente em quilo-Amperes (kA). Segundo Visacro Filho (2005, p. 220), no aprimoramento contínuo da metodologia do raio de atração, foram desenvolvidas expressões que tentam computar outros efeitos que exercem influência na sua definição, incluindo características da estrutura a ser atingida, como sua altura (H). 48 Tabela 4 – Efeito da Altura no Valor do Raio de Atração Corrente de Pico (kA) Raio de Atração de Acordo Altura (m) Raio de Atração com de Anderson (1982) 5 29 10 46 20 72 50 132 Acordo com Eriksson (1987) 10 13 20 20 40 32 80 51 10 20 20 32 40 50 80 79 10 31 20 50 40 79 80 125 10 57 20 91 40 145 80 230 Fonte: Visacro Filho, 2005. 3.1.4.3.2 Segunda Metodologia Segundo Visacro Filho (2005, p. 227): A segunda metodologia, um pouco mais elaborada, é desenvolvida na perspectiva das possíveis posições alcançadas pela extremidade do canal descendente em sua aproximação da estrutura, sendo designado método das esferas rolantes. Para esse método a cada amplitude de corrente está associado um raio de atração específico que define uma esfera, tal esfera é rolada sobre a superfície da estrutura cuja proteção se projeta. Assim, o centro da esfera cobre todas as possíveis posições que a extremidade de um eventual canal descendente poderia ocupar ao se aproximar da estrutura. Os pontos tocados pela superfície da esfera, ao deslocá-la sobre a estrutura, indicam os locais prováveis de incidência. 3.1.4.3.2.1 Esfera Rolante É a esfera obtida com o raio igual à distância de atração (Ra). Pode-se adotar, dentro da perspectiva dos graus de proteção, os raios da esfera rolante obtidos de acordo com a NBR 5419 (2001) conforme tabela abaixo : 49 Tabela 5 – Raio da Esfera Rolante NÍVEL DE PROTEÇÃO RAIO DA ESFERA ROLANTE I 20m II 30m III 45m IV 60m Fonte: Kindermann, 1997. Figura 24 – Esferas Rolantes Fonte: Visacro Filho, 2005. 3.1.4.4 Sistemas Híbridos Nas condições para aplicação dos modelos apresentados muitas vezes não é possível prover uma proteção integral para a estrutura a partir de um único sistema. No caso do sistema Gaiola de Faraday, a usual presença de corpos elevados colocados na parte superior da edificação dificulta a total proteção. Como alternativa em muitas situações, tem sido adotada uma configuração designada híbrida. Basicamente adota-se a proteção por gaiola de Faraday, complementada por um sistema de captação tipo Franklin. Eventuais descargas que incidirem na cobertura são captadas pelas hastes superiores ou pelos condutores superiores da cobertura. (VISACRO FILHO, 2005, p. 242). 50 Figura 25 – SPDA Híbrido Fonte: Visacro Filho, 2005. 3.1.4.5 Blindagem e Cabo Guarda 3.1.4.5.1 Blindagem São cabos de cobertura distribuídos horizontalmente sobre a subestação, que formam uma estrutura de modo a produzir uma eficiente zona de proteção, na qual estão contidos os equipamentos da subestação. Para Kindermann (1997, p. 100) “Caso haja incidência direta do raio, o mesmo terá efeito praticamente nulo, devido o fato de ser adequadamente escoada a terra. Isto se dá devido à baixa resistência elétrica do aterramento da malha da subestação”. 51 Figura 26 – Blindagem Fonte: Kindermann, 1997. 3.1.4.5.2 Cabo Guarda Segundo Kindermann (1997), Descargas diretas em linhas de transmissão podem ocorrer de dois modos: no vão da linha de transmissão, ou na torre. “A proteção neste caso é efetuada colocando o cabo guarda (Cabo para-raios ou cabo de cobertura) acima da linha de transmissão. Este cabo guarda forma uma proteção, isto é um para-raios tipo Franklin, que produz uma zona protegida na qual a linha de transmissão está contida.” (KINDERMANN, 1997, p. 102). Para Kindermann (1997, p. 103) “Quando um raio cai na linha de transmissão entre duas torres, a sobretensão associada ao raio se divide em duas partes, cada qual se dirigindo em direções opostas”. 52 Figura 27 – Cabo Guarda Fonte: Kindermann, 1997. 3.2 ATERRAMENTO Um aterramento elétrico consiste em uma ligação elétrica de um sistema físico a terra. É constituído fundamentalmente de uma estrutura condutora, que é enterrada, e que garante um bom contato elétrico com a terra, chamada eletrodo de aterramento. Esta ligação elétrica com a terra é feita para prover a instalação de um potencial de referência e de um caminho de impedância adequada à corrente de falta. Para que um sistema de energia elétrica opere corretamente, com um desempenho seguro é necessário um bom sistema de aterramento. (KINDERMANN, 1998). a. Finalidades de um Sistema de Aterramento; b. resistividade do solo; c. influência da umidade; d. malha de aterramento; e. potencial de malha; f. potencial de passo; g. potencial de toque; h. ligação a terra . 