VidaBosch janeiro | fevereiro | março de 2015 • nº 38 wavebreakemedia/shutterstock Recicle a informação: passe esta revista adiante A revolução das oficinas Em pouco tempo, seu carro conversará com o mecânico antes de você chegar à assistência técnica De Ibiúna para a casa dos paulistanos Maior obra hídrica paulista dos últimos 20 anos, Sistema São Lourenço vai aumentar disponibilidade de água na Grande São Paulo editorial Inovar para resolver Desenvolver tecnologia é, com muita frequência, solucionar dificuldades atuais (que às vezes se arrastam há muito tempo) mantendo os olhos no futuro. Esta edição da VidaBosch traz alguns bons exemplos disso. Em tendências, mostramos como automóveis com problemas tão diversos como pastilha de freio gasta ou pneu murcho podem, por meio de sensores, comunicar a falha a centrais inteligentes, que contatam a oficina mais próxima e avisam o motorista para que leve o carro até lá. Quando o veículo entra na assistência, sabe-se o que tem e como consertá-lo – eventualmente, já se providenciou a peça que precisará ser trocada. É uma abordagem nova para uma situação comum desde que os primeiros carros ganharam as estradas, lá se vão mais de 100 anos. Outro problema infelizmente já antigo, o déficit habitacional brasileiro, tem sido enfrentado com mais intensidade por meio do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e de programas de governos estaduais, como relata a reportagem de Brasil cresce. Comumente, os imóveis populares incluem uma tecnologia que indica preocupação com o futuro: muitas dessas residências são construídas com sistema de aquecimento de água movido a energia solar. Já atitude cidadã aborda uma iniciativa interessante num setor repleto de desafios, a educação pública. O texto mostra como a introdução de rádios comunitárias nas instituições de ensino – com tecnologias aliás há muito consolidadas – tem grande potencial de estimular os alunos e disseminar práticas de cidadania. Boa leitura! 14 20 40 44 Sumário 02 viagem | Em Santa Catarina, a “Punta Del Este brasileira” une beleza e badalação 08 eu e meu carro | O polêmico craque Neto revela como virou um pacífico motorista 10 torque e potência | Motores elétricos tornam ônibus eficientes e sustentáveis 14 em casa | Brasileiros fazem cada vez mais reformas e reparos por conta própria 20 tendências | Tecnologia monitora carro em tempo real e revoluciona manutenção veicular 26 grandes obras | Novo sistema de captação ajudará a combater crise hídrica em São Paulo 30 Brasil cresce | Minha Casa Minha Vida impulsiona mercado de habitações populares 34 atitude cidadã | Escolas adotam o velho rádio como ferramenta pedagógica inovadora 40 aquilo deu nisso | Comunicação empresarial vai da Roma antiga até a internet 44 saudável e gostoso | Sem glúten, a tapioca conquista os adeptos de dietas Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem: Paulo Lopes • Acompanhamento gráfico: Paulo Lopes • Impressão: Gráfica Mundo • Revisão: Marcelo Moura • Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) 2 | VidaBosch | viagem | Por Walterson Sardenberg Sº Padrão internacional Rogerio Amendola/ Divulgação Jurerê Internacional, em Florianópolis, reúne gente bonita, rica e famosa em uma praia que não deve nada às mais badaladas e sofisticadas do mundo 2 | VidaBosch | viagem | Por Walterson Sardenberg Sº Padrão internacional Rogerio Amendola/ Divulgação Jurerê Internacional, em Florianópolis, reúne gente bonita, rica e famosa em uma praia que não deve nada às mais badaladas e sofisticadas do mundo viagem viagem | VidaBosch | 5 Fotos Divulgação 4 | VidaBosch | A criação de um condomínio de alto padrão em 1982 colocou a praia no radar do turismo de luxo E m 1993, quando se preparava para lançar a revista “Caras” no Brasil, o diretor-geral da publicação, um argentino, perguntou aos repórteres onde era “a Punta del Este brasileira”. Referia-se à cidade litorânea do Uruguai onde, em todos os verões, reúnem-se os ricos e famosos argentinos e brasileiros, além de celebridades internacionais. Responderam-lhe que não havia, no país, um lugar assim. O bochicho por aqui, disseram a ele, era pulverizado em praias de diversos estados. O tal publisher argentino, contrariado, depois de muito pensar, decidiu criar sua própria Punta del Este. Surgia, assim, a ilha de Caras. Fosse hoje, esse artifício não seria necessário. Passados 22 verões, na falta de uma “Punta del Este”, temos duas: Trancoso, no sul da Bahia, e Jurerê Internacional, em Florianópolis. A praia catarinense é, de fato, a versão brasileira não só do célebre destino uruguaio. A animação da música eletrônica, as mulheres lindas como uma tenista russa, os rapazes sarados, a sucessão de beach clubs — refinados e megaestruturados bares de praia, onde o champanhe Veuve Clicquot rola solto — tornam Jurerê comparável, também, à ilha espanhola de Ibiza (com mais recato, bem entendido). Nos 3,2 quilômetros de areias suavemente amareladas, com faixas variando entre 6 e 80 metros, já circularam as modelos Gisele Bündchen, Mariana Weickert e Alessandra Ambrósio, para ficar em apenas três beldades. Entre os homens, transitando na praia extensa e com ondas longas e serenas, podem ser citados galãs ainda mais internacionais do que a própria praia, incluindo o ator americano Jared Leto — cujo portfólio de ex-namoradas começa com as atrizes Cameron Diaz e Lindsay Lohan — e o milionário grego Stavros Niarchos, dono de uma empresa de estaleiros. Até Michael Schumacher fez um pit stop. Nenhum deles se interessou pela praia vizinha, ≠≠≠a Jurerê Tradicional, tão bela quanto, mas, como o batismo antecipa, reservada às famílias pacatas e avessas ao agito. E, ressalte-se, sem o ritmo hipnótico da música eletrônica. Jurerê, tanto a Internacional quanto sua vizinha de casa geminada Tradicional, ambas incrustadas na Baía Norte da ilha, de cara para o continente, já foram quase anônimas. Tinham, para todos os efeitos, outro nome em comum. Ficaram conhecidas por Ponta Grossa. O batismo Jurerê só se tornaria um consenso mais tarde, embora fosse mais antigo — deriva da expressão y-jurerê-mirim dos índios carijós (ou boca d’água pequena), descrevendo o estreito canal entre a ilha e o continente. No século 18, sua localização era então estratégica não para a badalação — mas para a defesa militar. Em um dos extremos, já na confluência com a Praia do Forte, está a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, concluída em 1744. Não foi esse patrimônio histórico, claro, o chamariz que, no decorrer das duas últimas décadas, transformou Jurerê em “a place to be” — ou lugar onde se deve estar —, segundo a indicação de 2009 do jornal “New York Times”. Ou, ainda, em destino propício à valorização imobiliária recomendado num guia de investimentos da revista “Exame”, publicado um ano antes. Até 1955, Jurerê era uma das menos frequentadas das 42 praias de Florianópolis. A razão principal desse descaso: a distância. Separada do centro da cidade por 23 quilômetros, tendia a continuar por mais tempo como um modesto e inalterado reduto de pescadores. Naquela metade da década de 1950, no entanto, uma imobiliária chamada Jurerê pôs em ação o primeiro loteamento da praia. Foi a perda da inocência. O previsível impacto cultural entre o modo de vida da vila de pescadores e o avanço da especulação imobiliária mudaria tudo. Mas apenas em 1982 Jurerê Internacional começou a ter, de fato, o rosto de hoje. Pronto para ser exibido em uma elegante revista de moda. O cirurgião plástico, no caso, foi a empresa de desenvolvimento urbanístico Habitasul. A companhia gaúcha criou um condomínio com ruas largas e alto padrão de residências. Empreendimentos desse tipo costumam isolar seus contemplados com muros e cercas, em nome da exclusividade e da segurança. Não foi o que ocorreu. Desta vez, o bom senso triunfou. Deu-se preferência a um bem-sucedido sistema de vigilância, com câmeras, postos de monitoramento, uma equipe de seguranças dotada de carros, motocicletas e moderna tecnologia de comunicação. Outra sacada inteligente: já antevendo a chegada de bares e hotéis, firmou-se, como regra, uma minuciosa carta de intenções de proteção ambiental. Graças a ela, Jurerê se tornou, em 2009, a primeira praia da América do Sul a receber a classificação Bandeira Azul. Essa certificação é atribuída por uma insuspeita organização dinamarquesa, a Fundação para a Educação Ambiental (FEE). O então diretor da ONG veio especialmente de Copenhague para fazer a entrega da honraria. Ter conseguido tal distinção, mesmo com a intensa movimentação dos beach clubs, é, de fato, uma façanha. Os tais clubes foram instalados ao final das vielas de estacionamento e são absolutamente com- viagem viagem | VidaBosch | 5 Fotos Divulgação 4 | VidaBosch | A criação de um condomínio de alto padrão em 1982 colocou a praia no radar do turismo de luxo E m 1993, quando se preparava para lançar a revista “Caras” no Brasil, o diretor-geral da publicação, um argentino, perguntou aos repórteres onde era “a Punta del Este brasileira”. Referia-se à cidade litorânea do Uruguai onde, em todos os verões, reúnem-se os ricos e famosos argentinos e brasileiros, além de celebridades internacionais. Responderam-lhe que não havia, no país, um lugar assim. O bochicho por aqui, disseram a ele, era pulverizado em praias de diversos estados. O tal publisher argentino, contrariado, depois de muito pensar, decidiu criar sua própria Punta del Este. Surgia, assim, a ilha de Caras. Fosse hoje, esse artifício não seria necessário. Passados 22 verões, na falta de uma “Punta del Este”, temos duas: Trancoso, no sul da Bahia, e Jurerê Internacional, em Florianópolis. A praia catarinense é, de fato, a versão brasileira não só do célebre destino uruguaio. A animação da música eletrônica, as mulheres lindas como uma tenista russa, os rapazes sarados, a sucessão de beach clubs — refinados e megaestruturados bares de praia, onde o champanhe Veuve Clicquot rola solto — tornam Jurerê comparável, também, à ilha espanhola de Ibiza (com mais recato, bem entendido). Nos 3,2 quilômetros de areias suavemente amareladas, com faixas variando entre 6 e 80 metros, já circularam as modelos Gisele Bündchen, Mariana Weickert e Alessandra Ambrósio, para ficar em apenas três beldades. Entre os homens, transitando na praia extensa e com ondas longas e serenas, podem ser citados galãs ainda mais internacionais do que a própria praia, incluindo o ator americano Jared Leto — cujo portfólio de ex-namoradas começa com as atrizes Cameron Diaz e Lindsay Lohan — e o milionário grego Stavros Niarchos, dono de uma empresa de estaleiros. Até Michael Schumacher fez um pit stop. Nenhum deles se interessou pela praia vizinha, ≠≠≠a Jurerê Tradicional, tão bela quanto, mas, como o batismo antecipa, reservada às famílias pacatas e avessas ao agito. E, ressalte-se, sem o ritmo hipnótico da música eletrônica. Jurerê, tanto a Internacional quanto sua vizinha de casa geminada Tradicional, ambas incrustadas na Baía Norte da ilha, de cara para o continente, já foram quase anônimas. Tinham, para todos os efeitos, outro nome em comum. Ficaram conhecidas por Ponta Grossa. O batismo Jurerê só se tornaria um consenso mais tarde, embora fosse mais antigo — deriva da expressão y-jurerê-mirim dos índios carijós (ou boca d’água pequena), descrevendo o estreito canal entre a ilha e o continente. No século 18, sua localização era então estratégica não para a badalação — mas para a defesa militar. Em um dos extremos, já na confluência com a Praia do Forte, está a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, concluída em 1744. Não foi esse patrimônio histórico, claro, o chamariz que, no decorrer das duas últimas décadas, transformou Jurerê em “a place to be” — ou lugar onde se deve estar —, segundo a indicação de 2009 do jornal “New York Times”. Ou, ainda, em destino propício à valorização imobiliária recomendado num guia de investimentos da revista “Exame”, publicado um ano antes. Até 1955, Jurerê era uma das menos frequentadas das 42 praias de Florianópolis. A razão principal desse descaso: a distância. Separada do centro da cidade por 23 quilômetros, tendia a continuar por mais tempo como um modesto e inalterado reduto de pescadores. Naquela metade da década de 1950, no entanto, uma imobiliária chamada Jurerê pôs em ação o primeiro loteamento da praia. Foi a perda da inocência. O previsível impacto cultural entre o modo de vida da vila de pescadores e o avanço da especulação imobiliária mudaria tudo. Mas apenas em 1982 Jurerê Internacional começou a ter, de fato, o rosto de hoje. Pronto para ser exibido em uma elegante revista de moda. O cirurgião plástico, no caso, foi a empresa de desenvolvimento urbanístico Habitasul. A companhia gaúcha criou um condomínio com ruas largas e alto padrão de residências. Empreendimentos desse tipo costumam isolar seus contemplados com muros e cercas, em nome da exclusividade e da segurança. Não foi o que ocorreu. Desta vez, o bom senso triunfou. Deu-se preferência a um bem-sucedido sistema de vigilância, com câmeras, postos de monitoramento, uma equipe de seguranças dotada de carros, motocicletas e moderna tecnologia de comunicação. Outra sacada inteligente: já antevendo a chegada de bares e hotéis, firmou-se, como regra, uma minuciosa carta de intenções de proteção ambiental. Graças a ela, Jurerê se tornou, em 2009, a primeira praia da América do Sul a receber a classificação Bandeira Azul. Essa certificação é atribuída por uma insuspeita organização dinamarquesa, a Fundação para a Educação Ambiental (FEE). O então diretor da ONG veio especialmente de Copenhague para fazer a entrega da honraria. Ter conseguido tal distinção, mesmo com a intensa movimentação dos beach clubs, é, de fato, uma façanha. Os tais clubes foram instalados ao final das vielas de estacionamento e são absolutamente com- viagem | VidaBosch | 7 SC - 402 SC - 403 SC - 406 SC - 401 SC - 404 282 Florianópolis Onde ficar Il Campanario Avenida dos Búzios, 1760, tel. (48) 3261-6000, www.ilcampanario.com. br - Inaugurado em 2009, recebeu, no ano seguinte, a distinção de “Novidade do Ano”, do “Guia Quatro Rodas”. É um dos melhores hotéis da cidade. Rivaliza com o Costão do Santinho. Tem quartos muito amplos. Alguns deles oferecem cozinha com fogão elétrico, micro-ondas e cafeteira. Jurerê Beach Village Alameda Cesar Nascimento, 646, tel. (48) 3261-5100, www.jurerebeachvillage.com.br - Tem uma das maiores piscinas de Floripa. E uma infraestrutura invejável, incluindo agência de turismo e traslado gratuito no verão. São dois tipos de aposentos. As suítes contam com cozinha completa. Os studios, não. Pousada dos Chás Rua Francisco Gouvêa, 54, tel. (48) 3282-9112, www.pousadadoschas.com. br - Acena com quartos tão confortáveis quanto os de um hotel grande, mas com mimos personalizados, que só um lugar menor e mais aconchegante é capaz de ofertar. Por exemplo: bolos de laranja, limão e chocolate na volta da praia, em qualquer horário. Onde comer Taikô Avenida das Lagostas, km 27, tel. (48) 3282-9714 – Um restaurante pé na areia, no sistema dos beach clubs. Tem bufê de comida japonesa, mas pratos mais tradicionais no serviço à la carte. Ficou famoso o seu risoto de camarões com limão. Estação 261 Avenida das Raias, 261, tel. (48) 32829944 – Não é um beach club. Nem tem a sofisticação deles. Mas, no almoço, acena com um dos melhores bufês de Floripa. Aos domingos, inclui no cardápio bacalhau e frutos do mar. Toca de Jurerê Rua Acácio Melo, 78, tel. (48) 32820795 – A moqueca mista tem mais de 1 kg de frutos do mar. Também vale provar o camarão à Jurerê. pletos em matéria de gastronomia, conforto e hedonismo. O Café de La Musique é o preferido para um drinque ao final da tarde. Recém-inaugurado, o 300 Cosmo Beach Club aposta na chamada cozinha nikkei, mistura das culinárias peruana e japonesa. Para acompanhar, mais de 30 drinques e uma ampla carta de champanhes e vinhos. Eis aí a grande (r)evolução das barracas de praia. O beach club que levou a ideia mais adiante é o Parador 12, mais conhecido entre os habitués por “Pê Doze”. A rigor, trata-se do que, no exterior, convencionou-se chamar de day used: paga-se pelo ingresso em um clube autêntico, com direito a todas as regalias, durante um dia inteiro. O Parador 12 tem bangalôs, espaço lounge, restaurante, bares, lojas, espreguiçadeiras e até banheiras de hidromassagem. Claro que um lugar desse porte, com 16 mil m2, capaz de acolher, com folga, 2 mil pessoas, é apropriado para festas intermináveis, sobretudo uma bela folia de Réveillon. Festanças nos beach clubs acontecem há muitos verões em Jurerê Internacional, Como chegar A Bosch na sua vida Saia do centro de Florianópolis pela Avenida Beira-Mar Norte. Nas proximidades do elevado do CIC, dobre à esquerda na Avenida da Saudade. Ela o levará à rodovia SC-401. Depois de passar pelos bairros de Cacupé e Santo Antônio de Lisboa/Sambaqui, haverá um pedágio eletrônico desativado. Siga adiante por mais 3 quilômetros. Você verá um viaduto à sua frente. Entre à direita e suba por ele. Você estará agora na rodovia SC-404 (conhecida, também, como Mauricio Sirotsky Sobrinho). Siga por 2,5 quilômetros e verá à sua esquerda o acesso a Jurerê Internacional e Daniela. O acesso o levará a uma rotatória, onde se deve entrar na Avenida das Raias, uma das portas de entrada do empreendimento. A partir daí, é só seguir pelas vias do condomínio até chegar ao seu destino. O mecânico de Jurerê Apesar de Jurerê Internacional estar a 23 quilômetros do centro de Florianópolis, o motorista que visitar a praia não tem com o que se preocupar. A apenas 10 minutos de carro fica aquela que é quase uma “oficina oficial” de Jurerê: trata-se do Éder Centro Automotivo, unidade da rede Bosch Car Service no bairro de Vargem Grande, no norte da Ilha de Santa Catarina. “80% de Jurerê é meu cliente”, afirma o proprietário do estabelecimento, Éder Costa Massen. “Aqui no norte da ilha, a minha oficina é uma referência porque a marca Bosch Car Service é um selo de qualidade. Sou eletricista desde criança, e meu sonho era ter uma Bosch Car Service”, conta Massen, que está acostumado a fazer a manutenção dos inúmeros carros de luxo dos moradores de Jurerê Interna- embora a densidade demográfica da praia permaneça bem abaixo do limite estabelecido pelo Plano Diretor de Florianópolis. Quando os auês acontecem, o lugar fica muito mais semelhante a Ibiza, em detrimento de Punta del Este. Sobretudo por causa da música. Em plena época de Carnaval, quando o país inteiro esquenta os tamborins, Jererê Internacional prefere acionar a bateria eletrônica. No mais recente Carnaval Music Park, evento impensável para nacionalistas ferrenhos, estiveram presentes nomes de peso entre os rapazes do house e as meninas do trance. A começar por aquele que é, provavelmente, o mais famoso DJ do planeta: Fat Boy Slim. Além dele, estiveram os também internacionais Above & Beyond, Dash Berlin, Pete Tha Zouk e Phonique. A nata da música eletrônica (porque, bom, tem quem goste de nata). Para acomodar tanta gente, Jurerê oferece uma estrutura hoteleira digna, em qualidade, das maiores capitais brasileiras. Pode-se condenar a tentativa fake do resort Il Campanario de emular uma villa cional. “Na semana passada eu fui trocar a bateria de um Hummer, e o cara tinha seis carros, entre eles um Porsche e uma Mercedes. Um cliente meu tem 110 carros. Só Alfa Romeo ele tem mais de 40”, diz o mecânico. Não por acaso, a maioria dos problemas dos carros que chegam à oficina estão relacionados a baterias descarregadas e itens de conforto, como ar-condicionado e vidros elétricos. Massen, no entanto, alerta os eventuais visitantes de Jurerê Internacional de que, apesar de toda a sofisticação, o maior risco para os carros no condomínio é um fenômeno natural bastante comum: a chuva. “Jurerê tem um problema sério. Se chover muito forte, vários pontos alagam. Teve um sábado à tarde que eu peguei oito carros com motor estourado na mesma esquina. de balneário chique da Riviera Italiana. Ficou mais para Miami. Ainda assim, é inegável o conforto deste hotelzão com piscina enorme, dois restaurantes, dois bares, academia e um serviço impecável. Também o Jurerê Beach Village enquadra-se no mesmo rol da hospedagem com “infra” invejável. Aliás, é ótimo que esses hotéis ofereçam tudo — até mesmo pequenos centros comerciais. Afinal, ao longo do verão, Floripa tem um trânsito capaz de irritar até paulistanos de raiz. Nessa época do ano, o tráfego é lentíssimo. Claro que vale, uma vez em Florianópolis, percorrer também outras praias. Mas, se o congestionamento impedir, tudo bem. Jurerê Internacional, ora essa, tem tudo o que um visitante em férias pode querer: ótima praia, gente bonita, restaurantes deliciosos, segurança, funcionários que armam a sua cadeira nas areias (e vêm servir aquele Veuve Clicquot), camas kingsize, lençóis egípcios... Sem esquecer que os bons aposentos têm o melhor isolamento contra música eletrônica. Arquivo Bosch viagem Divulgação 6 | VidaBosch | Todos passaram dentro de poça d’água e danificaram o motor”, conta o mecânico. Por isso, ao visitar a “Punta del Este brasileira”, é bom ficar de olho no céu para não acabar em uma “Veneza catarinense”. viagem | VidaBosch | 7 SC - 402 SC - 403 SC - 406 SC - 401 SC - 404 282 Florianópolis Onde ficar Il Campanario Avenida dos Búzios, 1760, tel. (48) 3261-6000, www.ilcampanario.com. br - Inaugurado em 2009, recebeu, no ano seguinte, a distinção de “Novidade do Ano”, do “Guia Quatro Rodas”. É um dos melhores hotéis da cidade. Rivaliza com o Costão do Santinho. Tem quartos muito amplos. Alguns deles oferecem cozinha com fogão elétrico, micro-ondas e cafeteira. Jurerê Beach Village Alameda Cesar Nascimento, 646, tel. (48) 3261-5100, www.jurerebeachvillage.com.br - Tem uma das maiores piscinas de Floripa. E uma infraestrutura invejável, incluindo agência de turismo e traslado gratuito no verão. São dois tipos de aposentos. As suítes contam com cozinha completa. Os studios, não. Pousada dos Chás Rua Francisco Gouvêa, 54, tel. (48) 3282-9112, www.pousadadoschas.com. br - Acena com quartos tão confortáveis quanto os de um hotel grande, mas com mimos personalizados, que só um lugar menor e mais aconchegante é capaz de ofertar. Por exemplo: bolos de laranja, limão e chocolate na volta da praia, em qualquer horário. Onde comer Taikô Avenida das Lagostas, km 27, tel. (48) 3282-9714 – Um restaurante pé na areia, no sistema dos beach clubs. Tem bufê de comida japonesa, mas pratos mais tradicionais no serviço à la carte. Ficou famoso o seu risoto de camarões com limão. Estação 261 Avenida das Raias, 261, tel. (48) 32829944 – Não é um beach club. Nem tem a sofisticação deles. Mas, no almoço, acena com um dos melhores bufês de Floripa. Aos domingos, inclui no cardápio bacalhau e frutos do mar. Toca de Jurerê Rua Acácio Melo, 78, tel. (48) 32820795 – A moqueca mista tem mais de 1 kg de frutos do mar. Também vale provar o camarão à Jurerê. pletos em matéria de gastronomia, conforto e hedonismo. O Café de La Musique é o preferido para um drinque ao final da tarde. Recém-inaugurado, o 300 Cosmo Beach