GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO– SEPLAN INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS – IMESC BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA MARANHENSE V. 2, N. 3, Out./Nov. 2014 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONOMICOS E CARTOGRÁFICOS Boletim de Conjuntura Econômica Maranhense Bol. Conj. Econ. MA, São Luís, v. 2, n. 3, p. 1-39, Out/Nov. 2014 Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 2 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão GOVERNADORA DO ESTADO DO MARANHÃO Roseana Sarney SECRETÁRIO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO João Bernardo Bringel PRESIDENTE Fernando José Pinto Barreto DIRETOR DE ESTUDOS E PESQUISAS Sadick Nahuz Neto COORDENAÇÃO Felipe de Holanda ELABORAÇÃO Felipe de Holanda Talita de S. Nascimento Daniele Amorim Vicente Anchieta Boletim de Conjuntura Econômica Maranhense / Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos. V. 2, n. 3 (Out/Nov. 2014). – São Luís: IMESC, 2014 – Trimestral 1. Economia – Maranhão I. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos CDU Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 33 (812.1) 3 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 5 2. CENÁRIO INTERNACIONAL ............................................................................................. 6 3. CENÁRIO NACIONAL ...................................................................................................... 7 3.1. Produto Interno Bruto ..................................................................................................7 3.2. Produção Física Industrial.............................................................................................8 3.3. Índice de Confiança do Empresário ..............................................................................9 3.4. Utilização da Capacidade Instalada ........................................................................... 10 3.5. Comércio.................................................................................................................... 11 3.6. Inadimplência ............................................................................................................ 11 3.7. Inflação ...................................................................................................................... 12 3.8. Setor Externo ............................................................................................................. 13 3.9. Comércio Exterior ...................................................................................................... 15 3.10. Mercado de Trabalho ................................................................................................ 16 3.11. Finanças Públicas ....................................................................................................... 19 4. CENARIO ESTADUAL .................................................................................................... 22 4.1. Produção Agrícola...................................................................................................... 22 4.2. Financiamento Imobiliário......................................................................................... 23 4.3. Comércio.................................................................................................................... 24 4.4. Endividamento........................................................................................................... 25 4.5. Produto Interno Bruto ............................................................................................... 26 4.6. Comércio Exterior ...................................................................................................... 27 4.7. Mercado de Trabalho ................................................................................................ 29 4.8. Finanças Públicas ....................................................................................................... 33 Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 4 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Boletim de Conjuntura Econômica Maranhense Outubro/Novembro de 2014 Introdução A economia maranhense deve registrar no período 2012 a 2014 uma taxa média de crescimento real de 3,4% ao ano, comparada à média de 6,6% a.a., no período 2004 a 2011. Passado o ciclo eleitoral, o Estado se defronta com uma expressiva redução na geração de empregos formais, especialmente nos setores da indústria e comércio, ao mesmo tempo em que se reduz fortemente a taxa de expansão das vendas físicas do comércio e os níveis de endividamento das famílias se mantém em taxas elevadas - sinais de esgotamento dos fatores expansivos que garantiram ao Estado crescimento superior à média nacional e regional no período anterior. Por um lado, a retração das cotações das commodities que constituem quase a totalidade das exportações maranhenses coloca em cheque alguns dos investimentos no setor minero exportador, recém-inaugurados, ou em fase de implantação, enquanto que a perda de dinamismo das transferências federais e o esgotamento do ciclo de expansão do crédito em várias modalidades (com destaque para o crédito imobiliário) apontam para um período à frente de menor dinamismo da economia do Estado. O cenário externo continua caracterizado por uma recuperação desigual e frágil das economias desenvolvidas e pela redução da taxa de crescimento dos países emergentes, com destaque para a China. Em que pesem os fatores amenizadores colocados pela estagnação deflacionária na zona do Euro e pela recente queda da cotação do petróleo, as perspectivas de mudança na orientação da política monetária norte-americana aumentaram o risco de reversão do fluxo de capitais que hoje financiam os déficits em conta corrente de vários dos países emergentes, especialmente daqueles com piores fundamentos macroeconômicos. A divulgação de um déficit fiscal primário no período janeiro a setembro deste ano (em contraste com um superávit próximo a 2,0% do PIB prometido pelo Governo Federal) mostrou que a situação fiscal brasileira (mesmo contando com receitas não recorrentes e outros artifícios contábeis) é bem mais grave do que o imaginado. O tema central da conjuntura passou a ser a capacidade do Governo Federal de realizar um ajuste fiscal em paralelo ao combate à inflação, em um cenário de reduzido ou nulo crescimento econômico (que poderá se reduzir ainda mais na fase inicial dos ajustes), e sob condições políticas adversas (fortalecimento das oposições no Congresso e ruído crescente nas investigações sobre a Petrobras). E há um risco particularmente grave no caso de inação do Governo Federal no que tange à consolidação fiscal - a possibilidade concreta de perder o grau de investimento das agências de rating, o que elevaria abruptamente o custo do financiamento externo ao Governo e às empresas brasileiras, precipitando uma crise de balanço de pagamentos. Como se vê, trata-se de um cenário externo e nacional bastante desafiadores. Colocam-se na ordem do dia as limitações trazidas pelo padrão histórico de crescimento da economia maranhense, intensivo em recursos naturais, especializado em exportações com diminuta ou nula agregação de valor dentro de nossa fronteira, vulnerável ao ciclo externo e pouco capaz de gerar empregos e arrecadar impostos, principalmente nos setores industrial e agrícola. A mudança de tal padrão de crescimento, para um modelo de desenvolvimento, demanda uma combinação de esforços dos atores-chaves do setor público e do setor privado, na viabilização de políticas, programas e projetos de longo prazo, capazes de se sustentarem para além dos horizontes políticos eleitorais. A consolidação de uma base energética diversificada (especialmente no que diz Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 5 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão respeito às suas potencialidades para o adensamento da agroindústria) e o possível ganho de graus de liberdade na gestão da dívida do Estado e no acesso a novas fontes de financiamento de longo prazo são fatores que fortalecem as esperanças de transformação, de mudança. CENÁRIO INTERNACIONAL Recuperação das economias desenvolvidas continua desigual e frágil, em um cenário de maior volatilidade e maiores riscos para as economias emergentes O mais recente Panorama Econômico mundial do FMI, divulgado em outubro de 2014, aponta perspectivas mais pessimistas com relação ao cenário econômico global. No campo positivo, aponta-se o ganho de vigor da economia norte-americana, que começa a dar sinais mais consistentes de fortalecimento do mercado de trabalho. Este fato levou o Banco Central Norte Americano a encerrar o programa de recompra de títulos de longo prazo para fornecimento de liquidez ao mercado, que mantinha as taxas de juros de prazos mais longos próximas de zero, irrigando a economia mundial. Outro aspecto positivo é a trajetória recente de queda nos preços do petróleo que se traduzirá na melhora da posição comercial dos grandes importadores de petróleo e derivados (o Brasil inclusive). Tabela 1 – Previsões do FMI para a taxa de crescimento anual do PIB das principais economias – Outubro de /2013 ano a ano (%) Países e Regiões Selecionados Projeções Diferença de julho de 2014 2012 2013 2014 2015 2014 2015 PIB Mundial 3.4 3.3 3.3 3.8 –0.1 –0.2 Economias avançadas 1.2 1.4 1.8 2.3 0.0 –0.1 Estados Unidos 2.3 2.2 2.2 3.1 0.5 0.0 Zona do Euro –0.7 –0.4 0.8 1.3 –0.3 –0.2 Alemanha 0.9 0.5 1.4 1.5 –0.5 –0.2 França 0.3 0.3 0.4 1.0 –0.4 –0.5 Itália –2.4 –1.9 –0.2 0.8 –0.5 –0.3 Espanha –1.6 –1.2 1.3 1.7 0.1 0.1 Japão 1.5 1.5 0.9 0.8 –0.7 –0.2 Inglaterra 0.3 1.7 3.2 2.7 0.0 0.0 Canada 1.7 2.0 2.3 2.4 0.1 0.1 Economias emergentes 5.1 4.7 4.4 5.0 –0.1 –0.2 Rússia 3.4 1.3 0.2 0.5 0.0 –0.5 China 7.7 7.7 7.4 7.1 0.0 0.0 Índia 4.7 5.0 5.6 6.4 0.2 0.0 Brasil 1.0 2.5 0.3 1.4 –1.0 –0.6 México 4.0 1.1 2.4 3.5 0.0 0.1 Fonte: World Economic Outlook, FMI, jan/2014. Segundo o FMI, o PIB mundial deverá se expandir 3,4% em 2014 e 3,8% em 2015. Em relação aos prognósticos anteriores, houve melhora nas previsões somente nas perspectivas para a economia dos EUA, da Índia e da Espanha. Todas as demais tiveram avaliações piores na última edição do Panorama econômico mundial. Os maiores riscos, dizem respeito à deflação na zona do Euro, à reversão dos fluxos financeiros internacionais e à deterioração dos fundamentos fiscais de várias economias emergentes, entre elas o Brasil. Do lado das notícias negativas destaca-se a piora das perspectivas de atividade para a Zona do Euro, ao mesmo tempo em que a possibilidade de ingresso da região em um ciclo deflacionário passa a exigir medidas mais corajosas de suporte financeiro por parte do Banco Central Europeu. O possível ajuste baixista do EURO em relação ao dólar e demais moedas, exportando os custos da crise para os parceiros comerciais, será um elemento adicional para alimentar a volatilidade dos mercados financeiros. Outro aspecto que gera preocupações diz respeito à perda de vigor da economia chinesa (não obstante os volumosos estímulos fiscais adotados naquele país), em paralelo à revelação das fragilidades do sistema financeiro daquele país, que tem trazido fortes impactos ao Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 6 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão mercado de commodities mundiais e acirrado a batalha dos chineses por deslocar concorrentes em mercados de manufaturas. Outro tema de grande interesse dos analistas são os fundamentos fiscais de várias economias emergentes, os quais se deterioraram nos anos recentes, em função de um conjunto de políticas de sustentação de demanda adotadas para combater os efeitos da crise de 2008/2009, ao mesmo tempo em que a redução do crescimento econômico contribuiu para piorar as receitas fiscais nesses países. Dentre os países mais vulneráveis, encontram-se os emergentes Índia, a Turquia e o Brasil. As perspectivas de reversão no fluxo de capitais no mercado internacional, a partir da gradual retomada de ativismo da política monetária dos EUA (e para a qual o ajuste cambial “exportador” da zona do EURO pode funcionar como força amenizadora, ainda que temporariamente), poderá levar movimentos especulativos e ondas de choque sobre estas economias, com destaque para o Brasil, principalmente por causa da elevada dependência de financiamento externo em que se encontram. CENÁRIO NACIONAL Produto Interno Bruto PIB do 1°tri/14 é revisado para baixo, seguido por recuo de 0,6% no segundo tri e perspectivas decrescentes para o resultado do ano. Os dados do IBGE revelaram, no 2ºtri/14, queda de 0,6% no Produto Interno Bruto brasileiro, após revisão para baixo do resultado do 1°tri/14, que recuou de +0,2% para -0,1%. Dois trimestres de queda consecutiva constituem recessão técnica, segundo convenção adotada internacionalmente. Do lado da oferta, a contração ocorreu nas indústrias de construção civil e de transformação. A primeira foi afetada, sobremaneira, pela perda de dinamismo nas obras de infraestrutura, serviços especializados e em menor grau, pela retração na construção de edifícios. Na indústria de transformação, a retração na produção de bens de capital e de consumo duráveis foi a responsável pelo mau andamento do segmento. Por outro lado, a indústria extrativa reagiu positivamente no período, amortecendo o impacto das perdas das demais indústrias na indústria geral. Gráfico 1. Desempenho do PIB trimestral pela Ótica da oferta e da demanda no 1ºtri/14 e 2ºtri/14. 