3.2.1 Finalidades de Um Sistema de Aterramento Kindermann (1998, p. 1), descreve as finalidades de um sistema de aterramento: a. Obter uma resistência de aterramento a mais baixa possível, para correntes de falta à terra; b. manter os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro de limites de segurança de modo a não causar fibrilação do coração humano; c. fazer que equipamentos de proteção sejam mais sensibilizados e isolem rapidamente as falhas à terra; 53 d. proporcionar um caminho de escoamento para terra de descargas atmosféricas; e. usar a terra como retorno de corrente no sistema MRT; f. escoar as cargas estáticas geradas nas carcaças dos equipamentos. 3.2.2 Resistividade do Solo O valor da resistividade em Ω x m é numericamente igual à resistência de um cubo de 1 m de aresta. Segundo Kindermann (1998, p. 2) Vários fatores influenciam na resistividade do solo. Entre eles: a. Tipo de Solo; b. solos com camadas, profundidades e materiais diferentes; c. teor de umidade; d. temperatura; e. compactação e pressão. Para Kindermann (1998, p. 2). “As diversas combinações acima resultam em solos com características diferentes e, consequentemente, com valores de resistividade distintos”, conforme tabela abaixo. Tabela 6 – Resistividade do Solo TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE (Ω/m) Lama 5 a 100 Terra de Jardim com 50% de umidade 140 Terra de Jardim com 20% de umidade 480 Argila Seca 1.500 a 5.000 Argila com 40% de umidade 80 Argila com 20% de umidade 330 Areia molhada 1.300 Areia seca 3.000 a 8.000 Calcário compacto 1.000 a 5.000 Granito 1.500 a 10.000 Fonte: Kindermann, 1998. 54 3.2.3 Influência da Umidade “A resistividade do solo sofre alterações com a umidade. Esta variação ocorre em virtude da condução de cargas serem predominantemente iônica. Assim, um solo específico, com concentração diferente de umidade apresenta uma variação em sua resistividade.” (KINDERMANN, 1998, p. 3). A tabela abaixo apresenta valores para diferentes valores de umidade em um solo arenoso: Tabela 7 – Resistividade do Solo em função da umidade ÍNDICE POR UMIDADE (% POR PESO) RESISTIVIDADE (Ω. M) (SOLO ARENOSO) 0,0 10.000.000 2,5 1.500 5,0 430 10,0 185 15,0 105 20,0 63 30,0 42 Fonte: Kindermann, 1997. Em geral, a resistividade (ᵨ) varia acentuadamente com a umidade no solo. 3.2.4 Potencial de Malha Segundo Kindermann (1998, p. 139) O potencial de malha (Vm) é definido como os potenciais de toque e passo máximos, encontrado dentro de uma submalha da malha de terra, quando do máximo defeito fase-terra. 3.2.5 Potencial de Passo “Potencial de passo é a diferença de potencial existente entre dois pés, isso ocorre quando os membros se encontrarem sobre linhas equipotenciais diferentes” (KINDERMANN, 1998, p. 129). 55 Figura 28 – Tensão de Passo Fonte: Kindermann, 1998. 3.2.6 Potencial de Toque “É a diferença de potencial entre o ponto da estrutura metálica, situada a altura de toque da mão humana e o chão a 1m da base da estrutura” (KINDERMANN 1998, p. 127). Figura 29 – Tensão de Toque Fonte: Kindermann, 1997. 3.2.7 Ligação a Terra Quando ocorre um curto-circuito envolvendo a terra, espera-se que a corrente seja elevada para que a proteção possa operar eliminando o defeito. Durante o tempo em que a proteção ainda não atuou, a corrente de defeito que escoa pelo solo, gera potenciais distintos nas massas metálicas e superfícies do solo. Portanto procura-se 56 efetuar uma ligação de equipamentos elétricos a terra. Em termos de segurança devem ser aterradas todas as partes metálicas que eventualmente possam ter contato com partes energizadas. (KINDERMANN 1998, p. 6). 3.2.8 Malha de Aterramento Para Kindermann (1998) O objetivo de uma malha de terra é proporcionar uma superfície equipotencial no solo onde estão colocados os componentes da instalação elétrica e onde há circulação de pessoas. Esta superfície equipotencial irá garantir que quando uma corrente circular, seja ela proveniente de uma falta ou de uma descarga , não aparecerá uma grande diferença de potencial entre diferentes pontos. Na prática, sempre irão ocorrer gradientes de potencial quando passarem pelo solo correntes de falta, mas desde que as malhas de terra tenham sido dimensionadas apropriadamente, os máximos valores de gradiente para os níveis da corrente de falta não serão excedidos. 3.2.8.1 Itens para elaboração do Projeto de Malha de Terra Kindermann (1998, p. 135), Descreve os itens necessários para elaboração da malha de terra: a. Fazer a medição da resistividade do solo no local a ser construído a malha; b. resistividade superficial do solo. Geralmente se utiliza brita na superfície da malha, que forma uma camada mais isolante; c. corrente de curto-circuito máxima entre fase e terra; d. tempo de abertura do relé de neutro para a máxima corrente de curto-circuito faseterra; e. área da malha. 