ESTUDO DA VARIAÇÃO DO COEFICIENTE DE RUGOSIDADE DE MANNING EM RIOS DA BACIA AMAZÔNICA POR MEIO DE MODELAGEM HIDRODINÂMICA Maximiliano Andrés Strasser1; Alfredo Ribeiro Neto1; Rui Carlos Vieira da Silva2 & Flavio César Borba Mascarenhas3 RESUMO - Importantes fenômenos que ocorrem nos cursos d'água da bacia Amazônica estão diretamente relacionados aos processos hidrodinâmicos do rio Solimões-Amazonas e seus principais afluentes. Nesse contexto, a modelagem hidrodinâmica é uma poderosa ferramenta que permite melhorar o entendimento do funcionamento desses fenômenos. Neste trabalho, realizou-se a modelagem hidrodinâmica unidimensional de trechos dos rios Amazonas e Madeira e, com base nos resultados das simulações, estudou-se a variação do coeficiente de rugosidade de Manning em relação ao nível d’água. A diminuição do coeficiente de resistência com o aumento da vazão e do nível d'água é um fato já conhecido na literatura, sendo que esta redução é muitas vezes atribuída ao armazenamento na planície de inundação. No entanto, a partir do conhecimento que existe sobre a dinâmica morfológica do Amazonas e Madeira, identificam-se outros fatores de extrema importância que atuam sobre o escoamento. Dentre esses fatores, destacam-se as formas de fundo no leito e a variação da declividade da linha de água. ABSTRACT – Important processes present in rivers of the Amazon basin are related to hydrodynamic processes of the Solimões-Amazonas River and their main tributaries. For this reason, the hydrodynamic modelling is a powerful tool that permits to improve the understanding of these processes. In this work, it was accomplished one-dimensional hydrodynamic modelling in branches of the Amazonas and Madeira Rivers. Based on the simulations results, we studied the variation of Manning’s coefficient with the water stage. The reduction of the coefficient with the water rising is already a phenomenon known at the literature. In the most cases, Manning’s coefficient decrease was related to water storage at floodplain zone. However, considering the knowledge about the morphological structure of the Amazonas and Madeira Rivers, it was possible to identify others important factors that act at flood routing. Among these factors, we can highlight the bedforms and water slope variation. Palavras-chave: modelagem hidrodinâmica, coeficiente de rugosidade, bacia amazônica 1 Estudante de Doutorado, Programa de Engenharia Civil (PEC / COPPE) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Cx.Po. 68506, Sala I-206, CEP 21945-970, Rio de Janeiro – RJ, Brasil, [email protected] ; [email protected] 2 Professor Titular, Programa de Engenharia Civil (PEC / COPPE) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Cx.Po. 68506, Sala I-206, CEP 21945970, Rio de Janeiro – RJ, Brasil, [email protected] 3 Professor Adjunto, Programa de Engenharia Civil (PEC / COPPE) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Cx.Po. 68506, Sala I-206, CEP 21945-970, Rio de Janeiro – RJ, Brasil, [email protected] 1 1 – INTRODUÇÃO Importantes fenômenos que ocorrem nos cursos d'água da bacia Amazônica estão diretamente relacionados aos processos hidrodinâmicos do rio Solimões-Amazonas e seus principais afluentes, cujos maiores representantes são os rios Negro e Madeira. Como exemplo, pode-se citar a dinâmica de troca de água entre os rios e as áreas de inundação adjacentes, comumente chamadas de várzeas, e/ou o transporte de sedimentos, principalmente nos rios Solimões-Amazonas e Madeira. Outro fenômeno relacionado aos processos hidrodinâmicos refere-se à defasagem no pico da cheia dos rios Solimões-Amazonas, Negro e Madeira, acarretando com isso diferentes efeitos na propagação das ondas de cheia. Esse fenômeno afeta, por exemplo, o nível d’água na cidade de