CUIDADO COM A FERRUGEM TARDIA
J.B. Matiello e S.R. de Almeida – Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé
Estamos na época critica para a definição do controle da ferrugem do cafeeiro e,
ultimamente, surgiram duvidas de como tratar a questão da ferrugem tardia, a infecção que escapa
dos programas usuais de controle.
Sabe-se que o período infectivo da ferrugem, quando o fungo penetra na folhagem, se
concentra entre novembro-dezembro e março-abril, quando coincidem condições adequadas de
clima (temperaturas mais altas e umidade das chuvas), com a maior susceptibilidade das plantas,
devida à transferência de reservas, das folhas para os frutos, na sua granação. Mas, em função do
período de incubação do fungo na folhagem, a maior infecção vai aparecer um pouco mais tarde,
entre maio e julho, sobrevindo a desfolha, de julho a setembro.
Quando o controle químico fica bem feito, espera-se um nível final de infecção máximo na
faixa de 10-20% de folhas infectadas, e uma desfolha máxima de 20-30%, nessas condições não
ocorrendo perdas significativas de produtividade na safra seguinte, em função do ataque da
ferrugem.
Na ocorrência da situação do que chamamos de ferrugem tardia, no entanto, a infecção se
prolonga até um pouco mais tarde e os níveis finais se situam bem mais altos, na faixa de ate 4050% de folhas infectadas, mesmo tendo sido praticado o controle quimico, sobrevindo desfolhas
superiores a 50-60%, o que já é prejudicial para a produtividade dos cafeeiros.
Sabemos que, no controle da ferrugem a época das aplicações é muito importante, e,
dentro dela, verificou-se que a cobertura do final do ciclo infectivo é mais critica do que o seu
inicio, uma vez que pequena desfolha inicial pode ser compensada dentro do período de bom reenfolhamento. Já, uma desfolha tardia, deixa a planta sem reservas em período essencial, do
florescimento e de pegamento da florada.
Diante dos conhecimentos da pesquisa e tendo em vista as observações das condições
atuais, relacionadas ao clima e às práticas de manejo utilizadas nas lavouras, ai incluída a forma
como vem sendo feita a indicação de controle da ferrugem, pode-se verificar que a ferrugem
tardia, ou o escape no controle, é devida aos fatores em seguida:
a) Programas de controle iniciando muito cedo e, também, terminando muito cedo, especialmente
aqueles que preveem somente duas aplicações por ciclo. A primeira ainda muito cedo,
normalmente em fins de novembro ou inicio de dezembro, frequentemente coincide com muita
chuva e, assim, pode ser prejudicada, sendo pouco eficiente para a ferrugem. Uma segunda, 60
dias após, esta, embora coincidindo em período adequado, se torna insuficiente. Os programas
com 3 aplicações podem coincidir melhor aplicações finais próximas ao fim do período infectivo,
em final de março a meados de abril.
b) Adubações insuficientes ou lavadas, por excesso de chuvas (as primeiras parcelas) e reduzidas
ou canceladas (última parcela), por economia, as quais tornam as plantas mais fracas e mais
susceptíveis à ferrugem.
c) Em certos anos, o período chuvoso se estende e, igualmente, as temperaturas demoram a cair,
mantendo um tempo adicional propício à infecção.
A solução para evitar a ferrugem tardia ou o escape no controle, seria o uso de uma das
seguintes alternativas:
a) Iniciar com uma aplicação protetiva (cobre ou estrobilurina), seguindo-se 2 aplicações de
formulações de triazol mais estrobirulinas, estas duas iniciando e terminando mais tarde;
b) Iniciar as aplicações dos sistêmicos mais tarde e adequar um numero apropriado de aplicações,
2-3, conforme a necessidade observada, sempre com a preocupação com a ferrugem de fim de
ciclo.
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A indicação de iniciar a aplicação, específica para controle da ferrugem, mais tarde, é
muito adequada, principalmente, onde foram feitas aplicações para proteção da florada, uma vez
que os fungicida indicados para essa finalidade, propiciam, também, controle regular para a
ferrugem. Neste caso, poderiam ser executados programas com 2 aplicações adicionais para
ferrugem , com uso, nelas, da maior dose de registro.
A aplicação protetiva pode ser feita através da agregação do fungicida (a base de
estrobilurina e-ou cobre) nas pulverizações de micro-nutrientes, oferecendo proteção inicial contra
a ferrugem e, também, para a cercosporiose.
Nas áreas adequadamente tratadas no maior período infectivo (jan-abr) essa ferrugem tardia
não preocupa, pois fica restrita a poucas folhas velhas, que irão cair normalmente. No caso de infecção
um pouco mais alta e em lavouras que vão produzir bem no ano seguinte, pode ser preciso aplicar um
sistêmico curativo (triazol).
Na evolução da ferrugem tardia, especialmente em lavouras com carga alta, o ataque acaba atingindo até o
último par de folhas do ramo, levando à seca de ponteiros.
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