1 Autoridade e Obediência O que se entende, hoje, por autoridade e obediência? Quantas manifestações de oposição à existência de instituições e hierarquias que normatizam e governam determinados setores da sociedade ou até mesmo um país inteiro! Quantos sonhos e ideologias quando se pensa em uma forma de organização e governo sem uma cabeça que direciona! Os homens de nossa era são pressionados de diversas maneiras e correm perigo de serem destituídos da própria liberdade. Não poucos se mostram propensos a recusar toda submissão, sob pretexto de liberdade, e a ter em pouca conta a obediência devida. De fato, assim desejaram caminhar Adão e Eva quando tentados pela sugestão da serpente: "não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal" (Gn 3, 4 – relato da queda). A tentação? Vós sereis como deuses. Adão e Eva se opõem ao limite intransponível colocado por Deus: "podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer" (Gn 2, 16-17 – relato da criação). Limite que falava da condição criatural do homem e da onipotência criadora de Deus. Limite que nos diz: Deus é o criador e o homem é sua criatura. Que nos faz conhecer o tipo de nossa relação de dependência e filiação perante Deus. Limite que nos faz apaixonar-nos por Deus porque nos reconhecemos sob sua guarda, sua proteção. Sim. Desde o início fomos instruídos na obediência a Deus reconhecendo sua autoridade sobre nós. Obedecer a Deus é o princípio do saber. Isto é temer, levar Deus sempre em conta. Estar debaixo de seu senhorio. No temor a Deus é como se eu dissesse a Ele: reconheço-te, adoro-te, amo-te, sou teu. Reconhecimento de que nosso ser provém de Deus: "Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom" (Gn 1,31). Romper com esta verdade é experimentar a obscuridade do pecado. É desejar ser como deuses para criar as próprias normas de conduta ou vivência. É rebelião a Deus, a seu senhorio e autoridade sobre nós. E quantas tentativas de romper com o Criador! Por que dizemos: o homem pode tudo. Não precisa de Deus. Ele é absoluto. Capaz de se reger por si mesmo. Aqui está irmãos, o início do pecado. A raiz do pecado, chamada soberba, que nos faz colocar-nos fora da obediência a Deus reivindicando uma suposta liberdade. O movimento contrário da parte de Deus para resgatar o homem foi manifestar-se como Senhor e apresentar seus mandamentos na revelação feita a Moisés: "Eu Sou o Deus de teus pais..." (Ex 3, 6 – revelação) e "Agora, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança serão para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos, porque toda a terra é 2 minha" (Ex 19, 5 - aliança). O retorno a Deus se faz pelo reconhecimento de seu senhorio e pela obediência aos seus mandamentos. Este foi o movimento feito por Jesus, nosso Senhor (cf. Fl 2, 6-11). Rebaixamento (humilhação) e obediência. Movimento contrário ao de Adão: soberba e desobediência. O apóstolo Paulo ao dirigir-se a comunidade de Filipos, importante cidade da Macedônia e colônia romana, exorta a termos o mesmo sentimento de Cristo Jesus: o rebaixamento e a obediência. Por este sentimento Cristo Jesus foi exaltado por Deus Pai que o confere um nome acima de todo nome. Jesus se torna Senhor, mesmo título atribuído a Deus Pai. Da parte de Adão: soberba, desobediência, queda. Da parte de Cristo Jesus: rebaixamento, obediência e elevação. De fato, a Igreja, fundada por Jesus, foi por ele constituída com seus princípios organizativos e elementos jurídicos ao dar a plenitude da autoridade a Pedro (cf. Mt 16, 18-19) e formar a sua primeira instituição, que é a comunidade dos discípulos, na qual a comunidade dos Doze, escolhida por Jesus, tem sua particularidade. Assim a Igreja se organizou durante sua história. Sua estrutura hierárquica tem o fundamento na própria paternidade de Deus e no desejo de Jesus de uma instituição de governo a começar pelos Doze e por Pedro. Todo ministério e carisma de governo recebido da parte de Deus dedicam-se ao serviço. Aquele que governa deve realizar o mesmo movimento de rebaixamento feito por Jesus. E aqueles que são governados