Manaus, localizada na confluência dos rios Solimões e Negro onde o nível d’água é fortemente influenciado pela maior ou menor defasagem entre as cheias. Com a finalidade de obter uma modelagem mais precisa em relação ao fenômeno físico implícito na propagação de uma onda de cheia, é costume focalizar a atenção sobre os parâmetros que representam a resistência ao escoamento, como por exemplo o coeficiente de rugosidade de Manning ou o coeficiente de Chezy. A diminuição do coeficiente de resistência com o aumento da vazão e do nível d'água é um fato já apontado na literatura para diversos rios (Chow, 1959; Henderson, 1966; Vanoni, 1975; Mascarenhas, 1985). Ribeiro Neto (2001) realizou simulações em regime permanente no rio Amazonas que mostraram uma diminuição do coeficiente de resistência entre a estiagem e a cheia do rio. Vinzon et al. (2002) fizeram semelhante constatação através do uso de expressões empíricas. Esta redução foi atribuída, principalmente, ao armazenamento na planície de inundação, que em grandes rios pode ser importante (Dunne et al., 1998). No entanto, o volume d’água armazenado na várzea que ajustaria os níveis observados na calibração, resultou excessivo de acordo com observações de áreas alagadas obtidas de imagens de satélites. Nesse contexto, percebe-se, por um lado, que a modelagem hidrodinâmica é uma ferramenta que permite melhorar o entendimento desses fenômenos e, por outro, que poucos esforços têm sido dispensados em pesquisas que objetivem a utilização da modelagem hidrodinâmica para esse fim na Amazônia. Trabalhos como os de Ribeiro Neto (2001), Mareau (2000) e Gallo (2003) mostraram que a modelagem pode ser realizada com as informações existentes atualmente, mas se faz necessário um maior número de pesquisas para seu aprimoramento. Neste trabalho, apresenta-se a implementação de um modelo hidrodinâmico unidimensional em um trecho do rio Amazonas e em um trecho do rio Madeira, dispensando-se especial atenção ao estudo da variação do coeficiente de rugosidade de Manning em relação ao nível d’água. Assim, pretendeu-se observar as variações sazonais do coeficiente de rugosidade entre o período de águas 2 altas e águas baixas. Complementarmente, discutiu-se a origem dessa variação, destacando-se a singular importância da presença de formas de fundo no leito desses rios. 2 – ÁREA DE ESTUDO A bacia amazônica apresenta a maior área de drenagem do planeta, 6,10x106 km2, sendo que 63% dos aportes derivam de território brasileiro (dos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso) e os aportes restantes procedem do Peru, da Bolívia, da Colômbia, do Equador, da Venezuela e da Guyana (Guyot et al., 1999). Em território brasileiro, as bacias contribuintes ao curso principal pela margem esquerda correspondem aos rios Içá, Japurá, Negro, Trombetas e as bacias da margem direita aos rios Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingú. A Figura 1 mostra os principais afluentes e estações fluviométricas no curso médio do rio Amazonas. Em geral, as bacias contribuintes de uma ou outra margem possuem um comportamento hidrológico diferente, diretamente vinculado ao regime pluviométrico, fato que traz implícito uma defasagem entre o pico da cheia anual das bacias. Um exemplo interessante disso acontece com os rios Amazonas e Madeira, onde se verifica uma situação peculiar já que o máximo nível anual em Óbidos precede entre 10 e 30 dias o máximo nível anual de estação Manacapuru, situada 675 km a montante. Rio Trombetas Óbidos Rio Negro Manacapuru Rio Solimões Manaus Rio Amazonas Itacoatiara Parintins Rio Tapajós Rio Madeira Rio Purus Figura 1 – Imagem de satélite da Bacia Amazônica com a localização dos principais tributários e localidades da região (NASA, 2004) Os rios Ucaiali e Marañon, formam as