Club aposta na chamada cozinha nikkei, mistura das culinárias peruana e japonesa. Para acompanhar, mais de 30 drinques e uma ampla carta de champanhes e vinhos. Eis aí a grande (r)evolução das barracas de praia. O beach club que levou a ideia mais adiante é o Parador 12, mais conhecido entre os habitués por “Pê Doze”. A rigor, trata-se do que, no exterior, convencionou-se chamar de day used: paga-se pelo ingresso em um clube autêntico, com direito a todas as regalias, durante um dia inteiro. O Parador 12 tem bangalôs, espaço lounge, restaurante, bares, lojas, espreguiçadeiras e até banheiras de hidromassagem. Claro que um lugar desse porte, com 16 mil m2, capaz de acolher, com folga, 2 mil pessoas, é apropriado para festas intermináveis, sobretudo uma bela folia de Réveillon. Festanças nos beach clubs acontecem há muitos verões em Jurerê Internacional, Como chegar A Bosch na sua vida Saia do centro de Florianópolis pela Avenida Beira-Mar Norte. Nas proximidades do elevado do CIC, dobre à esquerda na Avenida da Saudade. Ela o levará à rodovia SC-401. Depois de passar pelos bairros de Cacupé e Santo Antônio de Lisboa/Sambaqui, haverá um pedágio eletrônico desativado. Siga adiante por mais 3 quilômetros. Você verá um viaduto à sua frente. Entre à direita e suba por ele. Você estará agora na rodovia SC-404 (conhecida, também, como Mauricio Sirotsky Sobrinho). Siga por 2,5 quilômetros e verá à sua esquerda o acesso a Jurerê Internacional e Daniela. O acesso o levará a uma rotatória, onde se deve entrar na Avenida das Raias, uma das portas de entrada do empreendimento. A partir daí, é só seguir pelas vias do condomínio até chegar ao seu destino. O mecânico de Jurerê Apesar de Jurerê Internacional estar a 23 quilômetros do centro de Florianópolis, o motorista que visitar a praia não tem com o que se preocupar. A apenas 10 minutos de carro fica aquela que é quase uma “oficina oficial” de Jurerê: trata-se do Éder Centro Automotivo, unidade da rede Bosch Car Service no bairro de Vargem Grande, no norte da Ilha de Santa Catarina. “80% de Jurerê é meu cliente”, afirma o proprietário do estabelecimento, Éder Costa Massen. “Aqui no norte da ilha, a minha oficina é uma referência porque a marca Bosch Car Service é um selo de qualidade. Sou eletricista desde criança, e meu sonho era ter uma Bosch Car Service”, conta Massen, que está acostumado a fazer a manutenção dos inúmeros carros de luxo dos moradores de Jurerê Interna- embora a densidade demográfica da praia permaneça bem abaixo do limite estabelecido pelo Plano Diretor de Florianópolis. Quando os auês acontecem, o lugar fica muito mais semelhante a Ibiza, em detrimento de Punta del Este. Sobretudo por causa da música. Em plena época de Carnaval, quando o país inteiro esquenta os tamborins, Jererê Internacional prefere acionar a bateria eletrônica. No mais recente Carnaval Music Park, evento impensável para nacionalistas ferrenhos, estiveram presentes nomes de peso entre os rapazes do house e as meninas do trance. A começar por aquele que é, provavelmente, o mais famoso DJ do planeta: Fat Boy Slim. Além dele, estiveram os também internacionais Above & Beyond, Dash Berlin, Pete Tha Zouk e Phonique. A nata da música eletrônica (porque, bom, tem quem goste de nata). Para acomodar tanta gente, Jurerê oferece uma estrutura hoteleira digna, em qualidade, das maiores capitais brasileiras. Pode-se condenar a tentativa fake do resort Il Campanario de emular uma villa cional. “Na semana passada eu fui trocar a bateria de um Hummer, e o cara tinha seis carros, entre eles um Porsche e uma Mercedes. Um cliente meu tem 110 carros. Só Alfa Romeo ele tem mais de 40”, diz o mecânico. Não por acaso, a maioria dos problemas dos carros que chegam à oficina estão relacionados a baterias descarregadas e itens de conforto, como ar-condicionado e vidros elétricos. Massen, no entanto, alerta os eventuais visitantes de Jurerê Internacional de que, apesar de toda a sofisticação, o maior risco para os carros no condomínio é um fenômeno natural bastante comum: a chuva. “Jurerê tem um problema sério. Se chover muito forte, vários pontos alagam. Teve um sábado à tarde que eu peguei oito carros com motor estourado na mesma esquina. de balneário chique da Riviera Italiana. Ficou mais para Miami. Ainda assim, é inegável o conforto deste hotelzão com piscina enorme, dois restaurantes, dois bares, academia e um serviço impecável. Também o Jurerê Beach Village enquadra-se no mesmo rol da hospedagem com “infra” invejável. Aliás, é ótimo que esses hotéis ofereçam tudo — até mesmo pequenos centros comerciais. Afinal, ao longo do verão, Floripa tem um trânsito capaz de irritar até paulistanos de raiz. Nessa época do ano, o tráfego é lentíssimo. Claro que vale, uma vez em Florianópolis, percorrer também outras praias. Mas, se o congestionamento impedir, tudo bem. Jurerê Internacional, ora essa, tem tudo o que um visitante em férias pode querer: ótima praia, gente bonita, restaurantes deliciosos, segurança, funcionários que armam a sua cadeira nas areias (e vêm servir aquele Veuve Clicquot), camas kingsize, lençóis egípcios... Sem esquecer que os bons aposentos têm o melhor isolamento contra música eletrônica. Arquivo Bosch viagem Divulgação 6 | VidaBosch | Todos passaram dentro de poça d’água e danificaram o motor”, conta o mecânico. Por isso, ao visitar a “Punta del Este brasileira”, é bom ficar de olho no céu para não acabar em uma “Veneza catarinense”. eu e meu carro | Por Frederico Kling Polêmico em campo, tranquilo no trânsito Comentarista e ex-jogador de temperamento forte, Neto aprendeu com um acidente a ser calmo ao volante – dirigindo seus carrões ou seus Fusquinhas Q uem gosta de futebol lembra bem da rara habilidade de Neto para cobrar faltas, de seu chute potente com a perna esquerda, seus lançamentos precisos e mesmo seus desentendimentos ríspidos com técnicos e juízes. O temperamento polêmico, com declarações francas e às vezes ásperas, também desponta na no- va fase da carreira, como apresentador e comentarista da Band. Essa faceta de José Ferreira Neto, porém, não aparece em outra de suas paixões: os automóveis. Se no campo ou nos estúdios de TV sua personalidade forte fica evidente, atrás do volante o craque deixa a ansiedade de lado. “Sou tranquilo no trânsito. Vivo em São Paulo e, se não souber lidar com isso, vou ficar mais louco do que já sou por natureza.” Uma decisão acertada para quem nasceu em meio à calmaria de Santo Antônio de Posse (SP), em 1966. O pequeno município (hoje com pouco mais de 20 mil habitantes) fica na região de Campinas, onde o jogador iniciou sua carreira e sua trajetória com automóveis. Em 1984, aos 18 anos, começou a jogar pelo Guarani. “Comprei um Passat azul assim que assinei meu primeiro contrato profissional.” Em dois anos no time, marcou 59 gols em 73 jogos. O toque de bola refinado e a habilidade com a canhota renderam comparação com Maradona. Apesar do sucesso, transferiu-se, em 1986, para o pequeno Bangu, do Rio de Janeiro. Em 1987, Neto voltou para terras paulistas – dessa vez, para o São Paulo. A chance de deslanchar no futebol, no entanto, foi perdida em circunstâncias quase trágicas. Se com a carreira veio um carro, foi um carro que quase encerrou sua carreira. “Eu tinha acabado de voltar do exterior com o time, estava cansado e era paraninfo da formatura de um amigo no interior, e, na volta, dormi ao volante. Uma irresponsabilidade de um moleque de 20 anos. Quase morri”, conta Neto. O carro capotou e caiu numa ribanceira, na estrada entre Espírito Santo do Pinhal e Mogi Guaçu. O jogador desmaiou. Após acordar, mesmo sofrendo fortes dores no corpo foi até um posto para avisar a família. Fraturou a clavícula esquerda, teve lesão no ligamento da coluna cervical e leve traumatismo craniano. O atleta aprendeu a lição. “Hoje, não passo o limite da velocidade e nem faço ultrapassagens nas estradas”. A precaução se estende às ruas. “Não gosto de barbeiragem ao volante, nem desse estilo malandro dos motoristas nas grandes metrópoles. Tenho paciência de esperar as coisas acontecerem”, afirma. O atacante mudou a maneira de dirigir, mas não abandonou o gosto por automóveis. “Me considero um apaixonado por carros. Se pudesse, teria um monte”, revela Neto, que, no entanto, confessa ter pouca intimidade com motores: “Não conheço muito de mecânica. Tenho um amigão que faz isso por mim.” Depois de mais uma passagem pelo Guarani e um rápido período no Palmeiras, Neto finalmente chegou ao time da sua vida. “Na minha família, só eu e minha mãe torcíamos pelo Corinthians, e, quando tive a oportunidade de jogar no clube, foi incrível”, conta o meia, um dos líderes da conquista do primeiro campeonato brasileiro do clube, em 1990. No entanto, ficou fora da Copa do Mundo daquele ano. “Estava no auge, mas o técnico optou por levar a base do elenco de jogadores de clubes cariocas. Aí é brincadeira, né?”, diz o craque, usando uma de suas expressões típicas. Aos 32 anos, achou que era hora de parar, e depois dos campos, veio a televisão. “Recebi um convite para participar de uma transmissão da Band e gostei. Pelo visto os caras gostaram de mim também”, conta. Está na emissora desde 2006. No estacionamento da empresa, Neto por vezes entra com um de seus dois carrões: um Hyundai Azera e um Chevrolet Camaro. “Gosto de conforto e tecnologia, busco ambas as coisas num automóvel.” Mas é comum aparecer por lá dirigindo uma de suas paixões, seus dois Fuscas – um preto, de 1967, e um azul, de 1985. “O que mais aprecio é que eles me levam de volta à infância. Gosto do barulho do motor, do cheiro da gasolina, da forma como ele treme”. Tanto o pai quanto o tio do jogador tiveram Fuscas, e Neto andou muito nestes carros quando era criança. “Gosto de lembrar desse período, que foi extremamente feliz.” O jogador gosta tanto do modelo que anda sempre atento em busca de um para aumentar a coleção. “Sempre que vejo um na rua ou em loja, à venda, se estiver inteiro e bonito, tento comprar.” O 1967, ele adquiriu faz quatro anos. Já o 1985 foi comprado em 2013. Os Fuscas são mais usados nas ruas. Na hora de viajar, o comentarista não abre mão do conforto dos carrões, até porque, como explica, “trânsito das cidades é uma chatice. Prefiro estrada, adoro a sensação de liberdade”. Neto tem muitas oportunidades para dirigir no ambiente que mais gosta. “Viajo muito, pois minha família está em Campinas e Santo Antônio de Posse, e sempre que dá vou pra lá”, diz o jogador, que emenda com seu habitual sarcasmo: “As estradas do interior paulista são muito boas. Mas também, né, tem um pedágio em cada quilômetro”! A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Renato Canton 8 | VidaBosch | Amigo para toda hora Quem, ao contrário de Neto, não tem um amigo do peito para cuidar do carro pode contar com as mais de 1.300 oficinas Bosch Car Service espalhadas por todos estados do Brasil. Em alguma, você certamente encontrará um “amigão”. “Manutenção de ignição e injeção eletrônica, reparos no sistema elétrico e de freios, mecânica geral são alguns dos inúmeros serviços oferecidos”, afirma a analista de marketing de conceito de oficina da Bosch, Celícia Santos. O trabalho é feito com equipamentos de diagnósticos precisos, que garantem um conserto de qualidade. Na rede, sempre se ressalta a importância de fazer manutenção preventiva regularmente. Ela evita desgastes, reduz o consumo de combustível e a emissão de poluentes e aumenta a segurança. “A manutenção corretiva, depois que o problema aconteceu, sempre significa um gasto maior para o proprietário”, avisa Celícia. Além disso, o “amigão” está sempre em capacitações, e as oficinas passam por avaliações constantes. Uma consultoria externa analisa desde o atendimento telefônico até a capacidade de diagnosticar problemas com precisão. Para saber mais sobre carros, acesse: facebook.com/pordentrodocarro. Você encontrará informações sobre manutenção preventiva, tendências automotivas, segurança no trânsito, viagens e muito mais. eu e meu carro | Por Frederico Kling Polêmico em campo, tranquilo no trânsito Comentarista e ex-jogador de temperamento forte, Neto aprendeu com um acidente a ser calmo ao volante – dirigindo seus carrões ou seus Fusquinhas Q uem gosta de futebol lembra bem da rara habilidade de Neto para cobrar faltas, de seu chute potente com a perna esquerda, seus lançamentos precisos e mesmo seus desentendimentos ríspidos com técnicos e juízes. O temperamento polêmico, com declarações francas e às vezes ásperas, também desponta na no- va fase da carreira, como apresentador e comentarista da Band. Essa faceta de José Ferreira Neto, porém, não aparece em outra de suas paixões: os automóveis. Se no campo ou nos estúdios de TV sua personalidade forte fica evidente, atrás do volante o craque deixa a ansiedade de lado. “Sou tranquilo no trânsito. Vivo em São Paulo e, se não souber lidar com isso, vou ficar mais louco do que já sou por natureza.” Uma decisão acertada para quem nasceu em meio à calmaria de Santo Antônio de Posse (SP), em 1966. O pequeno município (hoje com pouco mais de 20 mil habitantes) fica na região de Campinas, onde o jogador iniciou sua carreira e sua trajetória com automóveis. Em 1984, aos 18 anos, começou a jogar pelo Guarani. “Comprei um Passat azul assim que assinei meu primeiro contrato profissional.” Em dois anos no time, marcou 59 gols em 73 jogos. O toque de bola refinado e a habilidade com a canhota renderam comparação com Maradona. Apesar do sucesso, transferiu-se, em 1986, para o pequeno Bangu, do Rio de Janeiro. Em 1987, Neto voltou para terras paulistas – dessa vez, para o São Paulo. A chance de deslanchar no futebol, no entanto, foi perdida em circunstâncias quase trágicas. Se com a carreira veio um carro, foi um carro que quase encerrou sua carreira. “Eu tinha acabado de voltar do exterior com o time, estava cansado e era paraninfo da formatura de um amigo no interior, e, na volta, dormi ao volante. Uma irresponsabilidade de um moleque de 20 anos. Quase morri”, conta Neto. O carro capotou e caiu numa ribanceira, na estrada entre Espírito Santo do Pinhal e Mogi Guaçu. O jogador desmaiou. Após acordar, mesmo sofrendo fortes dores no corpo foi até um posto para avisar a família. Fraturou a clavícula esquerda, teve lesão no ligamento da coluna cervical e leve traumatismo craniano. O atleta aprendeu a lição. “Hoje, não passo o limite da velocidade e nem faço ultrapassagens nas estradas”. A precaução se estende às ruas. “Não gosto de barbeiragem ao volante, nem desse estilo malandro dos motoristas nas grandes metrópoles. Tenho paciência de esperar as coisas acontecerem”, afirma. O atacante mudou a maneira de dirigir, mas não abandonou o gosto por automóveis. “Me considero um apaixonado por carros. Se pudesse, teria um monte”, revela Neto, que, no entanto, confessa ter pouca intimidade com motores: “Não conheço muito de mecânica. Tenho um amigão que faz isso por mim.” Depois de mais uma passagem pelo Guarani e um rápido período no Palmeiras, Neto finalmente chegou ao time da sua vida. “Na minha família, só eu e minha mãe torcíamos pelo Corinthians, e, quando tive a oportunidade de jogar no clube, foi incrível”, conta o meia, um dos líderes da conquista do primeiro campeonato brasileiro do clube, em 1990. No entanto, ficou fora da Copa do Mundo daquele ano. “Estava no auge, mas o técnico optou por levar a base do elenco de jogadores de clubes cariocas. Aí é brincadeira, né?”, diz o craque, usando uma de suas expressões típicas. Aos 32 anos, achou que era hora de parar, e depois dos campos, veio a televisão. “Recebi um convite para participar de uma transmissão da Band e gostei. Pelo visto os caras gostaram de mim também”, conta. Está na emissora desde 2006. No estacionamento da empresa, Neto por vezes entra com um de seus dois carrões: um Hyundai Azera e um Chevrolet Camaro. “Gosto de conforto e tecnologia, busco ambas as coisas num automóvel.” Mas é comum aparecer por lá dirigindo uma de suas paixões, seus dois Fuscas – um preto, de 1967, e um azul, de 1985. “O que mais aprecio é que eles me levam de volta à infância. Gosto do barulho do motor, do cheiro da gasolina, da forma como ele treme”. Tanto o pai quanto o tio do jogador tiveram Fuscas, e Neto andou muito nestes carros quando era criança. “Gosto de lembrar desse período, que foi extremamente feliz.” O jogador gosta tanto do modelo que anda sempre atento em busca de um para aumentar a coleção. “Sempre que vejo um na rua ou em loja, à venda, se estiver inteiro e bonito, tento comprar.” O 1967, ele adquiriu faz quatro anos. Já o 1985 foi comprado em 2013. Os Fuscas são mais usados nas ruas. Na hora de viajar, o comentarista não abre mão do conforto dos carrões, até porque, como explica, “trânsito das cidades é uma chatice. Prefiro estrada, adoro a sensação de liberdade”. Neto tem muitas oportunidades para dirigir no ambiente que mais gosta. “Viajo muito, pois minha família está em Campinas e Santo Antônio de Posse, e sempre que dá vou pra lá”, diz o jogador, que emenda com seu habitual sarcasmo: “As estradas do interior paulista são muito boas. Mas também, né, tem um pedágio em cada quilômetro”! A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Renato Canton 8 | VidaBosch | Amigo para toda hora Quem, ao contrário de Neto, não tem um amigo do peito para cuidar do carro pode contar com as mais de 1.300 oficinas Bosch Car Service espalhadas por todos estados do Brasil. Em alguma, você certamente encontrará um “amigão”. “Manutenção de ignição e injeção eletrônica, reparos no sistema elétrico e de freios, mecânica geral são alguns dos inúmeros serviços oferecidos”, afirma a analista de marketing de conceito de oficina da Bosch, Celícia Santos. O trabalho é feito com equipamentos de diagnósticos precisos, que garantem um conserto de qualidade. Na rede, sempre se ressalta a importância de fazer manutenção preventiva regularmente. Ela evita desgastes, reduz o consumo de combustível e a emissão de poluentes e aumenta a segurança. “A manutenção corretiva, depois que o problema aconteceu, sempre significa um gasto maior para o proprietário”, avisa Celícia. Além disso, o “amigão” está sempre em capacitações, e as oficinas passam por avaliações constantes. Uma consultoria externa analisa desde o atendimento telefônico até a capacidade de diagnosticar problemas com precisão. Para saber mais sobre carros, acesse: facebook.com/pordentrodocarro. Você encontrará informações sobre manutenção preventiva, tendências automotivas, segurança no trânsito, viagens e muito mais. 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Manuel Alves Filho De volta para o futuro A solução para o transporte público nas grandes metrópoles pode estar nas novas versões de um velho conhecido: o ônibus elétrico Divulgação E m 1890, São Paulo implantou a sua primeira linha de bonde elétrico. A novidade, posteriormente copiada por outras cidades brasileiras, representou um avanço imenso em relação aos veículos de tração animal. Passados mais de 100 anos, uma nova tecnologia, também baseada na propulsão elétrica, promete romper mais uma vez com o paradigma vigente nos sistemas de transportes urbanos. Altamente sustentáveis, os ônibus elétricos começam a ganhar espaço nas ruas e avenidas dos grandes e médios municípios brasileiros. A perspectiva de avanço da frota é tão positiva que o país já conta com um fabricante nacional e está prestes a receber mais um, vindo da China. Tratase de uma valiosa chance de a mobilidade urbana finalmente sofrer, a despeito do trocadilho, um choque de eficiência. Os modernos ônibus elétricos podem ser divididos em três segmentos: puros, híbridos e trólebus. Os primeiros são tracionados por motores elétricos alimentados por um banco de baterias normalmente instalado na parte superior dos veículos. Já os trólebus também são movidos por motores elétricos, mas a fonte de energia vem da rede aérea de distribuição, à qual estão conectados por cabos. Os dois modelos não emitem um só grama de dióxido de carbono (CO2) ou material particulado (fumaça preta), gases causadores do efeito estufa. Os híbridos, por seu turno, recebem essa denominação por contarem com duas fontes de energia: um motor elétrico, alimentado por baterias, e um a combustão, movido a gasolina ou a diesel. Eles são programados eletronicamente para trabalhar de forma complementar, de modo a aliar o melhor desempenho à maior 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Manuel Alves Filho De volta para o futuro A solução para o transporte público nas grandes metrópoles pode estar nas novas versões de um velho conhecido: o ônibus elétrico Divulgação E m 1890, São Paulo implantou a sua primeira linha de bonde elétrico. A novidade, posteriormente copiada por outras cidades brasileiras, representou um avanço imenso em relação aos veículos de tração animal. Passados mais de 100 anos, uma nova tecnologia, também baseada na propulsão elétrica, promete romper mais uma vez com o paradigma vigente nos sistemas de transportes urbanos. Altamente sustentáveis, os ônibus elétricos começam a ganhar espaço nas ruas e avenidas dos grandes e médios municípios brasileiros. A perspectiva de avanço da frota é tão positiva que o país já conta com um fabricante nacional e está prestes a receber mais um, vindo da China. Tratase de uma valiosa chance de a mobilidade urbana finalmente sofrer, a despeito do trocadilho, um choque de eficiência. Os modernos ônibus elétricos podem ser divididos em três segmentos: puros, híbridos e trólebus. Os primeiros são tracionados por motores elétricos alimentados por um banco de baterias normalmente instalado na parte superior dos veículos. Já os trólebus também são movidos por motores elétricos, mas a fonte de energia vem da rede aérea de distribuição, à qual estão conectados por cabos. Os dois modelos não emitem um só grama de dióxido de carbono (CO2) ou material particulado (fumaça preta), gases causadores do efeito estufa. Os híbridos, por seu turno, recebem essa denominação por contarem com duas fontes de energia: um motor elétrico, alimentado por baterias, e um a combustão, movido a gasolina ou a diesel. Eles são programados eletronicamente para trabalhar de forma complementar, de modo a aliar o melhor desempenho à maior 12 | VidaBosch | torque e potência lembra que os trólebus começaram a ser implantados em São Paulo em 1949 para substituir os bondes. A grande vantagem dos trólebus sobre os antecessores era que eles rodavam sobre pneus, o que ampliava a capacidade operacional do sistema de transporte, dado que os veículos poderiam desenvolver maior velocidade e cumprir trajetos além daqueles dotados com trilhos. “Os bondes deixaram de circular no final da década de 1960, mas infelizmente os trólebus não tiveram a expansão esperada”, afirma Mello Filho. Retomada Agora, com os trólebus e híbridos à frente, a expansão que não houve no passado pode finalmente ser retomada, acredita Iêda Maria Oliveira, gerente comercial da Eletra, empresa brasileira que fabrica as três versões do veículo – puro, híbrido e trólebus. A análise é sustentada por números. A Eletra entregou recentemente 60 trólebus