Abordagem de Temas nos Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (Themes Approach in Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC)) Carlos Adriano Costa da Silva1, Roseline Beatriz Strieder2 1 Curso de Física - Universidade Católica de Brasília 2 Instituto de Física – Universidade de Brasília Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar de que maneira a pesquisa em Ensino de Ciências aborda propostas didático-pedagógicas centradas em temas. Para isso foi realizado um mapeamento de produções apresentadas em sete edições do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), no período entre 1997 e 2009. Os resultados apontam que está havendo um esforço para que se desenvolva um ensino de Ciências mais contextualizado e menos fragmentado. Palavras-chave: Abordagem Temática, Ensino de Ciências, ENPEC. Abstract: This work aims to analyze how the research in Science Teaching approaches didactic and pedagogical proposals focused on themes. So, was conducted a mapping of articles presented at seven editions at the Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), in the period between 1997 and 2009. The results show that there is an effort to develop a science teaching more contextualized and less fragmented. Keywords: Thematic Approach, Science Teaching, ENPEC. 1. INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, professores e pesquisadores buscam alcançar avanços na forma de se ensinar Ciências e no que ensinar em Ciências. Nesse contexto são realizadas diversas discussões sobre quais conteúdos deveriam ser ensinados, com a intenção de alcançar organizações curriculares contextualizadas e próximas da realidade dos alunos. Em geral, é no ambiente escolar que as experiências cotidianas dos alunos ganham diferentes significados, por meio do contato com os conhecimentos escolares. Para facilitar este processo de significação do conteúdo escolar a partir do senso comum, entende-se que é de extrema importância trabalhar conceitos de maneira contextualizada, próxima à realidade dos educandos e do contexto da escola, até mesmo porque é comum o aluno não estabelecer relação do conhecimento cotidiano com o científico. 1 Diante da necessidade de buscar uma articulação entre o conteúdo escolar e a realidade/vivência dos alunos, na intenção de desenvolver um espírito crítico para atuar na sociedade, propostas centradas em temas têm sido desenvolvidas, balizadas por diferentes referenciais teórico-metodológicos. Diversos pesquisadores, a exemplo de Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) defendem que a abordagem de temas contribui para o desenvolvimento de competências e habilidades associada à formação de cidadãos críticos e/ou informados sobre diversos assuntos. Um grande problema relacionado ao ensino de Ciências é a falta de interesse e motivação dos alunos em relação aos assuntos trabalhados em sala de aula. A perspectiva da abordagem de temas apresenta maneiras para amenizar significativamente esse problema. Ela defende que qualquer que seja o nível de generalidade que se pretenda atingir, é importante sempre partir da discussão de problemas ligados ao cotidiano dos alunos, principalmente dos problemas polêmicos que sempre causam interesse e participação da maioria dos estudantes. (HUNSCHE E AULER, 2012, p. 7-17). Ainda que haja esse consenso entre pesquisadores com relação à importância da abordagem de temas no currículo escolar, essa inserção se dá por iniciativas de distintas naturezas. Isto é, diferentes perspectivas teóricometodológicas tem orientado o trabalho com temas, não havendo um consenso com relação à maneira de organizar propostas de ensino. Diante desse contexto, o objetivo do presente trabalho é analisar como tem sido realizado o trabalho com temas no âmbito do Ensino de Ciências. Desta forma, investigam-se quais encaminhamentos têm orientado as pesquisas com temas desenvolvidas nesse contexto. Ou seja, o objetivo desta pesquisa é compreender o que os estudos que tem como foco a abordagem de temas na Educação em Ciências têm proposto. Com isso, pretende-se contribuir para um maior diálogo entre pesquisadores que propõem organizar o conteúdo programático por meio de temas. 2 2. ABORDAGEM TEMÁTICA: DIFERENTES PERSPECTIVAS TEÓRICOMETODOLÓGICAS Ao contrário da Abordagem Conceitual, que tem organização estruturada pelos conceitos científicos e a partir deles são selecionados os conteúdos curriculares, a Abordagem Temática (AT) apresenta uma nova maneira de estruturar e organizar o ensino. Segundo Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002), idealizadores dessa perspectiva, a Abordagem Temática constitui-se numa “perspectiva curricular cuja lógica de organização é estruturada com base em temas, com os quais são selecionados os conteúdos de ensino das disciplinas. Nessa abordagem, a conceituação científica da programação é subordinada ao tema.” (DELIZOICOV, ANGOTTI e PERNAMBUCO, 2002, p.189). Na Abordagem Temática, os conteúdos abordados em sala de aula são selecionados