nascentes do rio Amazonas na Cordilheira dos Andes (Peru), tendo um percurso superior a 6.000 quilômetros até sua desembocadura no Oceano Atlântico. A vazão média do Amazonas, em Óbidos, é de aproximadamente 166.000 m3/s (ANA, 2001). Em um ano típico, a vazão varia entre um mínimo de 80.000 m3/s e um máximo de 3 aproximadamente 250.000 m3/s. O pico da cheia acontece nos meses de maio e junho, enquanto que a estiagem se verifica durante o mês de novembro (Figura 2). A declividade média da linha d’água para o trecho em estudo (Manacapuru–Óbidos) é de 1,50 cm/km, variando em função do regime hidrológico de 2,10 cm/km no período de águas altas até 1,00 cm/km no período de estiagem (Kosuth et al., 1999a; Strasser, 2002). Para efeitos práticos, considera-se que o trecho fluvial do rio Amazonas finaliza na cidade de Óbidos, 900 km a montante da desembocadura do Amazonas, sendo que a influência da maré sobre o rio pode chegar até além de Óbidos em condições de águas baixas (Defant, 1960 e Kosuth et al., 1999b). O rio Madeira, cujas fontes mais distantes encontram-se nos rios Beni e Mamoré, nos Andes da Bolívia, é o principal afluente da margem direita do rio Amazonas, com uma bacia de drenagem de aproximadamente 1,35 x 106 km2 (Guyot et al., 1999). A vazão média na estação fluviométrica de Fazenda Vista Alegre é de aproximadamente 30.000 m3/s (ANA, 2001), valor que o coloca no sexto lugar no mundo. O pico da cheia no rio Madeira ocorre cerca de dois meses antes do pico da cheia no rio Solimões-Amazonas, acarretando com isso uma defasagem nos hidrogramas desses rios (Figura 2). De acordo com Meade et al. (1991), esse fenômeno influencia o nível d’água provocando um efeito de remanso até Faz. Vista Alegre, localizada 250 quilômetros a montante da foz do Madeira. 2800 Cota média referida ao NMM [cm] 2400 Rio Madeira em Faz. Vista Alegre 2000 defasagem 1600 1200 R io A m a z o n a s e m Ó b id o s 800 400 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Tempo [meses] Figura 2 – Variação temporal das cotas médias mensais do período 1974-1999, com referência ao nível médio do mar, para a estação Óbidos no rio Amazonas e Faz. Vista Alegre no rio Madeira 4 Para o presente trabalho, escolheram-se dois trechos em função da disponibilidade de dados, um deles no rio Amazonas e o outro no rio Madeira (Figura 3). O trecho do rio Amazonas localizase entre as estações fluviométricas de Itacoatiara e Óbidos, enquanto o trecho do rio Madeira localiza-se entre as estações de Manicoré e Fazenda Vista Alegre. Na Tabela 1, apresentam-se as características dos dois trechos. Tabela 1 – Características dos trechos modelados Estação a Estação a jusante Comp. N° de Calibração Rio montante (km) seções 01/11/1998 Itacoatiara Óbidos Amazonas 430 21 a (16030000) (17050001) 30/11/1999 01/11/1994 Manicoré Faz. Vista Alegre Madeira 200 8 a (15700000) (15860000) 31/10/1996 Rio Negro Validação 13/12/1997 a 31/10/1998 01/11/1991 a 31/10/1993 Óbidos Rio Amazonas Parintins Manaus Rio Solimões Itacoatiara Faz. Vista Alegre Manicoré Rio Madeira Figura 3 – Disposição das estações envolvidas e trechos modelados (em destaque) 3 – MODELO UTILIZADO Neste trabalho, utilizou-se o modelo unidimensional PSV-Rio desenvolvido por Mascarenhas (1980). Este programa realiza a propagação de ondas de cheia em rios ou canais abertos segundo um ponto de vista diferencial, ou seja, modela-se o fenômeno por meio de uma discretização do domínio e resolvem-se as equações de Saint-Venant escritas em função da profundidade e da velocidade média, mediante um esquema implícito de Diferenças Finitas (esquema de Preissmann). As equações de Saint Venant são formadas pela equação da continuidade e pela equação da quantidade de movimento. A equação da continuidade é dada por: 5 ∂h ∂h ∂v q +v +h = ∂t ∂x ∂x B (1) onde h é a profundidade, t é o tempo, v é a velocidade média do escoamento na seção, x é a distância ao longo do canal, q é a contribuição lateral por unidade de comprimento e B é a largura superficial da seção transversal. A equação de quantidade de movimento, também denominada equação dinâmica, é dada por: q ∂v ∂v ∂h +v +g + v = g(S 0 − S f ) ∂x ∂x A ∂t (2) onde g é a aceleração da gravidade A é a área molhada da seção transversal do canal, S0 é a declividade do rio ou canal e Sf é a declividade da linha de energia (perda de carga por unidade de comprimento do canal). Para o cálculo da perda de carga, utiliza-se uma terceira equação de governo que representa a resistência ao escoamento oferecida pelo curso d’água e, no presente caso, representada pela fórmula de Manning: n 2v2 Sf = Rp (3) onde n é o coeficiente de rugosidade de Manning, R é o raio hidráulico da seção e p é o expoente do raio hidráulico (parâmetro igual a 4/3 no caso de escoamento uniforme). 4 – LEVANTAMENTO DOS DADOS As séries de cota e vazão nas estações fluviométricas foram adquiridas junto ao banco de dados hidrometeorológicos da Agência Nacional de Águas (ANA) e junto ao projeto HiBAm (Hidrologia e Geoquímica da Bacia Amazônica). As informações altimétricas necessárias para a utilização de um datum comum foram fornecidas pelo projeto HiBAm. Essa referência altimétrica foi obtida por meio de GPS de bifrequência, o qual é capaz de fornecer a altitude do zero da régua da estação fluviométrica em relação ao nível médio do mar (NMM). Maiores detalhes sobre o levantamento altimétrico realizado pelo HiBAm podem ser encontrados em Kosuth et al. (1999a). Outra informação obtida a partir das campanhas de medição do Projeto HiBAm foi o levantamento batimétrico das seções transversais ao longo do canal principal dos rios modelados. Assim, para o trecho simulado do rio Amazonas se utilizaram 21 seções transversais, enquanto que o trecho do rio Madeira contou com 8 seções transversais. Na Figura 4, são mostradas as seções transversais correspondentes a Itacoatiara e Óbidos, seções de montante e de jusante do trecho modelado do Amazonas, enquanto que a Figura 5 apresenta as batimetrias de Manicoré (montante) 6 e Faz. Vista Alegre (jusante) correspondentes ao rio Madeira. Essa informação, juntamente com o valor da altitude do zero da régua, permitiu a determinação da declividade média do fundo dos rios. A estação de Óbidos, apresenta uma adequada serie de leituras diárias de régua e uma relação cota-descarga que permitiu estimar as descargas líquidas diárias. A estação de Itacoatiara atualmente encontra-se desativada e, por esse motivo, as informações correspondentes são escassas. A determinação das vazões diárias foi realizada somando-se as vazões diárias estimadas em Jatuarana e Paraná do Careiro, no rio Amazonas, e Fazenda Vista Alegre, no rio Madeira. Estação de Itacoatiara Estação de Óbidos 10 0 Profundidade referida ao NMM [m] Profundidade referida ao NMM [m] 10 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 -80 -90 0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 -70 -80 -90 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 0 500 1000 1500 Progressiva [m] 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 Progressiva [m] Figura 4 – Seções transversais do rio Amazonas no inicio e no final do trecho de modelagem Estação de Faz. Vista Alegre 30 25 25 Profundidade referida ao NMM [m] Profundidade referida ao NMM [m] Estação de Manicoré 30 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 20 15 10 5 0 -5 -10 -15 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Progressiva [m] 1800 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Progressiva [m] Figura 5 – Seções transversais do rio Madeira no inicio e no