para a Ambiental Transpor- tes, concessionária de serviços de transporte público da cidade de São Paulo. Ao todo, a marca responde por 300 trólebus e 45 híbridos que estão em operação nos municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Além dessas localidades, a empresa fornece veículos para as cidades de Rosário, na Argentina, e Wellington, na Nova Zelândia. Iêda analisa que, considerando o curto prazo, a maior demanda por ônibus elétricos deverá recair sobre os híbridos, principalmente porque eles têm preço competitivo em relação aos veículos convencionais e porque não necessitam de infraestrutura de recarga. A combinação motor elétrico/motor a combustão confere autonomia suficiente para que sejam recarregados somente após o fim do expediente, na garagem. “Alguns estudos indicam que os ônibus híbridos terão uma participação de 15% no mercado mundial nos próximos cinco anos. Cidades que já possuem ônibus elétricos estão buscando a renovação e até a ampliação de sua frota. Outros municípios, que já tiveram trólebus no passado, estão demonstrando interesse na implantação de corredores com trólebus e híbridos. Por fim, há casos de localidades que deverão implantar o sistema trólebus pela primeira vez. As perspectivas são muito boas”, avalia a gerente comercial da Eletra. Inovação Posição semelhante é manifestada por Adalberto Maluf Filho, ex-diretor da Rede C40, entidade que reúne as 40 maiores cidades líderes no combate às mudanças climáticas, e atual diretor de marketing da BYD, fabricante chinesa de ônibus elétricos que está instalando uma unidade em Campinas (SP). De acordo com ele, o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, que tornaram as baterias mais longevas e eficientes, e a produção em larga escala dos ônibus elétricos puros são fatores que devem tornar competitivos os preços desses veículos. “Isso sem falar que o custo operacional dos ônibus Pavel L Photo and Video/Shutterstock economia energética de cada um. Nesse caso, ocorre a emissão de gases poluentes, mas a taxa fica em torno de 90% abaixo da emitida pelos ônibus convencionais. “Os ônibus elétricos são uma alternativa muito interessante tanto do ponto de vista ambiental quanto operacional. Infelizmente, porém, o Brasil ainda está engatinhando no uso dessa tecnologia”, constata o engenheiro mecânico Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em gestão ambiental com foco em mobilidade urbana. O docente lembra que dos 1.700 ônibus que operam atualmente na cidade de São Paulo, somente 3% são movidos a eletricidade, a maioria trólebus. Falta uma política pública de estímulo à adoção de veículos movidos a energia renovável, especialmente a elétrica, acredita Mello Filho. No caso específico da capital paulista, observa o professor do Mackenzie, avançar nessa direção significa, em certa medida, retornar ao passado. Ele torque e potência | VidaBosch | 13 Os motores elétricos são alimentados por baterias e podem funcionar junto com motores a combustão Estudos indicam que os ônibus híbridos terão uma participação de 15% no mercado mundial nos próximos cinco anos elétricos é no máximo igual ao do convencional”, assegura. Maluf explica que as primeiras unidades fabricadas pela BYD começaram a circular experimentalmente na China há cinco anos, e há três começaram a ser vendidas comercialmente. “Atualmente, nós temos em circulação no mundo cerca de 8 mil ônibus elétricos e mais 7 mil para serem entregues. Esperamos estar com a fábrica de Campinas concluída até março de 2015, para a partir dessa data passarmos a montar os veículos no Brasil. Já temos algumas encomendas e estamos abrindo novas perspectivas de negócios”, adianta o executivo. Segundo ele, além da China, os ônibus elétricos também são uma realidade nas vias de cidades como Amsterdã, Londres, Los Angeles, Milão e Santiago. Outra inovação importante é a chamada “frenagem regenerativa”, recurso que promove a recuperação da energia durante a frenagem. Quando o motorista tira o pé do acelerador ou aciona o freio, o motor elétrico assume a função de um gerador. Assim, a energia que seria desperdiçada no processo é reaproveitada e armazenada no banco de baterias. No caso do ônibus elétrico puro fabricado pela Eletra, esse sistema é responsável pelo suprimento médio de 33% da carga utilizada pelo veículo. No da BYD, esse índice também gira em torno dos 30%. Graças a essa “carga extra”, os veículos podem receber recargas rápidas ao longo do dia ou ser totalmente recarregados à noite, já na garagem, período no qual a demanda pela eletricidade é menor e o preço, mais baixo. Além disso, os ônibus elétricos puros não têm caixa de câmbio, o que acaba com os trancos durante as trocas de marchas e faz com que o piso do coletivo seja mais baixo, o que aumenta a acessibilidade. A Bosch na sua vida Do milhar ao milhão Durante sua vida útil, o motor de um ônibus comum dá entre 30 mil e 50 mil partidas. Já em um veículo híbrido, esse número pode passar da casa de um milhão, pois ele é constantemente ligado e desligado, já que opera junto com um motor elétrico. Por isso, os fabricantes de ônibus híbridos precisam ter certeza de que os sistemas de injeção que alimentam os motores a combustão desses veículos são suficientemente robustos. É aí que a Bosch entra. “O número muito maior de partidas dos veículos híbridos afeta vários componentes, principalmente a injeção eletrônica e, por isso, fazemos um trabalho de simulação de partidas para ver se os componentes fabricados para um motor comum vão funcionar bem em um híbrido”, diz Adriano Antunes, engenheiro de desenvolvimento de produtos da Bosch. “Nós fazemos uma série de testes e simulações de partida para ver como os componentes, criados para veículos convencionais, vão reagir quando ligados a um sistema híbrido. Temos de saber se os injetores são suficientemente robustos ou se precisam ser melhorados”, explica Rodrigo Brandalise, também engenheiro de desenvolvimento de produtos da companhia. O objetivo dos testes é checar se o motor a combustão é capaz de dar o número de partidas especificado pelo fabricante do veículo híbrido. Se não for, os engenheiros da Bosch adaptam o sistema de injeção eletrônica para que ele atenda as necessidades do cliente. “Há várias coisas que podem ser aprimoradas para o motor híbrido, como, por exemplo, mudar a forma do sistema, usar materiais diferentes, aumentar a espessura da parede e modificar sua Arquivo Bosch calibração e lubrificação. Enfim, coisas que tornem a injeção mais robusta”, afirma Antunes. 12 | VidaBosch | torque e potência lembra que os trólebus começaram a ser implantados em São Paulo em 1949 para substituir os bondes. A grande vantagem dos trólebus sobre os antecessores era que eles rodavam sobre pneus, o que ampliava a capacidade operacional do sistema de transporte, dado que os veículos poderiam desenvolver maior velocidade e cumprir trajetos além daqueles dotados com trilhos. “Os bondes deixaram de circular no final da década de 1960, mas infelizmente os trólebus não tiveram a expansão esperada”, afirma Mello Filho. Retomada Agora, com os trólebus e híbridos à frente, a expansão que não houve no passado pode finalmente ser retomada, acredita Iêda Maria Oliveira, gerente comercial da Eletra, empresa brasileira que fabrica as três versões do veículo – puro, híbrido e trólebus. A análise é sustentada por números. A Eletra entregou recentemente 60 trólebus para a Ambiental Transpor- tes, concessionária de serviços de transporte público da cidade de São Paulo. Ao todo, a marca responde por 300 trólebus e 45 híbridos que estão em operação nos municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Além dessas localidades, a empresa fornece veículos para as cidades de Rosário, na Argentina, e Wellington, na Nova Zelândia. Iêda analisa que, considerando o curto prazo, a maior demanda por ônibus elétricos deverá recair sobre os híbridos, principalmente porque eles têm preço competitivo em relação aos veículos convencionais e porque não necessitam de infraestrutura de recarga. A combinação motor elétrico/motor a combustão confere autonomia suficiente para que sejam recarregados somente após o fim do expediente, na garagem. “Alguns estudos indicam que os ônibus híbridos terão uma participação de 15% no mercado mundial nos próximos cinco anos. Cidades que já possuem ônibus elétricos estão buscando a renovação e até a ampliação de sua frota. Outros municípios, que já tiveram trólebus no passado, estão demonstrando interesse na implantação de corredores com trólebus e híbridos. Por fim, há casos de localidades que deverão implantar o sistema trólebus pela primeira vez. As perspectivas são muito boas”, avalia a gerente comercial da Eletra. Inovação Posição semelhante é manifestada por Adalberto Maluf Filho, ex-diretor da Rede C40, entidade que reúne as 40 maiores cidades líderes no combate às mudanças climáticas, e atual diretor de marketing da BYD, fabricante chinesa de ônibus elétricos que está instalando uma unidade em Campinas (SP). De acordo com ele, o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, que tornaram as baterias mais longevas e eficientes, e a produção em larga escala dos ônibus elétricos puros são fatores que devem tornar competitivos os preços desses veículos. “Isso sem falar que o custo operacional dos ônibus Pavel L Photo and Video/Shutterstock economia energética de cada um. Nesse caso, ocorre a emissão de gases poluentes, mas a taxa fica em torno de 90% abaixo da emitida pelos ônibus convencionais. “Os ônibus elétricos são uma alternativa muito interessante tanto do ponto de vista ambiental quanto operacional. Infelizmente, porém, o Brasil ainda está engatinhando no uso dessa tecnologia”, constata o engenheiro mecânico Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em gestão ambiental com foco em mobilidade urbana. O docente lembra que dos 1.700 ônibus que operam atualmente na cidade de São Paulo, somente 3% são movidos a eletricidade, a maioria trólebus. Falta uma política pública de estímulo à adoção de veículos movidos a energia renovável, especialmente a elétrica, acredita Mello Filho. No caso específico da capital paulista, observa o professor do Mackenzie, avançar nessa direção significa, em certa medida, retornar ao passado. Ele torque e potência | VidaBosch | 13 Os motores elétricos são alimentados por baterias e podem funcionar junto com motores a combustão Estudos indicam que os ônibus híbridos terão uma participação de 15% no mercado mundial nos próximos cinco anos elétricos é no máximo igual ao do convencional”, assegura. Maluf explica que as primeiras unidades fabricadas pela BYD começaram a circular experimentalmente na China há cinco anos, e há três começaram a ser vendidas comercialmente. “Atualmente, nós temos em circulação no mundo cerca de 8 mil ônibus elétricos e mais 7 mil para serem entregues. Esperamos estar com a fábrica de Campinas concluída até março de 2015, para a partir dessa data passarmos a montar os veículos no Brasil. Já temos algumas encomendas e estamos abrindo novas perspectivas de negócios”, adianta o executivo. Segundo ele, além da China, os ônibus elétricos também são uma realidade nas vias de cidades como Amsterdã, Londres, Los Angeles, Milão e Santiago. Outra inovação importante é a chamada “frenagem regenerativa”, recurso que promove a recuperação da energia durante a frenagem. Quando o motorista tira o pé do acelerador ou aciona o freio, o motor elétrico assume a função de um gerador. Assim, a energia que seria desperdiçada no processo é reaproveitada e armazenada no banco de baterias. No caso do ônibus elétrico puro fabricado pela Eletra, esse sistema é responsável pelo suprimento médio de 33% da carga utilizada pelo veículo. No da BYD, esse índice também gira em torno dos 30%. Graças a essa “carga extra”, os veículos podem receber recargas rápidas ao longo do dia ou ser totalmente recarregados à noite, já na garagem, período no qual a demanda pela eletricidade é menor e o preço, mais baixo. Além disso, os ônibus elétricos puros não têm caixa de câmbio, o que acaba com os trancos durante as trocas de marchas e faz com que o piso do coletivo seja mais baixo, o que aumenta a acessibilidade. A Bosch na sua vida Do milhar ao milhão Durante sua vida útil, o motor de um ônibus comum dá entre 30 mil e 50 mil partidas. Já em um veículo híbrido, esse número pode passar da casa de um milhão, pois ele é constantemente ligado e desligado, já que opera junto com um motor elétrico. Por isso, os fabricantes de ônibus híbridos precisam ter certeza de que os sistemas de injeção que alimentam os motores a combustão desses veículos são suficientemente robustos. É aí que a Bosch entra. “O número muito maior de partidas dos veículos híbridos afeta vários componentes, principalmente a injeção eletrônica e, por isso, fazemos um trabalho de simulação de partidas para ver se os componentes fabricados para um motor comum vão funcionar bem em um híbrido”, diz Adriano Antunes, engenheiro de desenvolvimento de produtos da Bosch. “Nós fazemos uma série de testes e simulações de partida para ver como os componentes, criados para veículos convencionais, vão reagir quando ligados a um sistema híbrido. Temos de saber se os injetores são suficientemente robustos ou se precisam ser melhorados”, explica Rodrigo Brandalise, também engenheiro de desenvolvimento de produtos da companhia. O objetivo dos testes é checar se o motor a combustão é capaz de dar o número de partidas especificado pelo fabricante do veículo híbrido. Se não for, os engenheiros da Bosch adaptam o sistema de injeção eletrônica para que ele atenda as necessidades do cliente. “Há várias coisas que podem ser aprimoradas para o motor híbrido, como, por exemplo, mudar a forma do sistema, usar materiais diferentes, aumentar a espessura da parede e modificar sua Arquivo Bosch calibração e lubrificação. Enfim, coisas que tornem a injeção mais robusta”, afirma Antunes. 14 | VidaBosch | em casa | Por Douglas Galan Cuide você mesmo Marie C Fields/Shutterstock Assumir reparos ou pequenas reformas em casa gera economia e pode virar hobby. E ainda evita futuras dores de cabeça 14 | VidaBosch | em casa | Por Douglas Galan Cuide você mesmo Marie C Fields/Shutterstock Assumir reparos ou pequenas reformas em casa gera economia e pode virar hobby. E ainda evita futuras dores de cabeça 16 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 17 Fotos Luckyraccoon/Shutterstock Antes de pendurar um quadro ou instalar uma prateleira, é bom medir a parede para escolher a melhor posição O arquiteto paulista Sérgio Ricardo Pereira é um dos brasileiros que, por gosto ou economia, lançam-se com afinco e prazer a reparos simples e consertos corriqueiros. De tanto martelar seu apartamento de 44 m² em busca de mais conforto, decidiu criar um blog (sergiofariasarquiteturadeinteriores.blogspot.com. br) e um perfil no Facebook (facebook. com/sergiofariasdesignerdeinteriores) com dicas para quem quer fazer reformas nesse tipo de imóvel. Nas postagens, deixa claro que, com um pouco de tempo, paciência e prática, se faz muita coisa: troca de sifões, manutenção de torneiras e registros, furos em paredes, troca de lâmpadas e luminárias, substituição de soleiras, mudança em espelhos e tomadas e troca de chuveiro elétrico. “Condições financeiras, aliadas à cultura criativa, levam o brasileiro a assumir tarefas de reforma e reparos por conta própria”, comenta o professor Carlos Alberto Ortega, instrutor de Formação Pro- fissional da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, em São Paulo. A regra número 1, nesse tipo de atividade, é reunir o máximo de informações a respeito do que deve ser feito: qual a melhor técnica (ou a mais fácil), quais materiais e ferramentas serão necessários, que cuidados de segurança terão de ser tomados, quanto tempo deve durar o serviço. Um kit básico de ferramentas (com martelo, alicate, furadeira e chave de fenda) já dá conta de bastante coisa. Alguns ajustes exigem cuidados adicionais – e, em muitos casos, é prudente deixar de lado o ímpeto de faz-tudo e recorrer a um profissional. Isso vale, por exemplo, para trabalhos que envolvam gás e, dependendo de seu grau de familiaridade com o assunto, instalações elétricas. “Elétrica é coisa séria e requer conhecimento”, avisa a arquiteta Kátia Sartorelli, sócia da 100pepinos (www.100pepinos.com.br), startup paulistana que tem o propósito de melhorar a qualidade da autocons- trução ou autogestão. “Se for mexer na parte elétrica, é imprescindível desligar a chave geral no quadro de energia, para evitar riscos de choques”, lembra o arquiteto César Augusto Pasquini, consultor da rede de lojas de material de construção Telhanorte em São Paulo. Nos quartos e nas salas, o faça-vocêmesmo costuma ser mais tranquilo: raramente há tubulação entre as paredes, e a fiação quase sempre fica apenas no caminho entre os pontos de eletricidade (interruptores, tomadas e luminárias). Longe desses pontos, é improvável encontrar um fio ao furar a parede para fixar prateleiras ou quadros. Cozinhas e banheiros são os cômodos em que pequenos consertos são mais necessários. “Manutenção hidráulica, entupimentos, pequenos vazamentos e troca de chuveiros e torneiras são reparos rápidos, que demandam ação imediata”, observa Ortega. Um tanto por isso, são os locais mais Fácil de fazer Confira tarefas que podem ser executadas com simplicidade e evitam gastos maiores no futuro Limpeza de calhas Limpe a cada três meses, retirando toda a sujeira e as folhas. Se houver furos ou rachaduras, passe um impermeabilizante, para evitar infiltrações. ta. O segundo, na maioria das vezes, pode ser realizado sem dificuldades nem riscos à sua segurança – mas lembre-se de desligar todos os disjuntores no registro de energia. Pintura de portões e grades Se forem de madeira, retoque a aplicação de verniz a cada seis meses. Lubrifique engrenagens de portas de aço a cada dois meses, para que não sofram desgaste. Pintar paredes A pintura começa bem antes da aplicação da tinta: uma parede no capricho demanda preparação. Preencha imperfeições, como buracos de prego, com massa corrida; lixe a superfície; lave a parede com água e sabão neutro e espere secar; estanque problemas que causem umidade ou manchas de bolor; experimente a cor da tinta na parede que será pintada (em uma área de cerca de 1 m²). Chuveiro elétrico Quando não funciona, pode ser por problema na rede elétrica ou resistência queimada. Para o primeiro caso, contrate um eletricis- Teste os disjuntores do quadro de força a cada seis meses Basta abaixar para ver se a energia foi cortada e, depois, voltá-los à posição normal. Se o fluxo de eletricidade não for interrompido, é hora de trocar o disjuntor. Melhor chamar um técnico para fazer esse serviço. Limpeza de sifões No banheiro e na cozinha, isso deve ser feito a cada seis meses. É uma ótima alternativa para se livrar de entupimentos causados pelo acúmulo de cabelos, pelos de barba e outros resíduos. Jamais deixe uma torneira pingando Para não desperdiçar água, troque as borrachinhas quando as torneiras começarem a girar em falso. Fixação de suportes de TVs É necessário ter furadeira e medir com precisão o local. Fonte: 100 pepinos 16 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 17 Fotos Luckyraccoon/Shutterstock Antes de pendurar um quadro ou instalar uma prateleira, é bom medir a parede para escolher a melhor posição O arquiteto paulista Sérgio Ricardo Pereira é um dos brasileiros que, por gosto ou economia, lançam-se com afinco e prazer a reparos simples e consertos corriqueiros. De tanto martelar seu apartamento de 44 m² em busca de mais conforto, decidiu criar um blog (sergiofariasarquiteturadeinteriores.blogspot.com. br) e um perfil no Facebook (facebook. com/sergiofariasdesignerdeinteriores) com dicas para quem quer fazer reformas nesse tipo de imóvel. Nas postagens, deixa claro que, com um pouco de tempo, paciência e prática, se faz muita coisa: troca de sifões, manutenção de torneiras e registros, furos em paredes, troca de lâmpadas e luminárias, substituição de soleiras, mudança em espelhos e tomadas e troca de chuveiro elétrico. “Condições financeiras, aliadas à cultura criativa, levam o brasileiro a assumir tarefas de reforma e reparos por conta própria”, comenta o professor Carlos Alberto Ortega, instrutor de Formação Pro- fissional da Escola Senai Orlando Laviero Ferraiuolo, em São Paulo. A regra número 1, nesse tipo de atividade, é reunir o máximo de informações a respeito do que deve ser feito: qual a melhor técnica (ou a mais fácil), quais materiais e ferramentas serão necessários, que cuidados de segurança terão de ser tomados, quanto tempo deve durar o serviço. Um kit básico de ferramentas (com martelo, alicate, furadeira e chave de fenda) já dá conta de bastante coisa. Alguns ajustes exigem cuidados adicionais – e, em muitos casos, é prudente deixar de lado o ímpeto de faz-tudo e recorrer a um profissional. Isso vale, por exemplo, para trabalhos que envolvam gás e, dependendo de seu grau de familiaridade com o assunto, instalações elétricas. “Elétrica é coisa séria e requer conhecimento”, avisa a arquiteta Kátia Sartorelli, sócia da 100pepinos (www.100pepinos.com.br), startup paulistana que tem o propósito de melhorar a qualidade da autocons- trução ou autogestão. “Se for mexer na parte elétrica, é imprescindível desligar a chave geral no quadro de energia, para evitar riscos de choques”, lembra o arquiteto César Augusto Pasquini, consultor da rede de lojas de material de construção Telhanorte em São Paulo. Nos quartos e nas salas, o faça-vocêmesmo costuma ser mais tranquilo: raramente há tubulação entre as paredes, e a fiação quase sempre fica apenas no caminho entre os pontos de eletricidade (interruptores, tomadas e luminárias). Longe desses pontos, é improvável encontrar um fio ao furar a parede para fixar prateleiras ou quadros. Cozinhas e banheiros são os cômodos em que pequenos consertos são mais necessários. “Manutenção hidráulica, entupimentos, pequenos vazamentos e troca de chuveiros e torneiras são reparos rápidos, que demandam ação imediata”, observa Ortega. Um tanto por isso, são os locais mais Fácil de fazer Confira tarefas que podem ser executadas com simplicidade e evitam gastos maiores no futuro Limpeza de calhas Limpe a cada três meses, retirando toda a sujeira e as folhas. Se houver furos ou rachaduras, passe um impermeabilizante, para evitar infiltrações. ta. O segundo, na maioria das vezes, pode ser realizado sem dificuldades nem riscos à sua segurança – mas lembre-se de desligar todos os disjuntores no registro de energia. Pintura de portões e grades Se forem de madeira, retoque a aplicação de verniz a cada seis meses. Lubrifique engrenagens de portas de aço a cada dois meses, para que não sofram desgaste. Pintar paredes A pintura começa bem antes da aplicação da tinta: uma parede no capricho demanda preparação. Preencha imperfeições, como buracos de prego, com massa corrida; lixe a superfície; lave a parede com água e sabão neutro e espere secar; estanque problemas que causem umidade ou manchas de bolor; experimente a