3.2.8.2 Dimensionamento de uma Malha de Terra Segundo Kindermann (1998) o dimensionamento de uma malha de terra é um processo iterativo. Parte-se de uma malha inicial e verifica-se se os potenciais, na superfície, quando do máximo defeito a terra, são inferiores aos valores máximos suportáveis por um ser humano. Dimensionar uma malha de terra é verificar se os potenciais que surgem na superfície, quando da ocorrência do máximo defeito a terra, são inferiores aos máximos potenciais de passo e de toque que uma pessoa pode suportar sem a ocorrência de fibrilação 57 ventricular e dimensionar um condutor de forma a suportar os esforços mecânicos e térmicos a que estarão sujeitos ao longo de sua vida útil. Hoje no Brasil a norma mais utilizada para dimensionamento de sistemas de aterramento é a Institute of Electrical and Electronics Engineers std. 80 (IEEE 80). 3.2.8.3 Escolha da Bitola dos Condutores da Malha A escolha da bitola do condutor de um sistema de aterramento, segundo a Institute of Electrical and Electronics Engineers std. 80-2000 (IEEE 80) dá-se em função da temperatura e é calculada segundo a equação: Icc – valor eficaz da corrente de curto-circuito no local da subestação (kA); A – secção do condutor (mm²); Tm – temperatura máxima admissível (°C); Ta – temperatura Ambiente (°C); Tr – temperatura de referência para as constantes do material; – coeficiente térmico de resistividade a uma temperatura T, de referência (1/°C); – resistividade do condutor de aterramento a uma temperatura T, (µΩ . cm); - igual a 1/ (°C); - tempo de duração da corrente (Segundos); TCAP – capacidade térmica, por unidade de volume (J/(cm³.°C)); A tabela a seguir, apresenta os valores das constantes utilizadas na equação acima para o caso dos condutores de cobre, material normalmente utilizado em malha de terra de UHE. Para a temperatura máxima que a malha pode atingir, usa-se a temperatura suportável por suas conexões, sendo estas feitas através de soldas exotérmicas de alta resistência mecânica e de baixa resistência de contato e a temperatura limite é de 750 °C. (KINDERMANN, 1998). 58 Tabela 8 – Constantes do Cobre Fonte: Kindermann, 1998. 3.2.8.4 Resistência de Aterramento da Malha “A resistência de aterramento da malha pode, aproximadamente, ser calculada pala formula de Sverak abaixo, que leva em conta a profundidade (h) em que a malha é construída, e representa a resistência elétrica da malha até o infinito.” (KINDERMANN, 1998, p. 141). Onde: Amalha – Área ocupada pela malha (m²); h – Profundidade da malha (m); L – Comprimento total dos cabos e hastes que formam a malha. 3.2.8.5 Potencial de Malha “Neste item, procura-se calcular o máximo potencial de toque da malha, visto que a corrente de defeito escoa preferencialmente pelas bordas da malha assim o potencial de malha máximo se encontra nos cantos da malha e pode ser calculado pela expressão (KINDERMANN, 1998, p. 142):” Sendo: - Resistividade aparente vista pela malha; – Corrente máxima de falta que realmente escoa da malha para a terra - Comprimento Total dos condutores da malha - Coeficiente de Malha 59 - Coeficiente de irregularidade = “Onde condensa a influência da profundidade da malha, diâmetro do condutor e do espaçamento entre condutores, e é dado pela expressão (KINDERMANN, 1998, P. 142):” Sendo: - Profundidade da malha (m); - Espaçamento entre condutores paralelos ao longo do lado da malha (m); - Diâmetro do condutor da malha (m); - , a malha reticulada é transformada numa malha quadrada com N condutores paralelos em cada lado; = ; - Correção de profundidade = , onde = 1m. 3.2.8.6 Potencial de Passo “Neste item, procura-se determinar o maior potencial de passo que surge na superfície da malha, que pode ser calculado pela expressão (KINDERMANN, 1998, p. 145);” Sendo: - Resistividade aparente vista pela malha; – Corrente máxima de falta que realmente escoa da malha para a terra - Comprimento Total dos condutores da malha - Coeficiente de irregularidade = Onde: 60 – Coeficiente que introduz no cálculo a maior diferença de potencial entre dois pontos distanciados de 1m. Este coeficiente relaciona todos os parâmetros da malha que induzem tensões na superfície da terra, e é dado pela expressão: 61 4 EFEITOS E PERTURBAÇÕES DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS NOS SSCs DE UHEs A descarga atmosférica em uma UHE pode causar uma perturbação no aterramento na forma de uma diferença de potencial (DDP). Esta diferença de potencial pode causar danos a equipamentos eletrônicos do SSC, representando um risco para operação normal da UHE. a. Perturbações transitórias e sobretensões; b. transmissão das perturbações ; c. o problema da descarga atmosférica . 4.1 PERTURBAÇÕES TRANSITÓRIAS E SOBRETENSÕES Para Ara Kouyoumdijian (1996, p. 57) Perturbações Transitórias e Sobretensões: São as perturbações impulsivas, bruscas e de forte amplitude, compostas por uma grande variedade de frequência. Sua origem geralmente é: • queda de raio • abertura ou fechamento de seccionadores • abertura brusca de circuitos indutivos As tensões e correntes resultantes podem ser de diversos níveis. As sobretensões provocadas pelos raios podem atingir muitos milhares de volts. Quanto às sobretensões devidas a manobras (interrupções bruscas), elas são muito mais frequentes do que as de origem atmosféricas, mas felizmente, de um nível mais baixo. A importância relacionada ao estudo das descargas atmosférica se dá devido seus efeitos nos aparelhos eletrônicos, em particular os do SSC podem ser sensíveis a essas perturbações e devem ser protegidos. 