final do trecho de modelagem Para os dois trechos de estudo, as séries de cotas foram utilizadas como condição de contorno do modelo e as vazões foram necessárias para a definição da condição inicial, verificação da performance do modelo e para o cálculo da vazão de contribuição lateral. A vazão lateral foi calculada da mesma forma apresentada em Tucci (1993) e utilizada por Cirilo (1991): Q l (t) = Q j ⋅ Pi 100 (4) onde Ql(t) é a vazão lateral no intervalo t, Qj é a vazão na seção de jusante e Pi é um indicador do efeito da contribuição lateral, estimado por 7 Pi = (V j − Vm ) Vj ⋅ 100 (5) nt nt t =1 t =1 onde Vm = ∆t ∑ Q m e V j = ∆t ∑ Q j , sendo Qm a vazão de entrada, Vm o volume do hidrograma de montante, Qj a vazão de saída e Vj o volume do hidrograma de jusante. Calculou-se Pi para vários eventos e, a seguir, estimou-se um valor médio para o trecho. 5 – SIMULAÇÕES HIDRODINÂMICAS 5.1 – Critérios de avaliação Os critérios utilizados para a avaliação das simulações foram os seguintes: ∑ (QCalc − QObs ) 2 9 Erro padrão: EP = N , onde QCalc e QObs são, respectivamente, a vazão calculada e observada e N é o número de dias; 9 Porcentagem do tempo em que ∆Q/QObs > 0,05 (%), onde ∆Q = QCalc - QObs; 9 Volume dos hidrogramas (%): Vol = VCalc − VObs , onde VCalc e VObs são os volumes do VObs hidrograma calculado e observado respectivamente. O erro padrão mede a flutuação da vazão calculada em torno da vazão observada. Assim, quanto maior o valor de EP, maior deve ser a flutuação da vazão calculada e, conseqüentemente, pior a qualidade da simulação. No segundo critério, utilizou-se o valor 0,05 como referência em função da precisão das medições de vazão geralmente utilizadas na calibragem de curvas-chave. Para todos os critérios, quanto menor o valor, melhor será a qualidade da simulação. 5.2 – Rio Amazonas Em virtude do exposto em relação à disponibilidade de dados em Itacoatiara, decidiu-se utilizar o período 01/11/1998 a 30/11/1999 para a fase de calibração do modelo, enquanto o período 13/12/1997 a 31/10/1998 foi utilizado para a fase de verificação. Na resolução das equações de Saint-Venant consideraram-se os seguintes valores: expoente do raio hidráulico, p = 1,2; intervalos temporal e espacial, respectivamente, ∆t = 86400 segundos e ∆x = 5000 m; e coeficiente de ponderação temporal do esquema implícito de Preissman, θ = 0,9. Em virtude de ter-se fixado o valor do expoente do raio hidráulico, o único parâmetro utilizado na fase de calibração foi o coeficiente de rugosidade n de Manning. O ajuste do hidrograma obtido em Óbidos durante a calibração apresenta-se na Figura 6. A variação do coeficiente de rugosidade obtida nesse processo permite inferir um comportamento bi-unívoco da 8 relação h – n (Figura 7), independente de encontrar-se no período de subida ou descida do rio, o que permite o ajuste simples de uma equação em função da profundidade média de Óbidos (equação 6). Finalmente, a partir da relação de rugosidade obtida, foi possível realizar a verificação do modelo (Figura 6). n = −0,0018 h + 0,1273 280000 (6) V azão observada Fase de calibração Fase de verificação 240000 3 Vazão [m /s] 200000 160000 120000 80000 Fase d e verificação 40000 D ec-97 M ar-98 Jun-98 Fase d e calibração Sep-98 D ec-98 M ar-99 M ay-99 A ug-99 N ov-99 Tem po [dias] Figura 6 – Hidrogramas observado e calculado em Óbidos, correspondentes à fase de calibração (vermelho) e fase de verificação (magenta) Coeficiente de Rugosidade de Manning 0.040 0.035 0.030 n = -0,0018h + 0,1273 2 R = 0,986 0.025 0.020 0.015 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 Profundidade média [m] Figura 7 – Variação do coeficiente de rugosidade de Manning com a profundidade em Óbidos 5.3 – Rio Madeira Nas simulações realizadas no rio Madeira, utilizaram-se