cor da tinta na parede que será pintada (em uma área de cerca de 1 m²). Chuveiro elétrico Quando não funciona, pode ser por problema na rede elétrica ou resistência queimada. Para o primeiro caso, contrate um eletricis- Teste os disjuntores do quadro de força a cada seis meses Basta abaixar para ver se a energia foi cortada e, depois, voltá-los à posição normal. Se o fluxo de eletricidade não for interrompido, é hora de trocar o disjuntor. Melhor chamar um técnico para fazer esse serviço. Limpeza de sifões No banheiro e na cozinha, isso deve ser feito a cada seis meses. É uma ótima alternativa para se livrar de entupimentos causados pelo acúmulo de cabelos, pelos de barba e outros resíduos. Jamais deixe uma torneira pingando Para não desperdiçar água, troque as borrachinhas quando as torneiras começarem a girar em falso. Fixação de suportes de TVs É necessário ter furadeira e medir com precisão o local. Fonte: 100 pepinos 18 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 19 sujeitos a armadilhas. Não só há fios passando sob as paredes, mas também canos verticais vindos da caixa d’água e ligações horizontais entre os pontos. Um furo errado pode, literalmente, dar em água. Ter a planta do imóvel ajuda nesses momentos. Mas, como não é incomum que casas ou prédios mais antigos não tenham esse documento, aparelhos de detecção podem ser especialmente úteis (leia mais no boxe abaixo). Mesmo serviços que, aparentemente, não requerem nem técnica nem habilidade escondem alguns segredos. Antes de pintar uma parede, por exemplo, verifique se não há infiltrações. “Se as rachaduras forem muito profundas e largas, com mais de 1 cm, podem demonstrar alguma irregularidade na estrutura do ambiente”, alerta o arquiteto Gui Rodrigues, de Brasília. Será preciso, então, sanar o problema antes de passar a tinta. “Já se forem mais superficiais, são causadas por sobreposições de revestimentos, como reboco e massa cor- rida. Nesse caso recomendo retirar uma grande parte do revestimento antigo, com uma lixadeira, e criar uma nova camada.” Aproveite para decorar Embora com frequência se ponha a mão na massa com o intuito de resolver problemas urgentes ou latentes, isso também pode ser feito para deixar a casa mais bonita – pintar paredes ou móveis, pendurar quadros, espelhos, prateleiras e nichos, colorir azulejos, etc. “Se quiser renovar o banheiro ou a cozinha sem quebra-quebra, existem tintas especiais para azulejos, adesivos de vários tamanhos e cores e até pastilhas adesivas para você mesmo aplicar”, conta Kátia Sartorelli. Para prateleiras, o arquiteto Sérgio Ricardo Pereira aconselha que fiquem a 1,50 ou até 2 metros do chão. As versões de vidro só devem ser usadas para sustentar peças leves (como taças e copos); ainda assim, com espessura mínima de 10 milímetros e de preferência em vidro temperado. Já os quadros devem ser fixados na altura dos olhos, com pregos ou adesivos fixadores específicos. Se for colocar vários alinhados, cheque se o teto ou o piso não estão desnivelados em relação à parede. Se quiser ter uma ideia de como ficará o conjunto, corte papéis com a medida de cada quadro e disponha-os na parede, colando com fita crepe. Para ver se combinam entre si, faça a composição no chão, antes de pregá-los. Para espelhos, Kátia diz que existem produtos para fixação específica – eles vêm com bico direcionador, e a cola deve ser passada na parede limpa, em linhas verticais. A secagem inicial leva 30 minutos (nesse intervalo, use um calço para sustentar a estrutura), e a total, 24 horas. Se preferir, é possível matar dois serviços com um kit de ferramentas só: aproveitar a necessidade de reparo para fazer alguma melhoria na decoração. Será um modo de deixar a casa mais segura e, simultaneamente, mais bonita. Arquivo Bosch Por que não aproveitar os consertos para rever a decoração? A casa ficará mais segura e, ao mesmo tempo, mais bonita Raio X de paredes Pôr a mão na massa em casa traz vantagens: fixando quadros, prateleiras, TV, ar-condicionado, pendentes ou varais, você economiza e ainda nutre aquele saudável orgulho de quem vê o que precisa ser feito, e faz. Mas isso pode ir por água abaixo (quase literalmente) se, ao furar a parede, você atingir também a tubulação. Ou, mais grave, a fiação elétrica. A Bosch tem um produto fundamental para evitar problemas como esse: o D-tect 120. Novo lançamento da linha de detectores de materiais D-tect, o aparelho é capaz de localizar fios e encanamento dentro da parede – seja de ferro, cobre, alumínio, madeira ou PVC. “Somos a única empresa que tem equipamento de detecção de PVC, usado na grande maioria dos canos no Brasil”, destaca o gerente de marketing Fabiano Bisetto, responsável pela linha de medição da Bosch na América Latina. O único requisito para que o D-tect 120 reconheça o PVC é que o cano esteja preenchido com água – o que acontece na grande maioria das vezes. De qualquer modo, se quiser ter certeza, basta abrir a torneira e fechá-la assim que a água começar a sair. Como a ferramenta também capta ferro e aço, é capaz de identificar vergalhões, aquelas pilastras de concreto armado que servem de sustentação e que, portanto, não podem ser retiradas nem suportar objetos pesados. Para usar o equipamento, basta encostá-lo à superfície e ligá-lo (veja o vídeo em youtu.be/50H28N1c1S8). Pode-se optar por um de três modos, de acordo com o tipo de parede: drywall, universal (de tijolos, por exemplo) e concreto armado. A ferramenta reconhecerá materiais que estejam a até 12 cm de profundidade. “No Brasil, as tubulações e fiações geralmente ficam a 6 ou 8 cm. Os verga- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida lhões, às vezes um pouco mais”, comenta Bisetto. Se houver algo, o D-tect 120 vai mostrar um alerta no visor; se for um fio energizado, emitirá ainda um sinal sonoro. “Boa parte das casas e apartamentos não têm planta atualizada. Então, não há como saber com certeza se há ou não objetos no interior da parede. O D-tect dá essa certeza”, resume o gerente de marketing. O equipamento é movido a pilhas (tamanho AA) ou baterias de lítio de 10,8V – as mesmas que alimentam furadeiras ou parafusadeiras. 18 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 19 sujeitos a armadilhas. Não só há fios passando sob as paredes, mas também canos verticais vindos da caixa d’água e ligações horizontais entre os pontos. Um furo errado pode, literalmente, dar em água. Ter a planta do imóvel ajuda nesses momentos. Mas, como não é incomum que casas ou prédios mais antigos não tenham esse documento, aparelhos de detecção podem ser especialmente úteis (leia mais no boxe abaixo). Mesmo serviços que, aparentemente, não requerem nem técnica nem habilidade escondem alguns segredos. Antes de pintar uma parede, por exemplo, verifique se não há infiltrações. “Se as rachaduras forem muito profundas e largas, com mais de 1 cm, podem demonstrar alguma irregularidade na estrutura do ambiente”, alerta o arquiteto Gui Rodrigues, de Brasília. Será preciso, então, sanar o problema antes de passar a tinta. “Já se forem mais superficiais, são causadas por sobreposições de revestimentos, como reboco e massa cor- rida. Nesse caso recomendo retirar uma grande parte do revestimento antigo, com uma lixadeira, e criar uma nova camada.” Aproveite para decorar Embora com frequência se ponha a mão na massa com o intuito de resolver problemas urgentes ou latentes, isso também pode ser feito para deixar a casa mais bonita – pintar paredes ou móveis, pendurar quadros, espelhos, prateleiras e nichos, colorir azulejos, etc. “Se quiser renovar o banheiro ou a cozinha sem quebra-quebra, existem tintas especiais para azulejos, adesivos de vários tamanhos e cores e até pastilhas adesivas para você mesmo aplicar”, conta Kátia Sartorelli. Para prateleiras, o arquiteto Sérgio Ricardo Pereira aconselha que fiquem a 1,50 ou até 2 metros do chão. As versões de vidro só devem ser usadas para sustentar peças leves (como taças e copos); ainda assim, com espessura mínima de 10 milímetros e de preferência em vidro temperado. Já os quadros devem ser fixados na altura dos olhos, com pregos ou adesivos fixadores específicos. Se for colocar vários alinhados, cheque se o teto ou o piso não estão desnivelados em relação à parede. Se quiser ter uma ideia de como ficará o conjunto, corte papéis com a medida de cada quadro e disponha-os na parede, colando com fita crepe. Para ver se combinam entre si, faça a composição no chão, antes de pregá-los. Para espelhos, Kátia diz que existem produtos para fixação específica – eles vêm com bico direcionador, e a cola deve ser passada na parede limpa, em linhas verticais. A secagem inicial leva 30 minutos (nesse intervalo, use um calço para sustentar a estrutura), e a total, 24 horas. Se preferir, é possível matar dois serviços com um kit de ferramentas só: aproveitar a necessidade de reparo para fazer alguma melhoria na decoração. Será um modo de deixar a casa mais segura e, simultaneamente, mais bonita. Arquivo Bosch Por que não aproveitar os consertos para rever a decoração? A casa ficará mais segura e, ao mesmo tempo, mais bonita Raio X de paredes Pôr a mão na massa em casa traz vantagens: fixando quadros, prateleiras, TV, ar-condicionado, pendentes ou varais, você economiza e ainda nutre aquele saudável orgulho de quem vê o que precisa ser feito, e faz. Mas isso pode ir por água abaixo (quase literalmente) se, ao furar a parede, você atingir também a tubulação. Ou, mais grave, a fiação elétrica. A Bosch tem um produto fundamental para evitar problemas como esse: o D-tect 120. Novo lançamento da linha de detectores de materiais D-tect, o aparelho é capaz de localizar fios e encanamento dentro da parede – seja de ferro, cobre, alumínio, madeira ou PVC. “Somos a única empresa que tem equipamento de detecção de PVC, usado na grande maioria dos canos no Brasil”, destaca o gerente de marketing Fabiano Bisetto, responsável pela linha de medição da Bosch na América Latina. O único requisito para que o D-tect 120 reconheça o PVC é que o cano esteja preenchido com água – o que acontece na grande maioria das vezes. De qualquer modo, se quiser ter certeza, basta abrir a torneira e fechá-la assim que a água começar a sair. Como a ferramenta também capta ferro e aço, é capaz de identificar vergalhões, aquelas pilastras de concreto armado que servem de sustentação e que, portanto, não podem ser retiradas nem suportar objetos pesados. Para usar o equipamento, basta encostá-lo à superfície e ligá-lo (veja o vídeo em youtu.be/50H28N1c1S8). Pode-se optar por um de três modos, de acordo com o tipo de parede: drywall, universal (de tijolos, por exemplo) e concreto armado. A ferramenta reconhecerá materiais que estejam a até 12 cm de profundidade. “No Brasil, as tubulações e fiações geralmente ficam a 6 ou 8 cm. Os verga- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida lhões, às vezes um pouco mais”, comenta Bisetto. Se houver algo, o D-tect 120 vai mostrar um alerta no visor; se for um fio energizado, emitirá ainda um sinal sonoro. “Boa parte das casas e apartamentos não têm planta atualizada. Então, não há como saber com certeza se há ou não objetos no interior da parede. O D-tect dá essa certeza”, resume o gerente de marketing. O equipamento é movido a pilhas (tamanho AA) ou baterias de lítio de 10,8V – as mesmas que alimentam furadeiras ou parafusadeiras. Wavebreakmedia/Shutterstock 20 | VidaBosch | tendências | Por Bruno Meirelles O futuro das oficinas Nova tecnologia da Bosch permite que mecânicos identifiquem o problema do carro antes mesmo de o veículo chegar ao estabelecimento Wavebreakmedia/Shutterstock 20 | VidaBosch | tendências | Por Bruno Meirelles O futuro das oficinas Nova tecnologia da Bosch permite que mecânicos identifiquem o problema do carro antes mesmo de o veículo chegar ao estabelecimento 22 | VidaBosch | É tendências chegar à oficina ou à concessionária mais próxima. Você vai até o local indicado, arruma seu carro rapidamente e volta para casa tranquilo e em segurança. O enredo acima pode parecer ficção científica – e certamente é capaz de estragar roteiros de filme de terror barato –, mas já é uma realidade em vários países. É uma tecnologia de telemetria que tem potencial para mudar a história da manutenção veicular e do controle de frotas. Fotos Arquivo Bosch noite de lua cheia e você está dirigindo sozinho no meio do nada. De repente, um filete de fumaça começa a sair do capô: em pouco tempo seu carro vai deixá-lo na mão. Você olha ao redor, não há ninguém a quem pedir ajuda. Um barulho repentino faz seu coração bater mais depressa, mas, aliviado, descobre que é apenas o toque do celular. Do outro lado da linha, uma voz simpática informa o problema do veículo e explica como tendências | VidaBosch | 23 Um aparelho conectado à unidade de controle transmite as informações do carro... “Hoje, só é possível saber o que está acontecendo com um carro quando ele chega à oficina. E, mesmo assim, qualquer bom diagnóstico requer pelo menos duas horas de trabalho. Uma tecnologia como essa será muito positiva e transformadora para o setor no Brasil. Agilizaria bastante os serviços”, afirma Antonio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo (Sindirepa-SP). A inovação já vem de fábrica em alguns automóveis de luxo, como BMW e Volvo, no exterior. A Bosch desenvolveu uma alternativa, chamada Connected Vehicle (CoVe), que permite utilizar a tecnologia em carros que já estão rodando. “Quanto mais moderno for o veículo, mais coisas o aparelho é capaz de ler. Assim, se o carro contar com air bag e sensores de presença, de farol e de aquecimento de banco, todas estas informações poderão ser monitoradas”, diz o gerente de conceitos de oficina da Bosch, Daniel Angelo. O sistema funciona por meio de um aparelho do tamanho de um celular. Uma vez conectado à unidade de controle do carro, é capaz de ler e transmitir todas as informações geradas pelo automóvel. Para o dispositivo da Bosch, a instalação leva apenas uma hora. O único pré-requisito é que o veículo tenha computador de bordo – o que inclui qualquer modelo com injeção eletrônica. Na prática, o sistema funciona da seguinte maneira: assim que algum sensor do carro identifica que a pastilha de freio está gasta ou que a pressão do pneu está baixa, transmite os dados brutos, por telefonia móvel, a uma central. Esta decodifica os sinais, localiza a oficina conectada mais próxima ao automóvel naquele momento, repassa os sinais a ela, entra em contato com o condutor avisando do problema e indica o melhor lugar para realizar o serviço. Se for necessária uma peça de reposição, também é possível acionar o estoque e enviá-la diretamente para que os mecânicos façam o conserto, economizando um tempo precioso. “Para que as oficinas recebam as informações, basta que contem com um scanner e um computador ligado à internet. É ...que podem ser acessadas pela internet em computadores, celulares ou tablets muito simples. Vamos chegar a um ponto em que toda a cadeia estará conectada”, prevê Angelo. Assim que um sensor identifica que a pastilha de freio está gasta ou que a pressão do pneu está baixa, transmite os dados a uma central Controle de frotas A mesma tecnologia de telemetria também possibilita monitorar grandes frotas em tempo real, o que a torna uma ferramenta importante para transportadoras e locadoras de automóvel. Uma empresa que tenha toda a frota equipada com o dis- positivo poderá acompanhar em tempo real o estado de cada carro pela internet. “Atualmente, nós dependemos do relato do cliente para saber se apareceu alguma fumaça. Caso ele não informe, não temos como saber, e aquilo pode virar algo maior em algumas semanas”, afirma Carlos Faustino, diretor da regional paulista da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). Nas transportadoras, será possível acompanhar o desempenho dos condutores e realizar treinamentos para corrigir eventuais falhas na direção. “A possibilidade de você saber se o carro está parado, passou da velocidade ou chegou atrasado pode ser um diferencial impor- 22 | VidaBosch | É tendências chegar à oficina ou à concessionária mais próxima. Você vai até o local indicado, arruma seu carro rapidamente e volta para casa tranquilo e em segurança. O enredo acima pode parecer ficção científica – e certamente é capaz de estragar roteiros de filme de terror barato –, mas já é uma realidade em vários países. É uma tecnologia de telemetria que tem potencial para mudar a história da manutenção veicular e do controle de frotas. Fotos Arquivo Bosch noite de lua cheia e você está dirigindo sozinho no meio do nada. De repente, um filete de fumaça começa a sair do capô: em pouco tempo seu carro vai deixá-lo na mão. Você olha ao redor, não há ninguém a quem pedir ajuda. Um barulho repentino faz seu coração bater mais depressa, mas, aliviado, descobre que é apenas o toque do celular. Do outro lado da linha, uma voz simpática informa o problema do veículo e explica como tendências | VidaBosch | 23 Um aparelho conectado à unidade de controle transmite as informações do carro... “Hoje, só é possível saber o que está acontecendo com um carro quando ele chega à oficina. E, mesmo assim, qualquer bom diagnóstico requer pelo menos duas horas de trabalho. Uma tecnologia como essa será muito positiva e transformadora para o setor no Brasil. Agilizaria bastante os serviços”, afirma Antonio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo (Sindirepa-SP). A inovação já vem de fábrica em alguns automóveis de luxo, como BMW e Volvo, no exterior. A Bosch desenvolveu uma alternativa, chamada Connected Vehicle (CoVe), que permite utilizar a tecnologia em carros que já estão rodando. “Quanto mais moderno for o veículo, mais coisas o aparelho é capaz de ler. Assim, se o carro contar com air bag e sensores de presença, de farol e de aquecimento de banco, todas estas informações poderão ser monitoradas”, diz o gerente de conceitos de oficina da Bosch, Daniel Angelo. O sistema funciona por meio de um aparelho do tamanho de um celular. Uma vez conectado à unidade de controle do carro, é capaz de ler e transmitir todas as informações geradas pelo automóvel. Para o dispositivo da Bosch, a instalação leva apenas uma hora. O único pré-requisito é que o veículo tenha computador de bordo – o que inclui qualquer modelo com injeção eletrônica. Na prática, o sistema funciona da seguinte maneira: assim que algum sensor do carro identifica que a pastilha de freio está gasta ou que a pressão do pneu está baixa, transmite os dados brutos, por telefonia móvel, a uma central. Esta decodifica os sinais, localiza a oficina conectada mais próxima ao automóvel naquele momento, repassa os sinais a ela, entra em contato com o condutor avisando do problema e indica o melhor lugar para realizar o serviço. Se for necessária uma peça de reposição, também é possível acionar o estoque e enviá-la diretamente para que os mecânicos façam o conserto, economizando um tempo precioso. “Para que as oficinas recebam as informações, basta que contem com um scanner e um computador ligado à internet. É ...que podem ser acessadas pela internet em computadores, celulares ou tablets muito simples. Vamos chegar a um ponto em que toda a cadeia estará conectada”, prevê Angelo. Assim que um sensor identifica que a pastilha de freio está gasta ou que a pressão do pneu está baixa, transmite os dados a uma central Controle de frotas A mesma tecnologia de telemetria também possibilita monitorar grandes frotas em tempo real, o que a torna uma ferramenta importante para transportadoras e locadoras de automóvel. Uma empresa que tenha toda a frota equipada com o dis- positivo poderá acompanhar em tempo real o estado de cada carro pela internet. “Atualmente, nós dependemos do relato do cliente para saber se apareceu alguma fumaça. Caso ele não informe, não temos como saber, e aquilo pode virar algo maior em algumas semanas”, afirma Carlos Faustino, diretor da regional paulista da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). Nas transportadoras, será possível acompanhar o desempenho dos condutores e realizar treinamentos para corrigir eventuais falhas na direção. “A possibilidade de você saber se o carro está parado, passou da velocidade ou chegou atrasado pode ser um diferencial impor- tendências tendências | VidaBosch | 25 ThamKC/Shutterstock Pavel L Photo and Video/Shutterstock 24 | VidaBosch | Hoje, só é possível saber o que está acontecendo com um carro quando ele chega à oficina. O CoVe antecipa esse diagnóstico tante. Quando se terceiriza a frota, você só recebe os dados no final do contrato. Ter isso em tempo real é uma vantagem enorme”, pontua Faustino. Angelo, da Bosch, ressalta as vantagens da tecnologia. “Empresas dessas áreas trabalham com dois tipos de manutenção, a corretiva e a preventiva. Com o CoVe, a primeira irá reduzir drasticamente, evitando falhas inesperadas. Serão bem mais raros os casos em que faremos um reparo sem que o sistema tenha indicado o problema.” O CoVe já é usado por locadoras de veículos que atuam na União Europeia e na América do Norte. Ao contratar o serviço junto à Bosch, a companhia pode optar por diversos pacotes de serviço, o que inclui a possibilidade de, em vez de receber os dados já processados, ter acesso às informações brutas e interpretá-las por conta própria (o que significa contar com um engenheiro de programação e um software de interpretação). Além disso, a empresa pode incluir um plano no qual faz uso da rede Bosch Service para a realização dos reparos. Em sistemas desse tipo, as locadoras têm acesso a dados e serviços que podem ser diferenciais importantes para seus negócios. Se um cliente mostrou-se mais imprudente na primeira vez em que alugou um carro (por exemplo, freou bruscamente diversas vezes ou andou em velocidades acima do permitido), elas podem cobrar um seguro mais alto O dispositivo também é útil para transportadoras e locadoras, pois possibilita monitorar grandes frotas em tempo real quando ele voltar a contratar o serviço. “Além disso, uma das empresas que faz uso do sistema já registrou uma economia de combustível de 8%, por conta da regulagem sempre em dia dos automóveis. O CoVe também traz maior segurança, mostrando se há falhas no air bag, no ABS. Caso aconteça uma desaceleração muito brusca, o sistema pode ler isso como um acidente”, afirma Angelo. Inúmeras possibilidades A Bosch disponibiliza, no exterior, dois modelos do Connected Vehicle: o básico e o premium. O primeiro conta com localizador GPS, relógio, acelerômetros para fazer a leitura das informações e um cartão SIM (Subscriber Identity Module, como os de celular) para transmitir os dados. A versão premium inclui também bluetooh, wi-fi e uma bateria de backup, e pode se conectar a dispositivos móveis. O modelo mais avançado se comunica com um aplicativo (Fun 2 Drive) com o qual o motorista visualiza várias informações do carro por meio de um telefone celular, por exemplo. Os desdobramentos disso são inúmeros. “É possível manter todo o registro das condições do veículo para apresentar quando ele for vendido, mostrando o número de vezes em que