4.2 TRANSMISSÃO DAS PERTURBAÇÕES As perturbações podem ser transmitidas pelos cabos e ligações entre aparelhos. “Uma perturbação emitida num local “A” pode propagar-se e transmitir-se aos aparelhos e instalações “B” ligados ao ponto “A”, ou situados em seu ambiente”. (ARA KOUYOUMDIJIAN, 1996, p. 57). 62 4.2.1 Fenômenos de Acoplamento Segundo Ronni Campaner (1999, p. 71) podem existir três formas básicas de acoplamentos: condutivo, indutivo e capacitivo. Uma das formas mais óbvias, mas às vezes esquecida, é a interferência conduzida por condutores (fios, cabos e partes metálicas) até o sistema. Abordado neste trabalho. O(s) acoplamento(s) possibilita(m) o aparecimento de interferência nas vítimas sob dois modos: a. MODO COMUM Um sinal interferente pode se sobrepor ao sinal desejado (ruído eletromagnético), causando uma diferença de potencial entre os terminais da vítima e o aterramento. Esta tensão é denominada de tensão de modo comum, normalmente é causada por acoplamentos capacitivos ou magnéticos entre a cablagem e sistemas de aterramento ou partes metálicas. Ela pode romper o isolamento do cabo entre condutores e a terra ou entre os terminais do equipamento (vítima) e a terra. (CAMPANER, 1999, p. 71). b. MODO DIFERENCIAL O ruído eletromagnético pode se manifestar sob a forma de uma tensão diferente entre cada um dos terminais e o aterramento ou, em outras palavras, uma tensão entre os terminais da vítima. Esta tensão é denominada tensão de modo diferencial (pode-se encontrar também com os nomes de tensão de modo normal ou tensão de modo série). O aparecimento desta tensão se deve ao desbalanceamento dos fatores de acoplamento (normalmente capacitivos) do ruído em cada um dos terminais do sinal, por assimetria de condutores ou da terminação no circuito de interface (desbalanceamento). A tensão de modo diferencial pode alterar o conteúdo da informação transmitida ou danificar o isolamento correspondente do cabo ou da interface do equipamento terminal (vítima). (CAMPANER, 1999, p. 71). 4.3 CABOS Segundo Ara Kouyoumdijian, (1996, p. 89). Uma instalação de UHE pode conter os seguintes cabos: a. de potência (correntes elevadas), como por exemplo, cabo de alimentação de painéis e aterramento; b. de controle (comando); c. instrumentação (analógicos); 63 d. OPGW, este consiste em um cabo de aterramento com fibras para sinais de controle. Os cabos de controle e instrumentação podem ser ligados a aparelhos e circuitos muito sensíveis às perturbações, como por exemplo, equipamentos eletrônicos do SSC. (ARA KOUYOUMDIJIAN, 1996, p. 89). 4.4 O PROBLEMA DA DESCARGA ATMOSFÉRICA O raio é uma das causas de perturbação mais importante, em razão da intensidade do fenômeno. Tal fato pode ser visto no exemplo de estrutura de geração hidráulica a seguir: Figura 30 – Unidade de Geração Hidráulica Fonte: Documentação interna Engevix. Conforme visto nos capítulos anteriores uma descarga atmosférica incidindo no SPDA escoa para terra através dos cabos de descida e se dissipa na malha de terra causando um potencial de malha. A descarga atmosférica em um SPDA de um local A, como por exemplo, a casa de força, irá criar um potencial na malha de terra dessa estrutura tal potencial alcançará certa intensidade de passo e toque de modo que não causará danos a pessoas e equipamentos. 64 Casa de força e subestação quando separadas geograficamente, são interligadas por um cabo de terra para equalização de potencial de suas malhas, conforme figura abaixo. Figura 31 – Unidade de Geração Hidráulica – Sistema de Proteção Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. A presença de uma descarga em uma das malhas causará entre elas potenciais diferentes por um período de tempo. Figura 322 – Esquemático – Sistema de Proteção Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. 65 Em regime permanente as malhas das estruturas interligadas não apresentam diferenças de potencial significativas. 