A HISTÓRIA DA CONTRACEPÇÃO Autores: Heron Cazón, Marcelo Hideki e Thabata Oliveira Estamos no ano de 2313, nosso planeta está muito diferente do que um dia já foi. Passamos pela 3° Guerra Mundial, a qual dizimou mais de dois terços da população. Depois que a guerra acabou foi formado um Governo Mundial, do qual os presidentes das nações ficariam subordinados. A paz não reinou totalmente, mas os países já não brigam tanto. Uma das principais decisões do Governo foi a abolição do uso de anticoncepcionais, para que a população humana conseguisse se reerguer. Todas as pílulas e camisinhas do mundo foram incineradas, e o povo incentivado a terem filhos. Entretanto, o tiro saiu pela culatra, a população aumentou de forma exorbitante, o que gerou grandes problemas, além disso, os recursos naturais foram praticamente esgotados, as matas destruídas, os mares, o solo e a atmosfera poluídos. Não há alimento nem espaço para todas as pessoas, pessoas estão morrendo de fome, sede e doenças respiratórias em diversos lugares do globo. Por isso, o Governo Mundial precisou urgentemente encontrar uma alternativa viável para acabar com a fome e a miséria no mundo. Assim, há três anos os governantes dos países se reuniram com os principais cientistas de diversas especialidades para discutir qual rumo tomar. Dentre os participantes se encontram o Dr. Alexandre Andrade, um importante médico ginecologista brasileiro, o qual estava muito incomodado, pois depois de um longo dia de discussão nada foi resolvido. Cada representante tentava jogar a culpa dos problemas que o planeta estava passando para os outros e nenhuma decisão era tomada, por isso o Dr. Alexandre tomou a palavra. - Meus caros colegas, precisamos deixar os interesses de lado e conversar racionalmente a fim de encontrar uma saída para esse impasse. Se o nosso mundo está da forma que está atualmente é culpa de toda população, pois todos participaram da destruição de nossas matas e mares, além de esgotar os recursos naturais e guerrearmos. Nossa espécie chegou a um tamanho que o planeta não consegue suportar, e por isso, acredito que a única forma de minimizar os problemas enfrentados é diminuindo o tamanho populacional da espécie humana. E para isso devemos reduzir a natalidade humana. Precisamos estimular o uso de contraceptivos. Eles já foram muito utilizados no passado, mas depois da 3° Guerra mundial foram abolidos, vamos resgatar esses métodos e incentivar o uso pela população. -De fato é uma boa ideia. –Disse um dos líderes do Governo Mundial. - O senhor como médico ginecologista deve entender sobre esses métodos. Vamos deixa-lo como responsável por realizar uma pesquisa para decidir qual a forma mais eficaz de evitar a gravidez. Marcaremos uma nova reunião na semana que vem e decidiremos qual será a solução. Dr. Alexandre ficou muito satisfeito por conseguir dar fim às inúteis discussões e traçar um caminho. Saindo da sede do Governo Mundial, o médico seguiu direto para seu consultório para iniciar sua pesquisa. Ele ouviu falar sobre os métodos contraceptivos na faculdade de medicina, porém vagamente, já que seu uso estava proibido. Ele decidiu estudar um livro de história para entender como eles foram desenvolvidos e elaborar um 1 método eficiente. Depois de uma semana de pesquisas Dr. Alexandre retornou à sede do Governo para apresentar sua proposta. -Então Dr. Alexandre- disse o Governador Mundial- o senhor teve uma semana para estudar os métodos contraceptivos, qual sua conclusão? Será possível desenvolver uma maneira realmente eficaz de diminuir a natalidade humana? - Com certeza, senhor Governador- respondeu Alexandre- através da minha pesquisa eu descobri que existem diversos métodos contraceptivos, sendo que vários podem ser muito eficazes. Os métodos se dividem em reversíveis e irreversíveis. Sendo que os irreversíveis são intervenções cirúrgicas no sistema reprodutor feminino e