os seguintes valores para resolução das equações de Saint Venant: expoente do raio hidráulico, p = 1,3; intervalos temporal e espacial, 9 ∆t = 86400 segundos e ∆x = 5000 m; e coeficiente de ponderação temporal do esquema de Preissman, θ = 0,9. Para a calibração, utilizou-se o período de 01/11/1994 a 31/10/1996, e para a fase de verificação do modelo utilizou-se o período de 01/11/1991 a 31/10/1993. Primeiramente, foram determinados os valores de n manualmente, para que fosse possível a visualização de sua variação com respeito à profundidade da água. O ajuste do hidrograma em Faz. Vista Alegre é mostrado na Figura 8. A variação da rugosidade com a profundidade apresentou um comportamento diferente durante o período de subida do nível d’água e a descida (Figura 9). 60000 Vazão observada Vazão (m3/s) 50000 Vazão calculada 40000 30000 20000 10000 0 01/11/94 01/03/95 01/07/95 01/11/95 Tempo (dia) 01/03/96 01/07/96 Figura 8 – Hidrogramas calculado e observado em Faz. Vista Alegre (ajuste manual) 0.045 Período de subida Período de descida Coeficiente de rugosidade de Manning 0.040 0.035 0.030 0.025 0.020 0.015 8 10 12 14 16 18 Profundidade em Faz. V ista A legre [m ] 20 22 24 Figura 9 – Variação do coeficiente de Manning com a profundidade em Fazenda Vista Alegre 10 Após a obtenção dos pontos h-n, ajustaram-se três equações: uma equação com os pontos da subida, outra com os pontos da descida e uma terceira equação intermediária que considera ambas situações. Os resultados mais consistentes, de acordo com os critérios de avaliação utilizados, foram apresentados nas simulações em que se utilizou a rugosidade calculada pela equação de subida. A Figura 10 mostra o ajuste da equação h-n e é expressa por: (7) n = 3,0 ⋅10 −5 h 3 − 0,0016h 2 + 0,0235h − 0,0638 A equação 7 é aplicada para o intervalo de h entre 10,88 m e 21,94 m em Faz. Vista Alegre. Abaixo de 10,88, n é constante e igual a 0,043 e acima de 21,94, n é constante e igual a 0,021. O hidrograma resultante da calibração utilizando essa equação pode ser visualizado na Figura 11, enquanto que os resultados da verificação são mostrados na Figura 12. 0.045 Período de subida C urva ajustada Coeficiente de rugosidade de Manning 0.040 0.035 0.030 0.025 0.020 0.015 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Profundidade em Faz. V ista A legre [m ] Figura 10 – Curva ajustada ao período de subida do rio Madeira 70000 Vazão observada 60000 Vazão calculada 3 Vazão (m /s) 50000 40000 30000 20000 10000 0 01/11/94 01/03/95 01/07/95 01/11/95 01/03/96 01/07/96 Tempo (dia) Figura 11 – Hidrogramas calculado e observado em Faz. Vista Alegre na fase de calibração (o coeficiente de rugosidade foi calculado com a equação 7, correspondente ao período de subida) 11 70000 Vazão observada 60000 Vazão calculada 3 Vazão (m /s) 50000 40000 30000 20000 10000 0 01/11/91 01/03/92 01/07/92 01/11/92 Tempo (dia) 01/03/93 01/07/93 Figura 12 – Hidrogramas calculado e observado em Faz. Vista Alegre na fase de verificação 5.4 – Discussão dos resultados das simulações Os valores dos critérios para as simulações nos dois rios são mostrados na Tabela 2. Os bons resultados obtidos tanto na fase de calibração como na fase de verificação indicam que o modelo e os parâmetros utilizados reproduzem adequadamente os processos hidrodinâmicos que ocorrem nos cursos d’água estudados. Tabela 2 – Valores dos critérios para as simulações Critério Rio Amazonas Rio Madeira Calibração Verificação Calibração Verificação Erro padrão (m3/s) 2.517 3.496 4.188 3.973 Volume dos hidrogramas (%) 0,45 0,69 6,44 1,98 Porc. tempo em que ∆Q/QObs > 0,05 (%) 0,99 0,95 0,38 0,20 Apesar de ter-se utilizado a mesma estratégia de calibração e verificação na modelagem, tanto no rio Madeira como no rio Amazonas, observou-se uma