a partir dos temas, de maneira a não comprometer o entendimento e o progresso dos alunos. Deste modo, considerando que os temas constituem-se de situações amplas e complexas, é possível proporcionar aos alunos contato com uma abordagem interdisciplinar e desfragmentada dos conhecimentos, pois para a compreensão dos temas, os alunos deverão mobilizar conhecimentos de diferentes áreas do saber, inclusive àquelas não restritas às ciências naturais. Apesar de ter sido fortemente influenciada pelos pressupostos do educador Paulo Freire, Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002) destacam que a Abordagem Temática também pode ser explorada com base em outros pressupostos educacionais. Particularmente no que se refere ao Ensino de Ciências, de acordo com Strieder et al. (2011), destacam-se as seguintes perspectivas/propostas de abordagem de temas: a) Perspectiva CiênciaTecnologia-Sociedade; b) Perspectiva Ambiental; c) Situação de Estudo; d) Perspectiva Freireana; e) Unidades de Aprendizagem; f) Temas Conceituais e Contextuais; g) Temas com enfoque nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Segue uma breve descrição de cada uma dessas perspectivas. 3 2.1 Perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade A perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) insere-se no rol das propostas que visam preparar o aluno para o exercício de cidadania. Diante disso, ressalta que o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico não está conduzindo linearmente o desenvolvimento do bem-estar social, ou seja, que não precisamos de mais ciência e tecnologia para resolver todos os problemas, mas sim de um redirecionamento tecnológico (AULER, 2002). Dito de outra forma, essa perspectiva visa preparar os cidadãos para a participação nas decisões relacionadas aos rumos do desenvolvimento científicotecnológico. Auler (2002), articulando uma aproximação entre pressupostos freireanos e o movimento CTS, reconhece a necessidade de trabalhar discussões que envolvem ciência e tecnologia e suas implicações sociais, possibilitando ao aluno uma “leitura de mundo” contemporâneo. Defende que é fundamental problematizar as compreensões produzidas sobre atividades científicas e tecnológicas, para que a sociedade passe a participar dos rumos da atividade científica e tecnológica. Para tanto, segundo Auler (2002) e Santos e Mortimer (2002), é fundamental a adoção de temas envolvendo questões sociais relativas à ciência e à tecnologia que estejam diretamente vinculados à vida dos estudantes, assim como é primordial o desenvolvimento de atividades de ensino nas quais os alunos possam discutir diferentes pontos de vista sobre alternativas de solução. Coerente com isso, o desenvolvimento do planejamento de ensino não deve se restringir, apenas, à seleção de conteúdos científicos, mas deve transcender para a possibilidade de um ensino contextualizado, voltado à formação de cidadãos. Segundo Santos e Mortimer (2002) apud Strieder (2008), o ensino de ciências seguindo a perspectiva CTS, pode ser estruturado da seguinte maneira: (i) introdução de um problema social; (ii) estudo do conhecimento científico e tecnológico necessário para entender o tema; (iii) retomada da discussão (tema) inicial. O estudo de temas, por meios das etapas apresentadas acima, permite termos abordagem de temas sociais que serão discutidos pelos alunos, 4 proporcionando posicionamento crítico sobre diversos assuntos abordados pelos professores. Para isso, a abordagem dos temas deve discutir alternativas de soluções em sala de aula sobre diversos problemas, surgidas a partir do estudo do conteúdo científico, de suas aplicações tecnológicas e consequências sociais. Vários autores apresentam diferentes estratégias, modelos e roteiros de atividades para propiciar o desenvolvimento do ensino com abordagem CTS. Auler (2002), por exemplo, buscou articulação entre pressupostos freireanos e a perspectiva CTS. Neste caso o autor propõe que, os critérios de seleção do tema, dos conteúdos e das áreas do conhecimento envolvidas, são estabelecidos pelo processo de investigação temática, (que será explicada detalhadamente na perspectiva freireana). Também, são sugeridas diversas atividades para o ensino de CTS. Hofstein, Aikenhead e Riquarts (1988) apud Strieder (2008) apontam, entre outras, as seguintes estratégias utilizadas em CTS: palestras, demonstrações, sessões de discussão, solução de problemas, jogos de simulação e desempenho de papéis, fóruns e debates, projetos individuais e de grupo, redação de cartas a autoridades, pesquisa de campo e ação comunitária. 