ele deu problema, notificações de acidentes e roubos. Também é possível emprestar o carro para seu filho ir para a faculdade e criar uma cerca virtual, que vai avisar se ele saiu do caminho”, enumera Angelo. Tudo isso já está à disposição de motoristas, mecânicos, locadoras e transportadoras na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda faltam alguns detalhes para que a tecnologia chegue ao Brasil. O grande empecilho é que o sistema precisa de algumas adaptações para ser compatível com os carros brasileiros. “Os comandos gerais já estão padronizados, mas ainda é preciso adaptar aqueles mais específicos para que uma tecnologia assim possa entrar no nosso mercado”, afirma o professor Sérgio Ribeiro Augusto, do curso de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia. Angelo diz que a Bosch já está trabalhando nessa questão, e prevê que os problemas de compatibilidade sejam resolvidos ainda no primeiro semestre de 2015. A Bosch vai apresentar a seus clientes o conceito de oficina do futuro na 12ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços (Automec 2015). O evento acontece de 7 a 11 de abril, no Anhembi, em São Paulo. Saiba mais: www. automecfeira.com.br tendências tendências | VidaBosch | 25 ThamKC/Shutterstock Pavel L Photo and Video/Shutterstock 24 | VidaBosch | Hoje, só é possível saber o que está acontecendo com um carro quando ele chega à oficina. O CoVe antecipa esse diagnóstico tante. Quando se terceiriza a frota, você só recebe os dados no final do contrato. Ter isso em tempo real é uma vantagem enorme”, pontua Faustino. Angelo, da Bosch, ressalta as vantagens da tecnologia. “Empresas dessas áreas trabalham com dois tipos de manutenção, a corretiva e a preventiva. Com o CoVe, a primeira irá reduzir drasticamente, evitando falhas inesperadas. Serão bem mais raros os casos em que faremos um reparo sem que o sistema tenha indicado o problema.” O CoVe já é usado por locadoras de veículos que atuam na União Europeia e na América do Norte. Ao contratar o serviço junto à Bosch, a companhia pode optar por diversos pacotes de serviço, o que inclui a possibilidade de, em vez de receber os dados já processados, ter acesso às informações brutas e interpretá-las por conta própria (o que significa contar com um engenheiro de programação e um software de interpretação). Além disso, a empresa pode incluir um plano no qual faz uso da rede Bosch Service para a realização dos reparos. Em sistemas desse tipo, as locadoras têm acesso a dados e serviços que podem ser diferenciais importantes para seus negócios. Se um cliente mostrou-se mais imprudente na primeira vez em que alugou um carro (por exemplo, freou bruscamente diversas vezes ou andou em velocidades acima do permitido), elas podem cobrar um seguro mais alto O dispositivo também é útil para transportadoras e locadoras, pois possibilita monitorar grandes frotas em tempo real quando ele voltar a contratar o serviço. “Além disso, uma das empresas que faz uso do sistema já registrou uma economia de combustível de 8%, por conta da regulagem sempre em dia dos automóveis. O CoVe também traz maior segurança, mostrando se há falhas no air bag, no ABS. Caso aconteça uma desaceleração muito brusca, o sistema pode ler isso como um acidente”, afirma Angelo. Inúmeras possibilidades A Bosch disponibiliza, no exterior, dois modelos do Connected Vehicle: o básico e o premium. O primeiro conta com localizador GPS, relógio, acelerômetros para fazer a leitura das informações e um cartão SIM (Subscriber Identity Module, como os de celular) para transmitir os dados. A versão premium inclui também bluetooh, wi-fi e uma bateria de backup, e pode se conectar a dispositivos móveis. O modelo mais avançado se comunica com um aplicativo (Fun 2 Drive) com o qual o motorista visualiza várias informações do carro por meio de um telefone celular, por exemplo. Os desdobramentos disso são inúmeros. “É possível manter todo o registro das condições do veículo para apresentar quando ele for vendido, mostrando o número de vezes em que ele deu problema, notificações de acidentes e roubos. Também é possível emprestar o carro para seu filho ir para a faculdade e criar uma cerca virtual, que vai avisar se ele saiu do caminho”, enumera Angelo. Tudo isso já está à disposição de motoristas, mecânicos, locadoras e transportadoras na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda faltam alguns detalhes para que a tecnologia chegue ao Brasil. O grande empecilho é que o sistema precisa de algumas adaptações para ser compatível com os carros brasileiros. “Os comandos gerais já estão padronizados, mas ainda é preciso adaptar aqueles mais específicos para que uma tecnologia assim possa entrar no nosso mercado”, afirma o professor Sérgio Ribeiro Augusto, do curso de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia. Angelo diz que a Bosch já está trabalhando nessa questão, e prevê que os problemas de compatibilidade sejam resolvidos ainda no primeiro semestre de 2015. A Bosch vai apresentar a seus clientes o conceito de oficina do futuro na 12ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços (Automec 2015). O evento acontece de 7 a 11 de abril, no Anhembi, em São Paulo. Saiba mais: www. automecfeira.com.br 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Tiago Cordeiro O Mais uma munição contra a falta d’água Ciasabesp/Divulgação Maior obra na área de abastecimento hídrico em andamento no país, Sistema São Lourenço vai levar água por 83 quilômetros para aumentar o fornecimento na Grande São Paulo primeiro alerta veio em julho de 2001. Na ocasião, as represas do Sistema Cantareira, que abastecem cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, atingiram 25% de sua capacidade, e os técnicos do governo do estado chegaram a cogitar racionamento. O segundo alerta soou em 2003, quando foi implantado rodízio de água na Grande São Paulo. Agora já não há mais dúvida: a maior seca dos últimos 80 anos, em 2014, deixou claro que a área que concentra o maior número de habitantes no Brasil precisa de medidas urgentes para garantir à sua população o recurso essencial para sobrevivência. A estratégia tem de envolver ações em vários setores. Um deles, o aumento da oferta de água. E é justamente esse o objetivo primordial de uma obra iniciada em abril de 2014: a construção do Sistema Produtor São Lourenço, com conclusão prevista para outubro de 2017. Trata-se do maior empreendimento do gênero na região desde o início das operações do Sistema Alto Tietê, há 21 anos. Quando estiver integrado à rede de captação paulista, o São Lourenço deverá elevar de 73 mil para 77,7 mil litros por segundo o fornecimento de água tratada, favorecendo sobretudo centros comerciais, condomínios residenciais e 685 núcleos de baixa renda de Barueri, Cotia, Santana de Parnaíba, Itapevi, Carapicuíba, Jandira e Vargem Grande Paulista. Outros quatro receberão intervenções durante as obras: Ibiúna, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Embu-Guaçu. Ao todo, 1,5 milhões de moradores serão beneficiados, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A obra é resultado de uma parceria público-privada (PPP). O consórcio vencedor da licitação foi uma parceria entre as construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, que vão investir R$ 2,21 bilhões, com direitos sobre a manutenção do sistema ao longo de 25 anos. É o maior projeto hídrico em andamento no Brasil e uma ação fundamental para garantir a segurança no abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, na avaliação da Sabesp. A estimativa da concessionária é que 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Tiago Cordeiro O Mais uma munição contra a falta d’água Ciasabesp/Divulgação Maior obra na área de abastecimento hídrico em andamento no país, Sistema São Lourenço vai levar água por 83 quilômetros para aumentar o fornecimento na Grande São Paulo primeiro alerta veio em julho de 2001. Na ocasião, as represas do Sistema Cantareira, que abastecem cerca de 9 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo, atingiram 25% de sua capacidade, e os técnicos do governo do estado chegaram a cogitar racionamento. O segundo alerta soou em 2003, quando foi implantado rodízio de água na Grande São Paulo. Agora já não há mais dúvida: a maior seca dos últimos 80 anos, em 2014, deixou claro que a área que concentra o maior número de habitantes no Brasil precisa de medidas urgentes para garantir à sua população o recurso essencial para sobrevivência. A estratégia tem de envolver ações em vários setores. Um deles, o aumento da oferta de água. E é justamente esse o objetivo primordial de uma obra iniciada em abril de 2014: a construção do Sistema Produtor São Lourenço, com conclusão prevista para outubro de 2017. Trata-se do maior empreendimento do gênero na região desde o início das operações do Sistema Alto Tietê, há 21 anos. Quando estiver integrado à rede de captação paulista, o São Lourenço deverá elevar de 73 mil para 77,7 mil litros por segundo o fornecimento de água tratada, favorecendo sobretudo centros comerciais, condomínios residenciais e 685 núcleos de baixa renda de Barueri, Cotia, Santana de Parnaíba, Itapevi, Carapicuíba, Jandira e Vargem Grande Paulista. Outros quatro receberão intervenções durante as obras: Ibiúna, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Embu-Guaçu. Ao todo, 1,5 milhões de moradores serão beneficiados, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A obra é resultado de uma parceria público-privada (PPP). O consórcio vencedor da licitação foi uma parceria entre as construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, que vão investir R$ 2,21 bilhões, com direitos sobre a manutenção do sistema ao longo de 25 anos. É o maior projeto hídrico em andamento no Brasil e uma ação fundamental para garantir a segurança no abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, na avaliação da Sabesp. A estimativa da concessionária é que grandes obras Uma rede de 50,2 km de tubulações vai levar água de Ibiúna até a Grande São Paulo grandes obras | VidaBosch | 29 as obras gerem 2 mil empregos, entre diretos e indiretos. A estratégia é captar água da represa Cachoeira do França, em Ibiúna – município pertencente à Região Metropolitana de Sorocaba –, e conduzila ao longo de 83 quilômetros através de uma rede que começa com um canal de captação na margem da represa e é formada por estações elevatórias, adutoras, estações de tratamento, estações de bombeamento e reservatórios capazes de, somados, armazenar 110 milhões de litros. Em paralelo, o sistema de esgotos de Juquitiba, São Lourenço da Serra, Ibiúna e Embu-Guaçu vão receber melhorias. Essas medidas devem cobrir por 15 anos o fornecimento de água na região, que abriga alguns dos municípios em que a população mais cresce na Grande São Paulo – o número de habitantes saltou especialmente em Santana de Parnaíba (45% entre 2000 e 2010) e Cotia (35%). O projeto traz as águas do rio Juquiá (represado na Cachoeira do França) para dentro do sistema de abastecimento, como já propunha o Plano de Recursos Hídricos da década de 1960, detalhado pela Sabesp entre 1996 e 1997. Será o nono complexo de coleta, tratamento e distribuição a fazer parte do Sistema Integrado Metropolitano da companhia. Virá somar-se ao Alto Cotia (inaugurado em 1914), Guarapiranga (1929), Rio Claro (1937), Rio Grande (1958), Baixo Cotia (1960), Cantareira (1973), Ribeirão da Estiva (1973) e Alto Tietê (1993). O maior é o Cantareira, com capacidade de produção de 33 mil litros por segundo. É seguido por Alto Tietê (15 mil) e Guarapiranga (14 mil). Para que o Juquiá se integre ao sistema, um dos maiores desafios de engenharia é garantir o bombeamento de água – necessário, em especial, no trecho da serra de Paranapiacaba, onde o desnível alcança 300 metros. A rota da água prevê ainda um túnel de 1.100 metros, que vai passar por baixo da rodovia Raposo Tavares sem que o tráfego seja interrompido. As obras também incluem uma estrada vicinal de 14,5 quilômetros e a construção de mais de 40 quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica. O transporte de água bruta vai ser feito com 50,2 quilômetros de tubulação de aço-carbono. O sistema prevê algumas ações de redução do impacto ambiental, baseadas em investimento em tecnologia de ponta. Por exemplo: a nova estação de tratamento de água, a ser construída em Vargem Grande Paulista, deverá contar com reúso de água de chuva, aproveitamento de energia de fonte solar e investimento em ventilação natural, que reduza a utilização de ar-condicionado. Outras medidas O Sistema São Lourenço não é o único investimento na busca pela segurança no fornecimento de água potável para o estado. A Sabesp também conta com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para trocar tubulações e instalar novos equipamentos de controle de pressão. E mantém, desde 2012, um projeto que multiplicou por 13 a produção de água de reúso, uma alternativa para evitar que água potável seja usada desnecessariamente para resfriar caldeiras, tingir tecidos ou lavar as vias públicas. Só no Polo Petroquímico de Capuava, no município de Mauá, o processo O Sistema São Lourenço é o maior projeto hídrico em andamento no Brasil e acrescentará 4 mil litros por segundo na rede de abastecimento da Grande São Paulo significou uma economia de até mil litros por segundo. Além disso, as campanhas de incentivo ao uso racional levaram o consumo médio da Grande São Paulo a cair 14,3% na última década. A Aliança pela Água, rede de ONGs e movimentos sociais formada para debater saídas para a crise de fornecimento, defende mais essas medidas do que novas obras. A instituição recomenda ênfase no uso racional e no combate à poluição e ao desmatamento nas áreas de mananciais. Também pede metas de redução de consumo e de perdas, estabelecidas para cada setor da economia. Independentemente de outras medidas adotadas pela Sabesp, o Sistema São Lourenço já estava previsto no Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo. Publicado em 2005, ele detalha projeções de consumo de água, lista carências e aponta as obras necessárias até 2025, já levando em consideração as metas do Programa de Redução de Perdas e Eficiência Energética, que envolve o investimento de R$ 6,1 bilhões na substituição de equipamentos, tubulações, válvulas e hidrômetros. O objetivo é reduzir as perdas ao longo da cadeia de distribuição – hoje, elas estão em 31,2%, e a meta é chegar à próxima década perto de metade disso, 16%. Na revisão do Plano Diretor, a empresa estima que, até 2025, será necessário chegar aos 84,4 mil litros por segundo na produção, o suficiente para suportar, com uma margem de garantia, os 81 mil litros por segundo que, até lá, os futuros 22,5 milhões de habitantes da Grande São Paulo estarão consumindo. Para alcançar essa meta, foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, a construção de uma ligação entre o Sistema Cantareira e a represa Jaguari, em Igaratá, usando um sistema de bombas de canais. A obra, estimada em R$ 830,5 milhões, vai enviar 5.100 litros por segundo a mais para o Sistema Integrado Metropolitano. E, assim, tentar evitar outras crises. A Bosch na sua vida Circuitos das águas A Bosch Rexroth oferece tecnologias que podem ajudar a superar um dos grandes desafios de engenharia na construção do Sistema Produtor São Lourenço, no estado de São Paulo: transportar água por mais de 80 quilômetros. Para retirá-la da represa de Cachoeira do França, nas imediações de Sorocaba, e levá-la até os municípios da Região Metropolitana de São Paulo, os responsáveis pela obra terão de construir uma rede de captação e distribuição dotada de diversos dispositivos capazes de controlar fluxo e vazão, como comportas, válvulas e bombas. As comportas terão o objetivo de controlar a entrada da água nos diferentes segmentos do canal que será construí- do para captar o volume da represa. Já as válvulas serão instaladas ao longo da tubulação com o objetivo de controlar a vazão e o fluxo. Por fim, bombas serão utilizadas para transportar o líquido em trechos de desnível. Todos esses equipamentos têm algo em comum: dependem de tecnologias hidráulicas, pneumáticas ou eletromecânicas como as da Bosch Rexroth. As comportas podem ser acionadas por unidades e cilindros hidráulicos ou por atuadores eletromecânicos, diz Pedro Aoki, chefe comercial de gerenciamento de produto da Rexroth. As válvulas “funcionam como o registro no encanamento de uma casa, regulando a vazão e o fluxo ao longo da rede de distribuição, e também podem ser controladas por sistemas da Arquivo Bosch Fotos ciasabesp/Divulgação 28 | VidaBosch | Rexroth”, afirma Pedro. Por fim, unidades hidráulicas da empresa podem ser usadas para lubrificar bombas de água e os mancais de deslizamento de motores elétricos (estruturas que servem de apoio para eixos e precisam de lubrificação constante). grandes obras Uma rede de 50,2 km de tubulações vai levar água de Ibiúna até a Grande São Paulo grandes obras | VidaBosch | 29 as obras gerem 2 mil empregos, entre diretos e indiretos. A estratégia é captar água da represa Cachoeira do França, em Ibiúna – município pertencente à Região Metropolitana de Sorocaba –, e conduzila ao longo de 83 quilômetros através de uma rede que começa com um canal de captação na margem da represa e é formada por estações elevatórias, adutoras, estações de tratamento, estações de bombeamento e reservatórios capazes de, somados, armazenar 110 milhões de litros. Em paralelo, o sistema de esgotos de Juquitiba, São Lourenço da Serra, Ibiúna e Embu-Guaçu vão receber melhorias. Essas medidas devem cobrir por 15 anos o fornecimento de água na região, que abriga alguns dos municípios em que a população mais cresce na Grande São Paulo – o número de habitantes saltou especialmente em Santana de Parnaíba (45% entre 2000 e 2010) e Cotia (35%). O projeto traz as águas do rio Juquiá (represado na Cachoeira do França) para dentro do sistema de abastecimento, como já propunha o Plano de Recursos Hídricos da década de 1960, detalhado pela Sabesp entre 1996 e 1997. Será o nono complexo de coleta, tratamento e distribuição a fazer parte do Sistema Integrado Metropolitano da companhia. Virá somar-se ao Alto Cotia (inaugurado em 1914), Guarapiranga (1929), Rio Claro (1937), Rio Grande (1958), Baixo Cotia (1960), Cantareira (1973), Ribeirão da Estiva (1973) e Alto Tietê (1993). O maior é o Cantareira, com capacidade de produção de 33 mil litros por segundo. É seguido por Alto Tietê (15 mil) e Guarapiranga (14 mil). Para que o Juquiá se integre ao sistema, um dos maiores desafios de engenharia é garantir o bombeamento de água – necessário, em especial, no trecho da serra de Paranapiacaba, onde o desnível alcança 300 metros. A rota da água prevê ainda um túnel de 1.100 metros, que vai passar por baixo da rodovia Raposo Tavares sem que o tráfego seja interrompido. As obras também incluem uma estrada vicinal de 14,5 quilômetros e a construção de mais de 40 quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica. O transporte de água bruta vai ser feito com 50,2 quilômetros de tubulação de aço-carbono. O sistema prevê algumas ações de redução do impacto ambiental, baseadas em investimento em tecnologia de ponta. Por exemplo: a nova estação de tratamento de água, a ser construída em Vargem Grande Paulista, deverá contar com reúso de água de chuva, aproveitamento de energia de fonte solar e investimento em ventilação natural, que reduza a utilização de ar-condicionado. Outras medidas O Sistema São Lourenço não é o único investimento na busca pela segurança no fornecimento de água potável para o estado. A Sabesp também conta com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para trocar tubulações e instalar novos equipamentos de controle de pressão. E mantém, desde 2012, um projeto que multiplicou por 13 a produção de água de reúso, uma alternativa para evitar que água potável seja usada desnecessariamente para resfriar caldeiras, tingir tecidos ou lavar as vias públicas. Só no Polo Petroquímico de Capuava, no município de Mauá, o processo O Sistema São Lourenço é o maior projeto hídrico em andamento no Brasil e acrescentará 4 mil litros por segundo na rede de abastecimento da Grande São Paulo significou uma economia de até mil litros por segundo. Além disso, as campanhas de incentivo ao uso racional levaram o consumo médio da Grande São Paulo a cair 14,3% na última década. A Aliança pela Água, rede de ONGs e movimentos sociais formada para debater saídas para a crise de fornecimento, defende mais essas medidas do que novas obras. A instituição recomenda ênfase no uso racional e no combate à poluição e ao desmatamento nas áreas de mananciais. Também pede metas de redução de consumo e de perdas, estabelecidas para cada setor da economia. Independentemente de outras medidas adotadas pela Sabesp, o Sistema São Lourenço já estava previsto no Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo. Publicado em 2005, ele detalha projeções de consumo de água, lista carências e aponta as obras necessárias até 2025, já levando em consideração as metas do Programa de Redução de Perdas e Eficiência Energética, que envolve o investimento de R$ 6,1 bilhões na substituição de equipamentos, tubulações, válvulas e hidrômetros. O objetivo é reduzir as perdas ao longo da cadeia de distribuição – hoje, elas estão em 31,2%, e a meta é chegar à próxima década perto de metade disso, 16%. Na revisão do Plano Diretor, a empresa estima que, até 2025, será necessário chegar aos 84,4 mil litros por segundo na produção, o suficiente para suportar, com uma margem de garantia, os 81 mil litros por segundo que, até lá, os futuros 22,5 milhões de habitantes da Grande São Paulo estarão consumindo. Para alcançar essa meta, foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, a construção de uma ligação entre o Sistema Cantareira e a represa Jaguari, em Igaratá, usando um sistema de bombas de canais. A obra, estimada em R$ 830,5 milhões, vai enviar 5.100 litros por segundo a mais para o Sistema Integrado Metropolitano. E, assim, tentar evitar outras crises. A Bosch na sua vida Circuitos das águas A Bosch Rexroth oferece tecnologias que podem ajudar a superar um dos grandes desafios de engenharia na construção do Sistema Produtor São Lourenço, no estado de São Paulo: transportar água por mais de 80 quilômetros. Para retirá-la da represa de Cachoeira do França, nas imediações de Sorocaba, e levá-la até os municípios da Região Metropolitana de São Paulo, os responsáveis pela obra terão de construir uma rede de captação e distribuição dotada de diversos dispositivos capazes de controlar fluxo e vazão, como comportas, válvulas e bombas. As comportas terão o objetivo de controlar a entrada da água nos diferentes segmentos do canal que será construí- do para captar o volume da represa. Já as válvulas serão instaladas ao longo da tubulação com o objetivo de controlar a vazão e o fluxo. Por fim, bombas serão utilizadas para transportar o líquido em trechos de desnível. Todos esses equipamentos têm algo em comum: dependem de tecnologias hidráulicas, pneumáticas ou eletromecânicas como as da Bosch Rexroth. As comportas podem ser acionadas por unidades e cilindros hidráulicos ou por atuadores eletromecânicos, diz Pedro Aoki, chefe comercial de gerenciamento de produto da Rexroth. As válvulas “funcionam como o registro no encanamento de uma casa, regulando a vazão e o fluxo ao longo da rede de distribuição, e também podem ser controladas por sistemas da Arquivo Bosch Fotos ciasabesp/Divulgação 28 | VidaBosch | Rexroth”, afirma Pedro. Por fim, unidades hidráulicas da empresa podem ser usadas para lubrificar bombas de água e os mancais de deslizamento de motores elétricos (estruturas que servem de apoio para eixos e precisam de lubrificação constante). 