3,1% 2,8% 0,2% Agro -1,5% -1,2% 0,0% -0,5% Indústria Serviços -0,1% -0,6% PIB 0,3%-0,2% Família 0,4% -0,7% Governo 0,9% FBKF X M -2,1% -2,8% -3,8% -5,3% ÓTICA DA OFERTA PIB 2° tri/14 ÓTICA DA DEMANDA 1° tri/14 Fonte: IBGE Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 7 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão No lado da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (investimento agregado) e o consumo do governo foram os mais afetados. A FBKF encolheu 5,3% em relação ao primeiro trimestre, mostrando a piora da recessão no setor produtor de bens de capital, em especial caminhões, ônibus, tratores e demais equipamentos de transporte, assim como o menor nível histórico de confiança para o setor. O tímido avanço no consumo das famílias brasileiras evidencia que as políticas de estímulo surtem efeito limitado em um cenário de corrosão do poder de compra da massa salarial (efeito da inflação elevada), menor dinamismo do mercado de trabalho e níveis elevados de endividamento da população. A novidade em relação ao trimestre anterior ficou por conta das exportações de bens e serviços, que reagiram de forma positiva, impulsionadas pela desvalorização da taxa de câmbio e consequente ganho de competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo. Produção Industrial Produção industrial encerra o terceiro trimestre de 2014 com recuo de 0,2%, acumulando o quinto trimestre consecutivo de queda. Segundo o IBGE, a produção industrial brasileira registrou recuo de 0,2% em setembro, na comparação com o mês anterior (incluindo os ajustes sazonais), resultando em mais um trimestre de queda (-0,2%), mesmo após tênue recuperação nos meses de julho e agosto. A queda no setor reflete o mau desempenho dos Bens Intermediários (considerados o core da indústria), que recuaram 1,62%, enquanto as demais categorias apresentaram alta. Os mesmos segmentos que protagonizaram a melhora relativa no mês anterior foram responsáveis pela queda neste mês, com destaque para produção Alimentos e bebidas elaborados e Insumos industriais básicos. Analisando-se o desempenho dos dois subsetores da Indústria, a Indústria extrativa interrompeu seis meses de alta, registrando recuo de 0,19% em setembro, e a Indústria de transformação (responsável por cerca de 90% da agregação de valor setorial), após ter interrompido o ciclo de quedas que vinha ocorrendo desde março nos dois meses anteriores, voltou a recuar no corrente mês (0,10%). Gráfico 2. Brasil: evolução da produção física industrial com ajuste sazonal (média de 2012 = 100) - set/06 a set/14. Fonte: IBGE Não obstante o registro de dois meses consecutivos de modesta recuperação e recuo no mês de setembro, a Indústria de transformação brasileira encontrase em um ciclo de queda pronunciada nos período recente, com queda de 4,7% em setembro, na comparação com o indicador de setembro de 2013. Já a Indústria Extrativa registrou o patamar mais elevado da série histórica, 8,4% superior ao patamar registrado no mesmo mês do ano anterior. Dentro da indústria de transformação, 23,8% dos segmentos pesquisados apresentaram queda no mês assinalado, destacando-se: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-2,7%), Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-2,6%), Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 8 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-1,3%). Por outro lado, houve melhoras significativas na Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+10,1%) e Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (+ 10,1%), cada, e aumento de 4,6% na Fabricação de produtos de borracha e de material plástico. No Gráfico 2 pode-se observar o desempenho da indústria, com aberturas para as Indústria de Transformação e Extrativa. Na comparação do terceiro trimestre de 2014 frente ao trimestre anterior (com ajuste sazonal), a indústria de transformação registra queda de 0,7%, enquanto a indústria extrativa registra expansão de 3,0%. O baixo dinamismo da indústria de transformação tem a ver com a fragilidade de sete dos 25 segmentos pesquisados, principalmente, Fabricação de bebidas (-5,5%) Fabricação de produtos alimentícios (-5,3%) e Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,2%). Considerando-se as categorias de uso no acumulado do ano, há perdas generalizadas em todas as categorias, sendo que os mais afetados são os Bens de consumo duráveis, com recuo de 9,6%, seguidos pela produção de Bens de capital (-8,2%), setores mais dependentes das exportações (especialmente os embarques para a Argentina, no caso da Indústria automobilística), das condições gerais de crédito da economia e das expectativas dos empresários (Gráfico 5). Ainda, no caso do segmento automobilístico, as dificuldades das montadoras brasileiras, se traduziram na elevação dos estoques, que atingiram o patamar de 413,4 mil unidades, o maior nível do ano. Gráfico 3. Produção Física Industrial por Categoria de Uso no acumulado (Jan-Set) de 2014. Observa-se, no acumulado do ano, expressivos recuos em todas as categorias de uso da indústria de transformação, especialmente nos segmentos de Bens de consumo duráveis (-9,6%) e Bens de capital (-8,2%), que se mostram cada vez mais dependentes das políticas direcionadas do governo. Semi-duráveis e não duráveis -9,6% 0,2% Bens de consumo duráveis -2,1% Bens de consumo -2,4% Bens intermediários Bens de capital -8,2% Geral -2,8% -12,0 -10,0 -8,0 -6,0 -4,0 -2,0 0,0 2,0 Fonte: IBGE Confiança do Empresário industrial recua 15,7% na comparação interanual. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Índice de Confiança do Empresário Industrial - ICE registrou queda de 1,4% em outubro quando comparado com mês anterior. Essa queda foi provocada pela deterioração dos índices de Situação Atual – ISA (-1,6%) e do Índice de Expetativas –IE (-1,3%). Contra o mesmo mês de 2013, o ICE registrou queda de 15,7%, o menor patamar desde a crise de 2008-9. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 9 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Gráfico 4. Evolução do Índice de Confiança da Indústria, entre out/06 e out/14. 130,0 OTIMISTA 120,0 110,0 100,0 90,0 80,0 PESSIMISTA 70,0 60,0 ICI ICI - presente O aprofundamento do pessimismo dos empresários (abaixo do neutro desde outubro de 2013) reflete o baixo crescimento da economia neste e no próximo ano e também as incertezas na condução da política econômica no período pós-eleitoral. ICI - expectativas Fonte: IFGV Utilização da Capacidade Instalada FGV sinaliza recuo de 0,7% na UCI do terceiro trimestre Os dados divulgados pela FGV indicam queda de 0,7% na Utilização de Capacidade Instalada UCI da indústria de transformação no terceiro trimestre do ano, reflexo da menor utilização de capacidade nas indústrias de Bens de capital (-3,0%) e de Bens de consumo intermediário (-1,4%). Tais indicadores, especialmente aqueles relacionados aos elos intermediários das cadeias industriais, reforçam as expectativas de aprofundamento da trajetória de queda na produção da indústria em 2014. Comparando-se com a capacidade média utilizada ao longo do ano passado, chega-se a um recuo de 0,4%. Dentre os gêneros industriais com maiores quedas na UCI encontram-se: Material de transporte (-3,9%), Material elétrico e de comunicações (-2,5%) e Matérias plásticas (-2,4%). Gráfico 5. Utilização da Capacidade Instalada Industrial Geral e Por Categoria de Uso – 3°tri/02 a 3°tri/14 (em %) 100,0 Média dos últimos 60 meses = 83,9 95,0 90,0 85,0 80,0 75,0 70,0 65,0 Geral (FGV) Bens de capital Bens de consumo intermediário Fonte: FGV Bens de consumo Material de construção O Gráfico 5 mostra a evolução do utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, com aberturas por categoria de uso. É evidente o recuo da UCI ao longo de 2014, registrando melhora relativa no segundo tri, mas sem efeitos na produção industrial. Nota-se, ainda, queda contínua de UCI na indústria de material de construção e de bens de capital. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 10 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Comércio Comércio Brasileiro cresce no mês de agosto, mas acumulado do ano recua para 3,8%. A pesquisa mensal do IBGE confirmou alta de 1,1% no volume de vendas do comércio varejista no mês de agosto, rompendo dois meses de quedas consecutivas (Tabela 1). As atividades de Equipamentos e material de escritório... (+7,5%) e Tecidos, vestuário e calçados (+3,2%), foram os destaques no mês assinalado, em grande medida impulsionados pelos gastos eleitorais, enquanto que o recuo de 0,1% em Hipermercados, supermercados, bebidas e fumo evidenciou a combinação dos efeitos restritivos da inflação elevada com o alto grau de endividamento das famílias. Por outro lado, quando se analisa os dados mensais do comércio varejista ampliado (recuo de 0,4% em agosto, com ajuste sazonal), observa-se queda de 2,5% na venda de Veículos, motocicletas, partes e peças, retomando tendência observada desde janeiro, após alta de 8,0% no mês anterior. Já na comparação interanual (contra agosto de 2013), observou-se uma retração de 0,3%, para a qual contribuíram os segmentos mais dependentes das condições gerais de crédito, a exemplo dos Móveis e eletrodomésticos (-7,5%) e sobretudo da venda de veículos (-17,5%), que, juntamente com o segmento de Material de construção (-5,7%) levaram o Comércio varejista ampliado a registrar queda de 5,6%. Tabela 1. Brasil: Taxas de Variação Mensal e Anual do Volume de Vendas do Comércio Varejista (%) Atividades COMÉRCIO VAREJISTA (*) Combustíveis e lubrificantes Variação Mensal % (*) Contra mesmo mês % 12 meses em % jun/14 jul/14 ago/14 jun/14 jul/14 ago/14 jun/14 jul/14 ago/14 -0,7 -1,0 1,1 2,5 -1,1 -0,3 4,8 4,3 3,8 -2,3 1,2 -2,7 -0,3 0,1 5,3 4,6 4,1 0,4 0,3 -1,1 -1,2 0,8 0,5 0,0 -0,1 -1,7 -1,9 3,4 3,3 3,2 3,1 2,6 2,5 -2,5 -4,1 -1,2 1,7 0,9 0,5 0,1 -9,2 -7,5 5,6 3,9 2,6 Tecidos, vestuário e calçados -0,5 0,1 Móveis e eletrodomésticos -2,2 -4,7 Art. farm., méd., orto., perf. e cosm. -0,8 0,6 Livros, jornais, revistas e papelaria -6,8 4,5 Equip. e mat. Escrit., inform. Comum. -4,2 0,9 Outros art. uso pessoal e doméstico COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO (*) -1,1 -1,2 1,4 -0,1 0 3,2 1,3 2,5 0,9 7,5 1,6 7,9 -3,3 0,6 -0,4 -4,6 -12,3 8,0 4,3 -2,5 0,2 -18,7 -5,2 -4,6 Hiper., super., prod. Alim., beb. e fumo Hipermercados e supermercados Veículos, motocicletas, partes e peças Material de construção 7,8 7,0 7,1 10,8 10,4 10,2 -12,5 -12,5 -8,9 -2,7 -3,6 -4,2 -7,5 -8,4 -6,8 3,6 2,2 0,9 4,5 4,4 10,2 9,7 9,3 -4,8 -5,6 1,7 1,2 0,8 -12,5 -17,4 -4,3 -5,2 -5,5 -3,3 -5,7 4,6 3,4 2,5 Fonte: IBGE As medidas de estímulo à concessão de crédito, em vigor desde o início de setembro deverão influenciar positivamente as vendas do comércio, embora parcialmente anuladas pela perda de dinamismo da massa salarial real, fruto da redução na geração de empregos e da corrosão inflacionária. Estes mesmos fatores explicam a perda de dinamismo nas vendas reais do comércio varejista no acumulado dos últimos 12 meses, (3,8% no comércio varejista e 0,8% no comércio varejista ampliado na medição de agosto, contra mais de 8,0% na média do período 2007-11) Inadimplência Inadimplência de São Paulo volta a crescer nos últimos 12 meses A taxa líquida de inadimplência registrou expansão de 3,7% em setembro na comparação com o mês anterior. O movimento de alta captou os efeitos de alta nos novos registros, que cresceram 1,6% no mesmo período e 8,5% na comparação interanual. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 11 Outubro/Novembro de 2014 O nível de inadimplência do estado se mantém abaixo de 5% desde novembro do ano passado e mostra sinais de crescimento na ponta, passando de 4,5% para 4,6% em setembro. Não obstante o patamar modesto do indicador, a expectativa da continuidade da subida dos juros básicos no próximo ano e a trajetória da massa salarial real em um quadro de inflação elevada, comprometimento da renda com dívidas e queda na geração de emprego poderá ser um agravante para o problema. Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Gráfico 6. Inadimplência líquida* no SCPC em São Paulo (média móvel 12 meses) - Set/05 a Set/14 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 5,5 5,0 4,5 4,0 Fonte: SBPC. * (novos registros líquidos/ consultas ao SBPC em t-3) Indicador de Inadimplência da pessoa física cresce 4,2% no ano Se por um lado, a inadimplência de São Paulo voltou a crescer somente em setembro; a inadimplência do consumidor brasileiro acumula alta de 4,2% entre janeiro e setembro contra o mesmo período do ano anterior. A despeito de a variação se mostrar inferior a registrada nos anos de 2011 e 2012, quando chegou a registrar picos de 23,4%, o crescimento é preocupante porque a tendência observada até meados desde ano era de desaceleração. Gráfico 7. Inadimplência do Consumidor Variação Acumulada Anual, entre set/05 e set/14 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% -10,0% Fonte: SERASA/Experian. No Gráfico 7 pode se perceber a evolução da inadimplência do consumidor no Brasil. Neste ano, rompeu-se a trajetória de desaceleração que vinha ocorrendo no indicador. O impacto negativo da aceleração do indicador será, sobretudo, no comércio onde as condições de créditos são necessárias para alavancar a atividade, sendo assim as boas perspectivas para as vendas do fim de ano começam a ser ofuscada pela abalada saúde financeira dos consumidores. Inflação Teto da inflação é rompido pela quarta vez em 2014 e coloca em xeque o resultado do ano. De acordo com o IBGE, o IPCA avançou 0,42% em setembro, na comparação com o mês de agosto, desacelerando em relação ao mês anterior. Com essa variação, a inflação de 12 meses continuou acima do teto da meta pela quarta vez no ano e apesar de a taxa situar-se abaixo da registrada em setembro último (saiu de 6,74% para 6,58%), coloca em dúvida a capacidade de o Banco Central mantê-la dentro do intervalo de tolerância (2,5%-6,5%) fixado para 2014. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 12 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Gráfico 8. Evolução do IPCA, Preços Monitorados e Preços Livres entre Out/06 a Out/14 (Acum. 12m. %) 12,0 Meta de Inflação: 4,5% 10,5 9,0 Teto do intervalo: 6,5% 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 IPCA IPCA - não-comercializáveis IPCA - preços monitorados IPCA - comercializáveis Fonte: IBGE A pressão dos preços comercializáveis (fruto em grande medida da desvalorização cambial) e a recuperação dos preços monitorados em função dos inevitáveis ajustes de tarifas de serviços de utilidade pública a exemplo da energia elétrica e dos combustíveis, em breve), mais que compensaram o recuo nos preços não comercializáveis (Serviços) nos meses recentes. A continuidade das pressões mencionadas deverá fazer o Banco central continuar a elevação das taxas básicas de juros nos próximos meses. Os grupamentos de Habitação (+0,68%), Vestuário (+0,62%) e Alimentação (+0,46%) pressionaram o índice do mês, variando, inclusive, acima do índice geral. O aumento no primeiro grupamento está ligado à aceleração no preço da energia elétrica, reajuste nos aluguéis e gás de botijão. Já no último grupamento os preços da carne e do tomate foram os responsáveis pela alta. No acumulado do ano, enquanto os preços Monitorados (+5,57%) e os Comercializáveis se mantêm abaixo do teto da meta, ao passo que os preços Não Comercializáveis (+7,47%) se encontra bem acima do teto assinalado. O represamento das tarifas de telefone fixo e da taxa de água e esgoto, além disso o congelamento das tarifas de metrô, ônibus urbano e gasolina são os principais responsáveis por essa tímida expansão dos Monitorados. As medidas subjacentes de inflação mostram que a média do índice de difusão no acumulado de 2014 foi superior em 0,83 p.p. a do índice de 2013 no mesmo período. Isso mostra a resistência da inflação em retornar ao centro da meta. Além disso, o núcleo do IPCA por exclusão (Monitorados e Alimentação) anda completamente descolado da inflação oficial, tendo alcançado 7,4% em outubro deste ano. O comportamento dos dois indicadores dimensiona as dificuldades atuais na condução da política monetária. Gráfico 9 - Evolução do Núcleo do IPCA e do Índice de Difusão - Out/06 a Out/14 (Acum. 12 m. %). 80,0 7,5 70,0 6,5 5,5 60,0 4,5 50,0 3,5 40,0 2,5 Índice de difusão Núcleo Fonte: IBGE Setor externo A Balança Comercial brasileira registrou déficit acumulado de US$ 688 milhões entre janeiro e setembro, resultado de US$ 173,6 bilhões em exportações e US$ 174,3 bilhões em importações. O Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 13 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão saldo comercial, embora deficitário, é um pouco melhor do que o registrado nos primeiros nove meses de 2013. Isto porque este ano as importações registraram queda de 2,8% enquanto as exportações tiveram queda de 2,3%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o déficit na conta de Serviços e Rendas cresceu 3,3%, entre janeiro e setembro deste ano, na comparação com o mesmo período de 2013. Mesmo com o dólar mais caro, o gasto de brasileiros com viagens para o exterior continuou a bater recorde (passando de US$ 18,9 bilhões entre janeiro e setembro de 2013 para US$ 19,6 bilhões no mesmo período deste ano), e o déficit na conta de viagens internacionais cresceu 2,5%. As despesas de residentes com aluguel de equipamentos no exterior alcançaram US$ 16,2 bilhões entre janeiro a setembro deste ano, ante US$ 13,3 bilhões gastos em igual período de 2013, despesas que estão diretamente associadas à exportação de plataformas de petróleo da Petrobras para suas subsidiárias no exterior, prática corriqueira no ano passado. A remessa de lucros e dividendos para o exterior, oriundos de investimentos estrangeiros diretos aqui no Brasil, caiu 14,7%, de US$ 16,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2013 para US$ 13,9 bilhões no mesmo período deste ano, possivelmente um reflexo do baixo crescimento econômico e dos menores ganhos das empresas estrangeiras. Tabela 2 – Balanço de Pagamentos Brasileiro (US$ milhões): 2010 a 2014 Discriminação TRANSAÇÕES CORRENTES 2011 2012 2013 2013* 2014* Var. % 14/13 -52.480 -54.232 -81.652 -60.696 -62.969 -3,7 Balança comercial (FOB) 29.807 19.446 2.552 -1.617 -688 57,5 Exportação de bens 256.040 242.580 242.179 177.650 173.635 -2,3 Importação de bens Serviços e Rendas Serviços -226.233 -85.271 -37.952 -223.134 -76.524 -41.076 -239.627 -87.570 -47.795 -179.268 -61.298 -35.083 -174.323 -63.342 -35.785 -2,8 -3,3 -2,0 Viagens internacionais -14.709 -15.588 -18.608 -13.872 -14.214 -2,5 Aluguel de equipamentos Rendas Lucros e dividendos -16.686 -47.319 -27.379 -18.741 -35.448 -17.183 -19.060 -39.774 -19.251 -13.354 -26.215 -11.878 -16.236 -27.557 -12.801 -21,6 -5,1 -7,8 1.804 4.488 4.603 4.449 1.118 -74,9 -29.183 2.984 112.389 1.573 -21.672 2.846 72.887 -1.877 -23.854 3.366 74.537 1.194 -16.327 2.219 61.964 929 -13.919 1.061 79.369 417 14,7 -52,2 28,1 -55,1 110.816 74.764 73.342 61.035 78.952 29,4 67.689 68.089 66.380 45.359 46.826 3,2 66.660 65.251 63.969 43.784 46.295 5,7 Receita Despesa Transf. Unilaterais Correntes CONTA CAPITAL E FINANCEIRA Conta Capital Conta Financeira Investimento Direto Investimento estrangeiro direto Investimento em Carteira 35.311 8.794 29.269 31.551 35.959 14,0 7.813 -2.144 -22.433 -15.992 -3.631 77,3 ERROS E OMISSÕES -1.272 244 1.189 1.046 3.587 243,0 RESULTADO DO BALANÇO 58.637 18.900 -5.926 2.313 19.988 764,0 -2,1 -2,4 -3,7 -3,6 -3,7 - 352.012 378.613 358.808 368.654 375.513 - Outros Investimentos TRANSAÇÕES CORRENTES¹ (%PIB) RESERVAS INTERNACIONAIS Fonte: BACEN *Janeiro a Setembro O déficit em transações correntes foi de US$ 7,9 bilhões em setembro, o maior para o mês desde o início da série histórica. No ano, de janeiro a setembro, as transações correntes acumularam déficit de US$ 62,9 bilhões, 3,7% maior que o acumulado no mesmo período de 2013; e em 12 meses, o déficit alcançou US$ 83,9 bilhões, atingindo a marca de 3,7% do PIB. Trata-se de um nível elevado e arriscado, já que o patamar de 3,0% do PIB é considerado por muitos analistas Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 14 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão como um limite prudencial, a partir do qual um país torna-se vulnerável às mudanças bruscas nas condições de financiamento externas. Embora o cenário internacional permaneça com elevada liquidez (conforme visto anteriormente, a transição para uma política monetária de juros reais positivos nos EUA, já em operação, deverá ser lenta, tendo em vista o baixo dinamismo da zona do Euro, que tende a exportar os custos de seu ajuste macroeconômico, através de uma taxa cambial depreciada), é importante observar que uma parcela crescente do déficit em transações correntes brasileiro vem sendo coberta por recursos voláteis, os investimentos em carteira, que compreendem títulos da dívida pública e ações, facilmente reversíveis em conjunturas de deterioração de expectativas. Não obstante as ressalvas, o resultado geral do balanço de pagamentos, de janeiro a setembro, é superavitário em US$ 19,9 bilhões, resultado quase nove vezes maior que no mesmo período de 2013, o que ajudou a recompor as reservas internacionais ao patamar em que estavam no fim de 2012. Em 2014, a conta Financeira vem apresentando um desempenho mais favorável em todas as suas rubricas. O saldo no item Investimento Direto cresceu 3,2%, com o Investimento estrangeiro direto no país atingindo, nos nove primeiros meses do ano, a marca de US$ 46,3 bilhões, avanço de 5,7% contra o mesmo período do ano passado, o que indica que o cenário de baixo crescimento econômico e a incerteza em relação ao futuro da política econômica não tem afetado o ânimo dos investidores estrangeiros. O saldo no item Investimento em Carteira cresceu 14,0%, beneficiado pela redução (de 66,1%) dos investimentos em carteira feitos por brasileiros no exterior. Comércio Exterior No que se refere às exportações, a Tabela 3 mostra um recuo de 2,3% (de US$ 177,7 bilhões entre janeiro e setembro de 2013 para US$ 173,6 bilhões no mesmo período deste ano). Essa redução se dá nos produtos semimanufaturados (-4,8%) e manufaturados (-7,7%). As vendas de automóveis para o exterior, por exemplo, registraram queda de 37,7% este ano (de US$ 4,3 bilhões no ano passado para US$ 2,7 bilhões agora). E o principal comprador externo dos automóveis nacionais é a Argentina, cuja moeda enfrentou forte desvalorização ao longo do ano. Na prática, isso significou importações mais caras para os argentinos. O resultado é que as exportações brasileiras para o país vizinho, que somaram US$ 14,9 bilhões entre janeiro e setembro de 2013, recuaram 26,1%, para US$ 11,0 bilhões no mesmo período deste ano. Tabela 3 – Exportações brasileiras por fator agregado (US$ bilhões): 2008 a 2014 Total Ano Exportações Básicos Total (em US$ bilhões) 2008 197,9 73,0 2009 153,0 62,0 2010 201,9 90,0 2011 256,0 122,5 2012 242,6 113,5 2013 242,2 113,0 2013* 177,7 85,5 2014* 173,6 86,9 Fonte: MDIC *Janeiro a Setembro Semimanufaturados Manufaturados % do total Total (em US$ bilhões) % do total Total (em US$ bilhões) % do total 36,9% 40,5% 44,6% 47,8% 46,8% 46,7% 48,1% 50,1% 27,1 20,5 28,2 36,0 33,9 30,5 22,5 21,4 13,7% 13,4% 14,0% 14,1% 14,0% 12,6% 12,6% 12,3% 92,7 67,3 79,6 92,3 90,7 93,1 65,6 60,5 46,8% 44,0% 39,4% 36,0% 37,4% 38,4% 36,9% 34,8% Enquanto as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados estão em queda – mesmo com o câmbio, a princípio, mais competitivo em 2014 comparado a 2013 – a exportação de produtos básicos registrou avanço de 1,6% entre janeiro e setembro de 2014, contra o mesmo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 15 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão período do ano passado. Ampliaram-se as receitas com os embarques de soja e petróleo bruto, enquanto reduziram-se as receitas com embarques de minério de ferro e milho. O volume exportado, em Gráfico 10 – Índice de preços das principais commodities da toneladas, de minério de ferro Balança Comercial Brasileira – Set/08 a Set/14 (mai/05 = 100) cresceu 3,6%, mas a receita teve 700,0 queda (-14,6%), entre janeiro e 600,0 setembro deste ano, comparado ao 500,0 mesmo período de 2013. Na mesma 400,0 base de comparação, o volume exportado de soja cresceu 9,9%, 300,0 mas a receita somente 5,2%. A 200,0 explicação para isso vem do preço 100,0 dessas commodities no mercado 0,0 internacional. No ano, a cotação da tonelada do minério de ferro Índice Soja Índice Alumínio Minério de Ferro Petróleo Brent apresenta queda de 35,8%, enquanto o da soja apresenta recuo de 22,5%. Fonte: Indexmundi Se a desvalorização do real frente ao dólar não foi suficiente para frear os gastos de brasileiros com viagens internacionais, pode ter exercido influência na redução da importação de Bens de Consumo, que registraram recuo de 4,5% entre janeiro e setembro deste ano, frente ao mesmo período do ano passado. A queda foi maior em relação aos bens de consumo duráveis (-9,7%), principalmente automóveis. A estagnação econômica também pode ter pesado para reduzir as compras do exterior. Na Tabela 4, é possível observar que as importações de Bens de Capital e de Bens Intermediários também registraram recuos (-5,5% e -1,6%, respectivamente), resultado da debilidade da indústria nacional, cuja produção deve cair 2,2% em2014, segundo previsões de mercado indicadas no Relatório Focus/BACEN. A importação de combustíveis e lubrificantes somou, entre janeiro e setembro deste ano, US$ 34,2 bilhões, com estabilidade em relação ao registrado no mesmo período de 2013. O preço do barril de petróleo no mercado internacional tem recuado nos últimos meses (de US$ 111 em junho para US$ 86 em outubro), o que tende a aliviar a defasagem entre esse preço e o praticado pela Petrobras no mercado interno. Por outro lado, a escalada do dólar, que chegou a marca de R$ 2,60, a maior desde 2005, atua no sentido de tornar mais caro a importação de combustíveis e lubrificantes. A recente correção dos preços internos da gasolina e do diesel deve aliviar o prejuízo que a Petrobras vem tendo, mas pode não ter repercussão sobre o saldo na chamada conta-petróleo se a desvalorização do real continuar. Embora o déficit na “conta-petróleo” tenha tido um alívio em função de recordes na produção de petróleo e do crescimento das exportações de Óleo Bruto (+41,7%), o país segue com dificuldade em reduzir as importações de combustíveis e lubrificantes, dada a limitada capacidade interna de refino. Mercado de Trabalho Apesar do baixo desemprego, mercado de trabalho brasileiro dá sinais de estagnação. A taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do país, medida pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, ficou em 4,9% no mês de setembro, a menor taxa para o mês Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 16 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão desde o início da série histórica, em 2002. O número é, sem dúvida, positivo, mas o baixo nível de desemprego medido pela PME merece uma reflexão. O Gráfico 11 informa a taxa de crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) e da População Ocupada (PO) – média de 12 meses. Gráfico 11 – Crescimento interanual da PEA e PO - set/05 a set/14. 3,6 3,1 2,6 2,1 1,6 1,1 0,6 0,1 -0,4 -0,9 Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PMEIBGE), a População Ocupada nas seis principais regiões metropolitanas do país recuou 0,2% em set/2014, na comparação com o mesmo mês do ano passado. A População Economicamente Ativa apresentou queda ainda maior, de 0,9% na mesma base de comparação. -0,2% -0,9% PO PEA Fonte: PME/IBGE Nesse sentido, a taxa de desocupação segue estável e em um patamar historicamente baixo não porque há mais pessoas trabalhando, mas porque há menos pessoas procurando trabalho. Um dado, contido no gráfico 12 a seguir, é revelador. O Gráfico 12 informa o crescimento interanual da PEA por grupo de idade, especificamente a faixa etária entre 18 e 24 anos. Enquanto a PEA total registra queda anualizada de 0,9%, o número de jovens entre 18 e 24 anos economicamente ativos, isto é, que estão trabalhando ou à procura de trabalho, tem queda muito mais forte, de 5,7%. A atual conjuntura sugere a manutenção de baixa taxa de desocupação à custa da menor procura dos jovens por trabalho. Gráfico 12 – Crescimento interanual da PEA (total e por grupo de idade) – set/04 a set/14. 