masculino, chamadas laqueaduras tubárias e vasectomia. A laqueadura tubária consiste no isolamento das tubas uterinas, por meio de um pequeno corte, a fim de impossibilitar que os espermatozoides encontrem os óvulos, a primeira operação foi realizada em 1823, na cidade de Londres. Já a vasectomia é um procedimento que visa isolar os canais deferentes do homem, para que os espermatozoides não sejam eliminados. Ela também foi realizada pela primeira vez em 1823, porém em um cachorro, só depois a cirurgia ficou popular entre os homens. -Mas, dificilmente a população irá querer passar por uma cirurgia, por mais simples que seja. - Argumentou um dos secretários do Governo. - Sim, o senhor tem razão. Por isso temos que conhecer os métodos reversíveis. - Respondeu Alexandre.- Eles podem ser muito eficientes também, e começaram a ser usados há milênios atrás, antes mesmo de Cristo os gregos e egípcios já utilizavam métodos contraceptivos. - Quer dizer que essas populações primitivas já sofriam com o problema da superpopulação?– Perguntou com curiosidade um participante da reunião. - Ao que tudo indica, sim. O controle da natalidade foi incentivado em muitas civilizações antes de nós. Segundo os arquivos que consultei, Hipócrates, que viveu entre 460-377 a.C já sabia que a semente da cenoura selvagem era capaz de prevenir a gravidez. No mesmo período, Aristóteles mencionou a utilização do poejo como anticoncepcional, no ano 421 a.C. Os antigos egípcios também utilizavam tampões vaginais ou tampas feitas de excremento de crocodilo, linho e folhas comprimidas. Aquelas informações causaram um burburinho na sala de reuniões. Os participantes estavam muito impressionados com a inteligência daquele povo, que eles julgavam tão primitivos. - Silêncio!- Ordenou o Governador, fazendo os participantes calaremse- Precisamos ouvir o que o Dr. Alexandre tem para nos dizer. Por favor, prossiga com sua apresentação Doutor. - Obrigada, senhor Governador. - Agradeceu Alexandre- Bom, como eu ia dizendo, existem métodos feitos para serem usados por homens e por mulheres, sendo que o método mais utilizado no passado foi a camisinha masculina. - Eu já ouvi falar sobre isso. - Disse um dos presidentes- Ela não era usada para evitar as doenças sexualmente transmissíveis que os povos primitivos não conseguiam curar? - Sim. Atualmente nós conseguimos erradicar essas doenças, mas no passado era muito difícil de tratar, por isso era necessário evitar que as 2 pessoas se contaminassem. Foi criado assim, um método que evitava que o pênis e o esperma entrasse em contato direto com a vagina, uma espécie de “capa”, que os nossos antepassados chamavam de camisinha. O incrível é que o preservativo masculino remonta aos tempos da Roma antiga, quando eram utilizadas bexigas de animais para proteção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Em 1564 o anatomista italiano Falópio descreveu preservativos feitos de linho. Somente em 1844, as camisinhas de borracha começaram a ser fabricadas, através do advento da borracha vulcanizada. No período que antecedeu a 3° Guerra o uso dela era extremamente incentivado, pois além de proteger contra doenças ela evitava a gravidez. - Mas eu ouvi falar que no passado existia camisinha feminina também, é verdade?- Perguntou alguém, cuja voz o Dr. Alexandre não conseguiu reconhecer. - Sim, é verdade. - Respondeu Alexandre- Além do preservativo masculino, existiam também as camisinhas femininas. Ela foi lançada em 1992, a partir do desenvolvimento do poliuretano, um tipo de plástico, que não usamos mais. Ela era mais resistente, menos espessa e maior que a masculina, mas não foi muito aceita, por ser desconfortável para colocar e cara. Mas, assim como a masculina, prevenia, além de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis. - Mas havia outros métodos usados pelas mulheres no passado. Continuou o médico- Um deles consistia em