4.4.1 Queima de Equipamentos Eletrônicos Os equipamentos eletrônicos do SSC da CF e da SE são interligados através de cabos de controle para troca de informações, como por exemplo: abertura de disjuntor. Todos os equipamentos eletrônicos do SSC, fisicamente estão instalados dentro de painéis alocados dentro da UHE e SE. Conforme visto no capítulo 3, todos os painéis tem sua carcaça aterrada em suas respectivas malhas para proteção contra contato direto. Logo o painel e a malha estarão no mesmo potencial. Figura 333 – Representação Esquemática das Instalações Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. O cabo de controle irá transferir o potencial da malha de terra da CF para a placa de circuito impresso do equipamento eletrônico da SE. Esta irá sentir a diferença de potencial, entre o borne do cabo de controle e o potencial do ponto comum deste circuito. Esta diferença de potencial poderá ocasionar a queima do equipamento dependendo da intensidade alcançada. Quanto à classe de isolação de acoplamentos de modo comum, a International Electrotechnical Commission (IEC) 61000-4, estabelece que os equipamentos eletrônicos devam suportar até pico de 4 kV surtos de tensão máxima. Devido à importância do problema, a medida de prevenção, normalmente é adotada pelos fabricantes dos equipamentos, são os optoacopladores de acordo Ara Kouyoumdijian, (1996, p. 133) estes são utilizados para isolar um circuito em relação ao 66 circuito que o alimenta, instalado num percurso de modo comum pode impedir a passagem de perturbações. Porém, para os optoacopladores tornam-se ineficazes para valores elevados da DDP, uma vez que quando submetidos a elevados tensões estes componentes também são danificados. Figura 344 – DDP no Optoacoplador Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. 4.4.2 Representação do Circuito Equivalente Para análise da diferença de potencial vista na figura 33, modela-se a seguir o sistema em questão como um circuito elétrico equivalente, conforme a figura a seguir. Figura 355 – Circuito Equivalente Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. em que: R1 representa a resistência da malha de terra da estrutura 1 (CF) R2 representa a resistência da malha de terra da estrutura 2 (SE) R3 representa a resistência do cabo guarda R4 representa a resistência do cabo de equalização de potencial das malhas. 67 5 PROPOSTAS DE MITIGAÇÕES CONTRA DANOS NO SSC DE UHEs Conforme visto no capítulo anterior, com o evento de uma descarga atmosférica surge uma DDP aplicada nos equipamentos do SSC. Essa DDP é função da corrente e resistência, conforme lei de ohm V = R x I. Onde a resistência é a do condutor de interligação das malhas para equalização de potencial e cabo guarda (R3 e R4), é dada por: Sendo que: ρ - é a resistividade elétrica do condutor (em ohm metros, Ωm); R - é a resistência elétrica do material (em ohms, Ω); L - é o comprimento do condutor (medido em metros); A - é a área da secção e geometria do condutor (em metros quadrados, m²). Dessa forma sendo a DDP função de R e I, onde I é a corrente do raio e depende da intensidade da fonte. Como não temos o controle da corrente usaremos valores probabilísticos. Uma forma de variar a DDP é alterando o valor da resistência. Conforme visto acima essa resistência é função da área do condutor e do comprimento, dessa forma variamos a resistência mudando o comprimento do cabo, alterando sua bitola e associando condutores em paralelo, conforme o conceito de associação de resistores de circuitos elétricos pode-se associar estes em paralelo diminuindo assim o valor da resistência total equivalente. Para os valores de corrente utilizou-se 110 kA, sendo que valores acima deste são pouco prováveis de acontecer, segundo estudos probabilísticos para valores de pico de corrente de descargas atmosféricas, apresentado no capítulo dois. 5.1 SIMULAÇÕES Este tópico tem a finalidade de apresentar as simulações feitas considerando as variações de resistência do condutor de interligação das malhas e variando a resistência equivalente da malha de terra da casa de força. Para valores de resistência das malhas de terra João Mamed Filho (2001, p. 517) recomenda um valor de até 5 ohms para uma tensão de até 138kV e 10 ohms para valores de tensão acima de 138kV, dessa forma consideramos o pior 68 caso 10 ohms para a SE e para a CF variamos do pior caso 10 ohms para valores de até 1 ohm. Para efeito de análise foi considerado um valor crítico de referência na faixa 4kV, como valor máximo admissível para não ocasionar a queima dos equipamentos eletrônico do SSC, conforme recomendações do fabricante. 5.1.1 Variação da DDP em função da Resistência do cabo variando o comprimento Nesta simulação considerou-se a faixa de distância entre 100m e 1 km, para um cabo de interligação de 95 mm² cuja resistividade é de 0,119 ohm por km. Quanto ao cabo guarda, sua resistividade é 0,47 ohm por km, conforme catálogo de fabricante. Geralmente o cabo 95 mm² é adotado como secção transversal mínima em critérios de projeto. a. DDP para resistência da CF=10 Ω Tabela 9 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 10 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 768,3941114 km 0,2 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 1535,715 km 0,4 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 3067,149 km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 10 10 0,282 0,1194 4594,318 km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 10 10 0,376 0,1592 6117,241 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 