4,0 2,0 0,0 -0,9% -2,0 -4,0 -5,7% -6,0 PEA total PEA 18 a 24 anos Fonte: PME/IBGE Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 17 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Gráfico 13 – Evolução da massa salarial real¹ (US$ bilhões) e taxa de crescimento interanual (em %) – ago/05 a ago/14. 586,6 600,0 9,0 8,0 7,0 500,0 6,0 5,0 400,0 4,0 2,5% 3,0 300,0 2,0 1,0 200,0 0,0 Massa salarial real Fonte: PME/IBGE¹Acumulado em 12 meses Taxa de crescimento A taxa de crescimento da massa salarial real foi de 2,5% em ago/14, na comparação com ago/13. A massa salarial é um produto entre a população ocupada e o rendimento médio recebido por este contingente, em um determinado período de tempo. Enquanto a população ocupada contribuiu negativamente, o rendimento médio teve crescimento real de 2,8% na mesma base de comparação anterior. A Tabela 5 informa a movimentação líquida de empregos formais no Brasil. Desde 2011, o mercado de trabalho formal brasileiro vem perdendo fôlego, com desaceleração no ritmo de abertura de novas vagas. A tendência é que em 2014 a geração de empregos tenha seu menor resultado em uma década, possivelmente com saldo abaixo de 800 mil. De acordo com o CAGED, de janeiro a setembro de 2014 foram abertas 904,9 mil novas vagas no mercado de trabalho formal, redução expressiva de 35,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram abertas 1,4 milhão de novas vagas. Tabela 5 – Geração líquida de empregos formais (admissões - demissões): Brasil- 2011 a 2014 Geração de empregos Setores de Atividade 2011 2012 Total 2.026.571 1.372.594 Extrativa mineral 19.663 11.299 Ind. de Transformação 224.409 92.814 SIUP¹ 9.617 10.233 Construçao civil 235.922 156.875 Comércio 477.367 402.700 Serviços 958.215 696.434 Administração pública 15.793 -3.912 Agropecuária 85.585 6.151 Fonte: CAGED/MTE *Janeiro a Setembro 2013 2013* (a) 1.137.493 2.711 122.582 8.330 104.542 325.202 561.285 19.464 -6.623 1.399.443 4.954 288.932 8.738 215.671 140.412 573.116 37.710 129.910 Variação absoluta 2014* (b) (b-a) 904.913 1.588 55.479 5.923 99.564 36.984 566.112 28.744 110.519 -494.530 -3.366 -233.453 -2.815 -116.107 -103.428 -7.004 -8.966 -19.391 Var. % (b/a) -35,3 -67,9 -80,8 -32,2 -53,8 -73,7 -1,2 -23,8 -14,9 Houve recuo em todos os setores de atividade, mais expressivo no Comércio e na Indústria de Transformação. O resultado no Comércio reflete algumas dificuldades no plano doméstico: a inflação persistente, próxima a 6,5% no acumulado de 12 meses durante todo o ano, que reduz o poder de compra principalmente dos mais pobres; o fraco crescimento da massa salarial real (comparado à anos anteriores recentes), que repercute negativamente sobre o ritmo de crescimento das vendas no Comércio Varejista; e condições de crédito mais restritivas, consequências da elevação sistemática da taxa SELIC, que variou de 7,25% a.a. em abril de 2013 para 11,25% a.a. no final de outubro. Esse conjunto de fatores explica o menor dinamismo do mercado de trabalho no Comércio. Entre janeiro e setembro de 2013, o setor registrou 140,4 mil admissões líquidas Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 18 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão (contratações menos demissões) No mesmo período de 2014, o segmento varejista do Comércio teve saldo negativo (-4,2 mil) e o setor como um todo apresentou um desempenho bem mais modesto do que em 2013, com abertura líquida de 36,9 mil novas vagas. As contratações da Indústria de Transformação também perderam dinamismo em 2014. De janeiro a setembro deste ano, o setor abriu 55,4 mil novas vagas, número 80,8% menor que o registrado no mesmo período de 2013 (288,9 mil). Desagregando-se por segmento, a pior situação é da Indústria do Material de Transporte, com registro até setembro de 27,5 mil demissões líquidas, seriamente afetada pela queda, tanto no mercado interno como no mercado externo, na venda de veículos automotores. Os segmentos da Indústria Metalúrgica (-11,3 mil), da Indústria Mecânica (5,2 mil) e de Material Elétrico e de Comunicações (-6,6 mil), que em certa medida compõem a cadeia produtiva da indústria automobilística, também acumulam números negativos no mercado de trabalho em 2014. A Agropecuária também deixou a desejar, com a geração líquida de 110,5 mil empregos até setembro, resultado 14,9% menor que no mesmo período de 2013. Apesar da safra recorde de soja, o setor foi prejudicado pela estiagem na Região Sudeste, com perdas nas lavouras de café e laranja. O setor de Serviços foi o mais dinâmico no período, respondendo por 62,5% das admissões líquidas entre janeiro e setembro de 2014, embora tal desempenho tenha sido quase idêntico ao verificado em igual período do ano passado. Os segmentos de Ensino (127,1 mil), de Serviços Médicos, Odontológicos e Veterinários (88,5 mil) e de Alojamento e Alimentação (147,8 mil) registraram variação positiva nas contratações líquidas em relação ao mesmo período de 2013. Os segmentos de Transporte e Comunicações (65,0 mil) e Comércio e Administração de Imóveis e Valores Mobiliários (134,2 mil), por sua vez, registraram variação negativa. Como se vê, a demanda por mão-de-obra no Brasil vem perdendo força ao longo dos últimos três anos, em todos os setores, de acordo com os dados do CAGED, que têm abrangência nacional. Dado o baixo crescimento econômico desse período, não há surpresas nesse fenômeno. A Pesquisa Mensal de Emprego, cuja abrangência é mais reduzida, informa que a oferta de mão-de-obra também perdeu força, com menos jovens à procura de trabalho. Alguns estudos recentes apontam que a expansão de políticas públicas de acesso ao ensino superior está por trás dessa dinâmica. Se isso for verdade, espera-se que um contingente, que hoje está na sala de aula em busca de qualificação profissional, volte a procurar trabalho a partir dos próximos anos. Se o crescimento econômico não for retomado, certamente haverá reflexo no sentido de elevação da taxa de desemprego a partir dos próximos anos. Finanças Públicas Baixo crescimento da economia compromete Resultado Primário do ano. Governo reavalia a meta. No acumulado do ano até setembro, em relação ao mesmo período de 2013, as receitas registraram crescimento real de 3,8% (+R$ 32,5 bilhões), enquanto as despesas cresceram 9,7% (+R$ 66,6 bi aumento de gastos foi, principalmente, com Custeio (+R$ 23,6 bi) e com Benefícios Previdenciários (+R$ 14,6 bi), os investimentos com o PAC apresentaram um incremento de R$ 14,2 bi. A redução do ritmo de crescimento das receitas, devido ao baixo crescimento da economia e a concomitante aceleração do crescimento das despesas, está comprometendo o Resultado Primário do ano. Até o mês de abril, o Governo estava alinhado com a meta (1,87% do PIB, já descontados os abatimentos). A partir do mês de maio, entretanto, o Resultado Primário do Setor Público Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 19 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Consolidado (Governo Central, Estados e Municípios - fora Petrobras e Eletrobrás) passou a registrar sucessivos déficits, distanciando-se, sistematicamente da meta do ano. No mês de setembro, por exemplo, o déficit R$ 25,49 bilhões foi o maior de toda série, iniciada em dezembro de 2001, até então, o pior resultado era o de dezembro de 2008, com déficit de R$ 20,95 bilhões. No acumulado de 12 meses, encerrados em setembro, o Resultado Primário foi de apenas R$ 31,1 bilhões (0,61% do PIB), bem distante da meta do ano, já ajustada, de R$ 99,0 bilhões (1,9% do PIB). Gráfico 14 - Resultado Primário do Setor Público Consolidado (% PIB) - 2002 a 2014* 3,72 3,79 3,42 3,20 3,31 3,22 3,27 3,11 2,70 2,00 2,39 1,90 0,94 -0,92 Executado Fonte: BCB Meta Resultado sem Contabilidade Criativa O Gráfico 14 mostra como o Resultado Primário tem se deteriorado nos últimos cinco anos e se distanciado cada vez mais da meta cheia, de 3,1% do PIB. Pode-se observar no Gráfico, também, que, nesse período, mesmo com o Governo lançando mão de artifícios fiscais, não conseguiu atingir a meta. *Acum. de 12 meses até em set/2014 Consciente do fato de que, a despeito da contabilidade criativa, não irá alcançar a meta fiscal do ano, mesmo a já ajustada, o Governo Federal encaminhou no dia 11 de setembro um Projeto de Lei ao Congresso Nacional que propõe a alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2014. Até então o valor dos abatimentos poderiam chegar a 67 bilhões. No Projeto de Lei não há referência ao valor máximo que os abatimentos podem atingir, mas o valor ainda continua restrito aos recursos executados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e pelas desonerações realizadas com impacto em 2014. No acumulado do ano até setembro, as despesas do PAC somaram R$ 47,2 bilhões e o impacto das desonerações feitas nos últimos anos, também até setembro, somou R$ 75,69 bilhões, o que chega a um possível valor de abatimento de R$ 122,89 bilhões. Isso significa que, até setembro, o Governo já poderia abater a meta cheia do Governo Central (R$ 116 bilhões) e, ao final do ano, o Governo poderia até fechar com déficit primário, uma vez que são é mais obrigada a cumprir com a meta dos Estados e Governos Regionais. Em suma, essa alteração da LDO 2014 pode ter significado o descompromisso do Governo com a meta fiscal de 2014, embora a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, tenha afirmado o compromisso do governo será com o "máximo superávit primário". O Palácio do Planalto pediu, ao Congresso Nacional, regime de urgência para a votação do Projeto de Lei. Há, ainda, outros gastos que o Governo Federal postergou, os quais, se fossem contabilizados, comprometeriam ainda mais o resultado primário consolidado - são as chamadas “pedaladas”: o adiamento do pagamento de precatórios de pessoal e da Previdência Social, que foram adiados de abril para novembro, no valor aproximado de 6 bilhões; o adiamento, para o próximo ano, da equalização de juros, que é uma despesa primária, relativa às operações de subsídios no âmbito do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 20 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Econômico e Social (BNDES), conta que deve ultrapassa R$ 8 bilhões; ainda há os restos a pagar de despesas de custeio líquido de cancelamentos , que era de R$ 31,9 bilhões em setembro, valor que o governo estava devendo a seus fornecedores e aos bancos que concedem crédito subsidiado. A erosão do Resultado Fiscal Primário tem reflexo direto no endividamento do Governo, pois o governo não economizou recursos nos últimos meses, devido aos déficits. Por isso, a trajetória da Dívida Liquida do Setor Público Consolidado - DLSP e da Dívida Bruta do Governo Central – DBGC voltaram a crescer, após um significativo período de decréscimo, como mostra do Gráfico 15. A Dívida Líquida atingiu o Gráfico 15 – Dívida Liquida do Setor Público e Dívida Bruta do percentual de 35,9% PIB, Governo Central, % do PIB – set/02 a set/14. maior patamar desde mar/2012, quando havia registrado 36,6% PIB. A Dívida Bruta chegou ao percentual de 63,1%, maior patamar desde nov/2009. A volta do crescimento das Dívidas Líquida e Bruta serve de alerta, pois alerta para a elevação do risco de rebaixamento do rating soberano. Fonte: BCB O superávit primário necessário para estabilizar a DLSP, atualmente, gira em torno de 2,0% a 2,5% do PIB. Em se tratando da Dívida Bruta, entretanto, o superávit primário que a estabiliza é bem menor, situando-se próximo de 1,5% do PIB, em 2014. A estratégia mais acertada seria, então, alcançar um equilíbrio entre superávits primários que inibisse o crescimento da dívida liquida e acelerasse a queda da dívida bruta. Para isso, é fundamental controlar os fatores que fizeram explodir o spread entre a taxa Over Selic e os juros implícitos da DLSP, pois o custo do endividamento do Governo é crescente. Segundo alguns analistas, a taxa de juros implícita da DLSP, que oscila atualmente em torno de 17%, a.a., poderá convergir para 20% a.a. até 2018. De fato, o custo do endividamento do Governo é crescente, pois está diretamente relacionado, pelo lado do passivo, à trajetória de alta da taxa Over Selic, e pelo lado do ativo, à baixa remuneração obtida pelo Tesouro sobre os créditos contra bancos públicos (a exemplo dos empréstimos do BNDES, indexados, em sua maior parte, à TJLP, hoje em 5% a.a., inferior à inflação), somada ao custo da manutenção do elevado estoque de reservas internacionais (cerca de US$ 375 bilhões), cuja remuneração no exterior é muito inferior ao custo de captação do Tesouro no mercado brasileiro. Descontados as receitas não recorrentes e os artifícios contábeis, o déficit fiscal nominal consolidado do setor público brasileiro (somando-se ao resultado primário os custos com o serviço da dívida pública) deverá ficar em 2014 acima de 5,5% do PIB, um indicador que, mantido, colocaria a dívida pública (em qualquer das metodologias de mensuração) em trajetória explosiva. O mais sério e imediato desafio para o Governo da Presidenta Dilma Roussef é anunciar um conjunto de medidas de elevação das receitas e controle dos gastos públicos, capaz de reduzir aquele déficit para uma trajetória convergente (abaixo de 3% do PIB). Em um cenário de crescimento baixo ou nulo e de pressão política pela expansão dos gastos, há o risco de que os Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 21 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão cortes de gastos, além de insuficientes, atinjam principalmente os investimentos públicos, contribuindo para reduzir ainda mais a atividade econômica. O não enfrentamento do problema poderá se materializar em custos