uma estrutura feita de látex que era colocado no colo do útero, funcionando como um tampão a fim de impedir que os espermatozoides alcançassem o órgão e fecundassem os óvulos. Esse método chamava-se diafragma, e sua ideia surgiu com o alemão, Friedrich Adolph Wilde, em 1838, o qual sugeriu que fossem feitas impressões em cera da cérvice de cada mulher. A partir desse molde seria confeccionada uma barreira anticoncepcional de borracha. Mas somente em 1870, o Dr. Mesinga desenvolveu o diafragma de borracha fina com um aro circular endurecido para cobrir a saída da vagina. - Eu já ouvi falar que algumas mulheres usavam objetos dentro do útero para evitar a gravidez. – Comentou uma moça loira que ouvia com atenção a apresentação do médico. - O senhor sabe como era esse procedimento? - Oh sim, eram chamados Dispositivos Intrauterinos, ou DIUs.Respondeu o Dr. Alexandre.- Eles tinham, geralmente o formato da letra ‘T’ e era colocado pelo ginecologista no interior do útero, a fim de evitar que o óvulo fecundado se ligasse à parede do órgão. Mas era incômodo, pois, por ser um objeto estranho no útero, o corpo feminino tentava expulsa-lo, causando muitas cólicas e desconforto. Possivelmente, o primeiro dispositivo intrauterino foi usado em pacientes por Hipócrates há mais de 2500 anos, que inseria objetos no útero com a ajuda de tubo de chumbo. Entretanto, o primeiro DIU clinicamente aceito, a Alça de Lippes, só foi amplamente adotado em 1962. - É um método muito complicado. – Argumentou um representante de Estado- Precisamos de algo simples e eficaz. Todos na sala de reunião concordaram. A população não aceitaria utilizar uma forma de contracepção que cause dor ou desconforto. - Eu concordo, por isso acredito que a forma que apresentará os 3 melhores resultados serão os anticoncepcionais hormonais. - Disse Alexandre. - E como funcionam?- Perguntou o Governador. - São hormônios femininos artificiais, os quais ao serem administrados em mulheres inibem a ovulação. – Respondeu o ginecologista – Eles podem ser usados de várias formas, como em pílulas, injeções periódicas, adesivos ou liberados por dispositivos intrauterinos. Possuem grande eficácia em evitar a gravidez, além de apresentarem baixos efeitos colaterais. Seu desenvolvimento foi um marco na história humana, e foram desenvolvidos após muitas pesquisas. - Possivelmente nossas indústrias farmacêuticas podem desenvolver um anticoncepcional hormonal muito eficiente. – Disse o Governador- Diganos Dr. Alexandre, como foi que nossos antepassados desenvolveram esse método. - A pílula anticoncepcional começou a ser estudada em 1921, pelo cientista Gottlieb Haberlandt que nesse ano conseguiu provocar a infertilidade temporária em coelhas nas quais havia implantado ovários retirados de outras coelhas. Ele sugeriu que os extratos de ovários poderiam ser anticoncepcionais eficientes. Mas só depois de muitos anos de estudos e pesquisas que o Dr, Gregory Pincus, considerado o "pai da pílula", conseguiu produzir a combinação de hormônios sintéticos semelhantes aos produzidos naturalmente pela mulher, e elaborar a primeira pílula anticoncepcional oral. Ela foi lançada em 1960 e chamava Enovid-10. Todos concordaram que os anticoncepcionais hormonais são o método mais eficaz e mais fácil da população aceitar a usar. Por isso, o Governador Mundial mandou que a Indústria farmacêutica do Governo criasse uma pílula e uma injeção anticoncepcional e distribuísse gratuitamente para a população. Os presidentes dos países incentivaram as mulheres de suas nações a tomarem a pílula, é claro que em alguns países houve certa resistência, porém a maioria da população aceitou com boa vontade, pois tem noção da importância. Hoje, depois de três anos daquela reunião as taxas de natalidade mundial caíram em 20%, e o Dr. Alexandre foi congratulado pelo Governador, pois foi o trabalho dele que possibilitou essa mudança. FIM 4