2.2 Perspectiva Ambiental As propostas centradas em temas ambientais, ainda que seguindo diferentes referenciais teóricos, possuem como principal objetivo o desenvolvimento de um olhar crítico, voltado principalmente ao uso sustentável dos recursos naturais. Diversos problemas como o crescimento populacional e o desenvolvimento tecnológico refletem diretamente na exploração dos recursos naturais e na produção de resíduos. Consequentemente, são retirados do equilíbrio ecológico vários sistemas de vida vegetal e animal. Tal situação requer comprometimento, e a escola é um local ideal para realização da educação ambiental, desde que, segundo Barcelos (2008), dê a oportunidade à criatividade. Diante de tal situação, como destaca Leff (2001) apud Rink e Neto (2007), a Educação Ambiental (EA) pode ser considerada elemento chave da transformação social, e deve estar presente no contexto educacional de forma interdisciplinar, transversal e holística. 5 De acordo com Dias (1991), a educação ambiental não deve ser pensada como uma nova disciplina específica, mas sim deveria resultar de uma “reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitem a visão integrada do meio ambiente”. Segundo Belo, Santos e Paranhos (2009), a educação ambiental deve ser abordada de maneira articulada em todos os níveis e modalidades no processo de ensino. Assim como na perspectiva CTS, percebe-se que há a necessidade de buscar alternativas para o trabalho da educação ambiental. Desta forma, os educadores passaram a dar crédito ao trabalho lúdico multidisciplinar, uma vez que o aprendizado se dá por intermédio de atividades que envolvem a descontração, ao mesmo tempo em que integra conhecimentos e habilidades. Com isso a EA pode ser trabalhada com metodologias não formais, como jogos, experimentos, vídeos, enfim, o processo de ensino-aprendizagem pode ser realizado de maneira dinâmica de aprender e ensinar os conceitos. Alguns autores visaram a integração entre a perspectiva CTS e a educação ambiental, a exemplo de Farias e Freitas (2007). De modo geral, a perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA), como é conhecida a integração mencionada anteriormente, ainda é uma tarefa incipiente e nem sempre experimentada. Normalmente encontramos abordagens que tratam de problemas ambientais no contexto CTS sem, contudo, se preocuparem explicitamente com os motivos causadores e relações com o desenvolvimento científico e tecnológico. Em síntese, a educação ambiental é uma perspectiva que busca trabalhar com a utilização de temas, tais como energia, população, qualidade ambiental, uso dos recursos naturais e alguns efeitos do desenvolvimento tecnológico, entre outros. Tais temas podem levar ao entendimento da problemática ambiental interdisciplinaridade, uma e encontram alternativa à na contextualização fragmentação dos e na conteúdos curriculares das ciências naturais. 2.3 Situação de Estudo Buscando a reorientação curricular e articulação entre os diferentes componentes curriculares, em particular entre a Física, a Química e a Biologia no Ensino Médio, a Situação de Estudo (SE), desenvolvida com base nos 6 pressupostos de Vygotsky, visa trabalhar com situações vividas pelos estudantes, que possibilitem a contextualização dos conceitos científicos. A partir disso, são seus objetivos: valorizar a complexidade do trabalho pedagógico escolar por meio da produção coletiva, acompanhada pela pesquisa; romper com a forma linear e hierarquizada das disciplinas e desenvolver o estudo de conceitos disciplinares a partir de uma situação real que considera a vivência social dos estudantes para possibilitar a construção dos conceitos científicos com significado para eles (BOFF et al., 2009). Segundo Araújo, Auth e Maldaner (2005), o processo de elaboração e desenvolvimento da SE contempla quatro etapas: (i) planejamento coletivo no grupo de pesquisa (escolha dos temas e conceitos a serem trabalhados); (ii) desenvolvimento nos cursos de Licenciatura de Química, Física e Biologia; (iii) desenvolvimento junto aos professores de Ciências Naturais da Educação Básica; (iv) re-elaboração do material pelas três categorias de sujeitos com base nas contribuições dos diferentes grupos. Auth (2002) apresenta o desenvolvimento da SE em três etapas sugeridas para sala de aula: (i) problematização (alunos expressam seu entendimento); (ii) primeira elaboração (estudo dos textos apresentados nos temas abordados na problematização); (iii) função de elaboração e compreensão conceitual (significados das “palavras científicas” empregadas de acordo com o contexto). A metodologia de ensino, segundo Araújo, Auth e Maldaner (2005), baseado na SE, oferece capacidades de comunicação, de argumentação, de convivência democrática, de escrita, entre outras, normalmente, desconsideradas nas aulas de Ciências Naturais e suas Tecnologias. A proposta de SE também visa contemplar as orientações dos PCNs; assim, há indicativos de que o trabalho realizado está em consonância com os temas transversais e eixos temáticos. No entanto, está fortemente marcada nas escolhas dos temas a questão do conteúdo a ser trabalhado no Ensino Médio, seja pela relevância conceitual do mesmo ou pelas relações interdisciplinares que o tema permite estabelecer. Outra característica da perspectiva abordada, é que as experiências vividas pelos educandos, na escola e na comunidade, junto com o entendimento dos conceitos científicos adquiridos, lhes possibilitam ter 7 compreensões mais amplas de sua inserção no ambiente em que vivem. Nesse âmbito, em certos casos, a compreensão da relação entre o conhecimento científico, as novas tecnologias e o cotidiano em que vivem (Ciência, Tecnologia e Sociedade) é suscitada ao relacionarmos determinadas questões em determinadas SE (ARAÚJO, AUTH e MALDANER, 2005). Desse modo, podemos perceber que a elaboração e desenvolvimento interdisciplinar da SE em sala de aula, busca evidenciar os conceitos científicos. Assim, segundo Halmenschlager (2010), é possível inferir que a contextualização, no âmbito da SE, está articulada a dois aspectos relevantes: a realização de um trabalho interdisciplinar e a significação conceitual. 