crescentes para o financiamento da dívida pública, com efeitos danosos sobre as condições gerais de crédito da economia (juros mais altos, menor atividade econômica gerando, por sua vez, piores resultados fiscais). E, sim, há o risco palpável de que uma inatividade no front fiscal leve ao rebaixamento da nota de avaliação de risco do Brasil para abaixo do grau de investimento, o que implicaria em severas restrições ao financiamento externo, com abalo nas expectativas e provável turbulência cambial. CENÁRIO ESTADUAL Produção Agrícola Último levantamento indica incremento de 16,6% na produção de grãos do estado, alcançando 4,084 milhões de toneladas. Os dados do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, divulgados em setembro/2014, mostram que houve incremento na produção física de 16,6% em relação a 2013, alcançando-se o montante recorde 4,084 milhões de toneladas de grãos, segundo o levantamento do IBGE. O resultado reflete a elevação da produtividade das lavouras, exceto a lavoura de soja, que registrou perdas no rendimento (fruto da estiagem ocorrida no primeiro trimestre do ano), mas incrementou área plantada. Dessa maneira, a soja e o milho protagonizaram uma supersafra somando nada menos 3,370 milhões de toneladas ou 82,5% da produção de grãos do Estado (Tabela 6). No caso da soja, é importante observar que o ano de 2014 foi marcado pela ocorrência de supersafras Argentina, no Brasil e nos Estados Unidos, os três players que dominam as exportações mundiais da oleaginosa. Como consequência houve uma elevação dos estoques do grão em termos mundiais, o que se reflete em menores cotações e em menor rentabilidade para os produtores. A Tabela 6 mostra o panorama das principais lavouras de agricultura temporária do estado, destacando área plantada, produção e rendimento médio. No que diz respeito à área plantada, a soja e o milho registraram os maiores incrementos. A área da primeira cresceu 20,3% em comparação com os indicadores da safra de 2012/13, com acréscimo de 114,1 mil hectares. O milho, por sua vez, expandiu sua área em 9,7%, o que representa um incremento de 49,2 ha. No mesmo sentido, a produção de soja registrou expansão de 18,6%, acompanhada por 13,0% na produção de milho. Por outro lado, a análise da produtividade da soja revela que a cultura teve dificuldades em acompanhar o rendimento médio do Brasil, apesar de ter alcançado produtividade acima da nacional no início do ano. Se a lavoura tivesse mantido o mesmo rendimento do ano anterior não teria perdido espaço na produção nordestina (queda na participação de 30,5% para 28,5%). Da mesma forma, o milho também perdeu participação na região, com recuo de mais de 6 p.p. As culturas de base familiar registraram melhoras substanciais no volume de produção e no rendimento médio. A mandioca destaca-se, com expansão na produção da ordem de 23,1%, a despeito da redução na área plantada, decorrente do aumento da produtividade da lavoura, como resultado de melhorias nas técnicas de cultivo nos municípios de Balsas, Belágua, Capinzal do Norte, Graça Aranha, Jatobá, Mirador, Pedreiras, Senador Alexandre Costa e Trizidela do Vale (NOTA DE CONJUNTURA, abr./jul. 2014, p.19). Em segundo lugar, o arroz aparece com o maior incremento na produção e assim como a mandioca, também registrou queda na área plantada, esta última em virtude da migração de alguns produtores para a lavoura de milho e da baixa competitividade do produto diante das importações de outros estados produtores e até do exterior, já Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 22 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão que quase todo o arroz consumido no estado provém de outros países, tais como a Argentina, Vietnã, Uruguai, Paraguai e Suriname, sendo que no ano de 2013, somente o Uruguai registrou expansão de 30,6% na exportação de arroz para o Maranhão e a Argentina incrementou suas exportações em 27,1% (NOTA DE CONJUNTURA, Jan./mar. 2014, p.23). O feijão, por outro lado, registou alta na área plantada, produção e produtividade, entretanto, o quantitativo produzido no estado ainda é baixo, alcançado apenas 7,0% da produção do Nordeste e 1,5% da produção brasileira. Tabela 6 - Estimativa de Área Plantada e Colhida, Produção e Rendimento Médio do Maranhão e Produção do Brasil em 2013 e set/14 Área (mil ha) Cana-deMandioca Algodão açúcar Arroz Feijão Milho Soja Prod. Rend. Prod. Rend. Prod. Rend. Prod. Prod. MA Médio NE Médio BR Médio Produto Período MA/NE MA/BR (mil MA (mil NE (mil BR (%) (%) Plantada ton) (Kg/ha) ton) (Kg/ha) ton) (Kg/ha) 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 2013 (a) 563 678 20,3 506 555 9,7 94 98 4,4 404 389 -3,5 19 19 0,5 190 1.582 1.877 18,6 1.322 1.493 13,0 43 50 17,4 481 588 22,1 75 76 1,2 1.325 2.808 2.770 -1,4 2.028 2.942 45,1 350 504 43,9 1.193 1.510 26,6 4.058 4.089 0,8 6.987 5.268 6.584 25,0 4.808 7.124 48,2 487 720 48,0 704 866 23,1 1.040 81.700 2.932 86.205 2.858 5,5 -2,5 80.547 5.349 78.028 5.130 -3,1 -4,1 2.937 778 3.371 1.504 14,8 93,3 11.759 5.006 12.167 5.168 3,5 3,2 3.404 3.625 4.174 3.731 22,6 2,9 21.199 13.909 30,0 28,5 27,5 21,0 8,8 7,0 68,4 67,9 7,2 6,2 27,6 1,9 2,2 1,6 1,9 1,5 1,5 4,1 4,8 2,2 1,8 6,3 set/14 (c) 188 1.632 8.676 5.739 10.146 23.324 14.723 28,4 7,0 (c/a) -0,9 23,1 24,2 2013 (a) set/14 (c) (c/a) 50 47 -5,9 1.220 17,3 4.810 5,9 - - 2.968 59.594 69.200 57.822 737.859 75.113 2.767 59.046 71.806 59.188 749.046 75.033 4,3 4,1 0,4 0,4 - - -6,8 -0,9 19,3 2.283 2.551 11,7 2.072 2.866 38,3 213 539 153,1 1.282 1.623 26,6 3.199 3.443 7,6 8.368 3,8 21,2 2,4 10,0 1,5 -0,1 Fonte: IBGE/GCEA/LSPA No que tange a área da lavoura de cana-de-açúcar, registrou-se queda na produção de 6,8% frente ao Observado no ano anterior, decorrente de um recuo de 5,9% na área plantada e de 0,9% no rendimento médio. É importante observar que se observa tanto no plano regional quanto no plano nacional redução na área plantada e queda na produtividade dessa lavoura. As dificuldades se devem, em grande parte, ao desestímulo à indústria de etanol e à acomodação dos investimentos do empresariado brasileiro nesse ramo de produção. Por outro lado, o algodão registrou crescimento de 0,5% na área plantada e de 1,2% na produção. Financiamento Imobiliário Ritmo de crescimento de crédito destinado à aquisição de imóveis diminui, mas expansão ainda supera os 20,2% no acumulado de 2014. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 23 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão De acordo com os dados do Sistema Financeiro de Habitação, o total da concessão de crédito para a aquisição de imóveis no Maranhão alcançou R$ 183,5 milhões (valores corrigidos pelo INPC) no primeiro trimestre de 2014, registrando incremento de 20,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Tabela 7 - Total de Financiamentos para Aquisição de Imóveis MA, NE e BR (Valores Constantes em R$ milhões, Inflac. pelo INPC). Total MA NE BR 2007 76,9 857,5 10.198,1 2008 117,9 1.317,6 14.676,2 2009 216,4 2.107,9 20.444,7 2010 319,3 3.883,2 38.809,7 2011 509,5 5.289,9 51.229,5 2012 655,8 6.683,7 59.424,1 2013 760,1 9.029,9 80.297,9 2013* 152,7 1.820,0 15.921,9 2014* 183,5 2.091,4 18.382,1 2007 a 2013 46,5 48,1 41,0 014/013 20,2 14,9 15,5 Fonte: SBPE/Bacen *janeiro aa março Fonte: SBPE/Bacen *janeiro março Ano Part. (%) NE BR 9,0 0,8 8,9 0,8 10,3 1,1 8,2 0,8 9,6 1,0 9,8 1,1 8,4 0,9 8,4 1,0 8,8 1,0 - No Nordeste, o crédito para essa mesma rubrica totalizou R$ 2,0 bilhões, uma expansão de 14,9% na mesma base de comparação. No Brasil, a cifra para o mesmo fim foi de R$ 18,4 bilhões, registrando incremento de 15,5%. Tanto no nível regional quanto no nacional percebe-se uma desaceleração forte na concessão de crédito para aquisição de imóveis, ainda mais quando se considera o contexto dos últimos anos em que a taxa de crescimento real da rubrica ultrapassava 40,0% a.a. Comércio Volume de vendas Comércio maranhense registra expansão de 3,4%, mas taxa de expansão anual entra em desaceleração. O volume de vendas do comércio varejista maranhense cresceu 3,4% em agosto último contra o mês anterior (série livre de efeitos sazonais), recuperando-se da queda na mesma magnitude ocorrida em julho. A taxa interanual de crescimento (contra agosto de 2013) foi 5%, bem inferior à média dos últimos 12 meses (contra o mesmo período anterior), que recuou de 8,9% para 8,5%, demonstrando expressiva acomodação da atividade comercial no estado. A despeito da acomodação na ponta, o Maranhão ainda registra taxas superiores ao Brasil, encontrando-se na 8ª colocação no ranking nacional. Por outro lado, assim como no âmbito nacional, a pressão inflacionária e o elevado nível de endividamento das famílias impactam negativamente nas vendas do comércio no Maranhão. No que diz respeito ao comércio varejista ampliado (que inclui os segmentos de peças de veículos e material de construção), houve recuo de 0,3% na comparação de agosto de 2014 contra o mesmo mês de 2013, registrando-se igualmente queda na taxa de expansão dos últimos 12 últimos meses. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 24 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Gráfico 16. BR e MA: evolução do volume de vendas do As taxas de expansão das vendas comércio varejista ampliado (var % acum. 12 meses) – físicas do comércio varejista Ago/06 a Ago/14 sinalizam desaceleração tanto no plano nacional, quanto no plano 33,0 estadual. Já o comércio varejista 25,0 ampliado, caracterizado pela dependente das condições de crédito 17,0 gerais da economia, registra 9,0 dinamismo bem inferior. No que diz, respeito à performance do comércio 1,0 varejista ampliado, observa-se que a taxa de expansão do comércio -7,0 brasileiro saiu de 7,9% em 2012 para 0,79% em 2014 No Maranhão, o BR MA indicador registra 2,9% de expansão Fonte: IBGE nos últimos 12 meses. O faturamento real do comércio varejista (corrigido pelo IPCA), por sua vez, apresentou crescimento de 3,1% frente a julho último, recuperando a perda registrada naquele mês. Nos últimos 12 meses também percebe-se acomodação do indicador, acompanhando a tendência nacional. A notícia positiva para o mês seguinte parte do aumento do Índice de intenção de consumo dos ludovicenses, sinalizando crescimento das vendas do varejo na capital do Estado (inserir %). Endividamento Percentual de ludovicenses endividados entra em trajetória de queda. Segundo a Pesquisa de Endividamento do Consumidor (PEIC), o percentual de endividados em São Luís recuou para 67,5% no mês de setembro (Gráfico 17). Gráfico 17. São Luís: Proporção de famílias endividadas, com contas em atraso e sem condições de pagá-las, entre Mai/12 a Set/14. 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Contas em Atraso Fonte: FECOMÉRCIO Não terão condições de pagar Endividados (à direita) Foi a segunda queda do indicador, mostrando que mesmo num cenário de inflação alta e taxa de juros elevada, a família ludovicense tem conseguido reverter o quadro recorde de endividamento dos últimos meses. Situação reforçada pela redução no percentual das famílias com contas em atraso. Entretanto, o aspecto negativo fica por conta das famílias que não terão condições de pagar suas contas, cujo percentual saltou de 7,1% para 9,9%, um incremento de mais de 7 mil famílias. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 25 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Independentemente do nível de renda, o cartão de crédito figura como o instrumento de crédito com a maior concentração de dívidas (68,1%). Quando se trata do segundo colocado, para as famílias com até 10 salários mínimos, é do carnê de loja (16,6%) essa posição. No entanto, para as famílias que recebem acima de 10 SM, o financiamento de carro concentra 23,1% das dívidas, sendo, portanto, o segundo colocado. Produto Interno Bruto Nossas simulações apontam que em 2012 e 2013, a taxa de crescimento real do PIB estadual deve ter registrado uma trajetória descendente, com taxa de expansão de 3,7% em 2012 e de 3,0% em 2013. Contribuiu para isto a conclusão ou interrupção do bloco de investimentos em implantação no Estado (nas áreas de energia, transportes, celulose e mineração) em paralelo aos efeitos depressivos da queda nas cotações das commodities minerais, que ensejou o fechamento da usina de pelotização da Vale (2012) e a descontinuação de parcela majoritária da produção de alumínio em São Luís (2013). Gráfico 18. PIB do Estado do Maranhão a Preços de Mercado Corrente (Série 2002 - 2010 e Projeções 2012 - 2014) PIB em milhões de reais Tx. cresc. real (% a.a.) Previsão 80.000 10,3 70.000 9,0 9,0 69.274 8,7 60.000 52.187 5,5 50.000 40.000 4,3 7,3 4,4 3,7 3,0 30.000 20.000 10.000 3,5 15.449 -1,7 0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Fonte: IMESC/IBGE. Previsões: Grupo de Conjuntura IMESC/SEPLAN. Por sua vez, os prognósticos para 2014 são manutenção de baixo crescimento (+3,5%), em meio a um cenário de piora nos mercados das commodities minerais e também de redução nas cotações da soja (fruto da combinação de super safras nos grandes exportadores mundiais (Brasil, EUA e Argentina). Como fatores compensatórios, o acesso do Estado à parte dos empréstimos do BNDES para inclusão produtiva e infraestrutura (R$ 3,8 bi) e o acordo de re-securitização de parte da dívida fiscal consolidada do Estado, com o Bank of America, que permitiu, durante o prazo de carência (agosto de 2013 a janeiro de 2015) a redução dos pagamentos da dívida e a elevação dos investimentos públicos, especialmente na área de infraestrutura de transportes. Passado o ciclo eleitoral, o Estado se defronta com uma expressiva redução na geração de empregos formais, especialmente nos setores da indústria e comércio, ao mesmo tempo em que os fatores expansivos que sustentaram o crescimento do Estado no período 2007-2011 (acima das médias nacional e regional), não se fazem mais presentes. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 26 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Tabela 8. PIB do Estado do Maranhão a Preços de Mercado Correntes (Série 2006 - 2011 e Projeções 2012 - 2014) PIB do Maranhão a Preços de Mercado Correntes PIB em milhões de reais Tx. cresc. real (% Deflator implícito a.a.) (% a.a.) População PIB per capita (R$) 15.449 26,4 5.858.618 18.483 4,3 7,7 5.940.079 21.605 9,0 12,1 6.021.742 25.335 7,3 1,2 6.103.327 28.620 5,5 3,8 6.184.538 31.606 9,0 7,9 6.118.995 38.486 4,4 9,1 6.305.539 39.855 -1,7 -1,4 6.367.138 45.256 8,7 11,3 6.574.789 52.187 10,3 4,5 6.645.761 58.053 3,7 8,0 6.739.452 63.143 3,0 6,0 6.834.464 69.274 3,5 3,5 6.930.816 Fonte: IMESC / IBGE. (Obs: Números em vermelho indicam projeções IMESC/SEPLAN). 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2.637 3.112 3.588 4.151 4.628 5.165 6.104 6.259 6.883 7.853 8.614 9.239 9.995 Comércio Exterior Tabela 9 – Exportações, Importações e Corrente de Comércio do Maranhão (US$ mil) – 2003 a 2014. A corrente de comércio do Maranhão (conjunto das exportações mais importações) registrou aumento de 1,8% entre janeiro e setembro de 2014, na comparação com igual período de 2013. As importações maranhenses alcançaram US$ 5,0 bilhões, diminuição de 1,8% em relação a 2013. As exportações registraram expansão, de 12,1% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando US$ 2,0 bilhões. Ano Exportação % a.a. Importação % a.a. Corrente de % a.a. comércio 2003 739.802 13,4 661.799 -23,8 1.401.601 2004 1.231.094 66,4 735.732 11,2 1.966.826 2005 1.501.053 21,9 1.156.716 57,2 2.657.769 2006 1.712.702 14,1 1.725.869 49,2 3.438.571 2007 2.177.155 27,1 2.353.170 36,3 4.530.325 2008 2.836.303 30,3 4.102.751 74,3 6.939.054 2009 1.232.814 -56,5 1.993.436 -51,4 3.226.250 2010 2.920.267 136,9 3.817.084 91,5 6.737.351 2011 3.047.103 4,3 6.281.387 64,6 9.328.490 2012 3.024.688 -0,7 7.060.363 12,4 10.085.051 2013 2.341.917 -22,6 6.832.875 -3,2 9.174.792 2013* 1.812.035 -22,2 5.171.346 8,4 6.983.381 2014* 2.030.888 12,1 5.078.243 -1,8 7.109.131 Fonte: MDIC *Janeiro a Setembro -7,8 40,3 35,1 29,4 31,8 53,2 -53,5 108,8 38,5 8,1 -9,0 -1,6 1,8 A Tabela 10 mostra que as exportações do Estado do Maranhão desagregadas por categoria de produtos. A interrupção da produção na Usina de Pelotização da VALE já foi destacada em boletins anteriores como sendo a razão para a queda do valor das exportações maranhenses em 2013. As exportações do complexo ferro caíram 52,6% de 2012 para 2013, com o valor total das exportações registrando queda de 22,5% no mesmo período. De janeiro a setembro de 2014, as exportações do complexo ferro se resumem à exportação de ferro-gusa. O volume exportado caiu 29,0% e o valor exportado 26,0%1, na comparação com igual período de 2013. 1 Isto significa que o preço médio das exportações do complexo ferro cresceu, uma vez que o valor exportado teve variação negativa, porém inferior à variação negativa do volume exportado. Mas o preço médio maior Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 27 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Tabela 10 - Composição das Exportações Maranhenses por Principais Categorias de Produtos em Valor (US$ Milhões), Quantidade (Em 1000 Ton.) e Variação (% a.a.). 2012 Categoria de Produtos Total Complexo Ferro Complexo Alumínio Complexo Soja Ouro Combustíveis e Lubrificantes Rutosídio Complexo Couro Complexo Celulose Outros 2013 2013* 2014* US$ Qtd US$ Qtd US$ Qtd US$ Qtd 3.024,7 1.028,8 887,5 784,3 124,6 82,8 15,8 2,9 97,9 9.225,5 5.030,9 2.551,2 1.347,2 0,002 112,2 0,4 1,2 182,2 2.341,9 487,2 937,4 705,1 98,6 39,7 5,4 0,2 68,4 5.659,8 1.291,2 2.915,4 1.319,4 0,002 52,2 0,2 0,1 81,3 1.812,0 341,7 699,7 613,6 74,2 32,0 4,1 1,6 44,6 4.227,6 909,2 2.065,5 1.148,9 0,0 41,5 0,2 1,0 61,2 2.030,9 252,9 712,4 617,6 57,1 46,7 4,4 2,6 308,7 28,2 5.020,9 645,2 2.428,9 1.226,5 0,0 66,8 0,2 0,6 621,8 30,9 Var. (%) 14/13 US$ Qtd 12,1 -26,0 1,8 0,6 -23,1 45,6 4,9 58,9 -36,9 18,8 -29,0 17,6 6,7 -7,1 60,9 11,7 -37,0 -49,5 Fonte: MDIC *Janeiro a Setembro Dentro do complexo alumínio, caíram vertiginosamente as exportações dos produtos com maior valor agregado. Os embarques de Alumínio não ligado em Forma Bruta, que de janeiro a setembro de 2013 somavam US$ 101,0 milhões, alcançaram US$ 167 mil em 2014. Da mesma forma, os embarques de Ligas de Alumínio em Forma Bruta caíram de US$ 13,2 milhões em 2013 para US$ 710 mil em 2014. Em compensação, a exportação de Alumina Calcinada – que é o produto de menor valor agregado obtido a partir do refino da bauxita – responde por 99,9% (US$ 711,5 milhões) do valor das exportações do complexo alumínio em 2014. Na Tabela 10, o volume exportado do complexo alumínio cresceu 17,6%, enquanto o valor exportado cresceu somente 1,8%. Gráfico 19 – Composição das Exportações Maranhenses O Gráfico 19 ilustra uma pauta de exportação do Estado um pouco mais diversificada, com a entrada do complexo celulose, já respondendo por 15,2% de todo o valor exportado. Ainda assim, dois produtos, soja e alumina calcinada, ainda são dominantes, representando 65,4% do valor exportado, de janeiro a setembro de 2014. Fonte: MDIC *Janeiro a Setembro O valor das exportações de soja, entre janeiro e setembro deste ano, foi praticamente o mesmo do registrado no mesmo período de 2013, com pequena variação positiva de 0,6%. A menor cotação do produto no mercado internacional impediu que o acréscimo em 77 mil toneladas do volume exportado de soja este ano (+6,7%), se traduzisse em maior receita para os produtores do Estado. A novidade na pauta de exportação do Estado em 2014 ficou por conta da entrada do complexo celulose. Com o início da produção na fábrica da Suzano, em Imperatriz, os embarques de pasta de celulose iniciaram-se em março deste ano, e já alcançaram, até setembro, US$ 308,7 milhões, tornando-se mais importante na pauta que o complexo ferro. esse ano é apenas um efeito estatístico, resultante da saída por completo do item “minério de ferro aglomerado” (pelotas) da pauta de exportação, item cujo preço por tonelada é inferior ao do ferro-gusa. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 28 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão A Tabela 11 mostra as importações maranhenses por categorias de uso. Nos últimos três anos, o Maranhão experimentou um ciclo de importações de bens de capital direcionado para a viabilização de diversos investimentos, na área de logística, energia elétrica, gás natural e produção de pasta de celulose. O salto da importação de Bens de Capital, de US$ 137,7 milhões em 2010 para 718,2 milhões em 2013, é ilustrativo desse processo. Diante da conclusão da maior parte dos projetos de investimento– Fábrica da Suzano, UTE Itaqui, UTE Santo Antônio dos Lopes, por exemplo – era esperado em 2014 um arrefecimento desse ciclo. Entre janeiro e setembro de 2014, a importação de Bens de Capital atingiu a marca de US$ 243,4 milhões, uma redução de 55,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, é uma marca expressiva, que supera o alcançado em todo o ano de 2011, por exemplo, e que indica que este ciclo não está encerrado.··. A importação de Bens Intermediários, entre janeiro e setembro de 2014, teve recuo de 12,5% na comparação com o mesmo período de 2013. Contribuiu para isso a menor demanda por fertilizantes para as plantações de eucalipto, matéria prima para a produção de pasta de celulose: entre janeiro e setembro de 2013, foram importados US$ 239,1 milhões em fertilizantes, enquanto que no mesmo período de 2014, este valor caiu para US$ 195,9 milhões. Tabela 11 – Evolução da Pauta de Importações do Estado do Maranhão de 2011 a 2014 (Composição em US$ Milhões e Variação em %) Fonte: MDIC *Janeiro a Setembro Com a menor demanda pelas importações de bens de capital e de bens intermediários, as importações de combustíveis e lubrificantes ampliaram a sua já elevada participação na pauta, para 84,2% (US$ 4,27 bilhões no período de janeiro a setembro), confirmando o papel do Estado do Maranhão como centro logístico e distribuidor regional de combustíveis e derivados. Mercado de Trabalho Após 1º semestre ruim, contratações de emprego formal ganham fôlego no Maranhão. A Tabela 12 informa a geração líquida de empregos formais por nível geográfico. Em todas as regiões, houve perda de dinamismo entre janeiro e setembro de 2014, na comparação com o mesmo período de 2013. A Região Nordeste, embora seja a segunda mais populosa do país, deve terminar pelo 2º ano consecutivo em quarto lugar na geração de empregos. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 29 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Tabela 12 – Saldo de emprego formal¹ – Brasil, Grandes Regiões e UF’s Nordestinas Localidade Setembro Setembro 2013 2014 2013* (a) Brasil 211.068 123.785 1.399.443 72.612 27.262 690.053 Sudeste 38.003 21.535 304.781 Sul 5.951 185.636 Centro-Oeste 10.739 78.162 63.029 144.417 Nordeste 11.552 6.008 74.556 Norte 6.203 3.163 55.558 Bahia 8.281 10.111 34.749 Ceará 6.618 2.606 10.047 Paraíba 379 -401 11.172 Piauí 5.182 3.646 9.106 RN 2.913 3.552 15.922 Maranhão 2.313 4.633 6.739 Sergipe Pernambuco 29.988 21.971 21.807 Alagoas 16.285 13.748 -20.683 Fonte: MTE *Janeiro a Setembro ¹Ajustes até agosto 1º 2º 3º 4º 5º 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 2014* (b) Var. absoluta (b-a) Var. % (b/a) 904.913 -494.530 -35,3 414.760 209.276 123.009 107.806 50.062 39.469 35.013 10.890 10.822 10.580 10.385 7.506 -74 -16.785 -275.293 -95.505 -62.627 -36.611 -24.494 -16.089 264 843 -350 1.474 -5.537 767 -21.881 3.898 -39,9 -31,3 -33,7 -25,4 -32,9 -29,0 0,8 8,4 -3,1 16,2 -34,8 11,4 -100,3 18,8 Entre os estados nordestinos, o Maranhão figura em 6º lugar no que se refere à geração de empregos, no acumulado até setembro de 2014, com a abertura líquida de 10,3 mil postos formais de trabalho. Na comparação com o mesmo período de 2013, o Estado está entre os quatro estados da região que tiveram variação negativa. O último trimestre foi de forte retomada no mercado de trabalho maranhense. Os resultados mensais de julho, agosto e setembro deste ano superaram os registrados em iguais períodos de 2013, aliviando os números do primeiro semestre no Estado, que terminou com o fechamento líquido de 2,8 mil postos de trabalho. Credita-se esse bom desempenho ao ciclo eleitoral, que dinamiza algumas atividades do setor de Serviços, e que beneficia principalmente o setor da Construção Civil, com a aceleração das obras sob a responsabilidade de entes públicos. A Tabela 13 mostra a evolução do saldo de contratações líquidas celetistas do estado, contendo a abertura por subsetores de atividade. Entre janeiro e setembro de 2014, a Construção Civil, com 3,6 mil admissões líquidas, foi o setor mais dinâmico. O segmento Obras de Infraestrutura abriu 4,6 mil novas vagas. Por outro lado, o segmento Construção de Edifícios abriu somente 136 novas vagas nesse período, enquanto o segmento Serviços Especializados para Construção (que engloba atividades de demolição e preparação de terreno, instalações elétricas e hidráulicas e ainda obras de acabamento) fechou 1,2 mil postos formais de trabalho. Como se vê, dos três segmentos destacados, os dois últimos não são influenciados pelo ciclo eleitoral, e foram estes que registraram os resultados mais modestos. Em seguida, o setor de Serviços registrou a abertura líquida de 3,5 mil vagas entre janeiro e setembro deste ano. É um número, porém, muito aquém do verificado no mesmo período de 2013 (8,9 mil). Houve recuo em todos os segmentos do setor de Serviços, mais forte no de Alojamento e Alimentação e no de Comércio e Administração de Imóveis e valores mobiliários (este, inclusive, com saldo negativo entre janeiro e setembro). As atividades ligadas à Educação Superior e PósGraduação, com geração líquida de 618 postos formais de trabalho, foram destaque e sustentaram o bom resultado no segmento de Ensino. A Agropecuária maranhense tem o que comemorar, pelo menos no tocante ao mercado de trabalho. O setor registrou a abertura líquida de 1,9 mil vagas, entre janeiro e setembro de 2014, um expressivo resultado, quando comparado com o mesmo período do ano passado. O Cultivo de Canade-Açúcar (+2,1 mil) e o Cultivo de Soja (+328) foram as atividades mais dinâmicas. Por outro lado, as Atividades de Apoio à Produção Florestal registraram saldo negativo (-646), em função da desmobilização de trabalhadores nas plantações de eucalipto, na região tocantina, durante os primeiros meses de 2014. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 30 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Tabela 13 - Mercado de Trabalho Formal no Maranhão segundo Subsetores de Atividade - 2011 a 2014* (CAGED Ajustado¹) Geração de empregos Variação Var. % Setores de atividade 2013* 2014* (b-a) (b/a) 2011 2012 2013 (a) (b) Extrativa mineral 68 199 3 -25 144 169 676,0 Indústria de Transformação 2.382 670 437 1.967 580 -1.387 -70,5 Produtos min. não metálicos 562 341 534 579 -121 -700 -120,9 Metalúrgica 911 427 -132 -186 -313 -127 -68,3 Mecânica 123 -231 -994 -345 -567 -222 -64,3 Papel, papelão, editorial, -60 15 202 162 27 -135 -83,3 Química 249 -598 313 1.415 1.132 -283 -20,0 Alimentos e Bebidas 470 394 375 340 182 -158 -46,5 Outras Indústrias 119 322 139 2 240 238 11.900,0 S.I.U.P. 182 -332 427 412 -683 -1.095 -265,8 Construçao civil 678 -4.206 1.755 -875 3.602 4.477 511,7 Comércio 8.962 8.679 6.302 4.707 1.153 -3.554 -75,5 Comércio varejista 7.486 6.933 5.365 3.982 349 -3.633 -91,2 Comércio atacadista 1.476 1.746 937 725 804 79 10,9 Serviços 11.241 11.399 10.297 8.949 3.558 -5.391 -60,2 Com. e adm. de imóveis, val. 4.092 3.228 2.631 2.339 -553 -2.892 -123,6 Alojamento, alimentação 1.322 4.161 4.189 2.978 1.629 -1.349 -45,3 Serv. médicos, odonto. e vet. 1.637 1.383 1.688 1.286 1.093 -193 -15,0 Ensino 1.120 1.163 794 1.452 1.387 -65 -4,5 Outros Serviços 2.188 1.455 1.593 894 2 -892 -99,8 Administração pública 424 377 1.043 576 132 -444 -77,1 Agropecuária 4.464 -478 -2.637 211 1.899 1.688 800,0 Total 28.393 16.308 17.627 15.922 10.385 -5.537 -34,8 Fonte: CAGED/MTE *Janeiro a Setembro ¹Ajustes até agosto O mercado de trabalho no Comércio maranhense, especialmente no segmento Varejista, vive um quadro de forte desaceleração em 2014, em sintonia, aliás, com o desempenho nacional. Entre janeiro e setembro de 2013, o setor, no Estado, havia registrado a geração líquida de 4,7 mil empregos. No mesmo período deste ano, o Comércio abriu somente 1,1 mil novas vagas, um recuo de 75,5% (o recuo no plano nacional foi de 73,7%). As razões para tal comportamento são as mesmas já destacadas: inflação persistente, crescimento moderado dos salários e juros mais altos para o crédito direcionado ao consumo, que em conjunto atuam para frear o crescimento das vendas no setor. A Indústria de Transformação maranhense registrou saldo positivo entre janeiro e setembro de 2014, graças ao bom desempenho da Indústria Química, que abriu 1,1 mil novas vagas entre janeiro e setembro de 2014, concentradas no segmento Fabricação de Álcool. Por outro lado, a Indústria de Produtos Minerais não metálicos (-121) sofre com o desempenho da Construção Civil (Construção de Edifícios), uma vez que o segmento de Fabricação de Produtos Cerâmicos não refratários para Uso Estrutural na Construção, que compreende a fabricação de materiais como telhas, tijolos, azulejos e pisos, fechou 354 vagas este ano. A Indústria Metalúrgica também registra demissões líquidas (-313), resultado da interrupção de parte da produção de alumínio na planta da Alumar, em São Luís (ver seção Comércio Exterior). A Indústria Mecânica (-567) apresenta o pior resultado entre os segmentos da Indústria de Transformação: somente as atividades de Montagem de Instalações Industriais e de Estruturas Metálicas demitiu 1,1 mil trabalhadores em 2014. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 31 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão A Tabela 14 apresenta o saldo de empregos formais criados nos municípios maranhenses, por setor de atividade, entre janeiro e setembro de 2014. São Luís assumiu a liderança na geração de empregos entre os municípios maranhenses, após terminar o 1º semestre com os piores números. Houve forte contribuição da Construção Civil e do setor de Serviços para o melhor resultado na capital do Estado, ao registrarem a abertura líquida de 6,6 mil e 2,4 mil postos formais de trabalho, respectivamente. Em seguida, outros dois municípios se destacaram, com saldo superior a 1,0 mil: em Campestre do Maranhão, o Cultivo de Cana de Açúcar (+1,0 mil) e a Fabricação de Álcool (+203) foram decisivos para o bom resultado; em Coelho Neto, as atividades ligadas ao Cultivo de Cana de Açúcar admitiram 1,2 mil trabalhadores somente em setembro. Ordem Tabela 13 – Saldo de empregos celetistas por município, segundo Setores de Atividade: Maiores e Menores Saldos de Contratação em 2014* (CAGED ajustado) Município Extr Ind SIUP¹ Mineral Transform Constr Adm Agrope Comércio Serviços Civil Pública cuária Total 144 580 -683 3.602 1.153 3.558 132 1 São Luís -28 -327 -772 6644 -494 2.464 -81 2 Campestre do Maranhão 0 203 0 6 1 -4 0 3 Coelho Neto 0 99 0 0 -17 9 0 4 Aldeias Altas 0 697 0 0 6 0 0 5 Balsas -3 232 -2 -97 222 244 2 6 Bacabeira 199 23 0 269 -20 50 0 7 São Raimundo das Mangabeiras 0 354 0 6 41 12 0 8 Cidelândia 0 20 0 0 1 16 0 9 Tasso Fragoso 0 0 0 0 0 4 0 10 Itinga do Maranhão 0 95 0 0 17 29 0 208 São José de Ribamar 1 19 -19 134 -137 -57 0 209 Santo Antônio dos Lopes 0 4 -2 -175 120 -5 0 210 Buriti Bravo 0 11 0 0 5 -47 0 211 Itapecuru Mirim 0 -124 -3 -8 -7 20 0 212 Presidente Dutra 0 13 2 -61 -36 96 0 213 Porto Franco -26 4 0 21 23 5 0 214 Santa Inês -1 -3 -1 -325 18 63 0 215 Zé Doca 0 1 0 -321 14 12 0 216 Acailândia -1 -382 12 -525 104 -113 0 217 Imperatriz 16 -344 55 -2.135 133 179 220 Fonte: MTE *Janeiro a Setembro, com ajustes até agosto ¹Serviços Industriais de Utilidade Pública 1.899 23 1.040 1.046 -2 71 -1 0 193 220 25 2 -2 -65 2 -141 -248 1 4 -674 284 Total 10.385 7.429 1.246 1.137 701 669 520 413 230 224 166 -57 -60 -96 -120 -127 -221 -248 -290 -1.579 -1.592 No outro extremo da Tabela 14, constam os municípios com saldos negativos: Imperatriz (1,7 mil) e Açailândia (-1,6 mil). Na segunda maior cidade do estado, a Construção Civil desmobilizou muita mão-de-obra (-2,1 mil) até setembro, principalmente nos segmentos de Montagem de Instalações Industriais e Estruturas Metálicas (-990), Instalações Elétricas (-429) e Construção de Edifícios (-409). Por outro lado, a Administração Pública registrou a abertura de 220 novas vagas, e a Agropecuária foi o setor com melhor desempenho, registrando a abertura líquida de 284 postos formais de trabalho, com destaque para as Atividades de Apoio à Produção Florestal (+117). Essas mesmas atividades, porém, foram responsáveis pelo fechamento líquido de 784 postos formais de trabalho em Açailândia este ano. Pesou negativamente também, em Açailândia, o desempenho do segmento de Construção de Edifícios (-410), da Construção Civil, e o segmento de Fabricação de Aparelhos e Equipamentos para Instalações Térmicas (-360), da Indústria de Transformação. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 32 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Finanças Públicas Taxa de crescimento da arrecadação federal no Maranhão continua positiva. A arrecadação de impostos federais no estado maranhão, assim como no Brasil, sofre a influência da desaceleração da atividade econômica, com a redução das contratações do mercado de trabalho e da massa de rendimentos, bem como dos efeitos nocivos da alta da inflação e da taxa de juros. Embora tenha registrado crescimento real no período janeiro a setembro de 2014 (R$ 3,1 bilhões, + 4,8%), na comparação com o mesmo período de 2013, o ritmo de crescimento vem perdendo fôlego: até o mês de agosto, o crescimento real foi de 5,5% (Tabela 15). Tabela 15 – Arrecadação de Impostos Federais no Estado do Maranhão – 2010 a 2014* (Em R$ Milhões – Valores Constantes1) Total (R$ Milhões) Receitas 2012 Imposto Sobre Importação Imposto Sobre Exportação IPI - Total Imposto Sobre a Renda - Total IRPF IRPJ IR Retido Na Fonte Imp. S/ Operações Financeiras Imposto Territorial Rural COFINS Contribuição Para o PIS/PASEP CSLL Cide-Combustíveis Contribuições Para o FUNDAF CPSSS Outras Receitas Administradas SUBTOTAL (I) Receita Previdenciária (II) Própria Demais Receita Adm. Pela RFB (III=I+II) Demais Receitas (IV) Total (III+IV) Fonte: Receita Federal 141,5 0,0 123,4 871,8 171,7 408,6 291,5 3,5 6,4 2.252,5 601,1 282,9 226,6 0,4 180,8 92,0 4.783,0 0,0 0,0 0,0 4.783,0 68,8 4.851,8 Composição (%) 2013 2013* 2014* 2013 2013* 2014* 95,3 0,0 167,6 920,9 197,1 408,2 315,6 4,6 6,7 1.753,9 503,2 269,1 0,4 0,4 186,2 31,5 3.939,9 2.437,4 2.281,3 156,1 6.377,3 76,7 6.454,0 82,5 0,0 134,8 690,2 154,3 297,5 238,3 4,0 5,4 1.316,7 378,6 201,0 0,3 0,3 134,7 21,7 2.970,1 1.799,1 1.678,4 120,7 4.769,3 59,8 4.829,0 55,7 0,0 87,1 753,4 170,6 344,4 238,3 4,8 5,5 1.393,5 398,8 217,8 0,3 0,3 148,4 46,1 3.111,7 1.653,4 1.520,9 132,5 4.765,0 49,4 4.814,4 1,5 0,0 2,6 14,3 3,1 6,3 4,9 0,1 0,1 27,2 7,8 4,2 0,0 0,0 2,9 0,5 61,0 37,8 35,3 2,4 98,8 1,2 100,0 1,7 0,0 2,8 14,3 3,2 6,2 4,9 0,1 0,1 27,3 7,8 4,2 0,0 0,0 2,8 0,4 61,5 37,3 34,8 2,5 98,8 1,2 100,0 1,2 0,0 1,8 15,6 3,5 7,2 5,0 0,1 0,1 28,9 8,3 4,5 0,0 0,0 3,1 1,0 64,6 34,3 31,6 2,8 99,0 1,0 100,0 Crescimento (%) 2012/ 2011 2013/ 2012 2014/ 2013* 84,4 -10,9 -12,0 18,7 17,7 26,3 10,0 47,2 -16,0 28,7 24,7 26,3 -65,0 -64,9 0,5 15,1 10,2 -3,8 10,0 -32,6 -52,9 35,8 5,6 14,8 -0,1 8,3 29,5 3,9 -22,1 -16,3 -4,9 -99,8 -18,5 3,0 -65,8 -17,6 33,3 11,5 33,0 -32,5 112,5 -35,4 9,2 10,5 15,8 0,0 20,3 1,0 5,8 5,3 8,4 20,6 10,2 112,7 4,8 -8,1 -9,4 9,7 -0,1 -17,4 -0,3 1.Inflacionados pelo IPCA acumulado de 2014 * Jan-Set. O crescimento foi impulsionado, principalmente, pela arrecadação dos impostos não compartilhados2, que registraram crescimento real de 5,9% (variação real de R$ 125,2 milhões), enquanto os impostos compartilhados cresceram a uma taxa real de 2,0% (variação real de apenas R$ 16,3 milhões). Dentre os impostos não compartilhados, destaca-se o crescimento da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS (5,8%, +R$ 76,8 milhões) e do Programa de Integração Social – PIS (5,3%, +R$ 20,2 milhões), tributos considerados termômetros 2 Os tributos Federais, cuja arrecadação é compartilhada com o Estado e com os municípios, são os Impostos sobre Produtos Industrializados – IPI (48% da receita do IPI é repartida para o Estado e seus municípios e mais 10% para o conjunto dos estados exportadores), o Imposto sobre a Renda – IR (48%), a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados, e álcool etílico combustível – CIDE combustíveis (29%) e o Imposto Territorial Rural – ITR (50%). Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 33 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão da atividade econômica, que também registraram redução no ritmo de crescimento. Dentre os impostos com arrecadação compartilhada, o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI apresentou variação negativa de R$ 47,7 milhões (-35,4%), na comparação jan-set/2014 com janset/2013; o Imposto sobre a Renda – IR apresentou variação real de R$ 63,2 milhões (+9,2%). Outro aspecto importante é que, embora a arrecadação de impostos tenha crescido, o total da Arrecadação caiu, o que se deveu à redução de 8,1% R$ 145,8 milhões da Receita Previdenciária. Receitas estaduais mantém crescimento, devido ao aumento das transferências federais. As receitas do Estado do Maranhão encerraram os primeiro nove meses de 2014 com arrecadação de 10,3 bilhões, contra R$ 9,7 bi no mesmo período de 2013, e crescimento real de 5,8% na mesma base de comparação (Tabela 16). Somaram para esse crescimento, principalmente, o desempenho das Transferências Correntes, com destaque para o FPE (variação de +R$ 124,9 milhões), para as Transferências do SUS (+R$ 52,8 milhões), para Complementação da União para Fundeb (+R$ 39,6 milhões) e para as Transferências para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE (+R$ 38,3 milhões). As Receitas Tributárias registraram crescimento real de 0,6%, atingiram a cifra de R$ 4,09 bilhões, contra R$ 4,06 bi no mesmo período do ano passado. O crescimento não foi significativo devido ao resultado negativo de 1,0% na arrecadação de ICMS, principal tributo do Estado. Tabela 16 – Evolução das Receitas do Estado do Maranhão por Categoria Econômica - 2010 a 2014* (Valores em R$ Milhão, Inflacionados pelo INPC Acumulado de 2014*) Ano RECEITA TOTAL (a) 2010 10.915,3 2011 12.144,8 2012 12.572,6 2013 14.415,5 2013* 9.681,7 2014* 10.239,4 Crescimento (%) 2013/2012 14,7 2014/2013* 5,8 RECEITA TOTAL Receita Corrente RECEITA TRIBUTÁRIA Receita de Total (c ) Capital Impostos RECEITA TRANSFERIDA ICMS Taxas Transf. Cor. (d) Transf. de Capital Outras Receitas Corrent. Outras Receitas Capital 10.637,9 12.016,0 12.340,6 12.433,0 9.417,7 9.794,6 277,4 128,8 232,0 1.982,5 264,0 444,8 3.889,3 4.710,6 5.007,5 5.384,7 4.064,1 4.090,2 3.751,0 4.536,9 4.816,3 5.192,3 3.938,0 3.946,4 3.282,6 3.976,5 4.219,1 4.546,2 3.403,2 3.370,0 138,2 173,7 191,2 203,0 136,9 143,8 5.474,1 7.032,5 6.920,0 6.785,5 5.169,7 5.431,0 31,4 21,9 75,7 22,5 21,8 31,1 1.274,6 272,9 413,1 262,9 183,9 273,4 246,0 106,9 156,3 1.959,9 242,2 413,7 0,7 4,0 754,5 68,5 7,5 0,6 7,8 0,2 7,8 -1,0 6,2 5,1 -1,9 5,1 -70,2 42,9 -36,4 48,7 1.153,7 70,8 Fonte: SEPLAN/MA. *Jan-Set 1.ICMS sem dedução para formação do Fundeb Além das Transferências Correntes, as rubricas Outras Receitas Correntes (crescimento de 48,7% e variação absoluta de R$ 89,5 milhões) e Outras Receitas de Capital (70,8% e R$ 171,5 milhões) e contribuíram positivamente para o crescimento da Receita Total. Nas Outras Receitas de Capital, estão incluídas as Operações de Crédito Interna e Externa. Nas Operações Internas, foram contabilizados, até o mês o setembro, o ingresso R$ 407,7 milhões, recurso do Programa Viva Maranhão, destaca-se que, dos 3,8 bilhões contratados, considerando os exercícios de 2013 e 2014 (até outubro), houve ingresso no montante de R$ 880,9 milhões. Nas Operações de Crédito Externa, foi registrado ingresso de R$ 5,1 milhões, contra R$ 2,2 milhões no mesmo período de 2013, valor que corresponde ao Projeto de Fortalecimento da Gestão Fiscal do Estado – PROFISCO-MA, recurso que SEFAZ captou junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 34 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Arrecadação de ICMS continua com baixo dinamismo A arrecadação de ICMS no Estado do Maranhão nos primeiros oito meses de 2014 foi de R$ 2,296 bilhões, contra R$ 2,281 bi no mesmo período do ano passado. O ínfimo crescimento real, de 0,4%, foi pressionado pelo mau desempenho do último trimestre e dos meses de fevereiro e agosto de 2014, setembro de 2014, por exemplo, apresentou uma arrecadação inferior a $ 27,7 milhões a setembro de 2013. (Tabela 17). Tabela 17 – Arrecadação de ICMS1 por Setores e Atividades no Maranhão – 2011 e 2014* (Valores Constantes2 a Preços de 2014*, Composição e Crescimento) Valores (R$ mil) Período Total Setor Setor Terc. Prim. Secund. Atac. Ter. Varej. Terc. Terc. Terc. Transp. Comum. Outros Setor Terc. Energia Petróleo e Comb. 3.072,1 8,1 492,0 484,4 442,3 71,4 356,6 35,3 1.390,2 292,3 889,5 2013* 3.281,7 6,9 581,3 522,0 470,2 57,2 359,6 47,9 1.456,9 248,4 988,2 2014* 3.296,0 11,7 468,6 502,8 437,3 53,5 346,4 48,7 1.388,8 241,7 1.185,3 4.447,6 14,7 676,4 693,1 587,9 80,5 475,1 68,7 1.905,2 331,1 1.547,8 Composição 2012 100,0 0,3 16,0 15,8 14,4 2,3 11,6 1,2 45,3 9,5 29,0 Composição 2013 100,0 0,2 17,7 15,9 14,3 1,7 11,0 1,5 44,4 7,6 30,1 Composição 2014 100,0 0,4 14,2 15,3 13,3 1,6 10,5 1,5 42,1 7,3 36,0 2013 / 2012* 6,8 -14,0 18,1 7,8 6,3 -19,9 0,8 35,6 4,8 -15,0 2014 / 2013* 0,4 68,7 -19,4 -3,7 -7,0 -6,4 -3,6 1,6 -4,7 -2,7 Contra igual bi. -3,6 94,3 -22,9 -2,6 -2,3 -5,2 -11,6 -13,3 -5,3 -2,0 do ano anterior Contra igual tri. -3,1 73,2 -23,6 -4,7 -6,0 -1,0 -10,3 -10,5 -6,5 -2,1 do ano anterior Contra igual sem. -0,6 70,4 -23,7 -5,4 -5,5 -0,1 -6,6 -4,4 -5,5 0,7 do ano anterior 12 meses contra 1,3 58,4 -14,6 -1,7 -5,4 -0,7 -1,9 3,8 -2,7 -6,5 12 meses anterior Fonte: Confaz 1.descontado com dedução para formação do Fundeb 2.Valores inflacionados pelo INPC *Jan-Set 11,1 19,9 Acum. 12 meses Crescimento ( %) Em (%) 2012* 8,1 12,7 19,8 18,7 Apenas o Setor Primário, o Terciário-outros e o de Petróleo e Combustíveis apresentaram resultado positivo. A queda do setor terciário ocorreu principalmente no Varejo (R$ -32,9 milhões). Já no setor de energia a redução foi de R$ 6,7 milhões. Mas foi no setor secundário que a redução foi mais significativa, atingindo R$ 112,7 milhões. (Tabela 17) A redução na arrecadação dos setores citados reflete uma perda de dinamismo generalizada na economia do estado, em decorrência da deterioração do cenário externo e do agravamento do cenário macroeconômico doméstico. No setor secundário, a indústria de transformação continua demitindo, o bom desempenho da construção civil não foi suficiente para sustentar a arrecadação do setor. No terciário, verificaram-se fortes demissões no comércio varejista e no setor de serviços, principalmente nas atividades imobiliárias e de alojamento e alimentação (para mais informações vide a seção mercado de trabalho). O bom desempenho do setor primário, acompanhou a boa performance do mercado de trabalho desse setor, reflexo do bom prognóstico da produção de grãos, principalmente dos cultivos de soja e milho (para mais informações vide a seção agricultura). Transferências para os municípios mantêm forte crescimento, mas Transferências para o Estado desaquecem. As Transferências Constitucionais vem registrando bons resultados em 2014, após um ano de fraco dinamismo em 2013. Nos nove primeiros meses de 2014, o valor real das Transferências Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 35 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Constitucionais para o Estado e para os municípios apresentou crescimento real de 3,3% e 9,7%, respectivamente. No Estado, são os recursos do Fundo de Participação Estadual - FPE que estão sustentando o resultado positivo do ano, até agosto acumularam crescimento real de 4,0% (R$ +123,5 milhões); o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb Estadual registrou um crescimento real de apenas 1,5%. Nos municípios, o desempenho das Transferências Constitucionais foi mais significativo, cresceu a taxa de 9,3% no acumulado do ano até setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado. O carro chefe desse crescimento foi o Fundeb que registrou aumento real de 13,6%, o que representou um acréscimo de +375,4 milhões, em relação ao ano passo. As Transferências Constitucionais são Tabela 18 – Principais Transferências Constitucionais 1para o Estado e Municípios (R$ Milhão, Valores Constantes ) muito voláteis, mas cosESTADO MUNICÍPIOS tumam crescer nos anos Ano FPE FUNDEB Outros Total FPM FUNDEB Outros Total eleitorais. De fato, 2010 3.600,8 969,3 166,1 4.736,3 2.288,1 2.659,5 45,5 4.993,1 pode-se perceber na 2011 4.166,8 1.337,6 161,4 5.665,7 2.649,0 3.671,9 42,7 6.363,6 Tabela 18 que o ano de 2012 4.076,6 1.325,5 119,8 5.522,0 2.590,6 3.734,9 30,4 6.356,0 2013 encerrou com 2013 4.120,1 1.133,9 60,5 5.314,5 2.617,0 3.612,2 9,5 6.238,6 variação negativa das 2013* 3.084,4 866,3 44,6 3.995,3 1.858,8 2.750,2 6,5 4.615,5 2014* 3.207,8 878,9 38,5 4.125,2 1.933,5 3.125,6 5,1 5.064,2 Transfe-rências, mas, Taxa de crescimento em 2014, já se percebe 1,1 -14,5 -49,5 -3,8 1,0 -3,3 -68,9 -1,8 sinais de recuperação 2013/2012 2014/2013* 4,0 1,5 -13,8 3,3 4,0 13,6 -21,7 9,7 no Estado e de forte Fonte: STN 1. Inflacionados pelo INPC acumulado até 2014. *Jan-Set/14 reversão nos municípios. A Tabela 19, abaixo, mostra as origens do FUNDEB, para o Estado do Maranhão e para o conjunto de seus municípios. Nota-se que, no Estado, todas as rubricas de origens de recursos do FUNDEB registram redução nos nove primeiro meses 2014, relativamente ao mesmo período de 2013, com exceção da Complementação da União que apresentou crescimento de 10,9% (R$ +43,7 milhões) e do ITCMD, que se manteve estável. Tabela 19 – Origens do FUNDEB (R$ Milhão, inflacionado pelo INPC de 2014*) Estado Municípios Valores Particip. (%) Cresc. Valores Particip. (%) Cresc. 2013 Origem 2013* FPE FPM IPI-EXP ICMS União1 183,2 110,4 1,6 157,0 399,3 2014* 172,9 104,2 1,4 143,1 443,0 2013* 2014* 21,1 12,7 0,2 18,1 46,1 19,7 11,9 0,2 16,3 50,4 (%) -5,6 -5,6 -16,6 -8,9 10,9 2013* 2014* 588,5 629,0 354,6 379,1 5,2 4,9 504,6 519,7 1249,5 1540,8 2013* 2014* 21,4 12,9 0,2 18,3 45,4 20,1 12,1 0,2 16,6 49,3 1,2 1,0 0,1 0,1 4,0 3,5 0,1 0,1 LC Nº 87/962 ITR 0,0 0,0 0,0 0,0 -20,7 0,2 0,1 0,0 0,0 IPVA 13,4 13,0 1,5 1,5 -2,6 42,9 47,4 1,6 1,5 ITCMD 0,2 0,3 0,0 0,0 23,7 0,7 1,0 0,0 0,0 Total 866,3 878,9 100,0 100,0 1,5 2.750,2 3.125,6 100,0 100,0 Fonte: STN 1. Complementação da União 2. Lei Complementar. *Jan-set/14 (%) 6,9 6,9 -5,6 3,0 23,3 2012 40,6 24,5 -0,3 15,1 291,3 -13,5 -11,9 10,3 39,5 13,6 -0,5 0,0 4,4 0,3 375,4 As únicas fontes de recursos que para o Fundeb municipal não registraram crescimento, foram o Imposto sobre a Produção Industrial Proporcional às Exportações - IPI-Exp (-0,3%) e a Lei Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 36 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Complementar 87/96 (-0,5%). Da complementação da União veio a maior contribuição para esse bom desempenho (crescimento real de 23,3% e variação R$ +291,3 milhões), seguido do FPE (6,9% e +40,6 milhões), do FPM (+6,9% e R$ +24,5 milhões) e do ICMS (3,0% e R$ +15,1 milhões). No total, o acréscimo médio do Fundeb foi de R$ 1,7 milhão para cada município do Estado do Maranhão. Essa elevação tem um impacto muito significativo nas economias locais, pois o Fundeb representa em média, 40% a 50% do total das receitas municipais, ultrapassando até mesmo, o montante do FPM. Despesas do Estado voltaram a crescer, mas mantêm-se, ainda, abaixo das receitas em 2014. Nos nove primeiros meses de 2014, as despesas do Governo do Maranhão somaram 9,5 bilhões, valor 1,9% maior que o registrado no mesmo período de 2013 (R$ 9,4 bi) e se mantém abaixo das receitas (R$ 10,2 bi) (Tabela 20). Tabela 20 – Estado do Maranhão – Evolução das Despesas por Grupos de Natureza (R$ Milhão a Preços de 2014, Composição e Crescimento em %) – 2010 a 2014* Ano DESPESA TOTAL (a) Despesa Corrente 2010 11.018,0 9.177,9 2011 11.443,2 9.836,0 2012 11.735,2 10.386,0 2013 13.391,4 9.993,2 2013* 9.365,1 7.909,3 2014* 9.545,3 7.609,1 Composição (%) 2013* 100,0 2014* 100,0 Crescimento (%) 2013/2012 14,1 2014/2013* 1,9 Fonte: STN - SEPLAN/MA 84,5 79,7 Pessoal + Encargos Sociais (b) 4.228,3 4.021,6 5.450,8 4.905,4 3.555,5 3.630,9 38,0 38,0 Juros e Encargos 691,1 772,7 776,1 485,7 726,8 175,8 7,8 1,8 Outras Despesa Despesas de Capital Correntes 4.258,4 5.041,6 4.159,2 4.602,2 3.627,1 3.802,4 1.840,1 1.607,3 1.349,2 3.398,1 1.455,7 1.936,3 38,7 39,8 15,5 20,3 -3,8 -10,0 -37,4 10,7 151,9 -3,8 2,1 -75,8 4,8 33,0 2. Juros e Encargos da Dívida + Amortizações Investimentos (c) 1.460,7 1.151,8 819,8 1.410,2 898,8 1.749,7 Inver. Financeiras Amorti- Serviço da (b/a) (c/a) (d/a) zações Dívida2 (d) 10,6 368,8 1.060,0 38,4 23,6 431,9 1.204,6 35,1 1,3 528,1 1.304,2 46,4 36,8 1.951,1 2.436,7 36,6 28,0 529,0 1.255,7 38,0 0,0 186,5 362,3 38,0 13,3 10,1 7,0 10,5 9,6 18,3 9,6 10,5 11,1 18,2 13,4 3,8 5,6 2,0 13,4 3,8 - - - 72,0 2816,2 269,5 94,7 -64,7 *janeiro-setembro 86,8 -71,1 - - - 9,6 18,3 0,3 0,0 A maior redução ocorreu nos gastos com serviço da dívida, que passou de R$ 1,3 bilhão em 2013 para 362,3 milhões em 2014, considerando o acumulado do ano até o mês de setembro. Em contrapartida, Nos primeiros nove meses de 2014, registrou-se um significativo crescimento dos gastos com Investimentos (+R$ 850,9 milhões). A redução nos pagamentos com o serviço da dívida do Estado deveu-se à negociação dos resíduos das dívidas referentes às leis 8.727/93 e 9.496/97 junto ao Bank of America N. A. Merril Lynch - Bof AML, no mês de outubro de 2013. O pagamento de juros incidente sobre essa operação se iniciou em janeiro de 2014 e o do principal iniciará apenas em julho de 2015. Com essa carência, mudou-se o perfil da dívida do Estado: gerou-se uma folga de caixa num primeiro momento e concentrou-se o pagamento para o final do prazo, gerando assim, um espaço para ampliar os gastos com investimentos até meados de 2016 e uma elevação significativa com os gastos do serviço da dívida, a partir de meados de 2016. Um dos aspectos relacionados à operação de re-securitização dos resíduos da dívida é que houve a troca do indexador, que era o IGP-DI + 6,0% a.a. para a taxa de câmbio + 5,447% ao ano. A taxa de câmbio de fechamento da operação foi R$ 2,21/US$. Embora tenha havido uma redução na taxa de juros subjacente à dívida, o Estado passou a ter exposição às flutuações da taxa de câmbio em cerca de 40% de sua dívida. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 37 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Na Tabela 21 pode-se observar uma simulação relacionada à oscilação da taxa de câmbio sobre o fluxo de pagamentos do principal e juros da parcela da dívida do Estado objeto do acordo com o Bof AML. Pode-se observar o fluxo de pagamentos em três cenários. No primeiro cenário, a taxa de câmbio de fechamento da operação se mantém neutra em termos reais, acompanhando a inflação doméstica (terminando 2014 em cerca de R$ 2,30/US$). No segundo cenário, há uma desvalorização cambial em 2014, para o patamar de R$ 2,50 US$, passando a variar pari passu com a inflação. No terceiro cenário, a taxa de câmbio inicia 2015 no patamar de R$ 3,0/US$ e passa a variar conforme a inflação doméstica. No primeiro cenário, registram-se ganhos (reduções no fluxo de pagamentos da dívida) de R$ 804,1 milhões até 2015 e de R$ 113,1 milhões entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2017, invertendo-se o fluxo de caixa a partir daí. No segundo cenário, os ganhos são menores em cerca de R$ 60 milhões até janeiro de 2017 e R$ 142 milhões entre fevereiro de 2017 até julho de 2023 (término do contrato). Ao passo que no 3º cenário, os ganhos concentram-se no período até janeiro de 2015, passando-se para crescentes comprometimentos a partir de então, os quais representam diferença em relação ao cenário inicial de R$ 30,8 milhões entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2017 e R$ 387, 8 milhões no período até o final do contrato. A desvalorização cambial tem impacto de R$ 200,2 milhões no cenário da paridade entre o Real e o dólar partindo de R$ 2,50/US e de R$ 548,3 milhões quando a paridade parte de R$ 3,0/US. Tabela 21. Impactos de desvalorizações cambiais sustentadas sobre o fluxo de pagamentos de parcela da dívida mobiliária do Estado do Maranhão vinculadas ao acordo junto ao Bank of America N. A. Merril Lynch - Bof AML, no mês de outubro de 2013. Taxa de câmbio (R$/ US$) 2,21 2,50 3,00 2,50 3,00 até jan/15 804.110 793.230 774.471 -10.880 -29.639 fev/2015 a jan/17 113.102 64.160 -17.687 -48.943 -130.789 de fev/17 a jul/23 -1.067.626 -1.209.998 -1.455.466 -142.372 -387.840 Total -150.414 -352.608 -698.682 -202.195 -548.268 Fonte: Grupo de Conjuntura IMESC. Há outro ponto de grande interesse do ponto de vista da gestão da dívida do Estado, que diz respeito ao projeto de lei aprovado no Senado Federal no dia 4 de novembro e enviado à sanção presidencial, o qual altera os indexadores das dívidas de cerca de 180 entes federativos (estados e municípios). Pelo texto da lei aprovada altera-se o indexador das dívidas federalizadas do IGP-DI + 6,0% ao ano, para o IPCA + 4,0% a.a. ou a taxa Over-Selic, o que for menor. As novas regras abrem também a possibilidade de calcular-se de forma retroativa o saldo devedor, com a aplicação da taxa Over-Selic desde o início dos contratos. No caso do Estado do Maranhão, as novas regras teriam impacto sobre 27% da dívida mobiliária do Estado (nos termos da renegociação realizada através da Lei 9.496/97), Sem considerar a aplicação retroativa da taxa Over-Selic sobre o saldo devedor (que tem chance elevada de ser vetado pela presidenta Dilma, posto que teria um impacto muito negativo sobre a situação fiscal do Governo federal, em um momento de forte pressão por consolidação fiscal), as novas regras, uma vez sancionadas, trariam um ganho a princípio tímido, mas crescentemente substancial, sobre o comprometimento do Estado com o pagamento de dívidas, o que se traduziria de forma imediata na melhora das condições para acessar novas fontes de crédito de longo prazo no período atual. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 38 Outubro/Novembro de 2014 Boletim de Conjuntura Econômica do Maranhão Tabela 22. Impactos da mudança de indexador sobre o fluxo de pagamentos de parcela da dívida mobiliária do Estado do Maranhão vinculadas ao acordo de renegociação inscrito na Lei 9.496/97. Redução no Ano fluxo de pagtos (R$)* 2015 4.249.327 2016 6.187.748 2017 8.259.250 2018 12.156.878 2019-2028 387.779.784 Total 418.632.987 IPCA projetado (% a.a.) 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 - Fonte: Grupo de Conjuntura IMESC. * deflacionado pelo IPCA projetado para o período. GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO - SEPLAN INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS - IMESC GOVERNADORA DO ESTADO DO MARANHÃO Roseana Sarney SECRETÁRIO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO João Bernardo Bringel ELABORAÇÃO PRESIDENTE Felipe de Holanda Fernando José Pinto Barreto Talita Nascimento DIRETOR DE ESTUDOS E PESQUISAS Daniele Amorim Sadick Nahuz Neto Vicente Anchieta COORDENAÇÃO EDITORAÇÃO Felipe de Holanda Vicente Anchieta Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartografia – IMESC/SEPLAN 39