grande diferença na relação entre cota e coeficiente de rugosidade nos dois estudos. Enquanto no Amazonas obteve-se uma relação linear de fácil ajuste (Figura 7), no rio Madeira observou-se maior dispersão dos pontos, inclusive com a presença de um laço (Figura 9), indicando que, na subida da cheia, a relação é diferente da apresentada na descida. Em virtude dessa diferença, a qualidade das simulações mostrou-se melhor no rio Amazonas. Percebe-se, assim, que, para a obtenção de bons resultados, necessita-se a construção de uma boa relação entre cota e rugosidade do canal. Dessa forma, convém saber porque a qualidade dessa 12 relação foi inferior no rio Madeira. As prováveis causas podem ser a influência das dunas existentes no leito do rio e a variação da linha de energia. 6 – AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO ESCOAMENTO 6.1 – Comparação com outros trabalhos O coeficiente de Manning variou de 0,020 a 0,035 no rio Amazonas com uma variação correspondente da profundidade de 8 metros. No rio Madeira, n variou de 0,015 a 0,043 e a profundidade variou em 13,50 metros. Essa faixa de valores está próxima do verificado em outros grandes rios e através de ensaios de laboratório. Hicks (1996) encontrou valores de n entre 0,025 e 0,045 no rio Peace, no Canadá, que não variavam com a profundidade, mas apenas ao longo do rio; enquanto que Amsler e Prendes (2000) descrevem um intervalo de variação entre 0,012 e 0,033 para o rio Paraná. Entre os experimentos de laboratório se pode citar o trabalho de Barton (1958), onde o coeficiente variou entre 0,020 e 0,025, e principalmente as experiências clássicas de Simons & Richardson (1961) nas quais o coeficiente de Manning variou entre 0,019 e 0,033. Ribeiro Neto (2001) realizou simulações em regime permanente no curso médio do rio Amazonas com o modelo Simulation of Irrigation Canal (SIC). Nessas simulações, obtiveram-se valores do coeficiente de Manning para 4 trechos de rio, totalizando 675 km de extensão. A Tabela 3 relaciona os valores encontrados nos dois trabalhos. Verifica-se que há proximidade entre os valores obtidos com o SIC e com o PSV-Rio para o trecho Itacoatiara-Óbidos. Com respeito à curva n-h, os valores fornecidos pelo SIC apresentam comportamento distinto conforme mostrado na Figura 3. Entre Itacoatiara e Parintins, a curva n-h é bi-unívoca como no presente trabalho. Entre Parintins e Óbidos a curva apresenta um laço, diferindo da curva encontrada neste trabalho. Tabela 3 – Variação do coeficiente de rugosidade de Manning PSV-Rio Trecho Ribeiro Neto (2001) Variação da Variação da Variação de n profundidade Variação de n profundidade Manacapuru-confluência Solimões/Negro - - 0,028-0,036 14,92 m Itacoatiara-Óbidos 0,020-0,035 8,00 m 0,020-0,044 9,10 Faz. Vista Alegre-Manicoré 0,015-0,043 13,50 m - - As diferenças observadas entre os dois modelos podem ser explicadas por dois fatores: 9 Utilizou-se um número diferente de trechos, um no PSV e dois no SIC; 9 A simulação no PSV foi realizada em regime transitório, enquanto no SIC a simulação foi em regime permanente. 13 Trecho Itacoatiara-Patintins Trecho Parintins-Óbidos 0.045 0.034 Subida 0.041 0.032 Descida 0.039 0.030 Descida Coeficiente n Coeficiente n 0.036 Subida 0.043 0.037 0.035 0.028 0.026 0.033 0.024 0.031 0.022 0.020 0.029 5 8 11 14 17 Cota (m) [NMM] 2 4 6 8 10 12 Cota (m) [NMM] Figura 13 – Coeficiente de Manning obtido com o modelo SIC no Amazonas (Ribeiro Neto, 2001) 6.2 – Interpretação física da resistência do escoamento O coeficiente de rugosidade de Manning mostrou-se, historicamente, o mais complexo parâmetro para ser estudado e avaliado em modelagem hidráulica. Chow (1959) afirma que há uma dependência entre n e diversos fatores como, por exemplo, a rugosidade da superfície do leito, a