7635,935 km A Ω Ω Ω Ω V km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 8 10 0,376 0,1592 5434,19 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 6782,267 km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. b. DDP para resistência da CF=8 Ω Tabela 10 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 8 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 682,9639792 km 0,2 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 1364,869 km 0,4 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 2725,51 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 8 10 0,282 0,1194 4081,944 69 c. DDP para resistência da CF=6 Ω Tabela 11 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 6 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 576,1949597 km 0,2 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 1151,385 km 0,4 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 2298,759 km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 6 10 0,282 0,1194 3442,144 km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 6 10 0,376 0,1592 4581,561 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 5717,03 km A Ω Ω Ω Ω V km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 4 10 0,376 0,1592 3487,255 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 4350,449 km A Ω Ω Ω Ω V km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 2 10 0,376 0,1592 2031,549 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 2533,587 km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. d. DDP para resistência da CF=4 Ω Tabela 12 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 4 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 438,9509387 km 0,2 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 877,0269 km 0,4 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 1750,565 km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 4 10 0,282 0,1194 2620,634 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. e. DDP para resistência da CF=2 Ω Tabela 13 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 2 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 256,0121473 km 0,2 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 511,4291 km 0,4 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 1020,486 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 2 10 0,282 0,1194 1527,187 70 f. DDP para resistência da CF=1 Ω Tabela 14 – Valores para Simulação (DDP x Distância) Distância 0,1 I 110000 R1 1 R2 10 R3 0,047 R4 0,0199 DDP 139,6282181 km 0,2 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,094 Ω 0,0398 V 278,9024 km 0,4 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,188 Ω 0,0796 V 556,3941 km A Ω Ω Ω Ω V 0,6 110000 1 10 0,282 0,1194 832,4857 km A Ω Ω Ω Ω V 0,8 110000 1 10 0,376 0,1592 1107,188 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 1380,511 km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. a. Resultados Gráfico 2 – Valores para Simulação (DDP x Distância). Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. Conforme o gráfico acima, a variação da distancia entre as estruturas influência na DDP, ao aumentar a distancia observa-se um aumento na diferença de potencial entre as estruturas. Para este caso, verificou-se que o cabo de 95mm² atende: a. para uma distância de até 1km o nível crítico estabelecido pela norma para até 20% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. b. a distância de até 900m atende o nível crítico estabelecido pela norma para até 20% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. 71 5.1.2 Variação da DDP em função da Resistência do cabo variando a Bitola Nesta simulação considerou-se uma distância fixa de 1 km entre as estruturas como pior caso e variou-se a secção do cabo de interligação entre 70 mm² e 240 mm². O cabo guarda foi mantido valor fixo de 0,47 Ω/km, conforme catálogo de fabricante. a. DDP para resistência da CF=10 Ω Tabela 15 – Valores para Simulação (DDP x Secção) Distância I R1 R2 R3 R4 DDP 70 1 110000 10 10 0,47 0,283 9630,152287 mm 95 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 7635,935 mm 120 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 6155,97 mm 150 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 5163,235 mm 185 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 4590,379 mm 240 km 1 A 110000 Ω 10 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 3586,437 mm km A Ω Ω Ω Ω V mm 185 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 4078,446 mm 240 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 3186,79 mm km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. b. DDP para resistência da CF=8 Ω Tabela 16 – Valores para Simulação (DDP x Secção) Distância I R1 R2 R3 R4 DDP 70 1 110000 8 10 0,47 0,283 8551,81665 mm 95 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 6782,267 mm 120 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 5468,573 