2.4 Perspectiva Freireana De acordo com a perspectiva freireana, a escolha do tema está baseada em um problema que a sociedade está enfrentando. Freire (1987) utiliza o termo “Temas Geradores”, para designar uma abordagem em que os conceitos científicos serão selecionados de acordo com a necessidade de abordá-los de maneira dialógica e problematizada, visando à compreensão de uma situação real. Esses temas são definidos a partir do processo de Investigação Temática. A Investigação Temática é desenvolvida em cinco etapas, conforme sistematizado por Delizoicov (1982): (1) os professores procurarão conhecer o contexto sócio-histórico-econômico-cultural no qual o aluno está inserido; (2) os próprios professores farão um levantamento das situações que são vistas como dificuldades que precisam ser superadas; (3) obtêm-se os Temas Geradores a partir da realização de diálogos descodificadores (denominada o círculo de investigação temática); (4) realiza-se a redução temática, que consiste em um trabalho interdisciplinar, cuja meta é elaborar o conteúdo programático a partir da seleção dos conhecimentos necessários para a compreensão dos temas; (5) consiste na aplicação do programa em sala de aula. Esta última etapa é organizada de acordo com a dinâmica dos Três Momentos Pedagógicos, formados pela: (i) problematização inicial: etapa em que se busca conhecer as interpretações que os alunos têm a respeito da situação abordada; (ii) organização do conhecimento: momento em que o professor trabalha, de forma dialógica, determinados conceitos científicos necessários para compreender o 8 tema; (iii) aplicação do conhecimento: momento em que ocorre a retomada das questões abordadas na problematização inicial e a apresentação de situações novas, pertinentes à discussão em pauta. Esse processo de investigação temática é o momento em que o professor conhece e interage com a realidade do aluno, identificando a forma com que o educando a percebe e, a partir disso, elabora o conteúdo programático a ser trabalhado em sala de aula. 2.5 Unidades de Aprendizagem Também sob a perspectiva de abordagem de temas, contudo, com um caráter mais metodológico, a Unidade de Aprendizagem (UA) é proposta como um conjunto de atividades que objetivam trabalhar um determinado tema, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos, e proporcionando a evolução dos conceitos abordados. A UA é planejada com objetivo de preparar o aluno para participar do processo de elaboração das atividades, desenvolver o senso crítico, criar argumentos, sugerir alternativas e questionar propostas. Essa proposta caracteriza-se como um conjunto de ideias, hipóteses de trabalho, que inclui não só os conteúdos da disciplina e os recursos necessários para o trabalho diário, mas também metas de aprendizagem, estratégias que ordenem e regulem, na prática escolar, os diversos conteúdos de aprendizagem (GONZÁLES, 1999). Essa perspectiva de ensino argumenta em favor da participação efetiva dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem, pois os mesmos devem ser autores das atividades elaboradas e, juntamente com os professores (processo interdisciplinar), desenvolvem um trabalho próximo a sua realidade e necessidade. Esta forma de educar, centrada no educar pela pesquisa (DEMO, 1997), permite que os educandos sejam parceiros do professor, compartilhando a responsabilidade pelo processo de aprendizagem. É importante destacar que o educar pela pesquisa não é uma metodologia de ensino, e sim um processo de construção do conhecimento acompanhado pelo professor e pelos demais colegas envolvidos no projeto (FÁVARO, FILHO e BASSO, 2007). Segundo Moraes (2002), temos que: “A pesquisa em sala de aula é uma das maneiras de envolver sujeitos, alunos e 9 professores, num processo de questionamento do discurso, das verdades implícitas e explícitas nas formações discursivas, propiciando a partir disso a construção de argumentos que levem a novas verdades.” (MORAES, 2002, p.10). A UA deve ser organizada de modo a contribuir para uma sequência que favoreça a aprendizagem e desperte nos alunos, interesse pelo tema, que configura um critério para a seleção dos conteúdos a serem estudados. Vejamos alguns exemplos de atividades que podem compor uma UA: pesquisa bibliográfica, experimentos