30 | VidaBosch | brasil cresce | Por Bruno Meirelles C Sonho mais palpável Rodrigo Nunes/MinCidades Programa Minha Casa Minha Vida impulsiona o mercado de habitações populares e ajuda milhões de brasileiros a adquirirem imóveis próprios rianças brincando descalças ao lado de córregos poluídos. Casas improvisadas em barrancos que desabam durante tempestades. Famílias obrigadas a conviver sob o mesmo teto contra a própria vontade. Estas cenas, tão comuns nos noticiários brasileiros, se tornaram menos frequentes nos últimos anos graças ao impulso dado à construção de habitações populares pelo programa Minha Casa Minha Vida. Lançada pelo governo federal em 2009, a iniciativa vem contribuindo tanto para diminuir o déficit habitacional crônico no Brasil quanto para impulsionar a economia e gerar empregos no país. Segundo dados do Ministério das Cidades, nos últimos cinco anos, 3,7 milhões de unidades foram adquiridas com recursos do programa. Destas, 1,9 milhão já foram entregues. O impacto do Minha Casa Minha Vida se reflete na quantidade de imóveis comprados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), programa criado pelo governo federal em 1964 para financiar a aquisição de imóveis populares. Se entre 2005 e 2009 a quantidade de moradias financiadas pelo SFH oscilou entre 400 mil e 600 mil unidades por ano, em 2010 esse número saltou para 1 milhão e se manteve nesse patamar até 2013, segundo dados da pesquisa “Políticas permanentes de habitação – A importância do programa Minha Casa Minha Vida”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2014, sob encomenda da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). O programa do governo federal teve impacto direto na enorme expansão da construção civil nos últimos anos. Enquanto o PIB do país subiu 17% no período, o da construção teve uma alta de 33,2%, aponta o estudo da FGV. O Minha Casa Minha Vida é responsável por estimular 32 setores econômicos ligados à construção civil, como as indústrias de tinta, cimento, borracha e vidro, afirma Luís Fernando Melo Mendes, economista da Cbic. Para se ter uma ideia, apenas em 2013 o programa movimentou R$ 22,3 bi em compras de materiais e serviços e produziu R$ 29,7 bi de renda direta e indireta. Além disso, gerou R$ 17,8 bilhões em tributos. 30 | VidaBosch | brasil cresce | Por Bruno Meirelles C Sonho mais palpável Rodrigo Nunes/MinCidades Programa Minha Casa Minha Vida impulsiona o mercado de habitações populares e ajuda milhões de brasileiros a adquirirem imóveis próprios rianças brincando descalças ao lado de córregos poluídos. Casas improvisadas em barrancos que desabam durante tempestades. Famílias obrigadas a conviver sob o mesmo teto contra a própria vontade. Estas cenas, tão comuns nos noticiários brasileiros, se tornaram menos frequentes nos últimos anos graças ao impulso dado à construção de habitações populares pelo programa Minha Casa Minha Vida. Lançada pelo governo federal em 2009, a iniciativa vem contribuindo tanto para diminuir o déficit habitacional crônico no Brasil quanto para impulsionar a economia e gerar empregos no país. Segundo dados do Ministério das Cidades, nos últimos cinco anos, 3,7 milhões de unidades foram adquiridas com recursos do programa. Destas, 1,9 milhão já foram entregues. O impacto do Minha Casa Minha Vida se reflete na quantidade de imóveis comprados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), programa criado pelo governo federal em 1964 para financiar a aquisição de imóveis populares. Se entre 2005 e 2009 a quantidade de moradias financiadas pelo SFH oscilou entre 400 mil e 600 mil unidades por ano, em 2010 esse número saltou para 1 milhão e se manteve nesse patamar até 2013, segundo dados da pesquisa “Políticas permanentes de habitação – A importância do programa Minha Casa Minha Vida”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2014, sob encomenda da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). O programa do governo federal teve impacto direto na enorme expansão da construção civil nos últimos anos. Enquanto o PIB do país subiu 17% no período, o da construção teve uma alta de 33,2%, aponta o estudo da FGV. O Minha Casa Minha Vida é responsável por estimular 32 setores econômicos ligados à construção civil, como as indústrias de tinta, cimento, borracha e vidro, afirma Luís Fernando Melo Mendes, economista da Cbic. Para se ter uma ideia, apenas em 2013 o programa movimentou R$ 22,3 bi em compras de materiais e serviços e produziu R$ 29,7 bi de renda direta e indireta. Além disso, gerou R$ 17,8 bilhões em tributos. brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 Rodrigo Nunes/MinCidades “O estudo da FGV aponta que a construção de residências pelo programa criou 1,2 milhão de empregos. E como as unidades são feitas por empresas cadastradas junto ao governo, todas essas vagas são formais. Além disso, 49% dos subsídios desembolsados com o programa voltaram para os cofres do governo na forma de impostos”, complementa Mendes. Subsídio ao crescimento O impulso que o Minha Casa Minha Vida deu à expansão das habitações populares no Brasil se deve, em boa medida, ao fato de ter sido o primeiro programa a subsidiar a construção e aquisição de moradias diretamente com recursos do governo. “É a primeira vez em nossa história que um programa incluiu dinheiro do Orçamento Geral da União para subsidiar a compra de imóveis e as taxas de juros. Isso de fato conseguiu ampliar o acesso das famílias mais pobres às moradias”, afirma a arquiteta e urbanista Luciana Royer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, especializada em política habitacional e planejamento urbano. A arquitetura financeira é o que diferencia o Minha Casa Minha Vida dos vários programas habitacionais criados no Brasil a partir da década de 1940. “No final do governo Vargas, esta questão foi incluída na agenda e resultou em ações como o congelamento de aluguel, a lei do inquilinato e o uso da previdência para custear moradias para a população carente”, explica Luciana. As políticas para o setor foram ampliadas em 1964, com a criação do SFH, que inicialmente era operado pelo Banco Nacional da Habitação (BNH) e utilizava recursos do FGTS e da poupança para financiar a aquisição de imóveis populares, mas não contava com nenhum aporte fiscal do governo. O Minha Casa Minha Vida atende famílias com renda mensal de até R$ 5 mil, divididas em três faixas de rendimentos. As famílias que ganham até R$ 1,6 mil (faixa 1) precisam se cadastrar nos programas de moradias populares das prefeituras e podem ter até 96% do valor do imóvel subsidiado pelo governo federal. Já as famílias com renda mensal entre R$ 1.601 e R$ 3.275 (faixa 2) podem financiar a compra de um imóvel a taxas de juros mais baixas que as do mercado – entre 5% e 6% ao ano, contra os mais de 9% ao ano cobrados pelos bancos comerciais. Finalmente, as famílias com renda mensal de até R$ 5 mil (faixa 3) contam com uma espécie de seguro que garante o pagamento do financiamento em caso de desemprego, morte ou invalidez permanente. As faixas 2 e 3 podem financiar imóveis no valor de até R$ 190 mil em grandes municípios, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Somando todo o dinheiro que injetou no Minha Casa Minha Vida entre 2009 e 2014, o governo federal já investiu R$ 240 bilhões no programa, segundo o Ministério das Cidades. Déficit persistente Apesar de o Minha Casa Minha Vida ter contribuído para reduzir o déficit habitacional no país, o Brasil ainda está muito longe de acabar com a falta de moradias. A necessidade de imóveis novos passou de 6,1 milhões de unidades em 2007 para 5,8 milhões em 2012, segundo estimativa da Fundação João Pinheiro (FJP) . Um dos motivos para a persistência do déficit habitacional, explica Luciana Royer, é que ele é calculado a partir de quatro variáveis: número de habitações rudimentares e precárias, taxa de coabitação familiar (número de famílias que dividem o mesmo domicílio contra a vontade), ônus excessivo com aluguel (que compromete mais de 30% da renda familiar) e adensamento excessivo de domicílios alugados (com mais de três habitantes utilizando o mesmo cômodo). Assim, o déficit pode diminuir em algumas categorias e aumentar em outras. Foi o que aconteceu nos últimos anos no Brasil. Os números da Fundação João Pinheiro mostram que, entre 2007 e 2012, a quantidade de habitações precárias e a taxa de coabitação familiar caíram, mas o ônus excessivo com aluguel subiu e o adensamento excessivo permaneceu praticamente inalterado. Os dados refletem as virtudes e vícios do Minha Casa Minha Vida: por um lado, as novas unidades construídas ajudam a reduzir o número de moradias precárias no país; por outro, o aumento do crédito e do poder de compra das famílias de baixa renda contribui para inflacionar o mercado imobiliário, encarecendo o preço da terra, o que se reflete na alta dos aluguéis. “O déficit é um problema multifacetado, um único programa não é capaz de resolvê-lo. É preciso urbanizar favelas, por exemplo, pois não dá para tirar todo mundo de lá de uma vez. Além disso, o uso e a habitação do solo, que ajudam a controlar o preço da terra, são de competência municipal. Por isso, as prefeituras também precisam agir e firmar pactos com o governo federal para se chegar a uma solução mais efetiva”, explica Luciana. E, assim, o mercado de habitações populares poderá continuar crescendo por um bom tempo. A Bosch na sua vida Economia que vem do céu Apesar de serem consideradas populares, muitas residências do Minha Casa Minha Vida e de outros programas públicos – como os imóveis construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do governo do estado de São Paulo – contam com um recurso que não é encontrado em boa parte das residências mais luxuosas do país: um sistema de aquecimento de água alimentado por energia solar que gera economia significativa na conta de luz. O sistema funciona com coletores solares como o MC-20 Evolution Pro da Heliotek, divisão do Grupo Bosch no Brasil especializada em termotecnologia (heliotek.com.br), e garante um abastecimento contínuo de água quente graças a um reservatório térmico que mantém a temperatura e pode acumular até 200 litros. “Esta água é direcionada para os chuveiros. Um misturador regula a entrada dela na tubulação normal, controlando a temperatura para o usuário”, explica o gerente de grandes obras da Bosch, Philipp Günther. Veja o equipamento em operação na página http://heliotek.com. br/Como-funciona/. Como o chuveiro é um dos itens que mais demandam eletricidade em uma casa, o uso da energia solar gera redução de custo expressiva. Dependendo de quanto a família consome, o equipamento pode se pagar entre um e quatro anos após a instalação. “Conversei recentemente com uma senhora que mora em um conjunto da CDHU. Ela disse que, desde a instalação do sistema, sua conta caiu de R$ 160 para Arquivo Bosch 32 | VidaBosch | R$ 50 por mês, o que representava muito para ela”, afirma Günther. O gerente da Bosch destaca, ainda, que os sistemas instalados em imóveis populares dos programas habitacionais são individuais, para que cada morador administre o estoque de água quente de acordo com suas necessidades. E, se a natureza não cooperar, nos dias nublados as casas podem usar um chuveiro elétrico de baixa potência para compensar a falta de Sol. brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 Rodrigo Nunes/MinCidades “O estudo da FGV aponta que a construção de residências pelo programa criou 1,2 milhão de empregos. E como as unidades são feitas por empresas cadastradas junto ao governo, todas essas vagas são formais. Além disso, 49% dos subsídios desembolsados com o programa voltaram para os cofres do governo na forma de impostos”, complementa Mendes. Subsídio ao crescimento O impulso que o Minha Casa Minha Vida deu à expansão das habitações populares no Brasil se deve, em boa medida, ao fato de ter sido o primeiro programa a subsidiar a construção e aquisição de moradias diretamente com recursos do governo. “É a primeira vez em nossa história que um programa incluiu dinheiro do Orçamento Geral da União para subsidiar a compra de imóveis e as taxas de juros. Isso de fato conseguiu ampliar o acesso das famílias mais pobres às moradias”, afirma a arquiteta e urbanista Luciana Royer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, especializada em política habitacional e planejamento urbano. A arquitetura financeira é o que diferencia o Minha Casa Minha Vida dos vários programas habitacionais criados no Brasil a partir da década de 1940. “No final do governo Vargas, esta questão foi incluída na agenda e resultou em ações como o congelamento de aluguel, a lei do inquilinato e o uso da previdência para custear moradias para a população carente”, explica Luciana. As políticas para o setor foram ampliadas em 1964, com a criação do SFH, que inicialmente era operado pelo Banco Nacional da Habitação (BNH) e utilizava recursos do FGTS e da poupança para financiar a aquisição de imóveis populares, mas não contava com nenhum aporte fiscal do governo. O Minha Casa Minha Vida atende famílias com renda mensal de até R$ 5 mil, divididas em três faixas de rendimentos. As famílias que ganham até R$ 1,6 mil (faixa 1) precisam se cadastrar nos programas de moradias populares das prefeituras e podem ter até 96% do valor do imóvel subsidiado pelo governo federal. Já as famílias com renda mensal entre R$ 1.601 e R$ 3.275 (faixa 2) podem financiar a compra de um imóvel a taxas de juros mais baixas que as do mercado – entre 5% e 6% ao ano, contra os mais de 9% ao ano cobrados pelos bancos comerciais. Finalmente, as famílias com renda mensal de até R$ 5 mil (faixa 3) contam com uma espécie de seguro que garante o pagamento do financiamento em caso de desemprego, morte ou invalidez permanente. As faixas 2 e 3 podem financiar imóveis no valor de até R$ 190 mil em grandes municípios, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Somando todo o dinheiro que injetou no Minha Casa Minha Vida entre 2009 e 2014, o governo federal já investiu R$ 240 bilhões no programa, segundo o Ministério das Cidades. Déficit persistente Apesar de o Minha Casa Minha Vida ter contribuído para reduzir o déficit habitacional no país, o Brasil ainda está muito longe de acabar com a falta de moradias. A necessidade de imóveis novos passou de 6,1 milhões de unidades em 2007 para 5,8 milhões em 2012, segundo estimativa da Fundação João Pinheiro (FJP) . Um dos motivos para a persistência do déficit habitacional, explica Luciana Royer, é que ele é calculado a partir de quatro variáveis: número de habitações rudimentares e precárias, taxa de coabitação familiar (número de famílias que dividem o mesmo domicílio contra a vontade), ônus excessivo com aluguel (que compromete mais de 30% da renda familiar) e adensamento excessivo de domicílios alugados (com mais de três habitantes utilizando o mesmo cômodo). Assim, o déficit pode diminuir em algumas categorias e aumentar em outras. Foi o que aconteceu nos últimos anos no Brasil. Os números da Fundação João Pinheiro mostram que, entre 2007 e 2012, a quantidade de habitações precárias e a taxa de coabitação familiar caíram, mas o ônus excessivo com aluguel subiu e o adensamento excessivo permaneceu praticamente inalterado. Os dados refletem as virtudes e vícios do Minha Casa Minha Vida: por um lado, as novas unidades construídas ajudam a reduzir o número de moradias precárias no país; por outro, o aumento do crédito e do poder de compra das famílias de baixa renda contribui para inflacionar o mercado imobiliário, encarecendo o preço da terra, o que se reflete na alta dos aluguéis. “O déficit é um problema multifacetado, um único programa não é capaz de resolvê-lo. É preciso urbanizar favelas, por exemplo, pois não dá para tirar todo mundo de lá de uma vez. Além disso, o uso e a habitação do solo, que ajudam a controlar o preço da terra, são de competência municipal. Por isso, as prefeituras também precisam agir e firmar pactos com o governo federal para se chegar a uma solução mais efetiva”, explica Luciana. E, assim, o mercado de habitações populares poderá continuar crescendo por um bom tempo. A Bosch na sua vida Economia que vem do céu Apesar de serem consideradas populares, muitas residências do Minha Casa Minha Vida e de outros programas públicos – como os imóveis construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do governo do estado de São Paulo – contam com um recurso que não é encontrado em boa parte das residências mais luxuosas do país: um sistema de aquecimento de água alimentado por energia solar que gera economia significativa na conta de luz. O sistema funciona com coletores solares como o MC-20 Evolution Pro da Heliotek, divisão do Grupo Bosch no Brasil especializada em termotecnologia (heliotek.com.br), e garante um abastecimento contínuo de água quente graças a um reservatório térmico que mantém a temperatura e pode acumular até 200 litros. “Esta água é direcionada para os chuveiros. Um misturador regula a entrada dela na tubulação normal, controlando a temperatura para o usuário”, explica o gerente de grandes obras da Bosch, Philipp Günther. Veja o equipamento em operação na página http://heliotek.com. br/Como-funciona/. Como o chuveiro é um dos itens que mais demandam eletricidade em uma casa, o uso da energia solar gera redução de custo expressiva. Dependendo de quanto a família consome, o equipamento pode se pagar entre um e quatro anos após a instalação. “Conversei recentemente com uma senhora que mora em um conjunto da CDHU. Ela disse que, desde a instalação do sistema, sua conta caiu de R$ 160 para Arquivo Bosch 32 | VidaBosch | R$ 50 por mês, o que representava muito para ela”, afirma Günther. O gerente da Bosch destaca, ainda, que os sistemas instalados em imóveis populares dos programas habitacionais são individuais, para que cada morador administre o estoque de água quente de acordo com suas necessidades. E, se a natureza não cooperar, nos dias nublados as casas podem usar um chuveiro elétrico de baixa potência para compensar a falta de Sol. 34 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Bruno Fiuza Lousa, giz e microfone Jaromir Chalabala/Shutterstock Projetos de rádio em escolas estimulam a participação dos alunos no debate sobre cidadania e abrem novas possibilidades para a educação 34 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Bruno Fiuza Lousa, giz e microfone Jaromir Chalabala/Shutterstock Projetos de rádio em escolas estimulam a participação dos alunos no debate sobre cidadania e abrem novas possibilidades para a educação S atitude cidadã ão 7h30 de uma segunda-feira, e os alunos do ensino fundamental das redes municipais de Santarém e Belterra, no Pará, estão prontos para o início das atividades. A professora está na frente da sala, mas não é ela quem fala. A aula vem do sistema de som, que começa a transmitir as vozes de dois alunos. Rafael e Daíse apresentam o poema “Cartas de meu avô”, de Manuel Bandeira, que em seguida é recitado pelo ator Juca de Oliveira. Assim começou a edição de 20 de outubro de 2014 do programa “Para Ouvir e Aprender”, transmitido às segundas, quartas e sextas pela Rádio Rural de Santarém, em dois horários (7h30 e 14h05) para 31 escolas municipais paraenses – 22 em Santarém e 9 em Belterra. A atração faz parte do projeto Rádio pela Educação, desenvolvido desde 1999 pela Rádio Rural de Santarém em parceria com instituições de ensino mantidas pela prefeitura. Com duração de 30 minutos, cada programa é produzido e apresentado por alunos das escolas parceiras com a ajuda de professores e comunicadores, explica a coordenadora do projeto, Maria do Socorro Carvalho Lima. Os estudantes integram uma rede de repórteres educativos, que produzem notícias sobre o que acontece nas escolas da região e participam diretamente das gravações. As inserções também incluem uma seção pedagógica na qual são apresentados conteúdos para serem trabalhados pelos professores em sala. Apesar de inovador, o projeto Rádio pela Educação está longe de ser uma iniciativa isolada. Trata-se de uma das inúmeras experiências em curso no país que usam ferramentas e linguagens da comunicação para fins pedagógicos. A tendência é tão forte que já tem até nome: educomunicação. O termo surgiu em 1999, quando uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) identificou uma miríade de projetos educacionais desenvolvidos por professores e comunicadores de várias partes da América Latina que vinham transfor- atitude cidadã | VidaBosch | 37 mando os meios de comunicação em ferramentas para criar uma nova dinâmica entre mestres e alunos. “A pesquisa apontou que havia um número razoável de grupos sociais na América Latina que estavam usando a comunicação, mas não a partir do referencial da indústria cultural, e sim com uma intencionalidade educativa”, afirma o professor Ismar de Oliveira Soares, um dos responsáveis pela pesquisa de 1999 e fundador do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da USP. Os projetos eram bem diversos, mas compartilhavam três princípios fundamentais, segundo Soares: não havia uma linha editorial ou uma hierarquia (a comunidade democraticamente tomava decisões sobre os procedimentos); os meios eram usados para que o maior número possível de pessoas pudesse se expressar por meio das ferramentas de mídia; abordavam-se temas ligados a cidadania, como sustentabilidade, gênero, diversidade étnica, pobreza e liberdades civis. A divulgação da pesquisa chamou atenção da prefeitura de São Paulo, que convidou membros do núcleo da USP para elaborar um projeto de educomunicação a fim de reduzir a violência nas escolas municipais. Assim nasceu o projeto Educom. rádio, que previa uma série de cursos de formação para professores implantarem rádios em suas escolas. A escolha dessa mídia não foi casual. “O rádio privilegia o principal instrumento de comunicação do ser humano, que é a voz. O centro da comunicação radiofônica continua sendo o sujeito – o jovem, a criança –, enquanto nas mídias mais sofisticadas a tecnologia ganha um relevo forte, que neutraliza a presença da pessoa”, comenta Soares. Os cursos de formação foram ministrados entre 2001 e 2004, e as 455 escolas municipais de São Paulo receberam equipamentos para montagem de rádios. Ao final do projeto, uma lei de dezembro de 2004 fez da capital paulista a primeira cidade