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. mm 150 km 1 A 110000 Ω 8 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 4587,15 72 c. DDP para resistência da CF=6 Ω Tabela 17 – Valores para Simulação (DDP x Secção) Distância I R1 R2 R3 R4 DDP 70 1 110000 6 10 0,47 0,283 7206,840812 mm 95 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 5717,03 mm 120 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 4610,527 mm 150 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 3867,888 mm 185 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 3439,196 mm 240 km 1 A 110000 Ω 6 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 2687,637 mm km A Ω Ω Ω Ω V mm 185 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 2618,391 mm 240 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 2046,533 mm km A Ω Ω Ω Ω V mm 185 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 1525,881 mm 240 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 1192,886 mm km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. d. DDP para resistência da CF=4 Ω Tabela 18 – Valores para Simulação (DDP x Secção) Distância I R1 R2 R3 R4 DDP 70 1 110000 4 10 0,47 0,283 5482,374255 mm 95 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 4350,449 mm 120 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 3509,28 mm 150 km 1 A 110000 Ω 4 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 2944,497 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. e. DDP para resistência da CF=2 Ω Tabela 19 – Valores para Simulação (DDP x Secção) 70 Distância 1 I 110000 R1 2 R2 10 R3 0,47 R4 0,283 DDP 3191,424156 mm 95 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 2533,587 mm 120 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 2044,363 Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. mm 150 km 1 A 110000 Ω 2 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 1715,71 73 f. DDP para resistência da CF=1 Ω Tabela 20 – Valores para Simulação (DDP x Secção) Distância I R1 R2 R3 R4 DDP 70 1 110000 1 10 0,47 0,283 1738,484151 mm 95 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,199 V 1380,511 mm 120 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,148 V 1114,166 mm 150 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,118 V 935,1786 mm 185 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,102 V 831,7744 mm 240 km 1 A 110000 Ω 1 Ω 10 Ω 0,47 Ω 0,076 V 650,3446 mm km A Ω Ω Ω Ω V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. a. Resultados Gráfico 3 – Valores para Simulação (DDP x Secção). Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. Conforme o gráfico acima se observa quando maior a secção do cabo menor será a DDP, para distância de 1 km entre as estruturas. Para este caso: a. 1 cabo de 95mm² atende o nível crítico estabelecido pela norma para até 20% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. b. 1 cabo de 120mm² atende o nível crítico estabelecido pela norma para até 40% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. c. 1 cabo de 150mm² atende o nível crítico estabelecido pela norma para até 60% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. 74 d. 1 cabo de 240mm² atende o nível crítico estabelecido pela norma para valores acima de 80% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. 5.1.3 Variação da DDP em função da resistência associando cabos em paralelo Nesta simulação considerou-se uma distância fixa de 1 km entre as estruturas como pior caso e variou-se a secção do cabo de interligação entre 95 mm² e 240 mm² para dois cabos associados em paralelo. O cabo guarda foi mantido em um valor fixo de 0,47 Ω/km, conforme catálogo de fabricante. a. DDP para resistência da CF=10 Ω Tabela 21 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 R1 R2 R3 10 10 0,47 Ω Ω Ω 10 10 0,47 Ω Ω Ω 10 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω Distância I DDP 9630,152287 V 4497,907 V mm 3505,155 V 150 mm 185 mm 240 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 10 10 0,47 Ω Ω Ω 10 10 0,47 Ω Ω Ω 10 10 0,47 Ω Ω Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω 2875,545 V 2524,615 V mm 1930,268 V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. b. DDP para resistência da CF=8 Ω Tabela 22 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 IT 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 R1 R2 R3 8 10 0,47 Ω Ω Ω 8 10 0,47 Ω Ω Ω 8 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω 5285,08363 V Distância DDP 3996,323 V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. mm 3114,591 V 150 mm 185 mm 240 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 8 10 0,47 Ω Ω Ω 8 10 0,47 Ω Ω Ω 8 10 0,47 Ω Ω Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω 2243,53 V 1715,46 V 2555,297 V mm 75 c. DDP para resistência da CF=6 Ω Tabela 23 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 mm 150 mm 185 mm 240 mm Distância IT 