vegetação, as formas de fundo da calha fluvial, o alinhamento do canal, as variações sazonais, a quantidade de sedimento em suspensão, entre outras. Com base no presente estudo realizado, podese afirmar que, nos rios da bacia amazônica, os principais fatores responsáveis pela resistência do escoamento são as dunas existentes no leito desses rios e o aumento do valor dos termos da equação dinâmica (equação 2). O fato de que as dunas influenciam fortemente a estrutura do escoamento não é novo, porém só com o advento de novas e mais precisas tecnologias foi possível reconhecer a forma em que modificam a dinâmica do escoamento (Kostaschuk e Church, 1993; Mazumder, 2000). Os perfis longitudinais do leito medidos nos rios Amazonas e Madeira permitiram determinar a altura de dunas, e através do uso de expressões empíricas disponíveis na literatura (van Rijn, 1984; Fedele, 1995) foi possível determinar que as dunas representam uma parcela significativa dos esforços resistivos em um escoamento, normalmente parametrizados em um coeficiente de rugosidade. Com relação ao segundo fator, o aumento do valor dos termos da equação dinâmica, o mesmo pode ser responsável pelo laço observado no trecho modelado no rio Madeira, sendo a declividade da linha de água (S0) a variável que maior atenção merece. Duas características hidráulicas presentes nos rios da Amazônia também contribuem para o aumento do valor dos termos da equação dinâmica: sejam a baixa declividade, principalmente, nos trechos localizados na planície amazônica; e o efeito de remanso que ocorre nos trechos próximos à confluência do Amazonas com seus principais afluentes. 14 7 – CONCLUSÕES Os resultados obtidos indicam que a modelagem hidrodinâmica pode ser uma ferramenta útil no estudo da variação do coeficiente de rugosidade nos rios da Amazônia. O modelo utilizado mostrou-se capaz de representar os processos hidrodinâmicos adequadamente, pois, os resultados tanto no rio Amazonas como no rio Madeira foram satisfatórios. Foi possível verificar que a magnitude da variação do coeficiente de rugosidade possui uma relação com a magnitude da variação da profundidade. Comparando-se as duas simulações realizadas, constata-se que a variação de n no Madeira foi 87% superior à variação apresentada no Amazonas, enquanto que a variação da profundidade no rio Madeira foi 69% maior. Os resultados encontrados encorajam o investimento em pesquisas que visem aprimorar o conhecimento do comportamento da rugosidade e, por conseqüência, aprimorar a modelagem hidrodinâmica na bacia amazônica. Tais pesquisas devem se voltar, prioritariamente, para os seguintes pontos: 9 Realização de simulações que considerem as áreas de inundação adjacentes aos rios. Isso evitará que o valor de n seja modificado para compensar a ausência dessas áreas de inundação. Além disso, será possível quantificar a importância desse fenômeno na formação do valor de n; 9 Mensuração dos valores dos termos da equação dinâmica para avaliar o real peso dos mesmos sobre a criação de laço na curva n-h; AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio em forma de bolsa de doutorado concedida aos dois primeiros autores. Ao Projeto HiBAm pelo fornecimento das informações de campo. À tripulação do Capitão Dario’s por seu aporte fundamental durante os trabalhos de campanha. Ao Fundo Setorial de Recursos Hídricos, CNPq/CT-Hidro. BIBLIOGRAFIA ANA - Agência Nacional de Águas (2001). HidroWeb, Sistema de Informações Hiodrológicas. [online]. Disponível na Internet, URL: http://hidroweb.ana.gov.br/HidroWeb/HidroWeb.asp. Arquivos capturados em 2001. AMSLER, M.L. e PRENDES, H.H. (2000). “Transporte de sedimentos y procesos fluviales asociados”, in El río Paraná en su tramo medio. 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