Governo pede propostas e não apenas críticas Setor público é lento para tomar decisões, tanto que a criação da Agência de Política Industrial ainda depende do Congresso Arnaldo Galvão Da equipe do Correio Alessandro Teixeira, da Apex: “Estamos no início de um processo” O governo está atento aos problemas crônicos que prejudicam o desempenho das empresas e afastam investidores do Brasil. Eles estão sendo atacados, mas esse desafio é algo mais profundo que a política industrial. A afirmação é de Alessandro Teixeira, vice-presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex). Ele é o principal operador da política industrial coordenada pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e o nome mais cotado para dirigir a futura Agência de Política Industrial, cuja criação depende da aprovação de um projeto de lei que já foi enviado ao Congresso. ‘‘Estou tranqüilo em relação às críticas porque a política industrial não é um pacotaço que está sendo imposto de cima para baixo. São medidas que vão sendo permanentemente construídas a partir do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. Queremos inverter esse processo. As críticas terão de ser acompanhadas das respectivas propostas’’, afirma Teixeira. As medidas de política industrial do governo Lula servirão a objetivos de curto, médio e longo prazos para fortalecer as empresas nacionais, mas Teixeira avisa que programas sem a devida maturação não podem ser lançados. Portanto, aos que têm pressa para recuperar o atraso de 25 anos sem esse tipo de incentivo estatal que todos os países desenvolvidos praticam, ele alerta para o fato de que as políticas públicas têm tempos diferentes das estratégias empresariais. ‘‘Estamos no início de um processo. É um marco histórico de construção democrática das políticas públicas. O futuro só se constrói com o presente. É isso que estamos fazendo’’, afirma Teixeira. Quanto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Teixeira garante que a escolha de um novo presidente está ‘‘avançada’’. Apesar disso, diz que a rotina administrativa está sendo mantida. ‘‘O ponto central é que o INPI foi abandonado pelo governo anterior. Até o seu prédio estava caindo’’, lamenta. Até dezembro, ele diz que o instituto terá a obra civil de recuperação do prédio contratada, técnicos serão qualificados e o déficit será atacado. Cofins O vice-presidente da Apex também procura tranqüilizar os empresários do setor de software reconhecendo os problemas criados com as mudanças na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). E promete que uma solução rápida está sendo preparada pelo Ministério da Fazenda. ‘‘O governo vem trabalhando muito para melhorar a qualidade dos tributos e para desburocratizar a abertura e o fechamento de empresas’’, informa Teixeira. Se o INPI está com grandes problemas, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) é citado por Teixeira com exemplo de estabilidade e evolução. A diretoria foi mantida pelo governo Lula. A certificação é ponto central da política industrial. Cem novos pesquisadores serão incorporados e dois laboratórios (metrologia química e de novos materiais) estão sendo construídos. Os programas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que apóiam a política industrial também estão sendo bem conduzidos, na opinião de Teixeira. Ele cita o exemplo do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica (Profarma). Criado com recursos de R$ 500 milhões, já recebeu projetos que estão acima desse volume.