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A R1 R2 R3 6 10 0,47 Ω Ω Ω 6 10 0,47 Ω Ω Ω 6 10 0,47 Ω Ω Ω 6 10 0,47 Ω Ω Ω 6 10 0,47 Ω Ω Ω 6 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω DDP 4455,944137 V 3369,985 V 2626,774 V 2155,25 V 1892,375 V 1447,066 V mm 185 mm 240 mm Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. d. DDP para resistência da CF=4 Ω Tabela 24 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 IT 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A R1 R2 R3 4 10 0,47 Ω Ω Ω 4 10 0,47 Ω Ω Ω 4 10 0,47 Ω Ω Ω 4 10 0,47 Ω Ω Ω 4 10 0,47 Ω Ω Ω 4 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω Distância DDP 3391,733763 V 2565,736 V mm 2000,214 V 150 1641,329 V 1441,219 V 1102,182 V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. e. DDP para resistência da CF=2 Tabela 25 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 IT 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 R1 R2 R3 2 10 0,47 Ω Ω Ω 2 10 0,47 Ω Ω Ω 2 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω Distância DDP 1975,972736 V 1495,226 V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. mm 1165,908 V 150 mm 185 mm 240 mm km A 1 110000 km A 1 110000 km A 2 10 0,47 Ω Ω Ω 2 10 0,47 Ω Ω Ω 2 10 0,47 Ω Ω Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω 956,8473 V 840,2526 V 642,6709 V 76 f. DDP para resistência da CF=1 Ω Tabela 26 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo) 70 mm 95 mm 120 IT 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 110000 R1 R2 R3 1 10 0,47 Ω Ω Ω 1 10 0,47 Ω Ω Ω 1 10 0,47 Ω Ω Ω R4 0,1415 Ω 0,0995 Ω 0,074 Ω Distância DDP 1076,923983 V 815,0743 V mm 635,6438 V 150 mm 185 mm 240 km A 1 110000 km A 1 110000 km A 1 10 0,47 Ω Ω Ω 1 10 0,47 Ω Ω Ω 1 10 0,47 Ω Ω Ω 0,059 Ω 0,051 Ω 0,038 Ω 521,7104 V 458,1605 V mm 350,4547 V Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. a. Resultados Gráfico 4 – Valores para Simulação (DDP x Cabos em Paralelo). Fonte: Elaboração dos Autores, 2012. Conforme o gráfico acima se observa quando maior a secção dos cabos em paralelos menor será a DDP, para distância de 1 km entre as estruturas. Para esse caso: a. 2 cabos em paralelos de 95mm² atende o nível crítico estabelecido pela norma para até 60% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. b. 2 cabos em paralelos de 120mm² o nível crítico estabelecido pela norma para acima de 60% da resistência da malha de terra da estrutura atingida em relação a não atingida. 77 6 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS Esta monografia apresenta um conjunto de avaliações dos níveis de sobretensão em uma instalação de um complexo de geração hidráulica que afetam o SSC devido a surtos de descargas atmosféricas. O Raio é uma das causas de perturbação mais importante, em razão da intensidade. A descarga atmosférica em uma UHE pode causar uma perturbação na forma de uma diferença de potencial (DDP). Se separadas geograficamente, Casa de Força e Subestação, a diferença de potencial pode ultrapassar o limite de isolação pode causar danos a equipamentos eletrônicos do SSC, representando um risco para operação normal da UHE. Para isto utiliza-se um cabo de equalização de malhas, com a finalidade de deixar as malhas no mesmo potencial, sendo, portanto este um elemento de grande importância nos resultados obtidos, pois a DDP causadora do problema em questão depende diretamente da resistência deste cabo. A partir dos resultados da análise efetuada no capítulo 5, conclui-se que: a. Quando menor a distância entre as estruturas menor será a DDP; b. Quanto menor o valor da resistência de aterramento do local atingido menor a DDP; c. Quanto menor a resistência do cabo de equalização de potenciais de malha menor a DDP. Dessa forma, recomenda-se para mitigação dos danos causados aos equipamentos eletrônicos por surtos de tensão causados por descargas atmosféricas: a. A instalação da subestação próximo da unidade de geração; Caso contrário: b. Utilizar cabos de maior secção, ou cabos em paralelos. Esta monografia apresentou estudos e possíveis soluções em nível de instalações considerando apenas a parte resistiva das impedâncias envolvidas. Não foi considerada a parte reativa dos elementos passivos do circuito. Consequentemente não foram pesquisadas as frequências de ressonância do circuito. Para estudos futuros sugere-se a inclusão destas grandezas. 78 REFERÊNCIAS ABB. A evolução das subestações: ABB conduziu o desenvolvimento da subestação por mais de 100 anos. Disponível em: http://www.abb.com.br/cawp/db0003db002698/008c8dd09ef21a20c12576e40047e7a3.aspx. Acesso em: 12 abr. 2012. AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Livro Arquivo Atlas. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/livro_atlas.pdf. Acesso em: 20 mar. 2012. ARMSTRONG, H.R., WHITEHEAD, E.R., Field and analytical studies of transmission line shielding. 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