CONCURSO UFABC CAMPUS URBANO. Pensamos para o Campus da UFABC não apenas um espaço de especialização, mas, sobretudo, um locus privilegiado de convívio urbano. Uma universidade pública, no coração de uma região orientada por um plano de desenvolvimento -­‐ o eixo Tamanduateí -­‐ assume a responsabilidade de ser um condensador na cidade, seja por tratar-­‐se de um programa de vocação pública, seja pela potência que o próprio equipamento representa. Equivalente a sete quadras urbanas a área deve funcionar como um fragmento de cidade, onde conjunto edificado, áreas livres e massas vegetais reflitam a vitalidade e a ordem que se pretende de um sítio planejado: eixos de circulações atraentes, morfologia em escala compatível com o uso e espaços de recreação. A área é uma fronteira geográfica que separa a cidade residual de grandes glebas à margem do rio, da cidade tradicional. O programa do Campus, com atividades diversas, favorece a inserção amigável do equipamento, matizando o impacto da conexão entre as duas cidades. Diretrizes para a área O sítio como fronteira O conceito do Campus nasceu da relação entre o sitio geográfico e o entorno. O sítio, definido quase como um quadra completa, apresenta duas fronteiras bem distintas entre a cidade residencial ao Norte, na cota mais alta, e a cidade da via expressa ao sul, na margem do rio. Duas situações geográficas e duas condições urbanas que, entendemos, deveriam ser compatibilizadas pelo programa. Podemos sintetizar a intervenção a partir de um elemento ordenador: a rua central desenvolvida no sentido leste -­‐ oeste, que se transforma no eixo urbano de conexão entre os pontos extremos da gleba e se presta à organização dos espaços livres e construídos. O bosque e a caverna Considerando as duas bordas principais, propusemos para a Avenida dos Estados uma grande área de bosque, respeitando a área não edificante e preservando a atividade cotidiana do Campus de sua fronteira mais agressiva. No outro extremo, aproveitando-­‐
nos do desnível topográfico acentuado entre o sítio e a Rua Abolição, localizamos o grande corpo de estacionamentos. Volume difícil, acomoda-­‐se na topografia como uma espécie de caverna e amplia os limites da rua. Sobre o edifício de estacionamentos e fazendo frente para a rua localizamos as habitações, o programa mais urbano de todo o projeto. Avenida central Entre o bosque e a caverna reservamos a área central do sítio para a implantação do programa principal do Campus: as áreas acadêmicas e culturais. Um grande eixo ou avenida cívica, como chamamos, foi pensado para conectar os outros extremos do terreno em seus acessos principais e seu desenho favoreceu a organização do programa em edifícios lineares. Esta avenida, espécie de praça linear, no coração da área, propõe-­‐se como condensadora da vida acadêmica e das manifestações cívicas, e seu uso, à moda dos antigos mercados (como o cardo romano) sugere que o Campus possa se apresentar como uma possível sequência da cidade. Programa construído As construções foram organizadas em duas grandes estruturas lineares, orientadas pelo grande eixo central. Os edifícios, embora contínuos, compartimentam os centros de ensino em estruturas independentes. O edifício mais longo, que faz divisa com o bosque, abriga os centros de matemática, Ciências Naturais e os Núcleos. O outro corpo, em frente aos estacionamentos abriga o restante do programa. Apenas Biblioteca e Teatro como funções emblemáticas do ensino e da cultura, destacam-­‐se como arquiteturas isoladas. Elementos do projeto Acessos conexão com a cidade Os acessos à área respondem às intenções do edital e se localizam nos pontos de contato mais favoráveis com o entorno imediato. Locamos o acesso principal de veículos na confluência da Avenida dos Estados com Rua Maria Adélia, favorecido pela via marginal interna à Avenida dos Estados e pela necessidade de uma entrada de serviço por esta rua. Esse acesso será também prioritário aos pedestres. A saída de veículos se dá no extremo oposto pela Rua Abolição. Os acessos pedestres estarão junto ao de veículos e em outros pontos estratégicos das vias lindeiras. Fluxos internos veículos e pedestres Os fluxos internos foram pensados para evitar o conflito entre pedestres e veículos. Definimos um circuito viário periférico à área central da universidade, conectando a entrada e saída de veículos e o edifício de estacionamentos. O fluxo de pedestres está organizado pela avenida cívica e se distribui ao longo do programa em artérias espalhadas entre os espaços. Topografia a caverna A topografia, de predominância plana, ao apresentar um desnível acentuado apenas junto a rua Abolição, favoreceu a implantação do edifício de estacionamentos ao modo de uma caverna, o que, no limite, veio a representar que a grande estrutura parecesse periférica à gleba, como se estivesse