de laboratório, apresentação de seminários, elaboração de projetos de pesquisa, redação de artigos, aula expositiva dialogada, resolução de exercícios, jogos educativos, discussão de filmes e visitas. (FÁVARO, FILHO e BASSO, 2007, pag. 5). Fávaro, Filho e Basso (2007), também relatam que a UA baseia-se em três pressupostos básicos do educar pela pesquisa: questionamento, construção de argumentos e comunicação. Essa proposta de abordar temas permite o desenvolvimento de um ensino interdisciplinar que envolve concepções do saber científico, saberes culturais, crenças, ideologias, e outros, possibilitando uma visão global do conhecimento humano, tornando possível que o aluno se torne sujeito de suas ações. É de extrema importância destacar que, de acordo com a entrevista de alguns pesquisadores do ensino de Física realizada por SOUSA et al. 2013, aspectos relacionados à elaboração e ao desenvolvimento de uma UA, se caracterizam por um processo que não apresenta critérios definidos quanto à seleção do tema, uma vez que, há maior relevância no processo de desenvolvimento da temática em sala de aula. Dessa forma, o foco da perspectiva de ensino está na forma como as atividades serão estruturadas em sala de aula a partir de um tema. Tal tema estabelecido pode estar associado à estrutura curricular (tema subordinado ao conteúdo), ou pode está ligado aos interesses dos estudantes como mencionado anteriormente. 2.6 Temas Conceituais e Contextuais Em uma perspectiva mais ampla, que envolve a proposição de um currículo de Química em nível estadual, está a proposta de Temas Conceituais 10 e Contextuais. A referida proposta está fundamentada em três aspectos articulados, conforme explicitam Leal et al. (2008, p. 215): “a relação da Química com os diferentes aspectos da realidade humana (contextualização da Química); das temáticas próprias da Química (conceituação química), e, finalmente, da natureza e do funcionamento dessa Ciência (epistemologia)”. Há preocupação com a abordagem de temas que possuem caráter mais conceitual, mas que apresentam, ao mesmo tempo, relação com a realidade em que vivem os estudantes. Nesse caso, argumenta-se acerca da necessidade de mesclar aspectos conceituais e contextuais ao proporem a organização curricular da disciplina de Química por meio de temas. Dessa forma, tanto os conceitos científicos quanto aspectos mais contextuais podem orientam o trabalho do professor em sala de aula. A escolha do enfoque a ser contemplando, conceitual ou contextual, é realizada pelo professor, com base na realidade em que sua escola está inserida. Segundo, Mortimer, Machado e Romanelli (2000), os aspectos conceituais e contextuais estão intercalados nos planos de ensino do ensino médio. “Os temas sugeridos para o primeiro ano configuram um conjunto de conceitos básicos, em torno de três focos de interesse da Química – propriedades, transformações e constituição dos materiais e substâncias” (MORTIMER, MACHADO e ROMANELLI, 2000, p.277). No segundo ano do ensino médio os temas que foram trabalhados no primeiro ano são aprofundados. Já no terceiro ano do ensino médio, seguindo as orientações PCNs (BRASIL, 2002), tem o objetivo de “possibilitar que o aluno tenha contato com uma leitura química das atividades predominantes da sua região” (MORTIMER, MACHADO e ROMANELLI, 2000, p. 277). Ainda que essa perspectiva de abordagem de temas tenha sido pensada para o Ensino de Química, entende-se que a mesma pode ser utilizada, também, no âmbito de outras componentes curriculares, como no Ensino de Física e/ou de Biologia. 2.7 Temas com enfoque nos Parâmetros Curriculares Nacionais A prática educativa defendida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) objetiva a formação dos estudantes para prepará-los para lidarem com situações de vida cada vez mais complexa, desenvolvendo autonomia, 11 liberdade, responsabilidade e participação social. Para isso, sugerem a abordagem de temas, a qual pode contribuir para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar e contextualizado, em que o conhecimento escolar é compreendido com um instrumento para melhor compreensão do mundo. Seguindo tal perspectiva, os PCNs apresentam Temas Estruturadores e Unidades Temáticas a partir dos quais os conteúdos escolares podem ser abordados. No contexto do ensino de Física, são sugeridos seis temas, são eles: Movimentos: variações e conservações; Calor, ambiente e usos de energia; Som, imagem e informação; Equipamentos elétricos e telecomunicações; Matéria e radiação; Universo, Terra e vida. É de extrema importância que professores de determinada escola discutam estratégias de ensino, levando em consideração as características e prioridades presentes, pois fazer opção por determinadas ações ou atividades de ensino, não é uma tarefa fácil, já que exige reconhecimento do contexto escolar específico. Contudo, pode-se estabelecer que somente após práticas concretas, tentativas, erros e sucessos, experiências compartilhadas e muita discussão que, de fato, começarão a ser produzidas novas alternativas ao ensino atual (KAWAMURA e HOSOUME, 2003). 