brasileira a contar com um programa oficial na área. A iniciativa inspirou ideias semelhantes em outras partes do país, que em 2007 Wavebreakmedia/Shutterstock 36 | VidaBosch | Nos projetos de educomunicação, os estudantes participam ativamente de todas as etapas, desde a elaboração até a execução S atitude cidadã ão 7h30 de uma segunda-feira, e os alunos do ensino fundamental das redes municipais de Santarém e Belterra, no Pará, estão prontos para o início das atividades. A professora está na frente da sala, mas não é ela quem fala. A aula vem do sistema de som, que começa a transmitir as vozes de dois alunos. Rafael e Daíse apresentam o poema “Cartas de meu avô”, de Manuel Bandeira, que em seguida é recitado pelo ator Juca de Oliveira. Assim começou a edição de 20 de outubro de 2014 do programa “Para Ouvir e Aprender”, transmitido às segundas, quartas e sextas pela Rádio Rural de Santarém, em dois horários (7h30 e 14h05) para 31 escolas municipais paraenses – 22 em Santarém e 9 em Belterra. A atração faz parte do projeto Rádio pela Educação, desenvolvido desde 1999 pela Rádio Rural de Santarém em parceria com instituições de ensino mantidas pela prefeitura. Com duração de 30 minutos, cada programa é produzido e apresentado por alunos das escolas parceiras com a ajuda de professores e comunicadores, explica a coordenadora do projeto, Maria do Socorro Carvalho Lima. Os estudantes integram uma rede de repórteres educativos, que produzem notícias sobre o que acontece nas escolas da região e participam diretamente das gravações. As inserções também incluem uma seção pedagógica na qual são apresentados conteúdos para serem trabalhados pelos professores em sala. Apesar de inovador, o projeto Rádio pela Educação está longe de ser uma iniciativa isolada. Trata-se de uma das inúmeras experiências em curso no país que usam ferramentas e linguagens da comunicação para fins pedagógicos. A tendência é tão forte que já tem até nome: educomunicação. O termo surgiu em 1999, quando uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) identificou uma miríade de projetos educacionais desenvolvidos por professores e comunicadores de várias partes da América Latina que vinham transfor- atitude cidadã | VidaBosch | 37 mando os meios de comunicação em ferramentas para criar uma nova dinâmica entre mestres e alunos. “A pesquisa apontou que havia um número razoável de grupos sociais na América Latina que estavam usando a comunicação, mas não a partir do referencial da indústria cultural, e sim com uma intencionalidade educativa”, afirma o professor Ismar de Oliveira Soares, um dos responsáveis pela pesquisa de 1999 e fundador do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da USP. Os projetos eram bem diversos, mas compartilhavam três princípios fundamentais, segundo Soares: não havia uma linha editorial ou uma hierarquia (a comunidade democraticamente tomava decisões sobre os procedimentos); os meios eram usados para que o maior número possível de pessoas pudesse se expressar por meio das ferramentas de mídia; abordavam-se temas ligados a cidadania, como sustentabilidade, gênero, diversidade étnica, pobreza e liberdades civis. A divulgação da pesquisa chamou atenção da prefeitura de São Paulo, que convidou membros do núcleo da USP para elaborar um projeto de educomunicação a fim de reduzir a violência nas escolas municipais. Assim nasceu o projeto Educom. rádio, que previa uma série de cursos de formação para professores implantarem rádios em suas escolas. A escolha dessa mídia não foi casual. “O rádio privilegia o principal instrumento de comunicação do ser humano, que é a voz. O centro da comunicação radiofônica continua sendo o sujeito – o jovem, a criança –, enquanto nas mídias mais sofisticadas a tecnologia ganha um relevo forte, que neutraliza a presença da pessoa”, comenta Soares. Os cursos de formação foram ministrados entre 2001 e 2004, e as 455 escolas municipais de São Paulo receberam equipamentos para montagem de rádios. Ao final do projeto, uma lei de dezembro de 2004 fez da capital paulista a primeira cidade brasileira a contar com um programa oficial na área. A iniciativa inspirou ideias semelhantes em outras partes do país, que em 2007 Wavebreakmedia/Shutterstock 36 | VidaBosch | Nos projetos de educomunicação, os estudantes participam ativamente de todas as etapas, desde a elaboração até a execução 38 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 começaram a contar com o apoio do governo federal. Criado para financiar estratégias de extensão da jornada escolar, o Mais Educação, em 2008, apoiava 75 projetos de produção de rádio ou jornal em escolas públicas, segundo o Ministério da Educação. Alguns governos estaduais e municipais também criaram suas próprias ações de educomunicação. A prefeitura de Horizonte (CE), na Região Metropolitana de Fortaleza, por exemplo, mantém rádios em 14 escolas; em Mato Grosso, a Secretaria Estadual de Educação conta com projetos em 130 unidades escolares. Instrumento de cidadania A implementação varia de um local para outro, mas o que realmente diferencia um projeto de rádio educomunicativa de outras formas de radiodifusão é a gestão do projeto, segundo Ismar Soares. Um dos pilares, baseado nas ideias do pedagogo Paulo Freire, é a participação dos estudantes em todas as etapas, desde a elaboração até a execução. Os problemas da escola passam a ser discutidos pela comunidade estudantil, que usa o rádio para ampliar o debate “O papel do professor não é indicar o que precisa ter no programa em termos de conteúdo. O papel dele é fazer a formação desses alunos, mediar o projeto junto às outras esferas da escola e deixar que o conteúdo e a vontade de comunicar partam do aluno”, afirma o professor Carlos Lima, coordenador do programa Nas Ondas do Rádio, da prefeitura de São Paulo. Essa dinâmica contribui não só para o aprendizado, mas também para a formação do indivíduo como cidadão. “Os problemas da escola passam a ser discutidos pela comunidade estudantil. Então, em vez de existir uma ordem estabelecida pelo professor, ou pelo sistema, as crianças intervêm nesse processo ao discutir os problemas da escola e usar o rádio para ampliar essa discussão”, complementa Soares. Em alguns casos, as discussões da rádio têm impacto sobre toda a comunida- de na qual a escola está inserida. É o que acontece, por exemplo, em dez municípios da Região Sisaleira, no interior da Bahia, onde estão instaladas as rádios criadas pelo projeto Comunicação pelos Direitos, da ONG Movimento de Organização Comunitária (MOC). “Os moradores da comunidade de Itareru, por exemplo, fizeram uma espécie de plebiscito popular através do rádio para decidir a qual município queriam que a comunidade pertencesse”, conta a coordenadora do projeto, Nayara Silva. A própria Nayara, aliás, é um exemplo do impacto do uso da comunicação em projetos educativos. Formada em um curso de jovens comunicadores do MOC, tornou-se coordenadora de um projeto da ONG. “Eu percebi como a comunicação pode contribuir para que as pessoas tenham conhecimento e acesso a direitos básicos. Essa experiência me fez ver que o universo da comunicação e o debate da democratização podem ir muito além de um escritório ou de uma sala de aula”, diz ela. Em alguns casos, as discussões da rádio têm impacto sobre toda a comunidade na qual a escola está inserida Wavebreakmedia/Shutterstock A Bosch na sua vida Rádio no currículo Uma das instituições que fazem parte do movimento que está transformando os meios de comunicação em ferramentas pedagógicas é a Escola Estadual Rosina Frazatto dos Santos, localizada no Jardim Satélite Íris, bairro da periferia de Campinas. “A ideia surgiu quando nós imaginamos criar momentos em que a escola inteira parasse para fazer leituras. Aí a gente pensou na possibilidade do rádio”, lembra a diretora, Maria Laedna Delfino Borges Silva. Os equipamentos foram doados em 2011 pelo Instituto Robert Bosch. “Nós selecionamos duas escolas do bairro para apoiar, e os professores foram estimulados a escrever projetos que pudessem ajudar a melhorar o aprendizado dos alunos”, conta o coordenador do Instituto, Otávio Antoniacci. Era tudo que a Rosina Frazatto queria. A escola já havia apresentado, em 2009, um projeto de radioescola ao programa Mais Educação, do MEC, mas ainda não tinha recebido resposta do governo. O projeto foi aprovado pelo Instituto Robert Bosch e, ao mesmo tempo, selecionado para integrar o programa Mais Educação. Assim, em agosto de 2011, a Rádio Rosina foi inaugurada com os equipamentos fornecidos pela Bosch e passou a ser operada por professores e alunos que receberam formação do Mais Educação. Hoje, quatro anos após a fundação, podese dizer que os resultados surpreenderam. “A adesão dos alunos foi além das expectativas. A rádio estimula os alunos a escreverem para ler seus textos no ar, melhora a concentração deles e faz com que eles percam a inibição de ler. Arquivo Bosch A gente percebe que alguns começam a ler na rádio e logo estão lendo na sala de aula”, conta Maria Laedna. A rádio, que transmite para todas as classes da instituição, deu tão certo que já é parte fundamental do cotidiano da escola. “Ela não é mais um projeto, já faz parte do currículo. A experiência foi tão bacana que eu acho que toda escola deveria ter uma rádio”, afirma a diretora. 38 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 começaram a contar com o apoio do governo federal. Criado para financiar estratégias de extensão da jornada escolar, o Mais Educação, em 2008, apoiava 75 projetos de produção de rádio ou jornal em escolas públicas, segundo o Ministério da Educação. Alguns governos estaduais e municipais também criaram suas próprias ações de educomunicação. A prefeitura de Horizonte (CE), na Região Metropolitana de Fortaleza, por exemplo, mantém rádios em 14 escolas; em Mato Grosso, a Secretaria Estadual de Educação conta com projetos em 130 unidades escolares. Instrumento de cidadania A implementação varia de um local para outro, mas o que realmente diferencia um projeto de rádio educomunicativa de outras formas de radiodifusão é a gestão do projeto, segundo Ismar Soares. Um dos pilares, baseado nas ideias do pedagogo Paulo Freire, é a participação dos estudantes em todas as etapas, desde a elaboração até a execução. Os problemas da escola passam a ser discutidos pela comunidade estudantil, que usa o rádio para ampliar o debate “O papel do professor não é indicar o que precisa ter no programa em termos de conteúdo. O papel dele é fazer a formação desses alunos, mediar o projeto junto às outras esferas da escola e deixar que o conteúdo e a vontade de comunicar partam do aluno”, afirma o professor Carlos Lima, coordenador do programa Nas Ondas do Rádio, da prefeitura de São Paulo. Essa dinâmica contribui não só para o aprendizado, mas também para a formação do indivíduo como cidadão. “Os problemas da escola passam a ser discutidos pela comunidade estudantil. Então, em vez de existir uma ordem estabelecida pelo professor, ou pelo sistema, as crianças intervêm nesse processo ao discutir os problemas da escola e usar o rádio para ampliar essa discussão”, complementa Soares. Em alguns casos, as discussões da rádio têm impacto sobre toda a comunida- de na qual a escola está inserida. É o que acontece, por exemplo, em dez municípios da Região Sisaleira, no interior da Bahia, onde estão instaladas as rádios criadas pelo projeto Comunicação pelos Direitos, da ONG Movimento de Organização Comunitária (MOC). “Os moradores da comunidade de Itareru, por exemplo, fizeram uma espécie de plebiscito popular através do rádio para decidir a qual município queriam que a comunidade pertencesse”, conta a coordenadora do projeto, Nayara Silva. A própria Nayara, aliás, é um exemplo do impacto do uso da comunicação em projetos educativos. Formada em um curso de jovens comunicadores do MOC, tornou-se coordenadora de um projeto da ONG. “Eu percebi como a comunicação pode contribuir para que as pessoas tenham conhecimento e acesso a direitos básicos. Essa experiência me fez ver que o universo da comunicação e o debate da democratização podem ir muito além de um escritório ou de uma sala de aula”, diz ela. Em alguns casos, as discussões da rádio têm impacto sobre toda a comunidade na qual a escola está inserida Wavebreakmedia/Shutterstock A Bosch na sua vida Rádio no currículo Uma das instituições que fazem parte do movimento que está transformando os meios de comunicação em ferramentas pedagógicas é a Escola Estadual Rosina Frazatto dos Santos, localizada no Jardim Satélite Íris, bairro da periferia de Campinas. “A ideia surgiu quando nós imaginamos criar momentos em que a escola inteira parasse para fazer leituras. Aí a gente pensou na possibilidade do rádio”, lembra a diretora, Maria Laedna Delfino Borges Silva. Os equipamentos foram doados em 2011 pelo Instituto Robert Bosch. “Nós selecionamos duas escolas do bairro para apoiar, e os professores foram estimulados a escrever projetos que pudessem ajudar a melhorar o aprendizado dos alunos”, conta o coordenador do Instituto, Otávio Antoniacci. Era tudo que a Rosina Frazatto queria. A escola já havia apresentado, em 2009, um projeto de radioescola ao programa Mais Educação, do MEC, mas ainda não tinha recebido resposta do governo. O projeto foi aprovado pelo Instituto Robert Bosch e, ao mesmo tempo, selecionado para integrar o programa Mais Educação. Assim, em agosto de 2011, a Rádio Rosina foi inaugurada com os equipamentos fornecidos pela Bosch e passou a ser operada por professores e alunos que receberam formação do Mais Educação. Hoje, quatro anos após a fundação, podese dizer que os resultados surpreenderam. “A adesão dos alunos foi além das expectativas. A rádio estimula os alunos a escreverem para ler seus textos no ar, melhora a concentração deles e faz com que eles percam a inibição de ler. Arquivo Bosch A gente percebe que alguns começam a ler na rádio e logo estão lendo na sala de aula”, conta Maria Laedna. A rádio, que transmite para todas as classes da instituição, deu tão certo que já é parte fundamental do cotidiano da escola. “Ela não é mais um projeto, já faz parte do currículo. A experiência foi tão bacana que eu acho que toda escola deveria ter uma rádio”, afirma a diretora. 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso A alma do negócio O investimento massivo em comunicação é uma característica das empresas modernas,mas algumas das técnicas usadas hoje surgiram na Roma Antiga | Por Débora Yuri H á milênios, fabricantes de produtos, comerciantes e prestadores de serviços utilizam técnicas cada vez mais elaboradas para se comunicar com seus clientes. Nas casas de banho de Pompeia, era comum encontrar tabuletas anunciando combates de gladiadores, e vendedores de gado e de escravos viviam enumerando as qualidades de seus produtos pelas ruas das cidades do Império Romano. Foi ali que apareceram os primeiros registros da atividade publicitária, afirma a consultora de comunicação e pesquisadora Eloá Muniz em artigo publicado no periódico Caderno Universitário, da Universidade Luterana do Brasil. Desde essa época, no entanto, a publicidade não era a única forma de divulgar um produto, serviço ou estabelecimento comercial. Também foi na Roma Antiga que surgiu a propaganda, outra vertente daquilo que se tornaria a moderna comunicação corporativa. Como as ruas não tinham nomes, nem as casas, números, os donos dos estabelecimentos usavam símbolos para identificar seus negócios: uma cabra indicava leiteria; um escudo de armas, pousada. Com a evolução dos ofícios, alguns desses símbolos se tornaram marcas e logotipos. Não à toa, os dois termos vêm do latim. Propaganda vem do verbo propagare (propagar). Já publicidade teve origem na expressão publicus (público) e evoluiu para o francês publicité. O objetivo da publicidade é vender um produto. Já a propaganda é usada para divulgar uma ideia ou construir uma marca. Lucian Milasan/Shutterstock A revolução de Gutenberg Até a Idade Média, a publicidade foi marcada pela oralidade – mercadores e comerciantes usavam a voz para comunicar ao público seus produtos e serviços –, mas no século 15 a invenção de um ourives alemão mudaria para sempre a história da comunicação. Na década de 1440, Johannes Gutenberg criou a imprensa de tipos móveis, capaz de imprimir livros, jornais, panfletos e cartazes em série. Em 1625, um periódico inglês trouxe o primeiro anúncio publicitário de um livro. E, em 1631, foi criada 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso A alma do negócio O investimento massivo em comunicação é uma característica das empresas modernas,mas algumas das técnicas usadas hoje surgiram na Roma Antiga | Por Débora Yuri H á milênios, fabricantes de produtos, comerciantes e prestadores de serviços utilizam técnicas cada vez mais elaboradas para se comunicar com seus clientes. Nas casas de banho de Pompeia, era comum encontrar tabuletas anunciando combates de gladiadores, e vendedores de gado e de escravos viviam enumerando as qualidades de seus produtos pelas ruas das cidades do Império Romano. Foi ali que apareceram os primeiros registros da atividade publicitária, afirma a consultora de comunicação e pesquisadora Eloá Muniz em artigo publicado no periódico Caderno Universitário, da Universidade Luterana do Brasil. Desde essa época, no entanto, a publicidade não era a única forma de divulgar um produto, serviço ou estabelecimento comercial. Também foi na Roma Antiga que surgiu a propaganda, outra vertente daquilo que se tornaria a moderna comunicação corporativa. Como as ruas não tinham nomes, nem as casas, números, os donos dos estabelecimentos usavam símbolos para identificar seus negócios: uma cabra indicava leiteria; um escudo de armas, pousada. Com a evolução dos ofícios, alguns desses símbolos se tornaram marcas e logotipos. Não à toa, os dois termos vêm do latim. Propaganda vem do verbo propagare (propagar). Já publicidade teve origem na expressão publicus (público) e evoluiu para o francês publicité. O objetivo da publicidade é vender um produto. Já a propaganda é usada para divulgar uma ideia ou construir uma marca. Lucian Milasan/Shutterstock A revolução de Gutenberg Até a Idade Média, a publicidade foi marcada pela oralidade – mercadores e comerciantes usavam a voz para comunicar ao público seus produtos e serviços –, mas no século 15 a invenção de um ourives alemão mudaria para sempre a história da comunicação. Na década de 1440, Johannes Gutenberg criou a imprensa de tipos móveis, capaz de imprimir livros, jornais, panfletos e cartazes em série. Em 1625, um periódico inglês trouxe o primeiro anúncio publicitário de um livro. E, em 1631, foi criada 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Fotos Arquivo Bosch em uma gazeta francesa a primeira seção de anúncios. Nascia ali uma nova fonte de receita para os jornais e uma nova etapa para a atividade publicitária. A possibilidade de produzir materiais impressos em grande quantidade abriu caminho para o nascimento da publicidade moderna no século 19, na esteira da Revolução Industrial. “Antes, os artesãos produziam dois pares de sapato por dia. Com a chegada das máquinas, este número saltou para 50 mil. A linha de produção em série exige uma comunicação de massa, que faça a ponte entre quem quer vender e quem tem potencial para consumir”, afirma a professora Maria Berenice da Costa Machado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora da história da propaganda. Nesse período, a atividade profissionalizou-se. A primeira agência publicitária norte-americana foi criada em 1841, na Filadélfia, por Volney B. Palmer. Duas décadas depois, já existiam 20 agências apenas em Nova York. O setor continuou em franca expansão na virada do século 19 para o 20, impulsionado pelo surgimento de novos meios de comunicação, como fotografia, cinema, rádio e revistas. A prosperidade, no entanto, foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial, em 1914, e a comunicação corporativa foi afetada por uma sequência de crises econômicas que se estenderam pelos 30 anos seguintes, com a queda generalizada da produção industrial. “Consequentemente, houve uma retração na publicidade e na propaganda, que são atividades ligadas ao A primeira agência de publicidade norte-americana nasceu em 1841. Duas décadas depois, já havia 20 empresas do ramo só em Nova York mercado: quando este ‘bomba’, elas lucram junto”, diz Maria Berenice. Corações e mentes A economia mundial só começou de fato a se recuperar após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, impulsionada pela reconstrução da Europa e pela chamada geração baby boomer nos Estados Unidos – ao voltarem para casa, os soldados norte-americanos tiveram uma verdadeira multidão de filhos, que aqueceram as vendas de produtos como brinquedos, fraldas, remédios e alimentos infantis. Em seguida, veio a explosão dos consumidores adolescentes, ansiosos por música, roupas, cigarros e bebidas. A aparição de tantos novos consumidores provocou um salto na indústria, primeiro nos Estados Unidos e em seguida na Europa e no Japão, o que levou a um aumento da concorrência em nível mundial. A partir de então, não bastava anunciar um produto de qualquer maneira, era preciso traçar estratégias de comunicação cada vez mais sofisticadas para conquistar corações e mentes. Foi nesse cenário que surgiu, nos Estados Unidos da década de 1940, o marketing, ramo da administração de empresas que estuda as melhores técnicas e estratégias de divulgação e venda de produtos, com base na análise de hábitos de consumo. “O marketing engloba propaganda, publicidade, assessoria de imprensa e relações públicas, e envolve produto ou serviço, preço, promoção, embalagem, design”, afirma Maria Berenice. Mais uma vez, a origem do termo é uma palavra latina – mercare – que designava a atividade de comercializar produtos na Roma Antiga. O desenvolvimento das técnicas de administração e marketing floresceu no restante do século 20, com estudos de mercado, avaliação de vendas, desenvolvimento de jingles de rádio e personagens-marcas para o cinema, investimentos em embalagens e pontos de venda etc A explosão do digital O surgimento da internet comercial, no início dos anos 90, deu início a uma nova revolução na comunicação. A world wide web e as redes sociais deram poderes ao consumidor, que deixou de ser um receptor passivo de mensagens e passou a desempenhar um papel mais ativo. Esse maior protagonismo do consumidor obrigou as empresas a buscarem novas estratégias de comunicação. “Com a ascensão de Google, Facebook, Twitter e Instagram, vemos uma migração para novos formatos publicitários: links patrocinados, posts pagos, vídeos online”, diz Rodrigo Tafner, coordenador do curso de Sistemas de Informação em Comunicação e Gestão da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP). De acordo com o site de negócios “Business Insider”, o Google ultrapassou jornais e Post do perfil da Bosch do Brasil no Facebook: aposta na revolução digital A Bosch na sua vida Da gráfica para as telas Assim que se consolidou no Brasil, nos anos 1960, a Bosch