devem experimentar a graça de elevação que há na obediência. Assim Paulo orienta a comunidade de Filipos por meio deste hino cristológico. Devo compreender a estrutura organizativa querida por Jesus em sua Igreja. Estrutura que está a serviço da comunicação dos bens celestes. Assim os grupos de serviço na Igreja se organizam, tendo como fundamento a paternidade e o cuidado de Deus quando governam. Assim aqueles que estão sob esta paternidade e cuidado compreendem a beleza da obediência. Toda autoridade na Igreja tem como dever expressar a beleza da paternidade e do carinho de Deus. Um governo que se faz na verdade, no serviço benéfico a cada homem. Amados, me escutem, aqueles que neste 2º Segue-me estão com algum serviço de governo aprendam a amar aqueles que te foram confiados. Pois ainda que tivéssemos todos os dons de governo ou carismáticos se não tivéssemos a caridade NADA SERIA. Paulo indica na Carta aos Coríntios: aspirai aos dons mais altos (Cor 12,31). Escutemos todos nós que temos o carisma de governo: aspirai aos dons mais altos. Precisamos tornar manifesto através de nosso carisma de governo o amor de Deus Pai. Os jovens que estão sendo orientados pelos casais coordenadores devem experimentar a paternidade amorosa de Deus. 3 Talvez, aqueles que têm dificuldade de obedecer ainda não experimentaram a verdadeira paternidade que vem de Deus. Paternidade carregada de amor. Uma pessoa que não possua a referência de uma autoridade sob sua vida não poderá dar passos profundos e maduros. Posso dizer a vocês, que bom ter um bispo que discerne e orienta minha vocação. O quanto é bom estar sob seu ministério episcopal. Deixa Deus ser Pai na tua vida por meio daqueles que desejam te orientar na jornada cristã e no serviço na Igreja. Façamos neste 2º Segue-me a experiência da obediência e com certeza iremos colher os abundantes frutos da mesma. Cristo obedeceu até a morte. Em tudo fez a vontade do Pai. Tinha diante de si não uma autoridade que oprimia, mas uma autoridade que o amava, uma autoridade que conferia a ele a liberdade que existe no amor. Queremos assumir os mesmos sentimentos de Cristo Jesus neste 2º Segue-me, imitando o testemunho de Cristo nesta atitude humilde e carregada de caridade. Ele sabe que a vontade do Pai é a salvação da humanidade. O que esperamos de cada fiel cristão dentro de uma comunidade católica e no serviço à Igreja, é a disponibilidade interior que os leva a não procurar a própria vontade, mas a de Deus que nos chama e envia. O verdadeiro servo de Cristo serve na humildade, examinando que agrada a Deus, e, como que preso pelo Espírito Santo se deixa conduzir por Deus. Fomos chamados ao serviço daqueles que nos foram confiados. Prestaremos conta a Deus do quanto amamos e cuidamos daqueles jovens que estão sob o nosso cuidado. Amados, sirvamos ao Senhor com alegria e na generosidade que nossa missão nos pede. A obediência dos servos surge também da consciência de que formamos um só Corpo em Cristo, nossa amada Igreja é mistério de comunhão, nada poderá se realizar nela senão na experiência da comunhão entre as diversidades de dons e carismas. Deixemos Deus agir em nós na graça da comunhão. A obediência me faz consagrar minha própria vontade ao serviço de Deus e dos irmãos, aceitando em espírito de fé e executando o que for recomendado por aqueles que exercem um carisma de governo sobre mim. Desgasto-me e consumo-me de muita boa vontade em qualquer ofício, mesmo o mais humilde e o mais pobre que me for confiado. A santa obediência leva-nos a uma liberdade mais madura dos filhos de Deus. Pela santa obediência Jesus Cristo venceu o pecado e redimiu a desobediência de Adão, como atesta o Apóstolo: "pela desobediência de um só homem a multidão foi constituída pecadora: assim também pela obediência de um só a multidão será constituída justa" (Rm 5,19). 4 Pela obediência podes conduzir muitos ao céu. Se manifestarmos a autêntica autoridade paterna e fizermos a experiência da santa obediência levaremos muitos novos seguimistas ao céu. Deus abençoe nosso trabalho. A Paz do Senhor Jesus!