3. ENCAMINHAMENTOS E METODOLOGIA Para o desenvolvimento desta investigação, realizou-se um levantamento de trabalhos que tem como foco a abordagem de temas nos anais de Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), no período de 1997 a 2009, totalizando sete edições do evento. Nesse levantamento, a partir da leitura dos títulos e palavras chave (separei os artigos que apresentam palavras como tema, temática, ou cujo título, por si só, já é um tema, como por exemplo, aquecimento global), foram encontrados 424 trabalhos. Após a leitura dos resumos, esse número foi reduzido para 160 trabalhos, os quais se tornaram a amostra – foram lidos na íntegra. Por exemplo, o trabalho “Concepções de Sujeitos Adultos Gagos: Um Projeto de Estudo Visando a Construção de um Saber Pedagógico em torno do Tema Gagueira” tem a palavra “tema” no título, assim num primeiro levantamento, foi 12 selecionado. Mas, a partir da leitura do resumo constatou-se que ele não trata da abordagem de temas efetivamente, assim, ele foi eliminado. Os 160 trabalhos selecionados foram classificados, primeiramente, de acordo com a natureza das pesquisas: (i) Levantamento de Compreensões; (ii) Análise de Material Didático; (iii) Revisão Teórica; (iv) Implementação para sala de aula. O quadro a seguir apresenta uma síntese dessa classificação. A partir do mesmo é possível perceber o interesse pelas implementações de sala de aula, que representam 53,75% do total de trabalhos encontrados. Quadro 1: Classificação da Natureza das Pesquisas Natureza da Pesquisa Qtde de trabalhos Implementações para sala de aula 86 Levantamento de Compreensões 45 Revisão Teórica 10 Análise de Materiais Didáticos 19 Em seguida esses trabalhos foram separados por área do conhecimento e nível de ensino, conforme representado no quadro a seguir. Quadro 2: Distribuição dos Trabalhos por Área do Conhecimento e Nível de Ensino Superior/ Áreas Fundamental Médio EJA Formação Total Continuada Física 11 2 3 16 Química 2 12 2 3 19 Biologia 5 3 8 Matemática 3 2 5 Interdisciplinar 11 17 10 38 Total 16 45 4 21 86 Nesse caso, constata-se que predominam os trabalhos voltados ao Ensino Médio e desenvolvidos numa perspectiva disciplinar, ainda que os diferentes referenciais discutidos anteriormente enfatizem a interdisciplinaridade. Com a intenção de investigar as práticas de sala de aula, optamos por enfocar apenas os estudos voltados para as implementações de temas no Ensino Médio. Nesse universo, foram localizados 45 trabalhos, cuja distribuição ao longo dos eventos, como apresentado abaixo, expressa o interesse crescente por essa tendência. 13 Quadro 3: Distribuição dos trabalhos por ENPEC Encontro Local Total Sobre AT I - 1997 Águas de Lindóia/SP 139 1 II - 1999 Valinhos/SP 117 3 III - 2001 Atibaia/SP 161 1 IV - 2003 Bauru/SP 434 5 V - 2005 Bauru/SP 737 10 VI - 2007 Florianópolis/SC 601 12 VII - 2009 Florianópolis/SC 723 13 Num primeiro momento, esses trabalhos foram organizados em sete grupos, de acordo com o referencial teórico metodológico adotado explícita ou implicitamente: a) Perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade; b) Perspectiva Ambiental; c) Situação de Estudo; d) Perspectiva Freireana; e) Unidades de Aprendizagem; f) Temas Conceituais e Contextuais; g) Temas com enfoque nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Num segundo momento, foram analisados os seguintes elementos: (i) natureza do tema abordado; (ii) critério de seleção do tema; (iii) relação entre tema e conteúdo e, (iv) áreas de conhecimento. Essas categorias de análise permitem identificar características teórico metodológicas de cada grupo e, além disso, possibilitam mapear algumas relações entre as propostas que tem como foco a organização curricular por meio de temas, como será discutido na sequência deste trabalho. 4. RESULTADOS O quadro a seguir sistematiza a quantidade de trabalhos que segue cada uma das perspectivas anteriormente apresentadas. Cabe destacar que um mesmo trabalho pode seguir mais de uma perspectiva, a exemplo dos centrados na articulação Freire-CTS ou CTS – Ambiente; dessa forma, a soma da quantidade de trabalhos não corresponde ao total de trabalhos analisados. Também, em alguns casos, o trabalho não se auto identifica com o referencial teórico-metodológico no qual foi classificado; contudo, a partir de sua análise é possível traçar aproximações, ainda que implícitas, com o respectivo referencial. 