pensada como a substituição do talude existente. Bosque recomposição da paisagem O que enfatizamos como idéia verde para o projeto é a concentração de uma densa massa arbórea separando a área central do campus e a Avenida dos Estados. Uma espécie de bosque em escala compatível com a importância da área, que se presta também como espaço de lazer e recreação à comunidade universitária. Centro Esportivo recreação no verde Composto por um ginásio coberto para uma quadra poliesportiva e duas piscinas, o Centro de Esportes está locado dentro da área de bosque, junto à fronteira da Avenida dos Estados. Pode ser acessado com independência do Campus, podendo servir também à comunidade. Praças as áreas de estar Foram propostas duas praças ao longo da avenida central, tendo ao centro o edifício da Biblioteca. Uma delas, defronte ao Centro Cultural, será a Praça da Cultura e destina-­‐se, além do estar cotidiano, aos eventos culturais a céu aberto. A menor, entre a Biblioteca e o Centro de Engenharia, será prioritariamente uma área de concentração da comunidade de estudantes. Os edifícios sistema modular construtivo e espacial Propusemos os edifícios como estruturas espaciais e construtivas, regidas por um sistema modular, que possibilitam à arquitetura uma completa flexibilidade na organização dos espaços. Estas estruturas definem-­‐se pelas cores -­‐ sistemas de circulação vertical -­‐ e áreas hidráulicas. Sua possibilidade compositiva, tanto espacial como estética, transformam-­‐nos em obras de arquitetura aberta, passível de submeterem-­‐se aos mais variados desenhos e organizações. Coordenação modular módulos espaciais Todas as construções foram propostas a partir de módulos múltiplos de 1,25 metros, facilitando o detalhamento de componentes; a definição das estruturas e as redes de instalações. Os módulos principais nos dois grandes edifícios foram de 8,75 para as salas genéricas, à exceção do edifício para professores do Centro de engenharia, modulado em 7,50m. O próprio Centro Cultural, com programas específicos: Teatro; Cinema; Refeitórios, foi concebido a partir do mesmo sistema modular, variando apenas nas definições de Pé direito. Barra Sul Matemática; Ciências Naturais; Núcleos; Auditórios. O grande edifício linear no lado sul da avenida central é composto por três segmentos, cada qual com funções independentes: Centro de Matemática; Centro de Ciências Naturais e Núcleos. Desenvolve-­‐se por 250 metros de comprimento e tem por gabarito três andares mais o piso térreo. Pela sua forma e locação ao longo da avenida, apresenta-­‐
se como a estrutura mais determinante na configuração do Campus, estabelecendo ainda os limites entre a área acadêmica e a zona de bosque. Barra Norte Engenharia, Centro Cultural, Administração, Refeitórios. O agrupamento de edifícios, que denominamos Barra Norte, ao contrário da grande estrutura ao Sul, é composto por edifícios isolados, que se somam dando a idéia de um único corpo construído. Compõe-­‐se do centro de Engenharia, em três edifícios conectados; Centro Cultural -­‐ incorporando o refeitório -­‐ e Edifício Administrativo, na extremidade junto à rua Santa Adélia. Estruturalmente obedece aos mesmos padrões construtivos e sua implantação destina-­‐se à criação de espaços frontais. Biblioteca volume único A biblioteca, por seu caráter simbólico, ocupa o centro do projeto, entre as praças e a avenida central. Destaca-­‐se como volume único e tipologia independente dos demais edifícios. O princípio construtivo, segue os mesmos padrões dos edifícios lineares, mas em módulos de 10,00 X 10,00 metros. Internamente compõe-­‐se de três pavimentos com lajes de tamanhos distintos, definidos pela inclinação da cobertura, possibilitando um arranjo lúdico dos espaços. Estacionamentos a caverna Propusemos um único edifício de estacionamentos, com quatro pavimentos, aproveitando o desnível do terreno para a Rua Abolição. O edifício eleva-­‐se 1,50 metros do nível da rua, possibilitando que seja construído no alinhamento. A laje do ultimo pavimento transforma-­‐se ainda numa calçada elevada para uso dos edifícios residenciais locados sobre eles. No trecho em que a altura do edifício ultrapassa a cota de 1,50 metros do alinhamento o estacionamento estará a descoberto no último piso. O edifício comporta 2315 vagas. Dois pequenos bolsões foram criados a céu aberto junto ao edifício administrativo e ao centro esportivo. Habitação programa da cidade O projeto da habitação estudantil foi implantado junto à Rua Abolição, sobre a cobertura do edifício de estacionamentos. Trata-­‐se do equipamento mais autônomo dentro do programa da Universidade e o de maior vocação para a cidade. Sua implantação no alinhamento da rua residencial define uma fronteira amigável da Universidade com essa rua de uso local. 
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