montou seu próprio departamento de propaganda – que funcionou até a década seguinte. “Tinha uma gráfica, inclusive, dentro da empresa. As peças publicitárias e nossa revista para funcionários e público externo eram feitas internamente”, conta a analista do acervo histórico, Sandra Reis. Naquela época, o alvo das ações de propaganda eram apenas o mecânico, as redes autorizadas e as montadoras. “As primeiras peças publicitárias para o consumidor final foram desenvolvidas quando a empresa começou a comercializar ferramentas elétricas”, relembra. Com a explosão digital, novas mídias surgiram, ampliando a possibilidade de alcance e interação com os diferentes stakeholders da empresa. Levando em conta os hábitos do brasileiro (o país é o terceiro do mundo no ranking de uso da internet), as mídias sociais se tornaram indispensáveis para a Bosch, que mantém perfis no Facebook, no YouTube, no Instagram e no LinkedIn. “A página da Bosch Brasil no Facebook tem mais de 100 mil fãs interessados em conhecer nossas tecnologias voltadas para conectividade, segurança e conforto e saber como elas fazem parte do nosso dia a dia”, destaca a analista de marketing Lilian Bastos. Arquivo Bosch À esquerda, dois anúncios da Bosch da década de 1980. À direita, peça de 2006 revistas em receita publicitária nos Estados Unidos já em 2012. Ao lado da disseminação das redes sociais, a popularização de tablets e smartphones inaugurou a era da comunicação ultradirecionada. “Com uso de inteligência e tecnologia, é possível encontrar o consumidor que se deseja impactar: por exemplo, homens de 25 a 35 anos, que moram em cidades grandes, têm iPhone ou iPad e leem com frequência blogs especializados em tipos inusitados de bigode”, afirma Tafner. “O digital permite o marketing utópico: entregar o produto certo para a pessoa certa, na plataforma e no momento certos”, avalia o professor da ESPM. Até na TV já é possível veicular publicidade de modo personalizado. Tradicionalmente, os canais exibem a mesma programação (e os mesmos anúncios) para todos os espectadores. Mas os serviços de transmissão sob demanda, que permitem que se assista a qualquer filme em qualquer lugar, a qualquer hora, começam a diluir a fronteira entre televisão e internet. “De posse de dados sobre o perfil e o comportamento digital do usuário, você consegue criar anúncios personalizados também na TV”, conclui Tafner. A Bosch nas mídias sociais: facebook.com/BoschBrasil facebook.com/Bosch.Carreiras facebook.com/boschferramentas facebook.com/pordentrodocarro youtube.com/BoschBrasilOficial instagram.com/boschferramentas linkedin.com/company/bosch-america-latina 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Fotos Arquivo Bosch em uma gazeta francesa a primeira seção de anúncios. Nascia ali uma nova fonte de receita para os jornais e uma nova etapa para a atividade publicitária. A possibilidade de produzir materiais impressos em grande quantidade abriu caminho para o nascimento da publicidade moderna no século 19, na esteira da Revolução Industrial. “Antes, os artesãos produziam dois pares de sapato por dia. Com a chegada das máquinas, este número saltou para 50 mil. A linha de produção em série exige uma comunicação de massa, que faça a ponte entre quem quer vender e quem tem potencial para consumir”, afirma a professora Maria Berenice da Costa Machado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora da história da propaganda. Nesse período, a atividade profissionalizou-se. A primeira agência publicitária norte-americana foi criada em 1841, na Filadélfia, por Volney B. Palmer. Duas décadas depois, já existiam 20 agências apenas em Nova York. O setor continuou em franca expansão na virada do século 19 para o 20, impulsionado pelo surgimento de novos meios de comunicação, como fotografia, cinema, rádio e revistas. A prosperidade, no entanto, foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial, em 1914, e a comunicação corporativa foi afetada por uma sequência de crises econômicas que se estenderam pelos 30 anos seguintes, com a queda generalizada da produção industrial. “Consequentemente, houve uma retração na publicidade e na propaganda, que são atividades ligadas ao A primeira agência de publicidade norte-americana nasceu em 1841. Duas décadas depois, já havia 20 empresas do ramo só em Nova York mercado: quando este ‘bomba’, elas lucram junto”, diz Maria Berenice. Corações e mentes A economia mundial só começou de fato a se recuperar após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, impulsionada pela reconstrução da Europa e pela chamada geração baby boomer nos Estados Unidos – ao voltarem para casa, os soldados norte-americanos tiveram uma verdadeira multidão de filhos, que aqueceram as vendas de produtos como brinquedos, fraldas, remédios e alimentos infantis. Em seguida, veio a explosão dos consumidores adolescentes, ansiosos por música, roupas, cigarros e bebidas. A aparição de tantos novos consumidores provocou um salto na indústria, primeiro nos Estados Unidos e em seguida na Europa e no Japão, o que levou a um aumento da concorrência em nível mundial. A partir de então, não bastava anunciar um produto de qualquer maneira, era preciso traçar estratégias de comunicação cada vez mais sofisticadas para conquistar corações e mentes. Foi nesse cenário que surgiu, nos Estados Unidos da década de 1940, o marketing, ramo da administração de empresas que estuda as melhores técnicas e estratégias de divulgação e venda de produtos, com base na análise de hábitos de consumo. “O marketing engloba propaganda, publicidade, assessoria de imprensa e relações públicas, e envolve produto ou serviço, preço, promoção, embalagem, design”, afirma Maria Berenice. Mais uma vez, a origem do termo é uma palavra latina – mercare – que designava a atividade de comercializar produtos na Roma Antiga. O desenvolvimento das técnicas de administração e marketing floresceu no restante do século 20, com estudos de mercado, avaliação de vendas, desenvolvimento de jingles de rádio e personagens-marcas para o cinema, investimentos em embalagens e pontos de venda etc A explosão do digital O surgimento da internet comercial, no início dos anos 90, deu início a uma nova revolução na comunicação. A world wide web e as redes sociais deram poderes ao consumidor, que deixou de ser um receptor passivo de mensagens e passou a desempenhar um papel mais ativo. Esse maior protagonismo do consumidor obrigou as empresas a buscarem novas estratégias de comunicação. “Com a ascensão de Google, Facebook, Twitter e Instagram, vemos uma migração para novos formatos publicitários: links patrocinados, posts pagos, vídeos online”, diz Rodrigo Tafner, coordenador do curso de Sistemas de Informação em Comunicação e Gestão da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP). De acordo com o site de negócios “Business Insider”, o Google ultrapassou jornais e Post do perfil da Bosch do Brasil no Facebook: aposta na revolução digital A Bosch na sua vida Da gráfica para as telas Assim que se consolidou no Brasil, nos anos 1960, a Bosch montou seu próprio departamento de propaganda – que funcionou até a década seguinte. “Tinha uma gráfica, inclusive, dentro da empresa. As peças publicitárias e nossa revista para funcionários e público externo eram feitas internamente”, conta a analista do acervo histórico, Sandra Reis. Naquela época, o alvo das ações de propaganda eram apenas o mecânico, as redes autorizadas e as montadoras. “As primeiras peças publicitárias para o consumidor final foram desenvolvidas quando a empresa começou a comercializar ferramentas elétricas”, relembra. Com a explosão digital, novas mídias surgiram, ampliando a possibilidade de alcance e interação com os diferentes stakeholders da empresa. Levando em conta os hábitos do brasileiro (o país é o terceiro do mundo no ranking de uso da internet), as mídias sociais se tornaram indispensáveis para a Bosch, que mantém perfis no Facebook, no YouTube, no Instagram e no LinkedIn. “A página da Bosch Brasil no Facebook tem mais de 100 mil fãs interessados em conhecer nossas tecnologias voltadas para conectividade, segurança e conforto e saber como elas fazem parte do nosso dia a dia”, destaca a analista de marketing Lilian Bastos. Arquivo Bosch À esquerda, dois anúncios da Bosch da década de 1980. À direita, peça de 2006 revistas em receita publicitária nos Estados Unidos já em 2012. Ao lado da disseminação das redes sociais, a popularização de tablets e smartphones inaugurou a era da comunicação ultradirecionada. “Com uso de inteligência e tecnologia, é possível encontrar o consumidor que se deseja impactar: por exemplo, homens de 25 a 35 anos, que moram em cidades grandes, têm iPhone ou iPad e leem com frequência blogs especializados em tipos inusitados de bigode”, afirma Tafner. “O digital permite o marketing utópico: entregar o produto certo para a pessoa certa, na plataforma e no momento certos”, avalia o professor da ESPM. Até na TV já é possível veicular publicidade de modo personalizado. Tradicionalmente, os canais exibem a mesma programação (e os mesmos anúncios) para todos os espectadores. Mas os serviços de transmissão sob demanda, que permitem que se assista a qualquer filme em qualquer lugar, a qualquer hora, começam a diluir a fronteira entre televisão e internet. “De posse de dados sobre o perfil e o comportamento digital do usuário, você consegue criar anúncios personalizados também na TV”, conclui Tafner. A Bosch nas mídias sociais: facebook.com/BoschBrasil facebook.com/Bosch.Carreiras facebook.com/boschferramentas facebook.com/pordentrodocarro youtube.com/BoschBrasilOficial instagram.com/boschferramentas linkedin.com/company/bosch-america-latina 44 | VidaBosch | saudável e gostoso Vinicius Tupinamba/Shutterstock O redescobrimento da tapioca | Por Frederico Kling Alimento feito de farinha de mandioca, muito usada pelos colonizadores portugueses, começa a se disseminar no Sudeste brasileiro como alternativa a receitas que usam glúten 44 | VidaBosch | saudável e gostoso Vinicius Tupinamba/Shutterstock O redescobrimento da tapioca | Por Frederico Kling Alimento feito de farinha de mandioca, muito usada pelos colonizadores portugueses, começa a se disseminar no Sudeste brasileiro como alternativa a receitas que usam glúten saudável e gostoso saudável e gostoso | VidaBosch | 47 Tapioca, a fécula da mandioca, também é matéria-prima do sagu KaarinaS/Shutterstock uando, pouco depois do “terra à vista”, um dos membros da esquadra de Pedro Álvares Cabral levou dois índios ao navio do capitão, os portugueses lhes ofereceram uma série de alimentos: peixe cozido, confeitos, farte (um tipo de doce), mel, figos secos e pão. Se a ideia dos conquistadores era já começar a introduzir esses ingredientes no território recém-encontrado, eles se deram mal. Embora Pero Vaz de Caminha tenha anotado que, querendo aproveitar a terra, “dar-se-á nela tudo”, isso não aconteceu. O trigo, por exemplo, base de boa parte da dieta europeia e do pão apresentado aos nativos, não vingava por aqui. Fazia-se necessário, logo perceberam os europeus, arranjar um substituto. Para sorte deles, os indígenas tinham uma solução: mandioca. “Durante a colonização, o produto foi responsável pelas pessoas não morrerem de fome, pois os primeiros colonizadores não tinham farinha de trigo para fazer pão e usaram, então, a farinha de mandioca”, diz a antropóloga Paula Pinto e Silva, autora do livro “Farinha, feijão e carne-seca – Um tripé culinário no Brasil colonial” (Editora Senac São Paulo). É com a fécula (farinha rica em amido) da mandioca que se faz uma iguaria que está sendo redescoberta: a tapioca. Redescoberta no Sul e no Sudeste, bem entendido, porque mais ao norte ela é tradicional mesmo antes do tempo das caravelas. “Com origem na região amazônica, a mandioca foi difundida para o Nordeste por alguns povos indígenas”, conta a antropóloga. Nas áreas menos quentes do país, os índios cultivavam milho. O ingrediente já é conhecido no Sul e no Sudeste há um bom tempo – pelo menos desde que os migrantes nordestinos trouxeram a tapioca –, mas permanecia no campo dos alimentos exóticos. O redescobrimento está ligado, segundo Paula, a “um movimento de valorização das comidas regionais e, mais recentemente, ao uso da tapioca em dietas”. A receita conquista espaço na mesa de quem quer fazer dieta sem abrir mão do paladar. “Uma das vantagens da tapioca é não possuir a gliadina, uma proteína presente no glúten que colabora para o aumento da inflamação do organismo e aumento da gordura abdominal”, afirma a nutricionista Tristan Tan/Shutterstock Q A tapioca é um ótimo substituto para um dos alimentos que os brasileiros mais gostam de consumir: o pãozinho francês carioca Andréa Santa Rosa, especialista em nutrição funcional. Em razão dessa característica, é um ótimo substituto para um dos alimentos que os brasileiros mais gostam de consumir: o pãozinho francês. “O pão branco é proveniente de uma farinha refinada, pobre em nutrientes, que tem glúten e uma proteína que é mal digerida pelo nosso intestino, estimulando a produção de substâncias inflamatórias que favorecem a proliferação de gordura, principalmente abdominal”, explica Andréa. A tapioca é, originalmente, a fécula da mandioca – a partir da qual se faz, por exemplo, sagu e polvilho de pão de queijo. Por aqui, o modo típico de preparo é misturá-la a um pouco de água, formando uma massa quando colocada em frigideira, como uma panqueca – sem precisar de óleo. “Em cinco minutos já está pronta e recheada”, comenta a nutricionista. É um uso um pouco diferente do que se fazia e se faz entre os indígenas (“eles preparam um bolão, pois adotam uma maneira coletiva de se alimentar”, diz Paula), e mesmo do que era mais comum entre os portugueses, que cozinhavam porções individuais, mas numa versão do filhó – bolinho de farinha e ovos. A massa, de qualquer modo, é muito saudável. “Oferece ao organismo vitaminas do complexo B e vitamina K, sendo ainda fonte de sais minerais, ferro e cálcio, além de ser pouco calórica”, enumera a nutricionista Ana Luisa Vilela, da clínica Slim Form. Além disso, acrescenta, “a tapioca oferece carboidratos complexos e livres de colesterol, o que proporciona saciedade por um maior intervalo de tempo e um rendimento melhor nas atividades diárias”. Essas qualidades, vale ressaltar, referem-se apenas à massa. “Para manter a tapioca um alimento saudável é imprescindível ficar atento aos seus recheios, pois, dependendo da escolha, você passará de uma alimentação com baixas calorias para uma bomba calórica”, sublinha Ana Luisa. Ela recomenda, por exemplo, rechear com queijo branco e tomates. “Se quiser adicionar carnes, prefira as magras, como peru ou peixes. Se for doce, use frutas frescas da estação e geleias”. Andréa aponta que o ingrediente pode ser consumido todos os dias, “substituindo o pão, principalmente no café da manhã; e no jantar, por exemplo, na forma de uma pizza, regando a massa com molho de tomate, muçarela de búfala e manjericão”. A inventividade da culinária brasileira vem dando muitos outros usos a esse produto, que se mostra especialmente versátil. Quando quiser dar um intervalo aos rigores da dieta, você pode experimentar sorvetes e pudins à base de tapioca – e até dadinhos que, fritos, são um irresistível petisco. Certamente não são as opções mais saudáveis, mas mostram que o ingrediente descoberto pelos indígenas encaixou-se bem não só aos costumes dos europeus do século 16, mas também à cultura que aqui se desenvolveu nos 500 anos seguintes. Divulgação 46 | VidaBosch | Dadinho de tapioca com queijo de coalho do Mocotó Ingredientes 250 g de tapioca granulada 250 g de queijo de coalho 500 ml de leite quente 8 g de sal (pode variar de acordo com o sal do queijo) 1 pitada de pimenta branca Modo de preparo Misture o queijo ralado e a tapioca e junte ao leite bem quente, mexendo sempre para não formar caroços. Acrescente os temperos e continue mexendo até a mistura começar a firmar. Despeje em uma assadeira forrada com plástico (para facilitar o desenformar) e cubra com papel filme. Deixe resfriar em temperatura ambiente e leve à geladeira por pelo menos 3h. Corte em cubos e frite por imersão a 180ºC até dourar. Sirva com molho de pimenta. Mocotó – Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros, São Paulo – (11) 2951-3056 (8 porções) saudável e gostoso saudável e gostoso | VidaBosch | 47 Tapioca, a fécula da mandioca, também é matéria-prima do sagu KaarinaS/Shutterstock uando, pouco depois do “terra à vista”, um dos membros da esquadra de Pedro Álvares Cabral levou dois índios ao navio do capitão, os portugueses lhes ofereceram uma série de alimentos: peixe cozido, confeitos, farte (um tipo de doce), mel, figos secos e pão. Se a ideia dos conquistadores era já começar a introduzir esses ingredientes no território recém-encontrado, eles se deram mal. Embora Pero Vaz de Caminha tenha anotado que, querendo aproveitar a terra, “dar-se-á nela tudo”, isso não aconteceu. O trigo, por exemplo, base de boa parte da dieta europeia e do pão apresentado aos nativos, não vingava por aqui. Fazia-se necessário, logo perceberam os europeus, arranjar um substituto. Para sorte deles, os indígenas tinham uma solução: mandioca. “Durante a colonização, o produto foi responsável pelas pessoas não morrerem de fome, pois os primeiros colonizadores não tinham farinha de trigo para fazer pão e usaram, então, a farinha de mandioca”, diz a antropóloga Paula Pinto e Silva, autora do livro “Farinha, feijão e carne-seca – Um tripé culinário no Brasil colonial” (Editora Senac São Paulo). É com a fécula (farinha rica em amido) da mandioca que se faz uma iguaria que está sendo redescoberta: a tapioca. Redescoberta no Sul e no Sudeste, bem entendido, porque mais ao norte ela é tradicional mesmo antes do tempo das caravelas. “Com origem na região amazônica, a mandioca foi difundida para o Nordeste por alguns povos indígenas”, conta a antropóloga. Nas áreas menos quentes do país, os índios cultivavam milho. O ingrediente já é conhecido no Sul e no Sudeste há um bom tempo – pelo menos desde que os migrantes nordestinos trouxeram a tapioca –, mas permanecia no campo dos alimentos exóticos. O redescobrimento está ligado, segundo Paula, a “um movimento de valorização das comidas regionais e, mais recentemente, ao uso da tapioca em dietas”. A receita conquista espaço na mesa de quem quer fazer dieta sem abrir mão do paladar. “Uma das vantagens da tapioca é não possuir a gliadina, uma proteína presente no glúten que colabora para o aumento da inflamação do organismo e aumento da gordura abdominal”, afirma a nutricionista Tristan Tan/Shutterstock Q A tapioca é um ótimo substituto para um dos alimentos que os brasileiros mais gostam de consumir: o pãozinho francês carioca Andréa Santa Rosa, especialista em nutrição funcional. Em razão dessa característica, é um ótimo substituto para um dos alimentos que os brasileiros mais gostam de consumir: o pãozinho francês. “O pão branco é proveniente de uma farinha refinada, pobre em nutrientes, que tem glúten e uma proteína que é mal digerida pelo nosso intestino, estimulando a produção de substâncias inflamatórias que favorecem a proliferação de gordura, principalmente abdominal”, explica Andréa. A tapioca é, originalmente, a fécula da mandioca – a partir da qual se faz, por exemplo, sagu e polvilho de pão de queijo. Por aqui, o modo típico de preparo é misturá-la a um pouco de água, formando uma massa quando colocada em frigideira, como uma panqueca – sem precisar de óleo. “Em cinco minutos já está pronta e recheada”, comenta a nutricionista. É um uso um pouco diferente do que se fazia e se faz entre os indígenas (“eles preparam um bolão, pois adotam uma maneira coletiva de se alimentar”, diz Paula), e mesmo do que era mais comum entre os portugueses, que cozinhavam porções individuais, mas numa versão do filhó – bolinho de farinha e ovos. A massa, de qualquer modo, é muito saudável. “Oferece ao organismo vitaminas do complexo B e vitamina K, sendo ainda fonte de sais minerais, ferro e cálcio, além de ser pouco calórica”, enumera a nutricionista Ana Luisa Vilela, da clínica Slim Form. Além disso, acrescenta, “a tapioca oferece carboidratos complexos e livres de colesterol, o que proporciona saciedade por um maior intervalo de tempo e um rendimento melhor nas atividades diárias”. Essas qualidades, vale ressaltar, referem-se apenas à massa. “Para manter a tapioca um alimento saudável é imprescindível ficar atento aos seus recheios, pois, dependendo da escolha, você passará de uma alimentação com baixas calorias para uma bomba calórica”, sublinha Ana Luisa. Ela recomenda, por exemplo, rechear com queijo branco e tomates. “Se quiser adicionar carnes, prefira as magras, como peru ou peixes. Se for doce, use frutas frescas da estação e geleias”. Andréa aponta que o ingrediente pode ser consumido todos os dias, “substituindo o pão, principalmente no café da manhã; e no jantar, por exemplo, na forma de uma pizza, regando a massa com molho de tomate, muçarela de búfala e manjericão”. A inventividade da culinária brasileira vem dando muitos outros usos a esse produto, que se mostra especialmente versátil. Quando quiser dar um intervalo aos rigores da dieta, você pode experimentar sorvetes e pudins à base de tapioca – e até dadinhos que, fritos, são um irresistível petisco. Certamente não são as opções mais saudáveis, mas mostram que o ingrediente descoberto pelos indígenas encaixou-se bem não só aos costumes dos europeus do século 16, mas também à cultura que aqui se desenvolveu nos 500 anos seguintes. Divulgação 46 | VidaBosch | Dadinho de tapioca com queijo de coalho do Mocotó Ingredientes 250 g de tapioca granulada 250 g de queijo de coalho 500 ml de leite quente 8 g de sal (pode variar de acordo com o sal do queijo) 1 pitada de pimenta branca Modo de preparo Misture o queijo ralado e a tapioca e junte ao leite bem quente, mexendo sempre para não formar caroços. Acrescente os temperos e continue mexendo até a mistura começar a firmar. Despeje em uma assadeira forrada com plástico (para facilitar o desenformar) e cubra com papel filme. Deixe resfriar em temperatura ambiente e leve à geladeira por pelo menos 3h. Corte em cubos e frite por imersão a 180ºC até dourar. Sirva com molho de pimenta. Mocotó – Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100 – Vila Medeiros, São Paulo – (11) 2951-3056 (8 porções) saudável e gostoso Divulgação 48 | VidaBosch | Ingredientes 100 g de ricota 50 g de queijo de cabra 2 colheres de sopa de fécula de tapioca 1 xícara de suco de beterraba Goma Tapiocaria – Rua Girassol, 274 (Para uma pessoa) Modo de preparo Hidrate a fécula da tapioca com o suco de beterraba. Misture o queijo de cabra e a ricota para fazer o recheio. Espalhe a fécula hidratada em uma frigideira em fogo baixo, cobrindo toda sua superfície. Deixe a massa ganhar consistência, depois vire e coloque o recheio. Feche o disco de massa pelo meio, formando um meio círculo com o recheio no meio. – Vila Madalena, São Paulo – (11) 3034-4255 destaque para colecionar Crepe de tapioca com beterraba