14 Quadro 4: Perspectivas teórico-metodológicas Perspectiva CTS Ambiente Situação de Estudo Freire Unidade de Aprendizagem Conceituais/Contextuais PCN Qtde de trabalhos 19 10 5 6 1 1 11 A partir desse quadro, é possível perceber que no universo pesquisado predominam os trabalhos centrados na perspectiva CTS, seguidos pelos trabalhos com enfoque nos PCNs, Ambiental, Freire e Situação de Estudo, respectivamente. Ainda considerando dados quantitativos, verificamos menor número de pesquisas com foco nas perspectivas Conceituais/Contextuais e Unidade de Aprendizagem, representadas por um trabalho. Quanto à natureza dos temas abordados, predominam os voltados às questões energéticas e à poluição, a exemplo dos relacionados à produção de energia nuclear (PEREIRA, FILHO, NEVES, 2009), meios de transporte/motor à combustão (MUENCHEN, et al., 2005; SOUSA, ALENCAR, 2007), chuva ácida (BARRETO, et al., 2009), biodiesel (FISCARELLI, et al., 2005), contaminação da água por resíduos químicos (TORRES, DELIZOICOV, 2007), poluição e contaminação da água (SANTOS, et al, 2007), poluição causada por gorduras (OLIVEIRA, PEIXOTO, 2005), poluição sonora (SOUSA et al., 2005), poluição dos pesticidas (FERRAZ, BERMM, 2003), soluções poluentes causadas pelo homem (LARA, BORGES, BASSO, 2007), desenvolvimento sustentável (poluição do ar, solo e água) (ROBAINA, OAIGEN, 2003), aquecimento global (DUSO, BORGES, 2007; BARBOSA, CASTRO, 2007; VILELA, et al., 2007). Esses temas possuem uma natureza mais global e, a partir deles, são estabelecidas relações com questões locais, relacionadas à realidade próxima dos alunos, a exemplo das propostas discutidas em Muenchen et al. (2005), em Maldaner et al. (2001) e em Oliveira e Peixoto (2005). Há alguns casos em que se parte de situações ou problemas locais, como é o caso de Torres e Delizoicov (2007), que definiram o tema “As águas do Canal da Barra” considerando situações significativas e contraditórias. 15 Essa questão da definição dos temas, em muitos trabalhos, não é discutida de forma explícita. Em alguns casos, percebe-se uma preocupação com os conceitos presentes no currículo escolar, como é o caso de Barreto et al. (2009), que destacam que definiram o tema “Chuva Ácida” para abordar o conceito de pH com os alunos do terceiro ano do Ensino Médio. Em outros casos, prevalece uma preocupação em abordar temas que possuam relações com situações da vivência dos alunos, a exemplo de Santini e Terrazann (2005) que selecionam o tema “Equipamentos Agrícolas”, por permitir que os alunos estabeleçam vínculos entre os conhecimentos e suas necessidades cotidianas. Nesta mesma linha, encontra-se o trabalho desenvolvido por Oliveira e Peixoto (2005), que abordando o tema “Poluição causada por Gorduras”, os autores perceberam que o uso de um problema próximo ao cotidiano dos alunos pode desencadear interesse, comprometimento e valorização do estudo da Química. O trabalho elaborado por Ferraz e Bremm (2003), também buscou contemplar os interesses da comunidade (pais, alunos e professores), ouviu-a a fim de abordar um problema local. Já no trabalho de Lemos e Leite (2005), foram os alunos os autores do projeto, onde “se preocuparam com uma temática local para o entendimento global sobre as questões ambientais” (p. 8). Também há uma preocupação com as discussões em pauta na mídia, como é o caso de Barbosa e Castro (2007) que definiram o tema “Aquecimento Global” devido sua ampla divulgação nos meios de comunicação, fato que, segundo esses autores, “por si só problematiza, gera sentido e interesse em aprender, demandando uma formalização do fenômeno e suas consequências no universo cognitivo dos alunos” (p. 2). Duarte e Diniz (2003), também mostraram preocupação em abordar temas citados pela mídia, a exemplo dos assuntos relacionados ao aborto, DSTs, violência sexual, homossexualismo, gravidez na adolescência e pedofilia. Ao analisar a relação entre tema e conteúdos constatou-se que, em geral, há uma ênfase nos conhecimentos científicos. Sendo que, em alguns casos, o tema comparece apenas como pano de fundo para a discussão de determinados conceitos, é o que acontece no trabalho de Barbosa e Castro (2007), que visam, “construir uma unidade de ensino sobre conceitos de termodinâmica a partir do tema aquecimento global”. Em outros trabalhos, a 16 exemplo de Sousa et al. (2005) e Oliveira e Peixoto (2005), ainda que compareça uma preocupação com a abordagem e o desenvolvimento de outros conteúdos, percebe-se que o foco centra-se na explicitação da presença do conhecimento científico no dia a dia do aluno. No trabalho desenvolvido por Robaina e Oaigen (2003), percebe-se claramente a preocupação dos professores ao desenvolverem os conteúdos de Química voltados para o desenvolvimento sustentável; relatam a importância de utilizar os conteúdos específicos diante dos problemas e situações no cotidiano. Por mais que seja difícil integrar o conhecimento científico com o cotidiano, também foi possível constatar esse fato com o desenvolvimento do trabalho de Lemos e Leite (2005), de modo com que os principais conceitos foram colocados aos alunos de forma mais prática e atrativa. Em alguns trabalhos, a exemplo de Mion, Angotti e Bastos (1999) destaca-se a necessidade de estabelecer relações entre o conhecimento científico e outros aspectos da dimensão humana, incorporando nas aulas, por exemplo, aspectos de solidariedade, igualdade e diversidade. Por fim, quanto às áreas do conhecimento envolvidas, constatou-se maior número de trabalhos