REPORTAGEM Empresas apostam nas vantagens do line array Economia, praticidade, segurança e uma cobertura mais eficiente e uniforme do espaço a ser sonorizado são alguns dos motivos que vêm levando mais empresas de áudio a adotarem sistemas de line array em seus trabalhos. Donos de empresas afirmam que a aplicação deste sistema traz vantagens nos mais diversos ambientes e tipos de sonorização, indo desde eventos de inauguração até festas rave, passando por competições esportivas. João Pequeno [email protected] A bem menor do que nos demais sistemas de sonorização e a economia no transporte do equipamento, pois ele já vem com amplificadores embutidos. Troféu de atletismo foi desafio na estréia O primeiro trabalho realizado pela WGC com o line array foi bastante desafiador, lembra Wladimir. Com o equipamento recém-adquirido, a empresa foi responsável pela sonorização do Fotos: João Henrique / Divulgação WGC, uma empresa de locação de som e luz, do Rio de Janeiro, adotou o sistema de line array em setembro e desde então o dono da empresa, Wladimir Gonçalves Corrêa, contabilizou mais de 20 trabalhos utilizando o sistema LAN-800P, da firma paulistana Staner, que foi lançado na Expomusic, em São Paulo. Como principais vantagens do sistema, Wladimir ressalta a regularidade na distribuição do som, com um nível de perda Início de obras para construção de gasoduto da Petrobras em Vitória (ES) 64 www.backstage.com.br REPORTAGEM 25º Troféu Brasil de Atletismo, de 21 a 24 de setembro no complexo poliesportivo do Ibirapuera, em São Paulo. Lá, eles usaram o sistema com quatro alto-falantes de 6’’, e dois de 10’’, mais quatro drivers com película de neodímio. Na ocasião foi necessário usar uma configuração fora do padrão do line array, que é normalmente suspenso. Isto porque era preciso garantir uma boa sonorização tanto para as arquibancadas quanto para a pista, incluindo os atletas e a arbitragem, e ainda propiciar uma captação boa para a transmissão de TV do evento. O esquema montado possibilitou a distribuição uniforme de som para todas as localizações de participantes, público e imprensa sem a necessidade de espalhar caixas acústicas por todo o estádio poliesportivo do Ibirapuera, o que seria necessário com qualquer outro sistema, afirma Wladimir. O LAN-800P foi disposto no chão, no centro do estádio em oito colunas com duas caixas cada uma, em 360 graus, “e Foi necessário usar uma configuração fora do padrão do line array, que é normalmente suspenso, para garantir uma boa sonorização para arquibancada e pista deu para se ouvir com a mesma intensidade tanto na parte interna quanto nas arquibancadas”, afirma Wladimir. A estréia foi feita sem ensaio. “Não havia tem- po, mas como a Staner elaborou um projeto específico para aquele evento, que já havíamos encomendado, confiamos e deu certo. Dois engenheiros da empresa participaram do evento para dar um socorro caso houvesse algum problema, mas nem foi necessário”, lembra. Line array serviu a competidores, árbitros, público e TVs Do centro do ginásio aberto até o fim das arquibancadas havia uma distância de 40 metros. Nada que constituísse problema para um sistema que é projetado para distribuir o som com uniformidade, de modo que não haja perda de áudio em uma profundidade de 80 metros – e, até 100, a perda é muito pequena, de cerca de 2% do total. A distância, portanto, poderia ser o dobro, que não haveria problema. “A distribuição tam- www.backstage.com.br 65 REPORTAGEM bém foi perfeita”, conta Wladimir Corrêa Gonçalves, “para a altura da arquibancada, cuja base fica a três do solo”. A distribuição uniforme do som, conta o dono da WGC, também possibilitou a captação do áudio pelas transmissoras de TV sem que o som estourasse. “Além de chegar com forças às arquibancadas, o som não poderia ficar muito alto junto às TVs, pois prejudicaria a captação delas. Com um sistema comum, a gente precisaria, sem dúvida, posicionar outra linha de caixas para as arquibancadas para não ter que aumentar demais o volume junto à pista, onde ficaram também as TVs”, afirma. Sistema passou pelo teste da chuva Com 1.500 pessoas presentes, o lançamento do condomínio Península, na Barra da Tijuca, foi outro trabalho em que a WGC não pôde erguer o line array e teve que trabalhar com sistema no chão. “Por questões de estética do lançamento, as colunas não puderam ser erguidas, pois iria quebrar o visual, que era muito importante em um evento deste tipo. Então, solucionamos com mais um projeto a partir do solo”, explica o proprietário. Desta vez, não houve necessidade de cobrir a circunferência do local, pois o público estava posicionado de maneira linear. Portanto, o sistema foi montado frontalmente, com duas colunas de oito caixas sobre duas de subgraves. Neste lançamento, o grande desafio, também vencido, foi a chuva. Como o evento foi realizado em uma área descoberta, pôs-se à pro- Auditório da Reduc (Refinaria Duque de Caxias), antes da apresentação Lançamento do Complexo Petroquímico do RJ, no clube Mauá, em São Gonçalo va a proteção antichuva. A vedação protege os amplificadores internos de cada caixa – Classe D (digital), com três canais independentes de amplificação –, impedindo interferências que prejudiquem a qualidade do som. “Sabíamos que poderia chover e, de fato, choveu durante o evento, o que foi mais uma prova para o funcionamento desta line array, até porque são muito comuns os eventos em área aberta”, conta o dono da WGC, afirmando que a vedação “não deixou entrar uma gota”. A missão cumprida desta vez foi a de abranger um raio de 100 metros no sítio em que foi realizada a festa, de maneira uniforme, sem que houvesse área de sombra. Em uma área deste tamanho, o usual seria colocar caixas de delay em diferentes partes do local, o que não foi necessário. Esta característica aponta que, em breve, o line array possa vir a ser utilizado como padrão em raves, já que facilita o trabalho de sonorização e a sua uniformidade. Depois da chuva, o vento Integração sonora em festa rave Também em um ambiente aberto, o mesmo sistema foi utilizado na sonorização de uma festa rave em um sítio em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nele, porém, o line array pôde ser suspenso. O sistema foi posto a três metros do chão, em sua parte alta. A WGC posicionou quatro colunas com quatro caixas cada uma e 16 subgraves, um para cada caixa. A quantidade de subgraves, igual à de caixas, se deveu aos padrões da música eletrônica tocada na rave, que pede um som bem mais grave do que o empregado em sonorização de eventos. “Sabíamos que poderia chover e, de fato, choveu durante o evento, o que foi mais uma prova para o funcionamento desta line array, até porque são muito comuns os eventos em área aberta” (Wladimir, da WGC) 66 www.backstage.com.br A missão seguinte da WGC seria em alto mar, em 1º de janeiro, em uma festa de funcionários da Petrobras no litoral de Angra dos Reis. O sistema, para um navio com cerca de 40 metros de comprimento, já estava projetado em meados de novembro, com a inusitada formação em uma única coluna, contando com 16 caixas e oito subs. O motivo é que “empilhando as caixas, elas se somam, não permitindo vazamento, o que, em alto mar, é algo a se combater por causa do vento, que é muito forte e causa dispersão”, afirma Wladimir. Facilidade na montagem e maior segurança Também do Rio e também prestadora de serviços para a Petrobras, a JHM Áudio estreou o mesmo line array LAN-800P da Staner ao sonorizar a inauguração da plataforma P-51, usando um sistema de oito caixas das 16 adquiridas na feira Expomusic deste ano. Segundo João Henrique Medeiros, dono da empresa, o equipa- Foto: Divulgação REPORTAGEM colocar mais uma caixa. As duas pilhas laterais são suficientes”, diz João, que, na Mangueira, não precisaria de caixas de delay nem com um sistema comum, devido ao pequeno tamanho da quadra. Menos peso, mais praticidade João Henrique ao lado de line array na Reduc mento proveu potência e uniformidade eficientes para cobrir eventos com até 5 mil pessoas em estaleiros e plataformas. De acordo com João, que trabalha há mais de 30 anos no ramo de sonorização, a praticidade na cobertura espacial do áudio e a presença dos amplificadores internos permitem uma montagem mais veloz do equipamento, além de ocupar menos espaço e dar maior segurança. “Um evento em que a gente gastava, em média, duas horas para montar o som, com um sistema comum de sonorização, agora faz em uma hora só”, afirma. Foi assim na cerimônia de assinatura do patrocínio da Petrobras ao projeto esportivo da Estação Primeira de Mangueira, na Vila Olímpica da escola da samba. As caixas, dispostas em pilhas de quatro, ocuparam discretamente cada lado do palco em que foram feitos os discursos. Uma caixa que normalmente seria colocada embaixo do palco, no centro, não foi necessária. “A cobertura de ângulo dá conta de preencher este espaço que geralmente fica vazio no centro dos palcos, por isso não precisamos Na plataforma, porém, a área bem maior tornaria os delays indispensáveis não fosse o line array. Aí entra a questão da segurança, já que são poupadas dezenas de metros de cabos que ligariam a cada delay. O próprio risco de acidente diminui consideravelmente. A segurança é maior também no que diz respeito ao funcionamento do áudio, como atesta o dono da JHM sobre a independência de cada caixa: “com amp à parte, tem que ter cabo para suprir e se der problema em um amp, ele pode afetar várias caixas. Com eles internos, em cada uma delas, como é neste modelo, não ocorre tal problema, além de ser mais fácil para substituir”, afirma. Outra vantagem levantada por João diz respeito aos gastos com o transporte do equipamento. Cada caixa do LAN-800P pesa 52 quilos. “Com um sistema convencional, o conjunto caixa mais amp dificilmente pesaria menos do que 80 quilos”, conta. “Com a empresa cobrindo eventos por todo o Brasil, por conta da Petrobras, este ponto é muito importante. Para se ter uma idéia, eventos grandes, nos quais antes usávamos 12 caminhões, hoje só tornam necessários oito para levarmos todo o material”, acrescenta. Equipamentos JHM Mesas – 01V e 2R96, ambas da Yamaha, com periféricos embutidos Microfones – SM87, condensador, e Goose Neck (articulado) AKG WGC Mesas – Pallas, da Staner, no monitor e Yamaha DM 2000 no P.A. Equalizador – Klark Technik Processador – Hot Sound Compressor e gate – PreSonus ACP88 Microfones – EW 835 e EW 145 (sem fio) e Shotgun K6-2, todos da Sennheiser AKG 112 para bumbo apenas em eventos com música 68 www.backstage.com.br