interdisciplinares/ciências, ou seja, um aspecto positivo quando ligado ao interesse de desenvolver um trabalho de forma coletiva, onde permite o contato entre os professores/pesquisadores das diferentes disciplinas. Nesse sentido, temos os trabalhos centrados na perspectiva da Situação de Estudo, a exemplo de Maldaner et al. (2001) e Boff et al. (2005) que discutem, respectivamente, a implementação dos temas “Ar atmosférico” e “Alimentos: Produção e Consumo”. Nesses trabalhos, os autores enfatizam que a articulação entre as diferentes áreas contribui para a compreensão dos conceitos científicos, seus significados e evolução. Alguns trabalhos, a exemplo de Giordan (1997), destacam a importância de estabelecer aspectos históricos, étnicos, culturais, econômicos e outros relacionados à temática, com objetivo de facilitar pontos de partida comuns entre as disciplinas do conhecimento. É importante ressaltar que foram encontradas iniciativas que extrapolam a área das ciências naturais, a exemplo do projeto orientado por professores das disciplinas da Área das Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, e das disciplinas de Língua Portuguesa e Informática Básica 17 (DUSO, BORGES, 2007) e do projeto desenvolvido por professores de Português, Inglês, Matemática, Biologia e Geografia (ALVES, LEÃO, MAYER, NOGUEIRA, 2007). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos analisados, apesar de possuírem distintos referenciais teóricos, apresentam alguns elementos em comum, a exemplo da abordagem de temáticas relacionadas ao processo de “produção” de energia e à poluição. Um dos fatores relacionados com a escolha desses temas é a facilidade de se estabelecer relações dos mesmos com os conhecimentos científicos, ou seja, de estabelecer relações com o currículo atual. Fator também evidenciado na discussão acerca da relação entre o tema e os conteúdos abordados, que sinalizou a ênfase nos conceitos científicos. Essa perspectiva de articulação entre tema e conceitos científicos é evidenciada em outros estudos. Strieder, Caramello e Gehlen (2012) sinalizam, ao investigar as compreensões de professores de Física acerca da abordagem de temas, que os docentes têm dificuldade em superar a organização curricular essencialmente conceitual, o que implica em limitações no estabelecimento de novas relações entre as temáticas e os conteúdos físicos. Por mais que esta pesquisa tenha sido realizada somente com professores de Física, ao analisar os trabalhos que envolvem outras disciplinas, por exemplo, a Química e a Biologia, é possível verificar que as concepções dos docentes não são muito diferentes. A análise realizada também indica a necessidade de uma maior discussão em torno da importância dos critérios de seleção dos temas, pois, em geral, a definição da temática é orientada pelos conceitos científicos e definida pelos professores. Essas formas de definição do tema podem ser entendidas como alternativas para o espaço tradicional de ensino. Ou seja, por mais que o tema tenha partido de “especialistas”, há uma preocupação com o estabelecimento de vínculos entre o mesmo e o dia a dia dos alunos. Apesar das limitações sinalizadas, é possível perceber um esforço em prol de ensino de Ciências mais contextualizado e menos fragmentado, por meio da abordagem de temas. As práticas analisadas neste estudo 18 apresentam, inclusive, avanços em relação às proposições presentes nos documentos oficiais, uma vez que as temáticas apresentadas nos PCNEM possuem natureza ainda mais conceitual. Com base nessas considerações, entende-se que é importante ampliar as discussões acerca da Abordagem Temática no processo de formação docente, tanto na inicial quanto na continuada, assim como aprofundar as pesquisas, em especial, as relacionadas às práticas de sala aula. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me guiado e me dado sabedoria na minha jornada acadêmica. A minha família pelo apoio e incentivo em todas as circunstâncias. A minha professora e orientadora, Dra. Roseline Beatriz Strieder, pelas orientações, paciência, dedicação, e apoio ao longo do desenvolvimento da pesquisa. Aos demais professores cujos ensinamentos foram fundamentais no decorrer do curso, e aos colegas, muito obrigado pela amizade e companheirismo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E. M.; LEÃO, A. M. A. C.; MAYER, M.; NOGUEIRA, R. A. Diabetes Mellitus: uma abordagem transdisciplinar no ensino médio. Florianópolis/SC: VI ENPEC, 2007. ARAÚJO, M. C. P. de; AUTH, M. A.; MALDANER, O. A. Situações de Estudo como forma de Inovação Curricular em Ciências Naturais. Oberá/Missiones (Argentina): I SIFOD, 2005. AULER, D. Interações entre Ciência-Tecnologia-Sociedade no Contexto da Formação de Professores de Ciências. Tese. Florianópolis: CED/UFSC, 2002. AUTH, M. A Formação de Professores de Ciências Naturais na Perspectiva Temática e Unificadora. Tese. Florianópolis: CED/UFSC, 2002. BARBOSA, L. G. D. C.; CASTRO, R. S. 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